Imagine descobrir que seu próprio pai te vendeu como se você fosse um objeto. Imagine ser entregue a uma família desconhecida para cuidar de um homem em coma, sem saber que sua vida estava prestes a se transformar completamente. Esta é a história real de Ritiela Santos, uma jovem do interior de São Paulo que viveu o impensável e descobriu que o amor verdadeiro pode nascer das circunstâncias mais improváveis.
Uma história que vai te emocionar do primeiro ao último minuto. Antes de começarmos, me conta nos comentários de que cidade você está assistindo. Adoraria saber de onde vocês são. E se você gosta de histórias reais e emocionantes como esta, não esquece de deixar seu like e se inscrever no canal para não perder nenhuma narrativa incrível.
Agora, prepare-se para conhecer uma das histórias mais tocantes que você já ouviu. O cheiro de cachaça barata impregnava cada canto da pequena casa de madeira em São Bento do Sapucaí. Ritela Santos, aos 20 anos, tinha as mãos calejadas de tanto trabalhar na horta que sustentava a casa desde que completara 15 anos. Seus olhos castanhos, um dos poucos traços bonitos que herdara da mãe, carregavam uma maturidade precoce que não combinava com sua idade. Naquela manhã de terça-feira, algo estava diferente.
O silêncio substituía os habituais roncos alcoólicos de Carlos Santos, seu pai. Ritiela desceu às escadas rangentes e parou no meio da sala, boque aberta. Sobre a mesa velha de fórmica, pilhas organizadas de cédulas de R$ 50 e R$ 100. formavam um monte impressionante. Pai, chamou, a voz embargada pela incredulidade.
Carlos emergiu da cozinha, os cabelos grisalhos despenteados e uma expressão que misturava culpa e determinação. Nas mãos trêmulas segurava alguns papéis amarelados. “Ritiela, minha filha.” A voz dele saiu rouca, carregada de remorço mal disfarçado. “Precisamos conversar.” Ela se aproximou lentamente, os olhos fixos no dinheiro. Nunca havia visto tanto dinheiro junto na vida.
De onde veio isso? Carlos deixou os papéis sobre a mesa, evitando o olhar da filha. São R$ 200.000. Um adiantamento. Adiantamento de quê? A pergunta saiu mais aguda do que ela pretendia. Você vai trabalhar para uma família importante. Os oliveira. Eles precisam de alguém para cuidar do filho deles. Ele apontou para os documentos.
Está tudo aqui. Contrato de prestação de serviços especializados. Ritiela pegou os papéis com mãos trêmulas. As palavras dançavam diante de seus olhos enquanto lia. Cuidados pessoais e íntimos, disponibilidade integral, exclusividade absoluta. Seu coração despencou no peito.
Pai, o que é isso? O que o senhor fez? Carlos não conseguiu sustentar o olhar de desespero da filha. Eles vão te dar casa, comida, um salário mensal. É uma oportunidade, Riti ela. Melhor do que ficar aqui nesta miséria. Uma oportunidade? A voz dela subiu uma oitava. O senhor me vendeu. Está escrito aqui que eu preciso de autorização para sair da propriedade, que não posso receber visitas.
As lágrimas começaram a rolar por suas faces. Como o senhor poôde fazer isso comigo? Eu não tive escolha. Carlos explodiu, revelando a própria dor. Devo dinheiro para gente perigosa, Riti ela. Se eu não pagasse, eles iam vir atrás de nós dois. Pelo menos assim, você fica segura. Segura? Ela riu amargamente.
Segura sendo a propriedade de outra família? Um carro preto parou em frente à casa, o ronco do motor cortando a tensão do momento. Carlos olhou pela janela e engoliu seco. Eles vieram te buscar. O mundo de Ritiela desmoronou completamente. Em questão de minutos, sua vida de pobreza mais liberdade seria trocada por uma prisão dourada, cujas regras ela nem imaginava.
Seu Miguel era um homem imponente de 62 anos, com cabelos brancos bem cortados e olhos que transmitiam uma dignidade rara. Vestia um terno simples, mas impecável. E quando falou, sua voz carregava um respeito genuíno que contrastava com a situação degradante. Senrita Ritiela, ele retirou o chapéu ao cumprimentá-la.
Sou Miguel Pereira, motorista da família Oliveira. Vim buscá-la. Ritiela segurava uma mala pequena com seus poucos pertences, as lágrimas secas no rosto formando trilhas salinas. Carlos permanecia na porta, incapaz de se aproximar. É só isso que a senhorita tem?”, seu Miguel perguntou, notando a bagagem modesta.
“É tudo que é meu de verdade”, respondeu ela, lançando um olhar de mágoa profunda para o pai. O homem mais velho pareceu compreender o peso daquelas palavras. “Vamos embora, então. A viagem até a fazenda é longa.” Ritiela entrou no carro sem olhar para trás. Através do vidro, viu Carlos parado na porta, a figura curvada pelo peso da própria vergonha. Parte dela quis odiá-lo para sempre.
Outra parte apenas sentia uma tristeza infinita por aquele homem quebrado que um dia fora seu herói. “Posso perguntar?”, seu Miguel disse enquanto dirigia pelas estradas montanhosas. “A senhorita sabe para que tipo de trabalho foi contratada?” “Cuidar de alguém doente?”, respondeu ela, a voz apática. O filho da família está em coma. Seu Miguel assentiu lentamente.
Felipe Oliveira, um rapaz bom trabalhador, sofreu um acidente terrível há do anos e meio. Ele fez uma pausa, escolhendo as palavras. Senhorita, posso dar um conselho? Ritela olhou para ele através do retrovisor. Na fazenda vivem pessoas diferentes, algumas com bom coração, outras nem tanto.
A senhora Conceição, que administra tudo, é uma mulher complicada. Tenha cuidado com ela. Cuidado como ela não gosta quando as cuidadoras se envolvem emocionalmente com o patrão. Seu Miguel desacelerou para passar por uma curva fechada. A última moça que cuidou dele teve que ser internada. O sangue de Ritiela gelou. Internada onde? Clínica psiquiátrica. Falaram que ela desenvolveu uma obsessão não saudável.
Ele olhou para ela pelo retrovisor, os olhos carregados de preocupação. Mas eu sempre achei estranho. Patrícia era uma menina equilibrada, estudiosa. Ritela sentiu um arrepio subir pela espinha. Em que lugar seu pai a havia colocado? Após três horas de viagem, eles cruzaram um portão imponente com o brasão fazenda Santa Rita, gravado em ferro forjado. A propriedade se estendia por hectares, com cafezais que ondulavam pelas montanhas como um mar verde.
A casa principal era uma construção colonial magnífica, com varandas amplas e jardins que pareciam saídos de uma revista. “É linda”, Ritela murmurou, esquecendo momentaneamente seus medos. 100 anos de história da família Oliveira”, disse seu Miguel com orgulho. “Mas pedras não fazem uma casa feliz, senhorita. Lembre-se disso.
Quando pararam em frente à casa, uma mulher de 55 anos os aguardava na varanda. Alta, magra, com cabelos pretos presos em um coque severo, Conceição Ferreira irradiava uma autoridade fria que fez Ritiela instintivamente recuar. Então você é a nova funcionária, disse Conceição, avaliando Ritiela de cima a baixo, como se fosse gado no leilão. Espero que dure mais que as anteriores.
Conceição conduziu Ritiela através de corredores adornados com retratos de família e móveis antigos que exalavam opulência. O contraste com sua vida anterior era tão grande que Ritela se sentia como se tivesse sido transportada para outro mundo. “Suas obrigações são simples”, disse Conceição, o tom cortante ecoando pelos corredores de pé direito alto.
Cuidar do Senr. Felipe, das 19 horas às 7 da manhã. Dar banho, trocar fraldas, aplicar medicações, conforme prescrição médica. A enfermeira Aparecida cobre o período de urno. Pararam diante de uma porta dupla de madeira maciça. Conceição girou a maçaneta lentamente e, acima de tudo, ela se virou para Ritiela, os olhos escuros brilhando com uma intensidade perturbadora. Mantém a distância emocional.
Isso aqui é trabalho, não novela mexicana. A porta se abriu revelando um quarto que mais parecia uma suíte hospitalar de luxo. Equipamentos médicos modernos contrastavam com a decoração clássica e ali, na cama kingsise adaptada com grades de proteção, estava Felipe Oliveira. Ritiela prendeu a respiração. Mesmo inconsciente, ele era impressionante.
Cabelos castanhos ondulados, feições marcantes, suavizadas pelo repouso forçado, pele ainda bronzeada, apesar dos anos de internação. Parecia um príncipe adormecido dos contos de fada que sua mãe lhe contava quando criança. Felipe tem 29 anos continuou Conceição, observando a reação de Ritiela com atenção de Falcão. Era o herdeiro da fazenda.
Administrava tudo antes do acidente. Agora é apenas um peso morto. A frieza nas palavras fez Riti ela estremecer. Como alguém podia falar assim de um membro da família Aparecida? Conceição chamou uma mulher de meia idade vestida de branco, que entrou silenciosamente. Explique os procedimentos para nossa nova funcionária.
Aparecida, uma enfermeira de expressão bondosa e olhos cansados se aproximou. Os medicamentos estão organizados por horário nesta bandeja. Ele recebe alimentação por sonda a cada 4 horas. O banho deve ser dado com muito cuidado para evitar escaras. Ritela assentiu, tentando absorver todas as informações enquanto seu olhar voltava constantemente para Felipe.
Havia algo nele que a intrigava, uma sensação estranha de que ele não estava completamente ausente. Patrícia costumava conversar com ele”, disse Aparecida suavemente, lançando um olhar cauteloso para a Conceição. “Dizem que ajuda na estimulação cerebral”. Patrícia fazia muitas coisas que não deveria. cortou Conceição a voz carregada de veneno. E veja onde isso a levou.
O que exatamente aconteceu com ela? Ritiela perguntou, reunindo coragem. Conceição se aproximou, invadindo o espaço pessoal de Ritiela de forma intimidadora. Desenvolveu uma obsessão doentia por Felipe. Achava que ele respondia aos seus toques, que podia ouvi-la. começou a agir como se fosse a esposa dele.
Ela sorriu friamente, teve que ser removida para seu próprio bem. E as outras cuidadoras? Márcia simplesmente desapareceu uma noite. Andreia, bem, Andreia teve um pequeno acidente. Felizmente sobreviveu, mas preferiu buscar outros empregos. Conceição se afastou, alisando a saia. Espero que você seja mais sensata. Ritela sentiu um frio na barriga. Aquilo soava como ameaça mal disfarçada.
“Sua acomodação fica no quarto ao lado”, continuou Conceição. Há um interfone conectado caso ele precise de alguma coisa durante a noite. Aparecida sai às 7 em ponto. Quando ficaram sozinhas, Aparecida se aproximou de Ritiela e sussurrou: “Tenha muito cuidado aqui, menina. As paredes têm ouvidos e algumas pessoas não são o que parecem.
” Antes que Ritiela pudesse perguntar o que ela queria dizer, Aparecida já havia saído, deixando-a sozinha com Felipe pela primeira vez. O silêncio era quase palpável, quebrado apenas pelos sons ritmados dos aparelhos médicos. Ritela se aproximou da cama, observando o rosto sereno do homem que agora dependia de seus cuidados. Oi, Felipe.
” Ela sussurrou, sentindo-se tola, mas precisando quebrar o silêncio. “Eu sou Ritiela. Vou cuidar de você durante as noites. Por um momento, ela teve a impressão de que as pálpebras dele tremularam levemente, mas talvez fosse apenas sua imaginação trabalhando horas extras em um dia já cheio de emoções.
O que Ritela não sabia era que, por trás daquelas pálpebras fechadas, Felipe Oliveira havia escutado cada palavra e, pela primeira vez, em dois anos e meio, sentiu uma fagulha de esperança renascer em seu coração. A primeira semana na fazenda Santa Rita passou como um borrão de rotinas médicas e silêncios pesados.
Ritiela se adaptara aos cuidados básicos: trocar Felipe, aplicar medicamentos, fazer a higiene. Mas era durante as longas horas da madrugada que algo começava a florescer dentro dela. “Você sabe”, dizia ela enquanto ajustava os travesseiros dele na terceira noite. Eu costumava conversar com as plantas da minha horta. Minha mãe dizia que elas cresciam melhor quando recebiam carinho e palavras gentis.
Felipe permanecia imóvel, mas Ritiela começara a notar pequenos detalhes. A forma como sua respiração mudava sutilmente quando ela falava, como seus músculos pareciam relaxar quando ela cantava baixinho, as modinhas caipiras que aprendera com a mãe. “Ela me ensinou que tudo que tem vida responde ao amor”, continuou passando um pano úmido pelo rosto dele com delicadeza infinita. Mesmo quando parece que não há ninguém em casa.
Naquela noite, ao cantar uma antiga canção sertaneja sobre um amor perdido nas montanhas, aconteceu algo que a fez parar no meio da melodia. Uma lágrima solitária escorria pelo canto do olho direito de Felipe. Ritela ficou paralisada, o coração disparando. “Felipe, você me ouviu?” Ela esperou mal respirando, mas nada mais aconteceu.
Quando contou para a Aparecida na manhã seguinte, a enfermeira balançou a cabeça com tristeza. É normal, querida. Reflexos involuntários. O corpo às vezes reage mesmo quando a mente não está presente. Mas Ritiela não conseguia se convencer de que fora apenas isso. Havia algo na forma como aquela lágrima aparecera exatamente no momento mais emotivo da canção. Na tarde seguinte, Conceição apareceu no quarto de Ritiela sem avisar.
A jovem estava descansando antes de começar seu turno, quando a porta se abriu bruscamente. “Precisamos conversar”, disse Conceição, entrando sem permissão e fechando a porta atrás de si. Ritela se levantou da cama, instintivamente adotando uma postura defensiva. “Aconteceu alguma coisa? Aparecida me contou que você acha que Felipe está reagindo aos seus cuidados.” Conceição se aproximou, a presença dominadora preenchendo o pequeno quarto.
Quero deixar uma coisa muito clara para você. Eu só comentei sobre a lágrima. Patrícia também começou assim. Conceição interrompeu a voz baixa e perigosa. Primeiro foram as lágrimas imaginárias. Depois ela jurou que ele apertou a mão dela. No final estava convencida de que ele a amava. Rit. Ela sentiu o sangue gelar. Eu não sou.
Você não é diferente das outras, menina. Todas vocês chegam aqui acreditando que vão ser a salvação dele. Conceição riu friamente. Patrícia era formada em enfermagem. Tinha 10 anos de experiência. Olha onde está agora. Onde ela está exatamente? No sanatório São Bento, sedada e amarrada a uma cama, balbuciando sobre seu grande amor por um homem que nunca vai acordar.
Conceição se inclinou para a frente e o rosto a centímetros do de Ritiela. Você quer acabar assim? Não, senhora. Ótimo, porque se eu perceber que você está desenvolvendo algum tipo de fantasia romântica, vou tomar providências imediatas. Ela se dirigiu para a porta, mas parou. E não se esqueça de que seu pai assinou um contrato.
Se você não cumprir suas obrigações adequadamente, ele terá que devolver cada centavo com juros. Ritela ficou sozinha, tremendo. A ameaça era clara. Qualquer comportamento que Conceição considerasse inadequado poderia destruir não apenas sua vida, mas também a de seu pai. Naquela noite, ela entrou no quarto de Felipe, determinada a manter distância profissional.
Mas quando começou a fazer sua higiene noturna e ele pareceu suspirar suavemente ao toque de suas mãos, toda sua resolução se desfez. “Eu sei que você está aí dentro.” Ela sussurrou, verificando se estava realmente sozinha. Não sei como, mas sinto e quero que saiba que, não importa o que aconteça, alguém se importa com você. Foi então que sentiu uma pressão quase imperceptível. Felipe havia apertado sua mão.
Ritiela olhou ao redor rapidamente, depois de volta para ele. Faça de novo se você me ouviu. E ele fez, desta vez mais forte, mais deliberado. Lágrimas de alegria e terror começaram a rolar pelo rosto de Ritiela. Felipe estava consciente, mas se Conceição descobrisse, ela não sabia o que poderia acontecer com ambos.
Nas duas semanas seguintes, Ritela e Felipe desenvolveram uma linguagem secreta feita de apertos de mão, mudanças na respiração e lágrimas estratégicas. Ela aprendera a reconhecer quando ele estava verdadeiramente presente e quando precisava fingir a ausência total para enganar Aparecida e, principalmente, Conceição.
Um aperto para sim, dois para não. Ela havia estabelecido na segunda noite após a descoberta. E se alguém entrar, você para de responder completamente. Felipe se mostrou um ator consumado. Durante o dia, quando Aparecida estava presente, permanecia completamente inerte. Mas nas horas silenciosas da madrugada, ele se comunicava com Ritiela de formas que ela jamais imaginara possíveis.
“Por que você não acorda completamente?”, Ela perguntou em uma noite de chuva, enquanto o som das gotas na janela criava uma sinfonia melancólica. Dois apertos? Não. É por causa de algum perigo. Um aperto forte. Sim, Conceição. Um aperto que quase machucou. Sim, definitivo.
Você sabe que ela ameaçou me internar se descobrir sobre nós um aperto seguido de uma tensão em todo o corpo dele que ela sentiu através do colchão. Felipe estava furioso. “Calma”, ela sussurrou, acariciando seu cabelo. “Vamos encontrar uma forma de sair dessa situação juntos”. Naquela mesma noite, Felipe fez algo que mudou tudo. Durante uma das canções favoritas de Ritiela, uma modinha sobre saudade que ela cantava sempre, ele abriu os olhos.
Ritiela parou de cantar, o coração quase saindo pela boca. Ali estavam os olhos mais intensos que ela já vira. Castanhos esverdeados, brilhantes de inteligência e emoção contida. Oi!”, ela sussurrou, as lágrimas brotando instantaneamente. Felipe não podia falar.
Ainda havia o tubo de alimentação e o risco de ser descoberto. Mas seus olhos disseram tudo. Gratidão, ternura e algo mais profundo que fez o estômago de Ritiela dar cambalhotas. Ele moveu levemente os lábios, formando palavras silenciosas que ela teve que se aproximar para entender. O B R i g a d. Pelo quê? Ela sussurrou de volta.
P O R V O L T A R P A R A V I D A Rela Negu conter um soluço de emoção. Você que me trouxe de volta à vida. Felipe sorriu. O primeiro sorriso em do anos e meio e Ritiela soube que estava irremediavelmente perdida. Conceição podia ameaçá-la quanto quisesse. O que estava acontecendo entre eles era real demais para ser ignorado. “Preciso saber”, ela disse, secando as lágrimas e ficando séria.
“O que realmente aconteceu com você?” Conceição disse que foi um acidente, mas a expressão de Felipe escureceu. Ele fechou os olhos por um momento, como se reunisse forças. Depois os abriu novamente e começou a mover os lábios lentamente. “Hum! Foi acidente, o sangue de Ritiela gelou. Alguém tentou te matar? Um aperto confirmativo que fez os dedos dela formigarem.
Quem? Felipe hesitou, os olhos movendo-se em direção à porta, como se temesse que alguém pudesse estar escutando. Depois, com deliberação cuidadosa, formou duas palavras que mudaram tudo. C o n c e iano. F i r ni a n d a. Fernanda. M I N In I A X N O I V A Rela sentiu como se o chão tivesse desaparecido sob seus pés.
Conceição e uma ex-noiva de Felipe haviam tentado matá-lo. Por quê? A herança ela sussurrou. O aperto foi tão forte que quase quebrou seus dedos. E as outras cuidadoras. Patrícia realmente enlouqueceu? Felipe balançou a cabeça quase imperceptivelmente. I N T I R N A D A A A F O R I A E Márcia D I S A P A I Q U D I P O I S Q U I Tis Kobri Andreia Q M R U RI Teve que se apoiar na cama para não desmaiar. Ela não estava apenas cuidando de um homem em coma.
Estava no centro de uma conspiração mortal. “Felipe”, ela sussurrou urgentemente. “Precisamos fazer alguma coisa. Temos que denunciar.” Ele balançou a cabeça violentamente. Pero, v peres. Pero o v. Como? Felipe fechou os olhos pensativo. Quando os abriu novamente, havia determinação absoluta neles. F I N G R Q E I S O U M O R R R R R I N D O.
A ideia de Felipe era ao mesmo tempo, brilhante e aterrorizante. Se Conceição e Fernanda acreditassem que ele estava morrendo, poderiam relaxar a guarda e revelar seus planos verdadeiros. Mas o risco para Ritiela era imenso. “E se elas decidirem se livrar de mim também?”, perguntou ela na noite seguinte após passar horas planejando cada detalhe.
Nu, uvan u s a r ias. Ariá. Felipe havia explicado que Conceição administrava todas as finanças da fazenda desde seu acidente. Fernanda, uma advogada ambiciosa que se relacionara com ele apenas pelo dinheiro, tinha documentos falsificados que animariam herder em caso de morte. A família de vocês não sabe de nada disso.
US P A I S M O R E R A A C I N Q O A S O T E N O U M T I O I M S N I O P Ele visita seon se I seamo dais nano mi nis a Ritela entendeu a situação terrível de Felipe, preso no próprio corpo, consciente, mas incapaz de se comunicar com o mundo exterior, assistindo suas próprias assassinas controlarem sua vida e propriedade.
“Vamos começar amanhã”, ela decidiu. “Mas primeiro preciso saber, você confia em Seu Miguel?” O alívio nos olhos de Felipe foi palpável. t o t a l m e n t e s a b e falgo estaur ad na manhã seguinte ritiela encenou uma preocupação crescente com o estado de quando aparecida chegou para o turno de urno, encontrou-a aparentemente angustiada.
“Ele passou a noite muito agitado”, mentiu Ritiela. A respiração dele ficou irregular várias vezes e olha isso. Ela mostrou o monitor cardíaco onde haviam simulado algumas arritmias leves durante a madrugada. Aparecida franziu a testa, checando os sinais vitais. É estranho. Ontem ele estava estável.
Talvez devêsemos chamar o médico. Vou avisar a senhora Conceição. Conceição apareceu em questão de minutos, com uma expressão que tentava parecer preocupada, mas que Ritiela agora reconhecia como expectativa mal disfarçada. “O que exatamente aconteceu?”, perguntou, aproximando-se da cama. A frequência cardíaca dele oscilou muito durante a noite.
Em alguns momentos chegou a 40 batimentos por minuto”, relatou Richela, observando cuidadosamente a reação de Conceição. Por uma fração de segundo, ela viu algo que a fez gelar. Satisfação. Conceição estava satisfeita com a notícia de que Felipe poderia estar piorando. “Vou chamar Dr.
Henrique imediatamente”, disse Conceição, mas seu tom não transmitia urgência real. “Continue monitorando de perto.” Quando ficaram sozinhas, Ritiela se inclinou sobre Felipe. “Funcionou”, sussurrou. Ela ficou satisfeita. Felipe apertou sua mão levemente, o sinal de que havia escutado. Dr. Henrique chegou ao final da tarde.
Era um homem baixo, de meia idade, com óculos grossos e maneiras nervosas. Ritela não gostou dele imediatamente. Havia algo na forma como ele evitava olhar nos olhos das pessoas, que a deixava desconfortável. Vamos ver nosso paciente”, ele disse, aproximando-se da cama com Conceição ao lado. Felipe representou magnificamente. Sua respiração ficou laboriosa. Os sinais vitais no monitor dançaram de forma preocupante e quando o Dr.
Henrique testou seus reflexos, ele permaneceu completamente inerte. “Interessante”, murmurou o médico. “Parece que há uma deterioração neurológica progressiva.” “O que isso significa?”, perguntou Ritiela, fingindo ignorância. Significa, disse Conceição, antes que o médico pudesse responder, que Felipe pode não ter muito tempo.
Quanto tempo? Ritiela forçou lágrimas genuínas nos olhos. Dr. Henrique trocou um olhar significativo com Conceição. Difícil dizer, podem ser semanas ou dias. Naquela noite, quando estava sozinha com Felipe, Ritiela mal conseguia conter a raiva. “Eles estão felizes”, ela sussurrou. Conceição mal conseguia esconder a satisfação. “Agora V mo es espar”, ele respondeu silenciosamente. Esperar o quê? Q e elas s r.
Dois dias depois, na madrugada de uma quinta-feira chuvosa, Ritiela teve sua resposta. Vozes baixas vinham do corredor próximas ao quarto de Felipe. Ela reconheceu imediatamente a voz de Conceição, mas havia outra mulher com ela. “Finalmente”, dizia a voz desconhecida. “Pensei que ele fosse durar para sempre”.
“Fernanda, mantenha a voz baixa. A cuidadora está ali.” Ritela gelou. Fernanda estava na fazenda e elas pensavam que ela estava dormindo. “Quando você acha que vai acontecer?”, perguntou Fernanda. Dr. Henrique disse que é questão de dias. Assim que ele morrer, ativamos o testamento e você herda tudo.
E a funcionária também não pode ficar por aí. Ela viu coisas demais. Ritela tapou a boca para abafar um grito de horror. Elas estavam planejando matá-la também. Do mesmo jeito que fizemos com Andreia. Desta vez será mais permanente. Não podemos correr o risco de ela ir à polícia. As vozes se afastaram, deixando Ritiela tremendo de terror e adrenalina.
Agora ela sabia a verdade completa. E se ela e Felipe não agissem rápido, ambos morreriam antes que alguém descobrisse o que realmente estava acontecendo na fazenda Santa Rita. “Elas estão planejando me matar.” Ritiela sussurrou para Felipe assim que teve certeza de que Conceição e Fernanda haviam se afastado.
A resposta dele foi imediata, uma tensão em todo o corpo que ela sentiu através do colchão. Se ele pudesse ter se levantado naquele momento, Ritela sabia que teria feito. P r E c I s a m o s. A b a r c o m s o a g o r a. Como elas já suspeitam que eu sei demais. Se eu sair da fazenda, grave ara Rit. Ela franziu a testa. Gravador. S e u m i g u l.
T m u m c e l u l a r a n t i g o. Que o m g r a v a d o. R. Era uma ideia arriscada, mas talvez funcionasse. Se conseguissem gravar uma confissão de Conceição e Fernanda, teriam as provas necessárias. Como vou conseguir falar com seu Miguel sem levantar suspeitas? Am a k d i m a car e il e v im b u s c a r s u p r i m i n t o s de naidade.
Na manhã seguinte, Ritiela fingiu uma crise de choro quando Aparecida chegou. Eu não aguento mais, soluçou dramaticamente ver ele assim, definhando. Será que posso ir até a cidade comprar algumas coisas? Preciso sair um pouco daqui. Aparecida, que sempre fora gentil com ela, imediatamente se compadeceu.
Claro, querida. Seu Miguel está saindo agora mesmo para buscar medicamentos. Vou pedir para ele te levar. O plano funcionou perfeitamente. Durante a viagem até São Bento do Sapucaí, Ritiela contou tudo para seu Miguel. O homem ouvia em silêncio crescente, o rosto escurecendo a cada revelação.
“Eu sabia”, disse ele finalmente, batendo o punho no volante. “Eu sabia que algo estava errado. Felipe jamais teria tentado dirigir embriagado, como alegaram. “O senhor pode me ajudar?” Seu Miguel parou o carro no acostamento e se virou para ela. Senrita Ritiela, eu trabalho para a família Oliveira há 30 anos. Vi aquele menino nascer, crescer, se tornar um homem de bem.
Se alguém machucou ele, vou fazer questão de que paguem. Ele pegou um celular antigo do porta-luvas. Este aqui tem uma função de gravação que dura até 2 horas. Vou ensinar você a usar. De volta à fazenda, eles elaboraram o plano final. Ritiela esconderia o telefone no quarto e tentaria provocar uma conversa comprometedora entre Conceição e Fernanda.
Seu Miguel ficaria de plantão, pronto para chamar a polícia assim que tivessem as evidências. Naquela noite, Ritiela estava mais nervosa do que jamais estivera na vida. O telefone estava escondido sob o colchão de Felipe gravando, e ela precisava encontrar uma forma de fazer Conceição e Fernanda falarem.
A oportunidade surgiu quando fingiu ter uma crise de pânico ao ver Felipe aparentemente piorando. “Socorro!”, gritou correndo para o corredor. “Por favor, alguém me ajude. Acho que ele está morrendo.” Conceição apareceu primeiro, seguida minutos depois por Fernanda. As duas mulheres se aproximaram da cama e Ritiela ficou em segundo plano, aparentando estar em estado de choque.
“Finalmente”, murmurou Fernanda, inclinando-se sobre Felipe. “Não era sem tempo. “Cuidado com o que diz”, advertiu Conceição. “Mas havia satisfação em sua voz também. Por quê? Ela está em estado de choque.” Fernanda apontou para Ritiela. Além disso, logo ela não será mais um problema. É verdade, ma concordou Conceição. Assim que Felipe morrer, teremos que resolver a questão da testemunha.
Do mesmo jeito que resolvemos o problema dele, mais ou menos. O acidente dele foi elaborado demais. Desta vez será mais direto. Ritiela mal conseguia respirar. Elas estavam confessando tudo, pensando que ela estava em estado de choque demais para processar as informações. “Você tem certeza de que o testamento vai resistir a questionamentos?”, perguntou Fernanda. Dr.
Henrique foi bem pago para atestar que Felipe estava mentalmente competente quando assinou. “E como você era a noiva dele na época?” “Es-noiva,” corrigiu Fernanda, “mas isso torna tudo mais convincente, o grande amor deixando tudo para a mulher que amava. Elas riram juntas, o som ecoando no quarto como uma sinfonia macabra.
E quanto à família em São Paulo, o tio raramente visita. Quando souberam que Felipe havia morrido por complicações do coma, aceitar testamento será pura formalidade. Perfeito. Em quantos dias você acha que Dr. Henrique disse que pode simular uma parada cardíaca fatal a qualquer momento. Bastam os medicamentos certos. Foi então que aconteceu o impensável. Felipe abriu os olhos.
Conceição e Fernanda estavam de costas para ele, mas Ritela o viu claramente. Ele piscou para ela o sinal de que tinha escutado tudo e estava pronto. Com um movimento que surpreendeu a todos na sala, Felipe se levantou na cama. Surpresa”, disse ele, a voz rouca, mas firme. Conceição e Fernanda se viraram, os rostos empalidecendo instantaneamente.
“Isso é impossível”, gaguejou Fernanda. “Vocês duas estão presas”, disse Felipe, apoiando-se na cabeceira. “Cada palavra que disseram foi gravada. Conceição foi a primeira a se recuperar do choque. Ninguém vai acreditar em você. Você esteve em coma por dois anos.
Estive consciente o tempo todo, respondeu Felipe, e tenho uma testemunha de tudo que vocês fizeram. Foi então que Ritiela tirou o telefone de sob o colchão, mostrando que ainda estava gravando, incluso a confissão sobre tentarem me matar e planejarem assassinar Felipe com a ajuda do Dr. Henrique. O silêncio no quarto era ensurdecedor. Conceição e Fernanda se entreolharam, percebendo que haviam sido completamente encurraladas.
O que aconteceu nos segundos seguintes foi como uma explosão de violência contida. Conceição, percebendo que estava completamente exposta, partiu para cima de Ritiela, tentando arrancar o telefone de suas mãos. “Sua vagabunda, você arruinou tudo”, gritou, as unhas procurando o rosto da jovem. Felipe, ainda fraco após anos de imobilidade, tentou se levantar da cama para proteger Ritiela, mas suas pernas cederam.
Fernanda aproveitou o momento de confusão para correr em direção à porta. “Seu Miguel!”, gritou Ritiela, lutando contra a Conceição. “Socorro!” O motorista apareceu no corredor correndo, mas Fernanda já havia desaparecido nas escadas. Conceição, vendo que estava perdida, mudou de tática imediatamente.
“Essa mulher está mentindo”, disse ela, assumindo um tom dramático. “Felipe, meu querido, você está confuso. Esteve em coma, deve estar desorientado.” “Conceição, disse Felipe, sua voz ganhando força a cada palavra. Eu lembro de cada palavra que você disse nos últimos dois anos, incluso quando você contou para Fernanda como cortaram os freios do meu carro. O rosto de Conceição se contorceu em uma mistura de raiva e desespero.
“Você não pode provar nada.” “Posso sim”, disse Ritiela, segurando o telefone firmemente. “Está tudo aqui gravado.” Seu Miguel se aproximou de Conceição. “Senhora, sugiro que não tente mais nada. Já chamei a polícia.” “A polícia?” Conceição deu uma risada histérica. Vocês não fazem ideia do que estão fazendo. Tenho contatos importantes.
Fernanda tem conexões que vocês nem imaginam. Não importa, disse Felipe, finalmente conseguindo se manter em pé com o apoio da cama. A verdade sempre vem à tona. Conceição parou de lutar e os encarou com um ódio puro que fez Ritiela recuar instintivamente. Vocês acham que venceram? Fernanda escapou.
Ela tem cópias de todos os documentos. Mesmo que vocês me prendam, ela ainda pode reivindicar a herança. Não, se ela for presa também, disse uma voz nova na porta. Todos se viraram para ver dois policiais militares entrando no quarto, seguidos por um delegado de civil. Sou o delegado Costa da Polícia Civil de São Bento”, disse o homem mais velho. “Recebemos uma denúncia de tentativa de homicídio e fraude.
” “Delegado”, disse Conceição, imediatamente mudando para um tom respeitoso, houve um mal entendido terrível. Esta funcionária desenvolveu uma obsessão pelo Sr. Felipe, como aconteceu com as anteriores. “Ela inventando histórias.” “É mesmo?” O delegado olhou para Ritiela. A senhorita tem alguma prova dessas acusações? Ritela estendeu o telefone.
Tudo está gravado aqui. A confissão completa de como elas tentaram matar Felipe e como estavam planejando me matar também. O delegado pegou o aparelho e começou a ouvir a gravação. Conforme os minutos passavam, sua expressão ficava cada vez mais séria. “Senora Conceição Ferreira”, disse ele finalmente.
“A senhora está presa por tentativa de homicídio, fraude, cárcere privado e formação de quadrilha.” “Isso é um absurdo,”, protestou Conceição. “Eu exijo falar com meu advogado.” “Pode falar da delegacia”, respondeu o delegado, fazendo sinal para os policiais. E quanto a tal Fernanda, fugiu há alguns minutos, disse seu Miguel, desceu correndo as escadas quando percebeu que foram descobertas. Já acionamos as equipes. Uma mulher sozinha não vai longe. O delegado se virou para Felipe.
Senr. Oliveira, o senhor precisa ser examinado por um médico independente para atestar seu estado mental e físico. Esta situação é muito incomum. Entendo perfeitamente”, disse Felipe, “mas primeiro preciso que vocês saibam sobre Dr. Henrique. Ele estava envolvido no plano para me matar. O médico que o atendia, ele falsificou laudos e estava preparado para simular minha morte quando elas ordenassem.
O delegado fez anotações rapidamente. Vamos investigar tudo isso. Senr. Miguel, o senhor pode nos acompanhar para prestar depoimento? Claro, delegado. Posso contar muitas coisas sobre comportamentos estranhos que observei nos últimos anos. Enquanto Conceição era levada algemada, ela se virou uma última vez para Ritiela e Felipe.
“Vocês não fazem ideia do que desencadearam”, disse ela, a voz carregada de veneno. “Fernanda tem recursos e conexões. Ela não vai desistir facilmente.” Quando a casa finalmente ficou silenciosa, Ritiela e Felipe se olharam, ainda processando tudo que havia acontecido. “Aou”, disse ela, mas sua voz não soava convincente. Ainda não”, respondeu Felipe, se aproximando dela com movimentos ainda cuidadosos.
“Fernanda ainda está solta e, como Conceição disse, ela tem recursos. O que vamos fazer?” Felipe pegou a mão de Ritiela, entrelaçando os dedos. Vamos enfrentar o que vier juntos. Mas enquanto ele falava, uma sombra cruzou seu rosto. Fernanda conhecia todos os detalhes sobre a fazenda, tinha acesso aos documentos forjados e, pior ainda, não tinha mais nada a perder.
A guerra estava longe de terminar. Três dias se passaram desde a prisão de Conceição. Felipe se recuperava rapidamente, reaprendendo a andar normalmente e recuperando a força nos músculos atrofiados. Um médico independente confirmara que ele estava mental e fisicamente apto, desfazendo anos de mentiras médicas. Ritiela não saía do lado dele.
Depois de tudo que haviam passado, a ideia de ficar sozinha a apavorava. Eles estavam no escritório da fazenda, organizando documentos que comprovariam as fraudes de Conceição quando seu Miguel entrou correndo. “Felipe, você precisa saber”, disse ele, ofegante. “Acabei de voltar da cidade. Fernanda foi presa ontem à noite.
” “Graças a Deus”, suspirou Ritiela. Mas tem um problema”, continuou seu Miguel, a preocupação estampada no rosto. Ela estava com advogados importantes de São Paulo. Eles conseguiram a liberdade provisória dela em poucas horas. Felipe parou de revisar os papéis. Como assim? Pior ainda, eles entraram com uma ação alegando que você está sendo mantido em cárcere privado pela Ritiela, que ela desenvolveu síndrome de Stocomas Aessas, mantendo você sob controle psicológico.
Isso é absurdo, explodiu Ritiela. Eu sei, menina, mas eles têm documentos médicos falsificados pelo doutor Henrique atestando que você tem histórico de instabilidade mental e que foi contratada especificamente para manipular Felipe em estado vulnerável. Felipe fechou os punhos. Fernanda está virando o jogo. Ela quer me fazer parecer vítima de Ritiela.
Tem mais”, disse seu Miguel hesitando. “Eles alegam que todas as gravações foram feitas sobões falsas sob ameaça. E a polícia acreditou nisso?” Por enquanto não. Mas delegado Costa me disse que uma equipe de promotores de São Paulo está vindo investigar e eles têm ordem de levar Ritiela para interrogatório na capital. O coração de Ritiela despencou.
Isso significa que você pode ficar presa por tempo indeterminado enquanto eles investigam se você manipulou Felipe psicologicamente. Não disse Felipe, levantando-se bruscamente. Não vou deixar isso acontecer, Felipe. Ritela tocou seu braço. Se eu for, pelo menos você estará seguro. Fernanda não pode mais tentar te matar agora que todo mundo sabe que você está consciente.
Você não entende”, disse ele, virando-se para ela com intensidade. “Se eles conseguirem provar que você me manipulou, posso ser declarado incapaz mentalmente. Fernanda ainda pode conseguir a herança através dos tribunais”. Seu Miguel assentiu gravemente. E se Ritiela for condenada por manipulação psicológica, pode pegar até 20 anos de prisão. O mundo pareceu desabar ao redor de Ritiela.
Depois de tudo que haviam enfrentado, Fernanda ainda tinha cartas na manga. “Quando eles vêm me buscar?”, perguntou ela, a voz quase um sussurro. Hoje à tarde, Felipe começou a andar de um lado para outro, pensando furiosamente: “Tem que haver uma forma de provar a verdade, a gravação não é suficiente, não se eles conseguirem comprovar que foi feita sob coação.
” Ele parou subitamente: “Seu Miguel, você disse que Dr. Henrique falsificou documentos sobre o estado mental de Ritiela?” Sim, eles alegam que ela tem histórico de comportamento obsessivo e manipulador, mas ela nunca foi paciente dele. Eu sei, mas eles têm papéis que dizem o contrário. Felipe sorriu pela primeira vez em dias. Então eles cometeram um erro.
Se conseguirmos provar que esses documentos são falsos, toda a defesa deles desmorona. Como? Rite ela. Ele se virou para ela. Você tem algum documento médico real? Qualquer coisa que prove onde você realmente estava nos últimas que Dr. Henrique diz que você estava em tratamento com ele, Ritiela pensou rapidamente.
Eu ia no posto de saúde de São Bento regularmente, sempre que meu pai ficava muito bêbado e eu me machucava tentando cuidar dele. Perfeito. Os registros médicos do posto vão mostrar que você nunca esteve em tratamento psiquiátrico com o Dr. Henrique. Seu Miguel bateu palmas e isso prova que ele falsificou os documentos. Exato. E se ele falsificou os documentos sobre Ritiela, coloca em dúvida tudo que ele disse sobre mim também.
Ritiela sentiu uma fagulha de esperança, mas eles chegam hoje à tarde. Temos tempo de conseguir esses registros. Vamos tentar, disse Felipe, pegando as chaves do carro. Seu Miguel, você fica aqui e avisa se alguém aparecer. Ritiela e eu vamos até o posto de saúde. Enquanto dirigiam para a cidade, Ritiela olhava pela janela, tentando não pensar no que aconteceria se não conseguissem as provas a tempo. “Felipe”, disse ela finalmente.
“Quero que saiba que não me arrependo de nada.” Ele pegou a mão dela. Nem eu. Mesmo que tudo dê errado, você me devolveu a vida e você me ensinou o que é o amor verdadeiro. Eles chegaram ao posto de saúde de São Bento e explicaram a situação para a enfermeira chefe, uma mulher bondosa que conhecia Ritiela desde criança.
“Claro que temos os registros dela”, disse dona Carmen. Pobrezinha. vinha aqui pelo menos uma vez por mês com hematomas e cortes. Sempre dizia que havia caído, mas todos sabíamos que era coisa do pai bêbado. Ela trouxe uma pasta com todos os atendimentos de Ritiela nos últimos 5 anos. As datas coincidiam exatamente com os períodos em que Dr.
Henrique alegava que ela estava em tratamento psiquiátrico com ele. “Isso prova que os documentos dele são falsos”, disse Felipe, revigorando-se. Mas quando estavam saindo do posto, viram três carros pretos subindo à rua em direção à fazenda. “Chegaram mais cedo”, disse Ritiela, o medo voltando em ondas. “Não importa”, respondeu Felipe, acelerando. “Agora temos munição para lutar”.
Quando chegaram à fazenda, encontraram uma cena que parecia saída de um filme policial. Três carros oficiais estavam estacionados em frente à casa e homens de terno esperavam na varanda. Seu Miguel conversava com eles claramente tentando ganhar tempo. “Senhor Oliveira, um homem alto de óculos se aproximou quando eles desceram do carro. Sou o Dr. Augusto Mendes, promotor público.
Preciso falar com o senhor sobre sua situação. E eu preciso falar com o senhor sobre algumas falsificações que descobrimos, respondeu Felipe, mostrando a pasta com os documentos médicos. Dr. Mendes franziu a testa. Perdão. Os documentos que vocês estão usando para acusar Ritiela de manipulação psicológica são falsos. Tenho aqui os registros médicos reais dela do posto de saúde. Uma mulher elegante de meia idade se aproximou.
Ritela a reconheceu imediatamente. Era Fernanda, mas agora vestida como uma executiva bem-sucedida, toda a vulnerabilidade fingida substituída por uma máscara de autoridade profissional. “Felipe”, disse Fernanda, a voz carregada de falsa preocupação. “Você ainda está sob influência dessa mulher? Não consegue ver que ela te programou para defendê-la? A única coisa que eu vejo, respondeu Felipe, é uma assassina tentando usar o sistema legal para encobrir seus crimes. Senhor Oliveira, interveio o Dr. Mendes. Entendo que a
situação é confusa para o senhor. Passou dois anos em estado vegetativo e agora se encontra emocionalmente ligado à pessoa que deveria estar cuidando de sua saúde. É um fenômeno psicológico conhecido. Então explique isso”, disse Felipe entregando os documentos médicos. Dr. Henrique alegou que Ritiela estava em tratamento psiquiátrico com ele durante períodos específicos.
Estes são os registros do posto de saúde de São Bento, provando que ela estava sendo atendida aqui nas exatas datas que ele diz que ela estava com ele. Dr. Mendes examinou os papéis, a expressão mudando gradualmente. Isso é interessante. É prova de falsificação de documentos disse Ritiela encontrando coragem. Dr.
Henrique criou um histórico médico falso para me incriminar, Fernanda se adiantou rapidamente. Esses documentos podem ter sido fabricados por ela também. Uma pessoa capaz de manipulação psicológica é certamente capaz de falsificar registros médicos. Verificaremos a autenticidade de tudo”, disse Dr. Mendes. “Mas isso não muda o fato de que precisamos levar a senrita Santos para interrogatório.
” “Espere”, disse uma voz nova. Todos se viraram para ver delegado Costa chegando com outro homem que Ritiela não reconheceu. Dr. Mendes, disse o delegado. Este é Dr. Roberto Silva, perito em documentoscopia. Ele acabou de analisar os documentos fornecidos pela defesa da senora Fernanda. Dr. Silva se adiantou carregando uma pasta.
Após análise técnica detalhada, posso afirmar categoricamente que todos os documentos médicos atribuídos ao Dr. Henrique sobre a paciente Ritiela Santos são falsificações grosseiras. O silêncio se abateu sobre o grupo. Além disso, continuou Dr. Silva, encontramos evidências de que o próprio Dr. Henrique confessou a falsificação quando foi interrogado ontem à noite. Fernanda empalideceu visivelmente.
Isso é impossível, doutor. Henrique está preso e colaborando plenamente com a investigação disse delegado Costa. Ele confirmou que foi contratado pela senhora e por Conceição Ferreira para falsificar laudos médicos e que havia um plano para simular a morte do Senr. Oliveira. Mas, mas gaguejou Fernanda, “A senhora está presa novamente”, disse Dr. Mendes, sua atitude mudando completamente.
Desta vez por falsificação de documentos, formação de quadrilha, tentativa de homicídio e obstrução da justiça. Isso é um erro. gritou Fernanda enquanto era algemada. Felipe, você tem que me escutar. Eu te amava. Tudo que fiz foi por amor. Você tentou me matar por dinheiro respondeu Felipe calmamente. Isso não é amor, é ganância. Senrita Santos disse Dr.
Mendes, aproximando-se de Ritiela. Lamento profundamente pelo transtorno. A senhora é vítima nesta situação não suspeita. Ritela mal conseguia acreditar. Quer dizer que eu não vou ser presa? Pelo contrário, a senhora será fundamental como testemunha principal na acusação contra os envolvidos.
Enquanto Fernanda era levada pelos policiais, ela gritou uma última ameaça. Isso não acabou. Tenho amigos influentes. Vou sair e a senhora ficará presa sem direito à fiança. Interrompeu Dr. Mendes. Tentativa de homicídio qualificado e formação de quadrilha são crimes inafiançáveis.
Quando os carros oficiais finalmente partiram levando Fernanda, a fazenda ficou em silêncio novamente. Ritiela e Felipe se olharam, mal acreditando que a nightmare havia realmente acabado. Acabou mesmo desta vez? Perguntou ela. Acabou, confirmou Felipe a abraçando para sempre. Seu Miguel se aproximou, sorrindo amplamente. Agora sim, a fazenda Santa Rita pode voltar a ser um lar de verdade. Mas para Ritiela e Felipe, ela já era muito mais que isso.
Era o lugar onde o amor havia triunfado sobre a ganância, onde a verdade vencera a mentira e onde duas almas feridas haviam encontrado cura uma na outra. Duas semanas após a prisão definitiva de Fernanda, a vida na fazenda Santa Rita começou a assumir uma normalidade que nenhum dos dois havia experimentado em anos.
Felipe se dedicava intensamente à fisioterapia, recuperando não apenas a força física, mas também a confiança em administrar sua propriedade. Ritiela, liberta do peso terrível de cuidar de alguém em coma, descobria talentos que nem sabia que possuía. Você tem certeza de que quer fazer isso?”, perguntou Felipe enquanto observava Ritela organizar papéis no escritório da fazenda. “Tenho”, respondeu ela determinada.
“Se passamos por tudo isso, foi por algum motivo. Não posso simplesmente fingir que outras meninas não estão passando pelo mesmo que eu passei.” A ideia havia nascido durante uma das longas conversas noturnas que agora compartilhavam como pessoas livres. Ritiela queria criar uma fundação para ajudar jovens vulneráveis que eram vendidas por famílias desesperadas.
A fazenda Santa Rita poderia ser transformada em um refúgio seguro. “Meu pai pode ser um alcólatra egoísta”, disse ela, revisando os primeiros esboços do projeto. “Mas sei que existem centenas de ritielas por aí, sendo vendidas para situações muito piores que a minha.
” Felipe se aproximou por trás da cadeira dela, beijando suavemente seu pescoço. Nos últimos dias, a intimidade entre eles havia crescido naturalmente, sem a pressão terrível das circunstâncias anteriores. Você percebe que isso vai exigir muito trabalho, licenças, parcerias com órgãos públicos, financiamento. Sei disso. Ela se virou para enfrentá-lo.
Mas também sei que tenho um parceiro que entende de administração e que passou 2 anos e meio escutando conversas sobre corrupção e sistemas falhos. Felipe sorriu. Verdade. Aprendi muito sobre o lado sombrio do sistema nesses anos e agora podemos usar esse conhecimento para o bem. Eles foram interrompidos por seu Miguel, que entrou carregando uma bandeja com café. “Desculpem interromper”, disse ele, “mas chegou uma visita inesperada.
Quem? Uma moça jovem diz que se chama Patrícia e que conhece vocês. Ritiela e Felipe se entreolharam surpresos. Patrícia, a primeira cuidadora que havia sido internada à força. Onde ela está? perguntou Felipe na sala de visitas. Parece bem, mas nervosa. Eles encontraram Patrícia sentada na beira da poltrona, as mãos entrelaçadas nervosamente.
Era uma mulher bonita de cerca de 30 anos, com cabelos castanhos curtos e olhos inteligentes que carregavam as marcas de trauma recente. “Patrícia”, disse Felipe suavemente. Ela levantou os olhos e imediatamente se encheram de lágrimas. Felipe, você realmente acordou? Acordei.
E você, como está aqui? Pensei que consegui sair do sanatório semana passada. Quando soube pelas notícias que Conceição e Fernanda foram presas, vim correndo. Ela se levantou tremendo. Preciso contar para vocês o que realmente aconteceu comigo. Ritiela puxou uma cadeira para mais perto. Conte tudo.
Eu nunca enlouqueci, começou Patrícia, a voz firme, apesar das lágrimas. Eu descobri que Felipe estava consciente depois de algumas semanas cuidando dele, mas quando tentei contar para a Conceição, ela disse que eu estava imaginando coisas. Você contou para ela? Perguntou Felipe. Foi meu erro. Pensei que ela ficaria feliz em saber que você estava melhorando. Patrícia riu amargamente. Na noite seguinte, acordei no hospital com Dr.
Henrique me dizendo que eu havia tentado me matar. Eles drogaram você. Deve ter sido. Eu me lembro de estar escovando os dentes antes de dormir. E a próxima coisa que lembro é acordar amarrada a uma cama de hospital com Conceição, contando para os médicos que eu havia desenvolvido uma obsessão perigosa.
Ritiela pegou a mão de Patrícia. Como você conseguiu sair? Fingi que estava aceitando o tratamento. Tomei os remédios, fingi que estava melhorando. Disse aos psiquiatras que reconhecia que minha obsessão por Felipe não era real. Ela limpou as lágrimas. Levou quase dois anos para me liberarem. E as outras cuidadoras, Márcia e Andreia.
O rosto de Patrícia escureceu. Márcia descobriu a verdade também, mas ela era mais esperta que eu. Não contou para Conceição. Uma noite, ela simplesmente desapareceu. Nunca mais soubemos dela. E Andreia? Andreia durou apenas três semanas. Conceição disse que ela sofreu um acidente de carro, mas eu sempre suspeitei que que elas tentaram matá-la também. Exato. Andreia era determinada demais. fazia muitas perguntas.
Felipe cerrou os punhos. Conceição e Fernanda destruíram muito mais vidas do que imaginávamos. “Por isso eu vim”, disse Patrícia se endireitando. “Vi na televisão que vocês estão planejando criar uma fundação para ajudar meninas em situação vulnerável. Quero ajudar.” “Você tem certeza?”, perguntou Ridiela. Depois de tudo que passou, justamente por causa de tudo que passei, ninguém deveria sofrer o que sofri, nem você, nem as próximas meninas que elas teriam machucado.
Patrícia olhou diretamente para Felipe. Além disso, eu realmente me importava com você quando cuidava de você. Ver você acordado, livre, feliz, isso cura muitas feridas. Felipe se aproximou e abraçou Patrícia carinhosamente. Você sempre foi corajosa e tem razão. Juntos podemos ajudar muitas pessoas.
Então está decidido disse Ritiela, sentindo uma onda de determinação. A Fundação Patrícia Santos vai existir. Patrícia Santos? perguntou Patrícia confusa. Nome artístico explicou Ritiela, sorrindo. Combinação do nome de quem plantou a semente da ideia com o sobrenome de quem quase foi destruída pelo sistema. Juntas somos mais fortes. Naquela tarde, os três começaram a elaborar os primeiros planos concretos da fundação.
Patrícia tinha experiência em enfermagem e conhecimento íntimo dos falhas do sistema de saúde mental. Ritiela tinha a paixão e a determinação de quem viveu na pele a vulnerabilidade. Felipe tinha os recursos e conhecimento administrativo. Vamos precisar de parcerias com a Polícia Civil, com o Ministério Público, com assistentes sociais”, disse Felipe fazendo anotações.
“E de um lugar seguro para abrigar as meninas enquanto suas situações são resolvidas”, acrescentou Patrícia. “A fazenda tem espaço mais que suficiente”, disse Ritiela. podemos reformar a ala leste da casa. Enquanto planejavam, nenhum dos três notou a determinação feroz que havia nascido entre eles. Haviam sobrevivido ao pior que pessoas ambiciosas e cruéis puderam fazer, e agora canalizariam essa experiência para garantir que outras não sofressem o mesmo destino.
Mas primeiro havia uma conversa pendente que Ritiela sabia que não podia mais adiar. Eu preciso falar com meu pai. disse Ritiela na manhã seguinte, enquanto ela e Felipe tomavam café na varanda da fazenda. Felipe parou de mexer o açúcar no café. Você tem certeza? Tenho. Não posso começar vida nova sem fechar esse capítulo. Ela olhou para as montanhas que se estendiam além dos cafezais.
Além disso, ele precisa devolver o dinheiro. Ritela, você sabe que ele provavelmente já gastou tudo. Eu sei, mas ele precisa entender as consequências do que fez. E se sobrou alguma coisa, podemos usar na fundação. Duas horas depois, eles estavam parados em frente à casa onde Riti ela havia crescido.
O contraste com a fazenda Santa Rita era gritante: A pintura descascada, o jardim abandonado, o cheiro de álcool barato emanando das janelas abertas. Carlos Santos apareceu na porta quando escutou o carro. Estava mais magro, mais grisalho, mas os olhos tinham a mesma expressão culpada de sempre. Rite ela.
Sua voz saiu rouca de surpresa. Você Você voltou. Vim conversar, disse ela descendo do carro. Este é Felipe Oliveira. Carlos olhou para Felipe com uma mistura de curiosidade e medo. O homem que você estava cuidando? O homem que você me vendeu para cuidar, corrigiu Ritiela. A voz dura. Carlos baixou os olhos. Entra, por favor.
A casa estava ainda pior do que Ritela lembrava. Garrafas vazias espalhadas pela sala, móveis quebrados, um cheiro de desleixo que fazia o estômago embrulhar. Pai, disse Ritiela, ficando de pé no meio da sala. Vim buscar o dinheiro. Que dinheiro? Os R$ 200.000 que recebeu por me vender. Carlos se deixou cair numa cadeira. Rit ela, eu.
Onde está o dinheiro, pai? Não sobrou nada, admitiu ele, evitando olhar para ela. Tive que pagar as dívidas e o resto, o resto foi se acabando. Em cachaça, em sobrevivência? Explodiu Carlos, levantando-se. Você não sabe como foi difícil ficar aqui sem você, sabendo que te vendi como um animal. Difícil foi descobrir que o próprio pai me traiu! retrucou Ritiela, as lágrimas começando a correr. Difícil foi ser ameaçada de morte porque você me colocou no meio de uma conspiração.
Ameaçada de morte? Carlos empalideceu. Do que você está falando? Felipe se adiantou. Senr. Carlos, sua filha quase foi morta porque as pessoas que o contrataram eram criminosas. Elas tentaram me matar também. Isso é impossível. Conceição me garantiu que era apenas um trabalho de cuidadora. Conceição está presa”, disse Ritiela.
Ela e a comparsa dela tentaram me matar depois que eu descobri que elas haviam tentado assassinar Felipe. Carlos se deixou cair novamente na cadeira, o rosto nas mãos. “Meu Deus, o que eu fiz? Você vendeu sua filha sem se dar ao trabalho de investigar para quem?”, disse Felipe, a voz controlada, mas firme. E agora ela quase morreu por causa disso.
Rite ela, perdão, eu não sabia. Eu juro que não sabia, pai, disse Ritiela, se aproximando. Você tem ideia do que passei, do medo que senti, de quantas noites fiquei acordada esperando que alguém viesse me matar? Perdão, minha filha. Perdão. Pedir perdão não é suficiente. Ela se afastou dele. Você me vendeu como se eu fosse gado. Assinou um contrato que me transformava em propriedade de outra pessoa.
Eu estava desesperado e eu estava confiando no meu pai. Ritela gritou. Toda a raiva contida finalmente explodindo. Confiando que você me protegeria, não que me venderia. Carlos começou a chorar. Lágrimas de autocomiseração que só aumentaram a raiva de Ritiela. “Para de chorar”, disse ela friamente. “Agora você vai me escutar”. Ela respirou fundo, recuperando o controle.
Vou criar uma fundação para ajudar meninas que passam pelo que passei. Meninas, cujos pais as vendem, as abandonam, as colocam em perigo. Ela olhou diretamente nos olhos dele. E como você não pode devolver o dinheiro que recebeu por me vender, vai devolver de outra forma. Como você vai trabalhar na fundação, vai contar sua história para outros pais desesperados, vai explicar as consequências de suas escolhas, vai dedicar o resto da vida a consertar o estrago que fez. Carlos a olhou surpreso. Você me daria uma chance
de me redimir? Estou dando, mas com condições. Ritela se aproximou novamente. Primeira, você para de beber completamente. Segunda, você nunca mais bebe uma gota de álcool. Terceira, você trabalha todos os dias para impedir que outros pais cometam o mesmo erro que você cometeu. E se eu aceitar? Então talvez algum dia eu consiga perdoar você.
Mas isso vai depender das suas ações daqui para frente, não das suas promessas. Carlos olhou para Felipe. E você concorda com isso? Ritela é uma mulher adulta, respondeu Felipe. Ela toma suas próprias decisões. Mas se você machucar ela de novo de qualquer forma, vai ter que lidar comigo. Pai, disse Ritiela, esta é sua única chance.
Você aceita? Carlos se levantou lentamente, estendendo a mão trêmula. Aceito. Juro pela memória da sua mãe que aceito. Ritiela olhou para a mão estendida por um longo momento, depois a apertou brevemente. Então vamos começar hoje. Quando saíram da casa, Felipe pegou a mão de Ritela. Você tem certeza de que quer dar essa chance para ele? Não admitiu ela.
Mas se eu não der, vou carregar a raiva para sempre. E raiva não constrói nada positivo. Você é incrível, disse Felipe, beijando sua testa. Sou uma sobrevivente, corrigiu Ritiela. E agora vamos ajudar outras meninas a sobreviver também. Seis meses depois, a Fundação Ritiela Santos estava oficialmente funcionando.
O que começara como uma ideia nascida da dor havia se transformado em uma operação respeitada que já resgatara 43 jovens mulheres de situações de tráfico humano e exploração. Patrícia se tornara a coordenadora médica. Carlos trabalhava incansavelmente como conselheiro para famílias vulneráveis e Ritela descobrira uma vocação natural para a administração que a surpreendia todos os dias.
Os números do último trimestre são impressionantes”, disse ela, revisando relatórios no escritório da fazenda, que havia sido transformado em centro de operações da fundação. Felipe olhava para ela com admiração. A jovem assustada que chegara à fazenda havia se transformado em uma líder confiante e determinada.
43 mulheres resgatadas, 12 redes criminosas desmanteladas pelos nossos relatórios à polícia, cinco refúgios estabelecidos em diferentes estados, lia ele da apresentação que ela preparara para o conselho diretor. “Rite ela, isso é extraordinário.” “Nós fizemos isso,”, corrigiu ela. “Todos nós.” “Não, querida, você fez isso.
Você teve a visão, a coragem, a determinação. Ela sorriu, mas seus olhos brilhavam com lágrimas de felicidade. Sabe o que mais me emociona? Carlos completou seis meses sóbrio hoje. É verdade, Patrícia confirmou nos exames de rotina desta manhã. Ele realmente mudou.
Felipe trabalha 14 horas por dia, atende famílias desesperadas, conta sua história sem esconder nada. Você perdoou ele? Ritiela pensou por um momento. Estou aprendendo a perdoar. É um processo. Eles foram interrompidos por seu Miguel, que entrou sorrindo amplamente. Desculpem interromper, mas chegou uma encomenda especial para vocês. Que tipo de encomenda? Melhor vocês verem por si mesmos.
Ritiela e Felipe se entreolharam curiosos e seguiram seu Miguel até a varanda. Do lado de fora, um grupo de cerca de 20 mulheres jovens esperava, todas carregando flores e cartazes. “Ritiela, Felipe!” gritaram em couro quando os viram aparecer. Ritela reconheceu imediatamente. Eram as mulheres que a fundação havia resgatado nos últimos meses.
Estavam bem vestidas, sorrindo, com olhos brilhantes de esperança em vez de medo. “O que vocês estão fazendo aqui?”, perguntou ela emocionada. Uma jovem de cerca de 18 anos se adiantou. “Viemos agradecer e trazer uma notícia.” “Que notícia? A fundação de vocês inspirou outras organizações.
Cinco estados já criaram programas similares baseados no modelo de vocês. Ritela sentiu as pernas fraquejarem. Sério? E tem mais, continuou a jovem. O Ministério da Justiça quer oficializar a Fundação Ritiela Santos como modelo nacional de combate ao tráfico humano. Felipe passou o braço ao redor da cintura de Ritiela, sentindo-a tremer de emoção.
“Vocês mudaram nossas vidas”, disse outra jovem. “E agora vão mudar a vida de milhares de outras meninas.” “Todas nós,”, disse uma terceira, “conseguimos empregos. Algumas voltaram a estudar, outras começaram suas próprias famílias. Isso só foi possível porque vocês acreditaram que valia a pena nos ajudar. Ritela não conseguia parar de chorar.
Vocês que são corajosas, vocês que escolheram recomeçar, mas vocês nos deram a oportunidade. E agora, disse a primeira jovem, sorrindo travessamente. Queremos retribuir como as mulheres se afastaram. revelando algo que estava escondido atrás delas. Era uma pequena capela de madeira montada ali mesmo na varanda, decorada com flores silvestres dos campos ao redor da fazenda. “O quê?”, começou Felipe.
“Descobrimos que vocês se amam”, disse a jovem, “mas que nunca tiveram tempo para pensar em casamento porque estavam ocupados demais, salvando pessoas. Então, decidimos que era hora de vocês pensarem em si mesmos”, completou outra. Ritela olhou para Felipe, que estava tão surpreso quanto ela.
“Vocês Vocês estão nos pedindo em casamento?”, perguntou ela, rindo através das lágrimas. “Não”, disse Patrícia, aparecendo do meio do grupo com um sorriso radiante. “Nós estamos organizando o casamento. Felipe já pediu você em casamento ontem à noite.” “O quê?” Riti ela se virou para Felipe. “Você fez o quê?” Felipe sorriu pegando uma pequena caixa do bolso.
Eu ia esperar o momento perfeito, mas aparentemente as meninas acharam que o momento perfeito é agora. Ele se ajoelhou ali mesmo na varanda da fazenda onde tudo havia começado. “Ritiela Santos”, disse ele, abrindo a caixa para revelar um anel simples mais lindo. “Você quer se casar comigo?” O silêncio que se seguiu foi interrompido apenas pelo canto dos passarinhos nos cafezais.
Felipe Oliveira, respondeu ela, estendendo a mão trêmula. Pensei que você nunca fosse perguntar. O grito de alegria das mulheres ecuou pelas montanhas de São Paulo, um som de pura felicidade que se espalhou pelos cafezais como uma bênção. Naquele momento, sob o sol dourado da tarde, com as montanhas como testemunhas e rodeados por mulheres que haviam sobrevivido ao pior que a humanidade podia oferecer, Ritiela e Felipe entenderam que haviam encontrado algo mais valioso que qualquer herança. haviam encontrado um
propósito compartilhado e um amor que nascera das cinzas da tragédia para se tornar uma força transformadora. Teatip, 5 anos depois, o sol da manhã banhava os cafezais da fazenda Santa Rita com uma luz dourada que parecia abençoar cada folha, cada flor, cada momento daquele dia especial.
Ritiela estava na varanda da casa principal, observando os preparativos finais para a cerimônia de formatura da primeira turma oficial do programa de capacitação profissional da fundação. “Mamãe, olha!”, gritou uma voz infantil alegre. Ritela se virou para ver Sofia, sua filha de 3 anos, correndo em direção a ela com um buquê de flores silvestres.
A menina tinha os olhos castanhos esverdeados do pai e o sorriso determinado da mãe. “Que lindas, meu amor”, disse Ritiela, se abaixando para receber o presente. “Você colheu sozinha?” O vovô Carlos me ajudou”, respondeu Sofia, orgulhosa. Carlos apareceu logo atrás, carregando uma cesta com mais flores. Aos 65 anos, completamente sóbrio há mais de 5 anos, ele havia se tornado o avô que Ritiela nunca imaginara que pudesse ser.
“Esta neta sua tem energia para plantar um cafezal inteiro”, disse ele, sorrindo. “Igual à mãe! Onde está papai?”, perguntou Sofia. Terminando de revisar os discursos para a cerimônia, respondeu Ritiela. Vamos procurar ele? Eles encontraram Felipe no escritório, cercado por papéis e relatórios.
A Fundação Ritiela Santos havia crescido tanto que agora operava em 12 estados brasileiros, com parcerias internacionais e reconhecimento da ONU como modelo de combate ao tráfico humano. “Papai”, Sofia correu para os braços dele. “Oi, meu tesouro”, disse Felipe, levantando-a no ar. “Já escolheu as flores para a cerimônia?” “Todas?”, respondeu Sofia batendo palmas.
Felipe”, disse Ritiela se aproximando. “Você precisa parar de trabalhar e se arrumar. A cerimônia começa em duas horas.” “Eu sei, eu sei. É que ainda não acredito no que conseguimos.” Ele mostrou os relatórios. 743 mulheres resgatadas, 86 redes criminosas desmanteladas, 12 estados com programas similares e uma família linda”, acrescentou Carlos, olhando para Sofia com ternura. e uma família linda.
Concordou Felipe, beijando Ritiela suavemente. Duas horas depois, a fazenda estava repleta de gente, autoridades governamentais, representantes de organizações internacionais, famílias das mulheres formandas e centenas de pessoas cujas vidas haviam sido tocadas pela fundação. Ritiela, vestida com um vestido azul simples, mas elegante, subiu ao palco montado no jardim principal. O silêncio se fez imediatamente.
Há 5 anos começou ela, a voz clara e confiante. Eu era uma jovem assustada que havia sido vendida pelo próprio pai. Um murmúrio percorreu a multidão. Hoje olho para esta plateia e vejo algo que jamais imaginei possível. Vejo centenas de mulheres livres, fortes e independentes, que não apenas sobreviveram, mas prosperaram. Aplausos ecoaram pelos cafezais.
Mas quero deixar uma coisa clara. Eu não sou heroína desta história. Cada uma de vocês que teve coragem de denunciar, de recomeçar, de acreditar que merecia uma vida melhor, vocês são as heroínas. Ritiela olhou para Felipe, que estava na primeira fileira segurando Sofia. O amor verdadeiro, continuou ela, não é aquele dos contos de fada, onde um príncipe salva uma princesa.
O amor verdadeiro é quando duas pessoas se salvam mutuamente e depois dedicam suas vidas a salvar outras pessoas. E é isso que fizemos aqui. Transformamos nossa dor em propósito, nossa raiva em ação, nosso amor em uma força que mudou centenas de vidas. Ela fez uma pausa observando as faces atentas na plateia. Patrícia, chamou ela e sua amiga subiu ao palco.
Você plantou a primeira semente de coragem. Carlos chamou ela e seu pai se aproximou, os olhos brilhando de orgulho. Você provou que nunca é tarde demais para mudar e se redimir, seu Miguel. E o fiel motorista se juntou a eles. Você nos mostrou que dignidade e lealdade ainda existem neste mundo. Felipe e seu marido subiu ao palco carregando Sofia.
Você me ensinou que o amor pode florescer nas circunstâncias mais improváveis. Ela pegou Sofia no colo e olhou para a multidão uma última vez. E para todas vocês, mulheres corajosas que estão se formando hoje, lembrem-se, vocês não são vítimas de suas histórias. Vocês são as autoras dos seus futuros. O aplauso foi ensurdecedor, mas Ritiela mal escutava.
Estava pensando na jornada incrível que a trouxera até ali, da casa miserável em São Bento do Sapucaí até este momento de triunfo, cercada por pessoas que amava e que amavam ela. Naquela noite, depois que todos os convidados haviam partido, Ritiela e Felipe caminhavam pelos cafezais sob um céu estrelado. Sofia dormia profundamente nos braços do pai.
“Você se arrepende de alguma coisa?”, perguntou Felipe. Do que meu pai fez? Da dor que passamos, das ameaças de morte? Ritela pensou por um momento. Não, porque sem tudo isso nós nunca teríamos nos encontrado e centenas de mulheres ainda estariam presas em situações terríveis. Às vezes acho que tudo foi orquestrado por uma força maior.
Talvez, ou talvez seja apenas isso que acontece quando pessoas boas decidem transformar tragédia em esperança. Felipe parou de caminhar e olhou para ela. Eu te amo, Ritiela Santos Oliveira. E eu te amo, Felipe Oliveira, para sempre. Eles se beijaram ali entre os pés de café que haviam testemunhado sua história desde o início.
Sofia murmurou algo no sono, um som feliz que ecoou pela noite silenciosa. Ao longe, as luzes da casa principal brilhavam como um farol de esperança. A fazenda Santa Rita não era mais apenas uma propriedade rural, era um símbolo de que o amor pode superar qualquer adversidade, de que a bondade pode vencer a crueldade e de que toda a história, não importa como comece, pode ter um final extraordinário quando é escrita por pessoas que se recusam a desistir.