Antes de começarmos, me conta de onde você está assistindo esse vídeo. Comenta aí sua cidade. E se você gosta de histórias de superação e amor verdadeiro, deixa aquele like e se inscreve no canal para não perder nenhuma narrativa emocionante. Agora, prepare-se para uma montanha russa de emoções. Vamos começar.

 O salão de reuniões no 23º andar da Cavalcante Empreendimentos tinha vista panorâmica para a cidade, mas Marina Costa mal notou. Seus dedos tremiam levemente enquanto conectava o laptop ao projetor, 28 anos, arquiteta há apenas três. E ali estava ela, prestes a apresentar seu projeto mais ambicioso para um dos maiores conglomerados imobiliários do país.

 “Respire”, ela sussurrou para si mesma, alisando o blazer azul marinho que havia comprado especialmente para aquela reunião. O tecido era suave, sob suas mãos úmidas de nervosismo. A porta se abriu com um som suave e seis homens entraram, todos de terno impecável, todos com aquela postura de quem estava acostumado a ditar as regras do jogo.

 O último a entrar fez Marina segurar a respiração por um segundo inteiro. Alexandre Monteiro Cavalcante, 35 anos, CEO da empresa, herdeiro de um império que movia bilhões. Ela tinha visto fotos dele em revistas de negócios, mas nenhuma fazia justiça à presença magnética que ele emanava. Alto, ombros largos sob o terno cinza carvão perfeitamente talhado, cabelos negros penteados para trás com gel discreto, mandíbula definida coberta por uma barba rente, impecavelmente aparada, mas foram os olhos que a capturaram, castanhos escuros, intensos, penetrantes, que a

avaliaram em menos de 3 segundos antes de ele se sentar à cabeceira da mesa de mogno reluzente. “Senrita Costa”, a voz dele era grave, controlada. carregada de autoridade natural. Temos 45 minutos. Impressione-nos. Marina engoliu em seco. Sentiu a boca secar, mas clicou no primeiro slide.

 Não tinha vindo até ali para fracassar. Senhores, apresento a vocês o projeto Horizonte Verde, um complexo residencial que não apenas respeita o meio ambiente, mas o integra a experiência urbana moderna de forma revolucionária. Durante 20 minutos, ela falou com paixão crescente sobre jardins verticais que se estendiam por 10 andares, sistemas inteligentes de captação de água da chuva, painéis solares integrados à arquitetura, de forma que se tornavam parte do design.

Sua voz ganhou firmeza conforme avançava. Seus gestos se tornaram mais expressivos, mais confiantes. Ela estava em seu elemento, fazendo o que amava. Interessante”, disse Carlos Mendonça, o diretor financeiro, um homem de 60 anos com óculos de armação dourada, com um tom que deixava absolutamente claro que não achava interessante coisa alguma.

 “Mas, senhorita, projetos verdes custam em média 30% mais. Nossos clientes querem luxo, mármore italiano, acabamentos sofisticados. Não. Árvores plantadas em vasos gigantes. Marina sentiu o calor subir pelo pescoço. Uma mistura de indignação e adrenalina, mas manteve a voz firme e profissional. Com todo respeito, Sr.

 Mendonça, seus clientes querem exclusividade acima de tudo. E o que é mais exclusivo hoje do que um empreendimento, que será referência internacional em sustentabilidade, que estará nas capas de revistas especializadas do mundo todo, que será estudado em universidades.

 Revistas não pagam contas nem geram lucro, rebateu outro executivo, cruzando os braços sobre o peito volumoso. Mas valorização imobiliária exponencial paga. Marina contra-atacou sem hesitar, clicando para um slide repleto de gráficos e dados concretos. Estudos recentes da Universidade de Stanford mostram que imóveis sustentáveis têm valorização 18% superior em 5 anos.

 Sem falar na economia operacional de até 40% nas contas de energia e água para os moradores. É investimento inteligente, não gasto superérfluo. Silêncio pesado tomou conta da sala. Marina sentiu o coração martelando contra as costelas. Tinha ido longe demais, contradizer executivos seniores, homens com décadas de experiência na primeira reunião. Seu futuro na empresa poderia estar acabando antes mesmo de começar.

 Então, Alexandre se inclinou para a frente lentamente, apoiando os cotovelos na mesa polida, aqueles olhos escuros impossíveis fixos nela, com uma intensidade que a fez sentir como se estivesse sendo radiografada. Um sorriso mínimo, quase imperceptível, curvou o canto de seus lábios. Continue. Foram apenas duas palavras, mas carregaram o peso de uma aprovação completa.

 Permissão, encorajamento, talvez admiração. Marina terminou a apresentação sob o olhar constante e inquebrantável de Alexandre. Cada vez que ela olhava na direção dele, encontrava aqueles olhos ainda fixos nela, estudando cada movimento, cada palavra. quando desligou o projetor, sentindo o alívio misturado com exaustão, ele foi o primeiro a falar: “Senhores, deixem-me a sós com a senorita Costa por alguns minutos. Tenho questões específicas sobre o projeto.

 Os executivos trocaram olhares rápidos e carregados de significado, mas se retiraram sem questionar a ordem do chefe. A porta se fechou com um clique suave que pareceu ecoar na sala subitamente vazia e silenciosa. Alexandre se levantou com movimentos calculados, caminhou até a janela do chão, ao teto, mãos nos bolsos da calça, sob a jaqueta do terno.

 Marina ficou de pé, incerta se deveria sentar novamente, se deveria dizer algo, se deveria simplesmente esperar. “Há quanto tempo é arquiteta?”, ele perguntou ainda de costas, observando a cidade lá embaixo. “Tr anos formada, mas trabalho com projetos desde a faculdade, então são 5 anos no total.

” e teve coragem de vir aqui sozinha, sem um escritório grande por trás de você, defender um conceito que metade do mercado conservador acha idealista e financeiramente inviável. Não era uma pergunta, era uma constatação. Marina ergueu o queixo, recusando-se a parecer intimidada. Não é idealismo romântico, é visão de futuro baseada em dados concretos e tendências globais irreversíveis.

 Ele se virou devagar e pela primeira vez ela viu algo além da máscara executiva impenetrável, um brilho de genuíno interesse, quase surpresa naqueles olhos escuros. Quantos anos você tem? 28. Por quê? Acha que sou jovem demais para este projeto? Acho que é jovem o suficiente para ter paixão genuína pelo que faz.

 Ele caminhou lentamente ao redor da mesa, aproximando-se com passos medidos e experiente o suficiente para fundamentá-la com dados sólidos e argumentação impecável. É uma combinação extremamente rara neste mercado, cheio de técnicos sem alma ou sonhadores sem pragmatismo. Marina sentiu o ar ficar mais denso, carregado de algo que ela não conseguia nomear. Ele estava a menos de um metro dela agora, invadindo seu espaço pessoal, e ela podia sentir o perfume masculino dele, algo amadeirado, caro, discreto, mas marcante.

 “Vou aprovar seu projeto”, Alexandre disse, mantendo o olhar fixo nela, sem piscar. Com uma condição, o estômago de Marina apertou aqui. Vinha sempre havia uma condição, uma pegadinha. Qual? Jantar comigo hoje à noite para discutirmos os detalhes do cronograma e da implementação. Era profissional. Parecia completamente profissional, mas algo na forma como ele a olhava, como a voz dele tinha baixado meio tom, como ele estava perto demais para ser apenas cordial, fazia a Marina sentir que havia camadas não ditas, subtextos perigosos naquele convite. Que horas? Ela ouviu se perguntar sua própria voz soando diferente. Às 8, restaurante Adega Real.

Eu mando meu motorista buscá-la. Qual seu endereço? Não precisa, eu posso? Eu insisto. Ele estendeu a mão para selar o acordo. Até hoje à noite, Marina. Ela apertou a mão dele, firme, quente, calejada, apesar da vida de executivo, que segurou a dela um segundo, 2 segundos além do necessário.

 Quando Marina saiu do prédio espelhado 15 minutos depois, depois de pegar todos os seus materiais com mãos trêmulas, suas palmas ainda formigavam com a lembrança daquele toque, mas não era mais nervosismo profissional, era outra coisa, algo perigoso. Às 8 da noite, o adega real não era apenas um restaurante, era uma declaração de status, apenas 30 mesas dispostas com espaçamento generoso, lista de espera de 3 meses, estrela Michelan, somelier premiado. Marina chegou com 10 minutos de atraso.

 O trânsito tinha sido terrível e ela trocara de roupa três vezes antes de decidir pelo vestido preto, simples, mas elegante, que terminava dois dedos acima do joelho. Alexandre já estava lá, mesa no canto mais privativo do salão, discretamente iluminado, luz de velas refletindo nos copos de cristal checo. Ele se levantou assim que a viu e Marina notou que ele tinha trocado o terno cinza por um azul marinho ainda mais bem cortado.

 sem gravata. O primeiro botão da camisa branca, impecavelmente passada, estava aberto, revelando um pedaço de pele bronzeada. “Você está linda”, ele disse, puxando a cadeira estofada para ela com um gesto cavalheiresco. “Obrigada.” Marina sentou pegando o cardápio de capa de couro como escudo protetor.

 Então, sobre o projeto e o cronograma, Marina, ele segurou o cardápio dela com cuidado, baixando-o gentilmente. Seus dedos longos roçaram-os dela, enviando uma corrente elétrica pelo braço dela. Vamos pedir primeiro, apreciar a refeição. Depois conversamos sobre trabalho com calma. O jantar foi surreal, como estar dentro de um sonho.

 Alexandre pediu um vinho tinto excepcional. Recomendou pratos com conhecimento de quem tinha viajado o mundo. Contou histórias fascinantes sobre viagens pela Europa, negócios fechados em lugares exóticos. Era encantador quando queria ser, inteligente, engraçado, atento a cada palavra que ela dizia.

 perguntou sobre a família dela, sobre como tinha decidido ser arquiteta aos 15 anos, sobre seus sonhos e ambições, e realmente escutou as respostas, fazendo perguntas de acompanhamento que mostravam interesse genuíno. Marina se pegou, rindo abertamente, relaxando músculos que nem sabia que estavam tensos, esquecendo completamente que aquele era o CEO bilionário de um império. Ele era apenas Alexandre, um homem fascinante que a fazia sentir-se interessante, valorizada, vista de verdade.

 A sobremesa chegou em pratos de porcelana branca. Peti gatou com sorvete artesanal de baunilha. Alexandre a observou dar a primeira garfada, sorrindo de canto quando ela fechou os olhos involuntariamente de prazer, com o chocolate quente derretendo na boca.

 “Preciso confessar algo”, ele disse suavemente, girando a taça de vinho entre os dedos. longos. O quê? Marina limpou a boca com o guardanapo de linho. Este jantar não é sobre trabalho. Ele se inclinou para a frente, apoiando os cotovelos na mesa, voz baixa, íntima, apenas para ela. Não completamente. O coração de Marina acelerou, batendo forte contra as costelas. Não, não.

 Aqueles olhos escuros aprenderam como Ambar, aprisionando um inseto. Desde o momento em que você entrou naquela sala de reunião e enfrentou o Carlos sem piscar, sem se intimidar, fiquei intrigado. E quando você defendeu suas ideias com tanta paixão, tanta convicção, ele fez uma pausa calculada. Não consegui parar de pensar em você o dia todo inteiro. Marina deveria recuar.

deveria lembrar que ele era um cliente poderoso, que isso poderia complicar absolutamente tudo, que misturar negócios com prazer era uma péssima ideia, mas a forma como ele a olhava, como se ela fosse a única pessoa no restaurante lotado, como se o resto do mundo tivesse desaparecido.

 E o que pretende fazer sobre isso? Ela perguntou, sua voz saindo mais baixa, mais ousada, mais provocativa do que pretendia. Alexandre deixou uma quantia generosa de dinheiro na mesa, muito mais do que a conta cara poderia ser, e se levantou com um movimento fluido, estendendo a mão. Vem comigo. Eles caminharam em silêncio, carregado até o carro dele.

 Um Mercedes S Class preto, discreto, mas inconfundivelmente luxuoso. O motorista de terno abriu a porta traseira. Alexandre esperou ela entrar primeiro, sempre o cavalheiro. Quando o carro começou a se mover suavemente pelas ruas iluminadas da cidade, Alexandre se virou para ela no banco de couro macio. A divisória estava levantada, isolando-os completamente, dando-lhes privacidade absoluta.

 Marina, ele começou, mas ela não o deixou terminar. Ela se inclinou e o beijou. Foi um beijo que começou hesitante, lábios se reconhecendo cuidadosamente, testando limites, mas rapidamente se aprofundou, se intensificou. As mãos de Alexandre foram para o rosto dela, palmas quentes contra suas bochechas, dedos se emaranhando nos cabelos dela, puxando-a mais perto com urgência crescente.

 Marina sentiu um calor líquido se espalhar pelo corpo inteiro, um desejo avaçalador que ela não sentia há anos. talvez nunca tivesse sentido com tanta intensidade feroz. Quando finalmente se separaram, ambos estavam sem ar, respirações aceleradas, enchendo o silêncio. Alexandre encostou a testa suada na dela.

 “Vem para o meu apartamento”, ele sussurrou contra seus lábios. Marina sabia que deveria dizer não. Sabia que estava indo rápido demais, que mal conhecia aquele homem, além de algumas horas de conversa. Mas algo naquele momento, a forma como ele a olhava, como se ela fosse preciosa e desejável, como se a quisesse, não apenas fisicamente, mas completamente, a fez esquecer toda cautela, toda prudência.

 Sim, o apartamento era tudo o que Marina esperava e mais. Cobertura no bairro mais caro da cidade, decoração minimalista e cara com móveis de designer, pé direito altíssimo, vista de 180º da cidade cintilante. Mas ela mal registrou nada disso.

 Alexandre a puxou para dentro assim que a porta pesada se fechou, beijando-a com uma urgência primitiva que a fez tremer dos pés à cabeça. Eles não chegaram ao quarto. O sofá de couro italiano foi suficiente. Horas depois, quando a lua já estava alta no céu, Marina estava deitada no peito largo de Alexandre, na cama kings dele, lençóis de seda egípcia de alta contagem de fios embaraçados ao redor de seus corpos suados.

 Os dedos dele traçavam círculos preguiçosos, quase distraídos em suas costas nuas. “Fica”, ele murmurou contra o cabelo dela, voz rouca de sono e satisfação. “Tenho que trabalhar amanhã cedo, reunião às 8. Eu também. Conselho administrativo. Às 7 Ele a puxou mais perto, enlaçando-a possessivamente. Fica mesmo assim.

 Marina sorriu contra a pele salgada dele, sentindo o coração dele batendo firme sob sua bochecha. Está bem. Ela deveria ter percebido ali, naquele momento perfeito demais, que algumas coisas boas demais para ser verdade geralmente são exatamente isso, mentiras bonitas. mas estava ocupada demais, sendo deliciosamente feliz para anotar os sinais de aviso pintados em vermelho nas paredes.

 Alexandre a beijou na testa com ternura e sussurrou três palavras que plantaram a primeira semente de veneno. Ninguém pode saber. Marina, meio adormecida, apenas murmurou concordância. Ela não entendia ainda. Não sabia que aquelas três palavras inocentes se tornariam sua prisão pelos próximos seis meses. Duas semanas se passaram como um sonho febril. Marina se via vivendo uma vida dupla, perfeitamente coreografada.

 Durante o dia eram profissionais. Ela trabalhando no projeto Horizonte Verde, enviando e-mails formais, participando de reuniões onde Alexandre era apenas senhor cavalcante, distante e executivo. À noite eram amantes secretos, encontrando-se no apartamento dele ou em hotéis discretos nos bairros silenciosos da cidade.

 Era uma quarta-feira à noite quando tudo mudou. Marina estava no apartamento de Alexandre, vestindo apenas a camisa social dele, preparando café na cozinha modernista, quando ele apareceu por trás, envolvendo-a com os braços. “Precisamos conversar”, ele disse. “Mas o tom não era carinhoso, era sério”. Marina se virou, segurando a xícara de porcelana quente.

 Sobre o quê? Alexandre a guiou até o sofá onde tudo tinha começado. Ele vestiu uma calça de moletom cinza e uma camiseta simples. Era a primeira vez que Marina ou via tão casual, tão humano, sobre nós, sobre como isso vai funcionar. Um frio percorreu a espinha de Marina. Funcionar? Achei que já estivesse funcionando perfeitamente. Está. Mas precisamos estabelecer algumas regras.

Ele pegou as mãos dela entre as suas. Marina, minha família é complicada. Meu pai construiu este império do zero, tem expectativas muito específicas sobre com quem eu devo estar, sobre como devo conduzir minha vida pessoal. A alta sociedade tem regras não escritas que são mais rígidas que leis.

 Está dizendo que eu não sou boa o suficiente para sua família? A voz de Marina saiu mais dura do que pretendia. Não. Alexandre apertou as mãos dela. Você é incrível, inteligente, talentosa, linda. Mas eles não vão ver isso. Vão ver uma arquiteta independente, sem sobrenome de peso, sem conexões sociais. Vão pressionar, interferir, tornar nossas vidas um inferno. Então, o que está propondo? Ele respirou fundo. Que mantenhamos isso entre nós por enquanto.

 Apenas até eu conseguir preparar o terreno, mostrar para eles que sou sério sobre você. Pode levar alguns meses, mas depois disso poderemos ser completamente abertos. Marina sentiu algo se retorcer no estômago. Você quer me esconder? Não é esconder, é proteger o que temos até o momento certo. Ele trouxe as mãos dela aos lábios, beijando cada dedo. Por favor, confia em mim. Vale a pena esperar.

 E ela confiou, porque quando ele a olhava daquele jeito, quando a beijava como se ela fosse oxigênio, quando sussurrava que estava se apaixonando por ela, Marina esquecia toda a lógica. Esquecia o quanto aquilo doía. “Está bem”, ela sussurrou. “Mas não para sempre. Nunca para sempre, apenas até o momento certo.” Ele a beijou então profundo e desesperado, e Marina deixou suas dúvidas se dissolverem no calor daquela promessa vazia. Os meses seguintes se tornaram uma rotina cuidadosamente orquestrada.

Alexandre mandava mensagens carinhosas durante o dia pensando em você. Mal posso esperar para te ver. Você é incrível. Enviava flores no escritório dela com cartões sem assinatura. Aparecia no apartamento dela à tarde da noite depois que tinha certeza de que ninguém o tinha seguido. Eles faziam amor como se o mundo fosse acabar. Cozinhavam juntos nas madrugadas.

 Ele contava sobre a pressão de administrar um império, sobre as expectativas sufocantes. Ela falava sobre seus sonhos de revolucionar a arquitetura sustentável. Nos braços um do outro, tudo parecia possível, mas havia momentos em que a máscara escorregava.

 Como quando Marina sugeriu irem jantar em um restaurante normal, não escondido em um hotel. Não podemos. Alguém pode nos ver? ou quando ela perguntou se podia conhecer os amigos dele. Eles vão fazer perguntas que ainda não posso responder. Ou quando mencionou casualmente sobre um casamento de um colega dela. Você sabe que não posso ir. Seria muito arriscado. Cada não podemos era uma pequena mordida em sua autoestima.

 Mas Alexandre sempre compensava, com palavras doces, presentes caros, noites de paixão que a deixavam esquecida de tudo. Ele era viciante e Marina estava completamente dependente. Era um sábado à noite, quase três meses desde que tinham se conhecido. Eles estavam no apartamento dela pela primeira vez. Alexandre tinha ficado paranoico sobre ser visto no prédio dele.

 Estavam na cama, Marina deitada no peito dele, dedos traçando os músculos do abdômen dele. “Quando podemos parar de nos esconder?”, ela perguntou suavemente, tentando soar casual. Sentiu o corpo dele se tensionar levemente. “Em breve. Você sempre diz isso. Quanto tempo é em breve?” Alexandre suspirou, afastando-se ligeiramente. Marina, não estraga a noite. Não estou estragando nada.

 Estou fazendo uma pergunta legítima. Ela se sentou, puxando o lençol para cobrir-se. Três meses, Alexandre. Três meses me escondendo como se eu fosse uma amante sórdida. Você não é uma amante, é minha namorada. Sou porque namoradas geralmente podem aparecer em público com seus namorados, podem postar fotos, podem conhecer a família. Você conhece minha situação. Conheço suas desculpas.

Marina odiou o tom amargo em sua própria voz, mas não conseguiu evitar. Três meses de frustração estavam borbulhando. Quando, Alexandre? Quando exatamente você vai me apresentar ao seu precioso mundo? Ele se levantou da cama, pegando a cueca boxer e a calça jeans do chão. Seu rosto estava fechado, duro.

 Quando o tempo estiver certo. E quando será isso? Em se meses? Um ano? Nunca. Você está sendo dramática. Estou sendo honesta. Marina se levantou também, não se importando com sua nudez. Eu mereço mais do que isso. Mereço um homem que tenha orgulho de estar comigo.

 Alexandre deu três passos rápidos e a puxou contra ele, agarrando seu rosto com as mãos. Seus olhos estavam intensos, quase selvagens. Eu tenho orgulho de você. Tanto orgulho que dói. Você é a mulher mais incrível que já conheci, mas preciso de tempo. Por favor, só um pouco mais de tempo. Ele a beijou então com uma urgência desesperada. E Marina, Deus a ajudasse, cedeu. Sempre cedia. Em breve ele sussurrou contra seus lábios.

Prometo. Era uma mentira. Ambos sabiam. Mas Marina escolheu acreditar, porque a alternativa, admitir que estava desperdiçando sua vida em um amor que tinha data de validade, era insuportável demais.

 Mais tarde, quando ele saiu às 3 da manhã para garantir que ninguém o visse saindo do prédio dela, Marina ficou na varanda olhando a cidade. Seu telefone vibrou. Alexandre, já estou com saudades. Você é meu coração. Lembra disso sempre. Marina digitou e apagou três respostas diferentes antes de finalmente enviar. Marina, quando posso ser mais do que seu coração escondido? Ele não respondeu.

 E Marina soube, naquele momento de clareza fria, que alguma coisa estava fundamentalmente errada, mas ela enterrou essa intuição bem fundo, onde não pudesse machucá-la por enquanto. Mais dois meses se arrastaram. Marina tinha aprendido a viver em duas realidades paralelas. Na primeira era uma arquiteta bem-sucedida, trabalhando no projeto mais importante de sua carreira.

 Na segunda, era a namorada secreta de um dos homens mais poderosos da cidade. O projeto Horizonte Verde estava progredindo magnificamente. As maquetes ficaram espetaculares. Os investidores estavam entusiasmados. Revistas de arquitetura já estavam pedindo entrevistas. Marina deveria estar nas nuvens. E durante o dia, quando estava focada no trabalho, ela estava.

 Mas à noite, quando Alexandre aparecia em seu apartamento com aquele sorriso torto e uma garrafa de vinho caro, a outra realidade assumia. Ele era atencioso quando estavam sozinhos. Trazia flores, mandava comida de restaurantes sofisticados quando ela estava muito cansada para cozinhar.

 Deixava bilhetes carinhosos no travesseiro quando tinha que sair antes dela acordar. Bom dia, minha linda. Reunião cedo. Não quis te acordar. Você é perfeita quando dorme. Te amo. Ah. Ela guardava cada bilhete em uma caixa de sapatos no closet, como se fossem provas de que aquilo era real, de que ele realmente se importava. Era uma sexta à noite quando tudo começou a desmoronar de verdade.

 Marina estava em casa cozinhando pasta para o jantar que tinha planejado para eles dois. Alexandre tinha prometido chegar às 8. Às 9:30 ele ainda não tinha aparecido. Nenhuma mensagem, nenhuma ligação. Marina pegou o telefone, mas hesitou antes de ligar. Uma das regras não escritas era que ela nunca deveria ligar para ele primeiro. Sempre muito arriscado. Alguém poderia ver.

 Às 10, quando a pasta estava fria e empapada, seu telefone finalmente vibrou. Alexandre, desculpa. Emergência no escritório. Não vai dar hoje. Amanhã compenso. Marina digitou uma resposta sarcástica, depois apagou. Digitou uma resposta compreensiva, também apagou. Finalmente mandou apenas Marina. OK.

 Ela jogou a comida no lixo e foi dormir com o estômago vazio e o coração pesado. No dia seguinte, um sábado, Marina decidiu fazer algo que sabia que não deveria. Abriu o Instagram. Ela nunca seguia Alexandre nas redes sociais, parte das regras dele, mas ela podia ver o perfil público dele.

 A última foto tinha sido postada há 3 horas, Alexandre, em um evento beneficente da alta sociedade. Smoking impecável. E ao lado dele, com um vestido azul de tirar o fôlego, estava uma mulher que parecia ter saído de uma revista de moda, alta, magra, loira, com aquela elegância natural que vem de gerações de dinheiro. A legenda dizia: “Evento fantástico com os melhores.

” Na foto, Alexandre Cavalcante e Beatriz Almeida, herdeiros do futuro da cidade. Marina sentiu como se tivesse levado um soco no estômago. Beatriz Almeida. Ela conhecia esse nome. Filha de Roberto Almeida, dono de outro conglomerado gigante de construção, família tradicional, dinheiro antigo. Exatamente o tipo de mulher que a família de Alexandre aprovaria. Seu telefone vibrou.

 Alexandre, bom dia, linda. Posso ir aí hoje à noite morrendo de saudades. Marina olhou para a foto na tela, depois para a mensagem. Algo dentro dela rachou. Marina, viu que você estava ocupado ontem no evento beneficente. Três pontinhos apareceram e desapareceram várias vezes. Finalmente, Alexandre. Era obrigatório. Família, você sabe como é.

 Marina, quem é Beatriz Almeida? Pausa longa, muito longa. Alexandre, filha de um sócio do meu pai. É complicado. Posso explicar pessoalmente. Marina, sempre é complicado com você, Alexandre. Marina, por favor, não faça isso. Ignore o que vê online. Você sabe o que eu sinto por você. E lá estava ela de novo, sendo convencida a ignorar seus próprios olhos, seus próprios instintos.

 Marina odiou a si mesma por digitar: “Marina, que horas você vem?” Ele chegou às 8 com flores caras e aquele sorriso desculpador. Fez amor com ela com urgência extra, como se estivesse provando um ponto. Depois, deitados na cama dela, ele finalmente explicou. Beatriz é uma amiga de família. Nossas famílias têm negócios juntos há décadas.

Sim, eles queriam que nos casássemos quando éramos mais jovens, mas isso nunca vai acontecer. Somos apenas amigos, Marina, nada mais. Então, por que estavam juntos no evento? Porque era esperado. Essas coisas da alta sociedade são teatro, você não entende. Eu não escolho com quem apareço nessas fotos.

 É tudo orquestrado por assessores de imprensa e exigências familiares. Marina queria acreditar. Precisava acreditar. Você jura que não há nada entre vocês? Alexandre virou-se apoiando-se no cotovelo, olhando-a com aqueles olhos escuros e intensos. Juro pela minha vida, você é a única que importa para mim.

 Beatriz é parte do meu passado e do meu trabalho. Você é meu futuro. Ele a beijou então e Marina deixou suas dúvidas se dissolverem mais uma vez, mas uma pequena voz na cabeça dela, que estava ficando cada vez mais alta, sussurrou: “Mentiroso!” Ela ignorou essa voz por mais três semanas. O restaurante era diferente desta vez.

 Não um dos lugares discretos habituais, mas sim um local elegante no centro, com luz suave e decoração clássica. Alexandre tinha sido específico. Precisavam conversar, era importante. Marina chegou com o estômago embrulhado. Ela sabia. Alguma coisa tinha mudado no comportamento dele nas últimas duas semanas. Menos mensagens, encontros mais curtos, um distanciamento sutil, mas innegável.

 Alexandre já estava lá, mas não se levantou quando ela chegou, apenas acenou para a cadeira à frente dele. Seu rosto estava pálido, tenso. Marina nunca o tinha visto assim, nervoso, quase assustado. “Obrigado por vir”, ele disse, “Tambor dos dedos na mesa. Você me assustou com aquela mensagem. O que está acontecendo?” Ele pegou a taça de vinho, bebeu metade de um gole e respirou fundo. Preciso te contar algo.

 E antes que você ouça de outra pessoa ou veja na internet, eu queria Alexandre, está me assustando? O que é? Ele olhou diretamente para ela. E Marina viu algo que nunca tinha visto naqueles olhos antes. Culpa pura e absoluta. Minha família, eles arranjaram um casamento com Beatriz Almeida. O mundo de Marina parou de girar. Ela ouviu as palavras, mas seu cérebro se recusou a processá-las adequadamente.

 O quê? Foi decidido há semanas. Nossos pais, os conselhos administrativos das empresas, todos concordaram que uma união entre as famílias seria benéfica para os negócios. É uma fusão tanto quanto um casamento. Eu tentei recusar. Juro que tentei, mas para Marina levantou a mão, sentindo náusea subir por sua garganta.

 Você está me dizendo que vai se casar com outra mulher? Marina, por favor, deixa eu explicar. Explicar o quê? Sua voz saiu mais alta do que pretendia, fazendo algumas cabeças se virarem. Ela baixou o tom, mas a raiva estava fervendo. Explicar que durante todos estes meses que você jurou que me amava, que eu era seu futuro, você estava sendo preparado para casar com outra pessoa.

Não foi assim. Eu não sabia. Não, até três semanas atrás, quando meu pai me chamou e apresentou como um fato consumado. Contratos já assinados, datas marcadas, expectativas. E você concordou? Não era uma pergunta. Alexandre pareceu um animal encurralado. Não tive escolha real. É o império da minha família, o legado de três gerações.

 Se eu recusar, eles me diz: “Dão, me tiram da empresa. Então você escolheu o dinheiro ao invés de mim.” Marina sentiu lágrimas queimando seus olhos. mas se recusou a deixá-las cair. Não aqui, não na frente dele. Não é sobre dinheiro, é sobre responsabilidade, sobre obrigações que eu tenho desde que nasci. Ele estendeu a mão sobre a mesa, tentando pegar a dela. Marina se afastou.

 Marina, por favor, escuta. O casamento é apenas no papel, uma formalidade para a família, para os negócios. Não significa nada para mim. Marina Riu. Um som amargo e quebrado. Não significa nada. Você vai jurar votos matrimoniais, vai colocar uma aliança no dedo dela, vai se tornar marido dela e está me dizendo que não significa nada.

Exatamente, porque é você que eu amo. Você é meu coração, minha alma. Beatriz vai ser apenas uma esposa de papel. Dormiremos em quartos separados. Viveremos vidas separadas. Mas eu e você, nós podemos continuar. Continuar o quê? me escondendo enquanto você tem uma esposa oficial em casa.

 Marina sentiu a Billy subir. Você realmente está me pedindo para ser sua amante? Não, você nunca seria apenas uma amante. Você seria a mulher que eu realmente escolhi, a única que importa. O casamento com Beatriz é obrigação. Meu relacionamento com você é escolha. Marina balançou a cabeça, incapaz de acreditar no que estava ouvindo.

 Você está louco, completamente louco? Você acha que eu vou aceitar isso? Marina, por favor. Havia desespero real em sua voz agora. Eu sei que estou pedindo muito, eu sei, mas o que temos é especial demais para jogar fora por causa de uma formalidade social.

 Eventualmente eu vou encontrar uma forma de resolver isso, de me divorciar dela depois que os negócios estiverem consolidados. Eventualmente, quanto tempo? 5 anos? 10. Eu deveria esperar décadas para que talvez possivelmente você tenha coragem de escolher a mim. Silêncio pesado caiu entre eles. Alexandre parecia pequeno, derrotado, o poderoso CEO reduzido a um homem patético incapaz de tomar suas próprias decisões.

 “Então, eu vou assistir você casar com outra?”, Marina perguntou, sua voz quebrando finalmente. “Vou ter que ver as fotos, as notícias. Vocês dois sorrindo para as câmeras enquanto eu fico em casa sozinha. Sabendo que você prometeu a ela tudo que deveria ter prometido a mim, Alexandre levantou e foi até o lado dela, ajoelhando-se ao lado da cadeira dela, pegando suas mãos mesmo quando ela tentou resistir. Você é meu coração. Ela será apenas um papel.

 Por favor, confia em mim. Podemos fazer isso funcionar. Eu preciso de você, Marina. Não posso fazer isso sem você. Lágrimas finalmente caíram pelo rosto de Marina. Ela odiou cada uma delas. odiou sua própria fraqueza. Você não pode pedir isso de mim. Não pode. Eu sei odeio ter que pedir, mas se você me ama, se nosso amor significa algo, ele pode sobreviver a isso. Pode.

 Marina olhou para aquele homem que ela tinha amado por cinco meses, que tinha sido seu mundo inteiro, e viu pela primeira vez quem ele realmente era. Um covarde, um homem fraco demais para lutar pelo que dizia querer. Mas ela também viu sua própria fraqueza. Porque mesmo sabendo tudo isso, uma parte doente dela queria dizer sim. Queria continuar tendo esses momentos roubados com ele, mesmo que fossem apenas migalhas.

 “Quando é o casamento?”, ela perguntou voz morta. “Tr meses início de dezembro.” “Tres. Ela tinha três meses antes de perdê-lo oficialmente para outra mulher. “Eu preciso de tempo para pensar”, Marina sussurrou limpando as lágrimas. “Não posso te dar uma resposta agora, Marina. Por favor, Alexandre, só me dá tempo.

 Ele finalmente se levantou, olhando-a com uma mistura de esperança e medo. Tudo bem, eu te amo. Lembra disso? Marina saiu do restaurante em um estado de choque, seu mundo inteiro desmoronando. Quando chegou ao carro, ela finalmente desabou. soluços violentos sacudindo todo seu corpo. Ela deveria ter saído, deveria ter terminado tudo ali.

 Mas três dias depois, quando ele apareceu no apartamento dela às 2as da manhã, com os olhos vermelhos implorando perdão, ela o deixou entrar. E esse foi seu maior erro. As semanas que se seguiram foram uma mistura tóxica de negação e dor. Marina tinha concordado em continuar, mas sob uma condição, eles precisavam passar o máximo de tempo juntos possível antes do casamento. Alexandre concordou desesperado para mantê-la. Eles se encontravam quase todas as noites agora.

 Alexandre cancelava compromissos, inventava desculpas, fazia qualquer coisa para estar com ela. Era como se estivessem em uma bolha prestes a estourar. tentando desesperadamente fazer durar. “Eu te amo tanto”, ele sussurrava contra a pele dela. “Você sabe disso, não sabe? Independente do que acontecer, você é a única que realmente tem meu coração. Marina queria acreditar, precisava acreditar.

 Então, ela fingia que a náusea no estômago não estava lá. Fingia que não estava se preparando para assistir o homem que amava casar com outra mulher. A primeira vez que Marina viu Beatriz pessoalmente foi em um evento corporativo relacionado ao projeto Horizonte Verde. Ela não esperava vê-la ali, mas lá estava.

Beatriz Almeida em carne e osso. Era impossível não notar. Alta, elegante no vestido de grife rosa pálido, joias discretas, mas obviamente caras. Aquele ar de confiança absoluta que vem de uma vida inteira de privilégios. Seu cabelo loiro caía em ondas perfeitas pelas costas.

 Ela ria de algo que um investidor disse, tocando levemente seu braço com familiaridade natural. E então Alexandre entrou no salão. Marina viu a transformação instantânea no rosto de Beatriz. Seus olhos brilharam. Seu sorriso ficou mais amplo, genuíno. Ela foi até ele imediatamente, beijou sua bochecha com intimidade, entrelaçou seu braço no dele com propriedade.

 Alexandre pareceu desconfortável por meio segundo, mas depois sorriu. Aquele sorriso social polido que ele usava em público. Eles formavam um casal perfeito, poderoso, adequado. Marina sentiu como se um punhal estivesse sendo lentamente enfiado em seu coração. É sua noiva?” Uma colega de trabalho perguntou ao lado de Marina, também olhando para o casal dourado.

 “Que lindos! Parecem saídos de uma revista.” “É, Marina conseguiu dizer voz mais firme do que sentia. Parecem perfeitos juntos. Durante todo o evento, Marina forçou-se a ser profissional, apresentou o projeto, conversou com investidores, evitou olhar na direção de Alexandre, mas ela podia senti-lo observando-a, a tensão quase palpável no ar entre eles.

 Quando seus olhos finalmente se encontraram através do salão, Marina viu desespero-nos dele, mas ele não se aproximou, não com Beatriz grudada em seu braço, apresentando-o orgulhosamente como meu noivo para qualquer um que escutasse. Marina saiu do evento mais cedo, alegando dor de cabeça. No carro, ela finalmente deixou as lágrimas caírem, mas junto com a tristeza, algo novo estava crescendo.

 Raiva, raiva dele por colocá-la nessa situação. e raiva de si mesma por aceitar. Naquela noite, Alexandre apareceu em seu apartamento tenso e defensivo. “Você não me deu chance de te encontrar antes.” Ele começou antes mesmo dela fechar a porta. Estava ocupado com sua noiva. Marina não conseguiu impedir o sarcasmo de escorrer pela voz.

 “Marina, você sabe que aquilo foi apenas show para as câmeras.” “Show?” Ela riu amargamente. Ela parecia bem real para mim. Pareciam bem confortáveis juntos. Porque somos amigos de infância. Obviamente há conforto de anos de conhecimento, mas não há nada romântico. Ela te ama. Marina disse as palavras que vinham a atormentando. Eu vi no jeito que ela te olhava. Beatriz te ama de verdade.

 Alexandre ficou em silêncio por um momento. Talvez. Mas eu não a amo. Amo você. E isso torna tudo bem. O fato de que você vai se casar com uma mulher que te ama enquanto ama outra. Marina sentiu náusea. Somos todos vítimas suas, Alexandre. Você está machucando todo mundo. Ele tentou abraçá-la, mas ela se afastou.

 Não, não pode simplesmente me tocar e fazer tudo desaparecer desta vez. O que você quer que eu faça? Diga, e eu faço. Quero que você não case com ela. Quero que você escolha a mim publicamente, claramente. Quero que você enfrente sua família e diga que me ama e que não vai se casar com Beatriz. O silêncio que se seguiu disse tudo. Alexandre desviou o olhar. É o que eu pensei. Marina sussurrou.

 Você nunca vai me escolher. É mais complicado que isso, não é? É bem simples. Ou você me quer ou quer o império. Não pode ter os dois. Por que não? Sua voz estava desesperada. Agora por fazer funcionar? Milhares de homens poderosos têm casamentos arranjados e amores verdadeiros separados. E eu deveria me contentar com isso.

 Ser sua amante escondida para sempre enquanto ela vive na mansão, usa seu sobrenome, recebe seu anel. Alexandre passou as mãos pelos cabelos, frustrado. Estou tentando fazer o melhor que posso em uma situação impossível. Não, você está tentando ter tudo sem ter que sacrificar nada. E sabe quem está pagando o preço? Eu, Beatriz, todo mundo, exceto você.

 Ela viu quando algo nele quebrou. Seus ombros caíram, seus olhos ficaram vermelhos. Eu odeio isso. Odeio cada segundo, mas não vejo saída. Marina sentiu sua raiva se dissipar, substituída por uma tristeza profunda e cansada. Eu sei. E é isso que torna tudo ainda pior.

 Eles fizeram amor naquela noite, mas foi diferente, desesperado, quase violento, como se ambos estivessem tentando se agarrar a algo que já estava escorregando por entre seus dedos. Depois, deitados na escuridão, Alexandre segurou-a apertado. Não me abandona, por favor. Depois do casamento vamos encontrar um jeito, prometo.

 Marina não respondeu, porque naquele momento uma clareza fria a atingiu. Não havia jeito, nunca houve. Ela tinha sido uma tola apaixonada, vivendo uma fantasia, mas ela ainda não estava pronta para acordar. As semanas continuaram se arrastando. Alexandre começou a ficar mais distante, mais reuniões, mais preparativos para o casamento, menos tempo para Marina.

 As mensagens diminuíram de 10 por dia para três, para uma. Uma noite, ele cancelou o jantar deles pela terceira vez naquela semana. Quando finalmente apareceu dois dias depois, Marina notou algo que a fez congelar, uma marca de batom no colarinho da camisa dele, rosa pálido, não era a cor que ela usava. “O que é isso?”, ela perguntou, apontando para a marca reveladora.

 Alexandre olhou para baixo e ela viu pânico cruzar seu rosto antes que a máscara voltasse. “Ah, isso, Beatriz me deu um abraço hoje depois de Não importa, não significa nada. Um abraço deixa batom no seu colarinho. Ela é efusiva às vezes, empolgada com os preparativos do casamento. Não significou nada, eu juro. Mas a desculpa suou oca até para ele. Marina viu a verdade escrita no rosto dele. Alexandre estava começando a viver sua outra vida.

A vida onde Beatriz existia não apenas como papel, mas como realidade. Você está dormindo com ela? Não era uma pergunta? Não, Marina. Claro que não. Não minta para mim. Pelo menos não faça isso. Silêncio culpado. Marina sentiu algo dentro dela finalmente quebrar de verdade. Sai, Marina, sai da minha casa.

Ele saiu. E, pela primeira vez em 5 meses, Marina teve clareza absoluta sobre o que precisava fazer, mas ela não estava pronta. Não ainda. Faltavam dois meses para o casamento, quando Marina finalmente admitiu para si mesma. Ela estava perdendo Alexandre, não apenas para Beatriz, mas para o mundo dele, um mundo onde Marina nunca teve lugar real.

 As mudanças foram sutis no início, mas impossíveis de ignorar conforme os dias passavam. As mensagens de bom dia pararam, as flores surpresa secaram. Os encontros, que costumavam ser quase diários, agora aconteciam apenas uma vez por semana, sempre tarde da noite, sempre apressados. E quando eles se encontravam, Alexandre estava diferente, distante, como se metade da mente dele estivesse em outro lugar, fazendo cálculos sobre casamentos e fusões corporativas, enquanto seu corpo estava com ela.

 “Onde você está?”, Marina perguntou uma noite quando ele estava deitado ao lado dela depois de um sexo mecânico e sem alma. Aqui, ele respondeu automaticamente, mas seus olhos fixos no teto diziam o contrário. Não, não está. Está pensando nela, no casamento, em como vai fazer tudo aquilo funcionar.

 Ele se virou para ela, então, e Marina viu culpa nua em seus olhos. Tenho que pensar nessas coisas. É em seis semanas, Marina. tem mil detalhes, mil decisões. E eu deveria ficar aqui em silêncio enquanto você planeja seu casamento com outra mulher. Sua voz estava mais cansada do que com raiva. Como você acha que isso me faz sentir? Eu sei que é difícil. Difícil? Marina riu sem humor.

Difícil é quando você tem muito trabalho ou está gripado. Isso é tortura, Alexandre. Tortura pura. assistindo você construir uma vida com outra pessoa enquanto me promete migalhas do que sobrar. Ele se sentou, passando as mãos pelos cabelos em frustração. O que você quer que eu faça? Já estamos nessa profundamente.

 Os convites foram enviados. 300 convidados confirmados. Contratos assinados. Eu quero que você escolha. Quero que você tenha coragem de escolher. Você sabia das regras desde o início? Ele explodiu, voz mais alta do que Marina já tinha ouvido. Você concordou em esperar, em ser paciente? Eu concordei em ser escondida temporariamente.

 Não concordei em assistir você casar com outra mulher e continuar vivendo essa mentira. Eles ficaram em silêncio, ofegantes, olhando um para o outro pela primeira vez, como adversários, ao invés de amantes. Marina viu o momento exato em que algo essencial entre eles se rompeu. Não, amor. Isso ainda estava lá, ardendo dolorosamente, mas confiança, respeito, o que quer que tivesse os mantido juntos estava desmoronando. Marina, eu Ele começou, mas ela levantou a mão.

 Vai embora. Só vai. Ele foi. E dessa vez Marina não chorou, apenas ficou sentada no escuro, sentindo-se completamente vazia. Os dias seguintes foram uma espécie de limbo. Alexandre tentou ligar, mandou mensagens, mas Marina ignorou todas. Ela precisava de espaço, de clareza, de oxigênio que não estivesse contaminado por mentiras e promessas vazias.

 Foi sua melhor amiga, Laura, que finalmente a confrontou. Elas estavam no apartamento de Marina uma sexta à noite, vinho na mão quando Laura largou a bomba. Você precisa terminar com ele. Marina olhou para ela surpresa. Ela nunca tinha contado todos os detalhes para Laura, mas tinha contado o suficiente. Não é tão simples.

 É exatamente tão simples. Marina, olha para você. Você emagreceu, tem olheiras, está sempre exausta. Esse homem está te destruindo aos poucos e você está deixando. Eu o amo. Amar alguém não significa aceitar qualquer coisa. Ele está te usando, te mantendo pendurada enquanto monta sua vida perfeita com a princesa loira. As palavras doeram porque eram verdade. Ele diz que me ama.

Amor sem ação é só palavras bonitas. Mari, ele te ama o suficiente para esconder você, mas não o suficiente para escolher você. Que tipo de amor é esse? Marina sentiu lágrimas queimando. O único que eu tenho. Laura pegou as mãos dela, apertando forte. Você merece mais. Merece ser a primeira escolha de alguém, não o plano B secreto.

 Merece um homem que grite do topo do mundo que você é dele, não que te esconda em quartos escuros. Eu sei. A voz de Marina estava quebrada. Eu sei tudo isso, mas não consigo simplesmente desligar meus sentimentos. Então deixa ele fazer essa escolha. Dá um ultimato. Ou ele cancela esse casamento ridículo e fica contigo, ou acabou. Marina balançou a cabeça. Ele já fez sua escolha.

 Toda vez que ele não me defende, toda vez que diz em breve, sem significar nada, ele está escolhendo ela. Então, por que você ainda está aqui? Era a pergunta de 1 milhão. Por que Marina estava ainda ali se agarrando a um amor que claramente não tinha futuro, medo de solidão, esperança tola de que ele mudaria? Ou simplesmente porque desistir significava admitir que tinha desperdiçado seis meses de sua vida em um homem que nunca foi realmente seu. Naquela noite, depois que Laura foi embora, Marina finalmente decidiu ela ia

terminar. ia terminar antes que o casamento acontecesse, antes que ela tivesse que assistir o homem que amava jurar votos para outra mulher. Mas então, às 3 da manhã, sua campainha tocou. Era Alexandre. Ele estava encharcado de chuva, sem guarda-chuva, olhos selvagens e desesperados. Marina, por favor, não desiste de mim.

 E ela, Deus a ajudasse, o deixou entrar. Eles não falaram. Alexandre a puxou contra ele, beijando-a com desespero que raiava loucura. Eles fizeram amor no chão da sala com urgência primitiva, como se fosse a última vez. Depois ele segurou o rosto dela entre as mãos. Não me abandona agora. Depois do casamento, vamos encontrar um jeito, prometo.

Marina queria gritar. Queria dizer que as promessas dele não valiam nada, que ela merecia mais, que isso tinha que acabar, mas as palavras ficaram presas em sua garganta. Por favor, ele sussurrou, só um pouco mais de tempo. E ela, em sua fraqueza infinita, concordou mais uma vez, uma semana, apenas uma semana antes do casamento, que iria oficialmente roubar Alexandre dela para sempre.

 Marina tinha passado seis dias em uma espécie de torpor funcionando no automático. Trabalhava durante o dia, evitava notícias sobre o casamento do ano, voltava para casa e ficava encarando o teto. Alexandre não tinha aparecido, nenhuma mensagem, nenhuma ligação, silêncio absoluto. Marina tinha tentado se convencer de que era melhor assim, corte limpo, menos doloroso do que se arrastar.

 Mas toda vez que seu telefone tocava, seu coração pulava esperando que fosse ele. Era quarta-feira, 11:30 da noite, quando a campainha finalmente tocou. Marina estava em pijama de flanela, velho, sem maquiagem, cabelo jogado em um coque desleixado. Quando abriu a porta e viu Alexandre ali, algo dentro dela se apertou dolorosamente.

 Ele estava diferente, ainda impecável no terno cinza escuro, mas havia uma rigidez em sua postura. que não estava lá antes, como se estivesse se forçando a estar ali. Posso entrar? Sua voz estava formal, distante. Marina se afastou silenciosamente, deixando-o passar. Alexandre não foi direto para ela, como costumava fazer. Não a puxou para um abraço ou beijou sua testa.

 Apenas ficou de pé no meio da sala, mãos nos bolsos, olhando em volta como se estivesse memorizando cada detalhe. “Você não ligou.” Marina disse, odiando como sua voz soava pequena. Eu sei, desculpa. Tem sido intenso. Os preparativos finais, família chegando de todo o país, mil decisões de última hora.

 Ele finalmente olhou para ela e Marina não viu calor ali. Viu determinação, resolução e medo. Você veio terminar comigo? Não era uma pergunta. Alexandre fechou os olhos brevemente, mandíbula tensionada. Quando os abriu, havia dor ali, mas também algo inabalável. Eu não posso fazer isso com você. Fazer o quê? Continuar me vendo? Não era esse sempre o plano? Eu pensei que era, mas quanto mais perto o casamento chega, mais eu percebo.

 Não seria certo. Com Beatriz, ela não merece isso. Marina sentiu como se tivesse levado um tapa. Ela não merece. E eu eu mereço ter sido usada por seis meses, escondida como um segredo sujo, prometida a um futuro que nunca existiu. Não foi assim, Fé. Eu te amei. Amo você. Não fala que me ama.

 Marina sentiu lágrimas ardendo, mas recusou-se a derramá-las. Não tenho direito de falar essas palavras agora. Marina, por favor, tenta entender. Eu vou fazer votos. Votos de fidelidade. Posso ser covarde em muitas coisas, mas não posso começar um casamento já traindo. Não é justo com Beatriz. E francamente, não é justo contigo também.

 Então, por que você não pensa nisso seis meses atrás? Por que deixou isso chegar tão longe se sabia que ia acabar assim? Ele não tinha resposta, apenas ficou ali, parecendo miserável, mas determinado. Marina deu um passo em direção a ele, procurando nos olhos dele algum sinal do homem que tinha dito amá-la, que tinha prometido um futuro.

 Me diz uma coisa, de verdade, você me amou alguma vez ou eu fui apenas uma distração enquanto se preparava para a vida real? Claro que te amei. Você foi a coisa mais real que já tive. Sua voz rachou. Mas amor não é suficiente. Às vezes eu tenho responsabilidades, obrigações que existem desde antes de você. Então, por que você me procurou? Marina gritou, todo o controle finalmente se quebrando.

 Por que você não me deixou em paz? Porque tinha que me fazer acreditar que éramos algo especial. Porque você é especial. Você é incrível e talentosa e perfeita. E em outro mundo, em outra vida. Eu teria escolhido você sem hesitar. Mas não nessa vida. Nessa vida você escolhe dinheiro, poder, aprovação familiar. Você escolhe tudo, exceto mim.

 Ele deu um passo em direção a ela, mas Marina recuou. Se ele a tocasse agora, ela ia quebrar completamente. Marina, eu sinto muito, mais do que você pode imaginar. Você merecia mais, merecia melhor e eu fui egoísta, covarde, fraco. Mas preciso fazer isso direito agora, pelo menos uma vez. fazer certo.

 Você acha que me abandonar uma semana antes de casar com outra mulher é fazer certo? Marina riu, um som agudo e quebrado. Você não está fazendo certo. Está se absolvendo. Está lavando suas mãos de mim antes do grande dia para poder fingir que não está traindo quando Beatriz estiver ao seu lado no altar. Não é assim. É exatamente assim.

 E sabe o que é pior? Parte de mim entende, parte de mim sempre soube que ia acabar assim, porque eu nunca fui boa o suficiente para você, não é? Não tenho o sobrenome certo, a família certa, as conexões certas. Eu sou apenas Marina, a arquiteta que não pertence ao seu mundo dourado. Você sempre foi boa demais para mim. Alexandre estava com os olhos vermelhos agora. Sempre.

 Então, por que não lutou por mim? Nem uma vez. Nenhuma vez você me defendeu, me priorizou, me escolheu quando realmente importava. Silêncio pesado preencheu o apartamento. Ambos sabiam que não havia resposta para essa pergunta, que não fosse uma confissão de covardia.

 Alexandre finalmente se virou para ir embora, mas parou com a mão na maçaneta. Sem se virar para olhá-la, ele disse as palavras que viriam a assombrar Marina por semanas. Ninguém pode saber sobre nós. Por favor, guarde nosso segredo. Pelo bem de todos. Marina sentiu algo dentro dela congelar. Não tristeza, não dor, algo mais frio, mais duro, raiva pura. Sai daqui ela disse, voz morta.

Ele saiu sem olhar para trás. A porta se fechou com um clique suave que suou o final. Marina ficou de pé no mesmo lugar por minutos inteiros tremendo. Então, lentamente caminhou até o banheiro, lavou o rosto com água fria, olhou para si mesma no espelho, olhos vermelhos, rosto pálido, expressão desolada e algo mudou.

 A dor estava lá profunda e cortante, mas debaixo dela, crescendo como fogo, estava fúria, não contra ele apenas, contra si mesma, por ter aceitado migalhas, por ter se escondido, por ter deixado ser tratada como menos do que valia. Alexandre queria guardar o segredo dele, queria fingir que ela nunca existiu, que seis meses do dele vida tinham sido apenas uma nota de rodapé conveniente que podia ser apagada. Marina olhou para seu reflexo e fez uma promessa.

 Ele não teria seu silêncio. Não dessa vez. Marina passou os primeiros dois dias após a visita de Alexandre completamente destruída. Ela faltou ao trabalho, ignorou ligações, ficou na cama olhando para o teto, chorou até não ter mais lágrimas. Reviveu cada momento, cada promessa quebrada, cada mentira disfarçada de esperança.

 Mas no terceiro dia algo mudou. Marina acordou com o sol entrando pela janela e pela primeira vez em semanas não sentiu o peso esmagador da tristeza. Sentiu algo diferente, clareza. Ela não estava sofrendo porque tinha perdido Alexandre. Estava furiosa consigo mesma por ter permitido ser tratada daquele jeito, por ter aceitado ser um segredo, por ter colocado a felicidade dela nas mãos de um homem que claramente não tinha coragem de segurá-la.

 Marina se levantou, tomou um banho longo e quente e olhou para si mesma no espelho. A mulher que a encarava de volta estava cansada, magra demais, com olheiras profundas, mas havia algo novo nos olhos dela. Determinação. Não mais. Ela disse em voz alta para seu reflexo. Nunca mais. Laura apareceu naquela tarde com sacos de comida tailandesa e uma garrafa de vinho. “Vim verificar se você ainda está viva.

” “Estou mais do que viva”, Marina disse. E havia uma qualidade nova em sua voz que fez Laura pausar. O que aconteceu? Ele veio aqui há três dias, terminou comigo. Disse que não seria certo continuar depois que casasse com Beatriz. Marina tomou um gole de vinho sem emoção e então me pediu para guardar nosso segredo para proteger a reputação dele. Aquele filho da Não. Marina levantou a mão.

 Ele não merece nossa raiva. Sabe o que ele merece? Nada. Absolutamente nada. Laura estudou o rosto da amiga. O que você está pensando? Marina ficou em silêncio por um longo momento, girando a taça de vinho entre os dedos. Então ela olhou para Laura com uma expressão que era ao mesmo tempo calma e absolutamente mortífera. Ele quer seu segredo guardado.

 Quer casar com Beatriz com a consciência limpa, fingindo que eu nunca existir. Quer que eu simplesmente desapareça convenientemente para que ele possa ter sua vida perfeita. E E eu não vou dar a ele essa paz. Marina se levantou, andando até a janela. Ele me machucou, me usou, me jogou fora como lixo e agora quer que eu silencie para protegê-lo.

 Marina, o que você está planejando? Marina se virou e Laura viu algo que nunca tinha visto nos olhos da amiga antes, uma espécie de calma letal. Vou ao casamento. O quê? Vou ao casamento? Marina repetiu mais firme. E vou contar a verdade para Beatriz, para todos. Vou devolver o segredo dele, exatamente onde ele merece estar. Exposto à luz. Laura ficou boca e aberta. Marina, você tem certeza? Isso vai explodir a vida dele? A sua também.

Minha vida já explodiu. Não tenho nada mais a perder. Marina voltou ao sofá pegando as mãos da amiga. Laura, eu passei seis meses sendo um segredo. Seis meses me escondendo, aceitando migalhas, me convencendo que era amor.

 E no final ele me descartou e pediu meu silêncio, como se eu fosse algum tipo de problema a ser gerenciado. Eu entendo, mas Beatriz merece saber antes de se casar com um mentiroso. E eu mereço minha dignidade de volta. Mereço parar de ser invisível. Laura apertou as mãos dela. E se ele te implorar para não fazer isso? E se tentar te convencer de novo, ele não vai ter chance. Não vou avisá-lo.

Vou simplesmente aparecer. Marina Costa, você está me assustando um pouco e também estou muito orgulhosa de você. Pela primeira vez em dias, Marina sorriu. Um sorriso pequeno, mas genuíno. Eu também estou orgulhosa de mim mesma pela primeira vez em muito tempo. Os dias seguintes foram estranhos. Marina não contou para ninguém além de Laura sobre seus planos.

 Ela voltou ao trabalho, focou no projeto, agiu como se nada tivesse acontecido, mas por dentro algo fundamental tinha mudado. Ela não estava mais aquela mulher quebrável que implorava por atenção de Alexandre. Estava se tornando algo mais forte, mais afiado, algo que não aceitaria nunca mais ser diminuída. Alexandre tentou ligar duas vezes.

 Marina rejeitou ambas as chamadas sem hesitar. Ele mandou mensagens. Precisamos conversar. Me sinto sua falta. Você está bem? Ela não respondeu nenhuma. Deixe-o se perguntar. Deixe-o sentir um gostinho da incerteza que ela tinha vivido por meses. Na sexta-feira à noite, véspera do casamento, Marina foi ao shopping mais caro da cidade. Gastou uma quantia obsena de dinheiro que não tinha em um vestido. Não era um vestido comum.

 Era uma obra de arte, vermelho escarlate, corte impecável que abraçava cada curva do corpo dela, decote justo, mas elegante, fenda lateral que terminava alguns centímetros acima do joelho, sapatos de salto altos pretos, joias minimalistas, mas caras. Quando se olhou no espelho do provador, Marina quase não reconheceu a mulher que a encarava de volta.

 Ela parecia poderosa, confiante, perigosa. Esse, ela disse para a vendedora. Vou levar esse. Em casa, naquela noite, Marina abriu uma garrafa de vinho e sentou na varanda. O casamento seria amanhã às 4 da tarde. Igreja histórica do centro, 300 convidados da elite. Depois recepção no salão mais exclusivo da cidade.

 Ela não tinha convite, obviamente, mas isso não importava. Laura chegou para dormir no apartamento dela. Apoio moral para o dia seguinte. Última chance de mudar de ideia, Laura disse, abrindo sua própria garrafa de vinho. Marina balançou a cabeça. Não vou mudar de ideia. Passei os últimos seis meses vivendo de acordo com as regras dele, escondendo meus sentimentos, aceitando menos do que mereço.

 Amanhã ele vai viver de acordo com as consequências das escolhas dele. E se ele ficar com raiva? Espero que fique. Espero que sinta uma fração da dor que me causou. E se Beatriz te odiar? Ela deveria odiar ele, não eu. Ele é o mentiroso. Mas se ela me odiar também. É um risco que estou disposta a correr. Marina tomou um gole longo de vinho.

 Sabe o que percebi, Laura? Durante todo esse tempo, eu estava mais preocupada com os sentimentos dele do que com os meus. Mais preocupada em não causar problemas do que em defender meu próprio valor. E agora? Agora eu escolho a mim mesma. Pela primeira vez eu escolho a mim mesma. Elas ficaram em silêncio por um momento, olhando as luzes da cidade.

 O que você vai dizer? Laura perguntou suavemente quando chegar lá. Marina pensou cuidadosamente, a verdade simples e clara que Alexandre e eu tivemos um relacionamento por se meses, que ele me prometeu futuro, fez-me amar e então me descartou uma semana antes de seu casamento, que Beatriz merece saber quem ela está realmente casando. Eles vão tentar te tirar dali, provavelmente. Mas eu só preciso de 30 segundos.

 30 segundos para dizer minha verdade. Depois disso, podem fazer o que quiserem. Laura sorriu com orgulho. Você é a mulher mais corajosa que eu conheço. Não sou corajosa, Marina corrigiu. Estou apenas cansada de ser covarde.

 Naquela noite, Marina dormiu profundamente pela primeira vez em semanas, sem pesadelo sobre Alexandre, sem acordar em pânico, apenas sono profundo e reparador. Quando acordou no sábado de manhã, o dia do casamento, sentiu paz, não felicidade. Isso ainda estava longe. paz com sua decisão. Ela não estava fazendo isso por vingança, embora certamente houvesse um elemento disso.

 Estava fazendo isso por algo mais importante. Estava recuperando sua voz, sua dignidade, seu poder. Alexandre tinha tentado apagá-la, reduzi-la a um segredo inconveniente, mas Marina Costa não seria apagada, não sem deixar uma marca. E que marca seria? O dia do casamento amanheceu perfeito.

 Céu azul sem uma nuvem, temperatura agradável, brisa suave. Era o tipo de dia que os casamentos de conto de fadas eram feitos. Marina acordou às 9, tomou café calmamente, fez uma máscara facial, pintou as unhas de vermelho sangue. Cada movimento era deliberado, quase ritualístico. Ela não estava nervosa, estava focada. Laura chegou ao meio-dia com maquiagem profissional. uma amiga dela que devia um favor.

 “Se você vai fazer isso,” Laura havia dito, “vai fazer com estilo”. A maquiadora fez milagres, cobertura impecável, contorno que acentuava os ossos do rosto de Marina, olhos esfumaçados, dramáticos, mas elegantes, lábios vermelhos perfeitos que combinavam com o vestido. Quando Marina olhou no espelho, viu uma guerreira. Às 2as da tarde, ela começou a se vestir.

 O vestido vermelho deslizou por seu corpo como uma segunda pele. Os sapatos altos adicionavam 10 cm a sua altura. Ela prendeu o cabelo em um coque baixo elegante, deixando alguns fios soltos para emoldurar o rosto. “Você está deslumbrante”, Laura sussurrou. “Erante. Marina sorriu. Perfeito. As três elas pegaram um Uber para a igreja. Marina tinha instruído o motorista a esperar a uma quadra de distância.

 Não queria que ele fosse parte do caos que estava prestes a desencadear. Do carro. Marina podia ver os convidados chegando. Era exatamente o espetáculo que esperava. Mulheres em vestidos de grife, homens internos italianos, carros importados sendo estacionados por valetes, a elite da cidade em todo sua glória superficial.

 Última chance”, Laura disse pela terceira vez. “Para de perguntar isso,” Marina respondeu, mas sem raiva. “Eu vou fazer”. Às 3:45, 15 minutos antes da cerimônia começar, Marina desceu do carro. O clique de seus saltos no pavimento soou como tiros. Alguns convidados que ainda estavam entrando na igreja se viraram, estranhando vê-la, claramente não reconhecendo quem era.

 Marina subiu os degraus de mármore da igreja histórica, passou pelas portas enormes de madeira esculpida e entrou no Nartex. Um organizador do evento imediatamente se aproximou. “Boa tarde, posso ver seu convite?” “Não tenho,” Marina, disse calmamente. “Então sinto muito, mas não posso permitir entrada. É um evento privado, eu entendo. Marina deu um passo à esquerda, contornando-o. Mas vou entrar mesmo assim. Ela empurrou as portas duplas que levavam ao salão principal antes que ele pudesse detê-la.

O interior da igreja era de tirar o fôlego. Flores brancas em arranjos enormes em cada banco, velas brancas cintilando em castiçais de prata, luz do sol filtrada através dos vitrais criando padrões de arco-íris no chão de pedra. 300 convidados já sentados. vestidos de forma impecável, conversando em murmúrios baixos.

 E no altar, destacando-se em seu touchedo preto perfeito, estava Alexandre. Marina sentiu seu coração dar um pulo, mas não de amor, de poder. Ela tinha o elemento surpresa, tinha a verdade e ia usar ambos. Ela não se sentou, apenas ficou de pé no fundo da igreja, encostada em uma coluna esperando. Alguns convidados olharam para trás, franzindo as testas ao verem a mulher de vermelho em um casamento onde o código de cores era claramente pastel, mas ninguém a reconheceu. Ainda não.

 A música começou Wagner, naturalmente, a marcha nupscialsal tradicional. Os convidados se levantaram. Marina ficou onde estava. Beatriz apareceu na entrada lateral e Marina teve que admitir. Ela estava linda, vestido de noiva clássico, renda delicada, véu longo, buquê de rosas brancas. Ela sorria radiante, olhos fixos em Alexandre no altar.

 Alexandre, por sua vez, estava impecável, touchedo sob medida, cabelo perfeitamente penteado, postura ereta. Mas Marina, que tinha aprendido a ler cada microexpressão dele, viu o que ninguém mais viu. Tensão ao redor de seus olhos, maxilar apertado, mãos fechadas em punhos discretos ao lado do corpo. Ele estava nervoso, mas não do jeito que noivos normalmente estão nervosos. Era algo mais.

 Beatriz caminhou pelo corredor no braço do pai, um homem imponente, de cabelos grisalhos. Cada passo dela era gracioso, confiante. Ela não tinha ideia da bomba que estava prestes a explodir. Marina sentiu uma pontada de culpa. Beatriz era inocente nisso tudo, mas então lembrou. Melhor descobrir agora do que viver uma mentira pelo resto da vida.

 Marina estava de certa forma bizarra, fazendo um favor para ela. Beatriz chegou ao altar. O pai a entregou formalmente para Alexandre, que pegou a mão dela. Eles se viraram para o padre, de costas para a congregação. O padre, um homem velho com sotaque italiano, começou a cerimônia. Bem-vindos, amigos e família.

 Neste dia abençoado em que Alexandre e Beatriz se unem matrimônio, Marina deixou as palavras lavarem sobre ela. Esperou paciente como um predador. O padre falou sobre amor, compromisso, fidelidade. Marina quase riu da ironia. O casamento é uma união sagrada. Não deve ser empreendido de forma leviana, mas com reverência e honestidade. Honestidade. Que piada cruel. E então chegou o momento.

 O padre fez a pergunta ritual, sua voz ecoando pelas paredes de pedra. Se alguém souber de algum impedimento pelo qual estas duas pessoas não devam ser unidas em matrimônio, fale agora ou cálice para sempre. Era sempre uma formalidade. Ninguém nunca falava. Era apenas parte do script tradicional. Silêncio preencheu a igreja. Convidados trocaram sorrisos cúmplices.

 Alexandre respirou aliviado e então Marina se moveu. Seus saltos altos clicaram no chão de pedra enquanto ela caminhava pelo corredor central. Cada passo era deliberado, confiante, imparável. Cabeças se viraram, murmúrios começaram. Alexandre deve ter sentido a perturbação porque ele olhou por cima do ombro. Seus olhos encontraram os dela.

 Marina viu o exato momento em que ele a reconheceu. Viu o sangue drenar de seu rosto. Viu o pânico puro atravessar suas feições. Marina, ele sussurrou, mas o microfone do padre captou. O nome ecoou pela igreja. Beatriz se virou também confusa. Quem? Marina chegou ao meio do corredor e parou. 300 pares de olhos fixos nela.

Ela respirou fundo. Era agora ou nunca. Eu sei de um impedimento”, Marina, disse, sua voz clara e firme ecoando pelas paredes de pedra da igreja histórica. O silêncio que se seguiu foi absoluto. Até as crianças pararam de se mexer. Todos os olhos estavam fixos na mulher de vermelho no corredor central. “Marina, não faça isso.

” Alexandre disse, voz baixa, mas desesperada. Ele havia dado um passo na direção dela, largando a mão de Beatriz. “Não faça o quê.” Marina continuou caminhando mais perto do altar. Não conte a verdade. Não seja honesta. Engraçado, achei que casamento era sobre honestidade. Quem é ela? Beatriz perguntou voz subindo.

Alexandre, quem é essa mulher? Marina chegou à base dos degraus do altar. Ela estava a apenas 3 m de distância deles agora perto o suficiente para ver cada detalhe. A raiva crescendo nos olhos de Alexandre, a confusão no rosto de Beatriz, o choque nos convidados. “Meu nome é Marina Costa”, ela disse, “Não para o casal, mas para toda a congregação.

 Sua voz era calma, controlada. E eu tive um relacionamento com Alexandre Monteiro Cavalcante por se meses. Até uma semana atrás, o caos explodiu. Convidados gritaram. Alguém deixou cair um programa. A mãe de Beatriz soltou um grito agudo. O pai de Alexandre se levantou da primeira fila, rosto vermelho de raiva. Isso é absurdo.

Ele rugiu. Seguranças. Tirem essa mulher daqui. Não é absurdo, Marina disse. Sua voz cortando através do pandemônio. É a verdade. Alexandre quer confirmar ou vai mentir na frente de Deus e 300 pessoas? Alexandre estava paralisado, preso entre duas mulheres, duas vidas, duas verdades inconciliáveis.

 Beatriz se virou para ele, lágrimas já começando a rolar por seu rosto cuidadosamente maquiado. Alexandre, diz que ela está mentindo, por favor. Dois seguranças estavam se aproximando rapidamente dos lados da igreja. Marina sabia que tinha segundos. Ela continuou, palavras saindo rápidas, mas claras. Nós nos conhecemos em janeiro. Ele disse que me amava, prometeu um futuro.

 Me disse que sua família era complicada, que precisávamos manter segredo temporariamente. Acreditei nele. Marina olhou diretamente para Alexandre, mas temporariamente virou seis meses de eu ser escondida enquanto ele planejava este casamento. E há uma semana ele veio à minha casa e terminou comigo, dizendo que não seria certo continuar depois que se casasse com você, Beatriz. Você está mentindo.

 A mãe de Alexandre tinha se juntado ao marido. Meu filho nunca faria isso. Você é apenas alguma mulher desequilibrada, buscando atenção. Sou. Marina. Puxou seu celular do pequeno bolso escondido no vestido. Porque tenho seis meses de mensagens, fotos, bilhetes que ele deixou no meu apartamento.

 Tudo datado, tudo com time stamp. Ela segurou o telefone alto. Na tela, uma foto dela e Alexandre no apartamento dele, abraçados. Ambos sorrindo para a câmera. A data no canto. 15 de março. Beatriz soltou um soluço quebrado. Alexandre, Beatriz, eu posso explicar. Ele começou finalmente encontrando sua voz. Ela está tirando tudo de contexto.

 Contexto? Beatriz gritou, sua compostura elegante finalmente quebrando. Que contexto possível justifica você estar com outra mulher enquanto planejávamos nosso casamento? Os seguranças chegaram pegando os braços de Marina. Senhora, vai ter que sair. Espera! Foi Beatriz quem falou, levantando a mão. Deixem ela. Quero ouvir isso. Os seguranças hesitaram, olhando para Alexandre.

 Ele não disse nada, apenas ficou ali parecendo um homem afogando. Beatriz desceu os degraus do altar, ficando cara a cara com Marina. De perto, ela parecia mais jovem do que Marina pensava, talvez 25, com olhos castanhos claros. agora vermelhos de lágrimas. “Você está dizendo a verdade?”, Beatriz perguntou voz tremendo.

 “Por favor, eu preciso saber.” Marina olhou nos olhos dela e viu dor genuína. Viu uma mulher que tinha acabado de ter seu mundo virado do avesso e sentiu compaixão. “Estou dizendo a verdade”, Marina disse suavemente. “E sinto muito que você tenha que descobrir assim. Sinto muito pelo que ele fez com você, comigo, com todos nós. Beatriz olhou por cima do ombro para Alexandre.

 É verdade tudo que ela está dizendo? Alexandre abriu e fechou a boca várias vezes. Marina viu o momento exato em que ele decidiu tentar mais uma mentira. Não foi assim tão sério. Foi apenas Não minta mais. Marina cortou, voz finalmente subindo. Você não tem o direito de diminuir o que tivemos depois de me fazer acreditar que era tudo. Você disse que me amava. Você prometeu futuro.

 Você me fez sentir especial, desejada importante e então me descartou como lixo e pediu que eu guardasse seu segredo sórdido para que você pudesse casar com sua princesa de conto de fadas. Sua voz ecoou pela igreja. Ninguém se mexeu. Era como se todos estivessem congelados, incapazes de processar o drama, se desenrolando na frente deles.

 Alexandre finalmente desmoronou. Seus ombros caíram, seu rosto se contorceu. Eu sinto muito. Para ambas eu fui covarde, fraco. Tentei fazer todos felizes e acabei machucando todo mundo. Você não tentou fazer todos felizes? Marina corrigiu. Voz mais calma. Agora você tentou ter tudo. A aprovação da família, o império, a esposa perfeita e a amante escondida. Você queria o bolo inteiro e comer também, mas vida não funciona assim.

Beatriz tinha parado de chorar. Seu rosto estava pálido, mas havia algo novo em seus olhos. Resolução. Não vai haver casamento. Ela disse voz firme, apesar das lágrimas. Não hoje. Não, nunca. Não com ele. Beatriz, por favor. Alexandre estendeu a mão para ela. Não me toca. Ela deu um passo para trás.

 Você me mentiu, me traiu, me fez planejar um futuro inteiro com você enquanto estava com outra mulher. Minha mãe me alertou que você tinha reputação de ser distante, mas eu defendi você. Disse que era apenas sua natureza reservada. Que idiota fui! Você não foi idiota”, Marina disse suavemente. “Você acreditou nele assim como eu. Isso não nos torna idiotas. Torna ele o mentiroso.

” Beatriz olhou para Marina com uma expressão complexa, raiva misturada com algo que poderia ser gratidão. “Obrigada por me contar, mesmo assim sendo horrível. Você merecia saber antes de amarrar sua vida à dele.” O pai de Beatriz havia chegado ao altar pegando o braço da filha. Vamos, querida, você não precisa ficar aqui.

 Beatriz acenou com a cabeça, mas antes de sair, ela se virou uma última vez para Alexandre. Você é um covarde e espero que passe o resto da vida sabendo que perdeu duas mulheres que realmente te amavam por causa da sua falta de coragem. Ela desceu o corredor, cabeça erguida, apesar das lágrimas, seu pai apoiando-a. Metade dos convidados se levantaram para segui-la.

 A outra metade ficou sentada em choque atordoado. Marina se virou para ir embora também. Seu trabalho aqui estava feito. Marina, espera. Alexandre correu atrás dela, pegando seu braço. Marina, espera. Eu posso explicar. Ela se soltou do aperto dele, olhando-o com uma calma fria, que ela não sabia que possuía. Você teve seis meses para explicar, Alexandre.

 seis meses para me escolher, para me defender, para me fazer sentir como se eu importasse. Você não escolheu, você não defendeu e agora? Ela sorriu sem humor. Agora viva com suas consequências. Viva sabendo que sua covardia custou tudo. Por favor, não me deixa assim. Eu te deixo exatamente como você me deixou, sozinho, com as mentiras que você construiu desmoronando ao seu redor. Marina caminhou pelo corredor através da igreja caótica.

 saindo pelas portas duplas para a luz do sol. O ar fresco nunca pareceu tão doce. Laura estava esperando no fundo da igreja. Ela tinha ficado de fora, não querendo causar mais cena. Ela correu para Marina assim que a viu. Você fez? Você realmente fez? Fiz. Marina disse e então, para sua própria surpresa, começou a rir. Não riso histérico, mas riso genuíno, libertador. Eu fiz mesmo.

Elas caminharam para longe da igreja, deixando o caos para trás. Marina não olhou para trás. Não precisava. Ela tinha dito sua verdade e agora estava livre. Três semanas depois do dia do casamento que não aconteceu, Marina estava sentada em seu apartamento olhando uma proposta de trabalho que tinha chegado por e-mail naquela manhã.

Liderança de projeto arquitetônico, Barcelona, Espanha. Complexo residencial sustentável pioneiro. Duração 2 anos renovável. Salário competitivo, apartamento incluído. Todos os custos de realocação cobertos. Era exatamente o tipo de oportunidade que ela sonhara durante anos. Internacional, prestigiosa, desafiadora.

 Há se meses, ela teria recusado sem pensar duas vezes. Não poderia deixar Alexandre. Agora ela leu o e-mail três vezes e digitou uma resposta simples: Aceito as três semanas desde a igreja tinham sido um turbilhão. A notícia do casamento cancelado espetacularmente havia se espalhado pela elite da cidade como fogo. Não levou muito tempo para as pessoas conectarem os pontos.

 A misteriosa mulher de vermelho era a arquiteta do projeto Horizonte Verde da Própria Empresa de Alexandre. Marina tinha sido bombardeada com ligações, pedidos de entrevista, mensagens em redes sociais. Ela ignorou todos, não devia explicações a ninguém, exceto a si mesma. O projeto Horizonte Verde tinha sido discretamente transferido para outro arquiteto da empresa.

 Marina não se importou. Ela já tinha outras portas se abrindo. Alexandre tinha tentado contatá-la 17 vezes. Ligações, mensagens. Até tinha aparecido no prédio dela uma vez. Mas Marina tinha pedido ao porteiro para não deixá-lo subir. Na 18ª tentativa, ela finalmente respondeu com uma mensagem curta. Para, não há mais nada para dizer. Siga em frente. Eu já segui.

Ele não tinha tentado de novo depois disso. Laura chegou ao apartamento de Marina na sexta à noite com pizza e vinho, como tinha feito toda semana desde o incidente. “Barcelona?” Laura perguntou lendo o e-mail no laptop aberto de Marina. Você vai mesmo? Vou. Preciso de um recomeço. Um lugar onde ninguém conhece meu nome, minha história, onde eu posso apenas ser eu.

Vou sentir sua falta. Eu também. Mas você pode me visitar. Barcelona é linda, você vai amar. Elas comeram pizza e assistiram filmes ruins, como nos velhos tempos, mas algo tinha mudado em Marina. Laura havia isso. Havia uma leveza nela que não estava lá antes, como se um peso que ela havia carregado por meses finalmente tivesse sido levantado.

 Você está realmente bem, não está? Laura observou. Não está apenas fingindo. Marina pensou sobre isso. Sabe, eu estou. Por um tempo, achei que me arrependi do que fiz. Achei que tinha sido cruel demais, dramática demais. Mas então percebi. Não fui cruel. Fui honesta. Pela primeira vez em seis meses, fui completamente honesta e isso liberou. Você ouviu alguma coisa sobre Beatriz? Soube que ela está bem.

 Aparentemente está tirando uma temporada em Paris com a mãe. Alguém me disse que ela mandou um agradecimento anônimo através de um amigo em comum. Disse que foi o melhor presente que alguém poderia ter dado. A verdade antes que fosse tarde demais. E Alexandre. Marina tomou um gole de vinho. Ouvi que ele está tendo dificuldades.

 A fusão entre as empresas das famílias caiu. Aparentemente, contratos foram rompidos, parcerias desfeitas. Seu pai está furioso. Há rumores de que ele pode ser removido como CEO. Você se sente mal por isso? Não. Marina respondeu sem hesitar. Ele construiu tudo em mentiras. Era só questão de tempo até desmoronar. Eu apenas acelerei o inevitável.

 O voo para Barcelona estava marcado para daqui a duas semanas. Marina passou esses dias empacotando, vendendo móveis que não levaria, se despedindo de amigos. Era estranho como fácil era se desfazer de uma vida quando você estava pronta para uma nova. O aeroporto estava lotado em uma terça-feira de manhã. Marina tinha apenas duas malas.

 Estava começando fresca, carregando o mínimo possível de sua vida anterior. Ela estava na fila do chequin quando sentiu alguém observando. Ela se virou. Alexandre. Ele estava a cerca de 10 m de distância, próximo a um pilar, magro demais, olheiras profundas, barba por fazer, nada como o executivo impecável que ela tinha conhecido. Ele parecia quebrado. Por um momento, eles apenas se olharam.

 Marina esperou sentir algo, raiva, tristeza, amor residual, mas tudo que sentiu foi nada. Não de forma ruim, apenas vazio onde ele costumava estar. Ele começou a caminhar em direção a ela. Marina não fugiu, não se virou, apenas esperou. Marina, ele disse, voz rouca. Por favor, só por favor me escuta por dois minutos, Alexandre. Eu sei, eu sei que não tenho direito de pedir isso, mas estou implorando. Dois minutos.

 Marina olhou para o relógio, então de volta para ele. Dois minutos. Eles se afastaram para um canto mais quieto. Alexandre parecia estar tentando encontrar as palavras certas, mas finalmente apenas deixou tudo sair de uma vez. Você tinha razão. Sobretudo. Eu fui covarde, egoísta, cruel. Tentei ter tudo e perdi tudo. Beatriz não vai mais falar comigo.

 Meu pai está me deserdando. A empresa está em caus e a pior parte? Ele riu amargamente. A pior parte é que eu mereço tudo isso, cada consequência, porque você me deu chances, tantas chances de fazer a coisa certa. E eu escolhi errado toda vez. Marina não disse nada, apenas esperou. Vim aqui hoje não para pedir outra chance.

 Eu sei que não mereço. Vim para me desculpar de verdade, sem desculpas, sem justificativas. Eu te machuquei, te usei, te fiz sentir pequena quando você é incrível e sinto muito mais do que palavras podem expressar. Obrigada, Marina disse simplesmente por finalmente ser honesto.

 Para onde você está indo, Barcelona? Novo trabalho, nova vida. Ele acenou olhos vermelhos. Você merece. Merece tudo de bom. E quem quer que encontre lá, espero que ele tenha a coragem que eu não tive. Espero que ele te escolha todos os dias, alto e claro, para o mundo inteiro ver. Marina sentiu algo se aquecer em seu peito. Não, amor, mas talvez fechamento.

 Eu também espero isso. Ela disse suavemente. E Alexandre, você vai ficar bem. eventualmente vai aprender com isso e se tornar um homem melhor. Ten que você me perdoa? Marina pensou sobre isso. Ainda não, mas vou algum dia, não por você, mas por mim, porque segurar raiva apenas me machuca. Eles ficaram em silêncio por um momento.

Então Marina olhou para o relógio. Preciso ir. Meu voo. Claro. Sim. Alexandre deu um passo para trás. Boa sorte, Marina. em Barcelona, em tudo. Você é você é especial. Espero que você sempre saiba disso. Eu sei agora, Marina disse. Foi o que aprendi através de todo esse caos.

 Meu valor não depende de alguém me escolher, depende de eu me escolher. Ela se virou e começou a caminhar em direção à segurança. Não olhou para trás. Não precisava. Alexandre ficou parado por um longo tempo, depois que Marina desapareceu na segurança, vendo até o último vislumbre dela. Então, finalmente, ele se virou e saiu do aeroporto. Duas horas depois, Marina estava no avião, olhando pela janela enquanto decolava.

 A cidade onde ela tinha amado e perdido e se encontrado ficava cada vez menor abaixo dela. “Com licença”, disse uma voz ao lado dela. Marina se virou. Um homem de seus 30 e poucos anos, sorriso amigável. estava tentando colocar sua bagagem no compartimento superior. “Desculpe, essa mala é teimosa.” Marina sorriu. “Deixa eu ajudar.” Juntos, eles conseguiram encaixar a bagagem.

 O homem se sentou ao lado dela, sorrindo agradecido. “Obrigado. Sou meio desastrado com essas coisas. Rafael, aliás, Marina, indo para Barcelona?” “Sim, você também? Moro lá, voltando de uma conferência aqui. Você está se mudando ou apenas visitando? Me mudando. Novo trabalho. Bem-vinda, então. Rafael sorriu e havia algo genuíno nesse sorriso que fez Marina relaxar. Barcelona é incrível.

 Você vai amar. Eles conversaram durante todo o voo sobre arquitetura. Rafael era engenheiro civil sobre Barcelona, sobre comida espanhola, sobre nada e tudo. Era fácil, leve, sem peso ou complicações. Quando pousaram, Rafael a ajudou com a bagagem e escreveu seu número em um pedaço de papel, caso você precise de dicas sobre a cidade ou se quiser um tour pelos melhores restaurantes de tapas, sem compromisso, apenas como boas-vindas de um local.

 Marina pegou o papel, sorrindo. Obrigada. Eu posso ligar? Espero que sim. Marina pegou um táxi para seu novo apartamento moderno, cheio de luz, vista para o Mediterrâneo. Quando desempacotou naquela noite, encontrou o papel com o número de Rafael em seu bolso. Ela olhou para ele por um longo momento, então, surpreendendo-se, digitou no celular: “Oi, Rafael.

 É a Marina do avião. Ainda em pé essa oferta de tour de tapas?” A resposta veio em menos de um minuto. Definitivamente, amanhã à noite, Marina sorriu. Perfeito. Estava recomeçando e dessa vez seria em seus próprios termos. Barcelona era exatamente o que Marina precisava. Nova, excitante, cheia de possibilidades.

 O projeto arquitetônico era desafiador e recompensador. Seus colegas eram talentosos e apaixonados. E pela primeira vez em meses, Marina se sentia ela mesma. Rafael cumpriu sua promessa do tour de tapas e então sugeriu um tour de museus. Depois um passeio de bicicleta pela costa. Antes que Marina percebesse, eles estavam se vendo três, quatro vezes por semana.

 Mas era diferente, completamente diferente de tudo que ela tinha vivido com Alexandre. Rafael era aberto quando a convidava para jantar. Era em restaurantes movimentados, onde eles poderiam ser vistos por qualquer um. Quando a apresentou para seus amigos, foi com orgulho genuíno. Esta é Marina, arquiteta incrível que acabou de se mudar do Brasil.

 Não havia segredos, não havia esconder, não havia, ninguém pode saber. Três meses após chegarem em Barcelona, Rafael a convidou para um almoço de domingo com toda sua família extensa, pais, irmãos, tias, tios, primos. Marina estava nervosa, mas Rafael apenas segurou sua mão. Eles vão te adorar. Como não adorariam? O almoço foi caótico no melhor sentido possível.

 25 pessoas em uma casa pequena, todos falando ao mesmo tempo, rindo, comida espanhola tradicional enchendo cada centímetro da mesa. A mãe de Rafael abraçou Marina imediatamente. Ah, então você é a Marina. Rafael não para de falar de você. Marina olhou para Rafael, que estava corando. Não para. Talvez menciono você ocasionalmente. Ele admitiu sorrindo.

 Durante o almoço, Marina observou a dinâmica familiar. O jeito que eles riam juntos, brigavam sobre política, se abraçavam facilmente. Era tão diferente da formalidade fria da família de Alexandre. Aqui amor não tinha que ser conquistado ou merecido, era simplesmente dado livremente. Depois do almoço, quando eles estavam lavando louça na cozinha, a mãe de Rafael pegou o braço de Marina.

 Meu filho, ele é um bom homem, um pouco desastrado, às vezes um pouco distraído, mas tem bom coração. E o jeito que ele olha para você? Ela sorriu. É como meu esposo olhava para mim quando éramos jovens. Marina sentiu lágrimas picar em seus olhos. Ele é especial. Você também é, querida. Posso ver? E espero que você fique por aqui. Eu também espero. Marina sussurrou.

 Rafael e Marina começaram a namorar oficialmente em maio, seis meses depois que Marina havia explodido o casamento de Alexandre, um ano depois de seu primeiro encontro no restaurante que mudara tudo. Mas isso era tão fundamentalmente diferente que parecia irreal às vezes. Rafael não tinha regras, não tinha parede. Quando ficaram juntos pela primeira vez, foi em um fim de semana que eles planejaram juntos, em uma casa na costa que ele alugou especificamente para eles, nada escondido, nada apressado.

 E depois, quando estavam deitados na cama, assistindo o sol nascer sobre o Mediterrâneo, Rafael virou para ela e disse: “Eu estou me apaixonando por você. Só queria que você soubesse. Simples, direto, sem jogos.” Marina sentiu seu coração se abrir de um jeito que pensou não ser mais possível. Eu também estou me apaixonando por você. Eles ficaram quietos por um momento. Depois Rafael perguntou suavemente: “Você quer me contar sobre ele? O cara que te machucou?” Marina não tinha contado a história completa para Rafael, apenas mencionou brevemente um ex complicado. “Como você sabe que houve

alguém? Porque às vezes eu te vejo hesitar como se estivesse esperando que a outra sapato caia, como se não acreditasse totalmente que isso é real. Ele estava certo. Marina tinha percebido isso também, aquele momento de tensão quando Rafael a pegava em público, como se parte dela ainda esperasse que ele a largasse, que pedisse para esconder, mas ele nunca fazia. Então ela contou tudo.

 Alexandre, o relacionamento secreto, as promessas quebradas, o casamento, a confrontação. Rafael ouviu sem interromper, apenas segurou sua mão. Quando ela terminou, ele ficou quieto por um longo momento. Então disse: “Obrigado por me contar e obrigado por ser tão corajosa, porque o que você fez, confrontar ele e dizer a verdade e recomeçar aqui, leva uma coragem incrível. Não me senti corajosa, me senti quebrada.

 Coragem não é ausência de medo ou dor, é agir apesar deles. E você fez isso? Ele beijou a testa dela. E só para deixar claro, você nunca será meu segredo. Você é algo que eu quero gritar do telhado. Marina acreditou nele porque todos os dias, através de mil pequenas ações, Rafael provava isso. Quando ela apresentou um projeto importante no trabalho, Rafael estava na primeira fila aplaudindo alto.

 quando ela publicou um artigo em uma revista de arquitetura internacional, ele postou sobre isso orgulhosamente em todas as suas redes sociais. Quando eles iam a eventos juntos, ele sempre a apresentava primeiro. Esta é Marina, minha namorada. Um dia, Marina percebeu que não estava mais hesitando, não estava mais esperando a outra sapato cair, porque não havia outro sapato.

 Era apenas ia amor, real, honesto, livre. Um ano completo em Barcelona, Marina estava no terraço do projeto que ela tinha liderado, um complexo residencial sustentável, revolucionário, que já estava ganhando prêmios internacionais. O evento de inauguração estava acontecendo abaixo dela. Centenas de pessoas celebrando o trabalho que ela e sua equipe tinham criado.

 Rafael encontrou ela no terraço, duas taças de champanhe nas mãos. fugindo da sua própria festa, Marina sorriu apenas apreciando o momento. Eles ficaram lado a lado, olhando a cidade que tinha se tornado o lar dela. Marina, Rafael disse, e havia algo diferente na voz dele. Nervosismo? Tem algo que eu quero te perguntar? Ele se virou para ela, pegando suas mãos. E então, para completo choque de Marina, ele se ajoelhou. Eu sei que é só um ano.

 Eu sei que talvez seja rápido demais, mas quando você sabe, você sabe. Ele tirou uma pequena caixa de veludo do bolso. Marina Costa, você me faz querer ser melhor todos os dias. Você é inteligente, talentosa, forte, linda, por dentro e fora. E eu quero passar o resto da minha vida te lembrando o quanto você é incrível. Casa comigo. Marina olhou para ele.

 Esse homem que tinha aparecido na hora certa, que nunca pediu para ela ser menos do que era, que a amava alto e claro. Lágrimas correram por seu rosto. Sim, mil vezes sim. Rafael a levantou, girando ela, ambos rindo e chorando. Quando finalmente se beijaram, foi com a promessa de um futuro construído em honestidade e respeito mútuo.

 O anel era simples, mas bonito, um diamante modesto em ouro branco, exatamente o estilo dela. “Você gostou?”, Rafael perguntou ansioso. Minha irmã me ajudou a escolher, mas se você quiser trocar é perfeito. Marina o interrompeu. Completamente perfeito. Eles voltaram para a festa e Rafael imediatamente anunciou. Ela disse sim para qualquer um que quisesse ouvir.

 Nada de esconder, nada de esperar pelo momento certo, apenas alegria pura e não complicada. Marina finalmente entendeu a diferença entre ser um segredo e ser uma prioridade e nunca mais aceitaria menos. O casamento aconteceu se meses depois em uma pequena capela na costa espanhola. Diferente do espetáculo grandioso que Alexandre tinha planejado, Marina e Rafael quiseram algo íntimo.

 Apenas 80 pessoas, família próxima e amigos queridos. Amanhã do casamento, Laura tinha voado do Brasil para ser sua madrinha de honra. “Você parece feliz”, Laura disse enquanto ajudava Marina com o vestido. “Realmente genuinamente feliz”. “Eu sou”, Marina, respondeu. E era verdade, sem sombra de dúvida, sem medo escondido, apenas felicidade pura.

O vestido era simples, renda branca, delicada, corte império, sem a extravagância de produções de revista. Mas Marina se sentiu mais bonita do que nunca. Rafael a esperava no altar da pequena capela. E quando ela começou a caminhar pelo corredor, não escoltada por ninguém, porque não precisava ser entregue, era sua própria pessoa, ele não escondeu suas lágrimas.

 Quando ela chegou até ele, Rafael sussurrou: “Você é a coisa mais linda que já vi”. O padre, um amigo da família deles, não um estranho formal, conduziu uma cerimônia pessoal e calorosa. Eles tinham escrito seus próprios votos. Rafael foi primeiro, segurando as mãos dela.

 Marina, você me ensinou que amor não é sobre posse ou controle, é sobre liberdade. Liberdade de ser quem você realmente é enquanto eu te apoio. Prometo nunca te esconder, nunca te diminuir, nunca fazer você sentir menos do que a mulher incrível que é. Prometo escolher você todos os dias, alto e claro. Prometo que quando o mundo perguntar quem é a mulher ao seu lado, eu direi com orgulho: “Esa é minha esposa Marina, e ela é extraordinária”.

Marina estava chorando abertamente agora, mas eram lágrimas felizes. Então, foi sua vez, Rafael. Você me encontrou quando eu estava quebrada, mas você não tentou me consertar. Você apenas me amou enquanto eu me consertava. Você me mostrou que amor verdadeiro não exige segredos ou sacrifícios do que você é.

Prometo ser sua parceira em tudo, seu porto seguro, sua maior apoiadora. Prometo nunca fazer você pequeno para que eu possa parecer maior. Prometo construir uma vida onde ambos podemos brilhar. Não havia dúvidas quando trocaram as alianças. Não havia hesitação quando o padre disse: “Pode beijar a noiva”. E quando se beijaram, toda a capela explodiu em aplausos e assobios.

 Nada de formalidade contida, apenas celebração barulhenta e alegre. A recepção foi na praia, com mesas ao ar livre, luzes de fada penduradas em árvores, música ao vivo. Rafael dançou com Marina durante toda a noite, nunca soltando sua mão. Durante o primeiro brinde, o irmão mais velho de Rafael levantou sua taça.

 Para o casal, Rafael finalmente encontrou alguém que pode tolerar suas piadas ruins e sua obsessão com futebol. Todos riram, incluindo Rafael. Então o irmão ficou mais sério. Mas falando sério, vocês dois são o que amor deve ser. Respeitoso, alegre, livre. Marina, bem-vinda à família oficialmente. Você tem sido parte dela desde o primeiro almoço de domingo. Marina sentiu calor se espalhar por seu peito.

 Família, real, bagunçada, amorosa família, não perfeição fria, que tinha que ser merecida. Mais tarde, quando o sol estava se pondo sobre o Mediterrâneo, Rafael a puxou para longe da festa por um momento. “Feliz?”, ele perguntou, “Mais do que eu sabia ser possível?” Marina respondeu honestamente. Eu também. E Marina? Obrigado.

 Por quê? Por me escolher, por confiar novamente depois de tudo que você passou. Sei que não foi fácil. Marina tocou seu rosto. Você tornou fácil. Todo dia você torna fácil. Eles ficaram ali abraçados enquanto seus amigos e família celebravam atrás deles. Era tudo que Marina tinha sempre sonhado, não o casamento grandioso ou os vestidos caros, mas amor real, honesto, livre.

 A lua de mel foi duas semanas explorando a Itália, Roma, Florença, Veneza. Sem pressa, sem horários rígidos, apenas dois pessoas apaixonadas descobrindo o mundo juntas. Em Veneza, enquanto passeavam de gôndola pelos canais ao pôr do sol, Rafael disse: “Quer saber uma coisa? Eu agradeço todo o dia que você estava no meu voo, como se o universo conspirasse para nos colocar juntos.

 Destino?” Marina provocou. “Talvez, ou talvez só sorte absurda.” Ele beijou a testa dela. Não importa o motivo, só importa que você está aqui. Quando voltaram para Barcelona, voltaram para um apartamento que agora era oficialmente deles. Não dele ou dela, mas o primeiro lar compartilhado.

 Marina pendurou uma foto da cerimônia de casamento na parede, eles sorrindo um para o outro, obviamente completamente apaixonados. Cada vez que ela passava por essa foto, sentia gratidão, não apenas por Rafael, mas por si mesma, por ter tido coragem de sair, por ter se recusado a aceitar migalhas, por ter escolhido sua dignidade sobre o medo da solidão.

 Seis meses após o casamento, Marina descobriu que estava grávida. Quando contou para Rafael, ele gritou tão alto que os vizinhos bateram na parede. Então ele a pegou no colo, girando ela, rindo e chorando ao mesmo tempo. “Vamos ter um bebê, Marina? Vamos ter um bebê?” “Eu sei. Eu estava lá quando fizemos ele.” Marina estava rindo também.

 Rafael imediatamente ligou para toda sua família gritando a notícia. Postou no Instagram uma foto deles dois segurando o teste de gravidez. “Vamos ser pais. A mulher mais incrível do mundo está carregando nosso filho. Nada de esconder, nada de esperar o tempo certo, apenas alegria compartilhada abertamente. O filho deles, Lucas, nasceu nove meses depois.

 Saudável, perfeito, com os olhos escuros do pai e o sorriso da mãe. Rafael chorou quando o segurou pela primeira vez. Oi, pequenininho. Sou seu papai e essa mulher incrível aqui é sua mamãe. Você é o bebê mais sortudo do mundo. Marina observou seu marido com o filho deles e sentiu seu coração transbordar. Isso. Isso era o que amor parecia.

 Não promessas vazias ou gestos grandiosos, mas presença constante, respeito inabalável, parceria verdadeira. E ela nunca mais aceitaria menos. 3 anos. Três anos desde aquele dia na igreja, quando Marina tinha explodido a vida de Alexandre e reconstruído a sua própria das cinzas. Marina estava agora no palco principal de uma conferência internacional de arquitetura em Madrid, apresentando seu trabalho sobre design sustentável urbano.

 800 pessoas na plateia, arquitetos, engenheiros, investidores, jornalistas. Ela estava no meio de sua apresentação, completamente confiante, quando seu olhar varreu a audiência e parou em um rosto familiar na décima fila, Alexandre. Ela pausou por apenas meio segundo, tão breve que provavelmente ninguém notou. Mas ela notou.

 Seu coração deu aquele pulo familiar, mas não de amor, de surpresa, talvez de memória. Ele parecia bem, não tão quebrado quanto a última vez que tinha visto no aeroporto. Mais maduro, talvez. Cabelos ligeiramente grisalhos nas têmporas, olhos ainda intensos, mas havia algo diferente neles também. Marina terminou sua apresentação para aplausos entusiastas, respondeu perguntas com graça e inteligência, não olhou para Alexandre de novo.

 Depois, no coquetel de networking, ela estava conversando com um grupo de arquitetos dinamarqueses quando sentiu uma presença familiar ao lado. Marina, ela se virou. Alexandre estava a um mro de distância, vestido casualmente mais caro, jeans escuros, suéter de lã, sem a armadura executiva de terno. “Alexandre,” voz estava calma, neutra.

 “O que você está fazendo aqui? Sou palestrante amanhã sobre ética empresarial e responsabilidade social.” Ele sorriu sem humor. Que irônico. Eu sei. Marina acenou para os arquitetos que estava falando. Com licença, já volto. Ela e Alexandre se afastaram para um canto mais quieto do salão. Ficaram em silêncio por um momento, apenas se observando.

 Três anos tinham mudado ambos, mas Marina podia dizer que as mudanças nela tinham sido para melhor. “Sua apresentação foi incrível”, Alexandre disse “Finalmente, “Seu projeto em Barcelona é revolucionário.” via as fotos, li os artigos. Você está fazendo exatamente o que sonhava. Obrigada. E ouvi dizer que você se casou e tem um filho. Marina instintivamente tocou a aliança simples de ouro branco no dedo. Dois.

 Na verdade, Lucas tem dois anos. Estou grávida de novo. Uma menina, Helena. Algo passou pelo rosto de Alexandre. Não inveja exatamente, mas reconhecimento de tudo que ele tinha perdido. Estou feliz por você. Sinceramente, você merece toda essa felicidade. E você?”, Marina perguntou genuinamente curiosa.

 “Como você está?” Alexandre passou a mão pelos cabelos, um gesto tão familiar que Marina teve um flash de memória do homem que ela tinha amado. Mas foi apenas isso. Memória? Sem dor, sem saudade. Estou melhor. Não foi fácil. Meu pai me removeu como CEO por do anos. Tive que trabalhar meu caminho de volta do zero, provando meu valor. Foi humilhante, mas também necessário. Ele olhou para ela diretamente.

 Eu precisava cair para crescer e sua vida pessoal. Solteiro, não namorando ninguém sério. Ainda estou aprendendo a ser honesto comigo mesmo antes de poder ser honesto com outra pessoa. Marina acenou. É um bom lugar para começar. Olha, Marina, eu sei que já disse isso antes, mas preciso dizer de novo. Sinto muito. Por tudo que fiz, tudo que te coloquei.

Você estava certa sobre mim. Eu era covarde, egoísta, tentava ter tudo sem sacrificar nada. Eu sei. E o que você fez naquele dia na igreja parecia cruel na época, mas foi a coisa mais bondosa que alguém já fez por mim. Você me forçou a confrontar minhas mentiras, minhas fraquezas, me deu chance de me tornar uma pessoa melhor. Marina pensou sobre isso.

 Não fiz por você, fiz por mim e por Beatriz, mas fico feliz que tenha levado algo positivo disso. Você sabe o que percebi depois? Alexandre continuou. Eu nunca realmente te tive. Eu tinha uma versão de você que estava disposta a se esconder, a aceitar migalhas. Mas a Real Marina, essa mulher forte, confiante, radiante na frente de mim agora, ela nunca foi minha, porque eu nunca criei espaço para ela existir.

 Marina sentiu seus olhos ardendo, mas não de tristeza, de validação. Você está certo. Você nunca me teve porque nunca realmente me viu. Mas ele vê, não é, seu marido, Rafael. Marina sorriu automaticamente ao dizer o nome. Sim, ele vê todo dia ele me vê todo dia ele me escolhe. Não escondido, não envergonhado, orgulhosamente.

 Como em um momento perfeito de timing cósmico, Marina sentiu uma mão em sua cintura. Rafael havia aparecido ao lado dela, sorrindo aquele sorriso fácil e aberto. Ele tinha estado em casa com Lucas durante a conferência dela, mas tinha voado para Madrid para surpreendê-la. Oi, meu amor”, ele disse, beijando sua bochecha naturalmente. Então ele olhou para Alexandre, estendendo a mão.

 “Olá, Rafael Morales, marido de Marina”. Alexandre apertou a mão e Marina viu o reconhecimento cruzar seu rosto. Alexandre Cavalcante, conhecido antigo de Marina. Ah, Rafael não perdeu o ritmo, apenas apertou o ombro de Marina protetoramente. Bem, bom te conhecer. A mensagem estava clara, se não em palavras. Ela está comigo agora. Ela está feliz. Ela está segura.

 Alexandre entendeu. Vocês formam um belo casal. E Marina, sua família, você tem tudo que sempre mereceu. Tenho. Marina concordou. Finalmente. Houve um momento de silêncio desconfortável. Então, Alexandre deu um passo para trás. Vou deixar vocês. Foi bom te ver, Marina. De verdade, cuida dela”, ele disse para Rafael.

 “Sempre”, Rafael respondeu sem hesitar. Alexandre acenou e desapareceu na multidão. Rafael se virou para Marina, olhos cheios de perguntas silenciosas. “Então aquele era aquele era”, Marina confirmou, “Mas é passado, muito passado. Você está bem?” Marina pensou sobre isso.

 Tinha esperado que ver Alexandre seria difícil, doloroso, que reabriria feridas antigas, mas tudo que sentiu foi paz, fechamento completo. Estou mais do que bem. Estou incrível. Ela se virou para abraçar seu marido. Obrigada por estar aqui. Sempre estarei. Onde quer que você vá, qualquer palco que conquiste, qualquer sonho que alcance, vou estar na primeira fila aplaudindo. Eu sei. É por isso que te amo.

 Eles ficaram ali por um momento, apenas se abraçando no meio do coquetel movimentado, alhei-os a todo mundo ao redor. Três meses depois, Marina estava em casa no jardim que ela mesma tinha projetado. espaço exterior integrado perfeitamente com a arquitetura da casa, plantas nativas espalhadas estrategicamente, pequeno playground onde Lucas estava correndo atrás de bolhas de sabão. Helena tinha nascido duas semanas atrás.

 Uma menina saudável, com pulmões poderosos e o temperamento calmo da mãe. Ela estava dormindo no carrinho ao lado de Marina, embrulhada em uma manta rosa. Rafael estava com Lucas, fazendo vozes engraçadas enquanto perseguia o menino. Sou um monstro de bolhas. Vou te pegar. Lucas gargalhava correndo e tropeçando nas próprias perninhas curtas. Não, papai, eu muito rápido. Marina observava sua família.

Sua família. e sentiu uma onda de gratidão tão intensa que quase doía. Três anos atrás, ela estava quebrada, escondida, aceitando migalhas de amor. Agora ela tinha isso. Uma família que a amava abertamente, um marido que a valorizava publicamente, filhos que cresceriam vendo o que amor verdadeiro parece.

 Rafael pegou Lucas no colo, girando ele no ar, ambos rindo. Então ele veio até Marina, colocou Lucas no colo dela cuidadosamente, porque ela ainda estava se recuperando do parto, e se sentou ao lado deles. “Minha família perfeita”, ele disse, beijando a cabeça de Marina. “Não somos perfeitos, Marina corrigiu.

 Somos bagunçados e cansados, e Helena nos mantém acordados a noite toda. Então, somos perfeitamente imperfeitos. Melhor ainda. Lucas pegou a mão de Marina. Mamãe, você cansada? Um pouco, meu amor. Então eu fazer você feliz. Lucas deu um beijo molhado na bochecha dela. Agora melhor. Marina riu, abraçando seu filho. Muito melhor. Obrigada, bebê. Rafael a observava com aquele olhar. Aquele que dizia que ela era seu mundo.

 Sabe o que estou pensando? O quê? Que sou o homem mais sortudo vivo. Olha isso. Olha o que construímos. Uma vida onde podemos simplesmente existir, ser felizes, sem dramas, sem segredos, apenas amor simples e honesto. Não foi sorte, Marina disse suavemente. Você trabalhou para isso. Todo dia você trabalha para isso. Nós trabalhamos para isso, Rafael corrigiu. Somos equipe.

 Marina olhou ao redor o jardim que projetou, a casa que tornaram lar, os filhos que criaram, o homem que a amava sem vergonha ou hesitação. Ela pensou em Alexandre ainda sozinho, ainda aprendendo lições que deveria ter aprendido anos atrás. Ela não sentiu raiva ou satisfação, apenas esperança.

 Esperança que ele encontraria seu caminho, que se tornaria o homem que poderia ter sido. Mas isso não era mais problema dela. Ela tinha seguido em frente. Tinha construído algo infinitamente melhor. Rafael se inclinou, sussurrando contra o cabelo dela. Te amo, me amor, e faço questão que o mundo todo saiba. Ontem, hoje, amanhã, sempre. Marina sorriu, lembrando de outro homem que uma vez sussurrou palavras de amor apenas em quartos escuros.

 Rafael não sussurrava em segredo. Ele declarava em voz alta, orgulhosamente, para qualquer um que quisesse ouvir. Eu também te amo. Ela respondeu. E obrigada. Por quê? Por me ver, por me escolher, por fazer ser amada parecer fácil. Rafael tocou seu rosto com ternura infinita. Amar você é a coisa mais fácil que já fiz. O sol estava se pondo, pintando o céu de dourado e rosa.

 Lucas estava brincando com seus brinquedos. Helena dormia pacificamente. Rafael segurava Marina. Era um momento perfeitamente imperfeito de vida real. Não havia dramonia, não havia grande revelação, apenas o peso maravilhoso e comum de ser feliz. Marina pensou na mulher que ela era três anos atrás.

 Quebrada, mas crescendo, magoada, mas curando, perdida, mas encontrando seu caminho. Se pudesse falar com aquela mulher agora, diria: “Você vai sobreviver a isso. Mais do que sobreviver, você vai prosperar. Você vai aprender que seu valor não depende de alguém te escolher. Você vai encontrar um homem que te ama alto e claro. Você vai construir uma vida linda. Só precisa ter coragem de escolher a si mesma primeiro. E ela tinha, ela tinha escolhido a si mesma.

 E isso fez toda a diferença. Marina olhou para as estrelas, começando a aparecer no céu escurecente. Ela não era mais um segredo, não era mais escondida, não era mais menos do que merecia. Ela era amada abertamente, orgulhosamente, completamente. E essa, ela percebeu, era a vingança perfeita, não destruir quem te machucou, mas construir algo tão lindo que eles percebem o que perderam.

Rafael apertou sua mão no que está pensando? Marina sorriu, descansando a cabeça no ombro dele. Em quão longe cheguei e em quão grata estou por não ter desistido de acreditar que merecia mais. Você merece tudo, Rafael disse simplesmente, e vou passar o resto da minha vida te lembrando disso e Marina acreditou nele, porque todos os dias, através de mil pequenas ações e palavras, ele provava isso.

 Ela não era mais o segredo de ninguém, era a história de amor que todos podiam ver. E essa era a melhor vingança de todas, viver tão bem que sua felicidade falava mais alto do que qualquer confronto jamais poderia. M.