De onde você está assistindo? Comenta aí embaixo sua cidade. Se você acredita em encontros do destino e histórias de amor que parecem impossíveis, deixa aquele like e se inscreve no canal, porque essa narrativa vai mexer com seu coração do começo ao fim. O sol de março castigava a Avenida Paulista com aquele calor úmido típico de São Paulo.
Camila Santos ajeitou a bolsa no ombro e suspirou ao entrar no saguão refrigerado do edifício comercial. Seus pés latejavam dentro dos sapatos de salto médio, nada comparado aos estiletos que algumas colegas usavam, mas suficiente para torturar depois de 8 horas, sentada na mesa de analista administrativa, 25 anos, faculdade completa, emprego decente, apartamento alugado dividido com a melhor amiga. Uma vida perfeitamente comum na maior metrópole do Brasil.
Camila apertou o botão do elevador e checou o celular. Três mensagens não lidas de Júlia, sua melhor amiga, desde o ensino médio, sorriu ao imaginar sobre o que seria, provavelmente, mais uma tentativa de convencê-la a sair com algum cara do Tinder. As portas prateadas se abriram com um som suave. O elevador estava vazio, ou quase.
Camila entrou distraída, olhos grudados na tela do celular, mal registrando a presença de um homem de terno escuro encostado no canto oposto. Ela apertou o térrio e imediatamente o celular vibrou. Júlia ligando. Oi, Ju. Atendeu, encostando-se na parede espelhada do elevador. Camila Santos, você cancelou de novo? A voz indignada da amiga ecoou pelo viva voz que ela esqueceu de desligar. Camila fez uma careta.
Júlia, o cara tinha foto segurando peixe. Peixe? E na B estava escrito CEO da minha própria vida. Eu não aguento mais esses clichês. Você é muito exigente. Como vai perder a virgindade se continuar assim? O sangue de Camila congelou. Seus dedos tremeram sobre o celular. Ju, abaixa a voz, sussurrou. Mas era tarde demais.
Amiga, você tem 25 anos, não precisa ter vergonha disso. Mas também não pode ficar esperando o príncipe encantado aparecer do nada. Quando foi a última vez que você realmente deu uma chance para alguém? Camila sentiu as bochechas queimarem. Olhou rapidamente para o canto do elevador, onde onde havia um homem. Um homem de terno impecável, ombros largos, postura ereta, um homem que definitivamente estava ouvindo cada palavra daquela conversa. Seu estômago despencou.
Júlia, eu preciso desligar, disse rapidamente. Espera, eu só quero que você seja feliz. Você merece encontrar alguém que te respeite, que seja paciente com você, mas precisa se abrir para isso, sabe? Não dá para viver com medo de ser vulnerável. Eu sei, Ju, eu sei, mas é difícil confiar assim, sabe? Entregar algo tão íntimo para alguém que mal conheço. Por isso, você tem que conhecer a pessoa primeiro.
Não precisa sair transando na primeira vez que vê o cara. mas também não pode desistir antes mesmo de tentar. Camila fechou os olhos, desejando que a terra se abrisse e a engolisse. Olha, a gente conversa em casa, ok? Tchau. Desligou antes que Júlia pudesse protestar. O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor.
O elevador continuava descendo lentamente, passando pelo 19º8º andar. Ela não conseguia olhar para o homem no canto. Manteve os olhos fixos nos números iluminados do painel, contando os segundos para aquela tortura acabar. Sétimo andar. Sexto, quinto. Então aconteceu um solavanco brusco.
As luzes piscaram, o elevador estremeceu e parou completamente. Não, não, não Camila murmurou, apertando freneticamente todos os botões do painel. Nada aconteceu. Acho que isso não vai ajudar. Uma voz masculina. grave e controlada, veio do canto do elevador. Camila virou-se lentamente e pela primeira vez realmente olhou para o homem com quem estava presa. Alto.
Provavelmente passava de 1,80 m, cabelo preto perfeitamente penteado para trás, com alguns fios rebeldes caindo sobre a testa, mandíbula quadrada com uma sombra de barba por fazer, olhos escuros, intensos, que agora estavam fixos nela com uma expressão divertida. E o terno, santo Deus, aquele terno provavelmente custava mais que seu salário de três meses.
“Você é, você é Rafael Almeida?”, ela sussurrou, sentindo as pernas bambearem. O CEO da Almeida Incorporações, o dono do prédio onde trabalhava, o bilionário que aparecia ocasionalmente nas revistas de negócios, sempre com aquela expressão séria e intimidadora. O homem que nunca sorria segundo as fofocas do escritório.
Mas agora, naquele elevador preso entre o quinto e o quarto andar, Rafael Almeida estava sorrindo. “E você é Camila Santos, analista administrativa do 12º andar?” Ele respondeu, dando um passo à frente. E, ao que parece, temos uma conversa muito interessante pela frente. O coração de Camila bateu tão forte que ela teve certeza de que ele poderia ouvir. Aquilo não estava acontecendo, não podia estar.
Mas quando Rafael se encostou na parede ao lado dela, cruzou os braços e aquele meio sorriso permaneceu em seus lábios, Camila soube que os próximos minutos seriam os mais longos e possivelmente os mais mortificantes de toda a sua vida. O silêncio dentro do elevador era tão denso que Camila podia ouvir sua própria respiração.
Ela mantinha os olhos fixos na porta fechada, como se força de vontade pudesse fazê-la se abrir magicamente. Ao seu lado, Rafael Almeida permanecia em silêncio, e, de alguma forma, isso era pior do que se ele tivesse dito algo. “Quanto tempo você acha que vamos ficar presos aqui?” A voz dele finalmente quebrou o silêncio. Camila engoliu em seco.
Espero que pouco, respondeu ainda sem olhá-lo. Já apertei o botão de emergência. Alguém deve vir nos tirar logo. Hum. Uma pausa. Então, 25 anos. Ela fechou os olhos. Claro que ele mencionaria isso, senor Almeida. Eu, Rafael, ele a interrompeu gentilmente. Acho que depois dessa conversa que acabei de ouvir sem querer, podemos dispensar as formalidades, não acha? Camila finalmente reuniu coragem para olhá-lo.
Esperava encontrar zombaria, ou pior, aquela indiferença educada que pessoas ricas costumam ter com subordinados. Mas havia algo diferente em seus olhos. Curiosidade genuína e talvez compreensão. “Eu não sabia que tinha alguém no elevador”, ela disse, sentindo o rosto queimar. “Se soubesse, nunca teria atendido o telefone, sido honesta com sua amiga”. Rafael inclinou a cabeça. “Não se desculpe por isso. Na verdade, foi refrescante.
” “Refrescante?” Camila repetiu incrédula. Ele deu de ombros, um gesto surpreendentemente casual vindo de alguém tão formal. Passo o dia inteiro cercado de pessoas que dizem o que acham que quero ouvir. Executivos que concordam com tudo, funcionários que nunca admitem erros, sócios que escondem a faca atrás do sorriso. Ele pausou e algo passou por seu rosto. Uma sombra de cansaço.
A autenticidade é rara no meu mundo. Camila piscou, processando aquelas palavras. Rafael Almeida, o se bilionário conhecido por sua frieza, estava se abrindo com ela. Mesmo assim, o senhor Rafael ouviu coisas muito pessoais. Eu morro de vergonha. Não deveria.

Ele se virou completamente para ela agora, apoiando o ombro na parede espelhada. Quer saber o que eu realmente pensei quando ouvi aquela conversa? Ela não tinha certeza se queria, mas acenou com a cabeça. Mesmo assim, pensei finalmente alguém real. Seus olhos escuros encontraram os dela.
Alguém que ainda tem valores, que não se rende à pressão social de fazer algo só porque todo mundo faz. Alguém que espera por conexão verdadeira antes de se entregar. As palavras dele a atingiram como um soco no peito. Ninguém nunca havia colocado dessa forma. Suas amigas, embora bem intencionadas, sempre tratavam sua virgindade como um problema a ser resolvido. Os caras do Tinder quando descobriam, ou fugiam correndo, ou ficavam com aquele brilho predatório nos olhos que a enojava.
Mas Rafael estava olhando para ela como se fosse admirável. “Você não me conhece”, ela disse, a voz saindo mais rouca que pretendia. “Como pode dizer isso?” Um sorriso pequeno, quase triste, tocou os lábios dele. Você tem razão. Eu não te conheço, mas sei reconhecer honestidade quando vejo. E honestidade é algo que eu não encontro há muito tempo.
O interfone do elevador finalmente chiou, fazendo ambos pularem. Alô, há alguém aí? Uma voz cansada ecoou. Rafael apertou o botão. Sim, duas pessoas presas entre o quarto e quinto andar. Tivemos um problema na subestação elétrica. Vamos precisar de uns 40 minutos para resolver e reiniciar o sistema. Vocês estão bem? Tem água? 40 minutos.
Camila sentiu suas pernas fraquejarem. Rafael deve ter percebido porque imediatamente ofereceu o braço para que ela se apoiasse. Estamos bem, ele respondeu no interfone. Podem trabalhar com calma, sem correria. Quando o interfone silenciou novamente, Camila se deixou escorregar pela parede até sentar no chão. As pernas simplesmente não aguentavam mais.
Rafael hesitou por um momento. Então, para sua surpresa, afrouxou a gravata, tirou o palitó do terno e sentou-se no chão ao lado dela, mantendo uma distância respeitosa. “40 minutos”, ela murmurou, presa num elevador com meu chefe. “Tecnicamente não sou seu chefe direto”, ele apontou com um meio sorriso.
“Tem pelo menos três gerentes entre nós na hierarquia. Apesar de tudo, Camila riu. Uma risada nervosa, mas genuína. Isso não melhora a situação. Não, imagino que não. Ele inclinou a cabeça para trás, descansando-a contra a parede espelhada. Mas já que vamos passar um tempo aqui, e já que eu já sei seus segredos mais íntimos, que tal me contar algo mais? Algo menos constrangedor, prometo? Ela olhou para ele de soslaio.
Havia algo surreal naquela cena. Rafael Almeida, sempre fotografado em poses rígidas e formais, estava sentado no chão de um elevador travado, a gravata frouxa, os primeiros botões da camisa abertos, parecendo humano. O que você quer saber? Como você acabou aqui, nessa empresa, nessa vida? Ele gesticulou vagamente.
Você não parece a típica funcionária corporativa. Há algo diferente em você. Camila considerou a pergunta. Considerou dar uma resposta genérica. segura, mas algo na forma como ele olhava para ela, com interesse genuíno, sem julgamento, a fez decidir pela honestidade. Cresci na zona leste, em São Mateus. Ela começou.
Meu pai é mecânico aposentado. Minha mãe morreu quando eu tinha 12 anos. Câncer. Uma pausa respirando fundo. Meu pai trabalhou triplo para me dar educação. Eu estudei em escola pública, mas tirava notas excelentes. Consegui bolsa integral na faculdade.
Me formei em administração há 3 anos e consegui esse emprego seis meses depois. Rafael ouvia em silêncio absoluto os olhos fixos nela. E esse trabalho, essa vida perfeitamente comum, como você provavelmente pensa, ela continuou. É tudo para meu pai. É a prova de que o sacrifício dele valeu a pena. Ele olha para mim e vê sucesso. Vê a filha que conseguiu o que ele nunca teve chance de conseguir.
Mas você? Rafael perguntou suavemente. O que você vê quando olha para sua vida? A pergunta a pegou desprevenida. Ninguém nunca havia perguntado isso antes. Eu começou, depois parou. Pensou. Realmente pensou. Eu vejo alguém que está vivendo metade de uma vida. A metade profissional está resolvida, mas a outra metade, a pessoal, a emocional, está vazia.
E eu não sei se tenho coragem de preencher esse vazio porque porque vulnerabilidade é apavorante. O silêncio que se seguiu foi diferente dos anteriores. Era pesado de significado, carregado de compreensão mútua. Eu entendo isso. Rafael disse finalmente sua voz mais baixa. Mais do que você imagina. Camila virou-se para olhá-lo. Realmente olhá-lo. Viu algo em seus olhos que não esperava ver. Solidão.
Uma solidão profunda, antiga, que nenhuma quantia de dinheiro poderia preencher. “Você também?”, ela se arriscou a perguntar. Um aceno lento de cabeça. “O dinheiro resolve muitos problemas, Camila, mas cria outros. Você nunca sabe se as pessoas te querem por quem você é ou pelo que você tem. Cada relacionamento vem com um ponto de interrogação gigante. Ele riu sem humor.
Irônico, não é? Tenho acesso a tudo, mas não consigo acessar o que mais importa. Conexão real. É por isso que você nunca sorri? A pergunta saiu antes que ela pudesse filtrar. Rafael piscou surpreso depois riu. Uma risada genuína que transformou completamente seu rosto. “Você presta atenção, hein?” Ele balançou a cabeça. As pessoas no trabalho não esperam que eu sorria.
Esperam que eu seja o si ou duro, focado, intimidador. É mais fácil usar essa máscara do que decepcionar as expectativas. Mas você está sorrindo agora. Estou. Ele concordou, seus olhos brilhando com algo que ela não conseguia nomear. Talvez porque aqui neste elevador, preso com uma mulher que me vê como um constrangimento ambulante e não como um alvo, eu possa ser apenas eu.
Camila sentiu algo se mover em seu peito, algo perigoso e emocionante. “Quanto tempo ainda falta?”, Ela perguntou, embora não tivesse certeza se realmente queria que aquele momento acabasse. Rafael checou o relógio de pulso, um Rolex discreto, mas provavelmente caríssimo. Uns 20 minutos,
eu diria. 20 minutos. 20 minutos com um estranho que de repente não parecia mais tão estranho assim. Rafael, ela disse seu nome pela primeira vez sem formalidade. Sim, obrigada por não fazer isso ser mais constrangedor do que já é. Ele segurou o olhar dela e Camila sentiu algo passar entre eles. Uma faísca, uma conexão, algo que deveria ser impossível, mas estava acontecendo mesmo assim. Camila, ele espelhou o tom dela.
Sim, quando sairmos daqui, ele começou, depois parou como se reconsiderando as palavras. Não esqueça, não seria apropriado. O quê? Ela sentiu a curiosidade queimar. O que não seria apropriado? Rafael passou a mão pelo cabelo, desalinhando-o pela primeira vez.
O gesto o fez parecer mais jovem, mas incerto perguntar se você gostaria de jantar comigo algum dia. O coração de Camila disparou. Jantar? Como pessoas normais fazem quando querem conhecer alguém melhor. Ele a estudou cuidadosamente. Mas você trabalha aqui e eu sou bom. Eu então talvez não seja a melhor ideia. Camila deveria concordar. Deveria dizer que sim.
seria inapropriado, que ele era praticamente seu chefe, que eles eram de mundos completamente diferentes, que aquilo não faria sentido nenhum. Mas quando abriu a boca, outras palavras saíram: “E se eu disser que também gostaria de jantar com você?” Os olhos de Rafael se arregalaram levemente, a primeira vez que ela ouvia genuinamente surpreso.
Então, eu diria que amanhã, 20 horas, restaurante faz ano, uma pausa, e que você pode dizer não sem nenhuma consequência no trabalho. Essa pergunta não tem nada a ver com hierarquia corporativa. É apenas um homem interessado em conhecer melhor uma mulher fascinante. Fascinante. Ele a chamou de fascinante.
Antes que Camila pudesse responder, o elevador deu um solavanco, as luzes piscaram e lentamente, muito lentamente, começou a descer novamente. Ambos se levantaram rapidamente. Rafael colocou o palitó de volta, ajeitou a gravata. A máscara do Se voltou ao lugar, mas seus olhos ainda brilhavam com aquela intensidade que fazia o estômago de Camila revirar. As portas se abriram no térrio. Três técnicos e um segurança esperavam do lado de fora.
Estão bem? O segurança perguntou. Perfeitamente bem. Rafael respondeu em seu tom profissional. Ele saiu do elevador, então se virou para Camila e estendeu a mão. Foi um prazer, Senrita Santos. Ela aceitou a mão dele, sentindo um choque elétrico quando seus dedos se tocaram. Igualmente, Senr. Almeida. Por um momento, apenas um momento. Seus olhos se encontraram.
E naquele olhar havia uma promessa silenciosa. Rafael soltou sua mão e caminhou em direção à saída do prédio, onde um motorista já esperava com um carro preto. Camila ficou parada no saguão, ainda processando os últimos 40 minutos. Júlia não ia acreditar quando ela contasse. Ela mesma mal conseguia acreditar. Seu celular vibrou. Uma mensagem de número desconhecido.
Faz ano. Amanhã 20 horas. a menos que você mude o que eu entenderia perfeitamente, mas espero que não mude. R. Camila olhou para o número, para a mensagem, para o elevador agora funcionando perfeitamente. E pela primeira vez em muito tempo, sentiu algo que não sentia há anos. Expectativa.
Aquela pan elétrica de 40 minutos acabara de mudar tudo. Camila passou a noite inteira virando na cama. Às 3 da manhã, Júlia entrou no quarto com os olhos inchados de sono. “Ou você me conta o que está acontecendo ou eu jogo um travesseiro na sua cara.” E Camila contou tudo. A confissão no elevador, os 40 minutos presos com Rafael Almeida, o convite para jantar no Fazano.
Júlia ficou em silêncio por aproximadamente 3 segundos antes de gritar: “Você está brincando comigo?” X, vão reclamar da gente. Camila tampou a boca da amiga com a mão. Rafael Almeida, o bilionário, o se gostoso que nunca sorri. Júlia estava em estado de choque. Camila, você entende que isso não é normal, né? Isso não acontece na vida real. Eu sei. Camila enterrou o rosto no travesseiro.
E agora o que eu faço? Você vai? Óbvio que você vai, mas o fazano Ju sei usar os talheres direito nesses lugares chiques. Júlia segurou os ombros da amiga. Escuta aqui. Esse homem te convidou depois de ouvir sua conversa mais constrangedora. Ele não quer que você seja perfeita. Ele quer que você seja você.
As palavras da amiga ecoaram na cabeça de Camila durante todo o dia seguinte no trabalho. Ela mal conseguiu se concentrar, olhando de hora em hora para o relógio. Às 6 da tarde, correu para casa. Júlia já tinha separado três opções de vestido, todos emprestados de amigas, porque o guarda-roupa de Camila consistia principalmente em roupas de escritório e jeans. O azul marinho, Júlia decidiu, elegante, mas não exagerado.
E esses sapatos que você usou no casamento da sua prima? Às 7:30, Camila estava pronta. O vestido caía bem em seu corpo, os cabelos castanhos soltos em ondas naturais, uma maquiagem sutil que Júlia insistiu em fazer. Você está linda”, Júlia disse, os olhos marejados. “Minha melhor amiga vai jantar com um bilionário. Eu preciso de todos os detalhes amanhã.” O Uber chegou às 7:45.
Durante todo o trajeto até os jardins, Camila repetiu para si mesma: “Respire, seja você mesma. Ele te convidou sabendo quem você é”. O restaurante fazano era tudo que ela imaginava e mais um pouco. Lustres de cristal, mesas com toalhas impecáveis, garçons de smoking. Ela se sentiu completamente deslocada até ver Rafael de pé próximo à entrada esperando por ela. Ele usava um terno cinza carvão sem gravata, os primeiros botões da camisa abertos.
Quando a viu, aquele sorriso pequeno, o que aparentemente só ela conhecia, tocou seus lábios. “Você veio?”, Ele disse como se tivesse duvidado. Você duvidou? Camila respondeu, tentando soar mais confiante do que se sentia. Talvez um pouco. Ele ofereceu o braço. Vamos. A mesa era reservada num canto mais privado do restaurante.
Rafael afastou a cadeira para ela com um gesto cavalheiresco que fez seu coração acelerar. “Como conseguiu meu número?”, ela perguntou assim que se sentaram. Rafael teve a decência de parecer um pouco envergonhado. Sou o CEO. Tenho acesso ao banco de dados de funcionários. Uma pausa.
Prometo que foi a primeira e última vez que abusei dessa posição, mas eu precisava ter certeza de que você sabia que o convite era real. E se eu tivesse dito não, então eu teria respeitado e nunca mais mencionaria o assunto. Seus olhos encontraram os dela, mas agradeço por ter dito sim. O jantar começou. Camila ficou tensa quando o cardápio chegou, tudo em francês, com preços que faziam seu estômago embrulhar. Rafael percebeu. “Confia em mim?”, ele perguntou.
“Deveria?” “Provavelmente não.” Um lampejo de humor nos olhos dele, mas vou pedir por nós dois. Nada muito aventureiro, prometo. E ele cumpriu. Pediu entrada leve, um risoto de fungue para ela e bife ao molho madeira para ele, tudo enquanto explicava cada prato em português simples.
“Você faz isso sempre?”, Camila perguntou. “Janta em lugares assim, quando preciso impressionar investidores ou fechar negócios.” “Sim”, Rafael deu de ombros. “Mas, honestamente, prefiro uma pizza na caixa assistindo alguma série ruim.” Camila riu, surpresa. “Sério? Por que a surpresa? Porque você é, você sabe, rico, famoso, poderoso e ainda assim humano. Ele se inclinou para a frente.
Camila, eu posso comprar restaurantes caros, posso comprar carros, casas, qualquer coisa material, mas não posso comprar uma conversa real. Não posso comprar alguém que me olhe e veja apenas um homem, não uma conta bancária. É por isso que você nunca, ela hesitou. As notícias falam que você não namora há anos. Uma sombra passou pelo rosto de Rafael. Ele pegou a taça de vinho, girou o líquido vermelho pensativo. Há 6 anos eu estava noivo.
Sua voz ficou mais baixa. Carolina, 3 anos de relacionamento. Eu estava completamente apaixonado, planejando o casamento até descobrir que ela mantinha outro relacionamento paralelo há do anos. Camila sentiu o coração apertar. Rafael, o pior não foi a traição em si. Ele continuou os olhos fixos na taça. Foi quando a confrontei.
Ela riu na minha cara e disse que eu era patético por acreditar que alguém como ela poderia realmente me amar, que sempre foi sobre o dinheiro, que o outro cara era quem ela realmente amava, mas eu era o plano de segurança financeira. Meu Deus, construí muros depois disso. Rafael finalmente olhou para ela. Muros altos.
Saí com algumas mulheres ao longo dos anos, mas nunca deixei passar de encontros superficiais. Não valia a pena o risco. Então, por que eu? Camila ouviu se perguntar. Por que me convidar se você tem esses muros? Rafael ficou em silêncio por um longo momento. Quando falou, sua voz carregava uma vulnerabilidade que ela não esperava.
Porque em 40 minutos num elevador travado, você foi mais real comigo do que a maioria das pessoas em toda minha vida. Porque quando você olha para mim, não vejo cifrões refletidos nos seus olhos. Vejo possibilidade. Ele respirou fundo. E isso me assusta tanto quanto me empolga. O garçom trouxe os pratos principais. Comeram em silêncio confortável por alguns minutos, mas havia uma tensão no ar, não desconfortável, mas carregada de significado. E você? Rafael perguntou. Por que está aqui? Poderia ter dito não.
Poderia ter bloqueado meu número. Camila mastigou devagar, pensando na resposta. Porque você me viu no meu pior momento e não me julgou? Porque em 40 minutos mostrou mais autenticidade que a maioria dos caras que conhecia em meses. Ela sorriu timidamente.
E porque tenho muito medo de me arrepender se não der uma chance para isso, seja lá o que isso for. E se eu propuser algo maluco? Rafael se inclinou para a frente, os olhos brilhando. O quão maluco! Uma troca, ele explicou. Você me ensina a viver como pessoa normal. Me mostra seu mundo, as coisas simples que esqueci ou nunca conheci. E eu te mostro o meu mundo, não para te impressionar, mas para dividir essa parte da minha vida com alguém que vejo como igual.
Igual? Camila quase engasgou com o vinho. Rafael, você é bilionário. Eu divido o apartamento e conto moedas no fim do mês. E ainda assim aqui agora, somos apenas duas pessoas tentando se conectar. Ele estendeu a mão sobre a mesa. Dinheiro não muda isso. Então aceita. Me ensina a ser mais humano e deixa eu te mostrar que nem tudo no meu mundo é frio e vazio. Camila olhou para a mão estendida.
Era loucura, completa loucura. Eles eram de universos diferentes, com vidas que não tinham nada em comum. Mas quando seus dedos tocaram os dele, sentiu aquela mesma eletricidade do elevador e soube, no fundo de seu coração, que aquilo era o começo de algo que mudaria sua vida para sempre. “Aceito”, ela sussurrou. “Mas tenho uma condição”. “Qual? Tudo no meu ritmo, sem pressões, sem expectativas.
” Rafael apertou a mão dela, a seus olhos intensos e sinceros. “Você dita o ritmo. Eu apenas sigo.” O resto do jantar passou numa névoa de conversas. Risos e olhares que duravam mais do que deveriam.
Quando saíram do restaurante, já passava da meia-noite e São Paulo brilhava ao redor deles como um mar de luzes. Posso te levar para casa? Rafael ofereceu. Em qual dos seus carros? Camila brincou. No mais discreto que tenho. Ele sorriu. Uma Mercedes preta, quase normal. No carro com o motorista dirigindo em silêncio, Rafael pegou a mão de Camila novamente. Obrigado por esta noite. Obrigada por me dar uma chance de conhecê-lo de verdade.
Quando pararam em frente ao prédio dela em Pinheiros, tão diferente dos prédios de luxo dos jardins, Rafael saiu do carro e abriu a porta para ela. Então ela disse subitamente tímida: “Quando começa essa troca maluca? Que tal sábado? Você me mostra seu mundo primeiro. Prepare-se para andar de metrô e comer pastel na feira. Rafael riu.
E novamente Camila pensou em como aquele som transformava completamente seu rosto. Mal posso esperar. Ele se inclinou e por um momento, Camila pensou que ele fosse beijá-la, mas Rafael apenas depositou um beijo suave em sua testa, demorado, eterno. Boa noite, Camila Santos. Boa noite, Rafael Almeida. Ela subiu para o apartamento flutuando. Júlia estava acordada esperando com dois potes de sorvete.
Então, a amiga perguntou ansiosamente. Camila desabou no sofá um sorriso enorme no rosto. Ju, eu acho que estou encrencada. Encrencada como? Como eu poderia estar me apaixonando por ele? Júlia gritou, pulou, abraçou a amiga e enquanto contava cada detalhe da noite, Camila sentiu algo que não sentia há muito tempo. Esperança.
Esperança de que talvez, apenas talvez contos de fada pudessem acontecer na vida real. O sábado amanheceu com sol forte e céu azul, um daqueles dias perfeitos de São Paulo que fazem a cidade parecer mágica. Camila acordou às 7, nervosa e empolgada ao mesmo tempo. Hoje Rafael entraria no seu mundo de verdade. Ele chegou às 9 em ponto, não carro com motorista, mas dirigindo ele mesmo um carro que, segundo ele, era simples.
Um BMW que provavelmente custava mais que a casa do seu pai. “Pronto para a aventura?”, Camila perguntou entrando no carro. Rafael usava jeans, algo que ela suspeitava ser de grife e uma camisa polo azul marinho sem gel no cabelo, os fios caindo naturalmente sobre a testa. Ele parecia mais jovem assim, mais acessível.
“Onde vamos primeiro?”, ele perguntou claramente, tentando esconder o nervosismo. Mercadão municipal. Camila sorriu ao ver a expressão confusa dele. Confie em mim. O trânsito estava típico de sábado de manhã, caótico, mas suportável. Rafael dirigia com habilidade, mas ela notou como ele ficava tenso quando carros populares se aproximavam muito ou quando motos cortavam pela lateral.
“Você não dirige muito, né?”, ela observou. “Tenho motorista há 10 anos.” Ele admitiu. Geralmente trabalho no trajeto, mas hoje queria estar presente, totalmente presente. No Mercadão, Rafael foi bombardeado pelos sentidos, as cores vibrantes das frutas, o cheiro forte de bacalhau e especiarias, os gritos dos vendedores oferecendo produtos, a multidão se empurrando pelos corredores estreitos.
“É sempre assim?”, ele perguntou, tentando não parecer sobrecarregado. “Sempre.” Camila o guiou pela multidão com facilidade. Vamos comer o sanduíche de mortadela. É imperdível. Esperaram na fila por 20 minutos. Rafael ficou surpreso ao descobrir que não havia fila preferencial, que todos, ricos, pobres, turistas, moradores, esperavam igualmente.
Quando finalmente pegaram o sanduíche e encontraram um lugar para sentar, ela observou sua reação. Rafael deu a primeira mordida e seus olhos se arregalaram. Meu Deus! Ele mastigou saboreando. Isso é incrível. Melhor que comida de restaurante três estrelas. Diferente. Ele limpou a boca com um guardanapo, mas igualmente bom. Tem algo de autêntico, real.
Depois do Mercadão, Camila o levou para a feira da Vila Madalena. Rafael experimentou pastel de carne e tomou caldo de cana. Pela primeira vez na vida comprou frutas direto dos produtores, regateou preços, mal mais tentou. e conversou com senhores que vendiam temperos. “As pessoas aqui são tão abertas”, ele comentou enquanto caminhavam entre as barracas. “Falam comigo sem segundas intenções.
É porque você não está no terno de CEO agora.” Camila apontou. “Você é apenas mais um cara comprando na feira. A maior surpresa veio quando ela o levou para o metrô.” “Você está brincando?”, Rafael, disse, olhando para a estação lotada. Como você acha que a maioria das pessoas chega ao trabalho? Camila comprou dois bilhetes.
Seja bem-vindo à vida real, senor Almeida. O metrô estava lotado, típico de sábado, com paulistanos fazendo compras. Rafael ficou desconfortável ao ser empurrado pela multidão, gente encostada nele de todos os lados, o calor sufocante, o cheiro de suor misturado com perfumes. Camila segurou a mão dele e se aproximou. Respira. É só até a próxima estação.
Como você faz isso todo dia? Ele perguntou impressionado. Porque não tenho escolha e porque é parte da vida. Ela sorriu. Nem tudo precisa ser confortável para valer a pena. Saíram na estação Trianon MP e caminharam pela paulista. Rafael ficou surpreso ao ver o número de pessoas nas ruas. Famílias, casais, artistas de rua, vendedores ambulantes. É tão vivo ele murmurou.
É São Paulo, Camila apontou. A cidade real, não à vista de cima de prédios de luxo. Almoçaram num restaurante por quilo, onde Rafael ficou fascinado pelo sistema de self service e pela variedade de comida caseira brasileira: arroz, feijão, bife acebolado, farofa, vinagrete. Minha mãe fazia comida assim. Ele disse de repente a voz carregada de nostalgia.
Antes de eu ficar rico, antes de tudo mudar, Camila tocou a mão dele sobre a mesa. Conta para mim sobre sua família, sobre como era antes. E Rafael contou. Contou sobre crescer em Osasco, numa casa simples de três cômodos. Sobre o pai trabalhando 16 horas por dia numa fábrica, sobre a mãe esticando cada real para alimentar quatro bocas.
Sobre dormir com os irmãos no mesmo quarto, dividindo cobertores no inverno. Quando fiz minha primeira fortuna aos 25 anos, comprei uma mansão para eles. Ele mexeu na comida. Pensei que estava dando o melhor, mas minha mãe sempre dizia que sentia falta da casinha pequena, onde todo mundo estava sempre junto.
Onde eles estão agora? Meu pai morreu há 3 anos. Infarto. A voz dele falhou. Minha mãe mora numa casa que comprei em Alfa Ville, mas visita a antiga vizinhança toda semana. Diz que lá ela se sente ela mesma. E você, quando foi a última vez que se sentiu você mesmo? Rafael olhou profundamente nos olhos dela. Ontem à noite e hoje com você. O coração de Camila bateu mais rápido.
Havia algo mudando entre eles, algo se aprofundando. Terminaram o dia numa padaria de bairro em Pinheiros, tomando café com leite e comendo pão na chapa. Rafael insistiu em pagar apenas R$ 10 e riu de como era diferente dos jantares de R$ 300 por pessoa. Melhor dia que tive em anos ele confessou quando a deixou em casa. Obrigado por me lembrar como é viver de verdade.
Agora é sua vez, Camila desafiou. Me mostre seu mundo, mas com honestidade, sem fingir que é perfeito. Quarta-feira à noite, ele propôs, tem um evento beneficente. Não precisa ir se não quiser, mas gostaria que fosse comigo. Evento beneficente significa vestido de gala? Significa você sendo você mesma. Rafael tocou o rosto dela gentilmente. Só isso.
Quando ele se inclinou dessa vez, Camila não se afastou. O beijo foi suave, questionador, respeitoso, lábios se tocando com ternura. Uma promessa demais, mas sem pressa. Quando se separaram, ambos estavam sem fôlego. “Quarta-feira”, ele sussurrou. “Quarta-feira?”, ela confirmou.
E enquanto o carro dele desaparecia na esquina, Camila encostou na parede do prédio, tocando os lábios, sentindo o coração martelar no peito. Júlia ia surtar quando soubesse, mas mais importante, ela estava se apaixonando rápido, intensamente, perigosamente, e, pela primeira vez na vida, decidiu não lutar contra isso. Júlia passou 3 horas ajudando Camila a se arrumar para o evento beneficente.
O vestido, um presente de Rafael que ela relutantemente aceitou, era de um azul meia-noite que brilhava sutilmente sob a luz. Elegante, sofisticado, caríssimo. “Você parece uma princesa”, Júlia disse emocionada, ajeitando os cachos soltos de Camila. “Uma princesa que vai arrasar em Cinderela reversa. Não ajuda com meus nervos.” Camila reclamou, checando o reflexo pela décima vez.
O motorista de Rafael a buscou às 7. Quando chegou ao hotel Unique, onde o evento acontecia, sentiu as pernas fraquejarem. O local era deslumbrante. Tudo arquitetura moderna, luzes estratégicas, decoração minimalista, mas claramente cara. Rafael a esperava na entrada.
De smoking preto, impecável, cabelo penteado para trás, ele tirava o fôlego, mas quando a viu, seu rosto inteiro se iluminou. “Você está?” Ele começou sem palavras. Deslumbrante. Você não está mal também. Camila sorriu tentando esconder o nervosismo. Rafael ofereceu o braço e ela o aceitou. Entraram juntos e imediatamente dezenas de pares de olhos se voltaram para eles.
Camila ouviu sussurros, sentiu olhares avaliando cada centímetro dela. “Ignora!” Rafael, murmurou no ouvido dela. “Só olhe para mim.” Mas era impossível ignorar completamente, especialmente quando três mulheres impecavelmente vestidas se aproximaram, loiras, magras, com aquele ar de quem nasceu em berço de ouro. “Rafael!”, uma delas exclamou, beijando-o nas duas bochechas.
“Há quanto tempo? E quem é sua acompanhante?” O tom deixava claro que acompanhante um elogio. “Esta é Camila Santos.” Rafael disse a voz firme e orgulhosa: “Camila, estas são Patrícia, Helena e Fernanda, conhecidas de eventos sociais. Encantada!”, Camila tentou sorrir. As três a avaliaram da cabeça aos pés, sem nem tentar disfarçar.
“Que vestido interessante”, Patrícia comentou. “É vintage?” “É novo?” Camila respondeu forçando educação. Ah, é que tem um ar tão simples. Helena sorriu com falsa doçura. Mas autenticidade está em alta, não é? Rafael sempre teve um lado filantrópico. A última palavra foi como um tapa. Rafael se enrijeceu ao lado de Camila.
Camila trabalha na minha empresa”, ele disse, a voz perigosamente baixa, e está aqui porque eu a convidei como minha parceira, não como projeto de caridade. Ó, não foi isso que quis dizer. Helena se defendeu, mas o sorriso permaneceu cruel. Só que é tão incomum ver você com alguém tão comum.
Depois de Carolina, pensamos que você só se interessaria por mulheres de um certo nível, sabe? Um certo nível? Rafael repetiu, dando um passo à frente. Você quer dizer mulheres superficiais, fúteis e preocupadas apenas com aparências? Então você está certa. Meus padrões mudaram drasticamente. Fernanda arregalou os olhos. Rafael, não precisa ser grosseiro. Não estou sendo grosseiro. Estou sendo honesto.
Ele olhou para as três com desprezo evidente. Algo que vocês três claramente esqueceram como ser. Agora, se nos dão licença, vamos aproveitar a noite. Ele guiou Camila para longe, e ela podia sentir as três mulheres fuzilando suas costas com olhares. “Desculpa,” Rafael, disse quando estavam em local mais privado.
“Elas são horríveis”, Camila completou tentando rir, mas a voz saiu trêmula. “Rafael, talvez isso não seja boa ideia. Eu não pertenço a este mundo. Está na cara.” Rafael virou-a para encará-lo, segurando seus ombros gentilmente. Olha para mim. Quando ela encontrou seus olhos, ele continuou: “Você não precisa pertencer a este mundo.
Este mundo precisa aprender a te aceitar como você é, porque você é mil vezes mais real, mais valiosa, mais importante que qualquer uma dessas pessoas que só tem dinheiro e sobrenome.” “Mas eu sou. Você é incrível.” Ele interrompeu. “Você trabalhou por tudo que tem. Você valoriza as pessoas, não o preço das roupas delas. Você me vê como humano, não como cartão de crédito.
Sua voz ficou mais suave. E se este mundo não te merece, então eu felizmente saio dele para ficar com você. Lágrimas se formaram nos olhos de Camila. Você não precisa fazer isso. Eu quero. Rafael limpou uma lágrima que escapou com o polegar. Quero estar onde você está, não onde estas pessoas estão. Alguém se aproximou. um homem mais velho, de terno azul marinho e ar importante.
Rafael, preciso falar com você sobre a proposta da fusão. Depois, Martins. Rafael nem olhou para ele, os olhos fixos em Camila. Mas é urgente, eu disse depois. O tom não deixava margem para a discussão. O homem se afastou, murmurando, e Rafael guiou Camila para o terraço do hotel. A vista de São Paulo à noite era espetacular. Milhões de luzes brilhando até onde a vista alcançava. É.
Bonito, Camila admitiu. Mas solitário, não é? Ver tudo de cima, de longe. Muito solitário. Rafael encostou-se no parapeito ao lado dela. Passei os últimos anos vendo a vida de longe, de cima desses prédios, desses eventos, dessas salas de reunião. E não estava vivendo, estava apenas existindo. E agora? Agora sinto pela primeira vez que estou acordando. Ele se virou para ela.
Você me faz querer descer dessas alturas. Me faz querer estar no meio das pessoas, da bagunça, da vida real. Camila respirou fundo, tomando coragem. Rafael, aquelas mulheres têm razão em uma coisa. Somos muito diferentes. Eu não sei me comportar nesses eventos. Não conheço a etiqueta social. Não tenho as roupas certas.
E você acha que eu me importo com isso? Não. Mas seus sócios, sim. Seus clientes, sim. Sua reputação. Que se dane minha reputação. Ele pegou as mãos dela. Camila. Escuta, eu poderia passar a vida inteira nesses eventos cercado dessas pessoas, sendo miserável, ou posso arriscar, arriscar em você, em nós, em algo real. Você mal me conhece.
Eu te conheci mais em uma semana do que conheci algumas pessoas em anos. Rafael tocou o rosto dela gentilmente. E cada vez que te conheço melhor, mais quero conhecer. O coração de Camila batia descompassado ali naquele terraço com a cidade aos seus pés e aquele homem incrível olhando para ela como se fosse a única pessoa no mundo.
Ela tomou uma decisão. Então me conhece melhor, ela se aproximou. Conhece como eu fico nervosa quando você me olha assim. Como meu coração acelera quando você toca minha mão. Como estou morrendo de medo de tudo isso, mas também mais empolgada do que jamais estive na vida. Rafael sorriu, aquele sorriso genuíno que transformava completamente seu rosto.
Mas sei como é isso, porque sinto exatamente o mesmo. Ele a puxou para mais perto e dessa vez o beijo foi diferente, mais profundo, mais necessário, mais verdadeiro. As mãos dele em sua cintura, as dela em seus ombros, o mundo desaparecendo ao redor até só existirem eles dois. Quando se separaram, ambos estavam sem fôlego. “Vamos embora daqui,” Rafael disse.
Não aguento mais este evento, mas o jantar, os discursos, que se danem. Ele entrelaçou os dedos nos dela. Prefiro comer cachorro quente na rua com você do que ostras neste salão sem você ao meu lado. Camila riu, surpreendentemente feliz. Então vamos. Saíram do hotel e Rafael dispensou o motorista.
caminharam pelas ruas de Pinheiros, ele ainda de smoking e ela de vestido de gala, completamente deslocados, mas perfeitamente felizes. Compraram cachorro quente de um carrinho de rua, sentaram numa praça iluminada, conversaram sobre tudo e nada, sonhos, medos, planos para o futuro. E quando Rafael a deixou em casa, já passava de meia-noite, Camila sabia que algo havia mudado irreversivelmente entre eles.
Isso não era mais um experimento, não era mais curiosidade, era real, profundamente, assustadoramente, maravilhosamente real. E ela estava se apaixonando sem volta. As semanas seguintes passaram como um sonho. Rafael e Camila se viam sempre que possível. Jantares simples, caminhadas pela cidade, filmes no sofá do apartamento dele. Ele entrava cada vez mais no mundo dela e ela lentamente se acostumava com o dele. Até que numa quinta-feira à tarde, o telefone de Camila tocou.
Era seu pai. Pai? Ela atendeu surpreendida. João raramente ligava durante o dia. Tudo bem, Camila. A voz dele estava tensa. Preciso conversar com você. É importante. O coração dela apertou. O que aconteceu? Você está bem? Estou bem, mas soube de algo que me preocupou. Uma pausa pesada.
Dona Marta, a vizinha, viu sua foto nas redes sociais? Você saindo de um restaurante caro com um homem de terno. E quando pesquisamos o nome dele, Camila, ele é bilionário? Ela fechou os olhos. Sabia que essa conversa viria eventualmente, mas não estava preparada. Sim, pai, ele é.
E você não achou importante me contar que está namorando um dos homens mais ricos de São Paulo? Não é bem assim. Então, como é, Camila? João nunca levantava a voz, mas agora havia medo evidente nela. Porque de onde vem o bilionários não namoram garotas da periferia. Eles se divertem com elas e depois voltam para o mundo deles. As palavras atingiram Camila como um soco no estômago. Pai, o Rafael não é assim.
Você não o conhece e você conhece. Ele rebateu. Há quanto tempo vocês estão juntos? Poucas semanas. Minha filha, esse homem vive num mundo completamente diferente do nosso. Um mundo onde pessoas como nós somos apenas entretenimento temporário. Você está errado. Estou. A voz dele ficou mais suave, mas não menos preocupada.
Camila, eu te criei sozinho desde que sua mãe morreu. Trabalhei cada dia da minha vida para você ter educação, oportunidades, e agora você está se envolvendo com alguém que pode te machucar de formas que eu não posso proteger. Lágrimas rolaram pelo rosto de Camila. Eu preciso arriscar, pai. Preciso viver minha vida. Viver é diferente de se jogar de cabeça numa situação impossível. João suspirou pesadamente.
Eu só quero que você seja feliz. Mas também não quero te ver com o coração partido quando ele cansar de brincar de vida comum e voltar para as mulheres do mundo dele. Ele não é assim. Então me prove. O desafio estava claro na voz dele. Traz ele aqui em São Mateus, na casa onde você cresceu.
Se ele for realmente sério sobre você, não vai ter vergonha de conhecer seu pai, sua origem, sua realidade. Camila ficou em silêncio, o desafio ecoando em sua mente. Vou perguntar a ele. Ela disse finalmente, espero que sim, minha filha, porque se ele recusar, você vai ter sua resposta sobre as intenções dele.
Quando desligou, Camila desabou no sofá do escritório. Ela estava no horário de almoço, mas toda a fome havia desaparecido. As palavras do pai martelavam em sua cabeça. Bilionários não namoram garotas da periferia. Entretenimento temporário. Quando ele cansar de brincar de vida comum. E se ele estivesse certo? E se para Rafael aquilo fosse apenas uma fase, uma rebeldia contra seu próprio mundo, seu celular vibrou.
Mensagem de Rafael pensando em você. Almoço amanhã. Te busco no trabalho. Camila olhou para a mensagem por um longo tempo. Então, respirando fundo, digitou: “Preciso te pedir algo. Podemos conversar hoje à noite?” A resposta veio em segundos. “Claro. Você está bem? Me preocupou.” “Estou. Só precisamos conversar, coisa importante. Chego aí às 19 horas.
” O coração de Camila apertou ao ver o emoji de coração. Ele começara a usar recentemente, sempre fazendo-a sorrir. Mas hoje, com as palavras do pai eando, o emoji parecia frágil, vulnerável. As horas até às 7 da noite se arrastaram.
Júlia percebeu que algo estava errado, mas Camila não conseguia falar sobre isso. Precisava primeiro conversar com Rafael. Quando ele chegou, trazia flores, giraçóis, as favoritas dela, que havia mencionado casualmente semanas atrás. O fato de ele ter lembrado fez seu coração apertar ainda mais. O que aconteceu? Ele perguntou imediatamente, lendo a tensão em seu rosto.
Camila, você está me assustando? Sentaram-se no sofá. Camila respirou fundo. Meu pai ligou hoje, descobriu sobre nós. Rafael ficou tenso e ele está preocupado. Ela forçou-se a continuar. Acha que você está brincando comigo? Que quando cansar da novidade de sair com alguém comum, vai voltar para seu mundo e me deixar para trás.
O rosto de Rafael passou por várias expressões: surpresa, mágoa, raiva, compreensão. E você? Sua voz estava controlada, mas ela via a atenção em seus ombros. Você acredita nisso? Eu não sei. A honestidade saiu antes que pudesse filtrar. Rafael, somos de mundos tão diferentes. Às vezes acordo de madrugada em pânico, pensando em como isso pode dar errado, em como você vai acordar um dia e perceber que pode ter alguém mais sofisticada, mais adequada ao seu estilo de vida. Rafael ficou em silêncio por um longo momento.
Quando falou, sua voz estava carregada de emoção. Você quer saber o que eu penso de madrugada? Ele se virou para encará-la completamente. Penso em como encontrei alguém que me vê de verdade, alguém que não quer meu dinheiro, não quer meu status, não quer nada além de mim. E isso me apavora porque nunca tive isso antes. Lágrimas se formaram nos olhos de Camila. Mas meu pai tem um ponto. Você não conhece de onde venho.
Não conhece minha realidade completa. Então me mostra. Rafael pegou as mãos dela, me leva para conhecer seu pai. Me deixa provar que isso não é brincadeira. Você faria isso? Ir para São Mateus, ver como é realmente viver com pouco. Camila, eu cresci com pouco. Ele lembrou gentilmente.
Eu sei como é contar moedas, esticar comida, vestir roupas de irmãos mais velhos. O dinheiro me fez esquecer temporariamente, mas não apagou de onde vim. Então, você conheceria meu pai? Jantaria na nossa casa simples, sem motorista, sem proteção? Sim, sem hesitação. Claro que sim. Quando? Sábado à noite.
Camila sugeriu, tentando controlar o tremor na voz. Mas Rafael precisa entender. Meu pai vai te julgar. Vai fazer perguntas difíceis. vai querer ter certeza de que suas intenções são sérias. Rafael sorriu. Não aquele sorriso pequeno de antes, mas um sorriso grande e genuíno. Ótimo, porque minhas intenções são completamente sérias. Ele a puxou para mais perto.
Camila, eu sei que é cedo, sei que ainda estamos nos conhecendo, mas eu preciso que saiba de algo. O quê? Ele tocou o rosto dela com tanta ternura que mais lágrimas escaparam. Eu te amo. As palavras saíram simples, diretas, verdadeiras. Já te amo. E sei que isso assusta. Sei que parece rápido demais, mas é a verdade.
E quero provar para você, para seu pai, para o mundo inteiro, que isso não é brincadeira. Você não é brincadeira. Você é a coisa mais real que já me aconteceu. Camila soluçou, jogando os braços ao redor do pescoço dele. Eu também te amo. Tenho medo de te amar tanto, mas não consigo parar.
Beijaram-se com intensidade, com urgência, com a profundidade de sentimentos que vinham construindo desde aquele elevador travado. Quando se separaram, ambos estavam com as respirações aceleradas. Sábado, então, Rafael confirmou: “Diz a seu pai que irei e que estou pronto para provar que mereço a confiança dele e sua.” Naquela noite, quando Rafael foi embora, Camila ligou para o pai.
Ele vai, ela disse simplesmente, sábado à noite, ele quer te conhecer. Houve um longo silêncio do outro lado da linha, então ele é diferente do que pensei, João admitiu ou é muito bom ator. Ele não está fingindo, pai. Eu sei que não está. Espero que você esteja certa, filha. Por você, espero de verdade.
Quando desligou, Camila, sentou-se na janela, olhando a cidade iluminada. Sábado seria decisivo. Ou seu pai aceitaria Rafael, ou ela nem queria pensar na alternativa, porque agora sabia, sem sombra de dúvida, estava completamente irrevogavelmente apaixonada por Rafael Almeida, e isso era ao mesmo tempo, a coisa mais aterrorizante e mais linda que já havia acontecido em sua vida. Sábado chegou com um frio atípico para São Paulo.
Camila acordou ansiosa, checando o celular a cada 5 minutos. Rafael mandara mensagem às 7 da manhã. Não dormi quase nada pensando no jantar de hoje. Não por medo, mas por saber quanto isso significa para você. Vou fazer dar certo. Ela sorriu, o coração apertado de emoção. Júlia a encontrou na cozinha tomando o terceiro café da manhã. Calma, amiga. Você vai ter um troço.
A amiga brincou. Seu pai vai amar o Rafael. É impossível não amar. Você não conhece meu pai quando está no modo protetor. Às 5 da tarde, Camila pegou o metrô para São Mateus. A casa do pai era pequena, mas impecável. Três cômodos que João mantinha imaculados desde que ela saíra.
As paredes ainda tinham fotos dela em todas as idades. Primeira comunhão, formatura, primeiro dia de trabalho. Pai, ela o cumprimentou com um abraço apertado. João tinha 62 anos, cabelos grisalhos, mãos calejadas de décadas trabalhando como mecânico. Usava sua melhor camisa azul clara passada a ferro e calça social, que provavelmente tinha 20 anos, mas ainda estava em ótimo estado. “Ele vem mesmo?”, João? perguntou, tentando esconder o nervosismo. Vem às 7.
É como devo tratá-lo, Senr. Almeida. Doutor Camila segurou as mãos do pai. Trata como trataria qualquer namorado meu, com respeito, mas sem cerimônia. Ele prefere assim. João acenou, mas ela havia atenção em seus ombros. Ele estava preparando a casa o dia inteiro. Limpou, arrumou, preparou uma comida simples, mas caprichada, arroz, feijão, bife acebolado, batata corada, farofa, comida de verdade, como ele dizia. Às 710, um carro parou em frente à casa.
Não o BMW que Camila esperava, mas um carro comum usado. Ela franziu a testa confusa até Rafael descer. Ele não usava terno, usava jeans escuros e uma camisa azul simples, manga comprida, nada de relógio caro, nada de acessórios. Ele havia se esforçado para não parecer ostensivo, mas o que mais a surpreendeu foi o que ele carregava, um buquê simples de flores e uma garrafa de vinho que ela reconheceu, não caro, mas bom, o tipo que pessoas comuns compram para jantares especiais.
Oi”, ele disse, nervoso de uma forma que ela nunca tinha visto. Rafael Almeida, seou confiante e poderoso, estava genuinamente nervoso. “Você alugou um carro?”, ela observou. Não queria aparecer de porche na frente da casa do seu pai. Ele sorriu sem jeito. Achei que seria desrespeitoso. O gesto fez o coração de Camila derreter. Ela o puxou para um beijo rápido. Pronto. Pronto. Ele respirou fundo.
Ou mais preparado que vou conseguir estar. Entraram juntos. João estava na sala de pé, postura ereta. Quando Rafael entrou, os dois homens se mediram em silêncio por alguns segundos. Senr. Santos. Rafael falou primeiro, estendendo a mão. É uma honra conhecê-lo. Obrigado por me receber em sua casa.
João apertou a mão dele, avaliando com olhar experiente. Rafael, sente-se. Camila, pega algo para beber. A tensão no ar era palpável. Camila trouxe suco de laranja, feito na hora pelo pai e sentou-se entre os dois homens, sentindo-se como mediadora de uma negociação de paz.
Então, João começou direto, como sempre, me fala sobre você, não o que leio nas revistas, o homem de verdade, Rafael não hesitou. Cresci em Osasco. Meu pai Eduardo era operário de fábrica, trabalhava turnos de 16 horas. Minha mãe Ana costurava para fora para complementar renda. Éramos quatro irmãos num apartamento de dois quartos. João ergueu as sobrancelhas, surpreso.
Você é de família humilde, muito humilde. Rafael continuou e Camila percebeu que ele não estava tentando impressionar, estava sendo completamente honesto. Meu pai sempre dizia que a única herança que poderia nos deixar era educação e caráter. Então eu estudei muito, fiz faculdade com bolsa integral, trabalhei durante o dia e estudava à noite.
Aos 22 anos, comecei uma empresa de consultoria imobiliária com R$ 15.000 emprestados. E deu certo depois de quase falir três vezes. Sim. Rafael sorriu sem humor. Aos 27 vendi a empresa por 10 milhões. Investi tudo em incorporações e a coisa cresceu de lá. João se inclinou para a frente. E seu pai? Chegou a ver seu sucesso.
A expressão de Rafael se fechou. Morreu quando eu tinha 31 anos. Infarto, sua voz ficou rouca. Tr anos depois que comprei uma mansão para ele em Alpaville. Ele nunca se acostumou ao luxo. Sempre falava que preferia a casa antiga, onde tinha os amigos, a vizinhança que conhecia. E você? Se acostumou? Acostumei a ter dinheiro, mas não acostumei à solidão que vem com ele.
Rafael olhou diretamente para João até conhecer sua filha. João ficou em silêncio, processando. Então fez a pergunta que Camila sabia que viria. Qual sua intenção com a Camila? Honestamente, Rafael respirou fundo. Namorá-la seriamente, conhecê-la profundamente, construir algo real.
E, se as coisas evoluírem como espero, casar com ela e construir uma família. Camila quase engasgou com o suco. Eles nunca haviam falado sobre casamento antes. João estudou Rafael por um longo momento. Você tem dinheiro? Muito dinheiro. Minha filha não tem nada além do salário dela e um apartamento alugado. Isso não te incomoda? Não, sem hesitação.
O que me importa é o caráter dela, os valores dela, a pessoa que ela é. Dinheiro eu tenho, mas alguém que me veja como humano, que me desafie a ser melhor, que me faça querer acordar de manhã, isso eu nunca tive, até ela. E quando seus amigos bilionários julgarem, quando sua família achar que ela não é boa o suficiente, então eles não são meus amigos e podem sair da minha vida. Rafael falou com convicção.
Senhor Santos, sei que o senhor não me conhece. Sei que tem todo o direito de duvidar, mas juro por tudo que amo que não estou brincando com os sentimentos da sua filha. Ela é a mulher mais importante da minha vida. João ficou em silêncio. Então, inesperadamente, seus olhos ficaram marejados. “Você sabe qual é meu maior medo?” Sua voz tremeu.
“Que minha filha se machue. Criei ela sozinha desde os 12 anos. Vi ela chorar pela mãe que morreu. Vi ela se esforçar na escola, passar noites estudando, trabalhar e estudar ao mesmo tempo. Ele olhou para Camila. O amor é evidente. Ela é meu mundo inteiro e a ideia de alguém partir o coração dela me apavora. Pai, Camila sussurrou, lágrimas rolando.
Eu entendo Rafael disse. E Camila viu que havia lágrimas em seus olhos também, porque eu me sinto da mesma forma sobre ela e prometo, com toda a sinceridade que farei tudo ao meu alcance para nunca machucá-la. Não posso garantir que seremos perfeitos. Nenhum casal é, mas posso garantir que sempre serei honesto, sempre a respeitarei e sempre, sempre a amarei.
João limpou os olhos com as costas da mão. A comida está pronta. Vamos jantar. O jantar começou tenso, mas lentamente relaxou. Rafael elogiou sinceramente a comida, comeu tudo que foi servido e pediu mais. contou histórias engraçadas de sua infância, como roubava frutas do vizinho com os irmãos, como sua mãe o colocava de castigo, mas sempre acabava rindo das travessuras.
João respondeu com suas próprias histórias, de quando Camila era criança, teimosa e esperta, de como ela convenceu o diretor da escola a deixá-la pular uma série, porque estava entediada nas aulas. E lentamente a tensão deu lugar a algo diferente, conexão genuína. Depois do jantar, enquanto Camila e o pai preparavam sobremesa, pudim de leite, João puxou Rafael para um canto.
“Você parece homem de palavra”, o mais velho disse. E Camila é mulher inteligente. Se ela escolheu você, devo confiar no julgamento dela. Senhor santo, João. Ele corrigiu. “E quero te dizer uma coisa. Ele colocou a mão no ombro de Rafael. Não é sobre o dinheiro, nunca foi. É sobre respeito. Que você mostrou hoje que respeita minha filha. Respeita de onde ela vem, respeita quem ela é. Eu respeito mais do que tudo.
Então, tem minha bênção. João estendeu a mão novamente, e dessa vez o aperto foi mais caloroso. Mas se magoar minha filha, todo o dinheiro do mundo não vai te salvar de mim. Rafael sorriu. Justo. Eu aceitaria nada menos.
Quando voltaram à sala, Camila olhou entre os dois homens e viu algo que fez seu coração explodir. Aceitação. Seu pai havia aceito Rafael. ficaram até tarde conversando. E quando finalmente foi hora de ir embora, João abraçou Rafael apertado. Bem-vindo à família, filho. No carro alugado, Rafael mal conseguia falar, emocionado demais. Eu estava apavorado, ele admitiu, mais apavorado do que em qualquer reunião de negócios na vida. Você foi perfeito.
Camila segurou a mão dele e falou sério sobre casar comigo? Rafael parou o carro e se virou para ela, os olhos intensos na penumbra. Camila, sei que é cedo, sei que parece loucura, mas quando sei que é certo, não vejo motivo para esperar. E você é tão certa que chega a assustar. Ela o beijou profundamente, colocando no beijo todos os sentimentos que não conseguia expressar em palavras.
Aquela noite mudou tudo. Não era mais apenas eles dois contra o mundo. Agora tinham a bênção de quem mais importava. E isso fazia tudo parecer não apenas possível, mas inevitável. A estação do metrô estava lotada, típica de segunda-feira de manhã. Camila estava espremida entre três pessoas quando seu celular vibrou.
Mensagem de Rafael: “Parabéns pela promoção, diretora Santos. Jantar especial hoje à noite para comemorar. Te amo. Ela sorriu ainda processando a notícia que recebera uma hora antes, diretora administrativa júnior aos 25 anos. Por mérito próprio, como o diretor de RH fez questão de frisar.
A promoção não tem nada a ver com seu relacionamento com o CEO, ele havia dito. Sério, você é a funcionária mais dedicada e competente do seu departamento. Merece isso. Ainda assim, Camila sabia que as fofocas viriam. Já vinham, na verdade, coxichos quando passava pelos corredores, olhares quando almoçava com Rafael no refeitório da empresa, mas aprendera a ignorar, porque o que ela e Rafael tinham era real, construído em honestidade e respeito mútuo.
Os seis meses desde aquele jantar em São Mateus haviam sido transformadores. Rafael mudara visivelmente, mais solto, mais sorridente, mais humano. Se intimidador dava lugar frequentemente a um homem que ria de piadas bobas e comia pastel na feira todo sábado. Seu pai e Rafael haviam desenvolvido uma amizade genuína.
Todo domingo almoçavam juntos na casa de João. Comida caseira, cerveja gelada, jogos de futebol na TV. Rafael assistia Palmeiras versus Corinthians com empolgação que Camila nunca imaginara nele, xingando o juiz e vibrando com gols. “Quem diria que o bilionário seria tão palmeirense fanático?” João brincava. “Você me enganou, rapaz.” E Rafael respondia sempre: “Algumas coisas o dinheiro não muda, João. Amor pelo time é uma delas”.
Camila chegou ao trabalho e foi direto para sua nova sala, pequena, mas com janela e porta que fechava. Na mesa, um buquê enorme de giraçóis com cartão. Você conseguiu por ser incrível. Eu apenas tive a sorte de estar ao seu lado assistindo. Orgulhoso de você sempre. Harry Júlia apareceu na porta gritando: “Diretora, minha melhor amiga é diretora. Calma, Ju.
” Camila riu, puxando a amiga para dentro e fechando a porta. Ainda sou eu, mesma pessoa de sempre, pessoa que namora bilionário e acabou de ser promovida aos 25 anos. Júlia a girou. Camila, você é inspiração. Sabe quantas meninas da periferia vão olhar para você e pensar: “Eu também posso”.
As palavras tocaram Camila profundamente. Ela nunca havia pensado nisso dessa forma. O dia passou em turbilhão. Parabenizações, reuniões sobre suas novas responsabilidades, ajustes de agenda. Quando finalmente saiu às 6, exausta, mas feliz, Rafael estava esperando no saguão com o carro. Achou que ia pegar metrô no seu dia especial.
Ele sorriu, abrindo a porta para ela. Para onde estamos indo? Você vai ver. Mas em vez de restaurante chique, Rafael a levou de volta para São Mateus, para a casa do pai. O que? Achei que deveria comemorar com quem realmente importa”, Rafael explicou. João abriu a porta com um sorriso enorme e Camila viu que a sala estava decorada com um banner escrito à mão. Parabéns, diretora Camila.
Júlia estava lá, alguns vizinhos, um churrasco montado no quintal. Camila chorou, não conseguiu segurar. Aquilo era tão mais significativo que qualquer restaurante caro. “Você fez isso?”, ela perguntou a Rafael entre lágrimas. “Seu pai fez. Eu só ajudei a organizar. Ele limpou suas lágrimas gentilmente. Você merece comemorar cercada de amor verdadeiro.
A noite foi perfeita. Churrasco simples, mas gostoso, histórias engraçadas, risadas genuínas. Rafael ajudou no churrasco, serviu cerveja, conversou com vizinhos como se os conhecesse há anos. Tarde da noite, quando a maioria já tinha ido embora, Camila e Rafael sentaram no quintal sob as estrelas.
Obrigada, ela disse por tudo, por tornar esse dia ainda mais especial. Você torna minha vida especial todo dia. Ele pegou a mão dela. Camila, esses seis meses foram os melhores da minha vida. Você me fez lembrar quem eu sou além do dinheiro e poder. Você fez o mesmo por mim. Me ensinou que posso ser forte e vulnerável ao mesmo tempo. Rafael a puxou para mais perto. Eu te amo mais a cada dia.
Mais do que achei possível amar alguém. Eu também te amo. Ela beijou-o suavemente. E sei que ainda temos muito pela frente, mas mas estou pronta para tudo, para o que vier. Algo mudou nos olhos de Rafael. Um brilho de decisão, de certeza. Mesmo? Tem certeza? Tenho. Camila segurou o rosto dele.
Confio em você completamente e me sinto segura ao seu lado de um jeito que nunca senti com ninguém. Naquela noite, quando Rafael a levou para o apartamento dele em jardins, havia uma eletricidade diferente no ar. Não era pressa, mas certeza. Não era desespero, mas confiança profunda. Ela sabia que aquela noite seria especial e estava mais pronta do que jamais estivera na vida.
O apartamento de Rafael era exatamente como Camila imaginava, moderno, espaçoso, vista espetacular de São Paulo. Mas ele havia feito mudanças desde que começaram a namorar. Fotos deles dois apareceram pelas paredes. Livros que ela mencionava gostar apareciam na estante. O lugar estava mais vivo. “Quer algo para beber?”, Rafael perguntou, nervoso de uma forma que ela achava adorável. “Rafael!”, ela se aproximou dele. “Respira.
Desculpa, é que ele passou a mão pelo cabelo. Quero que seja perfeito para você. Vai ser porque é com você. Ele sorriu relaxando um pouco. Foram para a cozinha, onde Rafael tentou cozinhar algo especial. A palavra-chave sendo tentou, queimou a massa, derrubou o molho, quase incendiou um pano de prato.
Camila ria tanto que seu estômago doía. Acho que deveríamos pedir delivery. Rafael admitiu derrotado. Acho que sim. Pediram comida tailandesa e comeram no terraço sob as estrelas e as luzes da cidade. Conversaram sobre tudo, planos para o futuro, sonhos, medos. Camila, Rafael disse de repente, sério. Se você mudar de ideia a qualquer momento, não tem problema. Zero pressão.
Ela pegou a mão dele. Não vou mudar de ideia. Estou pronta. Pela primeira vez na vida. Estou completamente pronta. Entraram no quarto juntos. Rafael havia preparado tudo. Velas aromáticas, mas não muitas, apenas suficiente para criar ambiente. Música suave, tocando baixinho, lençóis limpos. “Você planejou isso?”, Camila observou tocada.
“Queria que fosse especial.” Ele a puxou para perto. “Você merece que seja especial.” O primeiro beijo foi lento, explorando, as mãos de Rafael em sua cintura, as dela entrelaçadas em seu cabelo. Quando ele começou a tirar sua blusa, parou para perguntar: “Tudo bem?” “Tudo bem.” Ela sorriu nervosa, mas confiante. Mais que bem. Eles se despiram devagar.
Rafael pausando constantemente para verificar se ela estava confortável. Quando finalmente estavam apenas de roupas íntimas, ele a deitou na cama com tanta delicadeza que ela sentiu lágrimas. se formarem. “Você está chorando”, ele disse preocupado. “Estou fazendo algo errado?” “Não.” Ela limpou as lágrimas. “É que ninguém nunca me tratou com tanto cuidado antes.
Você é preciosa para mim.” Ele beijou sua testa, suas pálpebras, seu nariz. A pessoa mais preciosa da minha vida. O que veio depois foi uma mistura de ternura, algumas risadas nervosas, momentos desajeitados que os fizeram rir juntos. Rafael foi infinitamente paciente, constantemente perguntando se ela estava bem, se queria parar, se estava confortável. “Rafael”, ela disse em determinado momento.
“Você não precisa ficar perguntando a cada do segundos. Eu te aviso se algo estiver errado, prometo.” Ele riu, beijando-a. “Desculpa, só quero muito que seja bom para você.” Está sendo. Ela tocou o rosto dele. Está sendo perfeito. E foi não perfeito no sentido cinematográfico. Houve momentos desajeitados, posições que não funcionaram, risos nervosos, mas foi perfeito na sinceridade, na conexão, na intimidade profunda que compartilhavam.
Quando finalmente se uniram completamente, Camila sentiu não apenas prazer físico, mas uma conexão emocional avaçaladora. Lágrimas rolaram novamente, mas dessa vez de felicidade pura. “Eu te amo”, ela sussurrou. “Te amo tanto. Eu também te amo.” Rafael assegurou como se fosse a coisa mais valiosa do mundo. Tanto, tanto.
Depois, deitados, entrelaçados entre lençóis bagunçados, Camila sentia uma paz que nunca experimentara antes. Não havia arrependimento, não havia dúvida, apenas certeza absoluta de que havia se entregado à pessoa certa. Você está bem? Rafael perguntou, passando os dedos pelos cabelos dela. Melhor que bem. Ela se aconchegou mais contra ele, feliz, completa, sem arrependimentos nenhum. Ela levantou a cabeça para olhá-lo.
Rafael, obrigada por respeitar meu tempo, por esperar até eu estar pronta, por fazer isso ser tão nós. Ele a beijou longamente. Obrigado por confiar em mim, por me deixar fazer parte deste momento tão importante. Ficaram acordados até tarde, conversando, fazendo planos. Rafael falou sobre comprar uma casa, algo que fosse deles, não apenas dele.
Falou sobre futuro, sobre construir algo permanente. Um dia, ele disse, os dedos traçando círculos preguiçosos em suas costas. Quero casar com você, de verdade, para sempre. Camila sorriu contra o peito dele. Um dia ou em breve, depende. Ele olhou para ela com aquele sorriso que fazia seu coração derreter.
Você me esperaria um pouco para eu fazer as coisas direito? pedir a bênção do seu pai oficialmente, planejar um pedido especial, esperaria uma vida inteira por você.” Ela respondeu honestamente. “Mas só para constar, não precisa ser nada extravagante. Só precisa ser sincero. Oh, vai ser sincero”, ele prometeu. O mais sincero possível.
Camila adormeceu naquela noite nos braços de Rafael, mais feliz do que jamais imaginou ser possível. Sonhou com futuros possíveis. casamento, casa própria, talvez até filhos um dia. E pela primeira vez na vida, esses sonhos não pareciam assustadores, pareciam certos, porque estava construindo esse futuro com a pessoa certa, da forma certa, no tempo certo. E isso fazia toda a diferença.
Dois meses depois daquela noite especial, Camila e Rafael haviam se tornado ainda mais próximos. Ela passava a maioria das noites no apartamento dele e ele mantinha roupas no armário do apartamento dela para quando decidiam ficar em Pinheiros. Júlia brincava que eles praticamente moravam juntos, mesmo sem oficializar nada. Era um domingo preguiçoso, 8 meses desde aquele encontro no elevador.
Camila estava ajudando João na cozinha, preparando o almoço tradicional enquanto Rafael terminava de montar a churrasqueira no quintal. Ele ficou bom nisso, João comentou, observando Rafael através da janela. Lembro quando chegou aqui pela primeira vez, todo desajeitado com o carvão. Camila riu. Ele se esforça.
Quer fazer parte da família de verdade e faz? João virou-se para a filha, os olhos brilhando. Você é feliz, filha? Muito feliz, pai. Mais do que imaginei que seria possível. Então me escuta. Ele segurou as mãos dela. Esse homem te ama de verdade. Vejo na forma como ele olha para você, como fala de você.
Então, quando ele pedir sua mão, porque vai pedir? Diz sim, sem medo. Camila arregalou os olhos. Você acha que Sei que sim. João sorriu misteriosamente. Pais sabem dessas coisas. O almoço foi como sempre, descontraído, cheio de conversas e risadas. Rafael e João discutiam futebol. enquanto Camila e uma vizinha lavavam louça. Tudo perfeitamente normal.
Até que Rafael ficou estranhamente quieto durante a sobremesa. Tudo bem? Camila sussurrou. Sim, só. Nervoso. Nervoso? Por quê? Ele não respondeu, apenas pegou a mão dela e a levou para a cozinha. João apareceu na porta e Camila percebeu que seu pai estava sorrindo. Um sorriso enorme. “O que está acontecendo?”, Ela perguntou confusa.
Rafael respirou fundo e, para seu absoluto choque, se ajoelhou ali mesmo no chão da cozinha simples da casa do pai. Rafael, espera. Ele tirou uma caixa pequena do bolso. Camila, eu planejava fazer isso num restaurante chique ou num lugar romântico com vista, mas percebi que isso aqui, ele gesticulou ao redor, é muito mais nossa.
Esta cozinha, esta casa, seu pai testemunhando, é real. É verdadeiro. É onde tudo que importa está. Lágrimas já rolavam pelo rosto de Camila. Iito meses atrás, fiquei preso num elevador com você e em 40 minutos, minha vida inteira mudou. Você me ensinou a viver de novo, a sentir de novo, a ser humano de novo. Sua voz tremeu. Me ensinou que amor verdadeiro não tem a ver com dinheiro ou status.
Tem a ver com escolher a mesma pessoa todos os dias, com construir algo real juntos. Ele abriu a caixa revelando um anel simples, mas lindo, solitário, em ouro branco, elegante, sem ser ostensivo. Então eu te escolho, Camila Santos. Escolho você hoje, amanhã, para sempre.
Casa comigo, me deixa passar o resto da minha vida te amando, te respeitando, construindo uma família com você. Camila soluçava tanto que mal conseguia falar. Sim. Ela finalmente gritou. Sim, sim, mil vezes sim. Rafael deslizou o anel em seu dedo com mãos trêmulas, então se levantou e a girou no ar, beijando-a profundamente. João aplaudia, chorando também, e alguns vizinhos que haviam sido convocados, Camila percebeu agora, apareceram na porta gritando parabenizações. Você sabia.
Ela acusou o pai entre lágrimas e risos. Ele veio me pedir permissão há uma semana. João abraçou ambos. Quis fazer aqui na casa onde você cresceu. Achei perfeito. Cuida do meu tesouro, filho. Com minha vida, Rafael prometeu sempre. Passaram o resto da tarde comemorando ali mesmo. Júlia chegou correndo meia hora depois, gritando e pulando.
O pudim de leite virou bolo improvisado de noivado. Cerveja foi distribuída. A rua inteira parecia saber e comemorar. À noite, já no apartamento de Rafael, eles estavam deitados no terraço sob as estrelas. Você planejou tudo com meu pai”, Camila disse maravilhada. Envolveu todo mundo, quis que fosse perfeito, não luxuoso, mas perfeito.
Rafael beijou a mão dela, admirando o anel. E foi, foi mais que perfeito. Foi nós. Ela se virou para encará-lo. Rafael Almeida, você é o homem mais incrível que conheço e você é a mulher mais incrível que existe. Ele a puxou para um beijo. Minha noiva, vou casar com você. Vai mesmo. Ela sorriu contra seus lábios. E vamos ser irritantemente felizes.
Isso é uma promessa? É uma certeza. Naquela noite, fazendo amor sobre as estrelas do terraço, Camila pensou em como a vida era imprevisível. oito meses atrás, estava desabafando no elevador sobre solidão e virgindade. Agora estava a noiva do homem que ouvira cada palavra daquele desabafo e, em vez de julgá-la, decidira amá-la exatamente como ela era.
Contos de fada existiam, só não aconteciam sempre da forma que imaginávamos. Às vezes aconteciam num elevador preso. E às vezes o pedido de casamento acontecia na cozinha simples de uma casa em São Mateus. E isso era muito melhor que qualquer conto de fadas tradicional, porque era real. Ir real, Camila descobrira. Era infinitamente melhor que perfeito. Os meses seguintes foram um turbilhão.
Planejamento de casamento, trabalho, equilibrar vida pessoal, tudo ao mesmo tempo. Rafael queria contratar uma equipe profissional para cuidar de tudo, mas Camila insistiu em estar envolvida em cada decisão. Não porque desconfiasse dele, mas porque queria que o casamento realmente representasse ambos. Nada muito extravagante”, ela disse durante a primeira reunião com a Wedding Planner.
“Queremos algo que misture elegância com simplicidade, algo que nossos mundos se sintam confortáveis”. A solução veio de forma inesperada. Um sítio rústico chique em Ibiuna, a uma hora de São Paulo, tinha a sofisticação que o círculo social de Rafael esperava, mas mantinha a autenticidade que Camila valorizava. Perfeito. Rafael concordou quando visitaram o local.
Podemos ter jardim para cerimônia, área coberta para festa e acomodações para família. É exatamente o que precisamos. Mas nem tudo eram flores. A família estendida de Rafael, tios, primos, pessoas que raramente falava, começaram a aparecer quando notícias do noivado se espalharam. Rafael, querido, Matia, que ele não via há 5 anos, apareceu no escritório. Estou tão feliz pelo seu casamento.
Precisamos conversar sobre a lista de convidados. Ele percebeu o padrão rapidamente. Pessoas que o ignoraram quando era apenas próspero agora queriam estar presentes agora que era bilionário casando-se. Não precisa convidá-lo se não quiser. Camila disse uma noite, percebendo sua frustração. É nosso casamento. Só pessoas que realmente amamos.
Mas vão falar, vão achar desrespeitoso. E daí ela segurou o rosto dele. Rafael, passamos oito meses provando que não nos importamos com o que outros pensam. Por que começar agora? Ele sorriu, beijando-a. Você está certa. Lista pequena. Só quem realmente importa. A lista final. 60 pessoas. 30 do lado de Camila, principalmente vizinhos de São Mateus, colegas de trabalho próximos, Júlia e família.
30 do lado de Rafael, sua mãe, dois irmãos e famílias, alguns sócios genuinamente próximos, funcionários de confiança. A escolha do vestido foi emocionante. Camila levou Júlia, João e a mãe de Rafael. Ana, a mãe de Rafael, havia se tornado uma figura materna para Camila nos últimos meses.
“Você devolveu meu filho para mim”, Ana disse numa ocasião abraçando Camila. Ele estava perdido naquele mundo de dinheiro. Você o trouxe de volta na boutique. Camila experimentou 10 vestidos antes de encontrar o vestido. Não era o mais caro, nem o mais elaborado. Era simples, elegante, com renda delicada e calda média. Quando saiu do provador, todos ficaram em silêncio. É esse Júlia sussurrou emocionada.
É esse? Ana concordou os olhos marejados. João não disse nada, apenas chorou. Enquanto isso, Rafael preparava sua própria surpresa. Sem contar a Camila, estava comprando uma casa, não mansão ostensiva, mas casa grande em condomínio fechado em Alfaville, cinco quartos, jardim enorme, área gourmet, piscina, espaço para a família crescer, ele explicou ao corretor. Quero quintal para crianças brincarem, área para churrascos de domingo, quartos para visitas.
Uma casa de verdade, não apenas imóvel de luxo. Dois meses antes do casamento, Rafael levou Camila vendada até o local. O que você está planejando? Ela riu nervosa. Confia em mim sempre. Quando tirou a venda, Camila ficou boca e aberta. A casa era linda, moderna, mas aconchegante, grande, mas não ostensiva.
Exatamente o que sonharia se permitisse sonhar grande. Rafael, o que é isso? Nossa casa. Ele a abraçou por trás. Comprei para nós para construir nosso futuro, ter nossos filhos, fazer nossas memórias. Camila se virou, lágrimas caindo. Você comprou uma casa para nós, não para mim. Para nós.
Ele limpou suas lágrimas. Se não gostar, podemos procurar outra. Mas imaginei nós aqui. Domingo de tarde, churrasco no jardim, crianças correndo, seu pai visitando. Eu o amo ela o interrompeu. Amo cada centímetro e te amo ainda mais por pensar em tudo isso. Visitaram cada cômodo juntos, fazendo planos. Este seria o quarto principal. Ali o quarto de hóspedes para João.
Aquele o primeiro quarto das futuras crianças, a área gourmet para churrascos com a família. Quero encher esta casa de amor”, Rafael disse, segurando a mão dela no jardim. “Quero que nossos filhos cresçam sabendo que família é sobre amor, não sobre dinheiro. Quero que conheçam a casa do vovô em São Mateus, tanto quanto esta aqui.
Você vai ser um pai incrível”, Camila sussurrou. “E você uma mãe ainda mais incrível. Naquela noite, deitados na suí master ainda vazia, usando o colchão inflável que Rafael trouxe, eles conversaram sobre o futuro de forma mais concreta. “Quantos filhos você quer?”, Camila perguntou. “Quantos você quiser me dar?” Rafael beijou seu ombro. “O, três, quatro. Vamos descobrindo juntos.
Quero que eles conheçam as duas realidades. A nossa origem humilde e o conforto que você pode proporcionar, sem vergonha de nenhuma das duas. Exatamente o que penso. Ele a puxou mais perto. Quero que saibam o valor do dinheiro, mas também que entendam que existem coisas muito mais importantes, como família, como caráter, como amor. Miguel, Camila disse de repente.
Se for menino, Miguel, foi o nome do meu avô. Miguel Almeida Santos. Rafael testou o nome. Perfeito. E se for menina? Helena. Foi o nome da minha mãe. Helena Almeida Santos. Ele sorriu também. Perfeito. Adormeceram naquela noite fazendo planos, sonhando acordados, construindo mentalmente a vida que teriam juntos.
E pela primeira vez, esses planos não pareciam distantes ou impossíveis, pareciam inevitáveis. Porque quando duas pessoas se comprometem verdadeiramente, quando constróem algo real baseado em respeito e amor genuíno, o futuro deixa de ser assustador e se torna promessa de felicidade. Uma semana antes do casamento, Júlia organizou a despedida de solteira de Camila, nada extravagante, espadei seguido de jantar com amigas mais próximas em restaurante descontraído em Vila Madalena.
Enquanto isso, os irmãos de Rafael organizaram a dele. Churrasqueira em casa, cerveja, jogos. Na despedida feminina, depois de algumas taças de vinho, as verdades começaram a sair. “Ainda não acredito que vai casar”, uma colega de trabalho disse com Rafael Almeida. É tipo conto de fadas moderno. Não é conto de fadas. Camila corrigiu. Gentil, mas firme.
É trabalho, muito trabalho de ambos os lados para fazer funcionar. Somos de mundos diferentes, temos desafios reais, mas vale a pena?”, outra amiga perguntou. “Digo lidar com todo o julgamento, as pessoas que falam mal, a diferença social”. Camila pensou por um momento: “Vale cada segundo, porque no final do dia, quando é só eu e ele, nada disso importa.
Importa que ele me faz rir, que me respeita, que valoriza minha opinião. Importa que construímos algo real?” Júlia apertou a mão da amiga emocionada. Você merece isso, merece todo esse amor. Tarde da noite, quando todas já tinham ido embora, Júlia e Camila sentaram na varanda do apartamento. “Algum arrependimento?”, Júlia perguntou. “Algum medo de última hora?” “Tenho medos,”, Camila admitiu.
“Medo de não ser boa o suficiente para o mundo dele. Medo de nossos filhos crescerem sem entender o valor das coisas. medo de que um dia o dinheiro mude a gente. Mas, mas confio no Rafael e confio em nós. Vamos errar, com certeza, mas vamos errar juntos e aprender juntos. Na despedida masculina, a conversa era similar.
Cara, você tem certeza? Um irmão de Rafael perguntou. Não que eu não goste da Camila, mas é grande diferença social. Pode complicar. Rafael colocou a cerveja na mesa. Sério, Camila é a melhor coisa que me aconteceu. Ela me conhece de verdade. Não a fachada que mostro pro mundo. E sim, vamos ter desafios, mas prefiro enfrentá-los com ela do que ter vida fácil com alguém que não me completa. Você mudou. O irmão mais velho observou.
Está mais leve, mais feliz. Porque estou? Camila me fez lembrar quem eu sou além do dinheiro. Me fez querer ser melhor, não mais rico, melhor pai futuro, melhor marido, melhor pessoa. João, que fora convidado para a despedida, levantou a cerveja. Um brinde ao homem que provou que amor verdadeiro supera qualquer diferença. Ele olhou para Rafael com afeto genuíno. Seja bem-vindo oficialmente à família, filho.
Oficialmente porque já é família há meses. Rafael abraçou o sogro emocionado. Obrigado, João, por me aceitar, por confiar que vou cuidar bem da sua filha. Sei que vai. Vejo na forma como olha para ela. Mais tarde, naquela noite, quando todos dormiam, Rafael ligou para Camila. Oi, noiva!”, ele disse a voz rouca de emoção. “Oi, noivo!”, ela sorriu na escuridão do quarto.
Bebeu muito? Não, só precisava ouvir sua voz. Faltam seis dias. Seis dias até você ser minha esposa. Mal posso esperar. Camila? Sim. Promete uma coisa? Sua voz ficou séria. Promete que sempre vamos nos comunicar, que se algo estiver errado, você vai me contar em vez de guardar. que vamos ser time sempre, prometo. Ela sentiu lágrimas se formarem.
E você promete o mesmo? Prometo. Time para sempre. Para sempre. Ela eou. Desligaram relutantemente, ambos com sorrisos bobos no rosto. Nos dias seguintes, os preparativos finais foram febr, decoração sendo montada no sítio. Últimos ajustes no vestido. Confirmação de convidados. Na noite anterior ao casamento, seguindo tradição, não se viram.
Camila ficou na casa do pai Rafael, no apartamento dele. Camila estava ansiosa, quase não dormiu, mas não por dúvida, por empolgação pura. Às 3 da manhã, João bateu na porta do quarto. “Não consegue dormir?”, ele perguntou. “Não.” Ela sorriu muito animada. João sentou na cama ao lado da filha. “Sua mãe estaria tão orgulhosa?” Sua voz falhou. Você se tornou mulher incrível, Camila.
Forte, independente, mas capaz de ser vulnerável e amar profundamente. Aprendi com você, Pai. Você me ensinou que força e amor não são opostos. E Rafael entende isso. Ele te ama pela sua força, não apesar dela. João segurou a mão da filha. Amanhã vou te entregar ao homem que vai te amar pelo resto da vida. E sei, no fundo do meu coração, que vai ser feliz.
Vou, Pai. Tenho certeza absoluta. Abraçaram-se e choraram juntos e eventualmente Camila adormeceu exausta, mas feliz. Sonhou com o dia seguinte, com vestido branco e sorriso de Rafael esperando no altar. E quando acordou com sol entrando pela janela e Júlia gritando: “Dia do casamento!” soube que estava prestes a viver o dia mais importante de sua vida.
O dia em que todos os medos, dúvidas e desafios dos últimos meses culminariam numa única e simples verdade. Ela estava se casando com o amor da sua vida e nada, absolutamente nada, jamais seria igual. O sítio em Ibiuna estava transformado em cenário de sonho. Flores do campo brasileiras, giraçóis, margaridas, flores silvestres, decoravam tudo com simplicidade rústica, mas elegante.
Corredor de cerimônia montado no jardim, com vista para montanhas da serra de Paranapiacaba, céu azul perfeito, temperatura amena. Parecia que até o clima conspirava a favor. Camila estava no quarto de preparação, cercada por Júlia, Ana, sogra e três amigas. O vestido estava perfeito, maquiagem delicada realçando sua beleza natural, cabelo preso com cachos soltos e moldurando o rosto. “Você está linda”, Ana disse emocionada, ajeitando o véu.
“Meu filho é homem de sorte. Eu que tenho sorte”, Camila corrigiu. Ele me salvou de vida meio vazia. me ensinou que amar profundamente vale todos os riscos. Júlia limpou lágrimas cuidadosamente para não borrar a própria maquiagem. Lembro de você há um ano desabafando no telefone sobre estar sozinha e ter medo de nunca encontrar alguém. E olha você agora, prestes a casar com homem incrível.
Camila sorriu tocando o buquê de girassóis. A vida é engraçada, não é? Às vezes basta um elevador travado para mudar tudo. Do lado de fora, convidados chegavam. Mistura perfeita de dois mundos, vizinhos de São Mateus conversando animadamente com executivos, a mãe de Rafael rindo com colegas de trabalho de Camila, a família dele compartilhando histórias com amigos dela. Rafael estava no quarto masculino ajustando pela décima vez a gravata do smoking.
Seu irmão mais velho observava divertido, nervoso, apavorado, Rafael admitiu. E se eu tropeçar? E se esquecer os votos? E se, Rafael? O irmão segurou seus ombros. Respira. Ela te ama. Você a ama. É só isso que importa. João entrou naquele momento. Impecável, interno alugado, mas perfeitamente ajustado.
Posso roubar o noivo por um minuto? Os irmãos saíram, deixando Rafael e João sozinhos. Vim agradecer. João. Começou voz embargada. por tudo que fez pela minha filha, por fazê-la sorrir de forma que não via desde que ela era criança, por tratá-la como princesa, mas também como igual. João, eu não preciso agradecer por Deixa eu terminar. João levantou a mão.
Quando sua mãe morreu, prometi que protegeria nossa menina de tudo, de dor, de decepção, de coração partido. Ele limpou lágrima rebelde. Mas você me ensinou que proteger não é blindar, é entregar a alguém que vai cuidar tão bem quanto eu cuidei. E você faz isso. Vejo na forma como olha para ela. Rafael abraçou o sogro, ambos emocionados. Vou amar e cuidar dela todos os dias da minha vida.
Prometo. Sei disso, filho. Sei disso. A música começou. Convidados se acomodaram. Rafael tomou posição no altar e quando olhou para o corredor, o coração quase parou. Camila apareceu no final do corredor, braço entrelaçado ao do pai. O vestido flutuava levemente com a brisa.
O vé brilhava sob o sol e seu sorriso, seu sorriso iluminava tudo. Rafael sentiu lágrimas caírem sem se importar com os 200 pares de olhos sobre ele. A marcha nupsal tocou. Camila começou a caminhar. Passos medidos, olhos fixos em Rafael. A meio caminho, ela perdeu a compostura e começou a chorar também, mas sem parar de sorrir. Quando finalmente chegaram ao altar, João segurou a mão da filha e a de Rafael, unindo-as.
Cuida dela”, ele sussurrou. “Com minha vida”, Rafael respondeu. O celebrante começou a cerimônia, mas Rafael mal ouvia. Estava perdido nos olhos de Camila no momento, na perfeição de tudo. “No e noiva prepararam votos pessoais.” O celebrante anunciou. Rafael foi primeiro, respirando fundo.
Camila, há um ano fiquei preso num elevador com você e aqueles 40 minutos foram a coisa mais importante que me aconteceu. Porque naquele espaço pequeno, sem ninguém para impressionar, sem máscaras para usar, fui apenas eu. E você me aceitou mesmo assim. Sua voz tremeu. Você me ensinou a viver de novo, a rir de bobagens, a valorizar domingo na casa do seu pai, tanto quanto reuniões de negócios.
Você me mostrou que amor real não tem a ver com perfeição, mas com escolher a mesma pessoa todo dia. Ele apertou as mãos dela. Então, prometo te escolher hoje, amanhã, sempre, nos dias fáceis e nos difíceis, quando você me fizer rir e quando me deixar louco, prometo te respeitar, te proteger, te apoiar. Prometo ser parceiro de verdade.
Prometo amar nossos futuros filhos tanto quanto te amo. E prometo nunca, nunca esquecer que você é a melhor coisa que me aconteceu. Metade dos convidados chorava abertamente. Camila mal conseguia ver através das lágrimas. Rafael, ela começou, voz trêmula. Quando entrei naquele elevador há um ano, estava perdida. Estava vivendo metade de uma vida com medo de me abrir, com medo de ser vulnerável. E então aquele elevador parou e você estava lá.
E em vez de rir de mim, em vez de me julgar, você me viu. Realmente me viu. Ela limpou lágrimas. Você me ensinou que vulnerabilidade é força. Que posso ser independente e ainda precisar de alguém. Que amor verdadeiro não te diminui e te completa. Ela sorriu entre lágrimas. Então, prometo te fazer rir sempre, mesmo quando estiver difícil.
Prometo te apoiar em cada decisão. Prometo ser mãe incrível para nossos futuros filhos. Prometo nunca parar de fazer confissões constrangedoras, mas talvez não em elevadores, risadas entre choros. E prometo te amar mais a cada dia, hoje, amanhã, para sempre. Os anéis, o celebrante pediu, trocaram alianças com mãos trêmulas.
Rafael precisando de três tentativas para conseguir enfiar a aliança no dedo de Camila, porque suas mãos tremiam tanto. Com o poder que me foi conferido, eu os declaro marido e mulher. O celebrante sorriu. Pode beijar a noiva. Rafael não esperou mais. Puxou Camila para beijo profundo, demorado, cheio de promessa. Convidados aplaudiram, assobiaram, gritaram.
Quando se separaram, ambos rindo entre lágrimas, Rafael sussurrou: “Minha esposa! Meu marido”, ela sussurrou de volta. Caminharam pelo corredor de mãos dadas oficialmente senhor e senhora Almeida Santos. A festa foi explosão de alegria. Pagode ao vivo mais tarde dando lugar a DJ. Gente de todos os mundos dançando junta. Comida incrível misturando gourmet com nordestina.
João dançou animado com Júlia. A mãe de Rafael conversou por horas com amigas de Camila. Os executivos tiraram palitos e se soltaram. foi fusão perfeita de dois mundos. No fim da noite, quando maioria já tinha saído, Camila e Rafael se esgueiraram para elevador decorativo do sítio.
Réplica charmosa de elevadores antigos não funcional. “Lembra onde tudo começou?”, Rafael disse, puxando-a para dentro. “Como esquecer?” Ela se encostou nele. “Melhor pane elétrica da minha vida.” “Da nossa vida?”, Ele corrigiu, beijando-a. Minha esposa. Não canso de dizer isso. Meu marido. Ela tocou o rosto dele. Estamos casados oficialmente. Para sempre. Para sempre.
Ele euou. Beijaram-se ali naquele elevador decorativo, lembrando do início de tudo, e souberam, sem sombra de dúvida, que acabavam de começar a melhor parte de suas vidas, a parte em que enfrentariam tudo juntos, como time, como parceiros, como almas gêmeas que se encontraram da forma mais improvável possível.
O sol entrava pelas janelas enormes da casa em Alfaville, iluminando a sala onde brinquedos estavam espalhados. Carreg de brinquedo, bonecas, livros coloridos, sons de risada infantil ecoavam. Camila, agora com 30 anos, estava sentada no tapete da sala amamentando Helena, de 8 meses, os cabelos castanhos presos em coque bagunçado, sem maquiagem, usando moletom confortável e radiante de felicidade.
Mamãe, mamãe, olha. Miguel, três anos corria pela sala com carrinho na mão, cabelo preto cacheado como do pai, olhos expressivos como da mãe. Vovô vai chegar daqui a pouco, amor. Camila sorriu, ajeitando a filhinha que bocejava sonolenta. Daqui a pouco tem churrasco. A casa que Rafael comprara há 5 anos atrás estava viva. Agora fotos de família por toda parte.
Casamento, Nascimento de Miguel, primeiro aniversário dele, Nascimento de Helena, a geladeira coberta de desenhos infantis, horta orgânica no quintal que Camila mantinha. Rafael entrou pela porta principal, terno impecável, mas gravata já afrouxada. “Cheguei! Cadê minha família?”, Miguel gritou e correu para o pai, que o pegou no ar, girando.
Papai, papai, olha meu carrinho novo. Que legal, campeão. Rafael o colocou no chão e se ajoelhou. E cadê seu beijo? Papai trabalhou o dia todo pensando em você. Miguel beijou o rosto do pai estalado, fazendo Rafael rir. Então ele se aproximou de Camila e Helena, beijando a testa de ambas. “Como foi o dia?”, Ele perguntou, sentando ao lado da esposa. Corrido.
Helena está querendo engatinhar por tudo. Miguel pintou a parede do quarto dele, mas ela sorria, então claramente não estava brava. E você? Reuniões chatas? Algumas, mas recusei semana que vem. Ele acariciou o cabelo da filhinha. Não quero perder o primeiro ano dela. Passei muito do primeiro ano do Miguel viajando.
Não vou repetir erro. Camila se inclinou para beijá-lo. Você é pai incrível e marido ainda melhor, e você é mãe excepcional. Ele tocou o rosto dela com ternura e continua diretora administrativa incrível também. Camila trabalhava home office três dias por semana desde Nascimento de Helena, decisão conjunta para equilibrar carreira e maternidade.
Criara programa social na empresa, levando jovens da periferia para capacitação, projeto do coração que mudava vidas. A campainha tocou, João chegando para tradicional churrasco de domingo. Vovôjão! Miguel! Gritou correndo para a porta. Ô meu neto! João o pegou no colo, beijando bochechas rechonchudas.
Cresceu desde semana passada. Vovô trouxe bolo? Trouxe bolo de fubá que você adora. João agora 68 estava mais grisalho, mas igualmente vibrante. Morava em apartamento próximo que Rafael comprara, mas visitava quase todo dia. Era avô coruja absoluto. “Onde está minha princesa?”, ele perguntou e Camila levantou Helena para ele segurar. “Oi, meu amor. Vovô sentiu sua falta.
” Helena deu risada gostosa, fazendo todos rirem também. A tarde passou em alegria típica. Rafael e João prepararam churrasco enquanto discutiam futebol. Camila cuidou de temperar carne enquanto vigiava Miguel brincando com Bolat, o Golden Retriever, que adotaram ano anterior. Júlia chegou mais tarde com marido e filho de 2 anos.
Ana, mãe de Rafael trouxe sobremesa. A casa encheu de amor, risadas, família. A noite, após todos irem embora, crianças dormindo, Camila e Rafael sentaram no terraço do quarto principal, rede pendurada que balançava suavemente, vista do jardim iluminado. “Lembra daquele elevador?”, Camila perguntou encostada no peito dele, como se fosse ontem. Rafael beijou o topo da cabeça dela.
Melhor pan elétrica da história. “Quem diria que minha confissão mais constrangedora me traria tudo isso?” Ela gesticulou para a casa, para a vida deles. Você, Miguel, Helena, esta casa linda, meu pai feliz. É mais do que sonhei. Me trouxe a família que sempre quis, mas nunca achei que mereceria. Sua voz ficou emocionada.
Você, as crianças, João, que virou meu melhor amigo. Vocês são meu mundo inteiro. Precisamos ter mais dois, pelo menos. Camila brincou. Quantos você quiser, amor. Vamos encher essa casa de alegria. Ele a virou para encará-lo. Camila Almeida Santos, sabe quanto te amo? Quanto? Mais hoje do que ontem, mais amanhã do que hoje.
Ele beijou-a suavemente, para sempre crescendo, para sempre se aprofundando. Você me deu propósito, além de dinheiro. Me deu razão para acordar feliz todo dia. Lágrimas se formaram nos olhos dela e você me deu coragem. Coragem para me abrir, para amar profundamente, para construir essa família linda. Me ensinou que contos de fada existem. Só não acontecem como esperamos.
Acontecem em elevadores presos. Ele completou sorrindo. E casamentos em cozinha simples, e churrascos de domingo e amor que supera todas as diferenças. Beijaram-se profundamente. C anos de casamento e amor só tendo-se aprofundado. Escutaram pela babá eletrônica Miguel resmungando em sonho. Helena respirando suavemente.
“Nossa família”, Rafael, murmurou construída de amor verdadeiro, do tipo que dura para sempre. Camila completou. Entraram para o quarto. Fizeram amor com ternura de anos juntos, mas paixão que permanecia forte. dormiram entrelaçados, exaustos, mas completos. No meio da noite, Miguel apareceu na porta chorando de pesadelo. Rafael se levantou imediatamente, pegou o filho no colo, acalmou com palavras suaves, colocou-o de volta na cama com carinho infinito.
Voltou encontrando Camila, amamentando Helena, que acordara também. “Sai, família”, ela disse simplesmente sorrindo. “Melhor palavra do mundo”, ele concordou. Quando voltaram a dormir já quase amanhecendo, sabiam verdade absoluta. Haviam construído algo real, algo duradouro, algo que superou todas as probabilidades e todas as diferenças.
Amor que nasceu num elevador preso em São Paulo. Amor que cresceu em churrascos em São Mateus e jantares no fazano. Amor que se solidificou em casamento em sítio rústico. Amor que se multiplicou em duas crianças lindas. Amor que continuaria para sempre, através de cada desafio, cada alegria, cada momento simples de vida comum, porque no final não era sobre elevadores ou dinheiro ou diferenças sociais, era sobre dois corações que se encontraram no momento certo, da forma certa, e decidiram construir vida juntos. E essa, Camila pensou antes de adormecer definitivamente, era a história de amor
mais linda que poderia ter vivido, a dela e de Rafael, imperfeita, real, verdadeira, que absolutamente maravilhosamente, perfeitamente delisa. M.
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