Você já imaginou acordar no dia do seu casamento, sabendo que não é amada, que seu vestido branco não representa um sonho, mas um pesadelo de seda e rendas? Hoje vou te contar a história de Valentina, uma mulher que descobriu que o amor verdadeiro às vezes nasce onde menos esperamos, no coração de um homem que jurou nunca amar.
Deixa eu te perguntar, de onde você está me assistindo agora? Comenta aí embaixo. E se você gosta de histórias que mexem com o coração, se inscreve no canal e deixa aquele like para fortalecer. Agora vem comigo, porque essa jornada vai te fazer chorar, sorrir e acreditar que todo o coração pode ser transformado. O sol de setembro entrava pelas vitrais góticos da capela particular da mansão Almeida, projetando redemoinhos de luz colorida sobre o mármore italiano, que cobria cada centímetro do piso.
Mas Valentina Costa não via beleza naqueles raios dourados. Ela havia apenas uma prisão luxuosa, um caixão de cristal onde enterraria seus sonhos de menina. Seus dedos tremiam enquanto segurava o buquê de rosas brancas, flores sem perfume, escolhidas pela organizadora de eventos, sem consultá-la.
Tudo naquele casamento havia sido decidido sem sua opinião. A data, o horário, o vestido de renda francesa que custava mais do que seu pai ganhara em um ano inteiro. Até o sabor do bolo fora escolhido por Helena Almeida, a futura sogra de olhar glacial e sorriso inexistente.
“Você está linda, minha filha”, sussurrou Roberto Costa, seu pai ao seu lado. A voz dele carregava uma mistura tóxica de orgulho e culpa. Valentina virou o rosto e encontrou os olhos castanhos do homem que a criara sozinho após a morte da mãe. Olhos que agora brilhavam com lágrimas não derramadas.
“Ah, eu não preciso fazer isso”, ela murmurou, segurando o braço dele com mais força do que o necessário. “A gente pode ir embora agora. Podemos recomeçar em outro lugar, outro estado.” “Não importa”. Roberto fechou os olhos por um longo momento. Quando os abriu novamente, havia ali uma derrota tão profunda que Valentina sentiu o coração se estilhaçar. Valentina, se você não se casar hoje, amanhã não teremos nem onde morar. Fernando Almeida não está fazendo caridade.
Este casamento é a única forma de eu não perder absolutamente tudo. A empresa, a casa, minha dignidade. Ele engoliu em seco. Eu falhei como pai, falhei como empresário. Deixei você chegar a este ponto por minha incompetência. Mas se você fizer isso, pelo menos você terá segurança, nunca passará necessidade. Segurança.
A palavra ecoou na mente de Valentina como um sino funeral. Que tipo de segurança existia em um casamento sem amor? Em dividir a cama com um estranho que a olhava como se ela fosse uma mercadoria adquirida em liquidação. A marcha nupsal começou a tocar. O órgão de tubos, outra extravagância da família Almeida, enchia a capela com acordes solenes que mais pareciam umen.
Valentina cerrou os dentes e forçou um pé à frente, depois outro. A capela estava quase vazia. Apenas algumas dezenas de convidados, todos do lado do noivo, executivos de terno escuro, mulheres com vestidos de grife e expressões entediadas, curiosos da alta sociedade paulistana que vieram apenas para testemunhar mais uma jogada de poder de Fernando Almeida.
Do lado da noiva havia apenas três cadeiras ocupadas, uma tia distante que Valentina mal conhecia, a antiga professora de piano, e Júlia, sua única amiga de verdade, que chorava copiosamente atrás de um lenço de renda. E lá, ao final do corredor interminável, estava ele, Jonas Almeida, 34 anos de arrogância, concentrada em um corpo de 1,85 m de músculos, sob um smoking armani impecável, cabelos negros penteados para trás com gel, mandíbula quadrada e olhos azuis acinzentados que neste momento, fixavam um ponto acima da cabeça dela, como se Valentina fosse transparente, invisível e relevante. Não sorriu quando
ela se aproximou. Não demonstrou qualquer emoção quando Roberto entregou a mão dela na dele. Uma mão grande, quente, de dedos longos, que seguraram os dela com a delicadeza de quem segura um contrato empresarial mecânico, vazio. O padre, um homem idoso, de voz monótona, começou a cerimônia. Valentina mal ouvia as palavras.
Seu coração batia tão alto que abafava tudo ao redor. Ela memorizou cada detalhe do rosto de Jonas em busca de algo, qualquer coisa que indicasse humanidade. Mas havia apenas frieza naqueles olhos que a observavam agora com uma mistura de tédio e impaciência. Jonas Almeida aceita Valentina Costa como sua legítima esposa, para amá-la e respeitá-la na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte o separe. Uma pausa longa demais.
Valentina sentiu o ar escapar dos pulmões. “Aceito”, Jonas respondeu, a voz grave e desprovida de qualquer emoção, como quem confirma um pedido de pizza pelo telefone. Quando chegou a vez dela, Valentina abriu a boca, mas nenhum som saiu.
As lágrimas que segurava a horas finalmente transbordaram, escorrendo pela maquiagem perfeita que a maquiadora havia levado 3 horas para aplicar. Ela sentiu a mão de Jonas se contrair levemente sobre a dela e, por um segundo absurdo, pensou ter visto algo se mover naqueles olhos de gelo. “Aceito”, ela sussurrou, a voz quebrada. “O padre sorriu com satisfação artificial.
Então, pela autoridade que me é concedida, eu os declaro marido e mulher. pode beijar a noiva. Jonas se virou para ela. Valentina ergueu o rosto, fechou os olhos, sentiu o coração disparar em pânico e expectativa e então os lábios dele tocaram os dela. Foi um beijo técnico, rápido, frio.
Um beijo que selava um contrato, não uma promessa de amor. Durou exatamente 3 segundos antes de Jonas se afastar, limpando discretamente a boca com as costas da mão. Valentina abriu os olhos a tempo de ver aquele gesto e soube, com uma certeza devastadora, que acabara de se casar com um homem que a desprezava. Os aplausos ecoaram pela capela.
Jonas segurou o braço dela com firmeza e a conduziu pelo corredor de volta, acenando para os convidados com um sorriso encenado que não alcançava os olhos. Valentina sorriu também, o rosto doendo com o esforço. Quando passaram por Júlia, a amiga estava soluçando sem qualquer disfarce. Do lado de fora, sob o sol implacável de setembro, fotógrafos contratados por Helena disparavam suas câmeras freneticamente.
Jonas puxou Valentina para perto, o braço em volta da cintura dela, em uma pose que pareceria romântica para quem não sentisse atenção no toque dele. “Sorria.” Ele ordenou entre dentes, mantendo o sorriso falso. “Você é uma almeida agora. e Almeidas não demonstram fraqueza em público. Valentina virou o rosto para ele, os olhos ainda úmidos. Eu tenho nome, Valentina? Não, você. Pela primeira vez, Jonas realmente a olhou.
Seus olhos desceram pelo rosto dela, parando nos lábios tremendo, depois voltando aos olhos verdes que o encaravam com uma coragem desesperada. Por um momento, algo indecifrável passou por aquele rosto perfeito. Então, o sorriso falso voltou, ainda mais frio. Valentina, então, bem-vinda à família, minha esposa. Espero que tenha valido a pena vender sua liberdade pelo conforto.
Ele se afastou antes que ela pudesse responder, deixando-a sozinha no meio de estranhos bem vestidos que a analisavam como se fosse uma peça de museu. Valentina sentiu as pernas fraquejarem, mas se forçou a permanecer ereta. O queixo erguido, os ombros para trás. Se ia ser prisioneira, seria uma prisioneira com dignidade. Mas à noite, quando as portas do quarto de casal se fechassem, ela não tinha ideia do pesadelo que a aguardava.
A recepção foi um borrão de champanhe e mochandon, canapés sofisticados que Valentina não conseguiu comer e conversas vazias com pessoas cujos nomes ela esqueceu segundos após as apresentações. Jonas permaneceu ao lado dela como uma estátua de gelo, cumprindo o papel de noivo atencioso, sempre que alguém se aproximava, mas ignorando-a completamente nos intervalos.
Helena Almeida, com seu vestido chanel azul marinho e colar de pérolas que valia mais que um apartamento, circulava pela festa com a elegância de uma rainha, inspecionando seus súditos. Ela parou diante de Valentina apenas uma vez, analisando-a dos pés à cabeça com olhos que não perdoavam imperfeições. “O vestido está adequado”, ela disse, como se oferecesse o maior dos elogios. “Espero que compreenda que ser uma Almeida vem com expectativas”.
Fernando e eu não toleramos escândalos ou comportamentos inadequados. Você representará esta família agora. Sim, senhora. Valentina respondeu a voz tão fria quanto a da sogra. Helena arqueou uma sobrancelha perfeitamente desenhada, surpresa com o tom, mas não comentou. Apenas virou-se e se afastou, o salto Lubutã batendo no mármore com autoridade.
Quando a festa finalmente terminou, já passava das 11 da noite. Valentina sentia os pés latejarem dentro dos sapatos de salto alto que não estava acostumada a usar. Jonas dispensou os últimos convidados com apertos de mão firmes e sorrisos calculados. Então se virou para ela. “Vamos”, ele disse, sem oferecer o braço.
Valentina o seguiu pelas escadas de mármore que levavam ao segundo andar da mansão. O lugar era um labirinto de corredores amplos, paredes decoradas com obras de arte que ela não reconhecia e ilustres que pingavam cristais como lágrimas congeladas. Jonas parou diante de uma porta dupla de mogn entalhado e a abriu.
O quarto era imenso, uma cama que insise dominava o centro, coberta com lençóis de cetim branco que brilhavam sob a luz suave dos abajures. Havia uma lareira apagada em uma parede, poltronas de couro junto às janelas francesas que davam para o jardim e duas portas, uma para o closet, outra para o banheiro de mármore que Valentina conseguia avistar dali.
Jonas entrou e foi direto ao bar particular instalado em um canto. Serviu-se de um whisky escocês que parecia ter idade para votar, enchendo o copo até a metade. Valentina ficou parada na porta, sem saber o que fazer. “Pode entrar.” Jonas disse sem olhar para ela a voz arrastada. É seu quarto também agora. Parte do pacote que seu pai negociou. Valentina cerrou os punhos, entrou e fechou a porta atrás de si, o clique da fechadura ecoando como um tiro no silêncio. “Eu não pedi por nada disso”, ela disse a voz baixa, mas firme.
Jonas virou-se o copo de whisky na mão e, finalmente, a olhou de verdade. Seus olhos deslizaram pelo vestido de noiva, demorando-se em lugares que fizeram Valentina se sentir nua e exposta. Ele deu um gole longo no whisky e se aproximou com passos medidos, como um predador cercando a presa. Não. Ele parou a poucos centímetros dela.
Valentina conseguia sentir o cheiro do álcool misturado com o perfume masculino caro. Então me diga ao esposa, por assinou os papéis? Porque murmurou aceito na frente do padre? Porque meu pai perderia tudo. Ela respondeu, os olhos se enchendo de lágrimas que se recusou a deixar cair. Exatamente. Jonas sorriu, mas não havia humor ali. Você fez uma escolha. Trocou sua liberdade pela segurança financeira da sua família. É uma transação honesta.
Na verdade, eu respeito isso. Ele deu outro gole. Mas não finja que é vítima, Valentina. Você sabia o que estava fazendo quando subiu naquele altar. Você não me conhece”, ela sussurrou, a voz tremendo. “Não sabe nada sobre mim.” Jonas riu. Um som alegria. “Sei tudo o que preciso saber.” Li seu histórico completo.
Valentina Costa, 26 anos, formada em literatura pela USP, nunca trabalhou um dia sequer na vida. Sempre dependeu do dinheiro do papai até ele perder tudo jogando na bolsa de valores. Ele se inclinou, o rosto perigosamente próximo. Você é como todas as outras. só está aqui pelo dinheiro. Valentina ergueu a mão e esbofeteou Jonas com toda a força que tinha.
Já estalo ecoou pelo quarto imenso. A cabeça dele girou para o lado com o impacto, o whisk derramando do copo sobre o tapete persa. Por um longo momento, nenhum dos dois se moveu. Então Jonas virou o rosto de volta, devagar. Uma marca vermelha florescia em sua bochecha. Seus olhos antes frios agora ardiam com algo perigoso. Isso foi um erro.
Ele disse, a voz baixa e controlada, de uma forma que era mais aterrorizante que qualquer grito. Ele pegou o copo vazio e o arremessou contra a lareira. O vidro se estilhaçou em mil pedaços. Valentina recuou instintivamente, o coração disparando. Jonas a seguiu passo a passo, até que as costas dela bateram contra a porta do quarto.
“Você quer bancar a esposa indignada?”, Ele sussurrou as mãos apoiadas na porta de cada lado da cabeça dela, aprisionando-a. Quer fingir que não sabia exatamente o que esse casamento significava? Me solta, Valentina disse, tentando soar firme, mas a voz saiu quebrada. Por quê? Somos marido e mulher agora, legalmente casados. Jonas se aproximou mais, o corpo pressionando levemente contra o dela.
Você sabe quais são os deveres de uma esposa, não sabe? Lágrimas escorreram pelo rosto de Valentina. Ela tentou empurrá-lo, mas era como empurrar uma parede de concreto. “Por favor”, ela sussurrou, a voz se quebrando. “Por favor, não faça isso.” Algo no tom dela, na vulnerabilidade absoluta daquelas palavras, penetrou a névoa de raiva e álcool na mente de Jonas.
Ele piscou como se acordasse de um transe e realmente a viu. Uma mulher aterrorizada, pressionada contra a porta, os olhos verdes enormes de medo genuíno, o corpo tremendo. Jonas se afastou bruscamente, como se ela queimasse. Passou as mãos pelo cabelo, destruindo o penteado perfeito. “Merda”, ele murmurou.
“Merda!” Valentina deslizou a porta abaixo até ficar sentada no chão, os joelhos contra o peito, soluçando sem controle. O vestido de noiva se espalhava ao redor dela, como as pétalas de uma flor murcha. Jonas ficou parado no meio do quarto, observando-a, as mãos ainda nos cabelos. A raiva havia evaporado, substituída por algo que ele não conseguia nomear. Culpa, arrependimento.
Ele não tinha certeza. Fazia tanto tempo, desde que sentira qualquer dessas emoções, que não as reconhecia mais. “Eu não forço mulheres”, ele disse finalmente a voz rouca. Não importa quanto paguei por elas. Valentina ergueu os olhos, o rosto manchado de rímel. Então, o que você quer de mim? Jonas a encarou por um longo momento.
A luz do abajur projetava sombras em seu rosto, tornando impossível decifrar sua expressão. “Eu não sei”, ele respondeu e pela primeira vez naquela noite inteira soou honesto. Ele pegou um travesseiro da cama e uma manta do armário. “Durma na cama. Eu fico no sofá. Antes que Valentina pudesse responder, Jonas saiu do quarto, fechando a porta atrás de si.
Ela ouviu os passos dele se afastando pelo corredor, cada vez mais distantes, até que só restou o silêncio. Valentina ficou sentada no chão por tempo indeterminado, até que o corpo doeu e o choro secou. Então, Trôpega, levantou-se e foi até o banheiro. Olhou-se no espelho e não reconheceu a mulher que a encarava de volta. Maquiagem destruída, cabelo desfeito, olhos vermelhos e inchados.
Era sua noite de núpcias e ela estava sozinha. Mas quando finalmente se deitou na cama enorme, uma parte dela, uma parte minúscula e traiçoeira, sussurrou que Jonas Almeida, no final das contas, não era completamente um monstro. Ele poderia tê-la forçado e não o fez. Era um consolo patético, mas era tudo que ela tinha.
Valentina acordou com o sol invadindo o quarto através das cortinas de seda que alguém devia ter aberto. Por um momento confuso, não soube onde estava. Então, a memória da noite anterior voltou como um soco no estômago. O casamento, a recepção, Jonas, o quarto, o terror. Ela se sentou na cama, o vestido de noiva ainda no corpo, amarrotado e desconfortável.
Seu pescoço doía, a cabeça latejava, olhou ao redor e viu que estava sozinha, nenhum sinal de Jonas. Arrastou-se até o banheiro e tomou um banho longo, deixando a água quente lavar não apenas a sujeira, mas também parte da humilhação. Quando saiu, enrolada em um roupão de seda que encontrou pendurado na porta, descobriu que alguém havia colocado algumas roupas sobre a cama.
Calças jeans, uma blusa simples de algodão, roupas íntimas ainda com etiqueta, vestiu-se mecanicamente e saiu do quarto. A mansão parecia ainda maior à luz do dia. Valentina desceu as escadas, os pés descalços afundando no tapete de corredor e seguiu o som de vozes vindo de algum lugar abaixo.
encontrou a cozinha, um espaço enorme de bancadas de granito, eletrodomésticos de inox e armários planejados que mais parecia um set de revista de decoração. Uma mulher de cerca de 60 anos, cabelos grisalhos presos em um coque, avental florido amarrado na cintura, mexia algo em uma panela no fogão. Ela se virou quando Valentina entrou e sorriu calorosamente.
O primeiro sorriso genuíno que Valentina via desde que chegara à aquela casa. Ah, você acordou, querida. Bom dia. Eu sou dona Maria, a governanta. Trabalho para a família Almeida há mais de 30 anos. Ela limpou as mãos no avental e se aproximou. Deve estar faminta. Senrita Helena disse que você mal comeu ontem na festa. Valentina piscou, surpresa com a gentileza. Eu, bom dia. E sim, estou com fome.
Sente-se. Sente-se. Dona Maria indicou a mesa de café da manhã, já posta com frutas frescas, pães, geleias, sucos naturais. Vou preparar o mexidos. O Senr. Jonas gosta de ovos mexidos no café da manhã. Ao ouvir o nome, Valentina sentiu o estômago se contrair. Onde ele está? saiu cedo para o escritório, disse que tinha reuniões importantes.
Dona Maria voltou ao fogão, mas deixou o recado comigo para garantir que você se alimentasse bem. Valentina não soube o que sentir com essa informação. Preocupação, dever, culpa. Ela se sentou à mesa e serviu-se de suco de laranja, bebendo devagar, enquanto observava dona Maria cozinhar com movimentos precisos de décadas de prática. “Dona Maria?”, Ela começou hesitante.
Você conhece bem o Jonas? A mulher mais velha pausou, a espátula suspensa no ar, então voltou a mexer os ovos. Conheço aquele menino desde que nasceu. Era uma criança tão doce, tão afetuosa. Costumava me seguir pela cozinha, sempre querendo ajudar, sempre rindo. Sua voz se tingiu de tristeza, mas o Senr.
Fernando, ele tinha ideias muito firmes sobre como criar um herdeiro. Disse que carinho deixa homem fraco, que o Jonas precisava aprender a ser forte, implacável. Ela serviu os ovos no prato e colocou diante de Valentina. Ele mudou. Com os anos, foi ficando cada vez mais parecido com o pai, frio, distante. Valentina pegou o garfo, mas não comeu, processando as palavras. Então, ele nem sempre foi assim? Não, querida.
Dona Maria se sentou na cadeira em frente, os olhos gentis fixos nela. Mas às vezes, às vezes eu ainda vejo o menino que ele foi, pequenos momentos, um sorriso de canto quando acha que ninguém está olhando. A forma como ele para para acariciar o velho cachorro dos vizinhos quando está na rua. Ela suspirou. Ele construiu muros, mas os muros podem ser derrubados.
Valentina quis acreditar nisso, mas a memória da noite anterior ainda estava muito fresca. Ela passou o resto da manhã explorando a mansão com a permissão silenciosa de dona Maria. A biblioteca no segundo andar a fascinou. Paredes inteiras de livros do chão ao teto, uma escada de madeira para alcançar os volumes mais altos, poltronas de couro e um abajur antigo que criava uma atmosfera acolhedora.
Ela passou os dedos pelas lombadas, reconhecendo clássicos da literatura brasileira e estrangeira. Foi lá que Jonas a encontrou ao final da tarde. Ela estava tão imersa em um romance de Machado de Assis que não ouviu a porta se abrir. Só percebeu a presença dele quando a voz grave ressoou.
Achei que preferiria roupas de grife ao invés de livros velhos. Valentina levantou os olhos, fechando o livro. Jonas estava na porta, o terno impecável, apesar do dia de trabalho, a gravata ligeiramente afrouxada. Ele segurava uma pasta de couro em uma mão. Seus olhos a estudavam com uma intensidade que a fez se retrair.
“Eu fiz literatura na universidade”, ela disse, mantendo a voz firme. “Livros sempre foram mais importantes para mim que roupas”. Jonas entrou, fechando a porta atrás de si, colocou a pasta sobre a escrivaninha e se aproximou devagar, as mãos nos bolsos da calça. Sobre ontem à noite. Ele começou, então parou como se as palavras fossem difíceis de formar.
Valentina ficou de pé, abraçando o livro contra o peito como um escudo. Você bebeu demais e perdeu o controle. Entendi. Não precisa pedir desculpas. Não vou pedir desculpas. Jonas retrucou e ela sentiu a decepção como uma facada. Mas preciso esclarecer algumas coisas. Ele se aproximou mais. Valentina forçou-se a não recuar.
Você era virgem? Não era uma pergunta, era uma afirmação. Valentina sentiu o rosto esquentar. Um rubor subindo do pescoço até as bochechas. “Como você, lençóis”, ele disse simplesmente. “Havia sangue, não muito, mas o suficiente. A humilhação foi como fogo líquido nas veias de Valentina. E daí? O que isso muda?” Jonas a encarou por um longo momento.
Algo se moveu em seus olhos. Surpresa, talvez, ou incredulidade. Muda que eu assumi algo sobre você que não era verdade. Assumiu que eu era uma caça fortunas experiente que sabia exatamente o que estava fazendo. Valentina cuspiu as palavras. Desculpe decepcionar, mas eu nunca namorei sério.
Nunca tive tempo entre cuidar do meu pai depois que ele começou a beber e estudar para manter a bolsa na universidade. Eu não tinha ideia de como era esse mundo até ser jogada dentro dele. A raiva dela era palpável, vibrando no arre. Jonas não disse nada por um momento. Então, por que não me contou? Contaria como exatamente? Valentina riu sem humor na entrevista de emprego antes do casamento. Ah, só para constar, Senr. Almeida, sou virgem.
Isso muda o preço que você está pagando por mim? Jonas fechou os olhos, um músculo saltando em sua mandíbula. Essa situação é um inferno para ambos. Eu não queria esse casamento tanto quanto você. Então, por que aceitou? Porque meu pai decidiu que é hora de eu ter um herdeiro e ele sempre consegue o que quer.
Jonas respondeu: “Amargura evidente em cada palavra. e seu pai tinha a empresa que ele queria comprar. Foi conveniente para todos, exceto para nós. Valentina colocou o livro sobre a mesa, os dedos tremendo. Então, o que fazemos agora? Ficamos nessa casa enorme, fingindo ser um casal feliz? Por enquanto, sim.
Jonas foi até a janela, observando o jardim lá fora. Contratos foram assinados, expectativas foram criadas. Nós dois temos que aguentar as consequências das escolhas de nossos pais. Escolhas que nós concordamos em aceitar. Valentina acrescentou a voz suave. Jonas virou-se para olhá-la, surpreso de novo. Sim, isso também. Um silêncio desconfortável se estendeu. Valentina quebrou primeiro.
Eu não vou dormir com você. Eu sei. A resposta foi imediata. Não até que você queira, se é que algum dia vai querer. Isso a surpreendeu. Ela o estudou procurando sinais de mentira, mas seus olhos estavam sinceros. E se isso nunca acontecer? Jonas deu de ombros, mas havia tensão em seus ombros. Então teremos um casamento no papel.
Não seria o primeiro. Valentina a sentiu devagar. Não era o que esperava de um relacionamento, nem de longe, mas considerando as circunstâncias, era o melhor acordo que podiam fazer. “Obrigada”, ela disse baixinho. Jonas arqueou uma sobrancelha. Por não me forçar. Essa é uma barra muito baixa para gratidão, Valentina.
Mas a forma como ele disse seu nome desta vez era diferente. Não carregava o veneno de ontem. Era apenas seu nome. E algo dentro do peito dela se acalmou ligeiramente. Ainda assim, obrigada. Jonas assentiu e se dirigiu à porta. Parou com a mão na maçaneta. A biblioteca é sua agora. Use quando quiser.
Então saiu, deixando Valentina sozinha entre os livros e um sentimento confuso que ela não conseguia nomear. Talvez não fosse esperança, mas era alguma coisa. Duas semanas se passaram em uma rotina estranha e desconfortável. Jonas saía cedo para o trabalho e voltava tarde. Eles jantavam juntos em silêncio tenso quando os pais de Jonas vinham visitar.
Helena, observando cada movimento de Valentina com olhos críticos. Fernando fazendo comentários sutis sobre a importância de cumprir os deveres matrimoniais. Em outras noites, Valentina comia sozinha na biblioteca enquanto Jonas trancava-se em seu escritório com papéis e telefone. Dormiam no mesmo quarto agora, uma exigência de Helena, que apareceu certa manhã e declarou que um casal precisa dormir na mesma cama para aparecer um casal, mas com uma distância cuidadosa entre eles.
Valentina ficava na extrema borda direita, Jonas na esquerda. Uma terra de ninguém de lençóis de cetim o separava. Mas pequenas mudanças começavam a surgir, rachaduras imperceptíveis no gelo. Jonas começou a chegar mais cedo, começou a perguntar como tinha sido seu dia. Inicialmente perguntas monossilábicas, mecânicas, mas gradualmente com um interesse genuíno.
Valentina respondia com cautela, construindo lentamente pontes sobre o abismo entre eles. Uma noite, enquanto jantavam, apenas os dois, sem a presença sufocante dos Almeidas seniores, Jonas colocou o garfo e a olhou diretamente. “Você gosta de morar aqui?”, Valentina pausou surpresa com a pergunta. “É muito diferente do que eu estava acostumada.” “Isso não é uma resposta.
” Ela colocou as mãos no colo, escolhendo as palavras cuidadosamente. É bonito, é luxuoso, mas não parece um lar. Parece um museu onde as pessoas dormem. Jonas não pareceu ofendido. Na verdade, uma expressão que poderia ser concordância atravessou o seu rosto. Minha mãe é obsecada por aparências. Tudo aqui é escolhido para impressionar, não para confortar.
Ele bebeu um gole de vinho. Quando eu era criança, não podia correr pela casa, não podia deixar brinquedos espalhados. Tudo tinha que estar perfeito o tempo todo. Era a primeira vez que Jonas compartilhava algo pessoal. Valentina se inclinou ligeiramente para a frente, reciosa de quebrar o momento com um movimento muito brusco.
Isso parece solitário. Era, ele admitiu. Dona Maria era a única pessoa que me deixava ser criança. Ela me escondia na cozinha e me deixava lamber a tigela quando fazia bolo. Um sorriso triste tocou seus lábios. Minha mãe descobriu uma vez e proibiu dona Maria de fazer qualquer doce por um mês inteiro. Valentina sentiu o coração apertar.
Pela primeira vez, viu Jonas não como o homem frio que a desposou, mas como o menino que fora, isolado, controlado, moldado em algo que não queria ser. Você tem irmãos? Não sou filho único. Toda a pressão do legado Almeida recai sobre mim. Ele girou o vinho no copo, observando o líquido rubi. E sobre qualquer filho que eu viera a ter, o não dito pairou entre eles. Valentina engoliu em seco.
Jonas, sobre isso, seu pai mencionou herdeiros várias vezes. Você sabe que eu não estou te pressionando. Jonas interrompeu os olhos encontrando-os dela. Quando eu disse que só aconteceria se você quisesse, eu quis dizer: “Fernando pode ir para o inferno”. A vulgaridade a chocou.
Jonas sempre era tão controlado, tão polido. Ver essa rebeldia, mesmo que pequena, mostrou-lhe um lado diferente dele. “Obrigada”, ela disse novamente. “Pare de me agradecer por não ser um completo cretino, Valentina.” Mas não havia raiva na voz dele, apenas cansaço. Isso deveria ser o mínimo, não o máximo. Naquela noite, quando se deitaram na cama, Jonas quebrou o padrão.
Em vez de virar-se imediatamente para o lado, ele ficou de costas, olhando para o teto. “Você pode decorar a casa como quiser”, ele disse na escuridão. Mudar o que não gosta, trazer suas coisas, torná-la menos um museu. Valentina virou o rosto na direção dele, embora não pudesse ver suas feições no escuro.
De verdade, de verdade, uma pausa. E há uma conta no banco em seu nome. Use para o que precisar. Jonas, eu não preciso do seu dinheiro. Não é meu, é seu. Você é minha esposa. É seu por direito. A palavra esposa não soou mais como uma acusação. Soava quase respeitosa. Eu não sei o que dizer. Não diga nada. Apenas tente ser menos miserável aqui.
Sua voz ficou mais baixa, quase vulnerável. Nós dois já somos infelizes o suficiente. Valentina estendeu a mão na escuridão sem pensar muito, e seus dedos roçaram-os dele no espaço entre eles. Jonas ficou rígido, mas não se afastou. Por um momento interminável, ficaram assim dois estranhos compartilhando o calor das mãos, construindo uma conexão frágil na noite. Então Jonas deslizou a mão para longe, virando-se de lado.
Mas Valentina dormiu melhor naquela noite do que em qualquer outra desde o casamento. Os dias que se seguiram trouxeram mais surpresas. Jonas chegou em casa certa tarde com catálogos de decoração e os entregou à Valentina sem cerimônia. Ela passou horas escolhendo cores mais quentes, tecidos mais convidativos, transformando lentamente aquele mausoléu em algo que lembrava um lar.
Helena ficou horrorizada com as mudanças. “Essas cortinas são muito alegres”, ela disse, torcendo o nariz para as cortinas cor de pêssego que Valentina escolhera para a sala de estar. “Onde estão as pesadas cortinas de veludo? Guardadas.” Jonas respondeu antes que Valentina pudesse. Valentina tem direito de decorar a casa como preferir.
Helena abriu a boca para protestar, mas algo, na expressão de Jonas a fez reconsiderar. Ela partiu com os lábios apertados em uma linha fina de desaprovação. Quando estavam sozinhos novamente, Valentina olhou para Jonas. Você não precisava fazer isso. Sim, precisava. Ele ajustou a gravata ligeiramente desconfortável. Ela não manda mais nesta casa. E foi naquele momento que Valentina percebeu algo assustador. Estava começando a se importar com Jonas Almeida.
Não, amor, ainda estava muito longe disso. Mas um afeto cauteloso, como uma planta frágil brotando em solo pedregoso, era perigoso, porque se ela se importasse muito, ele teria o poder de destruí-la completamente. Mas era tarde demais para voltar atrás. Bianca Monteiro era o tipo de mulher que comandava a atenção ao entrar em uma sala.
Cabelos loiros naturais caindo em ondas perfeitas, corpo escultural em um vestido vermelho que custava o salário anual de três pessoas, lábios carnudos pintados da cor de sangue. Ela tinha sido a amante de Jonas por dois anos. Um relacionamento conveniente para ambos, baseado em atração física e conveniência social, nunca em amor.
O casamento de Jonas com Valentina havia sido um golpe no ego de Bianca. Ela esperava ser a escolhida quando Fernando finalmente pressionasse o filho a se casar. Afinal, seu pai era dono da maior rede de hotéis de luxo do Brasil. Era a união perfeita, poder e beleza, dinheiro e pedigri. Mas Fernando escolhera a filha de um fracassado, uma dom ninguém sem relevância social, sem conexões, sem nada além de um rosto bonito e uma história triste. Era inaceitável.
Bianca tomou um gole de champanhe francês no terraço de seu apartamento em Moema, observando a cidade iluminada lá embaixo. Ao seu lado, Vinícius Montenegro, seou de uma empresa rival da Almeida Incorporações, sorria com malícia. Você tem certeza que quer fazer isso? Ele perguntou a voz suave e perigosa. Jonas não é um homem que perdoa traições.
Ele não vai saber que partiu de mim, Bianca respondeu, virando-se para Vinícius com um sorriso calculado. Vai parecer que a mocinha inocente dele não é tão inocente assim. Vinícius riu. Ele tinha seus próprios motivos para querer destruir Jonas. Três contratos perdidos, dois negócios sabotados e uma humilhação pública em um evento corporativo. Bianca queria vingança emocional. Vinícius queria vingança profissional.
Era uma aliança perfeita. Então, qual é o plano? Bianca pegou o celular e mostrou a Vinícius uma série de fotos. Fotos de Valentina no shopping. Valentina na livraria. Valentina tomando café em um pequeno café que ela descobrira perto da mansão. Ela tem uma rotina. Toda terça e quinta vai a essa livraria na Vila Madalena.
Passa horas lá sozinha. Bianca passou para a próxima foto. Esse é Rafael, um garoto que trabalha como barista no café ao lado. Ele é bonito, charmoso e, mais importante, precisa desesperadamente de dinheiro para pagar a faculdade de medicina. Você quer que ele seduza a esposa do Jonas? Quero que ele finja seduzir.
Bianca ampliou uma foto de Rafael com seus olhos verdes e sorriso encantador. Algumas conversas casuais. Ele oferece carona um dia de chuva. Eles são vistos juntos algumas vezes em público. Então ela passou para a última imagem. Um croqui de uma situação comprometedora, uma foto no momento certo, no ângulo certo e pronto. Jonas vai acreditar.
Jonas tem 34 anos de questões de abandono, cortesia da mãe fria e do pai ausente. Ele sempre espera que as pessoas o decepcionem. Bianca sorriu confiante. Ele vai acreditar porque no fundo ele já está esperando que ela o deixe, que ela o traia, que prove que ele estava certo em não confiar em ninguém. Vinícius assentiu lentamente. Quanto você está pagando ao garoto? 50.000. Metade agora.
Metade quando a foto for entregue, Bianca guardou o telefone. Você vai se encarregar de garantir que Jonas veja a foto anonimamente, claro. Um envelope misterioso em sua mesa, sem remetente. E quando o casamento explodir, o que você ganha? Bianca virou-se para a cidade novamente, os olhos brilhando com determinação. Jonas vai precisar de consolo e eu estarei lá, como sempre estive.
Ele vai perceber que nunca deveria ter me deixado por uma garota insignificante que o traiu na primeira oportunidade. Era um plano meticuloso, cruel e perfeitamente executável. Vinícius estendeu a mão e Bianca a apertou. Aos inimigos em comum, ele brindou. Aos inimigos em comum. Bianca repetiu. E nas sombras de São Paulo, a armadilha começou a ser montada fio por fio, esperando apenas que a presa inocente tropeçasse.
Valentina descobrira a livraria Páginas Perdidas por acaso em uma de suas caminhadas pela Vila Madalena. Era um estabelecimento pequeno, espremido entre um café artesanal e uma galeria de arte, com estantes de madeira que iam do chão ao teto e um cheiro maravilhoso de papel velho e café fresco, tornou-se seu santuário.
Toda terça e quinta-feira ela pegava um Uber e passava horas percorrendo as prateleiras, escolhendo livros que Jonas insistia em comprar para ela, embora ela protestasse que já tinha lido demais. Então leia de novo”, ele dizia, deslizando o cartão de crédito sem olhar o preço. “Bons livros merecem segunda leitura”. Era nesses pequenos gestos que Valentina via o homem por trás da máscara, o homem que deixava café feito pela manhã antes de sair, que perguntava sobre os livros que ela estava lendo, que certa noite sentou-se na biblioteca e pediu que ela lesse em voz alta, porque sua voz era melhor que o silêncio. Eles ainda não tinham intimidade física. Além de
abraços acidentais e mãos roçando no corredor, mas havia uma conexão se formando, frágil como vidro e preciosa como ouro. Foi nesse estado de vulnerabilidade emocional que Valentina conheceu Rafael. Ele era barista no café ao lado da livraria e toda vez que ela ia a páginas perdidas, ele servia seu café, sempre um cappuccino com canela extra, exatamente como ela gostava.
Rafael era jovem, talvez 23 anos, com cabelos escuros encaracolados e olhos verdes que brilhavam quando sorria. “Mais um livro?” Ele brincou certa quinta-feira, servindo o cappuccino. “Logo você vai precisar de uma biblioteca só para os que compra aqui.” Valentina riu, o som natural e despreocupado. “Já tenho. Meu marido transformou um dos quartos em biblioteca particular.
A menção de Jonas deveria ter sido suficiente, mas Rafael não recuou como instruído por Bianca. Marido com sorte. Então, nem todo homem entende que livros são investimento no coração. Ele piscou, amigável, não exatamente flertando, mas beirando a linha. Seu marido é leitor também? Está aprendendo a ser.
Valentina respondeu pensando nas noites em que Jonas ficava acordado lendo os livros que ela recomendava, só para poder conversar com ela sobre eles. As conversas com Rafael tornaram-se parte da rotina. Ele sempre tinha uma recomendação de livro. sempre sabia fazer ela rir. Valentina não via mal nisso.
Era apenas uma amizade casual com o barista simpático do café. Mas Bianca via e fotografava. Três semanas depois do primeiro encontro em uma quinta-feira chuvosa, Valentina estava pronta para chamar um Uber quando Rafael apareceu. Chaves do carro na mão. Esse temporal não vai passar tão cedo ele disse, apontando para o céu cinzento.
Posso te dar carona? Não é seguro você ficar esperando Uber na rua com essa chuva. Valentina hesitou, mas a chuva caía forte, encharcando em segundos qualquer um que se aventurasse fora. E Rafael era apenas um amigo. Não havia mal nisso. Se não for incômodo nenhum. Meu carro está ali. Rafael abriu um guarda-chuva grande. Vamos.
Eles correram até o carro, rindo quando a água ainda conseguiu molhá-los. Rafael abriu a porta do passageiro e Valentina entrou. Sacudindo a água do cabelo, ele contornou e entrou do lado do motorista. O que Valentina não viu foi a câmera escondida no banco de trás, programada para disparar automaticamente. O ângulo era perfeito.
Parecia que eles estavam muito mais próximos do que realmente estavam, que Rafael a tocava de forma íntima, quando, na verdade, apenas segurava o guarda-chuva. Rafael a levou até a mansão Almeida, mantendo conversa leve o caminho todo. Quando pararam em frente aos portões imponentes, Valentina se virou para ele com um sorriso genuíno. Obrigada. Você me salvou de ficar encharcada. De nada.
Rafael sorriu de volta, mas havia algo estranho em seus olhos. Culpa, talvez. Cuide-se, Valentina. Ela saiu do carro e correu até a porta principal. Não olhou para trás. não viu Rafael pegar a câmera e revisar as fotos com expressão sombria. R$ 50.000. Ele estava fazendo isso por R$ 50.000 e pela promessa de que ninguém se machucaria de verdade.
Mas olhando para as fotos agora, fotos que pareciam mostrar uma intimidade que nunca existiu, Rafael sentiu o peso da culpa esmagar seu peito, mas era tarde demais. O plano já estava em movimento e na manhã seguinte um envelope sem remetente seria deixado na mesa de Jonas Almeida, contendo as fotos que destruiriam tudo que ele e Valentina estavam construindo, tijolo por tijolo.
Jonas chegou ao escritório na Avenida Paulista às 7 da manhã, como sempre. O edifício de vidro e aço era o símbolo físico do Império Almeida. 40 andares de poder corporativo, cada janela refletindo o sol nascente de São Paulo. Seu escritório ficava no último andar, com vista panorâmica da cidade que nunca dormia.
César, seu assistente pessoal há mais de 10 anos, já estava lá organizando papéis. Era um homem magro de 40 e poucos anos, discreto e eficiente, que sabia tudo sobre Jonas, inclusive os segredos que não eram discutidos. Bom dia, Jonas. César cumprimentou erguendo os olhos do computador. Seu café está na mesa e confirmei todas as reuniões do dia. Tem duas videoconferências com investidores de Londres às 9 e às 11, almoço com o departamento jurídico ao meio-dia e Jonas acenou distraídamente, já foliando os relatórios, mas parou quando notou o envelope pardo no centro de sua mesa,
simples, sem identificação, selado. O que é isso? César franziu a testa. Não sei. Não estava aqui quando preparei seu escritório ontem à noite. Deve ter sido deixado pela segurança esta manhã. Jonas pegou o envelope virando-o nas mãos. Nenhum nome, nenhum logo, apenas um envelope comum.
Ele o abriu com o abre cartas de prata gravado com suas iniciais, sacudindo o conteúdo sobre a mesa, fotografias, cerca de uma dúzia delas. Por um momento, Jonas não processou o que via. Então, o mundo desmoronou. Valentina. Sua esposa rindo com um homem jovem e bonito em um café. Valentina entrando no carro dele na chuva.
Valentina e ele sentados tão próximos que podiam estar se beijando. Valentina com uma expressão no rosto que Jonas nunca tinha visto. Relaxada, genuinamente feliz. As fotos caíram de suas mãos. Seu coração martelava contra as costelas. um ritmo doloroso e descompassado. Não podia respirar, não conseguia pensar, apenas sentir uma dor lancinante que começou no peito e se espalhou como veneno por cada nervo, cada célula.
“Jonas!” A voz de César parecia vir de muito longe. “O que aconteceu?” Jonas não respondeu, pegou uma das fotos, aquela onde Valentina sorria para o homem com tanta ternura que parecia perfurar seu coração com agulhas quentes. Ela nunca olhara para Jonas daquele jeito, nunca sorrira para ele com tamanha liberdade. Claro que não. Uma voz venenosa sussurrou em sua mente. Você a comprou.
Você a prendeu em uma gaiola de ouro. Por que ela sorriria para você quando poderia ter isso? um homem que a escolheu livremente. César pegou uma das fotos do chão. Seu rosto empalideceu. Jonas, isso isso não pode ser real. Valentina não faria. Cala a boca. Jonas rugiu, a voz ecuando pelas paredes de vidro. César recuou chocado.
Jonas nunca gritava. Nunca perdia controle. Saia agora. Cancele tudo. Não me perturbe pelo resto do dia, mas as reuniões. Eu disse para sair. César saiu rapidamente fechando a porta. Jonas ficou sozinho com as fotografias espalhadas em sua mesa, cada uma a uma facada nova em sua alma.
Ele passou horas ali apenas olhando, tentando entender, tentando encontrar uma explicação que não destruísse completamente a frágil esperança que havia começado a construir, mas não conseguia. As provas estavam ali innegáveis. Valentina o havia traído tão rápido, tão facilmente. Você pensou que ela estava começando a se importar com você. Ele riu amargamente para si mesmo.
Idiota. Ela estava apenas esperando alguém melhor aparecer, alguém que ela realmente quisesse. A dor se transformou em raiva, raiva contra Valentina, contra si mesmo, por ter sido tolo o suficiente para acreditar que algo real poderia crescer entre eles. A raiva era melhor que a dor.
A raiva não te deixava vulnerável. Pegou o celular e ligou para Valentina. Ela atendeu no terceiro toque. Oi? A voz dela era leve, feliz. Você não costuma ligar durante o dia. Tudo bem, volte para casa agora. Cada palavra era uma lasca de gelo, uma pausa. Ele podia imaginar a expressão dela mudando, a preocupação se instalando.
Jonas, o que aconteceu? Você está bem? Eu disse para voltar para casa. Tenho algo para discutir com você. Algo urgente. Está bem. Estou a caminho. Ela hesitou. Jonas, você está me assustando? Ele desligou sem responder, guardou as fotos de volta no envelope e o colocou dentro da pasta.
Saiu do escritório ignorando César e dirigiu para casa em silêncio mortal, as mãos apertando o volante até os nós dos dedos ficarem brancos. Quando chegou à mansão, Valentina já estava esperando na sala de estar, as mãos entrelaçadas no colo, os olhos preocupados. Ela se levantou quando ele entrou. Jonas, o que? Ele jogou o envelope na mesa de centro. As fotos se espalharam como cartas de baralho, face para cima, condenando-a.
Valentina olhou para baixo e empalideceu. O que é isso? Ela sussurrou. Você me diz. Jonas retrucou a voz perigosamente calma. Você me diz quem é esse homem e por você está sorrindo para ele como se ele fosse o sol e você uma flor morrendo de sede? Valentina pegou uma das fotos, as mãos tremendo. Isso não é Jonas, isso é o Rafael.
Ele é apenas o barista do café, perto da livraria. Nós conversamos às vezes, mas nunca, nunca o quê? Nunca entrou no carro dele? Nunca se sentou ao lado dele sorrindo? Jonas apontou para as fotos. Porque essas imagens dizem o contrário. Ele me deu carona uma vez. Estava chovendo e uma vez Jonas riu. Um som sem humor.
Há 12 fotos aqui, Valentina, de dias diferentes, roupas diferentes. Isso não é apenas uma vez. Lágrimas brotaram dos olhos de Valentina. Jonas, por favor, você tem que acreditar em mim. Isso não é o que parece. Ele é só um amigo. Eu nunca voz de Jonas explodiu. Você tem a audácia de me dizer que ele é um amigo quando está sorrindo para ele dessa forma, quando está no carro dele enquanto deveria estar em casa como uma esposa fiel? Eu sou fiel a você.
Valentina gritou de volta, as lágrimas correndo livre agora. Eu nunca o traí. Nunca sequer pensei em te trair. Jonas se aproximou, os olhos ardendo com dor e raiva. Eu comecei a confiar em você, sabia? Sua voz quebrou levemente. Eu estava começando a acreditar que talvez, talvez nós pudéssemos ter algo real, que você era diferente, mas você é como todas as outras. Você só estava esperando por algo melhor.
Não, Jonas, não. Valentina estendeu as mãos para ele, mas Jonas recuou como se o toque dela queimasse. Por favor, me deixe explicar. Essas fotos são de conversas inocentes. Alguém está distorcendo tudo. Então me explique isso. Jonas pegou a foto onde eles estavam no carro tão próximos.
Explique porque vocês parecem estar prestes a se beijar. Valentina olhou para a foto e seu coração afundou. O ângulo, a iluminação parecia realmente íntimo, mas não era. Ela sabia que não era. Jonas, essa foto foi tirada de um ângulo enganoso. Nós não estávamos próximos assim. Ele apenas segurava o guarda-chuva. E chega. Jonas virou-se incapaz de olhar para ela.
Chega de mentiras. Eu não estou mentindo. Valentina gritou desesperada. Alguém está fazendo isso parecer pior do que é. Alguém quer nos separar. Jonas riu amargamente. Paranoia agora. Talvez você seja uma atriz melhor do que pensei. Valentina sentiu algo quebrar dentro de si.
a dor, a injustiça, a impotência de tentar provar algo que ela nem deveria ter que provar. “Eu te amo!”, as palavras saíram antes que ela pudesse impedi-las. Ficaram suspensas no ar entre eles, cruas e vulneráveis. Jonas congelou, virou-se lentamente. “O que você disse? Eu te amo.” Valentina chorava tanto que mal conseguia falar. “Eu sei que não deveria.
Eu sei que isso começou como um contrato, como um negócio, mas nas últimas semanas eu vi quem você realmente é. Vi o homem gentil que deixa café pronto para mim. O homem que compra meus livros e me escuta ler. O homem que está tentando ser melhor. E eu me apaixonei por esse homem. Então, por favor, por favor, acredite em mim quando digo que nunca te traí. O silêncio que se seguiu foi absoluto.
Jonas a encarava, algo terrível se movendo em seus olhos, uma batalha entre o que queria acreditar e o que as fotos mostravam. Finalmente ele falou, e sua voz era um deserto árido. Saia da minha casa, Jonas. Saia. Ele pegou o vaso de cristal mais próximo e o arremessou contra a parede. O vidro explodiu em mil pedaços. Pegue suas coisas e saia.
Eu não quero ver seu rosto nunca mais. Valentina cambaleou para trás. A dor no rosto dele era tão brutal que doía vê-la, mas a raiva era pior. A rejeição era insuportável. “Se eu sair, não vou voltar”, ela sussurrou. “Ótimo. Perfeito. Vá para os braços do seu amante, já que é o que claramente quer.” Valentina a sentiu lentamente, as lágrimas secando em seu rosto. Havia uma calma estranha se instalando nela agora.
A calma da desistência, da aceitação da derrota. Um dia, quando você descobrir a verdade, vai perceber o erro terrível que cometeu hoje. Eu já sei a verdade. Jonas apontou para as fotos. Está bem aqui em cores vívidas. Valentina olhou para ele uma última vez, memorizando cada detalhe daquele rosto que amava, as linhas ao redor dos olhos, a cicatriz pequena no queixo, a forma dos lábios que nunca a beijaram com amor. Adeus, Jonas.
Ela subiu às escadas, arrumou uma mala com o mínimo necessário e deixou a mansão Almeida. Não olhou para trás. Não podia, porque se olhasse veria Jonas desmoronando no chão da sala, a cabeça entre as mãos, soluçando como não fazia desde criança. Veria o homem que destruíra a única coisa real que já tivera por medo de que já estivesse destruída.
E em algum lugar de São Paulo, Bianca Monteiro brindava com champanhe, satisfeita. Enquanto o coração de Jonas sangrava pedaço por pedaço, Valentina dirigiu por 4 horas sem parar, as lágrimas eventualmente secando em trilhas de sal em suas bochechas. Campos do Jordão emergiu da neblina serrana, como um refúgio de conto de fadas.
Chalés de madeira com telhados inclinados, ruas arborizadas, o ar frio da montanha cortando seus pulmões. Quando finalmente saiu do carro, alugou um chalé pequeno na periferia da cidade turística, um lugar esquecido e humilde, com lareira de pedra, móveis antigos e janelas que davam para um bosque de araucárias. Era o oposto da mansão Almeida, pequeno, simples e maravilhosamente silencioso. Nos primeiros dias, ela mal conseguia sair da cama.
A dor era física, uma pressão constante no peito que dificultava a respiração. Ela reviveu a cena repetidas vezes, as fotos, o olhar de Jonas, as palavras cruéis, o vaso se estilhaçando e suas próprias palavras, aquela confissão que nunca deveria ter feito. Eu te amo. Como pode ser tão tola? Como poôde se apaixonar por um homem que a comprou como se fosse propriedade? Mas o pior era que mesmo agora, mesmo depois de tudo, seu coração ainda pulsava o nome dele.
Uma semana depois de chegar, Valentina descobriu a livraria local Refúgio das Letras, apropriadamente chamada. O dono era um senhor idoso chamado seu Antônio, que não fez perguntas quando ela perguntou se ele precisava de ajuda. “Sempre preciso de mãos dispostas”, ele disse, sorrindo com gentileza. Mas você parece alguém que está fugindo de alguma coisa. Estou. Valentina admitiu.
Não havia sentido em mentir. De um casamento que explodiu, seu Antônio assentiu como se entendesse profundamente. Livros são bons companheiros para corações partidos. Eles nunca te julgam. Comece amanhã. E assim Valentina encontrou uma rotina.
acordava cedo, caminhava até a livraria, passava o dia entre estantes e clientes, voltava para o chalé quando o sol se punha atrás das montanhas. À noite acendia a lareira e lia até o cansaço vencer a insônia. Foi três semanas depois, em uma manhã particularmente fria de outubro, que ela vomitou pela primeira vez, depois, na manhã seguinte e, na outra levou mais quatro dias para ela comprar o teste de gravidez na farmácia, as mãos tremendo tanto que quase derrubou a caixinha. Levou mais duas horas para reunir coragem e fazer o teste. Duas linhas.
Positivo. Valentina deslizou até o chão do banheiro, o teste ainda na mão, e chorou. Chorou pela criança que crescia dentro dela. Chorou por Jonas, que nunca saberia que tinha um filho. Chorou por ela mesma, uma mãe solteira aos 26 anos, sozinha em uma cidade estranha. Mas no meio das lágrimas algo mais nasceu. Uma determinação férrea, uma promessa.
Este bebê será amado. Este bebê terá tudo que eu não tive e eu vou ser forte porque não tenho escolha. Ela marcou uma consulta com um obstetra local. Doutor Henrique, um homem de meia idade com olhos bondosos que não julgou quando ela disse que o pai não estava envolvido. “Você tem cinco semanas”, ele informou após o ultrassom.
“Está tudo bem até agora. O bebê é forte. Ele lhe entregou vitaminas pré-natais. Volte em um mês.” Valentina tocou a barriga ainda plana, maravilhada. “Cinco semanas. O bebê fora concebido?”, ela contou nos dedos. Não, não fora. Eles nunca tinham. Então como? O médico viu sua confusão e franziu a testa.
Você tem dúvidas sobre a concepção? Eu, meu marido e eu, nós nunca realmente, ela parou, a realização a atingindo como um raio. A noite de nupcias. Jonas, embriagado, tinha a tocado, não completamente, não da forma que ela temera, mas tinha havido contato breve, superficial, mas aparentemente suficiente.
É possível engravidar sem penetração completa”, o médico explicou gentilmente, lendo sua expressão. “É raro, mas possível se houver contato com Entendo.” Valentina interrompeu o rosto em chamas. Obrigada, doutor. Então, era filho de Jonas, definitivamente o único homem que já a tocara, mesmo que por segundos naquela noite terrível.
A pergunta era: Ele merecia saber? Durante semanas, Valentina lutou com isso. Jonas a expulsara. Jonas não acreditara nela. Jonas escolhera fotos manipuladas ao invés da verdade que ela oferecera. Mas era o pai. E o bebê merecia ter um pai, mesmo que esse pai fosse um covarde que não confiou na própria esposa, ela comprou um telefone novo, um número que Jonas não conhecia. Digitou a mensagem, apagou, digitou de novo, apagou.
Finalmente, em uma noite de insônia, quando o bebê parecia chutar, impossível naquele estágio, ela sabia, mas jurava que sentia, ela escreveu: “Estou grávida. É seu. Não estou pedindo nada. Só achei que você deveria saber, mas no momento de apertar enviar, ela bloqueou. A coragem falhou. Jonas não merecia saber.
Não ainda não até que ela estivesse pronta para enfrentá-lo sem desmoronar. Ela apagou a mensagem e trancou o celular. Enquanto isso, em São Paulo, Jonas estava se destruindo lentamente. Trabalhava 20 horas por dia, mal comia, bebia whisky até desmaiar. César estava preocupado. Dona Maria estava desesperada. Você precisa comer, Jonas”, ela implorava, colocando pratos que ele ignorava.
“Preciso trabalhar”, ele respondia, os olhos vazios. Helena e Fernando notaram a mudança, mas não comentaram. Para eles, era simplesmente o casamento que falhou, como tantos outros, sem importância. Mas para Jonas era o fim do mundo, porque toda a noite, quando fechava os olhos, via Valentina, via os olhos verdes cheios de lágrimas. ouvia as palavras que ela dissera: “Eu te amo”.
E uma parte dele, uma parte traiçoeira e dolorosa, sussurrava: “E se ela estivesse dizendo a verdade?” Mas então via as fotos novamente e a dor voltava, ainda mais brutal. Ele não sabia que a verdade estava sendo guardada no coração de uma mulher a 200 km de distância, crescendo junto com uma nova vida. E o tempo continuava passando.
César não era um homem dado à desobediência. Em 10 anos, como assistente pessoal de Jonas, seguira cada ordem sem questionar, mantivera cada segredo, resolvera cada problema com eficiência silenciosa. Mas ver Jonas se destruir dia após dia o estava matando por dentro. E havia algo errado com aquelas fotos, algo que incomodava César desde o momento em que as vira.
O ângulo muito perfeito, o timing muito conveniente, a forma como apareceram anonimamente logo depois que Jonas e Valentina começavam a se aproximar, ele decidiu investigar discretamente. Começou com o óbvio, ligou para a segurança do prédio, pedindo as imagens das câmeras da manhã em que o envelope apareceu.
Levou três dias de negociação e um suborno generoso, mas finalmente teve acesso às gravações. um entregador, nenhuma identificação na empresa. César conseguiu rastrear a placa do veículo registrada em uma empresa de serviços temporários. Mais dois dias, mais alguns subornos e ele tinha um nome, Rafael Mendes. Google trouxe resultados interessantes.
Rafael Mendes, 23 anos, estudante de medicina, trabalhava como barista em um café na Vila Madalena, o mesmo bairro onde Valentina costumava ir à livraria. César foi até o café em um sábado, pediu um cappuccino e observou Rafael trabalhar. O rapaz parecia nervoso, inquieto, derrubou um copo, queimou um pedido. Não era o comportamento de alguém com a consciência limpa.
Quando Rafael saiu para sua pausa, César o seguiu até o beco atrás do café. Rafael Mendes ele disse, fazendo o rapaz pular de susto. Quem quer saber? Alguém que está disposto a pagar para você me contar a verdade sobre as fotos que tirou de Valentina Costa Almeida. O rosto de Rafael perdeu toda a cor. Ele tentou correr, mas César o bloqueou. O assistente era magro, mas tinha sido campeão de judô na juventude.
Eu não fiz nada de errado. Rafael balbuceou. Então, por que está fugindo? César cruzou os braços. Escuta, garoto. Jonas Almeida é um homem poderoso e muito ferido. Se descobrir por conta própria que você foi parte de uma armação, não vai ter piedade. Mas se você me contar tudo agora, posso proteger você. Rafael olhou para o chão, lutando internamente.
Então, as palavras começaram a sair atropeladas e desesperadas. Ela me ofereceu R$ 50.000. Eu preciso pagar a faculdade de medicina. Minha mãe está doente. Eu não sabia que ia machucar alguém de verdade. Ela disse que era só uma brincadeira, que ninguém sairia ferido. Quem? Quem te ofereceu o dinheiro? Bianca Monteiro. Rafael ergueu os olhos, lágrimas começando a formar.
Ela me procurou, disse que precisava de ajuda para dar uma lição no ex-namorado, que tudo ia ser encenado, ninguém sofreria. Mas depois que entreguei as fotos, eu vi a cara de Valentina na TV em uma nota sobre a esposa do bilionário que abandonou o marido. Ela parecia destruída e eu percebi que fui um idiota, um monstro.
César gravava tudo no celular, escondido no bolso. E Bianca, ela agiu sozinha? Não tinha um homem com ela, Vinícius, alguma coisa. Ele foi quem sugeriu o ângulo das fotos, quem disse onde deixar o envelope. Vinícius Montenegro, o rival empresarial de Jonas. As peças se encaixavam perfeitamente. Você tem provas dessa conversa com Bianca? Mensagens, e-mails.
Rafael pegou o celular com mãos trementes e mostrou os e-mails, os detalhes do pagamento, as instruções fotográficas. Tudo estava ali meticulosamente documentado, porque Bianca, na arrogância, não imaginou que Rafael guardaria evidências. César copiou tudo para um pen drive que sempre carregava. Você vai testemunhar, vai assinar uma declaração contando toda a verdade.
Eles vão me processar, me destruir, possivelmente, César concordou, mas Jonas vai te destruir de qualquer jeito quando descobrir. Pelo menos assim, você tem uma chance de sair com alguma dignidade intacta e eu vou garantir que você receba proteção legal. Rafael assentiu miseravelmente. César o levou direto a um cartório onde Rafael escreveu e assinou uma declaração completa de sua participação na fraude.
César conseguiu autenticação de tudo. O próximo passo foi dona Maria. “Eu sabia”, ela exclamou quando César apareceu na mansão com as provas. “Eu sabia que aquela menina doce nunca trairia Jonas. Ela o amava. via nos olhos dela toda vez que olhava para ele. Precisamos contar a Jonas agora. Dona Maria olhou o relógio.
Eram quase 10 da noite. Agora César disse firmemente, cada minuto que ele passa acreditando em uma mentira é um minuto roubado dele e de Valentina. Eles foram ao escritório de Jonas no andar de cima. Ele estava afundado na cadeira, um copo de whisky na mão, papéis espalhados ao redor ignorados. Parecia um cadáver.
Olhos fundos, rosto sem barbear, a camisa amarrotada. “Jonas”, César disse entrando sem bater. “Precisamos conversar. Vai embora, César.” A voz estava arrastada de álcool e exaustão. “Não, porque Valentina não te traiu e eu tenho as provas.” Jonas ficou imóvel, então, devagar, colocou o copo sobre a mesa e ergueu os olhos.
“O que você disse?” César jogou o pen drive na mesa, seguido das declarações impressas e autenticadas. Bianca Monteiro e Vinícius Montenegro armaram tudo. Pagaram Rafael Mendes para encenar um relacionamento com Valentina. Tiraram fotos de ângulos manipulados e te entregaram como presente envenenado. Valentina nunca te traiu nem uma vez.
Jonas pegou os papéis com mãos trêmulas. Leu, releu, a cor drenou de seu rosto. Não, não, isso não pode. É verdade, Jonas. Dona Maria disse suavemente, lágrimas escorrendo. Aquela menina te amava e você a expulsou. Quebrou o coração dela baseado em mentiras. Jonas deixou os papéis caírem. Passou as mãos pelo cabelo bagunçado, depois pelo rosto, como se pudesse acordar de um pesadelo.
O que eu fiz? Ele sussurrou. Meu Deus, o que eu fiz? Você acreditou no pior em vez de confiar nela? César disse sem poupar Jonas. Você deixou suas inseguranças e seu medo de abandono decidirem por você. Eu tenho que encontrá-la. Jonas se levantou bruscamente, derrubando a cadeira. Onde ela está? Alguém sabe? Não. César admitiu. Ela desapareceu.
Não usa cartões. Não ligou para ninguém. É como se quisesse sumir completamente. Jonas sentiu o pânico apertar sua garganta. Me ajudem a encontrá-la. Paguem detetives particulares, hacker, se preciso. Não me importa quanto custe ou quanto tempo leve. Eu preciso encontrar Valentina e implorar perdão de joelho, se for necessário.
E Bianca, Vinícius? César perguntou. Os olhos de Jonas se tornaram frios, toda a dor temporariamente congelada por raiva pura. Processe ambos. Difamação, conspiração, tudo que os advogados conseguirem. Quero que paguem por cada lágrima que Valentina derramou por causa deles. E minha também, César assentiu satisfeito.
Esse era o Jonas que conhecia, implacável quando necessário, mas por motivos justos agora. Vou começar imediatamente. Quando César saiu, Jonas desmoronou novamente. Dona Maria se aproximou e, pela primeira vez, desde que ele era pequeno, abraçou o homem que criara. Jonas se agarrou a ela e chorou como não fazia há décadas. Eu a perdi,
Maria. Eu a perdi. Ainda não ela disse firmemente, acariciando seus cabelos. Você ainda tem tempo. Você tem que ter fé que o amor de vocês é mais forte que o erro terrível que você cometeu. Mas Jonas não tinha tanta certeza e, enquanto chorava nos braços da única mãe que realmente tivera em Campos do Jordão, Valentina acordava com outra onda de náusea matinal.
O bebê crescia, o tempo passava e a distância entre eles parecia intransponível. Levou duas semanas para os detetives particulares rastrearem Valentina até Campos do Jordão. Jonas fez as malas na hora que recebeu o endereço, ignorando os protestos de César sobre reuniões importantes e compromissos que não podiam ser adiados.
“Nada é mais importante que isso”, Jonas disse já entrando no carro. Remarque tudo. A viagem pareceu durar uma eternidade. Cada quilômetro era uma tortura. Cada semáforo um obstáculo cruel. Jonas ensaiou mentalmente o que diria mil vezes, mas todas as palavras pareciam insuficientes. Como se pede perdão por destruir o coração de alguém? Como se reconstrói confiança depois de jogá-la fora? Campos do Jordão estava linda no final de outubro, as árvores em tons de dourado e vermelho, o ar frio perfumado com pinho e terra molhada. Jonas seguiu o GPS até um chalé modesto no fim de uma
rua de paralelepípedos, tão diferente da mansão que ela deixara. Seu coração disparou, as mãos suavam. Quando foi a última vez que sentira medo assim? Nunca, nem nas negociações mais arriscadas, nem nas brigas com Fernando. Esse era um medo diferente, o medo de ter perdido a única coisa que realmente importava. Bateu na porta, esperou nada.
Bateu novamente. Valentina, ele chamou. Valentina, por favor, eu sei que você está aí. Eu só preciso conversar. Silêncio. Mas ele sentiu um movimento atrás da porta. Ela estava ali ouvindo, decidindo se ele merecia ou não sua atenção. Eu descobri a verdade. Jonas continuou, a voz quebrando, sobre as fotos, sobre Bianca e Vinícius, sobre tudo. Você estava certa.
Alguém estava nos sabotando. E eu eu fui um idiota cego que acreditou em mentiras em vez de acreditar em você. A porta se abriu levemente. Valentina apareceu na fresta e Jonas sentiu o mundo parar. Ela estava mais magra, o rosto marcado por noites mal dormidas, mas ainda era a mulher mais linda que ele já vira.
Seus olhos verdes, antes tão cheios de vida quando o olhavam, agora estavam cansados, guardados, protegidos, e sua mão repousava protetoramente sobre a barriga, onde um volume pequeno, mas innegável, crescia. Jonas olhou, olhou novamente. Seu cérebro demorou preciosos segundos para processar. Você está Você está grávida? Não era uma pergunta, era uma constatação chocada.
Valentina não respondeu, apenas o olhou com uma expressão que Jonas não conseguia decifrar. É meu! As palavras saíram ásperas, então ele se encolheu, percebendo como soavam. Desculpa. Claro que é meu. Você nunca Nós Ele passou as mãos pelo cabelo. Quando você ia me contar? Nunca.
Valentina disse simplesmente: “Sua voz era diferente, mais dura, mais forte. Você deixou bem claro que não confiava em mim, que acreditava que eu o trairia na primeira oportunidade, porque eu deixaria esse bebê perto de alguém que pensa tão mal de mim.” A verdade nas palavras dela foi como um soco no estômago de Jonas. “Você tem todo o direito de me odiar. Eu não te odeio, Jonas.
” Ela abriu a porta completamente, revelando o chalé simples atrás dela. Oiar requer energia que não tenho mais. Estou apenas cansada. Cansada de sofrer, cansada de tentar provar algo que não deveria ter que provar. Jonas deu um passo à frente. Valentina não recuou, mas seu corpo se tensionou. Me deixa entrar, por favor. Só 5 minutos.
Se depois você quiser que eu vá embora e nunca mais volte, eu juro que vou, mas me dá essa chance. Valentina o estudou por um longo momento, então, suspirando, se afastou. Jonas entrou, fechando a porta atrás de si. O chalé era aconchegante, lareira crepitante, sofá velho, mas confortável, livros espalhados por toda parte.
Havia fotos de ultrassol na geladeira, presas com ímans. Jonas sentiu o coração apertar ao vê-las. “Quanto tempo?”, ele perguntou, apontando para a barriga dela. “Qu meses?” É um menino. Valentina se sentou no sofá, a mão ainda protetora sobre o bebê, concebido na noite de núpcias, aparentemente, mesmo sem Bem, o médico disse que é raro, mas possível.
Jonas se ajoelhou diante dela, os olhos ao nível da barriga, estendeu a mão hesitante. Posso? Valentina hesitou, então assentiu. Jonas tocou a barriga com reverência absoluta, sentindo o calor através do tecido da blusa. Seu filho crescendo ali, real, tangível. Eu sinto muito ele sussurrou, lágrimas escorrendo livremente agora.
Sinto tanto, Valentina, por não acreditar em você, por te expulsar, por ser um covarde que deixou o medo decidir por mim em vez da verdade que você me ofereceu. Valentina fechou os olhos. Suas próprias lágrimas começaram a cair. Eu te amava, Jonas. Eu realmente amava e você me despedaçou. Eu sei. E se eu pudesse voltar no tempo e confiar em você, acreditar em você, eu faria, mas não posso. Ele ergueu os olhos para ela.
Tudo o que posso fazer é te implorar por uma chance de consertar isso, de provar que aprendi, que você pode confiar em mim agora. Como? Valentina abriu os olhos, encarando-o. Como eu confio em alguém que me jogou fora como lixo, sem sequer me dar o benefício da dúvida. Você não confia? Ainda não.
Jonas limpou as lágrimas com as costas da mão. Mas me deixa provar dia a dia que mudei. Me deixa estar aqui para você e para nosso filho. Não como marido, se não me quer mais, mas como alguém que vai apoiar vocês, proteger vocês, estar presente em cada passo. E se eu disser não? Se eu disser que quero criar esse bebê sozinha.
Jonas sentiu o coração se despedaçar, mas manteve o rosto calmo. Então eu vou respeitar sua decisão, mas vou te dar pensão. Vou garantir que você e o bebê tenham tudo que precisam e vou implorar todos os dias pela chance de conhecer meu filho, mesmo que seja de longe. Valentina o estudou. Via a sinceridade ali, a dor genuína, mas via também o homem que a machucara profundamente.
A batalha dentro dela era visível nos olhos. Eu preciso pensar. Ela disse finalmente, isso não é só sobre nós dois agora, é sobre esse bebê. E ele merece pais que não se destróem mutuamente. Concordo completamente. Jonas se levantou relutante. Eu vou ficar em Campos do Jordão. Aluguei um apartamento pequeno no centro.
Vou trabalhar remotamente e vou estar disponível sempre que você quiser falar ou não falar. Só me dá tempo para provar que sou melhor do que o monstro que fui naquele dia. Valentina a sentiu devagar. Jonas caminhou até a porta. Cada passo uma agonia. Virou-se uma última vez. Eu te amo, Valentina. Eu te amo tanto que doi respirar quando não estou perto de você e vou passar o resto da minha vida tentando merecer seu perdão.
Então saiu antes que ela pudesse ver o quão perto estava de desmoronar completamente. Valentina ficou sozinha no chalé, a mão ainda na barriga, onde o bebê se mexia suavemente. “O que a gente faz, pequeno?”, ela sussurrou. “Seu pai é complicado. Mas talvez, talvez as pessoas mereçam segundas chances. Não é isso que livros sempre ensinam? Não houve resposta, claro.
Mas naquela noite, Valentina pegou o celular e digitou uma mensagem para o número que Jonas deixara: “Consulta pré-natal, quinta-feira 10 horas. Se quiser vir.” A resposta veio em segundos. Eu vou estar lá. Obrigado por tudo. E nas profundezas da noite de Campos do Jordão, dois corações quebrados começaram muito lentamente a considerar a possibilidade de cura. Jonas apareceu na clínica do Dr.
Henrique 15 minutos antes do horário marcado, carregando um buquê de margaridas brancas, as flores favoritas de Valentina, que ele aprendera observando quais ela sempre parava para admirar no jardim da mansão. Usava jeans e um suéter simples, longe dos ternos Armani de sempre. Valentina notou a mudança quando chegou.
Você está diferente”, ela comentou, aceitando as flores com um sorriso pequeno. “Estou tentando ser menos o CEO e mais eu mesmo. Quem quer que seja isso?” Jonas abriu a porta da clínica para ela, ainda descobrindo. A consulta foi uma revelação. Jonas viu o ultrassom pela primeira vez, a forma pequenina do bebê na tela, o coração batendo forte e rápido.
O médico apontava cada detalhe, os dedos minúsculos. a coluna informação, o perfil delicado, ele é perfeito. Jonas sussurrou maravilhado. Sua mão encontrou-a de Valentina e a apertou. Ela não a retirou. Depois da consulta, Jonas a convidou para um café. Valentina aceitou cautelosa. Sentaram em uma confeitaria charmosa com vista para a praça central de Campos do Jordão. Me conta como tem sido. Jonas pediu.
Esses meses sem você foram o inferno, mas imagino que para você foi pior. Foi solitário. Valentina mexeu o cappuccino sem beber. No início, eu chorava todos os dias. Não queria sair da cama. Mas então descobri sobre o bebê e percebi que precisava ser forte. Por ele, você deveria ter me contado logo. Por quê? Ela o encarou. Você me expulsou, Jonas.
Deixou bem claro que não queria nada comigo, porque eu iria até você vulnerável e grávida só para ser rejeitada de novo? A dor na voz dela foi uma lâmina nas costelas de Jonas. Porque eu sou o pai e por mais que eu tenha sido um idiota cruel, você merecia ter apoio. Ninguém deveria passar por gravidez sozinha quando não precisa. Eu não estava sozinha. Valentina sorriu suavemente. Seu Antônio, o dono da livraria onde trabalho, me ajudou.
Dona Gertrudes, minha vizinha, vive me levando sopa. E Dr. Henrique tem sido maravilhoso. Eu construí uma comunidade aqui. Jonas deveria estar feliz que ela tinha apoio, mas uma parte dele, egoísta e possessiva, doeu ao saber que outros fizeram por ela o que ele deveria ter feito.
Eu quero compensar o tempo perdido. Ele se inclinou para a frente. Deixa eu estar presente agora nas consultas, nas compras para o bebê, no que você precisar. Valentina o estudou, via a sinceridade, mas também a hesitação nela mesma. Jonas, você entende que isso não significa que voltamos a ser um casal, certo? Isso é sobre o bebê, ser bons com pais. Entendo.
Ele mentiu, porque não era só sobre o bebê para ele, era sobre reconquistar a confiança dela, provar que merecia uma segunda chance, mas não podia pressionar. Não, agora só quero estar aqui do jeito que você deixar. Os dias que se seguiram estabeleceram uma nova rotina.
Jonas aparecia na livraria toda a tarde com lanche para Valentina, frutas frescas, sucos naturais, às vezes um doce que ele sabia que ela gostava. No início, ela resistiu, mas gradualmente passou a aceitar até esperar por suas visitas. Ele a ajudava a carregar caixas de livros, alcançar volumes nas prateleiras altas, organizava o inventário com a precisão de um CEO aplicada a estantes empoiradas.
Seu Antônio observava com aprovação crescente. Esse rapaz trabalha duro ele comentou com Valentina certa tarde. E olha para você como se você fosse a oitava maravilha do mundo. Ele está tentando se redimir, Valentina respondeu, mas seu tom era mais suave. agora e está conseguindo. Valentina não soube o que responder. Jonas também estava presente no chalé com permissão cautelosa.
Ele pintou o quarto do bebê em um azul suave que Valentina escolhera. Montou o berço que comprara, instalou cortinas de estrelinhas. Dona Maria enviava pacotes regulares de São Paulo, roupinhas de bebê, fraldas, cremes, tudo que Valentina pudesse precisar. Ela manda beijos, Jonas disse, entregando outra caixa, e disse que você faz muita falta.
A mansão está vazia sem você. Eu também sinto falta dela, Valentina admitiu. Ela foi a única que foi gentil comigo desde o início. Muita gente sentiu sua falta, Val. Jonas usou o apelido pela primeira vez testando. Ela não protestou. Júlia ligou mil vezes perguntando sobre você. Seu pai também. Valentina ficou rígida ao ouvir sobre o pai.
Como ele está? Sóbrio, frequentando aá, trabalhando em uma loja de ferragens. Jonas hesitou. Ele me procurou, pediu desculpas por ter colocado nessa situação. Disse que te ama e que sente muito. Lágrimas brotaram nos olhos de Valentina. Ela não via o pai desde antes do casamento. Eu deveria ligar para ele. Deveria. Jonas concordou gentilmente, mas no seu tempo foi duas semanas depois do reencontro, enquanto Jonas ajudava a montar uma estante no quarto do bebê, que Valentina teve uma contração falsa.
Braxton Hicks, o médico depois explicaria. Mas no momento a dor foi intensa o suficiente para fazê-la dobrar, segurando a barriga. Jonas largou a furadeira e correu para ela. O que foi? Val, o que está acontecendo? Eu não sei. Ela o fegou. Dói, dói muito, hospital. Agora Jonas a ergueu nos braços com cuidado e a carregou até o carro.
Dirigiu como um louco até a clínica, segurando a mão dela o caminho todo. Na clínica, Dr. Henrique examinou Valentina e sorriu com tranquilidade. Apenas contrações de treinamento normais neste estágio. Mas você precisa descansar mais, Valentina. Menos tempo em pé na livraria. Eu preciso trabalhar. Ela protestou. Não precisa. Jonas interrompeu.
Você tem acesso à conta que abri em seu nome, use é para isso, Jonas. Val, por favor. Ele segurou a mão dela. Deixa eu cuidar de você, ao menos nisso. Deixa eu fazer algo certo. Valentina viu a súplica nos olhos dele. Viu também algo mais. Amor genuíno. Não o amor obsessivo e possessivo de antes, mas algo mais puro, mais real. Está bem. Ela cedeu. Mas só até o bebê nascer. Jonas sorriu.
Aquele sorriso lento e lindo que ela vira tão raramente combinado. Naquela noite, enquanto Jonas preparava jantar no chalé, uma habilidade nova que ele aprendera de tutoriais no YouTube, produzindo resultados questionáveis, mas comíveis, Valentina o observou da mesa. Jonas. Hum. Ele virou-se espátula na mão, molho de tomate respingado no rosto. Ela riu.
Realmente riu pela primeira vez em meses. O som encheu o chalé como música. Você tem molho na bochecha. Jonas limpou com a mão, apenas espalhando mais. Valentina se levantou e caminhou até ele pegando um pano de prato. Gentilmente limpou seu rosto. Estavam tão próximos que ela conseguia ver as manchas douradas nos olhos azuis dele contar cada cílio. “Obrigado”, ele sussurrou.
por me deixar estar aqui. Obrigado por provar que merece estar aqui”, ela respondeu. E por um momento, ficaram assim dois corações tentando aprender a confiar novamente, construindo algo novo sobre as ruínas do que fora destruído. Não era amor ainda. Ainda não, mas era algo. E algo era um começo. Dezembro trouxe neve para Campos do Jordão.
Uma raridade que transformou a cidade em um cartão postal. Valentina estava com s meses, a barriga grande e redonda, o bebê chutando constantemente. Jonas estava presente para tudo. Acompanhava nas caminhadas que o médico recomendara, massage inchados à noite.
Lia para o bebê através da barriga, a voz grave fazendo Miguel se acalmar. Ele te reconhece. Valentina disse certa noite, a mão de Jonas sobre sua barriga, sentindo os chutes. Sempre fica quieto quando você fala, Miguel. Jonas sussurrou, conversando com o filho. Sou eu, seu papai. Não posso esperar para te conhecer. Um chute forte respondeu. Ambos riram.
Foi naquela mesma noite, com a lareira creptando e a neve caindo lá fora, que Valentina finalmente disse as palavras que Jonas estava esperando há meses. Eu te perdoo. Jonas congelou, os olhos se arregalando. O quê? Eu te perdoo, Jonas. Valentina se virou no sofá para encará-lo adequadamente pelo que disse, pelo que fez, por não confiar em mim. Eu perdoo você. Lágrimas se formaram nos olhos dele instantaneamente. Val, você não precisa.
Eu sei que não preciso, mas quero. Ela tocou o rosto dele, o polegar traçando a linha da mandíbula. Esses últimos meses, você me mostrou quem realmente é. Não o homem frio que me desposou. Não o homem quebrado pela raiva e medo, mas o homem que acorda às 5 da manhã para garantir que tenho o meu chá favorito esperando.
O homem que passa horas pesquisando sobre desenvolvimento infantil para ser o melhor pai possível. O homem que chora quando Miguel chuta porque está tão maravilhado com a vida que criamos juntos. Valentina. A voz dele quebrou. Você cometeu um erro terrível. quase nos destruiu. Ela não suavizou a verdade, mas todos cometemos erros.
E você provou dia após dia que aprendeu, que mudou, que o homem que eu me apaixonei ainda existe ali dentro. Jonas a puxou para um abraço tão cuidadoso com a barriga entre eles e chorou. Chorou por meses de culpa, por noites de solidão, por quase ter perdido a única coisa que valia a pena na vida. “Eu te amo”, ele sussurrou no cabelo dela. “Eu te amo tanto, Val.
e vou passar cada dia do resto da minha vida provando que mereço seu perdão. Eu sei. Ela o abraçou de volta. E eu te amo também. Foi um abraço que curou mais do que palavras poderiam. Foi um abraço que prometia recomeços, que selava perdões, que plantava esperança, onde antes só havia dor. Quando se separaram, Jonas tinha algo nas mãos, uma pequena caixa de veludo.
Isso não é um pedido de casamento ele esclareceu rapidamente ao ver os olhos dela se arregalarem. Nós já somos casados tecnicamente, mas isso ele abriu a caixa revelando um anel simples de ouro branco com um diamante modesto. Isso é uma promessa de que desta vez eu faço por amor. Não por obrigação, não por negócios, só amor.
Valentina olhou o anel depois para Jonas, depois de volta para o anel. Era tão diferente da aliança elaborada que ele comprara para o casamento forçado. Esta era simples, sincera, real. Sim”, ela sussurrou. Jonas deslizou o anel em seu dedo, ao lado da aliança que ela surpreendentemente nunca tirara. Beijou seus dedos, depois sua testa, depois, com permissão silenciosa, seus lábios.
Foi um beijo suave, respeitoso, cheio de promessas e amor, tão diferente daquele beijo técnico no altar meses atrás. Este era um beijo que dizia: “Eu escolho você”. E Valentina o beijou de volta, escolhendo-o também. Quando se separaram, ambos sorriam através das lágrimas. “Nós vamos ficar bem”, Valentina disse. “Os três, os três?” Jonas concordou, a mão na barriga dela, nossa família.
E naquela noite nevada em Campos do Jordão, com um bebê chutando entre eles e um amor finalmente genuíno aquecendo seus corações, Jonas e Valentina encontraram não o final feliz que romances prometem, mas algo melhor. Um recomeço real, construído sobre perdão, crescimento e a promessa de que o amor vale a pena lutar por ele.
O alarme do celular de Jonas soou às 3:47 da manhã de um frio fevereiro. Mas não foi o alarme que o acordou, foi o toque frenético na porta do apartamento que alugara, seguido pela voz de Valentina. Jonas, Jonas, abre. É hora. Ele pulou da cama tão rápido que tropeçou nas próprias pernas, correndo até a porta em pânico glorioso.
Valentina estava do lado de fora, ainda de pijama, uma bolsa de maternidade no ombro, segurando a barriga com uma expressão que misturava excitação e medo. “A bolsa estourou”, ela disse, as palavras saindo atropeladas. “Há 15 minutos, as contrações já estão a cada 7 minutos. Ele está vindo, Jonas. Nosso filho está vindo agora.
Jonas sentiu o pânico e a alegria explodirem simultaneamente em seu peito. Durante meses, havia se preparado para este momento. Lera todos os livros, assistira a todos os vídeos, até fizera um curso de suporte para Parturiente, mas agora que estava acontecendo de verdade, sua mente ficou completamente em branco. Está bem, está bem. Vamos, vamos. L olhou ao redor selvagemente.
Onde estão as minhas chaves e meu sapato? Por só tenho um sapato? Valentina, no meio de uma contração, ainda conseguiu rir. Jonas, respira. Você está mais nervoso que eu. Desculpa. Desculpa. Ele encontrou as chaves, calçou os tênis sem meias, pegou a bolsa dela e a guiou até o carro. Vamos ter um bebê. Ó meu Deus. Vamos ter um bebê. Eu sei.
Valentina disse entrando no carro. Estive ciente disso pelos últimos meses. Jonas dirigiu até o hospital de Campos do Jordão, como se estivesse em uma corrida, mas cuidadosamente obedecendo todos os limites de velocidade, porque Valentina estava no banco do passageiro e ele não arriscaria sua segurança. Ela respirava profundamente entre contrações, usando as técnicas que aprenderam juntos nas aulas de preparação para o parto. Dr.
Henrique os recebeu na emergência, já em roupa cirúrgica. Chegou a hora, então ele sorriu calorosamente. Vamos dar as boas-vindas ao pequeno Miguel. Valentina, você está se saindo maravilhosamente bem. E Jonas? Ele olhou para o homem pálido ao lado dela. Tente não desmaiar. Precisamos de você, consciente. Não vou desmaiar.
Jonas prometeu, mas sua voz não soava convincente. As próximas 6 horas foram as mais longas e intensas da vida de Jonas. Ele segurou a mão de Valentina durante cada contração, deixando-a quase quebrar seus dedos sem reclamar. Limpava seu rosto suado, oferecia gelo, sussurrava encorajamentos enquanto ela gritava obsenidades que ele nem sabia que ela conhecia.
“Você está se saindo incrivelmente”, ele murmurava no ouvido dela. “Você é tão forte, meu amor, tão forte. Eu vou te matar depois.” Valentina ofegou entre contrações por me deixar grávida. Lembra disso, combinado? Você pode me matar. Ele beijou sua testa. Mas agora respira. Ele está quase aqui.
Às 9:43 da manhã, depois de mais uma hora de trabalho de parto intensivo, Dr. Henrique disse as palavras mágicas: “Uma última força, Valentina. Vejo a cabeça. Uma mais e ele está aqui.” Valentina segurou a mão de Jonas e fez força com tudo que tinha. E então, de repente, o choro mais lindo que qualquer um deles já ouviu encheu a sala. É um menino. Dr.
Henrique anunciou erguendo o bebê ainda conectado ao cordão umbilical. Um menino perfeito e saudável. Miguel era pequeno, vermelho, enrugado e absolutamente perfeito. Jonas olhou para o filho e sentiu algo dentro dele se reorganizar completamente. Cada prioridade, cada valor, cada parte de quem ele era, tudo mudou instantaneamente e irreversivelmente.
“Quer cortar o cordão, papai?”, A enfermeira ofereceu a tesoura. Com mãos trêmulas, Jonas cortou o cordão, separando oficialmente seu filho do corpo de Valentina, mas conectando-os para sempre de formas mais profundas. A enfermeira limpou rapidamente Miguel e o colocou no peito de Valentina. “Olá, meu amor.
” Valentina, sussurrou, lágrimas escorrendo livremente. “Olá, Miguel! Mamãe te ama tanto.” Jonas se ajoelhou ao lado da cama, o dedo traçando delicadamente o rosto minúsculo de Miguel. O bebê piscou, os olhos ainda não focados, mas virou a cabecinha na direção do toque. Ei, campeão! Jonas disse, a voz completamente quebrada pela emoção. Sou eu, seu papai. Eu te amo tanto. Eu vou te proteger sempre.
Vou ser o pai que você merece, prometo. E ali naquela sala de hospital em Campos do Jordão, com sua pequena família finalmente completa, Jonas Almeida chorou como nunca antes. Chorou pela jornada que os trouxera ali, os erros. a dor, o perdão. Chorou pela gratidão de ter uma segunda chance e chorou pela alegria pura de conhecer seu filho.
Valentina o observava, uma mão segurando Miguel, a outra entrelaçada com a de Jonas. “Nós conseguimos”, ela sussurrou. “Trouxemos ele até aqui. Você conseguiu.” Jonas beijou sua mão. “Você é incrível. Miguel escolheu aquele momento para bocejar, um bocejo minúsculo que mostrou uma boquinha rosa perfeita. Ambos riram através das lágrimas. Ele é perfeito, Jonas disse com admiração. Completamente perfeito.
Como nós três, Valentina concordou, uma família perfeita. Finalmente. E por mais caótica que a jornada tenha sido, por mais dor que tenha precedido aquele momento, ali com Miguel dormindo pacificamente e dois pais apaixonados, observando-o, maravilhados, tudo valeu a pena. Cada lágrima, cada erro, cada passo doloroso até o perdão.
Porque o amor verdadeiro não nasce perfeito, ele nasce quebrado e escolhe se curar. E quando cura, se torna algo mais forte do que jamais poderia ter sido sem as cicatrizes. Seis meses depois, a mansão Almeida em São Paulo estava irreconhecível, onde antes reinava o silêncio frio e a decoração intocável de Helena.
Agora havia risos, vida e brinquedos espalhados pelos corredores de mármore. As cortinas pesadas foram trocadas por tecidos leves que deixavam o sol entrar. As poltronas de couro deram lugar a sofás confortáveis onde Valentina amamentava Miguel. O jardim antes impecável e sem alma agora florescia com orquídeas, jasmins e hibiscos que Valentina plantara pessoalmente. Era um lar, finalmente.
Jonas chegou do trabalho mais cedo, como fazia todos os dias agora. Encontrou Valentina no jardim, sentada em um cobertor sobre a grama, Miguel deitado ao lado dela, balançando as perninhas rechonchudas e gargalhando quando ela fazia cóceegas em sua barriguinha. Tem dois amores da minha vida”, Jonas disse, soltando a gravata e se juntando a eles no cobertor.
Miguel viu o Pai e seus olhos, azuis como os de Jonas, mas com as manchas verdes de Valentina se iluminaram. Ele estendeu os bracinhos pedindo colo. “Ei, campeão!” Jonas o ergueu, fazendo-o voar no ar. Miguel gargalhou aquele riso gorgolejante de bebê que derretia corações. “Você e a mamãe estão aproveitando o dia?” Estamos, Valentina, respondeu, inclinando-se para beijar Jonas. É você.
Como foi o trabalho? Produtivo. Fechei o contrato com os investidores de Londres, mas não vejo a hora de implementar a política de trabalho flexível que conversamos. Ele se sentou, Miguel agora brincando com sua gravata. Os funcionários merecem passar tempo com suas famílias. Como eu mereço passar tempo com vocês. Valentina sorriu.
O Jonas de seis meses atrás nunca teria considerado políticas favoráveis à família. Mas o Jonas de hoje era diferente, moldado por paternidade, suavizado pelo amor, transformado pela segunda chance que quase perdeu. Dona Maria deixou jantar pronto Valentina informou e seu pai ligou. Quer saber se podemos jantar com eles no domingo. Jonas fez uma careta.
Sua relação com Fernando havia melhorado, mas ainda era tensa. O patriarca nunca pedira desculpas pela forma como criara Jonas, mas estava fazendo esforços, pequenos, desajeitados, mais genuínos, para ser um avô melhor do que foi pai. “Vamos.” Jonas suspirou. “Mas se ele começar com comentário sobre amolecer demais em saímos.” Combinado, Valentina riu. “Mas dê crédito a ele, Jonas.
Ele está tentando. Eu sei. Jonas beijou a cabecinha de Miguel. Só quero que Miguel cresça diferente, com amor, não com frieza, com abraços, não com distância. Ele vai. Valentina tocou o rosto de Jonas. Porque você é um pai incrível. E quebrou o ciclo. Mais tarde, depois que Miguel dormiu em seu berço, ainda no quarto dos pais, porque nenhum dos dois conseguia se separar dele durante a noite, Jonas e Valentina se sentaram no balanço da varanda.
observando as luzes de São Paulo piscarem na distância. “Você se arrepende?”, Jonas perguntou de repente de tudo que aconteceu, da forma como começamos. Valentina pensou por um momento. “Eu me arrependo da dor, da parte em que quase nos perdemos.
” Ela entrelaçou os dedos com os dele, mas não me arrependo de onde chegamos, porque passar pelo inferno nos ensinou a valorizar o paraíso. Jonas a puxou para mais perto. Você me salvou, sabia? quando me perdoou, quando me deu uma segunda chance, você salvou não só nosso relacionamento, você me salvou de me tornar meu pai, de viver uma vida sem amor, sem calor, sem significado. Nós nos salvamos mutuamente.
Valentina corrigiu. Você me ensinou que sou mais forte do que pensava, que posso perdoar sem perder minha dignidade. Que o amor vale a pena lutar por ele, mesmo quando parece impossível. Na semana seguinte aconteceu a renovação de votos, não capela fria da mansão, mas no jardim que Valentina cultivara, com apenas as pessoas que realmente importavam presentes.
Dona Maria chorou copiosamente. César sorriu com satisfação. Até Helena, surpreendentemente parecia emocionada. Segurava Miguel no colo tesouro mais precioso do mundo. Júlia estava lá, a melhor amiga que nunca desistiu de procurar Valentina. Roberto Costa também, sóbrio há oito meses e trabalhando duro para reconstruir sua vida e sua relação com a filha.
Jonas usava um terno simples, Valentina, um vestido branco que ela mesma escolhera, leve, fluido, cheio de bordados delicados de flores, nada como o vestido elaborado do primeiro casamento. Eles escreveram seus próprios votos desta vez. Valentina. Jonas começou segurando as mãos dela, os olhos fixos nos dela.
No nosso primeiro casamento, eu prometi coisas que não sentia. Prometi por obrigação, por contrato, por pressão. Hoje prometo porque escolho, porque acordar ao seu lado é a melhor parte do meu dia. Porque seu sorriso vale mais que todos os contratos que já fechei. Porque você me ensinou que vulnerabilidade não é fraqueza, é coragem. Sua voz quebrou.
Eu prometo confiar em você. Sempre prometo te ouvir quando você falar. Prometo nunca mais deixar o medo decidir por mim. E prometo amar você e nosso filho com tudo que sou, todos os dias para sempre. Valentina tinha lágrimas escorrendo livremente. Jonas, quando nos casamos pela primeira vez, eu estava aterrorizada, presa, sem escolha.
Ela apertou as mãos dele. Hoje estou aqui por escolha, porque você me mostrou que pessoas podem mudar, que erros não definem quem somos, mas como escolhemos consertar eles define. Você poderia ter desistido quando eu te expulsei de Campos do Jordão, mas você ficou.
Provou o dia a dia que merecia uma segunda chance. Ela sorriu através das lágrimas. Eu prometo confiar em você, mesmo quando é assustador. Prometo construir este lar com você, cheio de amor e risos. E prometo amar você, não apesar de nossas cicatrizes, mas por causa delas. Porque elas nos tornaram quem somos hoje, quando trocaram as alianças, as mesmas do primeiro casamento, mas agora com significado real, e se beijaram, foi diferente.
Foi um beijo que prometia Tomorrows, que celebrava perdões, que selava um amor conquistado a duras penas. Miguel, no colo de Helena, escolheu aquele momento exato para dar uma gargalhada alta. Todos riram, o som ecuando pelo jardim florido. Depois da cerimônia durante o jantar íntimo, Roberto se aproximou de Jonas. Obrigado. O homem mais velho disse, os olhos úmidos, por cuidar da minha filha, por ser o homem que ela merece.
Jonas apertou a mão dele. Obrigado por me dar a chance de provar que poderia ser esse homem. Quando a noite caiu e os convidados foram embora, Jonas e Valentina ficaram sozinhos no jardim. Miguel dormindo em um carrinho ao lado deles. Jonas puxou Valentina para dançar sem música, apenas eles dois girando lentamente sob as estrelas. “Feliz?”, ele murmurou contra o cabelo dela.
“Mais do que imaginei ser possível”, ela respondeu. Mesmo depois de tudo, especialmente depois de tudo. Valentina ergueu o rosto. Porque a jornada nos tornou mais fortes e o destino, o destino valeu cada lágrima. Jonas abejou profundo e verdadeiro, uma promessa silenciosa de todos os tomorrowes que construiriam juntos.
E ali, no jardim que floresceu de cinzas, com seu filho dormindo pacificamente, e o amor finalmente verdadeiro iluminando o caminho, Jonas e Valentina encontraram o que sempre buscaram. Não um conto de fadas perfeito, mas algo melhor. Uma história real de amor imperfeito, perdão poderoso e a coragem de recomeçar quando tudo parecia perdido.
Porque o verdadeiro amor não nasce da perfeição, nasce da escolha de amar mesmo quando é difícil, de perdoar mesmo quando dói, de construir pontes sobre abismos, de transformar dor em força e cicatrizes em sabedoria. E quando duas almas quebradas escolhem se curar juntas, criam apenas um relacionamento, mas um legado.
Um legado de amor que vai além de contratos e obrigações, que floresc em jardins plantados com esperança, e que promete aos filhos que virão. Você é fruto de amor verdadeiro. O tipo de amor que sobrevive tempestades e emerge mais forte. Miguel cresceria sabendo que seus pais se amavam não porque foi fácil, mas porque escolheram lutar por esse amor, quando seria mais fácil desistir.
E essa seria a maior lição de todas. Sob o céu estrelado de São Paulo, com o perfume dos jasmins perfumando o ar, Jonas segurou Valentina um pouco mais perto e sussurrou: “Obrigado por me ensinar o que é amor de verdade. Obrigada por aprender”, ela sussurrou de volta. E naquele momento perfeito, com sua família completa e seus corações finalmente em paz, eles sabiam, tinham encontrado o final, não o final da história, mas o final da jornada de dor e o começo de uma vida inteira de amor. Р.
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