Imagine se o seu primeiro amor de infância voltasse à sua vida 15 anos depois, com uma proposta que mudaria tudo para sempre. Uma história que começou com brincadeiras inocentes no parque e se transformou no maior dilema emocional que alguém poderia enfrentar. Essa é a história de Simone e Ederson, que prova que o destino não escolhe classe social quando decide unir duas almas.
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O sol da tarde dova as copas das árvores da Praça da Liberdade, quando duas crianças de mundos completamente diferentes se encontraram pela primeira vez. Simone Santos, de apenas 7 anos, corria descalça pela grama, seus cabelos castanhos voando ao vento enquanto perseguia uma borboleta amarela.
Suas roupas simples, um vestidinho florido, já desbotado pelas lavagens, contrastavam com o ambiente onde as famílias mais abastadas de Belo Horizonte costumavam passear. Do outro lado do parque, Ederson Oliveira observava a menina com curiosidade. Aos 8 anos, vestia roupas caras que sua babá havia escolhido meticulosamente, uma camisa polo azul marinho e bermuda bege, que custavam mais do que a família de Simone gastava em um mês.
Seus pais, donos de uma das maiores empresas de mineração do estado, raramente tinham tempo para levá-lo ao parque, delegando essa tarefa aos funcionários. Por que você está parado aí sozinho? A voz cristalina de Simone o tirou dos pensamentos. Ela havia se aproximado sem que ele percebesse, os olhos curiosos fitando-o com uma sinceridade que o desconcertou. “Minha babá está conversando ali.
” Ederson apontou para uma mulher de meia idade que falava ao telefone próximo ao xafaris. “E você? Cadê seus pais?” Meu pai está trabalhando na oficina e minha mãe em casa costurando. Ela me deixa brincar aqui depois da escola. Simone sorriu, revelando um dente que estava nascendo. Quer brincar comigo? Estou tentando pegar aquela borboleta, mas ela é muito rápida. Ederson hesitou por um momento.
Ninguém nunca havia se aproximado dele de forma tão espontânea. Na escola particular onde estudava, as crianças sempre pareciam intimidadas pelo sobrenome da família ou interessadas apenas em agradar para ganhar alguma vantagem. Tudo bem. Ele se levantou limpando a bermuda. Mas borboletas não gostam de ser capturadas. Talvez devêsemos apenas observá-las.
Você fala como um adulto, Simone riu. E o som era como música para os ouvidos de Ederson. Quantos anos você tem? Oito. E você? Sete. Quando eu crescer, vou ser professora. E você? Ederson franziu a testa. Essa pergunta nunca havia sido uma escolha para ele. Vou cuidar da empresa do meu pai, como ele cuidou da empresa do meu avô. Isso parece chato.
Simone sentou-se na grama e bateu ao lado, convidando-o a se juntar a ela. Por que você não escolhe fazer alguma coisa que goste? A pergunta o deixou sem resposta. Pela primeira vez na vida, alguém havia questionado o futuro que já estava traçado para ele desde o nascimento.
Ederson se sentou ao lado da menina, observando-a arrancar pequenas flores do gramado para fazer uma coroa. “Talvez,” ele disse devagar, “quando eu crescer, eu possa trabalhar com você. Você sendo professora e eu, fazendo alguma coisa para ajudar as crianças.” Simone parou de mexer nas flores e o olhou com os olhos brilhando.
Sério? Você faria isso? Prometo. Ederson estendeu o Mindinho para ela. Quando crescermos, vamos trabalhar juntos. Simone entrelaçou seu mindinho com o dele, selando a promessa com a seriedade que apenas crianças conseguem ter. Naquele momento, sob o céu dourado de Belo Horizonte, duas almas se reconheceram de uma forma que nem elas mesmas compreendiam.
Durante os meses seguintes, eles se encontravam sempre que possível no parque. Ederson inventava desculpas para sua babá levá-lo lá, enquanto Simone corria da escola direto para a praça, esperando encontrar o amigo especial. Ela lhe contava sobre suas aulas e os livros que estava aprendendo a ler, enquanto ele compartilhava histórias dos lugares onde havia viajado com a família.
Era dezembro de 2010, quando tudo mudou. Ederson chegou ao parque com os olhos vermelhos e uma expressão que Simone nunca havia visto antes. O que aconteceu? Ela perguntou preocupada. Meus pais vão me mandar para um colégio interno na Suíça. Sua voz saiu embargada. Amanhã é meu último dia aqui. Simone sentiu o mundo girar.
Aos 7 anos não compreendia completamente o que significava a Suíça, mas sabia que era muito, muito longe. Por quanto tempo? Não sei, talvez anos. Ederson segurou as mãos dela, seus olhos azuis brilhando com lágrimas contidas. Mas eu vou voltar, Simone. Eu prometo que vou voltar para te buscar e eu vou te esperar. Sua voz estava firme, apesar da idade.
Não importa quanto tempo demore, eles passaram aquela tarde toda juntos, criando memórias que teriam que durar anos. Simone ensinou Ederson a fazer aviõezinhos de papel com folhas que encontraram pelo parque, enquanto ele prometeu que escreveria cartas sempre que possível. Quando chegou a hora da despedida, Ederson tirou do bolso uma pequena pulseira de couro que havia comprado com sua mesada para que você não se esqueça de mim.
Simone amarrou a pulseira no pulso e tirou do pescoço um cordãozinho simples que sua avó havia lhe dado. Ah, isso é para você não me esquecer. Eles se abraçaram pela última vez, duas crianças fazendo promessas que não sabiam se conseguiriam cumprir. Na manhã seguinte, Ederson partiu para a Suíça, levando consigo o cordão de Simone e a certeza de que um dia voltaria.
Simone ficou na praça, tocando a pulseira e olhando para o céu, onde um avião deixava um rastro branco entre as nuvens. 15 anos se passariam antes que eles se encontrassem novamente. Mas o destino, como sempre, tem seus próprios planos para aqueles que verdadeiramente se pertencem.
Será que uma promessa feita na infância pode sobreviver à distância, ao tempo e à diferenças de classe que só se tornaram maiores com os anos? O despertador tocou às 6 da manhã de uma segunda-feira de março de 2023, arrancando Simone Santos do sono profundo. Aos 23 anos, ela havia se tornado exatamente o que sonhara ser, uma professora dedicada e apaixonada por sua profissão.
Seus cabelos castanhos, agora mais longos e bem cuidados, emolduravam um rosto que mantinha a doçura da infância, mas carregava a determinação de uma mulher que havia lutado por cada conquista. O apartamento de dois quartos no bairro Funcionários era simples, mas aconchegante. Simone havia decorado cada canto com carinho, enchendo as paredes com desenhos que seus alunos da educação infantil faziam para ela. O salário de R$ 3.
200 não permitia luxos, mas era suficiente para manter sua independência e realizar seu sonho de trabalhar com crianças. Enquanto se preparava para mais um dia na escola municipal, Simone tocou inconscientemente a pulseira de couro que nunca tirava do pulso. 15 anos depois, ela ainda se lembrava perfeitamente do menino loiro de olhos azuis que havia marcado sua infância.
Quantas vezes se pegara imaginando como ele estaria, se havia se tornado o empresário que estava destinado a ser, se ainda se lembrava da promessa que fizeram. Do outro lado da cidade, no luxuoso bairro Belvedere, Ederson Oliveira acordava na sua cobertura de R milhões de reais com vista panorâmica para a serra. Aos 24 anos, havia se tornado tudo o que o mundo esperava.
Formado com honras em Harvard, com MBA na London School of Economics, vice-presidente da Oliveira Mineração e um dos solteiros mais cobiçados de Belo Horizonte. Mas enquanto ajustava a gravata italiana diante do espelho, Ederson sentia o peso do cordão simples que usava escondido sob a camisa social.
era o único objeto de sua infância que havia conseguido manter mesmo durante os anos rigorosos no colégio interno. A lembrança de Simone o visitava nos momentos mais inesperados, especialmente quando se sentia sufocado pela vida que havia sido planejada para ele nos mínimos detalhes. O telefone tocou, interrompendo suas memórias.
Ederson, você não pode se atrasar para a reunião com os investidores japoneses. A voz impaciente de Marina, sua secretária, ecoou pelo apartamento. Estarei lá em 20 minutos. Ele desligou e olhou mais uma vez para o espelho. O homem que via ali era bem-sucedido, rico, respeitado. Então, por que se sentia tão vazio? Amanhã seguiu o roteiro de sempre.
Reuniões intermináveis, decisões que movimentavam milhões, almoços de negócios em restaurantes caros. Ederson desempenhava seu papel com perfeição, mas sua mente constantemente divagava para uma menina de 7 anos que prometera ser professora e questionara porque ele não podia escolher seu próprio futuro. No fim da tarde, exausto mentalmente, Ederson decidiu fugir da rotina.
Em vez de ir direto para casa ou para outro compromisso social, dirigiu sem destino pelas ruas de Belo Horizonte. Sem perceber, seus pés o levaram até a Savace, onde estacionou em frente ao café com letras. O estabelecimento era aconchegante, com estantes repletas de livros e mesas de madeira que convidavam à contemplação, muito diferente dos ambientes corporativos onde passava seus dias.
Ederson pediu um café expresso e se sentou numa mesa próxima à janela, observando o movimento da rua. Foi então que a viu. Simone estava do outro lado da rua, carregando uma sacola com materiais escolares e alguns livros infantis. Havia algo em sua postura, na forma como sorria para uma criança que passou correndo, que fez o coração de Ederson acelerar instantaneamente.
Mesmo de longe, mesmo depois de 15 anos, ele a reconheceu. Ela atravessou a rua e entrou no café, parando no balcão para fazer seu pedido. Ederson sentiu as mãos tremerem ao segurar a xícara. seria mesmo ela. O cabelo estava diferente, mais comprido, e ela havia crescido obviamente, mas havia algo inconfundível naqueles olhos e naquele sorriso.
Simone pegou seu cappuccino e procurou uma mesa vazia. Seus olhos varreram o ambiente até encontrarem os dele. Por um momento que pareceu durar uma eternidade, eles simplesmente se olharam. O tempo voltou atrás. As diferenças sociais desapareceram e eles voltaram a ser duas crianças se reconhecendo no parque. “Edederson!” A voz dela saiu num sussurro incrédulo.
Ele se levantou lentamente, o coração batendo tão forte que tinha certeza de que ela poderia ouvi-lo. “Simone!”, sua voz estava rouca de emoção. Ela se aproximou devagar, como se temesse que ele fosse desaparecer como um miragem. Quando estavam a apenas alguns passos de distância, Simone notou algo que a fez sorrir com os olhos cheios de lágrimas. “Você ainda está usando?” Ela apontou para o cordão que aparecia levemente na gola da camisa dele.
Ederson levou a mão ao peito, tocando o cordão por cima da roupa. “E você ainda está usando a pulseira?” Simone ergueu o pulso, mostrando a pulseira de couro, agora desgastada pelo tempo, mas ainda firme em seu lugar. Eu sempre soube que você voltaria. Sua voz estava embargada. Eu prometi que voltaria para te buscar.
Ederson sorriu e, por um momento, voltou a ser o menino de 8 anos que havia feito uma promessa no parque. Eles se sentaram na mesa de Ederson e as palavras fluíram como se os 15 anos de separação tivessem sido apenas um dia. Simone contou sobre sua formação, seu trabalho na escola, sua paixão por ensinar. Hederson falou sobre os anos na Suíça, a universidade nos Estados Unidos, mas evitou mencionar sua situação financeira atual.
“Você realizou seu sonho”, Ederson disse, admirando a paixão que brilhava nos olhos dela quando falava das crianças. “E você realizou o seu?”, a pergunta o pegou desprevenido. “Qual era seu sonho mesmo? Ser rico,? comandar uma empresa ou trabalhar ao lado da menina que havia questionado suas escolhas há tantos anos.
“Ainda estou descobrindo”, ele respondeu honestamente. Quando o café começou a fechar, eles perceberam que haviam passado horas conversando. A conexão de 15 anos atrás estava intacta, talvez até mais forte. “Posso te levar em casa?” Ederson ofereceu. Simone hesitou.
Ela havia vindo de ônibus como sempre, mas algo dentro dela dizia que não era uma boa ideia. Não, ainda. Havia muita coisa entre eles que precisava ser descoberta devagar. Obrigada, mas prefiro ir sozinha hoje. Ela sorriu para amenizar a recusa. Mas podemos nos ver de novo amanhã mesmo horário? Perfeito. Eles se despediram com um abraço que durou alguns segundos a mais do que seria apropriado entre antigos amigos.
Quando se separaram, ambos souberam que suas vidas acabavam de tomar um rumo completamente diferente. Simone voltou para casa de ônibus, tocando a pulseira e sorrindo, como não sorria há anos. Hederson dirigiu seu BMW pelos quarteirões elegantes do Belveder, mas sua mente estava numa sala de aula cheia de crianças ao lado de uma professora de olhos castanhos que acabara de voltar à sua vida.
Nenhum dos dois suspeitava que em poucos meses Ederson faria a Simone uma proposta que mudaria completamente o significado do reencontro deles. Os encontros no café com letras se tornaram uma rotina sagrada. Todos os dias às 5 da tarde, Simone e Ederson se encontravam para conversar, rir e redescobrir um ao outro. Era como se estivessem preenchendo os espaços em branco, deixados pelos 15 anos de separação, cada conversa revelando novas camadas da pessoa que o outro havia se tornado.
Simone aprendeu que Ederson falava quatro idiomas fluentemente, que havia visitado mais de 30 países, mas que ainda se lembrava da receita do bolo de cenoura que ela havia descrito na infância, feito por sua mãe. Ederson descobriu que Simone havia se formado com louvor em pedagogia, que criara um projeto voluntário de alfabetização na comunidade onde cresceu e que ainda acordava alguns domingos pensando que encontraria ele no parque.
“Sabe o que mais me impressiona?” Simone disse numa tarde chuvosa de abril, mexendo o açúcar no cappuccino? Você continua sendo a mesma pessoa, mais maduro, mais sofisticado, mas essencialmente o mesmo menino que conheci. Ederson sorriu, mas havia uma sombra em seus olhos. Às vezes, tenho a impressão de que perdi aquele menino pelo caminho até te reencontrar. Era verdade.
Desde que voltar a ver Simone diariamente, Ederson sentia-se mais conectado consigo mesmo do que havia se sentido em anos. As reuniões corporativas pareciam menos importantes, os jantares sociais mais vazios. Ele começara a questionar escolhas que antes aceitava como inevitáveis. Por que você nunca se casou? A pergunta escapou antes que Ederson pudesse censurá-la.
Simone riu, mas havia uma melancolia no som. Eu namorei algumas vezes, mas nunca consegui me apaixonar de verdade. Sempre sentia que faltava alguma coisa. Ela fez uma pausa, olhando pela janela para as pessoas que passavam apressadas na chuva. E você? Imagino que tenha uma fila de candidatas. Tive alguns relacionamentos sérios.
Ederson escolheu as palavras cuidadosamente, mas sempre terminavam da mesma forma. Elas se apaixonavam pela vida que eu podia oferecer, não por quem eu realmente sou. E quem você realmente é, Ederson? A pergunta o pegou completamente desprevenido.
Quando foi a última vez que alguém havia perguntado isso? Quando foi a última vez que ele mesmo havia se feito essa pergunta? Alguém que prefere um café simples numa tarde de chuva a um jantar em restaurante cinco estrelas? Ele respondeu lentamente: “Alguém que ainda guarda o cordão que uma menina de 7 anos me deu há 15 anos.” Simone sentiu o rosto esquentar.
Havia algo na forma como ele a olhava, que fazia seu coração acelerar de um jeito que não acontecia há anos. Simone Ederson hesitou como se estivesse prestes a atravessar uma linha invisível. Gostaria de jantar comigo amanhã? Não, aqui. Um lugar especial. Ela sabia que aceitar mudaria a dinâmica entre eles. Não seriam mais apenas dois amigos de infância se reencontrando.
Seria algo mais. Sim. A resposta saiu antes que sua mente racional pudesse intervir. No dia seguinte, Ederson a buscou em casa pela primeira vez. Simone havia passado horas escolhendo o vestido, o mais elegante que possuía, um azul marinho simples que realçava seus olhos.
Quando abriu a porta e viu Ederson ali sem gravata, com uma camisa social branca e calça escura, sentiu-se novamente como a menina de 7 anos admirando o menino mais bonito do parque. “Você está linda”, ele disse, estendendo-lhe um buquê de margaridas, suas flores favoritas, como ele havia se lembrado depois de tantos anos. O restaurante escolhido não era o mais caro da cidade, mas tinha vista para toda Belo Horizonte.
Era sofisticado sem ser ostensivo, romântico, sem ser óbvio. Ederson havia escolhido com cuidado, querendo impressioná-la sem deixá-la desconfortável. Durante o jantar, a conversa fluiu naturalmente, intercalada por silêncios confortáveis e olhares que duravam alguns segundos a mais que o necessário.
Simone descobriu que Ederson havia mantido um diário durante os primeiros anos na Suíça, escrevendo cartas para ela que nunca enviou. Ederson soube que Simone havia se formado pensando em abrir sua própria escola um dia. “Você deveria fazer isso?”, ele disse quando ela mencionou o sonho. Abrir sua escola. Com que dinheiro? Simone riu, mas não havia amargura na voz.
Era apenas a constatação de uma realidade prática. Ederson sentiu uma pontada de culpa por sua situação privilegiada. Como poderia explicar que tinha condições de financiar sem escolas sem que ela se sentisse constrangida ou pensasse que ele estava sendo condescendente? Talvez no futuro possamos trabalhar nisso juntos”, ele disse cuidadosamente, “Como prometemos quando éramos crianças.” O coração de Simone saltou no peito.
Havia algo na forma, como ele disse, no futuro, que sugeria que ele estava planejando que tivessem um futuro juntos. Quando ele a levou para casa, pararam em frente ao prédio simples onde ela morava. O contraste com o BMW dele era gritante, mas Ederson não pareceu notar ou se importar. “Obrigada pela noite maravilhosa”, Simone disse, de repente se sentindo tímida.
“Posso? Posso te beijar?” Ederson perguntou sua voz, saindo num sussurro vulnerável. Em resposta, Simone se aproximou dele. O beijo foi suave, tímido no início, como se ambos estivessem testando o terreno desconhecido. Mas quando se aprofundou, foi como se os 15 anos de separação desaparecessem completamente.
Era o beijo que duas crianças haviam sonhado dar quando crescessem, carregado de toda a inocência e intensidade dos primeiros sentimentos. Quando se separaram, ambos estavam respirando irregularmente. “Eu deveria ter voltado antes”, Ederson sussurrou tocando o rosto dela. “Você voltou na hora certa”, Simone respondeu, apoiando a mão dele contra sua face. Nos dias seguintes, eles se tornaram inseparáveis.
Ederson começou a buscar Simone na escola, levando-a para almoçar em lugares diferentes, conhecendo sua rotina e seus amigos. Simone foi apresentada ao mundo de Ederson gradualmente. Primeiro jantares mais sofisticados, depois eventos culturais, sempre respeitando seu ritmo e comfort zone. Uma semana após o primeiro beijo, eles estavam caminhando pela Praça da Liberdade, quando Simone parou em frente ao parquinho onde se conheceram.
“Às vezes tenho a impressão de que tudo isso é um sonho”, ela disse, sentando-se no mesmo banco onde costumavam conversar na infância. Ederson se sentou ao lado dela, entrelaçando seus dedos. Se for um sonho, não quero acordar. Eles passaram a tarde toda ali, relembrando memórias e criando novas.
Quando o sol começou a se pôr, Ederson tomou coragem para fazer a pergunta que vinha rondando sua mente. Simone, eu eu estou me apaixonando por você. Na verdade, acho que nunca parei de estar apaixonado por você. Ela virou-se para encará-lo, os olhos brilhando com lágrimas de felicidade. Eu também, Ederson. Eu também. Mas o que nenhum dos dois sabia era que a vida estava prestes a colocar sua redescoberta do amor à prova de uma forma que jamais poderiam imaginar.
Em três semanas, Ederson receberia um diagnóstico que mudaria tudo e faria uma proposta para Simone que testaria os limites do amor que acabavam de redescobrir a clínica. particular no Belveder era o tipo de lugar onde Ederson sempre recebera os melhores cuidados médicos. Paredes brancas maculadas, equipamentos de última geração e médicos renomados que conheciam a família oliveira há décadas.
Era ali que ele fazia seus checkups anuais desde criança, uma rotina estabelecida por seu pai, João Oliveira, que sempre dizia que prevenção era o melhor investimento. Dr. Henrique Moreira, urologista da família, era um homem cisudo de 60 anos que nunca desperdiçava palavras. Quando chamou Ederson para seu consultório naquela manhã de maio, sua expressão era mais grave do que o habitual.
Ederson, preciso conversar com você sobre os resultados dos seus exames. Doutor Henrique gesticulou para a cadeira em frente à sua mesa. Sente-se, por favor. Ederson obedeceu, sentindo um frio estranho no estômago. Havia feito os exames de rotina duas semanas antes, sem dar maior importância. Aos 24 anos, sempre gozara de saúde perfeita.
Os exames revelaram uma condição chamada azospermia severa. O médico pausou observando a reação de Ederson. Em termos simples, significa que você não produz espermatozoides viáveis. O mundo pareceu parar ao redor de Ederson. As palavras ecoaram em sua mente como um eco distante, levando alguns segundos para fazer sentido.
Isso significa que você não pode ter filhos de forma natural. Dr. Henrique continuou com sua voz clínica e direta. É uma condição congênita que, infelizmente, só pode ser detectada através de exames específicos. Ederson sentia como se o chão tivesse desaparecido sob seus pés. filhos. Ele nunca havia pensado muito sobre isso até recentemente, mas desde que reencontrara Simone, começara a imaginar um futuro que incluía família, crianças correndo pela casa, ensinando seu filho a andar de bicicleta, como seu pai havia feito com ele.
Existem tratamentos, alternativas? Há algumas opções de reprodução assistida, mas são complexas e não garantem sucesso. O médico pausou novamente. Ederson, há algo mais que preciso lhe dizer. Seu avô pediu para conversar comigo antes desta consulta. O coração de Ederson acelerou.
João Oliveira, patriarca da família e fundador da empresa, era um homem de 82 anos, cujas palavras ainda moviam milhões. Recentemente havia sido diagnosticado com câncer em estágio avançado, com prognóstico de um ano de vida. Ele está ciente da sua condição e pediu para que eu explicasse as implicações legais. Que implicações? Dr. Henrique suspirou, claramente desconfortável com a situação.
O testamento da família oliveira contém uma cláusula que exige que o herdeiro principal tenha um descendente direto para assumir o controle da empresa. Sem isso, meu primo Rafael assume tudo. Ederson completou a frase, a amarga realidade se cristalizando em sua mente. Rafael Oliveira era 5 anos mais velho, filho do irmão de João, e sempre havia ressentido o fato de Ederson ser o herdeiro escolhido, apesar de ser mais novo.
Era um empresário competente, mas conhecido por sua visão de curto prazo e interesse em lucros rápidos. Se assumisse a empresa, Ederson sabia que muitas das iniciativas sociais que a família mantinha seriam abandonadas e centenas de empregos seriam perdidos em nome da otimização. “Quanto tempo eu tenho?”, Ederson perguntou, sua voz saindo estranhamente calma.
Considerando o estado do seu avô, talvez um ano, ele está determinado a ver a sucessão resolvida antes de partir. Ederson saiu da clínica em estado de choque. Dirigiu pelas ruas de Belo Horizonte, sem destino, sua mente girando em círculos. Como poderia contar isso para Simone? Eles estavam apenas começando a redescobrir o amor e agora ele descobria que nunca poderia oferecer a ela algo que a maioria das pessoas considerava natural, uma família. Mais do que isso, havia a pressão da herança.
A empresa oliveira empregava mais de 5.000 pessoas e mantinha projetos sociais que beneficiavam milhares de famílias. era responsabilidade demais para ser perdida por uma questão biológica que estava fora de seu controle. Naquela noite, Ederson cancelou o jantar que havia marcado com Simone, alegando problemas no trabalho.
Na verdade, trancou-se em sua cobertura com uma garrafa de whisky, tentando processar a informação que havia recebido. Foi às 3 da manhã, com a mente embotada pelo álcool e pelo desespero, que uma ideia começou a se formar. era absurda, improvável, possivelmente a coisa mais louca que já havia considerado.
Mas quanto mais pensava, mais fazia sentido de uma forma distorcida e desesperada. Se ele não podia ter filhos naturalmente, poderia ter através de outros meios: reprodução assistida, uma mãe substituta. E se essa mãe fosse alguém em quem confiasse completamente, alguém que entendesse a importância do que estava em jogo, alguém como Simone, a ideia era ao mesmo tempo, brilhante e terrível.
Simone havia sempre falado sobre seu amor por crianças, sobre como sonhava em ser mãe um dia. Ela era pura, confiável e ela o amava. Pelo menos ele acreditava que sim. Mas seria justo pedir isso a ela? Seria justo envolver a mulher que estava aprendendo a amar novamente em algo tão complicado e delicado.
Ederson passou os três dias seguintes evitando Simone, inventando desculpas para cancelar seus encontros. Ela mandava mensagens preocupadas, perguntando se havia feito algo errado, se ele estava bem. Cada mensagem era uma punhalada em seu coração, mas ele precisava de tempo para pensar, para planejar a abordagem. Na quarta-feira, finalmente tomou uma decisão.
Não podia viver com o peso da mentira e não podia perder Simone por causa de sua covardia. ia contar tudo a ela, o diagnóstico, a herança, a situação impossível em que se encontrava, e então faria a proposta que poderia salvá-los a ambos ou destruir qualquer chance de felicidade que pudessem ter juntos. Ederson não imaginava que sua proposta desesperada levaria Simone a tomar a decisão mais difícil de sua vida, uma decisão que mudaria o destino de ambos para sempre.
O restaurante que Ederson escolheu para o encontro era discreto e reservado, localizado no final da rua da Bahia, mesas afastadas umas das outras, iluminação suave e um ambiente que proporcionava privacidade total. Simone percebeu imediatamente que algo estava diferente quando ele chegou. Seus olhos azuis pareciam carregados de uma preocupação que ela nunca havia visto antes.
Desculpe por ter cancelado nossos encontros esta semana, Ederson disse assim que se sentaram, evitando seu olhar. Eu tive algumas questões familiares para resolver. Simone estendeu a mão sobre a mesa, tocando a dele suavemente. Você pode conversar comigo sobre qualquer coisa, Ederson. Nós somos amigos há muito tempo, lembra? A palavra amigos ecoou de forma estranha entre eles.
Nas últimas semanas haviam sido muito mais que isso. Os beijos, os olhares carinhosos, as promessas sussurradas. Tudo indicava que estavam caminhando para algo mais profundo. É sobre isso que preciso falar com você. Ederson respirou fundo, como se estivesse reunindo coragem para pular de um penhasco. Simone, eu não fui completamente honesto sobre minha situação. O coração dela acelerou.
Estava casado, tinha filhos, ia embora do país novamente. Primeiro preciso te contar sobre minha família. Ederson começou devagar. Meu pai não é apenas empresário. Ele é dono da Oliveira Mineração, uma das maiores empresas do setor no país. Simone piscou processando a informação.
Ela sabia que ele vinha de uma família abastada, mas não havia imaginado a dimensão real. Isso significa que ela começou. Que sou muito rico, Simone, muito mais do que você pode imaginar. Ederson finalmente a encarou. Vivo numa cobertura de 5 milhões. Ganho mais em um mês do que a maioria das pessoas em uma vida inteira e estou destinado a herdar uma empresa que vale bilhões.
Simone retirou a mão da dele, recostando-se na cadeira. Era muita informação para processar de uma vez. Por que está me contando isso agora? Porque meu avô está morrendo e há uma cláusula no testamento que diz que eu só posso herdar se tiver um descendente direto. Ederson pausou. observando a expressão dela mudar.
O problema é que descobri esta semana que tenho uma condição médica chamada azuspérmia. Eu não posso ter filhos naturalmente. O silêncio se instalou entre eles. Simone tentava conectar os pontos, entender onde aquela conversa estava levando. Simone, se eu não conseguir ter um herdeiro em um ano, meu primo Rafael assumirá a empresa. Ele vai demitir milhares de funcionários, encerrar todos os projetos sociais que mantemos e transformar uma empresa centenária numa máquina de lucro sem alma. Ederson, eu sinto muito. Isso deve ser muito difícil para você.
Há uma possibilidade. Ele continuou sua voz ficando mais tensa. Reprodução assistida com uma mãe substituta. Alguém que carregasse meu filho usando material genético de um doador. Simone começou a entender para onde a conversa estava caminhando e sentiu o estômago se revirar. E você está pensando em Ela não conseguiu terminar a frase em você.
Ederson falou rapidamente, como se quisesse se livrar das palavras antes que perdesse a coragem. Eu sei que há muito para pedir, sei que parece loucura, mas você é a única pessoa em quem confio completamente. Simone sentiu como se tivesse levado um soco no estômago. Você está me pedindo para ser mãe de aluguel? Não é assim que eu vejo. Ederson se inclinou para a frente, sua voz urgente. Seria nosso filho, Simone, criado por nós dois.
Eu cuidaria de você durante toda a gravidez. Garantiria que tivesse os melhores cuidados médicos e E depois, depois que eu desse à luz seu herdeiro. A voz de Simone estava subindo de tom, atraindo olhares das mesas vizinhas. Depende de você, Ederson falou mais baixo.
Podíamos nos casar, formar uma família de verdade, ou se preferir, eu te daria independência financeira para o resto da vida. Simone se levantou bruscamente, derrubando o guardanapo no chão. Você está me oferecendo dinheiro para ter um filho? Não é sobre dinheiro. Ederson também se levantou. É sobre o futuro de milhares de pessoas que dependem da empresa.
É sobre não deixar tudo que minha família construiu cair nas mãos erradas. E sobre nós, Ederson, sobre tudo que estávamos construindo juntos, ele hesitou. E foi essa a hesitação que quebrou o coração de Simone. “Nós podemos construir algo ainda maior”, ele disse finalmente. “Uma família, um futuro baseado numa mentira”.
Simone pegou a bolsa, os olhos brilhando com lágrimas contidas, baseado numa transação comercial disfarçada de romance. “Simone, por favor, me deixe explicar melhor. Eu preciso pensar.” Ela se afastou da mesa. Eu preciso de tempo para processar tudo isso. Ederson ficou parado, observando-a sair do restaurante.
Havia planejado a conversa de dezenas de formas diferentes em sua mente, mas nenhuma havia incluído vê-la partir com aquela expressão de traição no rosto. Simone voltou para a casa de táxi, as lágrimas finalmente correndo livremente pelo rosto. Durante todo o trajeto, sua mente girava entre a incredulidade e a dor. O homem, por quem estava se apaixonando novamente, havia acabado de reduzir seus sentimentos a uma transação comercial, mas havia algo mais que a perturbava além da proposta em si.
Era a forma como ele havia olhado para ela quando explicou a situação da empresa, a genuína preocupação em sua voz quando falou sobre os funcionários que seriam demitidos. Havia desespero ali, não ganância. Em casa, Simone se sentou na cama com a foto que guardava dela e Ederson crianças.
A única foto que possuía dos dois juntos, tirada por um funcionário do parque no último dia antes dele viajar. Duas crianças sorrindo, fazendo promessas que pareciam simples na época. Será que aquela proposta era realmente sobre dinheiro e herança? Ou seria o homem que amou na infância e que estava aprendendo a amar novamente, desesperadamente, procurando uma forma de salvar tudo que considerava importante, incluindo ela? Simone passou a noite inteira acordada, uma pergunta ecuando em sua mente: “Seria capaz de ajudar o homem que amava, mesmo que isso
significasse arriscar seu próprio coração?” Ela não sabia que sua decisão nas próximas horas determinaria não apenas o destino da empresa oliveira, mas também se o amor de infância deles conseguiria sobreviver ao mundo adulto de responsabilidades e consequências. Três dias se passaram em silêncio. Ederson enviou apenas uma mensagem.
Desculpe por ter feito isso do jeito errado. Não era minha intenção machucá-la. Qualquer que seja sua decisão, vou respeitar. Simone leu e releu a mensagem dezenas de vezes, mas não conseguiu responder. Na escola, as crianças notaram que a tia Simone estava diferente, mais quieta, menos sorridente.
Durante a aula de desenho livre, uma aluna de 5 anos, Sofia, desenhou uma figura feminina com lágrimas azuis descendo pelo rosto. “Por que a moça está triste no seu desenho?”, Simone perguntou, agachando-se ao lado da menina. Porque às vezes os adultos ficam tristes quando têm que tomar decisões difíceis. Sofia respondeu com a sabedoria inesperada das crianças.
Minha mãe fica assim às vezes. A resposta inocente atingiu Simone em cheio. Era exatamente isso. Ela estava enfrentando a decisão mais difícil de sua vida e não sabia como tomar. Naquela noite, Simone decidiu visitar sua melhor amiga, Patrícia, que morava no bairro Santa Teresa.
Patrícia era enfermeira obstétrica, havia presenciado centenas de nascimentos e conhecia Simone desde a época da faculdade. “Deixe-me entender”, Patrícia disse depois de ouvir toda a história enquanto servia um chá de camomila na cozinha de sua casa simples. O seu amor de infância, que acontece de ser bilionário, pediu para você ter um filho dele para salvar a empresa da família. Quando você fala assim, parece ainda mais absurdo. Simone suspirou.
E qual é a sua maior preocupação? O aspecto emocional ou físico? Simone refletiu por um momento emocional definitivamente. Tenho medo de que ele esteja me usando, que todos esses sentimentos que estávamos redescobrindo sejam apenas convenientes para ele. E se não forem? Patrícia se sentou ao lado da amiga.
E se ele realmente te ama, mas está numa situação impossível e te viu como a única pessoa em quem pode confiar? Como posso ter certeza? Você não pode. Patrícia foi direta. Mas posso te dizer uma coisa sobre reprodução assistida medicamente. Não há nada que impeça você de fazer isso. Você é jovem, saudável. Seria uma gestação de baixo risco.
Simone olhou para a amiga com surpresa. Você acha que eu deveria aceitar? Acho que você deveria perguntar a si mesma. Se não houvesse toda essa questão da herança, você gostaria de ter um filho com Ederson? A pergunta ficou ecoando na mente de Simone enquanto voltava para casa. Se não houvesse dinheiro envolvido, se fosse apenas sobre amor e formar uma família, qual seria sua resposta? A resposta veio naturalmente. Sim. Ela sempre sonhara em ser mãe.
E a ideia de ter um filho com o homem que amara desde criança não era terrível. Era apenas as circunstâncias que tornavam tudo complicado. Na manhã seguinte, uma sexta-feira, Simone tomou sua decisão. Mandou uma mensagem para Ederson. Podemos conversar hoje à noite? A resposta chegou em segundos. Claro, onde você quiser.
Na Praça da Liberdade, às 7. O parque onde tudo começou parecia o lugar certo para essa conversa. Ederson chegou 10 minutos antes do horário, vestindo roupas simples, jeans e uma camisa branca. Estava visivelmente nervoso, andando de um lado para o outro próximo ao banco onde costumavam se sentar na infância.
Simone apareceu pontualmente às 7, caminhando devagar pelo mesmo caminho que percorria aos 7 anos. Quando se aproximou dele, Ederson parou de andar e a encarou com uma expressão de esperança e medo misturados. Obrigada por terme dado tempo para pensar, Simone disse, sentando-se no banco. Eu sei que foi muito para processar. Ederson se sentou ao lado dela, mantendo uma distância respeitosa.
E sei que a forma como apresentei foi terrível. Por que eu, Ederson? Simone foi direta ao ponto. De todas as mulheres que você conhece, por que exatamente eu? Ele respirou fundo antes de responder: “Porque você é a única pessoa que me conhece desde criança, a única que me viu antes de toda essa vida complicada, porque confio em você completamente”, e ele hesitou.
“E? E por que tem sido impossível imaginar meu futuro sem você desde que nos reencontramos?” Simone sentiu o coração acelerar. Mesmo que eu não pudesse fazer isso por você, mesmo que dissesse não. Mesmo assim, Ederson a encarou. Simone, eu me apaixonei por você novamente, bem antes de descobrir sobre minha condição médica. Isso não é sobre conveniência.
Como posso ter certeza? Ederson retirou do bolso um pequeno estojo de veludo azul. Porque comprei isso três dias depois do nosso primeiro jantar. Simone arregalou os olhos quando ele abriu o estojo, revelando um anel de noivado simples, mas elegante, um solitário que brilhava sob a luz dos postes do parque. “Eu ia pedir você em casamento antes de descobrir sobre o diagnóstico.” Ele continuou. “Já tinha tudo planejado.
Queria fazer aqui, no lugar onde nos conhecemos”. As lágrimas começaram a descer pelo rosto de Simone. Ederson, aceito se você disser não sobre o bebê. Aceito, se quiser, esperar anos para termos filhos. Aceito qualquer coisa desde que não me peça para viver sem você novamente.
Simone olhou para o anel, depois para o rosto dele e, finalmente, para o parquinho, onde duas crianças haviam prometido trabalhar juntas quando crescessem. Talvez essa fosse uma forma diferente de cumprir aquela promessa. “Eu aceito”, ela disse suavemente. “Aceita se casar comigo?” O rosto de Ederson se iluminou. Aceito tudo. Simone sorriu através das lágrimas.
Aceito me casar com você e aceito carregar nosso filho. Ederson ficou paralisado por um momento, como se não acreditasse no que havia ouvido. Então, lentamente tirou o anel do estojo e o deslizou no dedo dela. “Tem certeza?”, ele sussurrou. “Tenho certeza de que te amo, Simone” respondeu. “Eho certeza de que quero construir uma família com você.
Se isso também significa salvar a empresa e os empregos de milhares de pessoas, então é ainda melhor. Eles se beijaram ali mesmo no banco onde haviam se sentado pela primeira vez 15 anos antes. Era um beijo cheio de promessas, esperanças e a certeza de que, independentemente dos desafios que viriam, enfrentariam tudo juntos. Quando se separaram, Ederson tocou o rosto dela suavemente.
Você tem ideia de como me fez feliz? Acho que tanto quanto você me fez. Simone sorriu. Então, por onde começamos? Nenhum dos dois imaginava que em apenas duas semanas estariam assinando contratos numa clínica de reprodução assistida, dando o primeiro passo em uma jornada que testaria cada promessa que acabavam de fazer. A clínica Origem localizada no tradicional bairro Funcionários era reconhecida como uma das melhores clínicas de reprodução assistida do país. Dr.
Carolina Mendes, especialista em fertilidade, havia sido recomendada pelo Dr. Henrique como a melhor profissional para acompanhar o caso de Ederson e Simone. Antes de começarmos qualquer procedimento, precisamos ter uma conversa muito franca sobre o que estão planejando. Dr. Carolina disse, ajustando os óculos enquanto observava o casal sentado à sua frente.
Vocês estão pedindo uma inseminação artificial com material de doador para que Simone gere um filho que será criado por ambos? Exatamente. Ederson confirmou, segurando a mão de Simone. Aí vocês pretendem se casar antes ou depois da gravidez? Antes? Simone respondeu: “Queremos que nosso filho nasça dentro de um casamento, mesmo que a concepção seja diferente.” Dr. Carolina fez algumas anotações.
Preciso explicar que legalmente isso é complexo. Tecnicamente, Simone seria considerada mãe solteira até o casamento e o doador anônimo seria o pai biológico no registro inicial. “Existe algum problema nisso?”, Ederson perguntou preocupado. Não, desde que tudo seja documentado corretamente, mas recomendo que procurem um advogado especializado em direito reprodutivo para redigir um contrato claro sobre as intenções de ambos.
Duas semanas depois, eles estavam no escritório de Dr. Roberto Farias, advogado especializado em casos de reprodução assistida, localizado no centro de Belo Horizonte. O escritório era sóbrio, com estantes repletas de códigos legais e uma mesa de madeira escura, onde documentos importantes eram assinados diariamente. Este contrato estabelece claramente que Simone Santos concorda voluntariamente em passar por processo de reprodução assistida, sendo que a criança gerada será criada por ambos os contratantes após o casamento.
Dr. Roberto explicou, apontando para os parágrafos específicos. também estabelece as responsabilidades financeiras de Ederson durante a gravidez. Simone leu cuidadosamente cada cláusula. O contrato previa que Ederson arcaria com todos os custos médicos, garantiria acompanhamento nutricional especializado e depositaria mensalmente R$ 5.000 numa conta para as necessidades de Simone durante a gestação.
Além disso, independentemente do resultado da gravidez, ele transferiria para ela um apartamento de R$ 400.000 no bairro Gutierres. Ederson, isso é muito Simone disse, olhando para as cifras. Eu não estou fazendo isso pelo dinheiro. Eu sei ele segurou a mão dela, mas quero garantir que você tenha segurança, independentemente do que aconteça. E se eu desistir no meio do processo, então desiste.
Ederson respondeu sem hesitar. O contrato deixa claro que você pode interromper a qualquer momento pelos primeiros três meses. Dr. Roberto observou a interação entre eles com interesse profissional. Em 15 anos de carreira, havia visto muitos casos de reprodução assistida, mas raramente presenciara uma dinâmica tão genuinamente carinhosa entre os envolvidos. “Há mais uma questão”, o advogado continuou.
O contrato estabelece que se vocês se casarem antes do nascimento da criança, Ederson automaticamente se torna pai legal através do processo de adoção unilateral. Isso significa que o bebê seria legalmente nosso? Simone perguntou. Exatamente. Aos olhos da lei, seria como se vocês fossem os pais biológicos. Eles assinaram o contrato numa tarde ensolarada de junho.
Depois da assinatura, caminharam até um café próximo, ambos processando a magnitude do que acabavam de fazer. “Tem medo?”, Ederson perguntou mexendo o açúcar no café sem realmente beber. “Tenho, Simone admitiu, mas é um medo bom, como quando você está prestes a realizar um sonho e fica nervoso porque não quer que nada dê errado. Eu nunca pensei que seria pai assim”. Ederson confessou.
Sempre imaginei que seria natural, espontâneo. Talvez seja melhor assim. Simone sorriu. Quantos casais podem dizer que planejaram cada detalhe da vinda do seu filho com tanto cuidado? Na semana seguinte, iniciaram os preparativos médicos. Simone passou por uma bateria de exames para garantir que estava em perfeitas condições para a gravidez.
Enquanto eles escolhiam o perfil do doador anônimo, o banco de semen oferecia informações básicas: altura, peso, cor dos olhos, nível educacional e profissão, mas não revelava identidade. Este aqui Simone apontou para um perfil. Engenheiro, 1,85 m, olhos azuis, graduado em Universidade Federal. Por que esse? Porque se parece com você nas características físicas.
Quero que nosso filho tenha a maior semelhança possível com o pai que escolheu. Ederson sentiu uma onda de emoção ao ouvir Simone se referir a ele como o pai que escolheu. Era verdade. Biologicamente o bebê não seria seu, mas ele havia sido escolhido para ser pai da mesma forma que Simone havia escolhido ser mãe. O primeiro procedimento foi agendado para a segunda semana de julho.
Na manhã marcada, eles chegaram à clínica de mãos dadas, nervosos, mas determinados. Lembrem-se de que pode não funcionar na primeira tentativa. Dr. Carolina os tranquilizou. A taxa de sucesso é de cerca de 20% por tentativa em mulheres da idade de Simone. E se não funcionar? Simone perguntou. Tentamos novamente no próximo ciclo. O procedimento em si foi rápido e indolor. Simone se deitou na maca.
Ederson segurou sua mão durante todo o processo e em 15 minutos tudo estava concluído. Agora é esperar, Dr. Carolina disse, duas semanas para o primeiro teste. Essas duas semanas foram as mais longas da vida de ambos. Hederson se mostrou ainda mais atencioso, cancelando viagens de negócios para ficar perto de Simone.
Ela continuou trabalhando normalmente, mas percebia que suas colegas notavam algo diferente em seu comportamento, uma ansiedade misturada com esperança que ela não conseguia esconder completamente. Na manhã do 14º dia, eles voltaram à clínica para o exame de sangue, que determinaria se o procedimento havia funcionado. Os resultados ficam prontos em 2 horas”, a enfermeira explicou após coletar o sangue de Simone.
Eles decidiram esperar num café próximo à clínica, mas nenhum dos dois conseguia se concentrar em conversa ou comida. Ederson verificava o celular a cada 5 minutos enquanto Simone tamborilava os dedos nervosamente na mesa. Quando o telefone de Dr. Carolina finalmente tocou, ambos se entreolharam antes de Simone atender. Simone, tenho uma boa notícia para vocês.
O coração de Simone parou por um momento antes de a médica continuar. Você está grávida. O beta HCG deu positivo. A notícia da gravidez mudou tudo instantaneamente. Simone desligou o telefone e ficou olhando para Ederson por alguns segundos, os olhos brilhando com uma mistura de incredulidade e alegria.
E então? Ele perguntou, a voz saindo quase num sussurro. Estou grávida, Simone disse. E as palavras pareciam surreais saindo de sua boca. Estamos esperando um bebê. Ederson se levantou tão rapidamente que quase derrubou a cadeira, contornou a mesa e a beijou ali mesmo no meio do café, sem se importar com os olhares curiosos dos outros clientes. Quando se separaram, ambos estavam chorando e rindo ao mesmo tempo.
“Não acredito que funcionou na primeira tentativa”, Ederson sussurrou, apoiando a testa na dela. “Acho que nosso bebê estava com pressa para chegar.” Simone sorriu através das lágrimas. Nos dias seguintes, a realidade da situação começou a se instalar.
Simone precisaria de cuidados especiais, acompanhamento médico intensivo e mudanças significativas em sua rotina. Ederson imediatamente contratou um plano de saúde premium para ela e começou a reorganizar sua própria agenda para estar mais presente. “Quero que você se mude para a mansão”, ele disse numa manhã enquanto tomava um café no apartamento dela.
“Tenho uma equipe de funcionários que pode cuidar de você e estaria mais perto se precisasse de alguma coisa”. Simone hesitou. Morar na mansão significaria deixar sua independência, mergulhar completamente no mundo dele. É só durante a gravidez. Ederson percebeu sua hesitação. Depois que nos casarmos e o bebê nascer, escolhemos onde queremos morar juntos. Tudo bem, ela concordou, mas com uma condição. Qual? Quero continuar trabalhando pelo maior tempo possível.
Meus alunos dependem de mim e eu preciso me sentir útil. Ederson a sentiu, embora secretamente, preferisse que ela não trabalhasse durante a gravidez, mas respeitava a independência de Simone e sabia que não podia começar o relacionamento tentando controlá-la.
A mudança para a mansão no Mangabeiras foi surreal para Simone. A casa tinha oito quartos, uma piscina olímpica, jardins que pareciam saídos de revista e uma vista deslumbrante para toda Belo Horizonte. O quarto que Ederson preparou para ela ficava ao lado do dele, conectado por uma porta que ele deixou sempre destrancada. “Caso precise de alguma coisa durante a noite”, ele explicou, tentando soar casual.
Na verdade, Ederson estava aterrorizado com a responsabilidade. Livros sobre gravidez começaram a aparecer por toda a casa e ele passou a ligar para Dr. Carolina com perguntas sobre cada pequeno sintoma que Simone apresentava. Ela disse que está sentindo um pouco de enjoo de manhã. Isso é normal? Ele perguntou numa ligação às 7 da manhã.
Ederson, enjoo matinal é perfeitamente normal no primeiro trimestre. Dr. Carolina respondeu pacientemente: “Você não precisa me ligar para cada sintoma comum.” Mas Ederson não conseguia se controlar. Durante os anos na Suíça e nos Estados Unidos, havia aprendido a controlar variáveis, a planejar cada contingência. A gravidez, no entanto, era algo completamente fora de seu controle e isso o deixava ansioso.
Simone, por outro lado, estava se adaptando melhor do que esperava. Os enjoos matinais eram leves. Ela não havia ganhado peso além do esperado e sentia-se energizada na maior parte do tempo. O que mais a impressionava era como Ederson havia mudado desde que descobriram a gravidez.
Ele cancelara três viagens de negócios internacionais, delegara mais responsabilidades para seus vice-presidentes e passava todas as noites em casa, mesmo quando tinha eventos sociais ou jantares de negócios. À noite, eles desenvolveram uma rotina, jantavam juntos, assistiam a um filme ou conversavam no terraço e antes de dormir, Ederson colocava a mão na barriga dela e conversava com o bebê.
Oi, pequeno”, ele dizia suavemente, apoiando a mão onde teoricamente o bebê estava se desenvolvendo. “Hoje foi um dia bom. Sua mamãe ensinou crianças na escola e papai teve algumas reuniões chatas, mas agora estamos aqui juntos esperando você chegar.” Simone se derretia a cada vez que presenciava essas conversas.
via Ederson se transformar de um empresário bem-sucedido e, às vezes, tenso, num futuro pai completamente dedicado. Na 12ª semana de gravidez, fizeram o primeiro ultrassom detalhado. Ederson estava mais nervoso que Simone enquanto esperavam na sala da Dr. Carolina. “E se algo estiver errado?”, ele perguntou pela terceira vez. “Não vai estar.
” Simone segurou a mão dele. “Sinto que está tudo bem. Quando viram o bebê na tela pela primeira vez, ambos ficaram em silêncio. Uma forma pequena, mas claramente humana, se mexia ativamente na tela preta e branca. Aqui está o coração, doutor. Carolina apontou para um ponto que piscava rapidamente, batendo perfeitamente.
E aqui vocês conseguem ver o que é? Simone perguntou, tentando decifrar as formas na tela. É um menino. Dr. Carolina sorriu. Parabéns, vocês vão ter um filho. Ederson apertou a mão de Simone com tanta força que ela quase reclamou. Um menino, um herdeiro, tudo que seu avô precisava para manter a empresa na família.
Mas mais que isso, era o filho deles. Independentemente da forma como foi concebido, aquele bebê na tela era fruto do amor e da decisão de construirem uma família juntos. Como vamos chamá-lo?”, Simone perguntou no caminho de volta para casa. Tinha pensado em João em homenagem ao meu avô. Ederson disse hesitantemente: “Mas quero escolher junto com você”.
Que tal Davi? Simone sugeriu. Sempre gostei desse nome. Davi Oliveira. Ederson testou o nome. Perfeito. Naquela noite, pela primeira vez desde que Simone se mudara para a mansão, Ederson hesitou antes de se despedir na porta do quarto dela. Simone, eu posso fazer uma pergunta? Claro. Quando você olha para mim agora, o que vê? Ainda vê o homem que fez uma proposta desesperada ou vê o pai do Davi? Simone se aproximou dele, colocando as mãos no rosto dele. Vejo o menino que prometeu trabalhar comigo quando crescêssemos. Vejo o homem que
está cumprindo essa promessa da forma mais linda possível. Eles se beijaram ali na porta. Um beijo suave, mas cheio de significado. Quando se separaram, Simone notou algo diferente no olhar de Ederson. Não era apenas gratidão ou alívio, era algo mais profundo, mais verdadeiro. Era amor. Amor real, não mais misturado com desespero ou conveniência.
Mas Simone não imaginava que em apenas quatro semanas uma ligação do doutor Henrique mudaria completamente a natureza daquele amor, forçando-os a questionar se seus sentimentos eram genuínos ou apenas resultado das circunstâncias. Era uma tarde de setembro quando o telefone de Ederson tocou durante o jantar. Eles estavam na varanda da mansão, aproveitando o clima meno da primavera mineira, quando o nome de Dr. Henrique apareceu na tela.
Simone estava com 16 semanas de gravidez, sua barriga já começando a se pronunciar discretamente, e havia acabado de contar para Ederson sobre o movimento do bebê que havia sentido pela primeira vez naquela manhã. Dr. Henrique Ederson atendeu, estranhando o horário da ligação. Aconteceu alguma coisa, Ederson? Preciso falar com você urgentemente. A voz do médico estava tensa.
Pode vir ao meu consultório agora? Agora são quase 8 da noite. É importante. E traga, Simone. O estômago de Ederson se revirou. Pedidos para consultas urgentes fora do horário nunca eram boa notícia. Aconteceu alguma coisa? Simone perguntou, notando a expressão preocupada dele. Dr. Henrique quer nos ver agora. O trajeto até a clínica foi tenso e silencioso.
Simone apoiava as mãos protetivamente sobre a barriga, enquanto Ederson dirigia com mais cuidado que o habitual, como se qualquer movimento brusco pudesse prejudicar o bebê. Doutor Henrique os esperava em seu consultório com uma expressão que Ederson nunca havia visto antes, uma mistura de constrangimento e apreensão que imediatamente o pôs em alerta. “Sentem-se, por favor.
” O médico gesticulou para as cadeiras em frente à sua mesa. “Ederson, preciso conversar com vocês sobre algo inusitado. É sobre o bebê?”, Simone perguntou imediatamente, a voz traindo seu nervosismo. Não, o bebê está perfeitamente bem. Dr. Henrique a tranquilizou. É sobre os exames de Ederson. Ederson franziu a testa.
Que exames? Não fiz nenhum exame recentemente. Exatamente. É sobre isso que preciso falar. Dr. Henrique suspirou profundamente. Houve um erro no laboratório, Ederson. Um erro grave. O silêncio no consultório se tornou opressivo. Simone instintivamente procurou a mão de Ederson, entrelaçando seus dedos.
“Que tipo de erro?”, Ederson perguntou lentamente. “Os exames que diagnosticaram sua azospérmia não eram seus, doutor.” Henrique pausou, deixando a informação se assentar. Houve uma troca de amostras no laboratório. Descobrimos isso hoje quando o verdadeiro paciente questionou resultados contraditórios. Simone sentiu como se o mundo tivesse parado de girar.
Isso significa isso significa que Ederson nunca teve azo pérmia. Ele sempre foi capaz de ter filhos naturalmente. O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Ederson sentia como se tivesse levado um soco no estômago enquanto sua mente tentava processar as implicações do que havia acabado de ouvir. “Eu eu nunca fui estéril”, ele perguntou, sua voz saindo quase num sussurro. “Nunca.
Seus parâmetros reprodutivos são completamente normais para um homem da sua idade. Simone retirou a mão da de Ederson, apoiando-a instintivamente sobre a barriga. De repente, tudo parecia diferente. A proposta, a urgência, toda a situação que os havia levado até aquele momento. “Por quanto tempo vocês sabiam disso?”, Simone perguntou, sua voz soando estranhamente calma. “Descobrimos hoje de manhã.” Dr.
Henrique respondeu: “Liguei para Ederson assim que confirmamos o erro. Ederson estava em estado de choque. Durante meses havia carregado o peso de acreditar que não podia ter filhos. Havia feito uma proposta desesperada para a mulher que amava baseado numa mentira médica. E agora, Simone? Eu não sabia.
” Ele se virou para ela, os olhos súbitas com uma urgência que ela nunca havia visto. “Precisa acreditar em mim. Eu não sabia. Mas Simone estava recuando emocionalmente, sua mente girando em círculos perigosos. Se Ederson nunca foi estéril, por ela estava ali? Por havia aceitado passar por tudo isso? Os sentimentos dele por ela eram genuínos ou apenas resultado de gratidão e conveniência? Eu preciso processar isso. Ela se levantou abruptamente.
Preciso ir para casa, Simone, por favor, vamos conversar sobre isso. Ederson também se levantou, tentando tocá-la. Não, ela se afastou. Não, agora eu preciso pensar. Dr. Henrique observou a cena com desconforto crescente, percebendo que seu erro médico havia criado uma crise muito maior do que uma simples correção de diagnóstico.
“Talvez devessem ir para casa e conversar com calma”, ele sugeriu hesitantemente. “Não para a mesma casa”, Simone disse firmemente. “Quero voltar para o meu apartamento. Simone, não seja absurda. Você está grávida, precisa de cuidados. Preciso de tempo.” Ela explodiu, sua voz ecuando no consultório. “Preciso entender o que é real e o que não é”.
O trajeto de volta foi completamente silencioso. Ederson dirigia mecanicamente sua mente tentando encontrar as palavras certas para explicar que seus sentimentos não haviam mudado, que o erro médico não alterava nada do que sentia por ela.
Quando chegaram à mansão, Simone foi direto para o quarto que havia sido dela e começou a arrumar suas coisas. “O que você está fazendo?”, Ederson perguntou da porta, voltando para o meu apartamento. Simone, para. Vamos conversar sobre isso como adultos. Ela parou de dobrar roupas e se virou para encará-lo. Ederson, você me pediu para ter um filho porque pensava que não podia ter filhos naturalmente. Agora descobrimos que você sempre pôde.
Isso muda tudo. Não muda nada do que sinto por você. Como você pode ter certeza? Sua voz estava carregada de dor. Como pode ter certeza de que não está confundindo gratidão com amor, conveniência com sentimento? A pergunta atingiu Ederson como uma flecha certeira, porque tocava em medos que ele próprio havia tentado ignorar.
Porque eu me apaixonei por você antes de descobrir sobre a suposta esterilidade?”, ele disse, dando um passo em direção a ela. “Lembra do anel? Eu já estava planejando pedir você em casamento, mas você não pediu. Simone respondeu suavemente. Você fez uma proposta comercial. Ederson não tinha resposta para isso. Era verdade. Por mais que seus sentimentos fossem genuínos, havia apresentado tudo de forma completamente errada.
Simone, me dê uma chance de provar que o que sinto é real. Eu preciso de tempo, Ederson. Ela voltou a arrumar as roupas. Preciso entender meus próprios sentimentos, sem a pressão de estar carregando seu filho. Nosso filho, ele corrigiu. É isso que eu preciso descobrir. Simone parou novamente, colocando a mão na barriga.
Se isso realmente é nosso ou se é apenas uma situação que saiu do controle. Duas horas depois, Simone estava de volta ao seu apartamento no funcionários, sentada na cama com a mão na barriga e lágrimas descendo pelo rosto. Tudo que havia construído com Ederson nas últimas semanas, de repente parecia questionável.
Ederson ficou na mansão vazia, olhando para o quarto que ela havia deixado, tentando entender como um erro médico havia conseguido destruir tudo que estavam construindo juntos. Nenhum dos dois sabia que em apenas uma semana uma intervenção externa faria Simone questionar ainda mais se o lugar dela era ao lado de Ederson ou se deveria desaparecer de sua vida para sempre. Rafael Oliveira não era conhecido por sua sutileza.
Aos 29 anos, primo de Ederson e vice-presidente da área financeira da empresa, sempre havia ressentido o fato de não ser o herdeiro escolhido pelo avô. Alto, moreno e perpéuamente vestido em ternos caros, Rafael tinha uma presença imponente que costumava intimidar as pessoas ao seu redor. Era quinta-feira quando ele apareceu no apartamento de Simone, acompanhado de Marina Silva, a secretária executiva de Ederson há 5 anos.
Marina era uma mulher elegante de 35 anos, com ambições que iam muito além de ser uma simples funcionária. Havia tentado despertar o interesse romântico de Ederson. por anos sem sucesso. Simone estava em casa, afastada do trabalho por recomendação médica após alguns episódios de estresse que haviam causado pequenas contrações.
Quando a campainha tocou, ela não esperava visitas. “Simone Santos, Rafael perguntou quando ela abriu a porta, exibindo um sorriso que não chegava aos olhos. Sim. E vocês são Rafael Oliveira, primo de Ederson, e esta é Marina Silva, sua secretária. Ele estendeu a mão de forma educada, mas calculada.
Podemos conversar com você? Simone hesitou. Havia algo na postura dos dois que a deixava desconfortável, mas a curiosidade venceu a prudência. “Claro, entrem.” Eles se sentaram na pequena sala de estar, Rafael observando o apartamento com uma expressão que claramente dizia que considerava o ambiente modesto demais para seus padrões.
Imagino que esteja se perguntando porque estamos aqui. Rafael começou cruzando as pernas com elegância estudada. A pergunta passou pela minha cabeça. Simone respondeu, colocando inconscientemente a mão sobre a barriga, já bem arredondada na 20ª semana de gravidez. Sabemos sobre sua situação com Ederson.
Marina disse, sua voz soando profissional, mas com um tom levemente condescendente. E sobre o erro médico que mudou tudo, Simone sentiu um frio no estômago. Como eles sabiam sobre isso? Não sei do que estão falando. Ela mentiu. Simone, não precisamos fingir. Rafael se inclinou para a frente.
Sabemos que você aceitou ser mãe substituta para salvar a herança de Ederson e sabemos que agora descobriu que ele nunca precisou disso. O que vocês querem? Simone perguntou diretamente, sua paciência se esgotando. Queremos te fazer uma proposta. Marina tirou um envelope da bolsa cara que carregava. Uma proposta muito generosa. Simone olhou para o envelope sem tocá-lo. Que tipo de proposta? 5 milhões deais.
Rafael disse casualmente, como quem fala sobre o tempo, para você desaparecer da vida de Ederson e criar seu filho longe de Belo Horizonte. O silêncio no apartamento era opressivo. Simone sentia como se tivesse levado um tapa na cara. Vocês estão tentando me comprar? Estamos tentando te ajudar. Marina se adiantou. Simone, vamos ser realistas. Você vem de um mundo completamente diferente do de Ederson. Vocês não têm nada em comum além de uma amizade de infância.
E agora que ele não precisa mais de você para ter um herdeiro? Rafael continuou. É apenas uma questão de tempo até que ele perceba isso também. Simone sentiu as lágrimas queimar em seus olhos, mas se forçou a manter a compostura. Ederson disse isso para vocês? Não precisou dizer. Marina respondeu com um sorriso condescendente.
Homens como Ederson não se casam com professoras de escola pública, Simone, isso foi apenas uma paixonite temporária. 5 milhões é dinheiro suficiente para você criar seu filho com conforto, conseguir uma casa boa, dar educação de qualidade para ele. Rafael empurrou o envelope em direção a ela. Pense nas oportunidades que poderia oferecer para a criança.
Simone olhou para o envelope, depois para os dois rostos que a observavam com uma mistura de expectativa e condescendência. E em troca você some. Rafael foi direto. Muda de cidade, de estado, se preferir. Corta contato com Éerson completamente. E se eu não aceitar? Marina e Rafael trocaram um olhar.
Então vai presenciar Ederson perdendo o interesse gradualmente, Marina disse com falsa piedade. Vai ver ele arranjando desculpas para não estar presente. Vai notar que os eventos sociais onde ele a levava vão diminuindo até que um dia ele simplesmente seguir em frente. Homens na posição de Ederson sempre seguem em frente, Simone, Rafael acrescentou.
para mulheres do mesmo nível social que podem acompanhá-los nos compromissos importantes. Cada palavra era como uma adaga no coração de Simone, não porque acreditasse completamente no que diziam, mas porque tocavam em inseguranças que ela já carregava. Preciso pensar, ela disse finalmente. Claro. Rafael se levantou, deixando o envelope na mesa. Mas não demore muito.
Ofertas como essa têm prazo de validade. Depois que eles saíram, Simone ficou olhando para o envelope por horas. R 5 milhões de reais. Era mais dinheiro do que ela poderia ganhar em 100 vidas trabalhando como professora. era a garantia de que seu filho teria todas as oportunidades possíveis, mas também era o preço que estavam colocando no afastamento do homem que amava.
Naquela noite, Ederson apareceu em seu apartamento. Eles não se falavam há três dias desde a descoberta do erro médico. “Como você soube que eles vieram aqui?”, Simone perguntou quando abriu a porta. “Marina me contou.” Ederson entrou parecendo furioso. Ela disse que vieram esclarecer alguns pontos com você. Simone não respondeu, apenas se afastou para que ele entrasse. O que eles te ofereceram? Ederson foi direto ao ponto.
Como você sabe que ofereceram alguma coisa? Porque conheço meu primo e conheço Marina. Ederson notou o envelope na mesa. Quanto isso importa? Para mim? Não, mas claramente importa para você, já que ainda não rasgou o envelope. Simone se sentou no sofá, colocando as mãos sobre a barriga. O bebê estava se mexendo muito, como se sentisse a tensão no ambiente. Eles disseram algumas coisas.
Ela começou hesitantemente. Que tipo de coisas? Que você vai perder o interesse. Que somos de mundos diferentes? Que homens como você não ficam com mulheres como eu? Ederson se ajoelhou na frente dela, segurando suas mãos. E você acredita nisso? Não sei mais no que acreditar, Ederson. Sua voz estava cansada.
Primeiro você me pede para ter um filho por causa de uma condição médica que não existia. Agora seus próprios familiares estão me pagando para sair da sua vida. Eles não falam por mim, mas eles te conhecem há muito mais tempo que eu. Ederson sentiu o coração se partir ao ver a dúvida nos olhos dela. Simone, me faça uma pergunta.
Que pergunta? Pergunte se eu teria me apaixonado por você se não tivesse descoberto sobre a suposta esterilidade. Simone o encarou por um longo momento antes de sussurrar. Você teria se apaixonado por mim se não precisasse de um herdeiro? A hesitação de Ederson durou apenas dois segundos, mas foi tempo suficiente para Simone interpretar como confirmação de seus piores medos. Simone, ele começou. Obrigada pela resposta.
Ela se levantou, caminhando em direção à janela. Ederson não sabia que aqueles dois segundos de hesitação haviam acabado de custar-lhe a mulher que amava e que, em menos de 48 horas, receberia a ligação mais desesperadora de sua vida. Simone havia tomado sua decisão durante a madrugada chuvosa de terça-feira. Não pegou o dinheiro de Rafael e Marina, mas também não voltou para Éerson.
Em vez disso, mudou-se para um pequeno apartamento em Contagem, cidade da região metropolitana, onde poderia ter seu filho longe dos olhares curiosos e das pressões familiares. Patrícia, sua amiga enfermeira, foi a única pessoa que sabia onde ela estava. Durante as três semanas seguintes, Simone evitou qualquer contato com Ederson, ignorando suas ligações e mensagens desesperadas.
Ela sabia que ele estava sofrendo, mas acreditava que era melhor para ambos. Era quinta-feira, na 33ª semana de gravidez, quando tudo mudou. Simone havia passado o dia arrumando o quarto do bebê no apartamento pequeno, mas acolhedor que havia alugado. Estava se sentindo bem, apesar da barriga pesada e dos inchaços normais da gestação avançada.
Tomou um banho relaxante e foi para a cama cedo, planejando um dia tranquilo para o dia seguinte. Às 2as da madrugada, acordou com uma dor intensa na parte baixa das costas. Inicialmente pensou que fosse apenas desconforto da posição, mas quando tentou se levantar, sentiu uma humidade quente entre as pernas. “Não, não, não.” Ela sussurrou, acendendo a luz e vendo o sangue nas lençóis, com as mãos tremendo, ligou para Patrícia. “Patrícia, algo está errado. Estou sangrando.” E calma, amor.
Onde você está exatamente? “Em casa. O bebê não pode nascer agora. Ainda faltam sete semanas. Vou chamar uma ambulância e vou te encontrar no hospital. E Simone, preciso ligar para Ederson. Não, ele é o pai da criança, Simone. Ele tem direito de saber.
Durante o trajeto angustiante para o Hospital Matterday, Simone sentia contrações irregulares, mas intensas. Na emergência foi imediatamente atendida pelo Dr. Lucas Ferreira, obstetra de plantão. “Simone, você está tendo um descolamento de placenta, Dr. Lucas explicou após os primeiros exames. Precisamos fazer uma cesárea de emergência. O bebê precisa nascer agora. Ele vai sobreviver?”, ela perguntou através das lágrimas.
“3 semanas é prematuro, mas temos uma excelente UTI neonatal. As chances são muito boas. Enquanto a preparavam para a cirurgia, Patrícia chegou correndo pelos corredores do hospital, seguida 20 minutos depois por Ederson, que parecia ter atravessado a cidade em velocidade recorde.
“Onde ela está?”, ele perguntou desesperadamente para Patrícia, “No centro cirúrgico.” “Ederson, ela não queria que você soubesse, mas obrigado por ter ligado.” Ele a interrompeu. “Como ela está?” Assustada. E o bebê está nascendo prematuro. Ederson sentiu as pernas bambas. Durante três semanas. Havia tentado localizar Simone através de detetives particulares.
Havia ligado para todas as escolas da região, tentando descobrir onde ela estava trabalhando. Havia até contratado uma empresa de investigação e agora estava ali em um hospital prestes a se tornar pai em circunstâncias que jamais imaginara. Na sala cirúrgica, Simone estava consciente, mas sedada. Quando ouviu o primeiro choro fraco, mas indignado de seu filho, começou a chorar descontroladamente. É um menino lindo Dr.
Lucas anunciou, levantando o bebê para que ela pudesse vê-lo rapidamente antes que a equipe neonatal o levasse para os primeiros cuidados. Davi Oliveira nasceu às 5:47 da manhã, pesando 2,5 kg e medindo 45 cm. Pequeno, mas com pulmões funcionando bem e sinais vitais estáveis. Duas horas depois, quando Simone acordou na recuperação, a primeira pessoa que viu foi Ederson, sentado ao lado da cama, segurando sua mão. “Como ele está?”, foi sua primeira pergunta. Forte.
Muito forte. Ederson sorriu através das lágrimas. Os médicos disseram que é um guerreiro. Você já ouviu? Sim. Ele é perfeito, Simone. Pequenininho, mas perfeito. Eles ficaram em silêncio por alguns momentos, o peso das últimas semanas se instalando entre eles. Ederson, eu depois. Ele apertou suavemente a mão dela. Agora você precisa se recuperar e nosso filho precisa de nós.
Nos dias seguintes, ambos se revesaram na UTI Neonatal, observando Davi lutar corajosamente para crescer e se fortalecer. Era conectado a vários equipamentos, mas seus olhos azuis brilhantes observavam tudo ao redor com curiosidade. “Ele tem seus olhos.
” Simone comentou numa tarde enquanto observavam o bebê através do vidro da incubadora e seu queixo teimoso. Ederson respondeu, conseguindo arrancar um pequeno sorriso dela. Foi na segunda semana de internação que eles finalmente tiveram a conversa que vinham adiando. “Por que você foi embora?”, Ederson perguntou enquanto observavam Davi dormir. “Porque tinha medo de que você estivesse comigo pelas razões erradas.
E agora? Ainda tem medo? Simone olhou para o homem que havia passado duas semanas dormindo numa cadeira desconfortável no hospital, que havia cancelado todos os compromissos para ficar perto do filho, que conversava com o bebê todos os dias como se ele pudesse entender cada palavra. Não, ela respondeu suavemente. Agora vejo que você realmente nos ama.
Simone, quando você hesitou em responder, se eu teria me apaixonado por você sem a questão da herança. Você hesitou porque não tinha certeza. Ela completou. Hesitei porque estava com medo de que você não acreditasse na minha resposta. Ederson se virou para encará-la completamente.
A verdade é que me apaixonei por você no primeiro dia que nos reencontramos no café. Antes de qualquer conversa sobre herança ou filhos, ele tirou do bolso uma pequena caixa de veludo. Este anel não foi comprado por desespero ou conveniência. Foi comprado porque não conseguia imaginar minha vida sem você. Simone olhou para o anel, o mesmo que havia visto meses antes, e depois para o homem que havia escolhido ficar ao lado dela nos momentos mais difíceis.
“Me casa comigo?”, Ederson perguntou. Não por causa da herança ou da empresa. Casa comigo porque me ama e quer construir uma família comigo. Sim. Ela respondeu sem hesitar. Sim, eu aceito. Eles se beijaram ali mesmo na UTI Natal com Davi dormindo tranquilamente na incubadora ao lado, como se estivesse abençoando a união dos pais.
Três dias depois, Davi recebeu alta hospitalar pesando 3,2 kg. E seis meses mais tarde, Simone e Ederson se casaram numa cerimônia íntima, onde Davi foi carregado por sua mãe durante toda a celebração. O casamento aconteceu numa manhã ensolarada de setembro, seis meses após o nascimento de Davi. A cerimônia foi realizada no Jardim da Mansão, no Mangabeiras, decorado simplesmente com flores brancas e amarelas, as cores favoritas de Simone desde criança.
Apenas 30 pessoas estavam presentes, família próxima, amigos íntimos e colegas de trabalho de Simone, que haviam se tornado sua segunda família. Ederson esperava no altar improvisado, sob uma pérgula coberta de jasmins vestindo um terno azul marinho sem gravata, como Simone havia pedido. Quando ela apareceu caminhando pelo jardim, carregando Davi no colo vestido com um macacãozinho branco, Ederson sentiu que o coração poderia explodir de felicidade.
Simone usava um vestido simples de seda branca, sem vé, com os cabelos soltos caindo sobre os ombros. Não parecia uma noiva tradicional, parecia algo melhor. Parecia uma mulher que havia escolhido conscientemente construir uma família com o homem que amava. Vocês se comprometem a amar, respeitar e apoiar uns aos outros em todas as circunstâncias da vida? O celebrante perguntou. Sim.
Eles responderam em uníssono, olhando não apenas um para o outro, mas também para Davi, que dormia tranquilamente nos braços da mãe. Quando se beijaram para selar a união, Davi abriu os olhos azuis brilhantes e os olhou como se estivesse participando conscientemente do momento mais importante de suas vidas. A festa foi íntima e alegre.
João Oliveira, o avô de Ederson, havia se recuperado milagrosamente do câncer após um tratamento experimental. e fez um discurso emocionante sobre segundas chances e o poder do amor verdadeiro. Patrícia foi a madrinha de Simone, enquanto Roberto, melhor amigo de Ederson desde Harvard, foi seu padrinho. Quando Ederson me contou sobre a proposta maluca que havia feito para você, pensei que ele havia perdido completamente o juízo. Roberto disse em seu discurso.
Agora vejo que foi a coisa mais sensata que ele já fez na vida. Nos meses seguintes, eles se estabeleceram como família de verdade. Simone continuou trabalhando, mas agora meio período, dividindo seu tempo entre a escola municipal e o projeto que sempre sonhara, abrir sua própria instituição de ensino.
A escola Crescer começou numa casa alugada no bairro Funcionários, com apenas 15 alunos e duas professoras, além de Simone. Ederson ofereceu financiar completamente o projeto, mas ela insistiu em começar pequeno, com recursos próprios e um empréstimo bancário modesto. “Quero que seja minha conquista”, ela explicou numa noite enquanto amamentava Davi na varanda da mansão.
“Você pode me apoiar, me aconselhar, mas preciso construir isso com minhas próprias mãos.” Ederson admirava ainda mais essa determinação. Havia se casado com uma mulher que não queria ser sustentada, mas sim apoiada em seus sonhos. Davi crescia rapidamente, demonstrando uma personalidade forte e curiosa. Aos 8 meses, já engatinhava pela mansão, explorando cada canto com o entusiasmo típico de uma criança que havia lutado para estar ali.
Ederson desenvolvera o hábito de chegar do trabalho e passar as primeiras duas horas apenas brincando com o filho. Davi, olha o papai”, ele dizia, escondendo o rosto atrás das mãos para depois aparecer de repente, arrancando gargalhadas do bebê. “Você é péssimo!” Em Cuco achou. Simone ria observando os dois brincarem na sala. “Mas sou ótimo em ser pai.
” Ederson respondeu, pegando Davi no colo e girando com ele pela sala. Era verdade. Ederson havia se transformado completamente desde o nascimento do filho. Chegava mais cedo do trabalho, cancelava viagens desnecessárias e delegava mais responsabilidades para poder estar presente nos momentos importantes.
A empresa oliveira estava prosperando sob sua liderança mais humanizada. Ele havia implementado programas de bem-estar para funcionários, criado creches nas unidades industriais e estabelecido fundos de educação para filhos de trabalhadores. Rafael, após uma conversa séria com João sobre ética familiar, havia se desculpado formalmente com Simone e se tornado um tio dedicado para Davi. Você mudou tudo na nossa família.
João disse para Simone numa tarde, enquanto observavam Ederson ensinar Davi a dar os primeiros passos no jardim. Meu neto sempre foi um bom empresário, mas você o transformou num homem completo. Ele sempre foi completo, Simone respondeu. Só precisava de alguém que o lembrasse disso. Quando Davi completou um ano, eles fizeram uma festa simples, mas cheia de amor.
O menino havia crescido forte e saudável, sem nenhuma sequela da prematuridade. Seus cabelos louros ondulados lembravam-os de Ederson na infância, mas seus olhos expressivos e o sorriso fácil eram características que ele havia herdado de Simone. Durante a festa, enquanto observavam Davi tentando soprar a velinha do bolo com a ajuda dos pais, Simone sentiu uma onda familiar de náuseia.
“Você está bem?”, Ederson perguntou, notando sua palidez repentina. Acho que sim”, ela respondeu, mas uma suspeita estava se formando em sua mente. Uma semana depois, Simone estava no consultório da Dr. Carolina com um teste de gravidez positivo nas mãos. “Parabéns, a médica sorriu. Vocês vão ter outro bebê.” “Mas como?”, Simone perguntou, ainda processando a informação.
Não estávamos tentando? Às vezes a natureza tem seus próprios planos. Dr. Carolina Rio, pelo histórico e exames, parece uma gravidez completamente normal e natural. Simone voltou para casa com o coração acelerado. Como contaria para Ederson? Desta vez seria diferente. Seria um bebê concebido naturalmente, fruto apenas do amor deles.
Ederson chegou do trabalho e encontrou Simone na cozinha, preparando o jantar com uma expressão misteriosa. “Aconteceu alguma coisa?”, Ele perguntou, beijando sua testa. “Senta”, ela disse, secando as mãos no avental. “Você está me deixando nervoso.” Simone tirou do bolso o teste de gravidez e colocou na mesa de jantar ao lado do prato dele.
Hederson olhou para o objeto por alguns segundos antes de compreender o que estava vendo. Quando entendeu, seus olhos se encheram de lágrimas. “Estamos esperando outro bebê”, ele sussurrou. Estamos esperando outro bebê”, ela confirmou, sorrindo através das próprias lágrimas. Ederson a pegou no colo, girando com ela pela cozinha, rindo e chorando ao mesmo tempo.
Davi, que brincava no chão da sala, começou a bater palminhas ao ver os pais tão felizes. Desta vez é nosso desde o primeiro momento. Ederson disse, colocando as mãos na barriga ainda plana de Simone. Todos os nossos filhos são nossos desde o primeiro momento. Ela corrigiu.
Davi pode não ter sido concebido da forma tradicional, mas ele sempre foi nosso. Mas o que eles não sabiam era que essa nova gravidez traria consigo o maior teste para seu relacionamento, um desafio que questionaria tudo que haviam construído e os forçaria a tomar a decisão mais importante de suas vidas. Laura Oliveira nasceu numa manhã chuvosa de dezembro, exatamente meses após a festa de aniversário de Davi.
Diferente do irmão, ela chegou ao mundo no tempo certo, sem complicações, pesando 3,8 kg e medindo 50 cm. Quando abriu os olhos pela primeira vez, Simone viu neles o mesmo tom castanho que via no espelho todos os dias. “Ela tem seus olhos.” Ederson sussurrou, acariciando delicadamente o rostinho da filha e seu nariz teimoso.
Simone Rio, exausta, mas radiante. O primeiro ano de Laura foi marcado pela alegria de uma família que finalmente se sentia completa. Davi, com 2 anos, havia se adaptado perfeitamente ao papel de irmão mais velho, ajudando a trocar fraldas e cantando para a irmã quando ela chorava.
A escola crescer havia se expandido para dois andares e atendia 50 crianças. Simone havia se tornado uma referência em educação infantil na cidade, sendo convidada para palestras e consultorias. Hederson continuava equilibrando magnificamente os negócios com a vida familiar e a empresa oliveira havia sido reconhecida como uma das melhores empregadoras do estado. Tudo parecia perfeito até a manhã de março de 2026.
quando Ederson recebeu uma ligação que mudaria tudo. “Senor Oliveira?” A voz formal do advogado da família ecoou pelo escritório. “Preciso informá-lo sobre um desenvolvimento inesperado relacionado ao nascimento de seu filho Davi. Ederson sentiu um frio no estômago.
Que tipo de desenvolvimento? O doador anônimo que forneceu o material genético para a concepção. Ele quer revogar seu anonimato e reivindicar direitos paternos. O mundo pareceu parar ao redor de Ederson. Isso é possível? Há uma brecha legal. Aparentemente ele não foi adequadamente informado sobre a natureza permanente da doação. Ele está alegando que foi enganado pelo banco de semen.
Ederson desligou o telefone com as mãos tremendo. Como poderia contar isso para Simone? Davi era filho deles em todos os sentidos que importavam, mas legalmente a situação poderia ser complicada. Naquela noite, depois que as crianças dormiram, Ederson contou tudo para Simone. Ela ouviu em silêncio, a expressão mudando gradualmente de confusão para pânico.
“Ele pode levar Davi?”, ela perguntou a voz quase inaudível. “Não sei. Vamos contratar o melhor advogado de família do país. Vamos lutar. E se perdermos?” Ederson segurou o rosto dela entre as mãos. Não vamos perder. Davi é nosso filho, mas as semanas seguintes foram as mais difíceis que eles já haviam enfrentado como casal.
O doador, um engenheiro de 30 anos chamado Ricardo Santos, havia contratado um advogado agressivo e alegava que queria conhecer o filho biológico e ter um papel em sua vida. Ele não pode simplesmente aparecer e reivindicar uma criança que nunca conheceu. Simone disse durante uma reunião com o Dr. Roberto, seu advogado. Infelizmente há precedentes legais para essa situação Dr. Roberto explicou sombriamente.
Se ele conseguir provar que foi inadequadamente informado sobre os termos da doação, quanto tempo temos? Ederson perguntou. algumas semanas, talvez meses, mas precisam se preparar para a possibilidade de que ele ganhe direitos de visitação, pelo menos. Naquela noite, Simone entrou no quarto de Davi e o observou dormindo peacefully.
Com tr anos, ele era uma criança brilhante, carinhosa, que chamava Ederson de papai e tinha seus maneirismos e expressões. A ideia de um estranho reivindicando direitos sobre ele era insuportável. Mãe! Davi abriu os olhos como se tivesse sentido sua presença. Oi, meu amor. Volta a dormir. Você está triste? Simone se surpreendeu com a percepção dele. Por que acha isso? Você e papai estão falando baixo há muitos dias.
Que você não sorri como antes. O coração de Simone se partiu. Mamãe e papai estão resolvendo um problema de adultos, mas nada vai mudar para você, tá bem? Promete? Prometo. Mas enquanto fazia a promessa, Simone não tinha certeza se seria capaz de cumpri-la. A situação chegou ao ápice quando Ricardo Santos pediu para conhecer Davi pessoalmente.
O encontro foi marcado no escritório do advogado, um ambiente neutro onde todos poderiam se sentir mais seguros. Ricardo era um homem alto, moreno, com olhos verdes e uma expressão determinada. Quando viu Davi pela primeira vez, chegou até a se emocionar. Ele realmente se parece comigo quando eu era criança. Ricardo disse, observando o menino brincar com blocos de montar no canto da sala. Ele se parece com o pai que o criou. Simone respondeu firmemente.
Entendo que isso seja difícil para vocês Ricardo disse, tentando soar razoável. Mas eu tenho direitos também. Quando doei, pensei que nunca conheceria a criança. Agora que sei da existência dele, agora que sabe, quer destruir uma família feliz? Ederson interrompeu. Quero conhecer meu filho biológico. Seu filho? Simone se levantou, a voz subindo de tom.
Você doou esperma, Ricardo. Eu carreguei esse menino por meses. Acordei com ele todas as noites por 3 anos. Ensinei ele a andar, a falar. Ederson trocou centenas de fraldas, leu milhares de histórias para ele dormir. Nós somos os pais dele. Davi parou de brincar e olhou para os adultos, sentindo atenção no ambiente.
Papai, ele chamou Ederson, estendendo os bracinhos. Ederson o pegou no colo imediatamente e Davi se aconchegou contra seu peito com a naturalidade de uma criança que se sente completamente segura nos braços do pai. Foi nesse momento que Ricardo Santos compreendeu a verdade.
Biologicamente, Davi poderia ter seus genes, mas emocionalmente, psicologicamente e em todos os aspectos que realmente importavam, o menino já tinha um pai. Eu Ricardo hesitou, vendo como Davi se encaixava perfeitamente nos braços de Ederson. Eu preciso pensar sobre isso. Na semana seguinte, Ricardo retirou oficialmente a ação judicial.
Em uma declaração formal, ele reconheceu que Davi era feliz e amado pela família Oliveira e que interferir nessa dinâmica seria egoísmo de sua parte. Espero que um dia ele saiba que teve outro homem que se importou o suficiente para querer conhecê-lo. Ricardo disse para Ederson numa ligação de despedida: “Mas também entendo que você é o pai verdadeiro dele.
” Quando a ameaça legal finalmente passou, Simone e Ederson se sentiram mais unidos do que nunca. haviam enfrentado a possibilidade de perder um filho e saído mais fortes do outro lado. Mas a verdadeira prova de seu amor ainda estava por vir numa decisão que definiria não apenas seu futuro como família, mas o legado que deixariam para seus filhos.
Três anos se passaram desde a ameaça legal que quase separou Davi e sua família. Agora, em 2029, a família Oliveira havia encontrado seu ritmo perfeito. Davi, aos se anos, estava prestes a iniciar o primeiro ano do ensino fundamental na própria escola de Simone, enquanto Laura, aos três anos, corria pelos corredores da escola Crescer como uma pequena proprietária, conhecida e amada por todos.
A empresa oliveira havia se tornado um modelo de responsabilidade social corporativa. Enquanto a escola crescer, expandira para três unidades e era considerada referência em educação infantil humanizada. Mas foi numa manhã ensolarada de maio que Simone tomou a decisão que mudaria tudo novamente.
“Ederson, preciso te contar uma coisa”, ela disse enquanto tomava um café na varanda, observando as crianças brincarem no jardim. Ele ergueu os olhos do tablet onde lia as notícias matinais. Seis anos de casamento o haviam ensinado a reconhecer o tom de voz de Simone quando ela tinha algo importante para dizer. Estou ouvindo. Recebi uma proposta ontem. O Ministério da Educação quer que eu coordene um programa nacional de educação infantil.
Ederson baixou completamente o tablet. Isso é incrível, amor. É o reconhecimento de todo o trabalho que você tem feito. Mas significa que teríamos que nos mudar para Brasília por pelo menos do anos. O silêncio se instalou entre eles. Ederson olhou para as crianças, para a casa que haviam transformado num lar, para a vida perfeitamente estabelecida que tinham em Belo Horizonte.
“O que você quer fazer?”, ele perguntou. “Quero aceitar.” Simone respondeu honestamente: “É a chance de impactar a educação de milhões de crianças em todo o país, mas só se você puder vir conosco. A empresa pode ser administrada à distância por alguns anos. Você sempre quis expandir para outros estados mesmo.
” Ederson sorriu, admirando mais uma vez a mulher extraordinária com quem havia se casado. “Quando partiríamos?” Janeiro para o início do ano letivo. Então temos 7 meses para organizar tudo. Simone o olhou surpresa. Você aceita assim, sem discutir, Simone? Ederson se levantou, caminhando até ela e a puxando para um abraço.
Há oito anos, você aceitou uma proposta louca minha que mudou nossas vidas para melhor. Agora é minha vez de aceitar uma proposta sua. Eles se beijaram ali na varanda com o mesmo amor e intensidade do primeiro beijo no parque 15 anos antes. A notícia da mudança foi recebida com emoções mistas pela família e amigos. João, agora com 87 anos e completamente recuperado, apoiou integralmente a decisão. “A empresa estará aqui quando vocês voltarem”, ele disse durante um jantar familiar.
“Mas oportunidades como essa aparecem uma vez na vida”. Rafael, que havia se tornado um tio dedicado e um vice-presidente competente, assumiu temporariamente a gestão operacional da empresa, enquanto Ederson manteria a supervisão estratégica à distância. Patrícia chorou quando soube da mudança, mas prometeu visitas frequentes. Você vai fazer história, Simone, e eu vou estar aqui torcendo por vocês.
Os últimos meses em Belo Horizonte foram intensos. Simone trabalhou febrilmente para garantir a transição suave da escola crescer para sua vice-diretora. enquanto Ederson estruturava a operação da empresa para funcionar com sua presença física reduzida. Davi e Laura se adaptaram à ideia da mudança com a flexibilidade típica das crianças, especialmente depois que Ederson explicou que seria uma aventura em família.
Vamos conhecer a capital do Brasil”, Davi explicou para Laura com entusiasmo. “E mamãe vai ajudar todas as crianças do país a terem escolas melhores.” Na véspera da mudança, eles fizeram uma última visita à Praça da Liberdade. Era dezembro e o parque estava decorado com luzes de Natal que criavam uma atmosfera mágica.
Foi aqui que tudo começou”, Simone disse, sentando-se no mesmo banco onde se conheceram 20 anos antes. “E aqui que prometemos voltar?” Ederson respondeu, sentando-se ao lado dela, enquanto Davi e Laura corriam pelo parquinho. “Você tem medo?”, ela perguntou. “Tenho, mas é o tipo de medo bom, o medo de quem está prestes a começar uma nova aventura”.
Simone sorriu. Você disse exatamente isso para mim quando decidimos ter Davi. E olha como deu certo. Eles observaram os filhos brincarem, duas crianças que existiam por causa de uma série de decisões corajosas, erros médicos que se tornaram bênçãos e a força do amor verdadeiro para superar qualquer obstáculo.
Papai e mamãe! Davi gritou do alto do escorregador. Vem brincar com a gente e Simone se levantaram, caminhando de mãos dadas em direção aos filhos. No mesmo parque onde duas crianças haviam prometido trabalhar juntas quando crescessem, uma família agora se preparava para impactar a vida de milhões de outras crianças. Em janeiro de 2030, a família Oliveira se mudou para Brasília.
Simone assumiu seu cargo no Ministério da Educação e revolucionou a forma como o Brasil enxergava a educação infantil. Ederson expandiu a empresa para o Centro-Oeste, criando milhares de novos empregos e projetos sociais. Dois anos depois, quando retornaram a Belo Horizonte, trouxeram consigo não apenas experiências enriquecedoras, mas também uma terceira criança.
Pedro, nascido na capital federal e carregando em seu registro de nascimento a prova de que o amor verdadeiro não conhece fronteiras geográficas. A escola Crescer havia se tornado uma rede de 15 unidades espalhadas por Minas Gerais. A Oliveira Mineração era agora uma das maiores empregadoras do Centro-Oeste, mantendo seus valores sociais em todas as operações.
Em uma tarde de primavera de 2032, Simone caminhava pelos corredores de sua escola original, quando encontrou uma exposição de desenhos feitos pelos alunos sobre o tema Minha Família. Um deles a fez parar e sorrir, um menino e uma menina de mãos dadas no parque com a frase: “Quando crescer”. Vou trabalhar com meu melhor amigo.
Ela fotografou o desenho e enviou para Ederson com a mensagem: “Nossas promessas de infância se multiplicando.” A resposta chegou imediatamente. O melhor legado que podemos deixar. Naquela noite, enquanto colocavam os três filhos para dormir, Simone e Ederson se deram conta de que haviam construído muito mais do que uma família.
haviam criado um legado de amor, coragem para tomar decisões difíceis e a certeza de que o destino sempre encontra uma forma de unir as pessoas que verdadeiramente se pertencem. “Você se arrepende de alguma coisa?”, Ederson perguntou enquanto observavam Pedro dormir no berço. “De ter hesitado tanto antes de aceitar sua primeira proposta maluca, Simone riu baixinho. E você? De não ter voltado da Suíça mais cedo para te encontrar? Você voltou na hora certa.
Ela se encostou nele. Sempre voltou na hora certa. Eles saíram do quarto das crianças de mãos dadas, exatamente como haviam feito aos 7 e 8 anos no Parque da Liberdade. Algumas promessas realmente são feitas para durar uma vida inteira. Do lado de fora, Belo Horizonte brilhava sob as estrelas.
Testemunha silenciosa de uma história de amor que havia começado com a inocência de duas crianças e florescido na força de dois adultos que nunca desistiram de acreditar no destino que os uniu. O amor verdadeiro descobriram eles não é apenas sobre encontrar a pessoa certa, é sobre escolher todos os dias construir uma vida extraordinária junto com ela, transformando cada desafio em oportunidade e cada sonho individual em realidade compartilhada. M.