Posso continuar?”, ele murmurou. E a noite de núpcias dela foi como sonhar acordada, o maior romance que você vai ouvir. O salão de festas do hotel Unique em São Paulo, estava repleto de convidados que sussurravam por trás de taças de champanhe. Ana Luía Silva ajustou o vel de renda pela terceira vez em cinco minutos, seus dedos tremendo imperceptivelmente.
O vestido de noiva, um tomara que caia em seda pura, custara mais do que sua família ganhava em um ano inteiro. Mas não fora ela quem pagara por aquilo. Você está linda, filha, murmurou seu pai Antônio Silva, segurando seu braço com uma força que beirava o desespero.
Os olhos dele, antes orgulhosos, agora carregavam o peso da culpa. Sei que isso não é o que você sonhou, mas está tudo bem, pai. Ana Luía interrompeu, forçando um sorriso que não alcançou seus olhos castanhos. Estou fazendo isso por escolha própria. Mentira. Ninguém escolhe um casamento arranjado. Circunstâncias escolhem por você. Três meses antes, a empresa de transportes da família Silva havia falido após um golpe financeiro que deixara seu pai à beira do colapso nervoso.
As dívidas se acumulavam como uma avalanche implacável. Foi quando dona Cecília, uma antiga amiga da família, mencionou seu sobrinho, Fábio Henrique Almeida, um dos empresários mais bem-sucedidos de São Paulo, magnata do setor imobiliário, dono de uma fortuna estimada em centenas de milhões, que um homem que precisava de uma esposa.
A marcha nupsal começou a tocar, arrancando Ana Luía de seus pensamentos. Ela respirou fundo, sentindo o perfume dos lírios brancos que decoravam o corredor. Cada passo em direção ao altar parecia carregar o peso de uma decisão irrevogável. E então ela ouviu. Fábio Henrique Almeida estava de pé, imponente em seu smoking italiano sob medida, alto, com ombros largos e uma postura que exalava poder e controle.
Seus cabelos negros estavam perfeitamente penteados para trás e seus olhos, de um castanho tão escuro que pareciam quase negros, fixaram-se nela com uma intensidade que fez seu coração acelerar. Mas havia algo naqueles olhos, uma frieza, uma distância calculada. Ele não sorriu quando ela se aproximou. Ana Luía engoliu em seco.
Durante os três encontros que tiveram antes do casamento, reuniões formais, sempre acompanhados por advogados e testemunhas, Fábio fora cort, porém distante. Ele deixara claro que aquilo era um acordo de negócios. Ele pagaria todas as dívidas da família Silva e forneceria uma mesada mensal generosa. Em troca, ela seria sua esposa perante a sociedade, acompanhando-o em eventos, jantares de negócios e compromissos sociais. Nada mais.
Aceita Fábio Henrique Almeida como seu legítimo esposo? A voz do juiz de paz ecuou pelo salão. Ana Luía olhou para o homem à sua frente. Ele a observava com uma expressão neutra, quase entediada, como se estivesse assinando mais um contrato empresarial. “Aceito”, ela sussurrou. “Aceita Ana Luía Silva como sua legítima esposa?” Houve uma pausa, breve, mas perceptível. Fábio apertou a mandíbula e Ana Luía viu algo lampejar em seus olhos.
Algo que parecia dor ou talvez arrependimento. “Aceito”, ele disse, sua voz profunda reverberando pelo silêncio tenso. Os anéis foram trocados, mãos frias tocando-se por obrigação. “Pode beijar a noiva.” Fábio inclinou-se e Ana Luía fechou os olhos, preparando-se para o primeiro beijo com seu marido.
Mas o que ela sentiu foi apenas um toque rápido e casto nos lábios, sem calor, sem emoção, um cumprimento social, nada mais. Os aplausos ecoaram, mas para Ana Luía soaram distantes, como se viessem de outro mundo. A festa transcorreu em um borrão de rostos desconhecidos, sorrisos forçados e brindes vazios. Fábio mal falou com ela, ocupado conversando com empresários e investidores.
Ana Luía sentou-se à mesa principal, observando seu marido de longe, sentindo-se como uma peça de decoração cara e desnecessária. Ele é lindo, não é? Uma voz feminina surgiu ao seu lado. Ana Luía virou-se e encontrou uma mulher loira, de olhos azuis penetrantes e um sorriso que não alcançava o olhar. Desculpe, não me apresentei. Sou Camila Rodrigues, amiga de longa data da família Almeida.
Prazer. Ana Luía respondeu, sentindo uma estranha sensação de desconforto. “Vocês fazem um casal interessante”, Camila continuou, sua voz carregada de uma insinuação que Ana Luía não conseguiu decifrar, especialmente considerando bem o passado dele. “O passado?” Camila inclinou-se como se fosse compartilhar um segredo.
“Você sabe sobre Fernanda, não sabe?” “A primeira esposa, Ana Luía sentiu o sangue gelar. Fábio fora casado antes. Ele nunca mencionara isso. Vejo que não. Camila sorriu, uma satisfação cruel brilhando em seus olhos. Bem, querida, boa sorte. Você vai precisar. Antes que Ana Luía pudesse responder, Fábio apareceu ao lado dela, sua mão pousando firmemente em seu ombro.
Camila, ele disse, sua voz baixa e perigosa. Não sabia que você havia sido convidada, Fábio querido. Camila levantou-se, beijando-o nos dois lados do rosto. Não perderia seu casamento por nada, mesmo sendo o segundo. Fábio não respondeu. Seus dedos apertaram o ombro de Ana Luía com mais força.
Foi um prazer, mas precisamos ir, ele disse, conduzindo Ana Luía para longe. Eles se despediram dos convidados em silêncio tenso. Um carro preto os aguardava. Na entrada do hotel, Fábio abriu a porta para ela. Um gesto de cavalheirismo automático, desprovido de qualquer afeto real. O motorista os levou pela Marginal Pinheiros, enquanto a cidade de São Paulo brilhava sob as luzes noturnas.
Ana Luía observava pela janela, sua mente turbilionando com perguntas que não ousava fazer. “Vamos para Búzios.” Fábio disse de repente, quebrando o silêncio. “Tenho uma casa de praia lá. Passaremos uma semana. Lua de mel, Ana Luía murmurou. Mais para si mesma do que para ele, se quiser chamar assim, ele respondeu, sua voz sem emoção.
Ana Luía virou-se para olhá-lo. Mesmo na penumbra do carro, ela podia ver a linha dura de sua mandíbula, atenção em seus ombros. Fábio, quem é Fernanda? Ele congelou. Por um momento, Ana Luía pensou que ele não fosse responder. Então, lentamente ele virou o rosto para ela. Alguém que não existe mais na minha vida. Ele disse cada palavra cortante como vidro.
E espero que você tenha inteligência suficiente para nunca mencionar esse nome novamente. Ana Luía recuou, sentindo lágrimas picar em seus olhos. Ela virou-se de volta para a janela, mordendo o lábio inferior para impedir que tremesse. O que ela havia feito? em que tipo de pesadelo ela se metera. A casa de praia em Búzios era tudo menos modesta, construída sobre as pedras, com uma vista panorâmica para o Oceano Atlântico.
A mansão moderna de três andares tinha janelas de vidro do chão ao teto, que capturavam a luz do sol como diamantes líquidos. Ana Luía desceu do carro, sentindo a brisa marinha acariciar seu rosto e trazendo o cheiro de sal e liberdade, mas a beleza do lugar não conseguia dissipar a tensão que a acompanhava desde a cerimônia.
“Dona Helena cuidará de tudo”, Fábio anunciou, gesticulando para uma mulher de meia idade, cabelos grisalhos presos em um coque que os aguardava na entrada. Seus olhos eram gentis e ela sorriu calorosamente para Ana Luía. Seja bem-vinda, senora Almeida”, Helena disse. E havia genuína alegria em sua voz. “É uma honra tê-la aqui.” Ana Luía devolveu o sorriso, grata por ao menos um rosto amigável. “Obrigada, dona Helena. Mostre a ela o quarto.
” Fábio ordenou, já se dirigindo para o que parecia ser um escritório. “Tenho algumas ligações a fazer”. E assim, no primeiro dia de sua lua de mel, Ana Luía se viu sozinha. O quarto principal era espetacular. Uma cama kingsize dominava o centro, coberta por lençóis brancos e maculados. As portas de vidro deslizantes abriam-se para uma varanda privativa com vista para o mar.
Era romântico, era perfeito, era tudo que uma lua de mel deveria ser, exceto pela presença do noivo. Ana Luía desempacotou suas malas em silêncio, vestidos de verão, biquíis que sua mãe insistira que ela comprasse, langeris delicadas que agora pareciam ridiculamente otimistas.
Ela segurou um conjunto de renda branca, sentindo o tecido macio entre seus dedos, e uma tristeza profunda a invadiu. Ela era virgem. aos 23 anos, nunca havia estado com um homem. Sempre fora romântica, sonhadora, acreditando que sua primeira vez seria com alguém que a amasse, alguém que a desejasse, alguém que ao menos fingisse importar, não um marido que mal olhava para ela.
Os três primeiros dias seguiram o mesmo padrão torturante. Fábio acordava cedo, tomava café sozinho e desaparecia no escritório ou saía para resolver assuntos de negócios. Ana Luía passava os dias na praia nadando sozinha, lendo livros que não conseguia se concentrar, tentando não pensar na solidão que a consumia. As noites eram piores.
Eles jantavam em silêncio, sentados em extremidades opostas da enorme mesa de jantar. Fábio comia metodicamente, seus olhos fixos em documentos ou no celular. Ana Luía empurrava a comida pelo prato sem apetite. “A comida não está boa?”, Ele perguntou em uma dessas noites, sem levantar os olhos dos papéis.
“Está deliciosa”, ela respondeu sua voz soando mais fraca do que pretendia. “Então, coma, não era um pedido, era uma ordem. Ana Luía sentiu algo se quebrar dentro dela. Ela largou o garfo com força suficiente para fazer barulho, fazendo Fábio finalmente olhar para ela.” “Não”, ela disse. “Não?” Ele arqueou uma sobrancelha, surpreso. “Não vou comer.
Não vou fingir que está tudo bem. Não vou continuar aceitando esse tratamento silencioso como se eu fosse um móvel que você comprou e agora ignora. Fábio inclinou-se para trás em sua cadeira, seus olhos estreitando-se.
Você sabia no que estava se metendo quando assinou o contrato? Assinei um contrato para ser sua esposa, não sua empregada invisível. Ana Luía levantou-se, suas mãos tremendo. Você mal fala comigo. Você me evita. Estamos em uma lua de mel, Fábio, e você age como se eu não existisse, porque é exatamente assim que deveria ser. Ele respondeu sua voz baixa e perigosa. Eu deixei claro desde o início. Este é um acordo de negócios.
Você tem sua vida. Eu tenho a minha. Não me peça mais do que isso. Eu não estou pedindo amor”, Ana Luía disse, sentindo lágrimas quentes escorrerem por seu rosto. Estou pedindo respeito básico. Estou pedindo para ser tratada como um ser humano, não como uma obrigação inconveniente.
Fábio levantou-se abruptamente, a cadeira raspando no chão. Ele caminhou até a janela, suas mãos cerradas em punhos ao lado do corpo. “Você não entende”, ele disse. Sua voz carregada de uma emoção que Ana Luía não conseguiu identificar. “Então me faça entender”, ela suplicou, dando um passo em direção a ele. “Me conte Fernanda. Me conte por você é assim.
” O nome fez Fábio virar-se tão rapidamente que Ana Luía recuou. Seus olhos estavam selvagens, cheios de uma dor tão crua que ela sentiu no próprio peito. “Você quer saber sobre Fernanda?”, ele perguntou. Sua voz um rosnado baixo. Está bem, vou te contar.
Ele se serviu de whisky, a garrafa te lintando contra o copo, enquanto suas mãos tremiam quase imperceptivelmente. Eu me casei com Fernanda há 5 anos. Éramos jovens, apaixonados, ou pelo menos eu pensei que éramos. Ela era linda, charmosa, perfeita. Todos diziam que éramos o casal ideal. Fábio tomou um longo gole da bebida, seus olhos perdidos em memórias dolorosas.
Durante três anos, ela teve um caso com Rodrigo Tavares, meu melhor amigo e sócio, 3 anos, Ana Luía. 3 anos de mentiras, de traição, de eu ser feito de idiota. E quando finalmente descobri, quando os encontrei na cama que eu compartilhava com ela, sabe o que ela me disse? Ana Luía balançou a cabeça, incapaz de falar.
Ela disse que era minha culpa, que eu era frio demais, distante demais, que não dava a ela a atenção que ela merecia, como se isso justificasse o que ela fez, como se isso tornasse tudo bem. Ele riu, um som amargo e quebrado. Rodrigo não apenas me traiu emocionalmente. Ele tentou roubar a empresa, usou informações confidenciais para montar um esquema que quase nos destruiu.
Levei 3 anos em batalhas judiciais para limpar a bagunça que eles criaram. três anos de advogados de audiências, de ver meu nome arrastado pela lama. Fábio virou-se para Ana Luía e ela viu vulnerabilidade naqueles olhos escuros pela primeira vez. Então não, Ana Luía, eu não posso te dar o que você quer. Não posso abrir meu coração novamente só para vê-lo sendo pisoteado.
Este casamento é o que é um acordo, nada mais. O silêncio que se seguiu foi pesado, carregado de uma tristeza compartilhada. Ana Luía limpou as lágrimas do rosto, respirando fundo. “Eu sinto muito”, ela disse suavemente. “Sinto muito pelo que ela fez com você, pelo que ambos fizeram.” “Mas, Fábio, eu não sou ela. Eu sei”, ele admitiu. Sua voz quase um sussurro.
“Então, por que me pune pelos pecados dela?” Fábio não respondeu. Ele simplesmente voltou a olhar pela janela, seus ombros tensos, como se carregasse o peso do mundo. Ana Luía se aproximou devagar, como se estivesse se aproximando de um animal ferido. “Eu não estou pedindo que você me ame”, ela disse parando ao lado dele.
“Mas podemos ao menos tentar ser amigos? Podemos tentar tornar isso suportável?” Fábio a olhou de soslaio. E, por um momento, Ana Luía viu a guerra travando-se em seus olhos. Proteção versus desejo. Medo versus esperança. Amigos, ele repetiu como se testando a palavra. Amigos ela confirmou estendendo a mão. Fábio olhou para sua mão por um longo momento.
Então, lentamente ele a pegou. Seu aperto era firme, quente e Ana Luía sentiu uma corrente elétrica percorrer seu braço. Amigos, ele concordou. E pela primeira vez desde o casamento, Fábio sorriu. Foi pequeno, hesitante, mas era real. Ana Luía sorriu de volta e, por um breve momento, ela vislumbrou a possibilidade de que, talvez, apenas talvez aquele casamento não fosse o desastre que ela temera.
Os dias seguintes foram diferentes, sutilmente, mas inegavelmente diferentes. Fábio começou a tomar café da manhã com Ana Luía na varanda, conversando sobre assuntos triviais. O clima, os livros que ela estava lendo, suas opiniões sobre cinema e música, eram conversas superficiais, mas eram conversas. Era um começo.
Eles caminhavam pela praia ao entardecer, os pés descalços afundando na areia morna. Ana Luía contava histórias de sua infância, de como crescera em uma família de classe média que valorizava amor acima de riqueza material. Fábio ouvia e às vezes, apenas às vezes, ele compartilhava fragmentos de sua própria história.
“Meu pai morreu quando eu tinha 12 anos”, ele disse em uma dessas caminhadas, seus olhos fixos no horizonte, onde o sol punha em tons de laranja e rosa, ataque cardíaco. Ele trabalhava demais, estressava-se demais. Minha mãe nunca se recuperou. Ela morreu dois anos depois. Os médicos disseram que foi câncer, mas eu sei que foi de coração partido. Ana Luía tocou seu braço suavemente, um gesto de conforto.
Foi criado por quem? por ninguém, realmente. Tinha 16 anos quando minha mãe morreu. Era legalmente adulto o suficiente para tocar os negócios da família com a ajuda de tutores. Aprendi cedo que o mundo dos negócios não tem piedade de órfãs. Você nunca foi criança. Ana Luía percebeu sua voz carregada de compreensão. Fábio olhou para ela surpreso. Não, nunca fui. Na sexta noite em Búzios, algo mudou.
Eles haviam jantado na varanda sob um céu estrelado, o som das ondas fornecendo uma trilha sonora natural. Dona Helena servira um risoto de camarão e vinho branco, e a conversa fluira mais facilmente do que nunca. Ana Luía riu de uma história que Fábio contou sobre uma reunião de negócios desastrosa.
E o som de sua risada fez algo estranho no peito dele. Ele a observou. realmente a observou pela primeira vez desde o casamento. Ana Luía era bonita, não da maneira óbvia e artificial de Fernanda, mas de uma forma natural e genuína. Seus cabelos castanhos caíam em ondas soltas sobre os ombros e seus olhos brilhavam quando ela estava animada.
Havia uma doçura nela, uma autenticidade que Fernanda nunca possuira. E Fábio percebeu, com um choque que o deixou momentaneamente sem ar, que a desejava. Fábio. Ana Luía o chamou inclinando a cabeça. Você está bem? Sim. Ele respondeu. Sua voz mais rouca do que pretendia, apenas pensando sobre como seus lábios pareceriam sob, sobre como seria sentir seu corpo contra o meu.
Sobre como eu quero te carregar para aquele quarto e fazer você gemer meu nome. Sobre como essa semana foi agradável, ele disse, optando pela versão segura. Ana Luía sorriu e o coração de Fábio acelerou. Foi mesmo? Estou feliz que decidimos ser amigos. Amigos? Sim. Era o que eles haviam acordado.
Então, por que a palavra de repente soava tão insatisfatória? Eles terminaram o jantar e foram para a sala de estar, onde Fábio acendeu a lareira, mesmo o clima não exigindo. Havia algo reconfortante no calor das chamas, na luz dançante que projetava sombras nas paredes. Ana Luía sentou-se no sofá. Encolhendo as pernas sob o corpo.
Ela usava um vestido leve de verão, branco, com pequenas flores azuis, e Fábio teve que usar toda sua força de vontade para não olhar para a curva de suas coxas. “Vinho”, ele ofereceu, precisando de algo para fazer com as mãos, “Por favor.” Ele serviu duas taças e sentou-se ao lado dela, mais perto do que era estritamente necessário. Ana Luía não se afastou. Conversaram sobre planos futuros, sobre como seria quando voltassem para São Paulo.
Ana Luía mencionou que gostaria de trabalhar, talvez fazer voluntariado. Fábio sugeriu que ela explorasse seus interesses sem pressão financeira. É estranho ela admitiu tomando um gole de vinho. Não ter que se preocupar com dinheiro. Cresci sempre contando cada centavo. E agora você tem mais do que poderia gastar em várias vidas. Fábio disse. Como se sente em relação a isso? Ana Luía considerou a pergunta cuidadosamente grata, mas também culpada de certa forma, como se não merecesse. Você merece, Fábio disse.
E havia convicção em sua voz. Você sacrificou sua liberdade, seus sonhos de um casamento por amor. O mínimo que posso fazer é garantir que você nunca queira por nada. Não foi um sacrifício, Ana Luía disse suavemente, ou pelo menos não mais. Seus olhos se encontraram e o arre.
tornou-se carregado, elétrico, denso, com possibilidades não ditas. Fábio não se lembrava de se mover, mas de repente sua mão estava em seu rosto, seu polegar traçando a linha de sua mandíbula. Ana Luía fechou os olhos, inclinando-se para seu toque. “Hana Luía”, ele sussurrou, sua voz rouca de desejo contido. “Se você quiser que eu pare, diga agora”.
Ela abriu os olhos e o que ele viu neles fez seu controle vazio, desejo, confiança e algo mais profundo que ele não ousava nomear. “Não pare”, ela sussurrou. Fábio inclinou-se, dando-lhe tempo para mudar de ideia. Quando ela não o fez, ele pressionou seus lábios contra os dela. Não foi como o beijo casto do casamento. Este beijo era real, profundo, cheio de uma fome que ambos haviam estado negando.
Ana Luía respondeu imediatamente, seus braços envolvendo seu pescoço, puxando-o mais perto. Fábio a deitou no sofá, seu corpo cobrindo-o dela, e sentiu-a tremer sob ele. Ele quebrou o beijo, olhando para ela com olhos escurecidos pela paixão. Você tem certeza? Ele perguntou, porque mesmo perdido no desejo, ele precisava de seu consentimento.
“Tu tenho”, ela respondeu, suas mãos deslizando sob sua camisa. “Mas, Fábio, eu nunca, eu sou entendimento iluminou os olhos dele. Virgem, ela assentiu um rubor cobrindo suas bochechas. Fábio sentiu algo se aquecer em seu peito. Algo perigoso, algo que parecia muito com ternura.
Então vamos fazer isso direito”, ele disse, levantando-se e estendendo a mão para ela. Ana Luía pegou sua mão e ele a conduziu até o quarto. O coração dela batia tão forte que tinha certeza de que ele podia ouvi-lo. O quarto estava banhado pela luz da lua que entrava pelas janelas de vidro. Fábio fechou a porta atrás deles e virou-se para ela.
“Se em qualquer momento você quiser parar, é só dizer.” Ele disse suas mãos suaves em seu rosto: “Não há pressão, não há obrigação.” “Eu sei”, Ana Luía respondeu: “Confio em você”. Essas palavras, Confio em você atingiram Fábio como um soco no peito. Ninguém confiara nele em anos. Ninguém olhara para ele da maneira que Ana Luía estava olhando agora.
Ele a beijou novamente, desta vez com mais lentidão, saboreando cada momento. Suas mãos exploraram seu corpo com reverência, como se ela fosse algo precioso. Ele despua lentamente, beijando cada centímetro de pele que revelava. Ana Luía arquejou quando ele tocou lugares que nunca haviam sido tocados, sensações que nunca havia experimentado, incendiando cada nervo.
Ela puxou sua camisa, desejando sentir sua pele contra a dela. Quando finalmente estavam nus, corpos entrelaçados sobre os lençóis brancos, Fábio pausou. Ele olhou em seus olhos e fez a pergunta que se tornaria o mantra de seu relacionamento. Posso continuar? Sim. Ela sussurrou. e selaram seu destino com um beijo que prometia mais do que qualquer contrato jamais poderia.
A primeira vez de Ana Luía foi tudo que ela sonhara e mais. Doeu, mas apenas brevemente. Fábio foi gentil, paciente, atencioso. Ele fez seu prazer ser mais importante que o dele. E quando finalmente chegaram ao clímax juntos, Ana Luía sentiu lágrimas escorrerem por seu rosto, não de dor, mas de alegria esmagadora.
Depois, deitados um nos braços do outro, a respiração ainda acelerada, Ana Luía traçou padrões preguiçosos no peito dele. “Obrigada”, ela sussurrou. “Pelo quê?” “Por tornar especial? Por me fazer sentir desejada, por ser você”. Fábio beijou seu cabelo, puxando-a mais perto, e pela primeira vez em c anos, ele se permitiu sentir algo além de dor e desconfiança. Ele se permitiu sentir esperança.
Ana Luía acordou com o sol invadindo o quarto e um sorriso no rosto. Seus músculos estavam deliciosamente doloridos, lembretes físicos da noite anterior. Ela se virou, esperando encontrar Fábio ao seu lado. A cama estava vazia. Ela sentou-se, puxando o lençol para cobrir o corpo nu Fábio. Silêncio. Ana Luía vestiu um roupão e saiu do quarto.
Seus pés descalços, silenciosos, no chão frio de mármore. Ela o encontrou na varanda, já vestido em roupas de trabalho impecáveis, digitando furiosamente em seu laptop. “Bom dia”, ela disse, aproximando-se dele com um sorriso tímido. Fábio levantou os olhos brevemente. “Bom dia.” Sua voz era fria. Prof. como se a noite anterior nunca tivesse acontecido. Ana Luía sentiu seu estômago se contrair. Você já tomou café? Já.
Ó, ela hesitou sem saber o que dizer. O homem à sua frente era o mesmo que a havia tocado com tanta ternura apenas horas atrás. Fábio, sobre ontem à noite. Foi um erro. Ele a interrompeu fechando o laptop com um som seco. Ele finalmente olhou para ela e seus olhos eram glaciais. Não deveria ter acontecido.
As palavras atingiram Ana Luía como um tapa no rosto. O quê? Fábio levantou-se, passando por ela sem tocá-la. Deixei as coisas irem longe demais. Cruzamos uma linha que não deveria ter sido cruzada. Como pode dizer isso? Ana Luía o seguiu, sua voz tremendo. O que aconteceu entre nós foi lindo, foi real, foi sexo? Ele disse brutalmente, virando-se para encará-la. Nada mais. Dois adultos com necessidades físicas.
Não tente romantizar em algo que não é. Ana Luía sentiu lágrimas queimar em seus olhos. Você está mentindo. Estou sendo honesto. Talvez pela primeira vez desde que essa farça começou. Fábio retrucou. Você se entregou à minha, Ana Luía. Foi sua escolha. Mas não espere que isso mude alguma coisa entre nós. Não espere declarações de amor ou finais felizes.
Eu não estava esperando amor, Ana Luía disse, sua voz quebrando. Mas esperava respeito. Esperava que você, ao menos, que você não me tratasse como uma como uma prostituta. Fábio encolheu-se com a palavra, algo piscando em seus olhos, que poderia ter sido remorço. Mas quando ele falou, sua voz permaneceu dura.
Você sabia no que estava se metendo quando assinou aquele contrato? Este é um casamento de conveniência, nada mais. O fato de termos dormido juntos não muda isso. Você pediu meu consentimento. Ana Luía sussurrou, lágrimas agora fluindo livremente. Você perguntou se podia continuar. Você foi gentil? Você foi. Era real, Fábio. Eu sei que era.
Você não sabe nada, ele disse, mas sua voz falhou e ele olhou para longe. Ana Luía deu um passo em direção a ele, colocando sua mão em seu braço. Você está com medo. Eu entendo, mas por favor, não destrua o que começamos a construir por causa do medo. Fábio puxou seu braço bruscamente. Não começamos nada. E quanto mais cedo você aceitar isso, melhor para ambos. Ele pegou seu laptop e telefone, dirigindo-se para a saída.
“Para onde você vai?”, Ana Luía perguntou, odiando o desespero em sua própria voz. “Voltar para São Paulo, tenho trabalho a fazer. Você pode ficar aqui pelo resto da semana, se quiser, ou voltar comigo. Sua escolha, Fábio, por favor.” Mas ele já havia saído, a porta fechando com um eco final. Ana Luía desabou no sofá, soluçando incontrolavelmente.
Dona Helena apareceu momentos depois, encontrando-a em pedaços. “Ó, minha menina”, a governanta murmurou, sentando-se ao lado dela e puxando-a para um abraço maternal. O que aconteceu? Ana Luía contou tudo entre soluços entrecortados, enquanto Helena balançava suavemente e acariciava seus cabelos. Senhor Fábio, é um homem ferido”, Helena disse quando Ana Luía finalmente se acalmou o suficiente para ouvir.
“Mas isso não desculpa a maneira como te tratou. Você não merece isso. Por que ele fez isso?”, Ana Luía perguntou, sua voz pequena e quebrada. Se ele não queria que nada mudasse, por que foi tão gentil comigo ontem à noite? Porque ele se importa com você? Helena respondeu. E isso apavora mais do que qualquer coisa neste mundo.
Ana Luía levantou a cabeça, limpando as lágrimas. Como você sabe? Trabalho para a família Almeida há 20 anos. Cuidei de Fábio desde que seus pais morreram. Eu o vi se apaixonar por Fernanda. Vi o homem brilhante e esperançoso que ele era. E eu o vi se destruir quando ela o traiu. Helena pegou as mãos de Ana Luía entre as suas.
O que Fernanda fez com ele? Não foi apenas traição física. Ela quebrou algo dentro dele, algo fundamental. Ela o fez questionar cada instância de amor, de confiança, de vulnerabilidade. E quando você se entregou a ele ontem à noite, quando você disse que confiava nele, eu imagino que isso tenha sido aterrorizante para ele. Então, o que eu faço? Ana Luía perguntou.
Como luto contra os fantasmas do passado dele? Você não luta? Helena disse sabiamente: “Você espera, você permanece firme. Você mostra a ele, através de suas ações, que você não é Fernanda, que seu amor, e sim, minha querida, é amor que vejo em seus olhos, é real e inabalável”.
Ana Luía respirou fundo, enxugando os últimos vestígios de lágrimas. Helena estava certa. Ela não iria desistir. Não, ainda. Vou voltar para São Paulo. Ela decidiu. Se esse casamento vai funcionar, precisamos enfrentar nossos problemas. Não fugir deles. Helena sorriu orgulhosa. Essa é a minha menina. A viagem de volta para São Paulo foi silenciosa.
Fábio dirigiu com olhos fixos na estrada, sua mandíbula apertada em uma linha dura. Ana Luía sentou-se no banco do passageiro, observando a paisagem passar pela janela. Ela não falou, não implorou, não chorou. Sua dignidade era tudo que lhe restava e ela se agarrou a ela como um escudo.
Quando chegaram à mansão nos jardins, uma estrutura imponente de três andares com jardins meticulosamente cuidados, Fábio finalmente quebrou o silêncio. Preparei quartos separados para nós. Seu quarto fica na ala leste. O meu na oeste. Dona Helena te mostrará onde fica tudo. Entendi. Ana Luía, respondeu. Sua voz vazia de emoção.
Ela saiu do carro e entrou na casa sem olhar para trás, deixando Fábio sozinho, com acrescente consciência de que ele poderia ter acabado de cometer o maior erro de sua vida. Três semanas se passaram desde o retorno de Búzios. Três semanas de silêncio gélido, de passar um pelo outro nos corredores da mansão, como estranhos educados.
Ana Luía estabeleceu-se na ala leste, transformando o quarto impessoal em um espaço que parecia seu. Ela trouxe fotos de sua família. livros queridos, pequenos toques de cor em um ambiente que era todo branco e cinza. Fábio manteve-se na ala oeste, saindo cedo para o escritório e voltando tarde, quando tinha certeza de que Ana Luía já estaria dormindo. Mas ela nunca dormia cedo.
Todas as noites, Ana Luía deitava-se acordada, olhando para o teto, sentindo a ausência dele como uma dor física. Ela se perguntava se ele também sentia, se ele deitava em sua cama solitária, relembrando a noite que compartilharam, desejando poder voltar no tempo. Ela duvidava. Durante o dia, Ana Luía ocupava-se. Começou a trabalhar como voluntária em uma ONG que ajudava crianças em situação de vulnerabilidade.
O trabalho a preenchia de uma forma que compras caras e almoços sociais nunca poderiam preencher. Era em uma dessas tardes de voluntariado que Ana Luía conheceu Sofia Mendes, uma psicóloga que trabalhava com as crianças. Sofia tinha 40 e poucos anos, cabelos crespos presos em um coque descontraído e um sorriso que irradiava calor.
“Você tem um jeito especial com elas”, Sofia comentou, observando Ana Luía ler para um grupo de crianças, sua voz dramática fazendo-as rir. “Elas me fazem esquecer meus próprios problemas”, Ana Luía admitiu. “Quer falar sobre esses problemas?”, Sofia ofereceu. E havia genuína preocupação em seus olhos. E assim, sentadas no pequeno café ao lado da ONG, Ana Luía contou tudo sobre o casamento arranjado, sobre Fábio, sobre Fernanda, sobre a noite em Búzios e a cruel manhã que se seguiu. Ele está apaixonado por você, Sofia disse quando Ana Luía terminou. Você não estava ouvindo? Ele
me tratou como como alguém que ameaça todo o sistema de defesa que ele construiu para se proteger. Sofia interrompeu. Ana, trabalho com trauma há 20 anos. O que seu marido está exibindo são clássicos sinais de medo de intimidade resultante de traição severa. Então, o que eu faço? Você decide se vale a pena esperar, se vale a pena lutar por alguém que pode nunca estar pronto para se abrir completamente. Ana Luía pensou sobre isso enquanto voltava para casa naquela tarde.
A mansão parecia mais vazia do que nunca. Ela estava subindo as escadas quando ouviu vozes vindo do escritório de Fábio. A porta estava entreaberta e ela reconheceu a voz dele junto com outra feminina. Você precisa dar um jeito nisso, Fábio. A mulher disse. Ana Luía reconheceu a voz. Camila Rodrigues, a amiga da família do casamento. Não tenho nada para dar um jeito, Camila. Fábio respondeu sua voz cansada.
Você se casou com aquela garota por impulso. Todo mundo sabe que foi apenas para silenciar os investidores que estavam preocupados com sua instabilidade emocional. Mas agora você tem uma esposa legítima. E querido, entre nós, ela simplesmente não se encaixa no seu mundo. Ana Luía sentiu seu sangue ferver. Ana Luía se encaixa perfeitamente, Fábio disse.
E havia uma dureza em sua voz que fez Camila recuar. E sugiro que você seja mais cuidadosa com suas palavras sobre minha esposa. Sua esposa? Camila riu. Um som desagradável. Por favor, Fábio. Vocês nem dormem no mesmo quarto. Todo mundo sabe que é apenas uma farsa.
O que é ou não é entre mim e Ana Luía, não é da sua conta”, Fábio disse, levantando-se. Agora, se me der licença, tenho trabalho a fazer. “Você está cometendo um erro”, Camila, insistiu, mas começou a caminhar em direção à porta. “Fernanda pode ter-te magoado, mas pelo menos ela era do seu nível social. Essa garota é uma mera.
” Ana Luía não esperou para ouvir o resto. Ela correu para seu quarto, fechando a porta e encostando-se nela, seu coração martelando. Todo mundo sabe que é apenas uma farsa. As palavras ecoaram em sua mente, dolorosas em sua veracidade. Essa noite, pela primeira vez desde que voltaram de Búzios, Fábio bateu na porta de Ana Luía.
“Entre”, ela disse sentada na cama com um livro que não estava realmente lendo. Fábio entrou parecendo desconfortável. Ele estava ainda vestido com seu terno do trabalho, mas a gravata estava frouxa e os primeiros botões da camisa abertos. “Queria me desculpar”, ele disse, sem preâmbulos.
“Pelo que Camila disse hoje, eu não sabia que você tinha ouvido. Ela não estava errada.” Ana Luía respondeu fechando o livro. “É uma farsa, não é? Isso é tudo que sempre foi. Ana, não. Ela o interrompeu, levantando-se. Não me diga que é diferente. Você deixou bem claro como se sente.
Somos estranhos vivendo sob o mesmo teto, unidos apenas por um contrato legal. Fábio passou a mão pelos cabelos, uma expressão de frustração cruzando seu rosto. É mais complicado do que isso. Então descomplique. Ana Luía desafiou, dando um passo em direção a ele. Me diga o que você quer, Fábio. De verdade. Eles se encararam. A tensão entre eles quase palpável.
Ana Luía podia ver a guerra em seus olhos, o desejo lutando contra o medo. Eu quero Ele começou, então parou, balançando a cabeça. Não importa o que eu quero. Por que não? Porque eu não posso dar a você o que você merece. Ele disse, e havia tanta dor em sua voz que Ana Luía sentiu lágrimas pinicar em seus olhos.
Você merece alguém que possa te amar sem medo, sem bagagem, sem todas essas malditas paredes que eu construí. E esse alguém não sou eu. E se eu quiser você de qualquer jeito? Ana Luía sussurrou. E se eu estiver disposta a esperar até que você esteja pronto? Fábio fechou os olhos como se suas palavras fossem físicas. Não espere por mim, Ana Luía. Eu vou apenas te decepcionar. Ele se virou para sair, mas Ana Luía pegou seu braço.
Você já está me decepcionando? Ela disse, sua voz quebrando. Me decepcionando por não nem tentar, por desistir antes mesmo de começar. Fábio olhou para onde sua mão tocava seu braço, então para seu rosto. Por um momento louco, Ana Luía pensou que ele fosse beijá-la. Em vez disso, ele gentilmente removeu sua mão e saiu do quarto, fechando a porta silenciosamente atrás de si.
Ana Luía desabou na cama, abraçando um travesseiro contra o peito enquanto soluçava. Do outro lado da porta, Fábio encostou-se contra a parede, suas próprias mãos tremendo, seu coração partindo-se em pedaços. “Eu te amo”, ele pensou, mas não disse: “Eu te amo e é por isso que preciso te deixar ir”. Júliho chegou trazendo tempestades de verão para São Paulo.
A cidade era conhecida por suas chuvas súbitas e dramáticas, mas aquela noite particular parecia especialmente furiosa, como se os céus estivessem descarregando toda a frustração que Ana Luía sentia em seu próprio coração. Ela estava em seu quarto tentando ler quando os primeiros trovões ecoaram. Relâmpagos iluminavam o quarto em flashes brancos brilhantes, seguidos por trovões que faziam as janelas vibrarem.
Ana Luía sempre amara tempestades. Havia algo purificador nelas, como se o mundo estivesse sendo lavado e renovado. Ela não percebeu que estava chorando até sentir as lágrimas quentes em suas bochechas. Seis semanas. Seis semanas desde búzios, seis semanas de viver como fantasmas na mesma casa, de jantar em silêncio nas raras ocasiões em que seus horários coincidiam, de fingir para o mundo exterior que eram um casal feliz enquanto lentamente morriam por dentro.
Ana Luía não sabia quanto mais poderia aguentar. Ela estava tão perdida em seus pensamentos que não ouviu a batida na porta. Não, até que a voz de Fábio, tensa e preocupada, atravessasse o som da chuva. “Ana Luía, você está bem?” Ela enxugou rapidamente as lágrimas, tentando controlar a voz. Estou bem.
A porta se abriu mesmo assim e Fábio entrou encharcado da cabeça aos pés. Sua camisa branca grudava em seu peito e seus cabelos gotejavam água no chão de madeira. Você está ensopado”, Ana Luía disse, “Surpresa o suficiente para esquecer momentaneamente suas lágrimas. Fui dar uma volta”, ele explicou, passando a mão pelos cabelos molhados. Precisava pensar. No meio de uma tempestade, parecia apropriado.
Eles se olharam através do quarto e Ana Luía viu algo diferente em seus olhos, algo selvagem e desesperado. “Não consigo mais fazer isso, Fábio” disse de repente, sua voz rouca. “Não consigo ficar longe de você. Não consigo fingir que não sinto nada. Não consigo. Ele deu um passo em direção a ela. Então outro.
Fábio. Ana Luía sussurrou seu coração acelerando. Eu tentei. Ele continuou. E agora estava bem na frente dela, tão perto que ela podia sentir o calor de seu corpo. Apesar das roupas molhadas. Tentei me manter distante, tentei proteger a mim mesmo, tentei proteger você, mas fingi que não sinto nada por você está me destruindo mais do que Fernanda jamais conseguiu.
O que você está dizendo? Fábio pegou seu rosto entre as mãos. Seu toque gentil, apesar do desespero em seus olhos. Estou dizendo que sou um covarde. Estou dizendo que estive fugindo da única coisa boa que aconteceu na minha vida em anos, porque estava com muito medo de acreditar que fosse real. Estou dizendo. Ele respirou fundo e quando falou novamente, sua voz quebrou. Estou dizendo que estou apaixonado por você, Ana Luía.
Completamente, irrevogavelmente, aterradoramente apaixonado por você. As lágrimas voltaram aos olhos de Ana Luía, mas desta vez eram de alegria, de alívio, de amor tão intenso que doía. “Você me ama”, ela sussurrou, precisando ouvir novamente. “Eu te amo”, Fábio confirmou. Sua testa descansando contra a dela. Deus me ajude.
Eu te amo tanto que não sei mais como respirar sem você. Eu te amo. Ana Luía respondeu, suas mãos agarrando sua camisa molhada. Eu te amo, Fábio Henrique. Te amei desde que você me perguntou se podia continuar. Desde que mostrou que sobrieza havia um homem gentil e quebrado que apenas precisava ser amado. Fábio a beijou então e foi diferente de qualquer beijo que haviam compartilhado antes.
Foi desesperado e terno, faminto e reverente, cheio de semanas de desejo reprimido e amor negado. Han Luía respondeu com igual fervor, suas mãos em seus cabelos molhados, puxando-o mais perto. Nunca perto o suficiente. Você está todo molhado”, ela murmurou contra seus lábios. “Não me importo. Vai pegar um resfriado.” “Não me importo.
” Ele repetiu, beijando seu pescoço, sua mandíbula, voltando para seus lábios. “Tudo o que me importa é você.” Fábio a carregou até a cama e, desta vez, quando fizeram amor, foi com a consciência de que eram amados em retorno. Cada toque era uma declaração, cada beijo uma promessa, cada suspiro uma oração.
“Posso continuar?”, Fábio perguntou, assim como fizera em Búzios, porque o consentimento dela era sagrado para ele. Sim. Ana Luía respondeu, puxando-o para um beijo. Sempre sim. Depois, deitados, entrelaçados, enquanto a tempestade continuava lá fora, Fábio traçou padrões preguiçosos nas costas de Ana Luía. Sinto muito, ele disse suavemente.
Por tudo que coloquei você passar, pela manhã em Búzios, pelas semanas de silêncio, por ser muito covarde para admitir meus sentimentos. Você não é covarde. Ana Luía corrigiu beijando seu peito. Você é humano. Você foi ferido e levou tempo para curar. Eu entendo. Você é paciente demais comigo e você é duro demais consigo mesmo. Fábio riu suavemente, apertando-a mais perto.
Como eu mereci você. Você não mereceu. Ana Luía brincou. Mas teve sorte. A maior sorte da minha vida. Ele concordou, beijando seu cabelo. Eles ficaram em silêncio por um momento, ouvindo a chuva diminuir gradualmente. Fábio, Ana Luía, disse, sua voz sonolenta. Sim, meu amor. Mude-se para meu quarto ou me deixe mudar para o seu. Não quero passar mais uma noite dormindo sozinha. Nem eu.
Fábio admitiu. Eu odeio aquele quarto vazio. Todas as noites eu deitava lá, desejando ter a coragem de vir até você. Bem, agora você não precisa de coragem”, Ana Luía disse, levantando a cabeça para olhá-lo. “Porque você sempre será bem-vindo aqui, sempre”. Fábio a beijou longo e profundo, selando a promessa.
“Eu te amo”, ele sussurrou contra seus lábios. “Eu te amo mais. Impossível!” Eles adormeceram abraçados e, pela primeira vez desde o casamento, ambos dormiram em paz, sabendo que tinham encontrado seu lar, não? em uma mansão grandiosa ou uma casa de praia luxuosa, mas nos braços um do outro. Os dois meses seguintes foram os mais felizes da vida de Ana Luía.
Fábio mudou-se oficialmente para seu quarto, trazendo suas roupas e pertences pessoais. Eles acordavam abraçados, tomavam café da manhã juntos na cama aos finais de semana e Fábio começou a sair do trabalho mais cedo para jantar com ela. A mansão fria nos jardins transformou-se em um lar. Ana Luía encheu os cômodos com flores frescas, fotografias deles juntos e risadas que ecoavam pelos corredores ant silenciosos.
Fábio era diferente também. O homem frio e distante que ela conhecera no altar havia se transformado em um marido atencioso e apaixonado. Ele a surpreendia com pequenos presentes, livros que ela mencionara querer ler, flores sem motivo, bilhetes de amor escondidos em lugares inesperados. O que é isso? Ana Luía perguntou uma manhã, encontrando uma caixinha de veludo ao lado de sua xícara de café.
“Abra”, Fábio disse um sorriso brincando em seus lábios. Dentro havia um colar delicado de ouro com um pingente em forma de lua crescente. “É lindo”, ela sussurrou. Vi isso e pensei em você.” Ele explicou, pegando o colar e colocando-o ao redor de seu pescoço.
“Porque você trouxe luz para minha escuridão, assim como a lua ilumina a noite.” Ana Luía virou-se e o beijou profundamente. “Eu te amo tanto. Eu te amo mais.” Ele respondeu, puxando-a para seu colo. Mas algo estava diferente com Ana Luía nas últimas semanas. Ela sentia-se cansada constantemente. Sua barriga estava estranhamente sensível e o cheiro de café, que ela sempre adorara, de repente a deixava nauseada.
Foi dona Helena quem primeiro suspeitou. Menina, ela disse uma manhã, encontrando Ana Luía segurando a pia do banheiro, respirando profundamente. Você está enjoada de novo? É a terceira manhã seguida. Ana Luía admitiu. Devo ter pegado algum vírus. Helena a olhou com conhecimento. Quando foi sua última menstruação? Ana Luía pausou pensando, então seu rosto empalideceu. Eu não lembro. Com tanta coisa acontecendo, nem percebi.
Acho que você deveria fazer um teste, Helena disse gentilmente. O teste de gravidez foi comprado discretamente por Helena. Ana Luía fez três apenas para ter certeza. Todos deram positivo. Ela estava grávida. Ana Luía sentou-se na beira da banheira, olhando para os testes positivos em suas mãos, uma onda de emoções inundando-a.
Medo, alegria, incerteza, esperança, tudo ao mesmo tempo. Um bebê. Ela e Fábio iam ter um bebê. Mas o que Fábio acharia? Eles tinham acabado de encontrar seu caminho um para o outro. Um bebê mudaria tudo. Ele ficaria feliz, com raiva, ressentido. Ana Luía passou o dia em um estado de ansiedade nervosa.
Dona Helena notou, mas não disse nada, permitindo que a jovem senhora processasse a notícia em seu próprio tempo. Quando Fábio chegou em casa naquela noite, encontrou Ana Luía sentada na varanda, olhando para o jardim iluminado pelas luzes externas. Oi, meu amor”, ele disse, beijando seu cabelo e sentando-se ao lado dela. “Você está bem?” Dona Helena disse que você não estava se sentindo bem hoje. “Estou bem.” Ana Luía respondeu, mas sua voz tremeu levemente.
Fábio virou seu rosto para ele, preocupação evidente em seus olhos. “O que aconteceu? Você está me assustando?” Ana Luía respirou fundo. Não havia maneira fácil de dizer isso. Estou grávida, ela disse simplesmente. O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor.
Fábio a encarou, processando as palavras, sua expressão completamente ilegível. Você está Ele começou, então parou. Nós vamos ter um bebê. Ana Luía assentiu, lágrimas enchendo seus olhos. Eu sei que não planejamos isso e sei que é cedo. E se você não quiser, ela não conseguiu terminar a frase porque Fábio a puxou para um abraço tão apertado que ela mal conseguia respirar. Quando ele finalmente a soltou, ela viu que havia lágrimas em seus olhos também.
Não querer ele disse, sua voz embargada. Ana Luía, você acabou de me dar a melhor notícia da minha vida. Sério? Ela sussurrou, mal ousando acreditar. Sério? Ele confirmou. Suas mãos movendo-se para sua barriga ainda plana. “Um bebê. Nosso bebê. Você não tem ideia de quanto isso significa para mim.
” Ele a beijou longo e terno, suas mãos acariciando reverentemente seu ventre. “Vou ser pai”, ele murmurou como se testando as palavras. “Vou ser pai. Você vai ser um pai maravilhoso”, Ana Luía disse, limpando as lágrimas de alegria de seu rosto. Vou ser melhor do que meu pai foi. Fábio prometeu sua voz feroz. Este bebê vai crescer sabendo que é amado todos os dias incondicionalmente. Naquela noite eles deitaram na cama.
Fábio, com a cabeça apoiada em sua barriga, conversando com o bebê que ainda era menor que uma semente de papoula. “Oi, pequeno”, ele sussurrou. “Sou seu papai. Eu sei que ainda nem existe propriamente, mas já te amo tanto. Sua mamãe e eu te amamos tanto. Ana Luía acariciou seus cabelos, seu coração transbordando de tanto amor que parecia impossível conter.
“Vamos precisar de um quarto de bebê”, ela disse. “Oinhas e uma cadeirinha para o carro. E tantas fraldas. Vamos precisar de tudo.” Fábio concordou beijando sua barriga. e vai ser perfeito. Mas no meio da noite, Ana Luía acordou e encontrou Fábio sentado na beira da cama, sua cabeça em suas mãos. Fábio! Ela chamou suavemente.
O que foi? Ele virou para ela e havia medo em seus olhos. E se eu não for um bom pai?”, ele sussurrou. “E se eu estragar tudo? E se eu for frio demais? Distante demais, como fui com você no início?” Ana Luía sentou-se pegando seu rosto entre suas mãos. “Você não vai”, ela disse firmemente. “Porque você não é mais aquele homem.
Você se abriu, você aprendeu a amar novamente, você enfrentou seus medos e você vai fazer a mesma coisa com nosso filho. Como você pode ter tanta certeza?” “Porque eu conheço você.” Ana Luía respondeu: “Conheço o homem gentil e amoroso sobem que vai criar nosso bebê”. Fábio a puxou para seus braços, segurando-a apertado.
“Obrigado”, ele murmurou contra seu cabelo. “Por acreditar em mim, quando nem eu mesmo acredito, sempre”, ela prometeu. Eles voltaram a dormir abraçados, ambos com as mãos de Fábio protetoramente sobre a barriga de Ana Luía, guardando o pequeno milagre que crescia dentro dela. Nenhum deles sabia que uma tempestade se aproximava.
uma tempestade com o nome de Fernanda, pronta para destruir a felicidade que eles tinham construído com tanto cuidado. Ana Luía estava com 4 meses de gravidez quando Fernanda voltou. A barriga começava a arredondar e Fábio não podia parar de tocá-la. Ele conversava com o bebê todas as noites, lia livros sobre paternidade e já havia transformado um dos quartos de hóspedes em um bersário elaborado, com papel de parede de estrelas e uma coleção impressionante de bichos de pelúcia.
“Você está mimando demais esse bebê antes mesmo dele nascer.” Ana Luía brincou, observando Fábio adicionar mais um elefante de pelúcia gigante à coleção. “Impossível”, ele respondeu, beijando sua barriga. Vou mimar vocês dois para sempre. Eles estavam felizes, genuinamente completamente felizes. Então, numa tarde de quinta-feira, a campainha tocou.
Dona Helena foi atender e Ana Luía ouviu sua voz surpresa e desconfortável vindo do hall de entrada. Sinto muito, senhora, mas o senhor Almeida não está recebendo visitas sem Não sou visita, Helena. Uma voz feminina interrompeu, fria e autoritária. Esta é minha casa tanto quanto a dele. Ana Luía levantou-se do sofá onde estava lendo e caminhou até o hall. Parou no topo da escada, olhando para a mulher na porta.
Fernanda era deslumbrante, alta, loira, com pele bronzeada perfeita e vestida em roupas de grife que provavelmente custavam mais que um carro. Seus olhos azuis eram frios como gelo e um sorriso cruel curvava seus lábios pintados de vermelho. Esses olhos se fixaram em Ana Luía, viajando de seu rosto até sua barriga proeminente.
“Então você é a nova senhora Almeida”, Fernanda disse. E havia veneno em sua voz. Que adorável. Quem é você? Ana Luía perguntou, embora já soubesse a resposta. Fernanda Almeida. A mulher respondeu colocando ênfase no sobrenome. Ou deveria dizer a verdadeira senhora Almeida. Ana Luía sentiu seu sangue gelar. Você não tem direito a esse nome.
Vocês estão divorciados. Isso é o que Fábio lhe disse. Fernanda riu. Um som sem humor. Bem, querida, parece que meu ex-marido não foi completamente honesto com você. Foi quando Fábio chegou ouvindo vozes estranhas em sua casa. Ele entrou pelo hall congelou quando viu Fernanda.
O que você está fazendo aqui?”, ele perguntou, sua voz baixa e perigosa. “Oi para você também, querido.” Fernanda, respondeu, aproximando-se dele. “Você está bem? O casamento te cai bem? Ou seria a paternidade iminente?” Fábio deu um passo protetoramente entre Fernanda e Ana Luía, que havia descido as escadas. “Saia da minha casa agora. Sua casa?” Fernanda tirou alguns papéis de sua bolsa cara. Essa é a questão, Fabio. Tecnicamente, ainda é nossa casa.
Ela jogou os documentos na mesinha de centro. Fábio os pegou. Seus olhos correndo pelas páginas, seu rosto empalidecendo gradualmente. “Isso é impossível”, ele sussurrou. “O que é?”, Ana Luía perguntou, seu coração acelerando com medo. “Nosso divórcio,” Fábio disse, sua voz oca. Segundo esses documentos, nunca foi finalizado. Houve um erro no cartório. Nosso casamento ainda é legalmente válido.
O mundo de Ana Luía desabou. Não, ela sussurrou. Isso não pode estar certo. Tá sá, mas está. Fernanda disse satisfação evidente em sua voz. O que significa, querida, que seu casamento com Fábio é inválido. Tecnicamente, você é apenas sua amante e esse bebê? Ela gesticulou para a barriga de Ana Luía.
Bem, digamos que as coisas vão ficar complicadas. Fábio largou os papéis como se queimassem. Isso é mentira. Você está mentindo. Sou muitas coisas, Fábio, mas não sou mentirosa. Fernanda retrucou. Verifique com seu advogado se não acredita em mim. Mas os documentos são genuínos. Nosso divórcio nunca foi processado adequadamente.
O funcionário do cartório cometeu um erro. E agora, bem, aqui estamos. Ana Luía sentiu suas pernas fraquejarem. Fábio imediatamente foi até ela, segurando-a, guiando-a para o sofá. Respire. Ele instruiu sua voz tensa. Apenas respire, meu amor, como tocante. Fernanda comentou. Mas vamos ser práticos aqui, Fábio. Precisamos resolver isso.
Podemos fazer isso de forma amigável ou podemos fazer isso nos tribunais. Sua escolha. O que você quer? Fábio perguntou. Sua mandíbula apertada. O que sempre quis. Fernanda respondeu. Você, sua fortuna, nosso estilo de vida. Estive fora por alguns anos construindo minha própria vida, mas descobri que nada se compara a ser a senora Almeida. Então, aqui está minha proposta.
Você manda sua amante, embora assume responsabilidade pelo filho dela. E nós recomeçamos. Como deveria ter sido. Você está louca. Fábio cuspiu. Você me traiu, tentou destruir minha empresa e agora aparece aqui, achando que vou simplesmente Não é sobre o que você quer, Fernanda interrompeu. É sobre o que é legal. E legalmente ainda sou sua esposa.
Ela virou-se para sair, então parou e olhou para Ana Luía. Uma palavra de conselho, querida. Ela disse. Sua voz doce como veneno. Homens como Fábio não mudam. Ele pode brincar de casa feliz com você agora, mas eventualmente ele vai mostrar suas verdadeiras cores. Ele é frio, distante, incapaz de verdadeiro afeto. Eu vivi com isso por três anos.
Você realmente quer submeter seu filho a isso? Saia. Fábio rugiu. Sua voz ecoando pelas paredes. Saia agora antes que eu a faça sair. Fernanda sorriu triunfante. Meu advogado entrará em contato. Boa tarde, Fábio. Ana Luía. Ela saiu e o silêncio que deixou para trás era ensurdecedor.
Ana Luía estava sentada no sofá, lágrimas silenciosas escorrendo por seu rosto, suas mãos protetoramente sobre sua barriga. Fábio ajoelhou-se na frente dela, pegando suas mãos. Ouça-me”, ele disse, “Sua voz urgente. Nada do que ela disse muda qualquer coisa entre nós. Você é minha esposa. Esse bebê é nosso. Vamos resolver isso. E se ela estiver certa?”, Ana Luía sussurrou.
“E se nosso casamento realmente for inválido? Então casaremos novamente?” Fábio disse firmemente: “Mil vezes se necessário, mas você é minha, Ana Luía, minha esposa, minha vida, meu tudo. Um erro burocrático não muda isso. Ana Luía queria acreditar nele.
Queria desesperadamente, mas o medo havia se instalado em seu coração, sussurrando dúvidas venenosas. E se Fernanda tivesse razão? E se ela perdesse tudo? As semanas seguintes foram um pesadelo. O advogado de Fábio, Dr. Marcos Pereira, um homem de 50 anos com cabelos grisalhos e uma reputação impecável, examinou os documentos que Fernanda apresentara. Infelizmente, ele disse em sua reunião, sua expressão sombria.
Os documentos parecem autênticos. Houve, de fato um erro no processamento do seu divórcio. O funcionário do cartório falhou em registrar adequadamente o documento final. Como isso é possível?”, Fábio perguntou, sua voz controlada apenas com grande esforço. “Has mano, infelizmente, Dr.
Marcos respondeu: “O sistema não é perfeito. A questão é: vamos contestar isso no tribunal ou buscar um acordo?” “Sem acordos.” Fábio disse firmemente: “Não darei a ela um centavo.” Então nos preparamos para um julgamento. Dr. Marcos disse, “E preciso avisá-los, vai ser feio.” Ele estava certo. O julgamento foi agendado para o fórum da Barra Funda em São Paulo.
A mídia pegou a história. Magnata imobiliário em batalha legal com ex-esposa, enquanto a atual esposa espera filho. E se tornou o escândalo da alta sociedade paulistana. Ana Luía estava com 5 meses de gravidez. Quando o julgamento começou, sua barriga era impossível de esconder e ela sentiu os olhares julgadores de todos na sala do tribunal.
Fernanda chegou vestida impecavelmente em um terninho chanel, seus cabelos loiros em ondas perfeitas, jogando o papel de esposa ferida e abandonada com maestria. “Eu amava Fábio”, ela testemunhou, sua voz quebrando convincentemente. “Sim, cometemos erros. Sim, tivemos problemas, mas ele simplesmente desistiu de nosso casamento sem nem tentar resolver as coisas.
E agora descubro que ele está com outra mulher, esperando um filho enquanto ainda está legalmente casado comigo. É devastador. O advogado de Fernanda, um homem agressivo chamado Dr. Júlio Santos, apresentou evidências de que Fábio havia se relacionado com Ana Luía antes do divórcio ser supostamente finalizado. “Qu temos fotos”, Dr.
Júlio disse, exibindo imagens de Fábio e Ana Luía juntos antes do casamento, mostrando que meu cliente tinha um caso extraconjugal enquanto ainda legalmente casado com a senora Fernanda Almeida. Isso é ridículo. Fábio sibilou para Dr. Marcos.
Eu nem conhecia a Ana Luía quando ainda estava com Fernanda, mas as fotos eram convincentes, aparentemente mostrando Fábio e Ana Luía, em datas anteriores ao divórcio alegado. Então veio a bomba. Dr. Júlio apresentou mais fotos destas mostrando Ana Luía com outro homem, um jovem bonito, cabelos escuros, sorriso charmoso. E aqui, Dr. Júlio, continuou, temos evidências de que a senora Ana Luía Silva mantinha um relacionamento com o senhor Lucas Ferreira, ao mesmo tempo em que iniciou seu relacionamento com meu cliente.
De fato, não podemos ter certeza da paternidade da criança que ela carrega. Ana Luía sentiu o sangue drenar de seu rosto. O homem nas fotos era Lucas, seu ex-namorado do colégio. Eles haviam terminado anos atrás, mas permaneceram amigos. As fotos mostravam eles abraçados, rindo, em situações que poderiam facilmente ser mal interpretadas.
“Isso é mentira”, ela sussurrou, mas sua voz se perdeu no caos da sala do tribunal. Ela olhou para Fábio, esperando ver confiança em seus olhos. Em vez disso, viu dúvida. apenas por um momento, apenas um breve lampejo, mas ela viu e algo dentro dela morreu. A sessão foi suspensa até o dia seguinte. No carro, voltando para casa, o silêncio era opressivo. “Você acredita nela?”, Ana Luía finalmente perguntou.
Sua voz pequena. “Não, Fábio, respondeu, mas sua voz faltava convicção. Você hesitou”, Ana Luía disse, lágrimas escorrendo por seu rosto. No tribunal, quando ele mostrou aquelas fotos, você hesitou. As fotos eram convincentes, Fábio admitiu, passando a mão pelos cabelos frustrado. Eu sei que são falsas. Eu sei que tem que ser mais, mas você duvidou de mim.
Ana Luía terminou sua voz quebrada. Depois de tudo que passamos, depois de tudo que construímos, você realmente acredita que eu poderia fazer isso com você? Eu não sei o que acreditar. Fábio explodiu. Fernanda me enganou por três anos sem que eu percebesse.
Como posso confiar no meu próprio julgamento? Ana Luía olhou para ele, esse homem que ela amava mais do que a própria vida, e percebeu que os fantasmas de Fernanda ainda tinham poder sobre ele. “Pare o carro”, ela disse calmamente. “O quê?” “Pare o carro, Fábio.” Ele parou no acostamento. Ana Luía tirou sua aliança e a colocou no painel. “O que você está fazendo?”, Fábio perguntou pânico, tingindo sua voz. Estou indo embora.
Ana Luía respondeu, abrindo a porta. Não posso ficar com alguém que não confia em mim. Não posso criar meu filho em um ambiente onde sempre serei suspeita, sempre comparada com a mulher que o traiu. Ana, não. Fábio suplicou, segurando seu braço. Por favor, não vá. Eu sinto muito. Eu fui um idiota. Eu confio em você. Eu confio. Não, você não confia.
Ana Luía disse, lágrimas fluindo livremente agora. E enquanto você não confiar completamente, não temos nada. Ela saiu do carro e chamou um Uber, deixando Fábio sentado sozinho, segurando a aliança dela, percebendo que poderia ter perdido tudo. Ana Luía foi para a casa de seus pais, uma modesta casa em um bairro classe média de São Paulo.
Sua mãe, dona Marta, recebeu-a com braços abertos, sem fazer perguntas, apenas segurando sua filha enquanto ela chorava. Deixei ele. Ana Luía soluçou. Deixei Fábio. X, meu amor, sua mãe murmurou, acariciando seus cabelos. Conte-me tudo. E ela contou tudo desde o início. Seu pai, Antônio, ouviu em silêncio, sua expressão ficando mais sombria a cada palavra. Isso é culpa minha.
Ele finalmente disse quando ela terminou. Eu forcei você a esse casamento. Eu fiz isso com você por causa de minhas dívidas, meu fracasso. Não, pai. Ana Luía interrompeu pegando sua mão. Eu escolhi me casar com ele e não me arrependo. Eu o amo, mas não posso ficar com alguém que não confia em mim completamente. Ele é um tolo dona Marta declarou. Qualquer um pode ver que você é fiel como o sol nascente.
Essas fotos são obviamente manipuladas. Mas ele hesitou. Ana Luía sussurrou. E isso dói mais do que qualquer traição poderia. Enquanto isso, na mansão vazia nos jardins, Fábio estava desmoronando. Ele ligou para Ana Luía incontáveis vezes, mas ela não atendia. Ele foi até a casa de seus pais, mas eles gentilmente, mas firmemente, disseram que ela não queria vê-lo.
Deixe-a em paz, Antônio disse, uma rara firmeza em sua voz. Você já a machucou o suficiente. Fábio voltou para casa e, pela primeira vez em anos, bebeu até cair em um sono inquieto no sofá, sonhando com olhos castanhos magoados e oportunidades perdidas. Dona Helena encontrou-o na manhã seguinte, ainda no mesmo lugar, a garrafa de whisky vazia ao lado dele.
“Senhor Fábio”, ela disse, balançando a cabeça com desaprovação. “Isso não vai trazê-la de volta.” “Nada vai.” Fábio respondeu, sua voz rouca. Eu estraguei tudo, assim como sempre faço. Helena sentou-se ao lado dele, sua expressão gentil, mas firme. Você sabe que essas fotos são falsas, não sabe? Sei.
Então, por que duvidou dela? Fábio fechou os olhos, a culpa corroendo-o por dentro. Porque sou um covarde. Porque Fernanda me condicionou a esperar traição, a procurar por mentiras em cada esquina, porque quando vi aquelas fotos por um breve momento, meu passado gritou mais alto do que minha confiança em Ana Luía.
Então você precisa provar a ela que seu futuro é mais importante que seu passado. Helena disse. Precisa mostrar a ela que confia nela, não apenas com palavras, mas com ações. Ela nem fala comigo. Então prove sua inocência no tribunal. Helena sugeriu. Descubra de onde essas fotos vieram. Prove que Fernanda está mentindo, que está manipulando tudo.
Lute por ela, senor Fábio, porque se você não lutar, você vai perder as duas melhores coisas que já aconteceram em sua vida. Fábio olhou para Helena e, pela primeira vez em dias viu um caminho à frente. “Você está certa”, ele disse, levantando-se com renovada determinação. “Preciso descobrir a verdade”, ele ligou para Dr. Marcos. “Preciso de um investigador particular.
o melhor que puder encontrar. Essas fotos são falsas e vou provar isso. O investigador, um homem chamado Roberto Silva, trabalhou incansavelmente. Ele rastreou as fotos até sua origem, seguiu trilhas digitais, entrevistou pessoas e duas semanas depois ele encontrou algo. As fotos foram manipuladas, Roberto relatou em uma reunião urgente com Fábio e Dr. Marcos.
Através de Photoshop avançado, as datas foram alteradas e mais, consegui rastrear quem as criou. Um fotógrafo freelancer que foi pago. Adivinhem por quem? Por Fernanda Almeida. Isso é evidência suficiente? Fábio perguntou, esperança acendendo em seu peito. É mais do que suficiente. Dr. Marcos confirmou, um sorriso raro cruzando seu rosto.
Podemos acusá-la de falsificação de documentos, manipulação de evidências. Isso pode virar o julgamento completamente. Então, o que estamos esperando? Fábio perguntou. Vamos destruí-la. Mas primeiro, ele tinha algo mais importante a fazer. Ele foi até a casa dos pais de Ana Luía novamente. Desta vez, quando Antônio abriu a porta, Fábio não pediu para entrar. Em vez disso, ele ajoelhou-se.
“Senhor Silva”, ele disse, sua voz firme, apesar da vulnerabilidade da posição. Eu estraguei tudo. Duvidei de sua filha quando deveria ter confiado nela cegamente. Deixei meu passado envenenar meu presente, mas eu a amo. Amo-a mais do que a minha própria vida e vou passar o resto dos meus dias provando isso a ela, se ela me der outra chance. Antônio olhou para o homem ajoelhado em sua porta, então olhou por cima do ombro.
Ana Luía estava de pé no corredor, lágrimas escorrendo por seu rosto, uma mão sobre sua barriga, agora visivelmente grande. Acho, Antônio disse lentamente que essa decisão não é minha para fazer. Fábio levantou os olhos e viu Ana Luía. Seu coração se apertou. Ela estava mais magra, com olheiras escuras sobre os olhos, mas ainda era a coisa mais linda que ele já vira.
Ana, ele sussurrou. Por favor, só me escute. Ana Luía caminhou lentamente até a porta. Ela olhou para ele, esse homem que partira, e depois consertara seu coração, e sentiu sua resolução vacilar. “Eu confio em você”, Fábio disse, ainda ajoelhado. “Confio completamente, sem dúvidas, sem reservas.
Essas fotos eram falsas. Fernanda as manipulou. e tenho provas. Mas mesmo sem provas deveria ter confiado em você, porque você me mostrou todos os dias que é digna de confiança. E eu fui um completo idiota por deixar meus medos falarem mais alto. Você me machucou, Ana Luía disse, sua voz quebrando. Eu sei e passarei o resto da minha vida pedindo desculpas por isso, mas por favor não desista de nós.
Não desista de nossa família. Ana Luía fechou os olhos, lágrimas escorrendo. Ela sentiu o bebê chutar, como se estivesse dando sua opinião sobre a situação. “Levante-se”, ela finalmente disse. Fábio levantou, esperançoso, mas cauteloso. “Se voltarmos juntos, Ana Luía disse, “Não pode haver mais dúvidas, não pode haver mais hesitações.
Você confia em mim completamente, ou não existe nós?” Confio”, Fábio disse imediatamente. “comada fibra do meu ser, confio em você”. Ana Luía estudou seu rosto, procurando por sinais de incerteza. Não encontrou nenhum, apenas amor, arrependimento e determinação feroz. “Tudo bem”, ela sussurrou. “Vamos tentar novamente.” Fábio a puxou para seus braços, segurando-a como se ela pudesse desaparecer.
Obrigado”, ele murmurou contra seu cabelo. “Obrigado por me dar outra chance. Prometo que não vou desperdiçá-la.” “Não desperdice”, Ana Luía disse, enterrando o rosto em seu peito. “Porque não haverá uma terceira, não precisará haver.” Fábio prometeu.
E quando se beijaram ali na porta da casa de seus pais, com seus pais observando com sorrisos através das lágrimas, foi um novo começo, um recomeço, uma segunda chance para acertar. Com Ana Luía de volta e evidências sólidas contra Fernanda, Fábio estava confiante quando o julgamento foi retomado. Dr. Marcos apresentou as descobertas do investigador, as fotos manipuladas, os recibos de pagamento ao fotógrafo, tudo meticulosamente documentado.
Vossa Excelência, Dr. Marcos disse ao juiz Dr. Fernando Costa, um homem de 60 anos, com uma reputação de ser justo, mas rigoroso. As evidências mostram claramente que a senora Fernanda Almeida fabricou provas para desacreditar meu cliente e sua esposa. Isso constitui falsificação de documentos e manipulação de evidências.
O advogado de Fernanda, Dr. Júlio, ficou visivelmente abalado, mas tentou manter a compostura. Essas alegações são infundadas”, ele começou, mas sua voz faltava convicção. Infundadas? Dr. Marcos retornou. Temos confissão por escrito do fotógrafo que criou as imagens falsas.
Temos registros bancários mostrando pagamentos de contas pertencentes à senora Fernanda. Temos metadados digitais provando que as fotos foram alteradas. Fernanda sentou-se rígida em sua cadeira, seu rosto uma máscara de compostura, mas seus olhos traíam pânico. Além disso, Dr. Marcos continuou: “Investigamos o suposto erro no cartório sobre o divórcio. E adivinha? Descobrimos que um funcionário do cartório, Sr.
Paulo Mendes, recebeu um depósito significativo em sua conta bancária. Três dias antes de Fernanda apresentar esses documentos. Um murmúrio percorreu a sala do tribunal. Estão sugerindo suborno?”, o juiz perguntou sua expressão severa. “Estou afirmando suborno, vossa excelência”, Dr. Marcos respondeu: “O Sr.
Paulo Mendes já confessou sob questionamento policial. Ele foi pago pela senora Fernanda para criar documentação falsa, sugerindo que o divórcio nunca havia sido processado adequadamente. Fernanda levantou-se abruptamente. Isso é ridículo? Vocês não têm prova. Sente-se, Senora Almeida.” O juiz ordenou: “Tenho direito de me defender contra essas acusações absurdas”, Fernanda gritou, perdendo sua compostura cuidadosamente mantida.
“Sua defesa será apresentada através de seu advogado.” O juiz disse firmemente. Agora sente-se ou serei forçado a considerá-la em desacato ao tribunal. Ferne. Continuando a narrativa, Anda sentou-se lentamente, seu rosto pálido, percebendo que seu castelo de cartas estava desmoronando. Dr. Marcos voltou-se para o juiz. Vossa Excelência, solicito que todas as acusações contra meu cliente sejam retiradas.
Além disso, solicitamos que a sinona será Fernanda seja processada por falsidade ideológica, falsificação de documentos, suborno de funcionário público e difamação. O juiz ajustou seus óculos, olhando para Fernanda com evidente desaprovação. Dada a gravidade dessas alegações e a evidência substancial apresentada, estou inclinado a concordar com o Dr. Pereira.
No entanto, antes de tomar minha decisão final, há alguém mais que gostaria de testemunhar? Dr. Marcos sorriu. Sim, Vossa Excelência. Gostaria de chamar o senhor Rodrigo Tavares. O nome fez Fernanda congelar. Ana Luía viu a cor drenar completamente do rosto dela. Rodrigo Tavares entrou na sala, o homem que havia sido melhor amigo e sócio de Fábio, o homem que traíra com Fernanda.
Ele parecia mais velho, cansado, com linhas profundas ao redor de seus olhos. “Senor Tavares, Dr. Marcos começou quando Rodrigo foi devidamente juramentado. O senhor teve um relacionamento com a senhora, Fernanda Almeida enquanto ela era casada com meu cliente, correto?” “Sim.” Rodrigo respondeu sua voz baixa. “E o senhor teve algum contato com a senora Fernanda recentemente.
Rodrigo olhou para Fernanda e havia algo parecido com remorço em seus olhos. Sim, ela me procurou há três meses. Disse que queria reconquistar Fábio e precisava da minha ajuda. E que tipo de ajuda? Ela me pagou para fotografar Ana Luía com seu ex-namorado, Lucas Ferreira. Ela queria criar a aparência de infidelidade. Eu eu relutantemente concordei. Por que você concordou? Rodrigo abaixou a cabeça.
Porque ela me chantageou. Tenho algumas irregularidades fiscais do passado que ela ameaçou expor se eu não ajudasse. E as fotos mostrando meu cliente com Ana Luía antes do divórcio, também falsificadas. Fernanda contratou um especialista em Photoshop. Ela tinha fotos antigas de Fábio e simplesmente inseriu Ana Luía nelas, alterando as datas.
Por que você está confessando isso agora? Rodrigo finalmente levantou os olhos, olhando diretamente para Fábio. Por já cometi erros suficientes. Já traí Fábio o suficiente. Ele não merecia o que fizemos com ele 5 anos atrás e certamente não merece isso agora. Ele encontrou felicidade com Ana Luía e eu não vou ser parte de destruir isso novamente. Houve silêncio pesado na sala do tribunal.
Obrigado, senr Tavares Dr. Marcos disse sem mais perguntas. O advogado de Fernanda nem tentou interrogar Rodrigo. Não havia ponto. O caso estava perdido. O juiz bateu seu martelo. Dado o testemunho e as evidências apresentadas, declaro que o divórcio entre Fábio Henrique Almeida e Fernanda Costa Almeida foi sim processado adequadamente a 5 anos e é completamente válido.
O casamento subsequente entre Fábio Henrique Almeida e Ana Luía Silva é legal e legítimo em todos os aspectos. Ana Luía sentiu Fábio apertar sua mão e ela apertou de volta, lágrimas de alívio escorrendo por seu rosto. Além disso, o juiz continuou sua voz severa. Ordeno que a senora Fernanda Costa Almeida seja presa imediatamente por falsidade ideológica, falsificação de documentos, suborno e tentativa de fraude. A sentença será determinada em audiência separada.
Dois oficiais de justiça se aproximaram de Fernanda. Ela levantou-se, sua compostura finalmente se despedaçando completamente. “Fábio!”, ela gritou enquanto era conduzida para fora. “Fábio, por favor, eu te amo. Eu sempre te amei. Ela não pode te amar como eu. Você nunca me amou.
” Fábio disse calmamente, levantando-se e virando-se para encará-la. Você amava meu dinheiro, meu status, a vida que eu podia te proporcionar, mas eu, o homem real, você nunca se importou e agora vai pagar por suas escolhas. Fernanda foi retirada da sala, seus gritos ecoando pelos corredores. Fábio virou-se para Ana Luía, puxando-a para seus braços.
Ela estava chorando, seu corpo sacudindo com soluços de alívio. “Aou”, ele murmurou contra seu cabelo. “Finalmente acabou.” “Acabou?”, Ela repetiu, segurando-o apertado. Eles saíram do tribunal de mãos dadas para um mar de flashes de câmeras e perguntas gritadas de repórteres, mas nada disso importava.
Tudo que importava era que eles tinham vencido. Sua família estava segura, seu amor estava protegido e Fernanda nunca mais poderia machucá-los. Nas semanas após o julgamento, Fábio e Ana Luía focaram em curar as feridas que o processo havia aberto. Fábio sugeriu terapia de casal. E Ana Luía concordou. Eles começaram a ver a Dra.
Sofia Mendes. Sim, a mesma Sofia que Ana Luía conhecera no trabalho voluntário, que coincidentemente também era terapeuta de casais. “Vocês dois passaram por um trauma significativo”, Sofia disse em sua primeira sessão. “Não apenas o julgamento recente, mas todo o histórico de traição de Fábio e o casamento arranjado que começou sem amor. É importante processar tudo isso de forma saudável. As sessões eram difíceis.
Fábio teve que confrontar como seu passado com Fernanda ainda o assombrava, como ele projetara seus medos em Ana Luía. Quando vi aquelas fotos, ele admitiu em uma sessão sua voz carregada de emoção. Por um momento, não estava vendo Ana Luía, estava vendo Fernanda, estava revivendo aquela traição, aquela dor. Isso não foi justo com você. Ana Luía pegou sua mão.
Eu entendo porque você reagiu assim, mas machucou profundamente. Eu sei, Fábio, disse, lágrimas em seus olhos e passarei o resto da minha vida compensando isso. Não quero compensação, Ana Luía disse suavemente. Quero confiança. Quero saber que quando enfrentarmos problemas futuros, porque haverá problemas. Sempre há em casamentos. Você não vai duvidar de mim. Você vai ficar ao meu lado. Ficarei. Fábio prometeu sempre.
Sofia observava a troca com um sorriso leve. Vocês dois estão fazendo o trabalho. É isso que importa. Não é sobre nunca cometer erros. É sobre reconhecê-los, aprender com eles e seguir em frente juntos. Ana Luía estava agora com 7 meses de gravidez. Sua barriga era grande e redonda, e ela adorava cada minuto, mesmo com o desconforto.
Fábio era excessivamente atencioso, quase ao ponto de ser irritante. “Fábio, eu posso subir as escadas sozinha?” Ana Luía riu quando ele insistiu em carregá-la. “Eu sei que pode.” Ele respondeu, mas não a soltou. “Mas deixe-me fazer isso. Deixe-me cuidar de você.
Você está me mimando e vou continuar mimando você e nosso filho pelos próximos 50 anos. Então, melhor se acostumar. Eles passaram fins de semana montando o bersário, escolhendo roupinhas minúsculas e discutindo nomes. Se for menino, que tal Miguel? Fábio sugeriu. Miguel Almeida. Ana Luía testou o nome. Eu gosto. E se for menina? Sofia em homenagem à Dra. Sofia, que tem nos ajudado tanto. Ana Luía sorriu. Sofia Almeida. Perfeito.
Mas havia uma conversa que ainda precisavam ter. Uma noite, deitados na cama com a mão de Fábio em sua barriga, sentindo o bebê chutar, Ana Luía a iniciou. Fábio, preciso saber, você ainda tem sentimentos por Fernanda? Fábio olhou para ela surpreso. O quê? Não, absolutamente não. Mas vocês foram casados. Vocês foram felizes uma vez.
Eu pensei que éramos felizes, Fábio corrigiu, mas era tudo ilusão. Ela estava atuando e eu estava muito ingênuo para perceber. O que sinto por Fernanda agora é nada. Talvez pena pelo que ela se tornou, mas nada romântico. Você acredita em mim? Ana Luía estudou seu rosto. Sim. Ela finalmente disse: “Eu acredito. Bom, porque você é a única mulher que eu amo, a única que eu já amei de verdade.
Fernanda, foi uma lição, mas você é minha vida.” Eles se beijaram lento e doce, e o bebê chutou entre eles, fazendo-os rir. Acho que alguém está com ciúmes. Ana Luía brincou. Vai ter que se acostumar, Fábio disse falando para a barriga. Vou beijar sua mamãe muito, muito mesmo. A preparação para o bebê também incluiu reparar o relacionamento com a família de Ana Luía.
Fábio convidou Antônio e Marta para jantar na mansão, determinado a fazer as pazes adequadamente. “Senhor Silva”, Fábio disse, levantando-se quando eles chegaram. “Senora Silva, obrigado por virem.” Antônio olhou ao redor da mansão opulenta, claramente desconfortável. “Fábio, meu filho.” Antônio disse porque afinal ele era seu genro. Quero me desculpar. Forcei Ana em um casamento que ela não queria por razões egoístas.
Pai, já falamos sobre isso. Ana Luía interrompeu. Deixe-me falar, filha. Antônio insistiu. Ele virou-se para Fábio. Eu o julguei mal. Pensei que você fosse apenas um homem rico usando minha filha, mas vejo agora que você a ama de verdade com cada fibra do meu ser. Fábio confirmou. Então, tudo que peço é que continue amando-a, continue fazendo-a feliz, continue sendo o homem que vi ajoelhado na minha porta, pedindo por outra chance.
Prometo, Fábio disse, estendendo a mão. Antônio a pegou, então puxou Fábio para um abraço. Bem-vindo à família, filho. Marta abraçou Fábio também, sussurrando: “Obrigada por fazer minha filha feliz. O jantar foi alegre, cheio de risadas e histórias. Dona Helena se superou na comida e até Fábio relaxou, deixando sua natureza controlada cair e simplesmente aproveitando a companhia da família.
“Vocês vão ser a voz incríveis”, Ana Luía disse, observando seus pais interagirem com Fábio. “E você vai ser uma mãe maravilhosa”, Marta? Respondeu, lágrimas nos olhos. Estou tão orgulhosa de você, minha filha. Você enfrentou tanto e ainda permaneceu forte e gentil. Naquela noite, depois que seus pais foram embora, Fábio e Ana Luía sentaram-se na varanda sob as estrelas.
Sabe, Ana Luía disse, quando aceitei me casar com você, pensei que estava sacrificando minha chance de felicidade verdadeira, mas acabou sendo o oposto. Você é minha felicidade verdadeira e você salvou minha vida. Fábio respondeu: “Não apenas financeiramente ou socialmente, mas emocionalmente. Você me ensinou a amar novamente, a confiar novamente, a ser humano novamente.
Eles se beijaram e naquele momento, sob as estrelas de São Paulo, eles souberam que não importava o que o futuro trouxesse, enfrentariam juntos. Ana Luía estava com 8 meses e meio quando as contrações começaram. Era 3 da manhã e ela acordou com uma dor aguda percorrendo seu abdômen.
A princípio, pensou que fossem contrações de Brackstone Hicks, as contrações de treinamento que seu médico havia mencionado, mas essas eram diferentes, mais fortes, mais regulares. “Fábio”, ela sussurrou, sacudindo seu ombro. “Fábio, acorde.” Ele acordou instantaneamente, sentando-se. “O quê? O que foi? Você está bem?” “Acho que está na hora.” Ana Luía disse, sua voz tremendo entre excitação e medo.
Fábio ficou pálido. Ora, ora, agora? Agora ela confirmou e outra contração atingiu, fazendo-a ofegar. Fábio entrou em modo pânico eficiente. Ele pulou da cama, tropeçando em seus próprios pés, pegando a bolsa do hospital que haviam preparado semanas atrás, ligando para o médico, acordando dona Helena, tudo enquanto murmurava: “Está tudo bem? Está tudo bem? Estamos prontos.
Treinamos para isso. Fábio. Ana Luía disse tentando não rir apesar da dor. Respire. Eu estou respirando. Você é quem deveria estar respirando. Estou respirando. Ela garantiu. Mas você está tendo um ataque de pânico. Fábio parou percebendo que ela estava certa. Ele respirou fundo. Depois foi até ela pegando suas mãos. Desculpe, ele disse. Estou aterrorizado.
Eu também, Ana Luía admitiu, mas vamos fazer isso juntos, certo? Juntos. Ele concordou. O trajeto até o hospital Sírio libanês foi uma confusão. Fábio dirigiu cautelosamente, tratando cada lombada como se fosse uma montanha perigosa, enquanto Ana Luía cronometrava suas contrações. “5 minutos de intervalo, ela anunciou.
5 minutos? Isso é rápido? Isso é ruim, é normal. Ana Luía o tranquilizou. No hospital foram levados imediatamente para uma suí de parto. O Dr. André Santos, o obstetra de Ana Luía, já os aguardava. “Como estamos?”, ele perguntou, seu jeito calmo, imediatamente tranquilizando ambos. “Com contrações regulares a cada 5 minutos, Ana Luía” relatou.
“E minha bolsa ainda não estourou. Vamos dar uma olhada. Dr. André disse, conduzindo o exame. Você está com 4 cm de dilatação, progredindo bem. Vai demorar algumas horas ainda, então acomode-se. Algumas horas acabaram sendo 10. 10 horas de contrações cada vez mais intensas, de Fábio segurando sua mão enquanto ela apertava tão forte que tinha certeza de quebraria seus dedos, de exercícios de respiração e palavras de encorajamento. Você está indo tão bem.
Fábio murmurava a cada contração. Também, meu amor. Você é incrível. Não me sinto incrível. Ana Luía gemeu. Sinto como se estivesse sendo partida ao meio. Quer a Epidural? O Dr. André ofereceu. Ana Luía havia planejado fazer parto natural, mas depois de 7 horas seu plano mudou. “Sim”, ela disse imediatamente. “Sim, por favor, Deus. Sim.
” A epidural foi um alívio abençoado. As contrações continuaram, mas a dor aguda cedeu a uma pressão surda. Melhor? Fábio, perguntou, acariciando seus cabelos encharcados de suor. Muito melhor, ela suspirou. Às 2as da tarde, 10 horas depois das contrações começarem, Dr. André anunciou: “Está na hora de fazer força.
Você está com 10 cm pronta?” Ana Luía olhou para Fábio, medo e excitação, misturados em seus olhos. Pronta. Eu te amo, Fábio disse beijando sua testa. Você consegue. Você é a mulher mais forte que conheço. A fase de expulsão durou 40 minutos. 40 minutos de fazer força com cada grama de energia que Ana Luía possuía.
De Fábio a encorajando, de enfermeiras contando, do Dr. André dando instruções calmas. Mais uma força grande, Dr. André instruiu. A cabeça está coroando. Uma mais, Ana Luía. Ana Luía gritou, fazendo força com toda sua força, e de repente alívio e então um choro. O choro mais lindo que ela já ouvira. É um menino. Dr.
André anunciou levantando um pequeno bebê coberto de verniix, cordão umbilical ainda anexado, braços e pernas se mexendo, pulmões trabalhando poderosamente enquanto ele anunciava sua chegada ao mundo. “Um menino”, Ana Luía soluçou rindo e chorando simultaneamente. “Nosso filho”, Fábio sussurrou, lágrimas escorrendo abertamente por seu rosto.
O bebê foi colocado no peito de Ana Luía e ela olhou para o rostinho vermelho e amassado, os olhinhos apertados, a boca minúscula e se apaixonou instantaneamente. “Oi, Miguel”, ela sussurrou. “Oi, meu amor. Eu sou sua mamãe.” Fábio tocou a cabecinha do bebê com reverência, como se não conseguisse acreditar que ele era real. “Ele é perfeito,” Fábio disse, sua voz embargada. completamente perfeito.
Miguel agarrou o dedo de Fábio com sua mãozinha minúscula e Fábio fez um som entre riso e soluço. “Ele está me segurando”, ele disse maravilhado. “Ele está me segurando. Ele sabe que você é o papai dele.” Ana Luía disse, observando o homem que amava segurar seu filho pela primeira vez.
Depois que o cordão foi cortado e Miguel foi limpo, pesado, 3,4 kg e medido, 51 cm, ele foi devolvido aos pais. Fábio segurou seu filho pela primeira vez, o bebê parecendo impossível pequeno em seus grandes braços, e algo nele mudou fundamentalmente. “Eu prometo”, ele sussurrou para Miguel, “que vou proteger você. Vou amar você. Vou ser o pai que você merece. Você nunca vai questionar se é amado, porque vou mostrar a você todos os dias.
Ana Luía observava seu coração tão cheio que parecia impossível conter. Este homem, este homem que fora tão frio e distante meses atrás, agora derretia-se de amor por um bebê de poucos minutos de vida. Olhe para nós ela disse suavemente. Somos uma família. Fábio olhou dela para Miguel e de volta. a família mais perfeita do mundo.
Eles passaram as próximas horas em sua própria bolha, apenas os três, conhecendo-se, mapeando cada dedo minúsculo, cada som pequenininho. Quando finalmente permitiram visitantes, os pais de Ana Luía foram os primeiros a chegar. Marta chorou ao ver seu neto pela primeira vez. Antônio tentou ser forte, mas suas mãos tremiam quando segurou o bebê. “Olá, Miguel!” Antônio sussurrou. Sou seu vovô e vou estragar você completamente.
Ele é lindo, Marta disse, acariciando a bochecha de Miguel. Perfeito. Exatamente perfeito. Dona Helena chegou em seguida, trazendo uma manta de bebê que ela mesma tricotara. “Bem-vindo ao mundo, pequeno Miguel”, ela disse lágrimas nos olhos. Você nasceu em uma família que te ama tanto. Naquela noite, depois que todos os visitantes foram embora e Miguel dormia em seu berço ao lado da cama do hospital, Fábio e Ana Luía deitaram-se juntos na cama estreita do hospital. “Fizemos isso”, Ana Luía sussurrou.
“Você fez isso?”, Fábio corrigiu. “Você foi incrível.” Nós fizemos isso”, Ana Luía insistiu. Juntos, como sempre, eles olharam para seu filho dormindo, e o futuro se estendia diante deles, desconhecido, assustador, mas cheio de possibilidades infinitas. 10 anos depois, Ana Luía acordou com o som de risadas infantis ecoando pelo corredor.
Ela sorriu antes mesmo de abrir os olhos, reconhecendo as vozes distintas de seus cinco filhos. Sim, cinco, cada um com sua personalidade única. Mamãe! A voz aguda de Júlia, de três anos, chamou enquanto pulava na cama. Papai está fazendo panquecas com gotas de chocolate. Pedro e Paulo, os gêmeos de 6 anos, gritaram em uníssono, aparecendo na porta. E eu estou ajudando.
Sofia, de 8 anos, anunciou com orgulho, entrando mais calmamente que seus irmãos mais novos. Onde está Miguel? Ana Luía perguntou, sentando-se e puxando Júlia para seu colo, ajudando papai a não queimar tudo. Miguel, agora com 10 anos, respondeu, aparecendo na porta com um sorriso que era pura imagem de Fábio. Ana Luía olhou para seus cinco filhos, seu coração transbordando.
Quando ela e Fábio decidiram ter mais filhos após Miguel, nunca imaginaram que acabariam com uma casa cheia. Sofia veio dois anos depois de Miguel. Então os gêmeos, uma surpresa mais maravilhosa. E finalmente Júlia, seu bebê final. E agora aos 33 anos, Ana Luía estava grávida novamente. Seis meses, mais um presente inesperado. “Venham”, ela disse, levantando-se.
“Vamos resgatar papai antes que ele transforme a cozinha em zona de desastre”. A mansão nos jardins havia mudado dramaticamente nos últimos 10 anos. As paredes, antes brancas, estéreis, agora eram decoradas com desenhos infantis emoldurados, fotografias de família em todos os cantos, brinquedos espalhados por todos os cômodos. Não era mais uma casa de exibição, era um lar.
Na cozinha, Fábio, agora com 48 anos, alguns fios grisalhos nas têmporas, mas ainda absurdamente bonito, estava em pé no fogão, uma criança em cada braço, enquanto tentava virar panquecas. Preciso de reforços”, ele anunciou quando viu Ana Luía. “Esta operação está fugindo do controle”.
Ana Luía riu, beijando e assumindo Júlia enquanto ele lidava com as panquecas. O café da manhã foi caótico, como sempre. Miguel contou sobre seu projeto de ciências. Sofia mostrou um desenho que fizera na escola. Os gêmeos brigaram sobre quem comeria a última panqueca. Fábio resolveu fazendo mais. Júlia conseguiu cobrir-se completamente de calda de chocolate.
Era perfeito, era vida, era amor. Depois do café, enquanto as crianças assistiam desenhos na sala, Fábio puxou Ana Luía para o escritório. “Tenho uma surpresa para você.” Ele disse, seus olhos brilhando. Fábio Henrique Almeida. Ana Luía disse, mãos nos quadris. Eu já estou grávida do nosso sexto filho.
Que surpresa maior pode haver esta? ele disse, entregando-lhe um envelope. Ana Luía abriu e encontrou passagens e reservas. Búzios. Estamos indo para Búzios, para a casa de praia. Fábio confirmou. Apenas nós dois. Os avós vão ficar com as crianças por um fim de semana. Pensei que poderíamos usar algum tempo sozinhos. Ana Luía jogou os braços ao redor de seu pescoço. Você é perfeito.
Longe disso, Fábio Riu. Mas tento. No fim de semana seguinte, eles fizeram a viagem para Búzios. A casa de praia parecia exatamente como Ana Luía se lembrava. Linda, serena, cheia de memórias. Foi aqui que tudo mudou, ela disse de pé na varanda, onde uma vez haviam compartilhado sua primeira noite juntos.
Foi aqui que me apaixonei por você”, Fábio corrigiu, envolvendo-a por trás, suas mãos descansando em sua barriga grávida. Embora tenha sido muito idiota para admitir na época, você se redimiu. Ana Luía brincou cinco vezes. Fábio brincou. Ou tecnicamente seis vezes? Ela o cutucou. Você fala como se fazer bebês fosse uma tarefa árdua.
Ohó, definitivamente não é árdua ele murmurou em seu ouvido, fazendo-a arrepiar. Na verdade é minha atividade favorita. Eles passaram o fim de semana relembrando, conversando, simplesmente desfrutando da companhia um do outro, sem cinco pequenas pessoas, exigindo atenção constante. “Você se arrepende?”, Fábio perguntou em sua última noite, deitados na mesma cama onde tudo começara.
“De ter se casado comigo, de toda a dor que passei a você no início, Ana Luía virou-se para encará-lo, acariciando sua mandíbula. Não me arrependo de nada. Ela disse firmemente. Aquela dor nos trouxe aqui, nos fez mais fortes, nos ensinou o valor do que temos. Se pudesse voltar e mudar alguma coisa, não mudaria, porque cada momento, até os dolorosos, nos levaram a esta perfeição. Fábio a beijou profunda eternamente.
“Eu te amo”, ele sussurrou. “Mais hoje do que ontem, menos do que amanhã. Sempre fofo”, Ana Luía brincou, mas havia lágrimas em seus olhos. Apenas com você”, ele prometeu. Fábio pegou sua mão, entrelaçando seus dedos. “Ana Luía Silva Almeida”, ele disse, sua voz subitamente séria. “Posso continuar?” Eram as mesmas palavras que ele dissera 10 anos atrás, quando pedi permissão para fazer amor com ela pela primeira vez, mas agora carregavam um significado diferente, mais profundo.
“Continuar?”, ela perguntou, embora soubesse o que ele perguntava. “Posso continuar te amando?”, Fábio disse, seus olhos brilhando com emoção. Posso continuar construindo esta vida com você? Posso continuar acordando ao seu lado, criando nossos filhos com você, envelhecendo com você? Posso continuar todos os dias pelo resto da minha vida? Ana Luía estava chorando abertamente.
Agora sim, ela sussurrou. Sempre sim. Para sempre sim. Eles se beijaram enquanto as ondas quebravam lá fora, sob as mesmas estrelas que haviam testemunhado o início de sua história, 15 anos depois daquele dia em Búzios, no aniversário de prata de seu casamento. A mansão nos jardins estava repleta de convidados.
Miguel, agora com 25 anos e recém formado em engenharia, circulava com sua namorada. Sofia, de 23 estava em seu último ano de psicologia, seguindo os passos da doutora Sofia Mendes, que se tornara como uma tia para ela. Os gêmeos Pedro e Paulo de 21 eram o caos em forma de pessoas, fazendo todos rirem com suas piadas.
Júlia, de XVI, estava prestes a entrar na faculdade de medicina e Eduarda, a bebê que nascera 10 anos atrás, agora com 10 anos, era a menina dos olhos de todos. Antônio e Marta, agora a voz de seis netos, sentaram-se orgulhosamente observando a celebração. Dona Helena, agora aposentada, mas ainda visitante frequente, limpava lágrimas felizes de seus olhos.
Fábio, aos 58 anos, ainda era absurdamente bonito, seus cabelos agora mais sal do que pimenta, mas seus olhos brilhavam com o mesmo amor que Ana Luía vira neles anos atrás. Ana Luía, aos 43 estava radiante em um vestido azul escuro, seu cabelo com alguns fios grisalhos que ela usava orgulhosamente.
25 anos ela murmurou para Fábio enquanto dançavam. Como chegamos aqui tão rápido? Um dia de cada vez, Fábio respondeu. Um beijo de cada vez, uma escolha de cada vez de continuar nos amando. Você ficou tão sábio? Ana Luía brincou. Você me ensinou. Ele disse seriamente, “Você me ensinou tudo o que importa.” Miguel pediu atenção, batendo seu copo com uma colher. “Todos, por favor”, ele chamou. “Gostaria de fazer um brinde.
” A sala silenciou, todos os olhos voltando-se para o filho mais velho. “Meus pais”, Miguel começou, “Sua voz embargada de emoção, tem a história de amor mais incrível que conheço. Eles começaram como estranhos em um acordo de negócios. Passaram por traição, mentiras, julgamentos e dúvidas.
Mas através de tudo eles escolheram amor, escolheram confiança, escolheram permanecer. Ele levantou seu copo. Papai uma vez me disse que amor verdadeiro não é encontrado, é construído. É construído através de mil pequenas escolhas de ser gentil quando é mais fácil ser cruel, de perdoar quando é mais fácil guardar rancor, de acreditar quando é mais fácil duvidar.
Vocês dois construíram o amor mais forte que conheço e todos nós, ele gesticulou para seus irmãos, somos a prova viva disso. Ao amor construído. Todos ecoaram, levantando seus copos. Fábio puxou Ana Luía para mais perto, beijando sua têmpora. Ele herdou minha eloquência, ele sussurrou. E minha modéstia, Ana Luía a adicionou fazendo-o rir.
Mais tarde naquela noite, quando todos os convidados haviam ido embora e as crianças, embora não mais realmente crianças, estavam dormindo, Fábio e Ana Luía, sentaram-se na mesma varanda onde uma vez Fábio confessara seu amor durante uma tempestade. 25 anos, Fábio disse, pegando sua mão. E ainda parece que não é tempo suficiente. Ainda quero mais, mais dias, mais anos, mais vida com você. Nós temos tempo.
Ana Luía o tranquilizou. Temos tanto tempo pela frente. Não é suficiente. Fábio disse. Uma vida inteira não seria suficiente. Precisaria de mil vidas para amá-la adequadamente. Ana Luía virou-se para ele, pegando seu rosto entre suas mãos. Então, é bom que acreditemos em recomeços. Ela disse: “Porque se houver próximas vidas, eu te encontrarei novamente e me apaixonarei por você novamente e construirei uma vida com você novamente, mil vezes em mil diferentes formas”.
Fábio a beijou e depois de 25 anos, seus beijos ainda a faziam sentir como aquela garota de 23 anos que dissera sim a um estranho e encontrara seu destino. “Ana Luía”, Fábio sussurrou contra seus lábios. Posso continuar? E ela respondeu como sempre respondia, como sempre responderia. Sim, sempre, sim, para sempre, sim.
Eles haviam começado com um contrato frio em um dia chuvoso de verão. Haviam sobrevivido à traição, mentiras e julgamento. Haviam construído uma família e um amor que desafiava todas as probabilidades. E enquanto sentavam sob as estrelas de São Paulo, mãos entrelaçadas, corações batendo em sincronia, eles souberam uma verdade fundamental.
O maior amor não é aquele que vem facilmente, é aquele pelo qual você luta. É aquele que você escolhe. todos os dias, apesar das dificuldades. É aquele que você constrói, tijolo por tijolo, escolha por escolha, beijo por beijo, e o deles, forjado em fogo e testado por tempestades, era indestrutível.
Ana Luía Silva havia aceitado um acordo de negócios para salvar sua família. Fábio Henrique Almeida havia procurado uma esposa de conveniência para satisfazer expectativas sociais, mas o que eles encontraram foi muito mais. Um amor que transformou ambos, uma parceria que os fortaleceu, uma família que os completou. Haviam provado que mesmo o começo mais frio pode florescer no amor mais quente, que mesmo corações quebrados podem ser curados, que sempre vale a pena lutar pelo amor verdadeiro e que às vezes, apenas às vezes, contratos se tornam compromissos, acordos se tornam afeição e estranhos se tornam
almas gêmeas. M.
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