Você já fez algo extremo por alguém que ama? Algo que cruza todos os limites da moralidade? Esta é a história de uma mãe que enganou o homem que amava para salvar a vida do próprio filho. Antes de começarmos, me conta de onde você está assistindo. Comenta aí. E se você gosta de histórias que mexem com o coração, se inscreve no canal e deixa aquele like.
Agora, prepare-se para uma história que vai arrancar lágrimas dos seus olhos. O cheiro de desinfetante no corredor do hospital das clínicas queimava as narinas de Carolina. Ela apertava a mão pequena e gelada de Gabriel contra o peito, sentindo os batimentos acelerados do próprio coração enquanto esperavam os resultados dos últimos exames.
O menino de 4 anos olhava para ela com aqueles olhos castanhos enormes, tão parecidos com os do pai, que ele nunca conhecera. “Mamãe, por que você está chorando?” A voz fininha de Gabriel cortou o silêncio pesado da sala de espera. Carolina engoliu o nó na garganta e forçou um sorriso que não chegou aos olhos.
Não estou chorando, meu amor. É só cansaço. Mentira. Ela estava morrendo por dentro há três meses, desde o dia em que o diagnóstico caiu como uma bomba sobre suas vidas. Leucemia linfoblástica aguda. As palavras do médico ecoavam em sua mente todas as noites, roubando-lhe o sono. Precisamos encontrar um doador compatível o quanto antes.
A porta do consultório se abriu e o Dr. Henrique surgiu com uma pasta nas mãos. Seu rosto sério dizia tudo antes mesmo que ele abrisse a boca. Carolina, podemos conversar um momento? A sério? O coração dela despencou. Carolina beijou a testa de Gabriel. e pediu que ele ficasse com dona Maria, sua mãe, que tricotava nervosamente no canto da sala.
A idosa levantou os olhos cheios de lágrimas contidas e acenou com a cabeça. Dentro do consultório, Carolina se sentou na cadeira dura, as mãos tremendo sobre o colo. Dr. Henrique suspirou pesadamente antes de falar. Os resultados das buscas no banco de doadores voltaram negativos. Não encontramos nenhuma compatibilidade viável. Ele fez uma pausa medindo as palavras.
Carolina, você tem certeza absoluta de que não existe nenhum familiar paterno que possa ser testado? Irmãos primos, o próprio pai, as unhas de Carolina cvaram na palma das próprias mãos. Tenho certeza, porque um irmão biológico, filho do mesmo pai e da mesma mãe, teria 50% de chance de compatibilidade. É a melhor opção que temos. A sala girou. Carolina sentiu o ar fugir dos pulmões como se alguém tivesse socado seu estômago. Um irmão.
Para Gabriel ter um irmão, ela precisaria não. Aquilo era loucura. Mas enquanto o médico continuava falando sobre protocolos e janelas de tempo, uma ideia começou a germinar na mente desesperada de Carolina. Uma ideia terrível, manipuladora, desesperada. uma ideia que poderia salvar a vida de seu filho. Naquela noite, Carolina não dormiu.
Sentada na cama estreita do quarto minúsculo que dividia com Gabriel em Belo Horizonte, ela olhava para o menino dormindo, o peito subindo e descendo com dificuldade, os lábios já um pouco roxos pela anemia. 5 anos. Tinha sido há exatos 5 anos desde aquela noite em São Paulo. A noite que mudou sua vida para sempre.
A noite em que Rafael Mendes, o herdeiro intocável do império empresarial que dominava meio país, a olhou como se ela fosse a única mulher no mundo e então a descartou como lixo no dia seguinte. Carolina fechou os olhos, permitindo-se voltar àquela memória que tanto lutava para esquecer. 5 anos antes, São Paulo, Carolina tinha 20 anos e o mundo inteiro pela frente quando conseguiu o estágio na Mendes Eventos Corporativos.
Era uma garota simples de Belo Horizonte, cabelos castanhos, sempre presos num coque, roupas discretas, olhos baixos, invisível. Era assim que ela se sentia no meio de toda aquela opulência paulistana. Mas Rafael Mendes havia, Deus, como ele havia. Ela percebia os olhares dele durante as reuniões, a forma como seus olhos a seguiam quando ela atravessava o escritório, o jeito que ele encontrava desculpas para falar com ela, perguntando sobre relatórios que seu assistente poderia facilmente buscar. “Carolina”, a voz dele era grave, envolvente. “Preciso que você
fique até mais tarde hoje. Temos que organizar os detalhes finais da festa. festa, sua festa de despedida de solteiro. Amanhã, Rafael Mendes se casaria com Patrícia Albuquerque, filha de um dos maiores empresários do país. Um casamento arranjado, todos sabiam. Uma aliança comercial disfarçada de conto de fadas. Claro, Senr. Mendes.
Carolina manteve a voz firme, profissional, mesmo que seu coração batesse descompassado. A festa aconteceu no hotel mais luxuoso de São Paulo. Carolina trabalhou nos bastidores, garantindo que tudo saísse perfeito. Enquanto Rafael fingia sorrir para os amigos que faziam piadas sobre sua última noite de liberdade, ela o observou de longe, memorizando cada detalhe daquele rosto que a assombrava nos sonhos.
a mandíbula forte, os olhos verdes que pareciam enxergar através das pessoas, os cabelos negros ligeiramente bagunçados. 2as da manhã, a maioria dos convidados já tinha ido embora. Carolina estava guardando as últimas coisas quando sentiu uma presença atrás dela. “Porque você nunca me olha nos olhos, Carolina?” Ela congelou, virou-se lentamente e lá estava ele, gravata afrouchada, os três primeiros botões da camisa abertos, um copo de whisky na mão, bêbado, mas não tanto que não soubesse exatamente o que estava fazendo. Eu eu olho o senor Mendes.
Rafael. Ele deu um passo à frente. Meu nome é Rafael e você está mentindo. Outro passo. Você desvia o olhar toda vez que eu entro na sala. Por quê? Carolina sentiu as costas tocarem a parede. Não havia para onde fugir. Porque você vai se casar amanhã. Eu sei. A voz dele saiu rouca, carregada de algo que ela não conseguia identificar.
Arrependimento, desejo, com a mulher errada. E então ele a beijou. Foi como se o mundo explodisse em cores. Carolina derreteu contra ele. Cinco meses de desejo reprimido, finalmente liberados naquele beijo desesperado, faminto, devastador, as mãos dele em sua cintura, puxando-a para mais perto, as dela entrelaçadas nos cabelos dele, não querendo nunca mais soltar. “Vem comigo.
” Não foi um pedido, foi uma súplica. O quarto do hotel era tudo que Carolina imaginou que seria. luxuoso, enorme, com uma vista deslumbrante da cidade iluminada. Mas ela mal registrou os detalhes. Só conseguia ver Rafael, a forma como ele a olhava, como se ela fosse preciosa, frágil, importante. Espera.
Carolina colocou a mão no peito dele quando seus dedos começaram a abrir os botões da blusa dela. Eu preciso te contar uma coisa. Rafael parou, os olhos fixos nos dela. O quê? Eu nunca, eu nunca fiz isso antes. O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Rafael fechou os olhos, a testa encostando na dela. Carolina, eu sei que você vai se casar amanhã.
Eu sei que isso não significa nada para você, mas significa tudo para mim. Porque eu te amo, Rafael. Eu te amo de um jeito que não faz sentido, que não é razoável, que provavelmente vai me destruir, mas eu te amo e eu quero que seja você. Só essa noite, por favor. Rafael assegurou como se ela fosse se quebrar. E naquela noite ele foi gentil, cuidadoso, reverente.
Sussurrou palavras doces em seu ouvido, prometeu coisas que ambos sabiam que ele não poderia cumprir. E quando o sol começou a nascer, tingindo o céu de rosa e dourado, eles ficaram entrelaçados nos lençóis brancos, seus corpos ainda unidos, seus corações batendo no mesmo ritmo. “Eu não quero que amanheça”, Carolina sussurrou contra o peito dele. “Eu também não.
” A voz de Rafael estava carregada de emoção, mas vai amanhecer e eu vou ter que ir. Eu sei. Quando Rafael saiu do quarto às 6 da manhã, ele olhou para trás uma última vez. Carolina estava sentada na cama, os lençóis cobrindo seu corpo nu, os olhos brilhando de lágrimas não derramadas. “Obrigado”, ele disse simplesmente e então foi embora. No dia seguinte, Carolina teve que organizar o casamento.
Teve que ver Rafael sorrir para Patrícia no altar. teve que servir champanhe na recepção enquanto os convidados brindavam ao casal perfeito. E quando ele passou por ela no corredor, seus olhos se encontraram por uma fração de segundo. Ele olhou através dela, como se ela não existisse, como se aquela noite nunca tivesse acontecido.
Três semanas depois, Carolina descobriu que estava grávida e fugiu. O presente voltou com força brutal quando Gabriel começou a torcir, arrancando Carolina de suas memórias. Ela correu para a cama do filho, ajudando-o a sentar, esfregando suas costas até que a tosse passasse. Tá tudo bem, meu amor. Mamãe está aqui. Mas não estava tudo bem. Nada estava bem.
E quanto mais Carolina pensava na sugestão do doutor Henrique, mais aquela ideia impossível ganhava forma em sua mente. Rafael era o pai de Gabriel. Rafael tinha recursos, contatos, uma família inteira que poderia ser testada para compatibilidade. Mas Carolina nunca contou a ele sobre a gravidez. Como poderia? Ele a descartou como se ela não fosse nada.
Se casou no dia seguinte, viveu 5 anos sem nunca procurá-la, mas agora, agora ela precisava dele. Não por ela, por Gabriel. A pergunta era: “Até onde uma mãe é capaz de ir para salvar o filho?” Na manhã seguinte, Carolina estava sentada à mesa da cozinha minúscula quando dona Maria entrou, os olhos inchados de tanto chorar durante a noite.
Você dormiu alguma coisa, filha? Não. Dona Maria serviu o café e se sentou em frente à filha. Por um longo momento, apenas o barulho da rua lá fora preencheu o silêncio entre elas. “Eu sei o que você está pensando, dona Maria disse finalmente”. Sua voz baixa, mas firme. Se antes que você pergunte, sim, eu concordo. Carolina levantou os olhos surpresa.
Mãe, aquele homem é o pai do Gabriel. Ele tem o direito de saber. E mais do que isso, a voz da idosa falhou. Mais do que isso, ele tem a obrigação de ajudar a salvar o filho dele. Mas eu nunca contei a ele sobre o Gabriel. Se eu aparecer agora, 5 anos depois, ele vai me odiar. vai pensar que eu só quero dinheiro.
E o que importa o que ele pensa? O que importa é o Gabriel. Dona Maria apertou a mão da filha. Você fez o que achou certo há 5 anos. Você fugiu porque foi humilhada, porque não quis ser a amante de um homem casado, porque quis proteger nosso bebê daquela família de tubarões. Eu entendo. Mas agora, agora não se trata mais de orgulho, Carol. Se trata de vida ou morte.
As lágrimas finalmente transbordaram dos olhos de Carolina. Eu tenho medo, mãe. Tenho tanto medo. Eu sei, minha filha, mas você é forte. Você sempre foi. Naquela tarde, enquanto Gabriel dormia, Carolina pegou seu laptop velho e começou a pesquisar. Não foi difícil encontrar informações sobre Rafael Mendes.
Ele estava em todas as revistas de negócios, em colunas sociais, em artigos sobre os empresários mais influentes do Brasil. E então ela encontrou uma matéria de seis meses atrás. Magnata Rafael Mendes anuncia divórcio após 5 anos de casamento. Fontes próximas afirmam que a separação foi amigável e que não houve filhos da União. Divorciado. Rafael estava divorciado. O plano começou a se formar na mente de Carolina como peças de um quebra-cabeça macabro.
Ela não podia simplesmente aparecer e contar sobre Gabriel. Rafael pensaria que ela queria dinheiro, talvez até duvidasse da paternidade. Não, ela precisava de algo mais concreto, algo que garantisse que outro filho viria, um irmão para Gabriel, um doador compatível. Isso significava Deus, isso significava seduzir Rafael novamente, engravidar dele de propósito, manipulá-lo de todas as formas possíveis. Era errado, era terrível, era inescrupuloso.
Mas quando ela olhou para Gabriel dormindo, tão pequeno e frágil naquela cama, tão doente que mal conseguia brincar, Carolina soube que faria qualquer coisa, qualquer coisa, mesmo que isso significasse se tornar a pessoa que ela jurou nunca ser. Duas semanas depois, Carolina estava em São Paulo. Deixou Gabriel aos cuidados de dona Maria e de uma enfermeira com o coração partido, mais determinada.
Ela havia pesquisado tudo sobre Rafael, seus lugares favoritos, seus horários, suas rotinas. E então, numa quinta-feira à noite, ela entrou no bar que ele frequentava. Não era mais a Carolina tímida de 5 anos atrás. O vestido vermelho colado ao corpo destacava cada curva. Os cabelos soltos caíam em ondas sobre os ombros nus. A maquiagem era intensa, dramática.
Ela era outra pessoa. Tinha que ser. Rafael estava sentado no bar, um copo de whisky na mão, conversando com um amigo. Ele nem a viu entrar, mas Carolina sentiu o momento exato em que ele a anotou. A conversa morreu. O copo parou a meio caminho dos lábios. Seus olhos se encontraram através do bar lotado.
Carolina viu o reconhecimento bater nele como um tapa. Viu a confusão, a surpresa e, então algo mais escuro, mais intenso. Ela se virou e foi embora, deixando-o olhando. 15 minutos depois, enquanto Carolina esperava do lado de fora do bar, Rafael apareceu. Ele a encontrou encostada na parede, fumando um cigarro que não queria, apenas para ter algo para fazer com as mãos. Carolina.
Sua voz era exatamente como ela lembrava, grave, envolvente. O que você está fazendo aqui? Ela o olhou através da fumaça, forçando uma expressão entediada. Tomando um drink. Por quê? Você sabe por quê? Rafael deu um passo à frente, os olhos percorrendo o corpo dela sem disfarce. 5 anos. Você some por 5 anos e aparece assim, nesse lugar, vestida assim.
Você está reclamando da roupa? Carolina jogou o cigarro no chão e o apagou com o salto. Eu não estou reclamando de nada. A voz dele havia ficado mais baixa, mais rouca. Mas eu quero saber o que está acontecendo. Carolina deu de ombros, o coração martelando tão alto que tinha certeza de que ele podia ouvir. Nada está acontecendo. Eu moro aqui agora. Vim tomar um drink. Fim da história.
Mentirosa. Eles ficaram ali a poucos centímetros um do outro. A tensão entre eles quase palpável. Foi Rafael quem quebrou primeiro. Quer saber? Não importa. Ele a pegou pela cintura, puxando-a contra ele. Não importa porque você está aqui. Não importa o que aconteceu. Você está aqui agora, Rafael. Aquela noite. Ele sussurrou contra os lábios dela. Eu nunca esqueci aquela noite.
Carolina sabia que deveria se afastar. sabia que estava entrando em águas perigosas, que estava arriscando seu coração novamente. Mas quando Rafael a beijou, ela esqueceu de tudo. Esqueceu do plano, esqueceu das razões pelas quais estava ali, esqueceu de tudo, exceto da sensação dos lábios dele nos seus, das mãos dele em seu corpo, do desejo que nunca realmente morreu. “Vem comigo”, Rafael murmurou contra sua boca.
“Para onde?” “Para qualquer lugar, um hotel? Minha casa. Não importa. Eu só eu preciso de você agora. Eles foram para o hotel mais próximo. Rafael mal esperou a porta se fechar antes de prensá-la contra ela, suas mãos já puxando o zíper do vestido.
Mas então, quando suas roupas estavam espalhadas pelo chão e eles estavam caindo na cama, o alarme de incêndio do hotel começou a tocar. “Você está brincando comigo?”, Rafael gemeu, a testa encostada no ombro de Carolina. Eles tiveram que se vestir à pressas e evacuar o prédio. Do lado de fora, em meio a dezenas de outros hóspedes irritados, eles descobriram que tinha sido um alarme falso, mas o clima estava quebrado. “Eu tenho que ir”, Carolina disse, já se afastando. “Espera!”, Rafael assegurou pelo braço.
“Me dá seu número. A gente pode marcar outro dia. Eu posso te levar para jantar. A gente pode Não.” Rafael piscou confuso. Não. Eu não quero jantar, Rafael. Não quero flores ou conversas ou seja lá o que você está oferecendo. Carolina o encarou, forçando frieza que não sentia.
Eu quero o que a gente quase teve aquela noite. Nada mais. Você consegue lidar com isso? Ela viu algo mudar no rosto dele, surpresa, talvez até um pouco de dor. Mas então ele sorriu, aquele sorriso de canto de boca que a fazia derreter. Claro, se é isso que você quer.
Mas enquanto Carolina se afastava na noite de São Paulo, ela podia sentir os olhos dele cravados em suas costas e sabia com absoluta certeza, que aquilo estava longe de acabar. Cinco dias se passaram antes de Carolina procurar Rafael novamente. Cinco dias durante os quais ela quase desistiu uma dúzia de vezes. Quase pegou o primeiro ônibus de volta para Belo Horizonte. Quase confessou tudo e implorou ajuda de joelhos.
Mas toda vez que pegava o celular para ligar para casa, dona Maria dizia a mesma coisa. Gabriel está bem? Está perguntando por você, mas está bem. E Carolina sabia que bem era relativo. Gabriel estava piorando a cada dia. O tempo estava acabando. Ela precisava fazer aquilo. Precisava. Na terça-feira à noite, Rafael ligou.
Carolina não tinha ideia de como ele conseguiu seu número, mas não ficou surpresa. Homens como Rafael Mendes sempre conseguiam o que queriam. “Jantar”, ele disse, sem preâmbulos. “Amanhã à noite eu passo para te buscar às 8.” Eu disse que não queria jantar e eu ouvi. Mas acontece, Carolina, que eu mudei de ideia sobre o que eu quero. Havia uma nota de desafio em sua voz.
Então, você vem jantar comigo ou isso acaba aqui? Carolina apertou o telefone com força. Ele estava virando o jogo, estabelecendo regras, pegando o controle. Ela não podia permitir isso. Tudo bem, ela disse finalmente. Mas não vai rolar jantar. Você vai me passar o endereço de um hotel e eu vou encontrar você lá às 8. Silêncio do outro lado da linha.
Então, por que você está fazendo isso? Fazendo o quê? Agindo como se você não sentisse nada. Como se isso fosse só sexo. Carolina fechou os olhos, a dor atravessando seu peito como uma faca. Porque é só sexo, Rafael? O que mais poderia ser? Ela desligou antes que ele pudesse responder, mas Rafael não desistiu.
Quando Carolina chegou ao hotel que ele indicou, ela encontrou o quarto montado para um jantar romântico, velas, pétalas de rosa, uma mesa posta com comida cara que provavelmente custou mais do que ela ganhava em um mês. Rafael estava na varanda, de costas para a porta, as mãos nos bolsos da calça social. Virou-se quando a ouviu entrar. “O que é isso?”, Carolina perguntou, gesticulando para a cena. Um jantar. Rafael se aproximou.
Você não quis ir a um restaurante? Então eu trouxe o restaurante para você. Rafael, senta comigo, Carolina, por favor. Havia algo vulnerável em sua voz. Apenas uma hora. Me dá uma hora para a gente conversar. Se depois disso você ainda quiser que eu te trate como se você fosse só um corpo, uma diversão de uma noite, então eu faço isso. Mas me dá essa chance, Carolina.
não deveria ter concordado, mas havia algo no jeito que ele olhava para ela, algo que a lembrava do rapaz que segurou sua mão naquela primeira noite, que sussurrou promessas contra sua pele, que a fez acreditar, ainda que por algumas horas, que ela poderia ser amada por alguém como ele.
Eles jantaram e conversaram. Rafael contou sobre o divórcio, sobre como seu casamento com Patrícia foi uma farsa desde o início, sobre como ele acordava toda manhã ao lado dela e se sentia mais sozinho do que nunca. “Por que você se casou com ela?”, Carolina perguntou, a voz saindo mais baixa do que pretendia. Rafael segurou o copo de vinho, seus olhos fixos no líquido vermelho, como se as respostas estivessem ali.
Porque era esperado, porque meu pai disse que era o melhor para os negócios. Porque eu era covarde demais para dizer não. Você se arrependeu todo santo dia? Ele levantou os olhos para ela, especialmente quando eu lembrava de você. O coração de Carolina pulou. Rafael, não. Eu procurei por você.
Ele continuou inclinando-se sobre a mesa depois do casamento, semanas depois, mas você tinha pedido demissão, sumido, e eu eu era casado, não tinha o direito de procurar por você, então eu tentei esquecer. E conseguiu? As palavras saíram antes que ela pudesse detê-las. Rafael sorriu, mas era um sorriso triste. O que você acha? Eles terminaram o jantar em um silêncio carregado e quando Rafael a puxou para perto, quando seus lábios encontraram os dela em um beijo lento e profundo, Carolina se permitiu sentir apenas por um momento. Permitiu-se lembrar que havia amado aquele homem uma vez, que
talvez em algum lugar profundo de seu coração partido ainda amasse. Mas então o celular de Rafael tocou. Ignora! Ela sussurrou contra os lábios dele. Rafael puxou o celular do bolso, pronto para desligar. Então viu o nome na tela e parou. É da casa de repouso. É sobre a dona Lúcia. Carolina se afastou imediatamente. Conhecia aquele nome.
Dona Lúcia tinha sido a babá de Rafael, praticamente uma segunda mãe para ele. Atende, Rafael atendeu. E com cada palavra que ouvia, seu rosto foi ficando mais pálido. Eu já vou. Ele desligou e olhou para a Carolina. A angústia clara em seus olhos. Ela caiu da escada. Está no hospital. Eu preciso. Vai.
Carolina já estava pegando a bolsa. Vai, Rafael. Carolina, eu não quero ir embora. Não, agora não. Ela colocou a mão no rosto dele, forçando-o a olhar para ela. Ela precisa de você. Vai. Rafael a puxou para um último beijo desesperado. Eu te ligo amanhã. A gente termina isso. Promete que você vai me atender? Prometo.
Mas era outra mentira, porque quando Carolina saiu daquele hotel, ela estava tremendo, não de desejo, de pavor. Porque por um momento, durante aquele jantar, ela tinha esquecido por estava ali. Por um momento, ela realmente acreditou que aquilo poderia ser real e isso era mais perigoso do que qualquer coisa. Carolina ignorou as ligações de Rafael por dois dias. dois dias nos quais lutou contra si mesma, contra a vontade de correr de volta para aquele hotel, de confessar tudo, de implorar ajuda de joelhos.
Mas então, dona Maria ligou: “Gabriel foi internado hoje de manhã, febre muito alta. Ele está pedindo por você, Carol. Foi como se o mundo parasse de girar.” Carolina desabou no chão do quarto de pensão onde estava hospedada, soluçando tão alto que a dona da pensão bateu na porta para ver se estava tudo bem. Não estava, nada estava bem. Ela precisava voltar para casa, precisava estar com seu filho.
Mas se voltasse agora sem ter conseguido o que veio buscar, Gabriel morreria. Não havia outra opção. Não havia mais tempo. Naquele sábado, Carolina foi até a casa de Rafael sem avisar. Era uma cobertura absurda na zona sul de São Paulo, o tipo de lugar que ela só via em revistas.
O porteiro tentou detê-la, mas ela simplesmente disse: “Fala para o Rafael Mendes que a Carolina está aqui”. 5 minutos depois, Rafael descia ao lobby, os cabelos bagunçados, vestindo apenas uma calça de moletom e uma camiseta. Ele parou quando a viu, os olhos percorrendo o rosto dela. “Você está bem?” “Não.” A voz de Carolina era plana, sem emoção. “Eu preciso de você agora.
” Algo mudou no rosto dele, uma escuridão que ela não conseguia ler. Então sobe. No elevador eles não se tocaram, não falaram, apenas ficaram ali. A tensão entre eles tão espessa, que mal conseguiam respirar. Dentro da cobertura, Rafael se virou para ela. O que está acontecendo, Carolina? E não me venha com mentiras. Eu mereço a verdade.
A verdade? Carolina soltou uma risada amarga. A verdade é que eu não consigo parar de pensar em você. A verdade é que eu fugi porque tinha medo do que eu sentia. A verdade é que eu preciso de você de uma forma que me assusta. Não eram mentiras. Não exatamente. Eram verdades distorcidas, meias verdades.
Verdades que serviam ao propósito dela, mas doíam do mesmo jeito. Rafael a puxou para perto, suas mãos emoldurando o rosto dela. Então me deixa cuidar de você. Me deixa ser mais do que uma noite. Nós poderíamos. Carolina o beijou. Beijou-o com toda a desesperança que sentia, com todo o ódio por si mesma, com todo o amor que nunca deveria ter sentido.
E quando Rafael a levantou nos braços e a carregou para o quarto, ela se deixou ir. Desta vez não houve interrupções. E quando tudo acabou, quando eles estavam deitados, entrelaçados nos lençóis, suados e exaustos, Carolina sabia que tinha conseguido o que veio buscar. Podia sentir em seu corpo. Sabia, com uma certeza inexplicável, que havia uma vida começando dentro dela, uma vida que salvaria seu filho.
Ela se levantou da cama enquanto Rafael dormia, vestiu-se em silêncio, pegou a bolsa. Foi quando a voz dele a deteve. Você vai embora? Não foi uma pergunta. Carolina se virou. Rafael estava sentado na cama, os lençóis em volta da cintura, os olhos fixos nela. Eu preciso ir. Por quê? Ele saiu da cama, sem se importar com a própria nudez, e caminhou até ela. Carolina, o que está acontecendo? O que você está escondendo de mim? Nada.
Eu só mentira. Rafael assegurou pelos ombros. Olha para mim. Olha nos meus olhos e me diz que isso não significou nada para você. Carolina o encarou, viu a vulnerabilidade naqueles olhos verdes, viu o homem que ela amou, ainda amava, sempre amaria e mentiu. Não significou nada. A dor que atravessou o rosto dele foi como uma punhalada no coração de Carolina.
Ele a soltou, dando um passo para trás, como se ela tivesse batido nele. Entendi. Sua voz estava vazia. Então vai, vai embora e dessa vez não volta. Carolina foi e com cada passo que dava, uma parte dela morria, mas Gabriel estava vivo e isso era tudo que importava, era tudo que poderia importar. Duas semanas se passaram.
Carolina estava de volta a Belo Horizonte, ao lado de Gabriel no hospital, quando confirmou a gravidez. Seis semanas. Estava grávida de seis semanas. Deveria estar feliz. Deveria estar aliviada. Mas tudo que sentia era um vazio imenso. “Mamãe, por que você está triste?”, Gabriel perguntou, sua mãozinha pequena segurando a dela. Carolina forçou um sorriso. “Não estou triste, meu amor.
Mamãe só está cansada, mas Gabriel a conhecia bem demais. Você está chorando toda a noite.” Eu escuto. As lágrimas finalmente transbordaram. Carolina abraçou o filho, escondendo o rosto em seus cabelos finos. “Eu estou bem, Gabriel. Eu prometo. E você também vai ficar bem. Mamãe vai garantir isso. Porque agora havia um bebê crescendo dentro dela. Um bebê que compartilhava o mesmo sangue que Gabriel.
Um bebê que com 50% de chance poderia ser o doador compatível que precisavam. Tudo estava dando certo conforme o plano. Então, por que ela se sentia tão vazia? Carolina não esperava que Rafael a procurasse. Por que ele procuraria? Ela deixou bem claro que não queria nada com ele, que ele não significava nada.
Mas Rafael não desistiu. Ele a encontrou. Carolina não sabia como, mas ele descobriu onde ela morava. E numa tarde de terça-feira, enquanto ela voltava do mercado com dona Maria, encontrou Rafael encostado em um carro preto, brilhante, em frente à pensão onde moravam.
Seus olhos se encontraram e Carolina viu tudo que precisava ver no rosto dele. Raiva, dor, determinação. Precisamos conversar, ele disse. A voz tão fria que ela estremeceu. Não temos nada para conversar. Eu discordo. Rafael abriu a porta do carro. Entra. E se eu não quiser, então eu vou ficar aqui na frente da sua casa, até você mudar de ideia. Escolhe, Carolina. Dona Maria tocou o braço da filha.
Vai, Carol, conversa com ele. Já passou da hora. Carolina entrou no carro. Eles dirigiram em silêncio até um parque próximo. Rafael estacionou e finalmente se virou para ela. “Eu contratei um investigador”, ele disse sem rodeios. Depois que você foi embora, eu precisava entender, precisava saber porque você estava fazendo aquilo, porque você apareceu na minha vida de novo, me deu esperança e depois me descartou como lixo. O coração de Carolina disparou.
Rafael, deixa eu terminar. Sua voz era dura. O investigador descobriu coisas interessantes, como o fato de que você tem um filho, um menino de 4 anos chamado Gabriel. O mundo parou. Carolina não conseguia respirar. 4 anos. Rafael repetiu os olhos fixos nela. 4 anos e meses para ser exato.
Interessante, não acha? Considerando que faz exatamente 5 anos desde aquela noite em São Paulo. Rafael, eu Ele é meu? A pergunta saiu como um sussurro rouco. Olha para mim, Carolina. Olha nos meus olhos e me diz. Ele é meu filho. Carolina podia mentir. Deveria mentir. Mas quando olhou para aqueles olhos verdes, quando viu a súplica não dita ali, ela simplesmente não conseguiu. Sim. Ela sussurrou. Sim, ele é seu.
O silêncio que se seguiu foi absoluto. Rafael fechou os olhos, as mãos apertando o volante com tanta força que os nós dos dedos ficaram brancos. 5 anos ele disse finalmente, a voz quebrada. 5 anos você me escondeu que eu tinha um filho. Você se casou no dia seguinte, Rafael. O que você queria que eu fizesse? Que eu aparecesse grávida na sua lua de mel? Eu tinha o direito de saber. A explosão fez Carolina pular.
Rafael bateu as mãos no volante, a respiração pesada. Ele é meu filho. Meu filho, Carolina. E você me roubou 5 anos da vida dele. 5 anos que eu nunca vou ter de volta. Eu sei. As lágrimas corriam livremente pelo rosto dela agora. Eu sei e eu sinto muito, mas você tem que entender. Eu era uma garota de 20 anos, grávida e sozinha.
Você era casado, rico, intocável. Eu não tinha como competir com isso. Eu não tinha como. Você deveria ter me dado a chance de escolher. Rafael estava chorando agora, lágrimas de raiva e dor escorrendo por seu rosto. Você decidiu por mim. Você tirou dele o direito de ter um pai. Me tirou o direito de ser pai. Como você poôde? Carolina cobriu o rosto com as mãos, soluçando.
Eu sinto muito, eu sinto tanto. Eles ficaram ali por longos minutos, apenas chorando, a dor preenchendo o carro como uma entidade viva. Finalmente, Rafael enxugou o rosto com as costas da mão. Sua voz estava mais calma quando falou de novo, mas ainda havia uma borda de raiva ali. Eu quero ver ele hoje. Carolina assentiu. Tudo bem. E Carolina? Ele a encarou.
Essa conversa está longe de acabar, longe. Eles voltaram para a pensão em silêncio. Carolina subiu na frente, o coração batendo como um tambor. Como ela explicaria para Gabriel? O que diria? Mas quando abriu a porta do quarto minúsculo que dividiam, encontrou o menino brincando no chão com seus carrinhos velhos, tão concentrado que nem os ouviu entrar. Gabriel. Carolina chamou suavemente. Tem alguém aqui que quer te conhecer.
O menino levantou os olhos castanhos. tão parecidos com os do pai, e sorriu. Então, viu Rafael atrás de Carolina e sua expressão mudou para a curiosidade. “Oi, Gabriel disse timidamente. Rafael se ajoelhou para ficar na altura do menino e Carolina viu suas mãos tremendo. Oi, Gabriel, meu nome é Rafael. Você é amigo da mamãe?” Rafael olhou para Carolina por cima do ombro.
Havia tanta emoção em seus olhos que ela quase desabou ali mesmo. Sou, ele disse finalmente, voltando sua atenção para Gabriel. E eu adoraria conhecer você melhor. Você me mostra seus carrinhos? E assim, Carolina assistiu o pai conhecer o filho pela primeira vez.
Assistiu Rafael sentar no chão com seu terno caro e seus sapatos de grife e brincar com Gabriel como se fosse a coisa mais natural do mundo. Ouviu a risada do filho ecoando pela primeira vez em semanas, um som que ela achava que nunca mais ouviria. E quando Rafael pegou Gabriel no colo e o menino espontaneamente abraçou o pescoço dele, Carolina viu o exato momento em que Rafael se apaixonou pelo filho.
que ele seria o momento perfeito para confessar tudo, para contar sobre a doença, sobre o plano, sobre a gravidez. Mas Carolina manteve silêncio porque sabia que quando contasse a verdade, quando Rafael descobrisse o quanto ela o manipulou, aquele olhar de raiva voltaria e dessa vez não haveria perdão. Gabriel passou mal três dias depois. Carolina estava preparando o almoço quando ouviu o tombo.
Correu para o quarto e encontrou o filho no chão, tremendo, os lábios roxos, os olhos revirando. Gabriel, ela o pegou nos braços. Mãe, mãe, chama a ambulância. Mas não havia tempo para a ambulância. Carolina pegou o filho no colo e correu escada abaixo, gritando por ajuda. Foi quando viu o carro preto de Rafael estacionado na frente da pensão. Rafael estava ali todos os dias, desde que conheceu o Gabriel.
Passava horas brincando com o menino, contando histórias, levando-o para passear, construindo tarde demais a relação que deveria ter começado 5 anos antes. Rafael! Carolina gritou. Ele saiu do carro imediatamente e quando viu Gabriel inconsciente nos braços dela, seu rosto empalideceu. O que aconteceu? Ele teve uma convulsão. Eu preciso levá-lo ao hospital agora.
Rafael não hesitou, pegou o Gabriel dos braços dela e colocou o menino no banco de trás. Carolina entrou junto, segurando a cabeça do filho em seu colo, enquanto Rafael dirigia em velocidade máxima. “Aguenta, campeão”, Rafael dizia. os olhos alternando entre a estrada e o espelho retrovisor. “Aguenta, seu pai está aqui.
Eu não vou deixar nada de ruim acontecer com você.” “Seu pai”, ele havia dito em voz alta. Carolina olhou para Rafael através das lágrimas e viu que ele também estava chorando. No hospital, Rafael usou todo o seu poder e influência. Em questão de minutos, Gabriel estava sendo atendido pela melhor equipe. Exames eram feitos. Médicos conversavam em voz baixa. Foi quando o Dr. Henrique apareceu.
Ele havia viajado de Belo Horizonte assim que dona Maria ligou informando sobre a emergência. “Precisamos conversar”, ele disse para Carolina e então olhou para Rafael. “Os dois, eles foram para uma sala privada. Carolina sabia que aquele era o momento. Não havia mais como fugir.
O que está acontecendo com meu filho?”, Rafael perguntou antes que qualquer um pudesse falar. Por que ele teve uma convulsão? Dr. Henrique olhou para Carolina, ela assentiu as lágrimas já correndo. “Gabriel tem leucemia”, o médico disse suavemente. Leucemia linfoblástica aguda foi diagnosticado há três meses. O silêncio que se seguiu foi devastador.
Rafael virou-se lentamente para Carolina, o rosto uma máscara de choque e confusão. “O quê, Rafael?” Carolina estendeu a mão, mas ele se afastou. três meses. Ele está doente há três meses e você não me contou. A voz dele estava subindo, estteria começando a se infiltrar. Meu filho está morrendo e você não me contou. Eu não sabia como.
Como você pega um telefone e liga. Você manda uma mensagem. Você me procura e conta. Rafael estava gritando agora as mãos nos cabelos. Jesus Cristo, Carolina, ele é meu filho. Eu sei. Não, você não sabe. Rafael deu um murro na parede, fazendo ambos pularem. Se você soubesse, se você realmente entendesse o que significa, você nunca teria escondido isso de mim. Dr. Henrique interrompeu gentilmente.
Senhor Mendes, eu entendo que está chateado, mas precisamos discutir as opções de tratamento. Opções? Rafael se virou para ele. Que opções? O que pode ser feito? Gabriel precisa de um transplante de medula óssea urgentemente. Já procuramos no banco de doadores, mas não encontramos compatibilidade. A melhor chance seria um irmão biológico. Ele não tem irmãos ainda não.
Carolina sussurrou. Rafael virou-se para ela lentamente. O que você disse? Carolina respirou fundo. Era agora a verdade toda ela. Eu estou grávida, Rafael, de oito semanas. Nosso bebê. Nosso bebê tem 50% de chance de ser compatível com Gabriel. O mundo pareceu parar. Rafael a encarou, processando as palavras.
E então, devagar, a compreensão começou a surgir em seus olhos. Compreensão seguida de horror. Quando você engravidou? Carolina não respondeu. Carolina. A voz dele era perigosamente baixa. Quando você engravidou? Naquele sábado. Na sua casa. Aquele sábado. Rafael deu uma risada sem humor. O sábado que você apareceu do nada. O sábado que você Deus.
Ele pressionou as mãos contra a testa. Você planejou isso. Você me procurou de propósito. Me seduziu de propósito. Rafael, eu posso explicar. Você me usou. A explosão ecuou pela sala. Você me usou como um de um doador de esperma. Você me manipulou, me mentiu, me fez pensar que havia algo real entre nós, tudo para engravidar. Eu precisava salvar nosso filho.
E por que você não pediu ajuda? Rafael estava na frente dela agora. O rosto vermelho, as veias saltadas no pescoço. Por que você não veio até mim e contou a verdade? Por que você teve que mentir e manipular? E Ele parou, respirou fundo e quando falou de novo, sua voz estava quebrada. Você nunca pretendeu me contar sobre essa gravidez. também pretendeu.
Você ia ter o bebê, esperar para ver se era compatível, fazer o transplante e depois o quê? Desaparecer de novo? Me roubar mais um filho? Não, Rafael, não me diz que eu estou errado. Ele assegurou pelos ombros, os dedos cravando em sua pele, olha nos meus olhos e me diz que eu estou errado. Carolina não conseguiu. Rafael a soltou como se ela queimasse.
Eu não acredito. Eu realmente não acredito que você seja capaz disso. Eu estava desesperada. Meu filho está morrendo. Nosso filho, nosso filho está morrendo. E você decidiu sozinha que eu não merecia saber, que você ia manipular, mentir e roubar para conseguir o que queria. Rafael enxugou o rosto agressivamente.
Você é igual a todas as outras pessoas na minha vida, usando-me pelo que eu posso oferecer, pela minha genética, pelo meu dinheiro, pelo meu poder. Mas nunca, nunca por quem eu realmente sou. Isso não é verdade, não é? Ele a encarou. Então me diz, Carolina, quando você estava naquela cama comigo, quando você estava me beijando, me fazendo prometer coisas, o que você estava pensando? Em mim ou no bebê que você estava tentando conceber? A verdade devia doer menos do que a mentira.
Mas quando Carolina viu a dor crua no rosto de Rafael, quando viu o momento exato em que seu coração se partiu, ela desejou poder mentir. Desejou poder dizer que era tudo verdade, que ela o amava, que aquilo era real, mas ela já havia mentido demais. “Eu estava pensando em salvar meu filho”, ela disse baixinho. Rafael a sentiu lentamente, como se isso confirmasse tudo que ele pensava. Entendi. Ele se virou para sair.
“Para onde você vai?”, Carolina perguntou o pânico subindo. Fazer o que você deveria ter me deixado fazer desde o início. Rafael abriu a porta. Cuidar do meu filho. E então ele foi embora, deixando Carolina sozinha, com o peso de todas as suas mentiras. Rafael não foi embora, pelo menos não da vida de Gabriel. Nos dias seguintes, ele estava no hospital todo santo dia.
Pagou para que Gabriel fosse transferido para o melhor quarto disponível. contratou os melhores especialistas do país, fez tudo que seu dinheiro podia comprar, mas não falou com Carolina. Ela tentou, tentou explicar, tentou se desculpar, mas toda vez que se aproximava, Rafael simplesmente virava as costas e saía. “Ele me odeia”, Carolina disse para dona Maria numa tarde, observando através da janela do quarto, enquanto Rafael brincava com Gabriel.
Ele está machucado. Dona Maria corrigiu. É diferente. É a mesma coisa. Não é, minha filha. Ódio é frio. O que ele sente por você é quente, intenso. Ainda existe amor ali. Só está enterrado sob muita dor. Carolina queria acreditar nisso, mas era difícil quando Rafael a olhava como se ela fosse uma estranha, quando ele discutia os tratamentos de Gabriel apenas com os médicos, excluindo-a completamente.
Quando ele começou a falar sobre levar Gabriel para São Paulo para sua cobertura, onde poderia receber cuidados melhores. “Você não pode tirá-lo de mim”, Carolina disse quando finalmente o confrontou no corredor do hospital. Rafael a olhou com aqueles olhos verdes frios. Eu não vou tirá-lo de você. Eu vou cuidar do meu filho da forma que deveria ter podido fazer desde o início.
Rafael, por favor, você destruiu qualquer direito que tinha de me pedir qualquer coisa. Sua voz era controlada, mas venenosa. A única razão pela qual eu ainda falo com você é porque Gabriel te ama e eu não vou ser o responsável por tirar a mãe dele enquanto ele está doente. Eu fiz o que achei que precisava fazer. E eu estou fazendo o mesmo. Rafael deu um passo mais perto. A diferença é que eu não estou mentindo, não estou manipulando.
Estou sendo claro sobre minhas intenções. Vou levar Gabriel para São Paulo. Você pode vir junto ou não. Escolha sua. Isso não é uma escolha. Não. Ele inclinou a cabeça. Engraçado. Você não me deu nenhuma escolha também, mas eu ainda tenho que viver com as consequências das suas decisões. Carolina sentiu as lágrimas queimarem, mas se recusou a deixá-las cair. Eu nunca quis te machucar.
Não quis ou não se importou? Rafael virou as costas. De qualquer forma, é tarde demais agora. Três dias depois, Carolina, Gabriel e dona Maria estavam na cobertura de Rafael em São Paulo. Era um lugar imenso, com vista para a cidade, decoração minimalista cara e quartos suficientes para abrigar uma família inteira. Rafael havia transformado um dos quartos em um quarto de criança completo para Gabriel.
Tinha de tudo, brinquedos, livros, até mesmo uma mini estação de jogos. Quando Gabriel viu, seus olhos brilharam de uma forma que Carolina não via há meses. “É tudo para mim?”, o menino perguntou, olhando para Rafael com adoração. “Tudo?”, Rafael, confirmou, ajoelhando-se ao lado dele. “E quando você ficar melhor, a gente pode ir ao parque de diversões e ao zoológico e a todos os lugares que você quiser. De verdade? De verdade?” Rafael beijou a testa do filho. Eu prometo.
Carolina observou a cena de longe, o coração partido, porque viu algo que a assustou. Gabriel estava se apegando a Rafael e quanto mais tempo passavam juntos, mais o menino se afastava dela. Não era intencional da parte de Rafael. Pelo menos Carolina queria acreditar que não era. Mas o fato permanecia.
Toda vez que Gabriel precisava de algo, ele chamava Rafael. Toda vez que queria brincar, pedia ao pai. E todas as noites era Rafael quem contava histórias até ele dormir. Carolina estava sendo substituída e não podia fazer nada para impedir. Ele está me afastando do Gabriel. Carolina disse para Rafael numa noite depois que Gabriel dormiu. Era a primeira vez que ele não a evitava ativamente. Não estou. Está sim.
E você sabe disso. Rafael se serviu de whisky, não oferecendo nada a ela. O que você quer que eu faça, Carolina? Que eu fique longe do meu filho? Que eu perca ainda mais tempo com ele? Não, mas você poderia você poderia tentar me perdoar? Ele soltou uma risada amarga. Pererdoar? Você quer perdão? Eu quero que você entenda porque eu fiz o que fiz. Eu entendo.
Rafael se virou para ela, os olhos flamejando. Você fez porque seu filho estava morrendo e você estava desesperada. Eu entendo isso perfeitamente. O que eu não entendo é porque você achou que mentir e manipular era a única opção. Porque você não pôde confiar em mim? Porque você me descartou? As palavras explodiram de Carolina.
Porque naquela manhã, 5 anos atrás, você me tratou como se eu não fosse nada, como se aquela noite não tivesse significado nada. E então você se casou e eu te vi sorrindo ao lado daquela mulher como se eu nem existisse. Eu era um covarde, Rafael disse a voz baixa. Um covarde que estava preso em uma vida que não escolhi com uma mulher que não amava.
Mas isso não muda o que você fez agora. Não justifica a manipulação. Eu sei. As lágrimas finalmente caíram. Eu sei que o que eu fiz foi terrível. Eu sei que te usei e te machuquei. Mas Rafael, ela deu um passo em direção a ele. Eu também te amei. Eu sempre te amei. E quando eu te procurei, quando eu não Rafael levantou a mão detendo-a. Não faz isso.
Não tenta usar seus sentimentos como desculpa, porque se você realmente me amasse, você teria confiado em mim. teria me dado a chance de ser o pai que eu sempre quis ser. Eu sinto muito. Eu também. Ele terminou o whisky de um gole só. Mas desculpas não mudam o passado e não mudam o fato de que eu não sei se algum dia vou poder confiar em você de novo.
Aquelas palavras foram como um tapa. Carolina sentiu seu mundo desmoronando ao redor dela. Então o que a gente faz? A gente só existe um ao lado do outro por Gabriel? Por enquanto sim. Rafael colocou o copo vazio no bar.
Porque no final das contas, Carolina, nada disso importa se a gente não conseguir salvar nosso filho. E para isso eu preciso de você, ou pelo menos do bebê que você está carregando. Foi a forma cruel como ele disse que quebrou Carolina completamente, como se ela fosse apenas uma incubadora, uma ferramenta, exatamente o que ela o tinha feito sentir. E Carolina percebeu que talvez, só talvez, ela merecesse aquilo. semanas se arrastaram como anos.
Carolina vivia na cobertura de Rafael, mas era como viver com um fantasma. Eles dividiam o mesmo espaço, mas habitavam mundos diferentes. Falavam apenas sobre Gabriel, coordenavam horários de médico e medicações, eram pais eficientes de um filho doente, mas não eram nada além disso. A barriga de Carolina começou a crescer 12 semanas, 14, 16.
Cada semana que passava era uma semana mais perto da possibilidade de salvar Gabriel, mas também era uma semana mais longe de qualquer chance de reconciliação com Rafael. Até que uma noite Carolina acordou com dores terríveis. “Rafael!”, ela gritou da porta do quarto dele. “Rafael!” Ele apareceu em segundos, ainda sonolento, mas imediatamente alerta quando viu o sangue escorrendo pelas pernas dela. Não. Carolina soluçou. Não, não, não, o bebê.
Eu não posso perder o bebê. Gabriel vai. Calma. Rafael já estava com o telefone na mão, chamando uma ambulância, mas pegou Carolina no colo com a outra mão. Respira, Carol. Só respira. No hospital, as horas se arrastaram. Exames foram feitos, ultrassons. O silêncio dos médicos era aterrador. Rafael estava ao lado dela o tempo todo.
Segurava sua mão enquanto esperavam. E quando finalmente o médico voltou com um sorriso aliviado, dizendo que era apenas um descolamento leve da placenta, que o bebê estava bem, mas ela precisaria de repouso absoluto, foi nos braços de Rafael que Carolina desabou. Eu pensei que tinha perdido. Ela chorou contra o peito dele. Eu pensei que tinha perdido nossa última chance de salvar o Gabriel.
Rafael a segurou apertado e pela primeira vez em semanas, Carolina sentiu os braços dele verdadeiramente ao seu redor, não apenas segurando, abraçando. “Você não perdeu”, ele sussurrou em seu cabelo. “Está tudo bem.” De volta à cobertura, Rafael a carregou para a cama e insistiu que ela ficasse deitada.
Ele mesmo fez chá, trouxe cobertores, sentou-se na beira da cama por longos minutos, apenas olhando para ela. Eu fiquei com tanto medo. Carolina confessou na penumbra do quarto. Não apenas por Gabriel, mas pelo bebê. Por esse bebê que eu nem planejei amar. Mas você ama. Rafael completou suavemente. Eu amo.
Ela colocou a mão na barriga onde uma pequena curva estava começando a se formar. Eu amo os dois. E eu amo você. Eu sei que você não acredita em mim. Sei que destruí qualquer chance de você confiar em mim de novo. Mas é verdade. Eu te amo. Rafael fechou os olhos. Carol, você não precisa dizer nada. Eu só precisava que você soubesse. Houve um longo silêncio.
Então, Rafael abriu os olhos e olhou para ela com uma intensidade que fez o coração dela parar. Eu queria poder acreditar em você”, ele disse, a voz rouca de emoção. Eu queria tanto porque eu também te amo. Nunca parei. Mesmo quando você foi embora, mesmo quando você me usou. Eu ainda te amo de uma forma que me assusta. As lágrimas corriam pelo rosto de Carolina. Rafael, mas amor não é suficiente. É.
Ele se levantou da cama. Porque amor sem confiança é só dor. E eu não sei como confiar em você de novo. Não sei se consigo. E mais uma vez ele a deixou sozinha. Mais uma vez. Carolina estava sozinha com suas escolhas e suas consequências, mas algo havia mudado. Nas semanas seguintes, Rafael não era mais frio. Ainda havia distância entre eles, mas era uma distância mais suave.
Ele perguntava como ela estava se sentindo. Trazia seus alimentos favoritos, massage inchados no fim do dia, pequenas coisas, mas para Carolina eram tudo. E então veio o dia em que Gabriel perguntou algo que mudou tudo. Mamãe, por que o Rafael dorme em um quarto diferente? Carolina estava lendo para ele na cama, a barriga já grande contra o lado do menino. Ela congelou com a pergunta.
O que você quer dizer, amor? O papai do Miguel dorme no mesmo quarto que a mamãe dele. Por que o Rafael não dorme com você? Gabriel nunca havia chamado Rafael de pai diretamente, mas agora aquela palavra não dita pairava no arre. É complicado, Gabriel. Por que vocês brigaram? Algo assim. Gabriel pensou nisso por um momento.
Então, você gosta dele? Carolina sentiu o coração apertar. Eu amo ele, Gabriel. Então, por que você não diz isso para ele? das bocas crianças. Carolina riu através das lágrimas. Eu já disse e ele não acredita? Não sei. Gabriel virou-se para abraçá-la ou tanto quanto podia com a barriga no caminho. Você devia dizer de novo até ele acreditar.
Aquela noite, Carolina não conseguiu dormir. As palavras de Gabriel ecoavam em sua mente e pela primeira vez ela pensou: “E se ela lutasse? Não pelo bebê, não por Gabriel, mas por Rafael? Por eles, será que era tarde demais? Havia apenas um jeito de descobrir.
Carolina encontrou Rafael na varanda, olhando para a cidade iluminada. Eram 3 da manhã, mas ele estava acordado, um copo de whisky na mão, os ombros tensos. “Não consegue dormir?”, ela perguntou suavemente. Rafael não se virou. “Nunca consigo.” Carolina se aproximou devagar, ficando ao lado dele, na grade da varanda. A brisa noturna era fresca contra sua pele. “Gabriel me perguntou hoje por que você dorme em outro quarto?”, ela disse.
Isso fez Rafael olhar para ela. “O que você disse? A verdade que nós brigamos, que é complicado.” Carolina respirou fundo, mas ele disse algo que ficou na minha cabeça. Ele me perguntou se eu te amava. Eu disse que sim. E ele disse que eu deveria te contar de novo até você acreditar. Rafael voltou seu olhar para a cidade.
Carolina, então é isso que eu vou fazer. Ela se virou para encará-lo completamente. Eu vou te contar a verdade, toda ela. E você pode fazer o que quiser com essa informação. Eu já sei a verdade. Não, você não sabe. Carolina pegou a mão dele e, para sua surpresa, ele não a afastou. Você sabe dos fatos, mas não sabe de tudo. Então me deixa falar, por favor. Rafael assentiu lentamente.
Quando você se casou naquele dia Carolina começou a voz tremendo. Uma parte de mim morreu. Eu sei que parece dramático. Eu sei que éramos praticamente estranhos, mas eu tinha te amado à distância por meses. E aquela noite, aquela noite você me fez acreditar que talvez, só talvez eu não fosse louca por te amar. Carol, deixa eu terminar. Ela apertou a mão dele. Quando descobri que estava grávida, meu primeiro instinto foi te contar.
Juro que foi. Mas então eu pensei: “E se ele achar que eu fiz de propósito? E se ele achar que eu estou tentando armá-lo? E se ele me oferecer dinheiro para ir embora?” E eu não podia suportar isso. Não podia suportar você me olhando como se eu fosse apenas mais uma mulher tentando se aproveitar de você. Rafael estava quieto ouvindo.
Então eu fugi e eu criei Gabriel sozinha. E foi difícil, Rafael. Foi tão difícil. Mas toda vez que eu olhava para ele, eu via você. E eu amava isso e odiava isso ao mesmo tempo, porque ele era a melhor parte de você, mas também era a lembrança constante do que eu nunca poderia ter. As lágrimas corriam livremente agora, mas Carolina continuou.
Quando Gabriel ficou doente, quando o médico disse que ele precisava de um irmão, eu entrei em pânico porque eu sabia o que isso significava. significava te procurar, significava te enfrentar. E eu tinha tanto medo, não do que você faria comigo, mas do que aconteceria se eu te visse de novo e todos aqueles sentimentos voltassem. E voltaram? Rafael perguntou suavemente. Eles nunca tinham ido embora. Carolina deu uma risada molhada.
Então sim, eu te procurei com uma agenda. Eu planejei te seduzir. Eu usei você para engravidar. Tudo isso é verdade. Mas o que também é verdade é que cada momento que eu passei com você, cada beijo, cada toque, cada palavra sussurrada no escuro, tudo aquilo foi real para mim. Ela colocou a mão livre na barriga.
Quando você preparou aquele jantar no hotel, quando você tentou me conhecer de verdade, eu entrei em pânico, porque eu não podia me dar ao luxo de lembrar que você não era apenas o pai de Gabriel ou um doador genético. Você era Rafael, o homem que eu sempre amei.
E se eu lembrasse disso, se eu deixasse meu coração se abrir completamente, eu não teria coragem de seguir com o plano. Rafael virou-se para ela completamente agora, os olhos brilhando com lágrimas não derramadas. Então eu fui cruel. Carolina continuou. Eu te tratei como se você não significasse nada, porque era a única forma que eu podia suportar.
E quando fui embora naquela manhã, depois de finalmente conseguir o que eu queria, eu estava destruída, porque eu tinha usado o homem que amava, tinha mentido para ele, tinha me tornado exatamente o tipo de pessoa que eu sempre odiei. Por que você está me contando isso agora? A voz de Rafael estava espessa de emoção. Porque você merece a verdade, a verdade completa. Não apenas os fatos, mas os sentimentos por trás deles.
Carolina levou a mão dele até sua barriga. Eu te procurei por Gabriel, mas eu me apaixonei por você de novo. Ou talvez eu nunca tenha parado de amar você. E agora? Agora eu sei que mesmo que você nunca me perdoe, mesmo que você nunca consiga confiar em mim de novo, eu precisava que você soubesse. Você não foi apenas usado, você foi.
Você é amado profundamente, completamente, desesperadamente. O silêncio se estendeu entre eles. Rafael olhava para onde sua mão estava sobre a barriga dela, sentindo o bebê, filho deles, se mexer sob suas palmas. Eu fiquei tão com raiva de você. Ele disse finalmente tão ferido, porque eu pensei que finalmente tinha encontrado alguém que me via como mais do que um nome ou uma conta bancária e então descobri que você tinha me usado da pior forma possível.
Eu sei, e sinto tanto, mas Rafael a interrompeu, levantando os olhos para encontrar os dela. Eu também estava usando você de uma forma diferente, mas ainda assim usando, porque quando você apareceu naquele bar, eu não te perguntei o que tinha acontecido nos últimos 5 anos. Não me importei porque você estava lá. Eu só queria uma coisa.
E quando você ofereceu exatamente isso sem complicações, eu peguei porque era mais fácil do que lidar com meus próprios sentimentos. Carolina piscou surpresa e depois ele continuou. Quando eu descobri sobre Gabriel, sobre a doença, sobre tudo, eu fiquei tão focado na minha dor que nem parei para pensar no que você estava passando.
Uma mãe com um filho morrendo, sem dinheiro, sem recursos, sem esperança. E então a única esperança que você tinha era o homem que te descartou 5 anos antes. O que você esperava que eu fizesse no seu lugar? Eu eu não sei. Eu sei o que eu teria feito. Rafael usou o polegar para limpar as lágrimas das bochechas dela.
Eu teria feito exatamente o que você fez, talvez pior, porque quando se trata de proteger alguém que amamos, não há limites que não cruzaríamos. Rafael, eu te amo, Carol. As palavras saíram como uma confissão, um alívio, uma promessa. Eu te amo com tudo o que eu sou e não importa o que venha, não importa o que a gente enfrente, eu não vou soltar você nunca mais, nenhum de vocês. E então ele a beijou.
Não foi como os beijos anteriores, famintos, desesperados, cheios de negação. Este foi suave, reverente. Um beijo que prometia futuro, que prometia perdão, que prometia amor. Quando se separaram, ambos estavam chorando. “Nós vamos salvar nosso filho”, Rafael sussurrou contra a testa dela. “E depois nós vamos ser a família que sempre deveríamos ter sido.
Você acha que ele vai me perdoar por ter mentido, Gabriel? Rafael sorriu. Esse menino te ama mais do que qualquer coisa no mundo. Ele já te perdoou antes mesmo de você pedir. Naquela noite, pela primeira vez em meses, Carolina dormiu pacificamente nos braços de Rafael, onde sempre pertenceu. O terceiro trimestre da gravidez chegou rápido.
Carolina estava com 28 semanas quando algo mudou em Gabriel. Ele começou a ficar mais cansado, mais pálido. Os médicos aumentaram as medicações, mas todos sabiam a verdade. O tempo estava acabando. Gabriel precisava do transplante em breve. Muito em breve. Quanto tempo? Rafael perguntou ao Dr. Henrique numa consulta de rotina. O médico hesitou.
Idealmente, deveríamos fazer o transplante assim que o bebê completar 32 semanas. Nós coletaríamos células do cordão umbilical no parto. E se não pudermos esperar? Carolina perguntou a voz tremendo. Então teremos que explorar outras opções. Mas todos sabiam que não havia outras opções. Esta era a última chance. Rafael começou a fazer planos.
Ele contatou Roberto Mendes, seu pai, pela primeira vez em meses. A relação dele sempre foi complicada. Roberto era duro, exigente, mais interessado em negócios do que em família, mas era avô de Gabriel agora. Merecia saber. A reação de Roberto surpreendeu a todos. Dois netos.
O velho magnata sentou-se pesadamente na cadeira de seu escritório quando Rafael contou tudo. Eu tenho dois netos e ninguém me disse. Eu acabei de descobrir sobre Gabriel há alguns meses, pai. E a situação é complicada. Complicada. Roberto levantou, os olhos marejados, algo que Rafael nunca tinha visto. “Meu neto está morrendo e você acha que complicado é desculpa para não me contar? Pai, eu sempre quis netos, Rafael, sempre.
Foi por isso que eu forcei você a se casar com Patrícia, porque eu achava que pelo menos dela você teria herdeiros.” Roberto passou a mão pelo rosto. E agora você me diz que eu tenho um neto maravilhoso que está doente e outro a caminho e eu perdi meses da vida deles.
Rafael nunca tinha visto o pai assim, vulnerável, quase humano. Você pode conhecê-los agora se quiser. Se eu quiser. Roberto pegou o telefone. Cancela todas as minhas reuniões desta semana. Eu vou para São Paulo agora. O encontro de Roberto com Gabriel foi inesperado. O velho empresário entrou na cobertura de Rafael como um furacão, todo bravata e autoridade.
Mas quando viu Gabriel, tão pequeno e frágil, mas com aqueles olhos mendes tão característicos, ele simplesmente parou. “Olá”, Gabriel disse timidamente. Roberto se ajoelhou com dificuldade na frente do menino e então, para o choque absoluto de Rafael, o velho começou a chorar. Você é perfeito. Ele sussurrou, tocando gentilmente o rosto de Gabriel. Absolutamente perfeito.
Nos dias seguintes, Roberto foi uma presença constante. Ele contava histórias para Gabriel sobre a família Mendes, sobre as aventuras que tiveram, sobre o império que um dia seria do menino. Ele fez Carolina se sentir bem-vinda, surpreendentemente bem-vinda. “Você deu à minha família o maior presente possível”, ele disse para ela uma tarde.
“Não apenas um herdeiro, mas a chance de Rafael finalmente ser feliz. Obrigado. E então, quando Carolina estava com 30 semanas de gravidez, Gabriel teve uma crise. Seu corpinho simplesmente começou a desligar. Infecção após infecção. A medula óssea não estava mais produzindo células suficientes. Ele foi correndo para o hospital e os médicos foram claros.
Gabriel tinha dias, talvez horas. Rafael e Carolina ficaram ao lado da cama do filho, segurando cada uma de suas mãozinhas enquanto as máquinas apitavam ao redor deles. “Eu não vou deixar você ir.” Rafael sussurrou, beijando os dedos pequenos do filho. “Você ouve? Você não vai a lugar nenhum. Seu pai está aqui.
Sua mãe está aqui. Seu irmãozinho está chegando. Nós somos uma família” e famílias não desistem. Mas Gabriel não estava respondendo. Seus olhos estavam fechados. Sua respiração era superficial e Carolina, em desespero, fez a única coisa que podia fazer. Orou, “Por favor”, ela sussurrou para o universo. “Para Deus, para quem quer que estivesse ouvindo. Por favor, não leve meu bebê.
Por favor, eu faço qualquer coisa. Qualquer coisa. Só não leve ele de mim.” Rafael a puxou para perto com um braço, o outro ainda segurando Gabriel. E juntos eles choraram. Choraram por tudo que tinham perdido. Choraram por tudo que ainda podiam perder. Choraram pela injustiça de tudo aquilo. Dr.
Henrique entrou no quarto, o rosto sério. “Nós precisamos fazer um parto de emergência”, ele disse sem rodeios. “O bebê tem 30 semanas. Não é o ideal, mas é viável. E se for compatível, pode ser a única chance de Gabriel.” Carolina olhou para a barriga, onde o bebê, filho dela, estava crescendo 30 semanas. prematuro.
Haveria riscos, tantos riscos. Mas Gabriel estava morrendo. “Faz”, ela disse. Faz o parto. Rafael segurou seu rosto. “Você tem certeza? Eu tenho que estar.” Carolina cobriu as mãos dele com as dela. “É por isso que estamos aqui. É por isso que tudo isso aconteceu para salvar Gabriel. E se você E se o bebê? Não vai acontecer nada conosco?” Ela forçou um sorriso que não sentia. Nós vamos ficar bem, todos nós.
Mas enquanto a levavam para o centro cirúrgico, enquanto Rafael tinha que escolher entre ficar com Gabriel ou ir com ela, Carolina se permitiu ter medo, verdadeiro medo, porque pela primeira vez ela não estava no controle. Não havia planos, não havia manipulação, havia apenas fé. Fé de que tudo isso teria valido a pena. fé de que o amor seria suficiente. A cirurgia foi um borrão.
Carolina lembrava de luzes brilhantes, de vozes distantes do som rítmico das máquinas e então um choro alto, furioso, indignado. Seu bebê, seu filho. É um menino. O médico anunciou. Pequeno, mas forte. Você se saiu muito bem, Carolina. um menino. Ela tinha dois meninos agora, mas não havia tempo para celebrações.
O bebê Miguel, eles o chamaram mais tarde, foi levado imediatamente para testes. As células do cordão umbilical foram coletadas e então todos esperaram. Rafael estava dividido entre dois quartos, duas vidas, dois filhos. Carolina o viu através do vidro, correndo de um lado para o outro, os cabelos bagunçados, o rosto pálido de exaustão e medo.
Dona Maria estava ao lado dela, segurando sua mão. Vai dar tudo certo, minha filha. Tem que dar. Mas Carolina não tinha tanta certeza. 50% de chance era uma moeda no ar, cara ou coroa, vida ou morte. 6 horas depois, Dr. Henrique entrou no quarto. Seu rosto era ilegível.
E então, Carolina se forçou a perguntar, mesmo que cada parte dela não quisesse ouvir a resposta. Miguel, é Dr. Henrique hesitou. E naquele segundo, Carolina morreu mil mortes. Ele não é compatível. O mundo parou. As palavras ecoaram no quarto como um tiro. O quê? Foi tudo que Carolina conseguiu sussurrar. Miguel não é compatível com Gabriel. O HLA não corresponde.
Carolina não sentiu quando desabou na cama. Não sentiu dona Maria a agarrando. Não sentiu nada, exceto um vazio absoluto consumidor. Ela tinha falhado depois de tudo, depois de toda a mentira, toda a manipulação, toda a dor. Ela tinha falhado. Gabriel ia morrer. Mas, doutor Henrique continuou.
E havia algo diferente em sua voz agora, algo como esperança. Nós testamos todos os membros imediatos da família, protocolos padrão. E Rafael tinha aparecido na porta, os olhos injetados de sangue. Roberto Mendes, ele é compatível. Silêncio. Silêncio absoluto, meu pai. Rafael finalmente disse a voz incrédula.
Seu pai, ele é uma correspondência quase perfeita. Nós podemos fazer o transplante em questão de dia, se ele concordar. Se ele concordar, como se houvesse dúvida. Roberto estava no hospital em menos de uma hora. Ele mal ouviu a explicação completa antes de dizer: “Quando fazemos isso, senr Mendes, é uma cirurgia séria. Há riscos. Eu não me importo com os riscos.
” O velho magnata olhou através do vidro para onde Gabriel dormia, conectado a uma dúzia de máquinas. Ele é meu neto, meu sangue. Se eu posso salvá-lo, então não há escolha a fazer. Marcamos a cirurgia. Três dias depois, Roberto Mendes estava em uma sala cirúrgica, enquanto médicos extraíam medula óssea de seus ossos do quadril. E em outra sala, Gabriel recebia as células que poderiam salvar sua vida. Carolina e Rafael esperavam no corredor, mãos entrelaçadas orando em silêncio.
Miguel estava nos braços de dona Maria, tão pequeno e perfeito, alheio ao fato de que ele não tinha sido o herói desta história, mas estava tudo bem, porque tinha sido amado desde o primeiro momento. Amado não pelo que ele poderia fazer, mas por quem ele era. As horas se arrastaram como anos e então, finalmente, Dr. Henrique emergiu. O transplante foi um sucesso”, ele disse.
E Carolina viu lágrimas em seus olhos profissionais. “O corpo de Gabriel está aceitando as células. É cedo ainda, mas eu estou otimista”. Carolina não lembrava de ter começado a chorar. Só se lembrava de Rafael a pegando no colo, girando com ela, ambos rindo e chorando ao mesmo tempo.
Dona Maria se juntou a eles, Miguel sendo espremido no meio, protestando com pequenos choros antes de se acalmar novamente. Eles eram uma família bagunçada, imperfeita, criada através de dor e erros. Mas uma família mesmo assim, Roberto se recuperou notavelmente rápido para um homem de sua idade e quando finalmente pôde ver Gabriel novamente, Gabriel, que estava mais corado, mais forte, começando a sorrir novamente, ele chorou abertamente. Valeu a pena cada segundo de dor, ele disse para o neto.
Cada segundo, Gabriel, agora sabendo a história completa, uma versão editada apropriada para crianças, olhou para o avô com adoração. Você me salvou. Não, meu menino. Roberto beijou a testa dele. Você me salvou. Seis meses depois, Gabriel estava em remissão completa. Seus cabelos tinham crescido de volta, mais escuros agora.
Suas bochechas estavam rosadas. Ele corria pela cobertura com Miguel, cambaleando atrás dele, tentando acompanhar o irmão mais velho. Carolina estava na varanda, observando a cena através da janela de vidro. Quando Rafael se aproximou por trás, envolvendo-a em seus braços.
“No que você está pensando?” Ele murmurou em seu ouvido. “Em como a gente chegou aqui?”, ela respondeu, inclinando-se contra ele. “Em tudo que aconteceu, todas as mentiras, toda a dor, todo o amor.” Rafael completou. Carolina se virou em seus braços para encará-lo. “Você realmente me perdoou? Completamente?” Rafael considerou a pergunta por um longo momento.
Perdoar não significa esquecer, mas significa escolher o amor sobre a dor. E eu escolho você, Carol. Todo santo dia. Eu escolho você. Ele se ajoelhou e Carolina sentiu o coração parar. Rafael tirou uma pequena caixa de veludo do bolso. “O anel é simples”, ele disse, abrindo a caixa para revelar uma aliança de ouro com um pequeno diamante.
“Não é o tipo de coisa que a maioria das mulheres espera de um Mendes. Mas eu não quero que você se case comigo por causa do meu nome ou do meu dinheiro. Eu quero que você se case comigo porque eu sou o homem que acorda toda a noite quando Miguel chora. O homem que lê histórias para Gabriel até a voz ficar rouca. O homem que queimou o jantar três vezes essa semana tentando aprender a cozinhar.
Carolina estava rindo através das lágrimas. Eu quero me casar com você porque você é minha casa. Rafael continuou. Porque quando eu acordo de manhã e te vejo dormindo ao meu lado, eu sei que estou exatamente onde deveria estar, porque eu quero que nossos filhos vejam o que é amor de verdade, não perfeito, mas real. Sim. Carolina sussurrou. Rafael piscou. Sim, sim. Eu caso com você.
Ela puxou-o de pé e o beijou. Hoje, amanhã, para sempre. Sim. Quando eles se separaram, Gabriel estava na porta, sorrindo de orelha a orelha. Você pediu ela em casamento? Rafael riu. Pedi. E ela disse: “Sim”, disse. Gabriel correu para abraçar as pernas dos dois. “Então agora nós somos uma família de verdade?” Rafael pegou o filho no colo.
Nós sempre fomos uma família de verdade, campeão. Só levou um tempo para todos percebermos. A cerimônia foi pequena, apenas família próxima e amigos. Roberto chorou durante os votos, sem se importar com quem via. Dona Maria segurou Miguel durante toda a cerimônia, o bebê eventualmente adormecendo em seus braços.
E quando o juiz pronunciou Carolina e Rafael, marido e mulher, quando eles se beijaram sob o céu estrelado na cobertura que agora era verdadeiramente deles, Gabriel gritou: “Eca!” fazendo todos rirem. Aquela noite, depois que as crianças dormiram e os convidados foram embora, Rafael e Carolina ficaram na varanda. O mesmo lugar onde tudo tinha começado a mudar, o mesmo lugar onde confissões foram feitas e perdão foi dado.
“Você sabe”, Rafael disse, puxando-a para perto. A primeira vez que a gente dormiu juntos, eu dormi com a mulher certa e depois fui lá e me casei com a errada. Carolina riu. Você ainda pensa naquilo? Todo dia. Ele beijou o topo da cabeça dela, mas agora finalmente estou corrigindo a rota.
Dormi com a certa, casei com a errada e agora casei com a certa. Melhor tarde do que nunca. Melhor tarde do que nunca. Ele concordou. Eles ficaram ali observando a cidade dormir abaixo deles. Duas pessoas imperfeitas que tinham machucado uma a outra, que tinham mentido e manipulado, e cometido erros terríveis, mas que também tinham amado ferozmente, completamente, o suficiente para perdoar, o suficiente para recomeçar.
Dentro da cobertura, Gabriel dormia pacificamente. Seu corpo finalmente livre de doença. Miguel dormia no berço ao lado, seus pequenos punhos cerrados contra o rosto. Dona Maria dormia no quarto de hóspedes, um sorriso no rosto, e Roberto, em seu apartamento do outro lado da cidade, dormia melhor do que tinha dormido em anos, sabendo que finalmente tinha uma família de verdade. Amanhã traria novos desafios.
Mas também traria novos momentos. Primeiros passos de Miguel, primeiro dia de aula de Gabriel, jantares em família, brigas bobas sobre quem deixou a tampa da pasta de dente aberta, risadas, lágrimas, vida e no final não foi o plano elaborado de Carolina que salvou Gabriel. Não foi a manipulação ou as mentiras, foi amor. O amor desajeitado e imperfeito de uma família que encontrou seu caminho através da escuridão.
O amor de um avô que mal conhecia o neto, mas daria sua vida por ele. O amor de um pai que perdoou o imperdoável. O amor de uma mãe que fez o que tinha que fazer, mesmo quando estava errado. Porque às vezes o amor não é bonito, não é perfeito. Não é o que vemos nos filmes ou lemos nos livros.
Às vezes, o amor é apenas escolher ficar, escolher perdoar, escolher tentar de novo. E às vezes isso é tudo que precisamos. Carolina olhou para o anel em seu dedo, sentindo o peso familiar dos braços de Rafael ao seu redor, ouvindo o som suave da respiração de seus filhos no quarto ao lado, e sorriu.
Porque, contra todas as probabilidades, contra toda a lógica, eles tinham encontrado seu final feliz. Não o final que ela planejou, mas o final que eles mereciam.
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