Era para ser apenas um beijo em um estranho qualquer até ele se apresentar no palco como o seu novo chefe. O salão nobre do Hotel Unique brilhava sobres de cristal, como uma constelação particular suspensa sobre São Paulo. Gabriela Silva ajeitou pela décima vez o vestido azul royal que abraçava seu corpo como uma segunda pele. Três meses de salário.
Três meses economizando cada centavo para aquela noite. Seus dedos tremiam ao segurar o tablet com a apresentação que poderia mudar sua carreira. R 15 milhõesais, um projeto de revitalização urbana para a zona leste da cidade. 200 pessoas esperando. Investidores, executivos. A elite da construção civil paulistana.
Você vai arrasar, sussurrou Juliana ao seu lado, apertando sua mão com força. A melhor amiga desde os tempos da Fusp conhecia cada insegurança que Gabriela carregava como pedras no bolso. Estou morrendo de medo, Ju. Medo é bom. Significa que você se importa. Gabriela inspirou fundo, sentindo o ar condicionado, gelado contra sua pele.
O tecido do vestido era perfeito, o caimento impecável. Ela havia ensaiado a apresentação 50 vezes. Conhecia cada vírgula, cada número, cada argumento. Aos 26 anos, gerente de projetos da construtora Horizonte, aquela era sua chance de provar que merecia estar ali. O mestre de cerimônias anunciou seu nome. O sangue bombeou em seus ouvidos como tambores de guerra.
Ela caminhou até o palco com passos medidos, ensaiados. O salto fino afundava no tapete vermelho. Luzes aegaram momentaneamente. 200 pares de olhos fixos nela. Boa noite, sua voz saiu firme, controlada. Meu nome é Gabriela Silva e hoje vou apresentar um projeto que pode transformar não apenas um bairro, mas a vida de milhares de famílias.
Ela girou para apontar a primeira imagem projetada na tela gigante atrás de si. E foi naquele movimento simples, naquele giro que havia feito mil vezes em casa, que o mundo desmoronou. O som foi inconfundível, um rasgo seco, violento. O zíper lateral do vestido se abriu completamente do quadril até a axila. O tecido azul desabou, expondo sua langerie preta, sua pele nua, sua vulnerabilidade total. O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor.
Gabriela congelou. Cada músculo do seu corpo transformado em pedra não conseguia respirar, não conseguia pensar. 200 pessoas, 200 testemunhas do seu pior pesadelo. Alguém ofegou, outro alguém sussurrou. O murmúrio começou a crescer como uma onda. Lágrimas queimaram seus olhos, mas ela recusou deixá-las cair.
Suas mãos tremiam violentamente enquanto tentava segurar o tecido contra o corpo. O tablet escorregou de seus dedos e bateu no chão com um estalo. Eu eu preciso As palavras morreram em sua garganta e então uma figura surgiu do fundo do salão. Um homem alto, de terno cinza impecável caminhou até o palco com passos decididos.
Ele subiu os degraus sem hesitar, removeu o palitó enquanto se aproximava. Antes que Gabriela pudesse processar o que estava acontecendo, ele cobriu suas costas com a peça de roupa, envolvendo-a completamente. “Vem comigo”, ele sussurrou, sua voz grave e surpreendentemente gentil. “Confie em mim.
” Gabriela olhou para cima, encontrando olhos castanhos intensos que pareciam enxergar direto através dela. Ele tinha cerca de 30 anos, maxilar, forte. cabelo escuro, perfeitamente penteado, mas era a expressão em seu rosto que a paralisou. Pura compaixão, sem julgamento, sem pena. Ele a guiou gentilmente pelo palco, protegendo-a dos olhares curiosos com seu próprio corpo.
Sua mão firme nas costas dela era reconfortante, segura. Eles atravessaram uma porta lateral que Gabriela nem sabia que existia. O corredor estava deserto, silencioso. A diferença com o caos do salão era brutal. “Respira”, ele disse, virando-a de frente para ele. “Você está bem? Você está a salvo.
” Gabriela finalmente permitiu que as lágrimas caíssem. Elas correram quentes por suas bochechas, borrando a maquiagem que havia levado uma hora para aplicar. “Eu, meu vestido todo mundo viu.” Sua voz saiu quebrada, destruída. “Hei”. Ele segurou seu rosto com as duas mãos, forçando-a a olhar para ele. Olha para mim. Isso não define você.
Um vestido não define quem você é. Eu trabalhei tanto, três meses para comprar este vestido. A apresentação. Tudo arruinado. Nada está arruinado. Ele limpou suas lágrimas com os polegares. O toque surpreendentemente íntimo. Só precisamos consertar o vestido e você volta lá. Não tenho como consertar. Não tem costura.
Não tem. Espera aqui. Ele desapareceu por uma porta que dava para o que parecia ser uma sala de reuniões privativa. Gabriela encostou na parede, o palitó dele ainda quente contra suas costas. Ela podia sentir o cheiro da colônia masculina, algo amadeirado e sofisticado. Seu coração ainda batia descompassado, a humilhação queimava sua pele como ácido.
Ele voltou segurando algo triunfantemente. Um rolo de fita adesiva prata. Você está de brincadeira”, Gabriela disse. Uma risada histérica escapando de seus lábios. “Totalmente sério.” Ele sorriu. “E Deus? Aquele sorriso era devastador. Confia em mim. Já usei fita adesiva para coisas muito mais improváveis que isso.” Ele a guiou para dentro da sala privativa, fechando a porta atrás deles.
A luz era suave, acolhedora. Havia uma mesa de reuniões, cadeiras de couro, uma vista panorâmica de São Paulo através das janelas. Vira de costas. Ele instruiu gentilmente. Gabriela obedeceu. Seu corpo ainda tremendo. Ela sentiu quando ele começou a trabalhar.
Suas mãos firmes, mas cuidadosas, contra o tecido. Ele puxava o zíper, alinhava o tecido, aplicava a fita adesiva com precisão cirúrgica. “Como você sabe fazer isso?”, Ela perguntou, precisando quebrar o silêncio tenso. “Engenharia”, ele respondeu concentrado. “A gente aprende a improvisar. E tenho três irmãs. Já salvei mais vestidos em bailes de formatura do que você imagina.
Outra risada, desta vez genuína, escapou dela. Qual seu nome?” Houve uma pausa. Ela sentiu a hesitação dele, como se aquela pergunta simples tivesse um peso que ela não entendia. Lucas, ele finalmente disse: “E você é Gabriela Silva. Eu vi seu nome na programação. Você veio especificamente para minha apresentação.
Entre outras coisas, sua voz tinha algo indefinível. Mistério, segredo. Os dedos dele roçaram sua pele enquanto ajustava o vestido. Não era sexual, mas era íntimo. Gabriela sentiu arrepios percorrer em sua coluna. Ela fechou os olhos tentando controlar a respiração. “Por que está me ajudando?”, ela sussurrou. Você nem me conhece. Lucas parou de trabalhar por um momento.
Ela podia sentir o calor dele atrás dela. Podia ouvir sua respiração. Porque reconheço coragem quando vejo, ele disse baixo. E porque todo mundo merece uma segunda chance. Algo se rompeu dentro de Gabriela. A adrenalina, o medo, a vergonha. Tudo desabou de uma vez, mais lágrimas caíram. Ela cobriu o rosto com as mãos.
Eu não sou corajosa”, ela confessou. “Estou apavorada, sempre estive. Coragem não é ausência de medo.” Lucas virou a gentilmente para encará-lo. Ele estava tão perto que ela podia ver pequenos pontos dourados em seus olhos castanhos. “Coragem é ter medo e fazer mesmo assim. E você subiu naquele palco. Isso é coragem.” Ele terminou de ajustar a fita adesiva, suas mãos deslizando pela lateral do vestido para garantir que estava seguro. Gabriela olhou para baixo. Era impossível ver o reparo.
A fita prateada estava completamente oculta pelo tecido. Como você magia, ele piscou e fita adesiva de qualidade. Gabriela riu. Uma risada real que dissolveu parte da tensão em seus ombros. Ela olhou para Lucas novamente. Realmente olhou. Ele era bonito de uma forma clássica, masculina, mas era a bondade em seus olhos que a desarma completamente. “Obrigada”, ela sussurrou.
“Sério, obrigada por isso, por não me julgar, por aparecer quando eu mais precisava.” “Não precisa agradecer”, ele disse, mas não se afastou. Eles estavam muito próximos agora, perigosamente próximos. O ar entre eles mudou, ficou denso, carregado. Gabriela podia ver o momento exato em que os olhos dele caíram em seus lábios.
Viu quando ele engoliu seco, quando sua respiração ficou mais superficial. Gabriela, ele começou, mas ela não o deixou terminar. Ela o beijou. Foi impulsivo, desesperado, completamente fora de personagem. Mas naquele momento, com seu mundo desmoronando e aquele estranho lindo sendo a única coisa sólida para se agarrar, ela precisava precisava sentir algo além da humilhação.
Precisava saber que ainda estava viva, ainda era desejada, ainda era mais que aquele momento horrível. Lucas congelou por uma fração de segundo. Então, suas mãos encontraram a cintura dela e ele aprofundou o beijo. Foi devastador. Seus lábios eram firmes, mas suaves, se movendo contra os dela, com uma confiança que fazia seus joelhos fraquejarem. Ele a puxou contra seu corpo e ela foi derretendo contra ele. Uma de suas mãos subiu para seu cabelo.
A outra permaneceu firme em sua cintura, mantendo-a ancorada. Gabriela esqueceu onde estava. esqueceu o desastre, esqueceu tudo, exceto a sensação de Lucas contra ela, o gosto dele, o som baixo que ele fez no fundo da garganta quando ela mordeu seu lábio inferior. Quando finalmente se separaram, ambos estavam sem ar. Lucas encostou sua testa na dela, seus olhos ainda fechados.
Isso foi, ele começou. Um erro. Gabriela se afastou abruptamente, a realidade batendo como um tapa. Desculpa, eu não deveria ter. Você só estava sendo gentil e eu para Lucas segurou seu braço, impedindo a de fugir. Não foi um erro. E eu definitivamente não estava apenas sendo gentil.
Seus olhos se encontraram e Gabriela viu algo ali que fez seu estômago revirar. Desejo, interesse genuíno, promessa. Eu preciso voltar, ela disse. Mas não soou convincente nem para ela mesma. Você precisa. Ele concordou, mas também não a soltou. Mas antes ele tirou algo do bolso, um cartão de visita. Colocou na mão dela. Liga para mim, ele disse.
Quando tudo isso passar, quando você estiver pronta, liga. Gabriela olhou para o cartão. Letras douradas em relevo. O nome que fez seu coração parar. Lucas Mendes. CEO, Construtora Horizonte. O mundo congelou. CEO, sua empresa, seu chefe. O homem que ela acabara de beijar era seu chefe. “Você, você é o novo CEO”, ela sussurrou, horror crescendo em sua voz.
Lucas suspirou, uma expressão de culpa cruzando seu rosto. “Eu queria te contar, mas o quê?” Gabriela se afastou como se ele a tivesse queimado. “Você sabia quem eu era esse tempo todo? Gabriela? Deixa eu explicar. Eu preciso ir.” Ela caminhou em direção à porta. sua mente girando. Eu preciso. Deus, o que eu fiz? Espera. Mas ela já tinha ido. A segunda-feira chegou como um martelo batendo em sua cabeça.
Gabriela estava sentada em sua mesa no escritório da construtora Horizonte, olhando fixamente para a tela do computador, sem realmente ver nada. O café na sua frente havia esfriado há meia hora. “Você parece péssima.” Juliana apareceu ao seu lado, colocando um pão de queijo quentinho em sua mesa. Ainda pensando na cesta? Não consigo parar”, Gabriela admitiu mordendo o lábio.
Ela havia contado tudo para a amiga. O vestido, o resgate, o beijo, a revelação. Olha, você não fez nada de errado. Juliana puxou uma cadeira. Você não sabia quem ele era. E tecnicamente você ainda não trabalha diretamente para ele. Eu trabalho na empresa dele, Ju. Isso é terrível. E eu, Deus, eu beijei meu chefe. Tecnicamente ele te beijou de volta. Juliana apontou com um sorriso.
E pelo que você contou, não foi exatamente um beijo inocente. Gabriela corou, lembrando do calor, da intensidade, de como Lucas havia gemido contra seus lábios. “Para de me ajudar.” Ela resmungou, mas não conseguiu esconder o sorriso. “Você precisa conversar com ele”, Juliana disse, “Estaelecer limites. Deixar claro que aquilo foi um momento de fragilidade e não vai se repetir. Você está certa.
” Gabriela concordou, mas seu estômago se revirou só de pensar. Vou mandar um e-mail agendando uma reunião e não precisa de e-mail. A voz grave veio de trás delas. Ambas se viraram simultaneamente. Lucas Mendes estava ali impecável em um terno azul marinho, mãos nos bolsos, aqueles olhos castanhos fixos em Gabriela, com uma intensidade que fez o ar escapar de seus pulmões.
“Senrita Silva”, ele disse formalmente, “mas havia algo quente em sua voz. “Pode vir ao meu escritório agora?” Não era um pedido. Juliana cutucou Gabriela discretamente, seus olhos arregalados em um meu Deus silencioso. Claro, senor Mendes. Gabriela se levantou, suas pernas bambas. Ela alisou a saia, pegou uma pasta só para ter algo para segurar e o seguiu. O escritório dele ficava no último andar.
Todo o trajeto no elevador foi torturante. Eles estavam sozinhos na cabine pequena e silenciosa. Gabriela podia sentir o calor emanando dele. Podia sentir quando ele a olhava de relance. “Gabriela,” ele começou aqui. Não. Ela cortou, olhando fixamente para os números, acendendo. 15 16 17 Ele suspirou, mas não insistiu. As portas se abriram no 20º andar.
O escritório de Lucas era enorme, com paredes de vidro oferecendo uma vista de 360º de São Paulo. Havia uma mesa de Mógno, estantes com livros de engenharia e arquitetura e um sofá de couro preto. Fecha a porta, ele instruiu. Gabriela obedeceu, seu coração trovejando. Assim que a porta clicou, Lucas se virou para encará-la sobre sexta-feira. Ele começou. Foi um erro.
Ela o interrompeu rapidamente, precisando dizer antes que perdesse a coragem. Eu estava vulnerável, emocional e você estava sendo gentil. Eu não deveria ter. Nós não deveríamos ter. Foi um erro? Ele repetiu sua voz perigosamente baixa. Ele deu um passo em sua direção. É isso que você realmente acha? É.
Ela mentiu, recuando até suas costas baterem na porta. Nós temos uma relação profissional agora. Precisa continuar sendo profissional. profissional. Lucas riu, mas não havia humor. Ele continuou avançando até estar tão perto que ela podia sentir seu calor. Você quer que eu seja profissional depois de provar seus lábios? Depois de te sentir derreter nos meus braços? Lucas, eu não consigo parar de pensar naquele beijo”, ele confessou, sua voz rouca.
Não consigo parar de pensar em você, em como você se sentiu contra mim, em como você gemeu quando eu te puxei mais perto. O ar entre eles estava eletricamente carregado. Gabriela sentia cada nervo do seu corpo em chamas. Nós não podemos, ela sussurrou, mas soou fraco até para ela.
Não podemos ou você não quer Ele desafiou seus olhos queimando-nos dela, ambos, mas seu corpo atraía, inclinando-se imperceptivelmente em direção a ele. Lucas levantou a mão, seus dedos roçando sua bochecha em uma carícia que fez seus olhos se fecharem involuntariamente. “Você está mentindo”, ele murmurou. Posso ver na forma como você me olha, na forma como você treme quando estou perto.
Você sentiu o que eu senti, Gabriela? Não mente sobre isso. Ela abriu os olhos, encontrando-o tão perto que podia contar cada cílio. E se sim? Ela desafiou de volta, encontrando coragem que não sabia que possuía. E se eu sentir algo? Isso não muda o fato de que você é meu chefe, que qualquer coisa entre nós seria inapropriada, que as pessoas vão falar. Deixa elas falarem. Fácil para você dizer.
Gabriela o empurrou levemente, criando espaço entre eles. Você é o CEO. Eu sou só uma gerente de projetos. Se isso vazar, quem você acha que vai ser julgada? Eu. Vão dizer que dormi com o chefe para subir, que consegui meus projetos sendo bonita, não competente. A raiva em sua voz o fez parar. Ele recuou um passo, passando a mão pelo cabelo em frustração. Você tem razão, ele admitiu.
Desculpa, eu não pensei não quis te colocar nessa posição. Mas colocou. Gabriela disse, mais calma agora. E agora precisamos descobrir como lidar com isso profissionalmente. Lucas voltou para trás de sua mesa, criando uma distância segura. Ele pareceu coletar seus pensamentos antes de falar.
Seu projeto de revitalização”, ele disse, “Voltando ao modo executivo. Li sua apresentação completa, a que você não conseguiu dar na cesta.” Gabriela congelou. “E brilhante”, ele disse simplesmente inovador, sustentável, socialmente consciente. Exatamente o tipo de projeto que esta empresa precisa abraçar. Você está aprovando? Ela mal conseguiu acreditar. com uma condição. Ele olhou para ela intensamente.
Você vai liderar a implementação pessoalmente. O que significa reuniões diárias comigo pelos próximos três meses? O estômago de Gabriela deu um nó. Isso é, você está fazendo isso de propósito? Estou fazendo porque você é a melhor pessoa para o projeto”, ele disse firmemente. E sim, também porque quero te conhecer melhor profissionalmente, ele adicionou rapidamente.
Quero ver como você trabalha, como você pensa, como você lidera. Lucas três meses, ele disse, “me dá três meses de interações puramente profissionais. Deixa eu provar que posso separar o pessoal do profissional. E se depois desses três meses você ainda quiser manter distância, eu respeito.
Era loucura, completa loucura passar três meses em reuniões diárias com um homem que a fazia sentir coisas que ela não estava preparada para sentir. Mas era também a chance da sua carreira, liderar um projeto de 15 milhões, provar seu valor puramente profissional, ela repetiu. Minha palavra, ele estendeu a mão. Gabriela a apertou, tentando ignorar a faísca que atravessou seu braço com o contato.
Três semanas se passaram, três semanas de reuniões diárias que testavam cada grama de autocontrole de Gabriela. Lucas era impecavelmente profissional durante as reuniões. Questionava suas escolhas de design, debatia orçamentos, revisava cronogramas. Ele era exigente, brilhante, visionário.
Trabalhando ao lado dele, Gabriela entendia porque a empresa o havia contratado tão jovem. Mas havia momentos, pequenos momentos, que a faziam questionar se aquela distância profissional era genuína, como na terça-feira da segunda semana, quando ela chegou à reunião matinal e encontrou uma caixa de pão de queijo mineiro em sua cadeira.
“Como você sabia?”, ela perguntou, olhando para Lucas surpresa. “Perguntei por aí.” Ele deu de ombros casualmente, mas havia um sorriso brincando em seus lábios. Ouvi dizer que é sua comida favorita. ou na quinta-feira, quando ela estava revisando plantas e sentiu um peso em sua mesa. Era um rolo de fita adesiva prata com um laço de cetim vermelho amarrado ao redor.
Achei que você deveria ter um Lucas disse quando ela o olhou confusa. Nunca se sabe quando pode precisar consertar algo. O coração dela derreteu um pouco. ontem, quando ela mencionou casualmente que amava jasmins e chegou esta manhã para encontrar um pequeno arranjo das flores brancas em sua mesa com um cartão para clarear seu dia. L, isso precisa parar, Juliana disse, farejando as flores.
Ele está te cortejando e você está deixando. Não estou deixando. Gabriela protestou fracamente. Estou sendo educada. Seria rude recusar presentes. Gabriela. Juliana a encarou séria. Você está se apaixonando por ele? Não estou. Mas mesmo enquanto dizia, ela sabia que era mentira. Como poderia não estar? Lucas era tudo que ela nunca soube que queria.
Inteligente, gentil, engraçado em momentos inesperados. Ele a desafiava profissionalmente, respeitava suas ideias, lutava por seus projetos. E Deus, a forma como ele a olhava quando pensava que ela não estava vendo. Você precisa ser honesta com ele. Juliana aconselhou. E consigo mesma. Ou aceita o que está sentindo ou termina com essa tortura mútua. Mas antes que Gabriela pudesse responder, seu telefone tocou.
Uma mensagem de Lucas. Meu escritório. Agora traga o tablet. Ela subiu no elevador familiar, seu reflexo no espelho mostrando bochechas coradas. olhos brilhantes. Ela estava usando um vestido cinza simples, mas havia escolhido brincos especiais para ele. Admitisse ou não, estava se arrumando para Lucas. A porta do escritório estava entreaberta. Ela bateu levemente.
“Entra, Lucas chamou, mas quando ela entrou congelou. Havia uma mulher no escritório, alta, loira, deslumbrante em um vestido Chanel. Ela estava encostada na mesa de Lucas, rindo de algo que ele havia dito, sua mão pousada casualmente em seu braço. Algo afiado e doloroso atravessou o peito de Gabriela.
Lucas a viu e imediatamente se afastou da mulher. “Gabriela”, ele disse, “E havia algo urgente em sua voz. Esta é Amanda Rodrigues.” Amanda. Gabriela Silva, nossa gerente de projetos. Amanda virou, seus olhos azuis avaliando Gabriela de cima a baixo em uma fração de segundo. Seu sorriso era educado, mas frio. “Ah, sim”, ela disse, sua voz melodiosa, a garota do vestido rasgado.
Lucas me contou que situação embaraçosa. A forma como ela disse a última palavra deixou claro que não era solidariedade, era desdém disfarçado. Gabriela ergueu o queixo, recusando se deixar intimidar. Foi uma noite memorável. Ela respondeu suavemente. Mas o projeto foi aprovado e estamos na implementação agora, então valeu a pena. Tenho certeza.
Amanda olhou para Lucas com algo possessivo em seu olhar. Lucas sempre teve um fraco por projetos comunitários. A insinuação era clara. Gabriela não era nada especial, apenas mais um projeto. Amanda, Lucas disse, sua voz ganhando uma borda de advertência. Relaxa, querido. Amanda tocou seu braço novamente. É só estou sendo honesta. Aliás, ela se virou para Gabriela.
Lucas e eu jantaremos no Figueira Rubaiate amanhã, reunião beneficente para o Instituto Social da Alta Sociedade. Você conhece? Claro. Era outro golpe. Gabriela conhecia o restaurante apenas pela reputação. Pratos de R$ 1.000. O lugar onde a elite paulistana se encontrava. Não frequento”, Gabriela disse honestamente. Imaginei.
Amanda sorriu satisfeita. Bem, vou deixá-los trabalharem. Lucas, ela se inclinou beijando o canto de sua boca. Te vejo amanhã, amor. Não se atrase. Ela passou por Gabriela como uma rainha, deixando um rastro de perfume caro. O silêncio após sua partida era denso, sufocante. Gabriela. Lucas começou.
“Quem é ela?” Gabriela interrompeu, odiando como sua voz suou pequena. Lucas suspirou, passando a mão pelo cabelo. Minha ex-namorada, terminamos há meses. Não parece esse as palavras saíram antes que ela pudesse filtrá-las. É, ex, ele disse firmemente, caminhando até ela. Amanda não aceita bem términos. Ela costuma aparecer, tentar reconquistar. E funciona? Gabriela perguntou, encontrando seus olhos. Não.
Lucas disse imediatamente. Nunca funcionaria. Eu terminei por um motivo. Qual? Ele parou bem à sua frente, tão perto que ela teve que inclinar a cabeça para manter contato visual, porque ela nunca me fez sentir o que senti em 5 minutos com você. O ar escapou dos pulmões de Gabriela. Lucas, eu sei. Ele recuou, voltando atrás de sua mesa, restaurando a distância profissional. Ainda temos dois meses.
Eu prometi profissionalismo e vou manter. Mas você precisava saber. Amanda é passado completamente. E o jantar amanhã? Obrigação social, ele disse com um suspiro cansado. Minha família investe no instituto a gerações. Minha presença é necessária, mas é apenas negócios. Gabriela sentiu tentando acreditar, mas o ciúme ainda queimava em seu peito.
Eles trabalharam por duas horas na apresentação, mas a tensão permanecia. Cada vez que seus dedos se tocavam ao passar documentos, cada vez que ela sentia o olhar dele demorando. Quando ela finalmente se levantou para sair, Lucas a chamou. Gabriela, ela se virou na porta. Dois meses, ele disse baixo. Só mais dois meses e então podemos ter essa conversa de verdade consegue esperar? Ela deveria dizer não. Deveria proteger seu coração. Deveria ser sensata.
Mas quando olhou para aqueles olhos castanhos cheios de promessa e esperança, Gabriela ouviu se sussurrar. Consigo. Gabriela não dormiu na noite de quinta para sexta. Ficou revirando na cama, imaginando Lucas e Amanda no Figueira Rubaiat. Ela na sua mesa, ele na dela, conversando, rindo, compartilhando memórias de quando estavam juntos.
E se ele percebesse que ainda a amava? E se Amanda conseguisse reconquistá-lo? Para de se torturar, ela disse em voz alta para o quarto vazio. Ele não é seu, vocês nem estão juntos. Mas seu coração teimoso não escutava a razão. Na sexta-feira, Gabriela chegou cedo ao escritório.
Tinha trabalho a fazer, relatórios a revisar, orçamentos a fechar, qualquer coisa para não pensar em Lucas. Mas às 9 da manhã, quando ele entrou na sala de reuniões para seu encontro diário, ela não conseguiu deixar de procurar sinais. Ele parecia cansado, distante, diferente. “Bom dia”, ele disse. E sua voz era a mesma de sempre, profissional. controlada. “Bom dia”, ela respondeu forçando um sorriso. A reunião transcorreu normalmente.
Discutiram cronogramas, fornecedores, licenças. Lucas estava focado, atento, fazendo perguntas inteligentes. Não havia nada diferente em seu comportamento. Mas Gabriela notou que ele havia mexido no nó da gravata várias vezes, um que nervoso que ela começara a reconhecer.
Quando a reunião terminou, ele assegurou com uma palavra suave: “Fica mais um minuto?” Juliana, que estava presente, lançou um olhar significativo para Gabriela antes de sair, fechando a porta sobre ontem à noite. Lucas começou. O estômago de Gabriela se revirou. Você não precisa me contar”, ela disse rapidamente. “Não é da minha conta, mas quero contar”, ele insistiu. “Porque mereço que você saiba a verdade.” Ele se aproximou, mas manteve uma distância respeitosa.
“O jantar foi desconfortável”, ele admitiu. Amanda passou a noite toda ensinuando que deveríamos voltar, tocando meu braço, minha mão, lembrando de momentos que tivemos, fazendo todos pensarem que ainda estamos juntos. Cada palavra era uma faca no coração de Gabriela. E você? Ela forçou as palavras.
O que você sentiu? Lucas a olhou nos olhos, sua expressão intensa. Nada, ele disse simplesmente, absolutamente nada. E sabe por quê? Porque a noite toda eu só conseguia pensar em uma pessoa e essa pessoa não estava lá. O coração de Gabriela pulou. Lucas, eu sei que pedi três meses. Ele continuou sua voz rouca. e vou manter minha palavra, mas você precisa saber. Ver Amanda ontem só confirmou o que já sabia.
Ela não é você. Ninguém é você. Eles se olharam por um longo momento, o ar carregado entre eles. Um mês e meio Gabriela sussurrou. Só mais um mês e meio. Vai ser a eternidade mais longa da minha vida, ele confessou. Gabriela sorriu e foi um sorriso genuíno, esperançoso. “Vai passar rápido”, ela disse, “maais para si mesma que para ele.
Foi na segunda-feira da quinta semana que tudo explodiu. Gabriela chegou ao escritório e imediatamente sentiu a mudança na atmosfera. Pessoas sussurravam, olhavam para ela, desviavam o olhar quando ela os pegava encarando. “O que está acontecendo?”, ela perguntou à Juliana, que parecia desconfortável. Gabi, você precisa ver isso.
Juliana mostrou seu celular. Era um site de fofocas da elite paulistana. A manchete a fez congelar. Novo CEO da construtora Horizonte em romance secreto com funcionária. Havia fotos, fotos dela e Lucas saindo de uma reunião, dele trazendo café para ela, deles rindo juntos no corredor e a legenda era devastadora.
Fontes confidenciais revelam que Lucas Mendes, 32, novo CEO da construtora Horizonte, está em um relacionamento inapropriado com Gabriela Silva, 26, uma gerente de projetos da empresa. A mesma Gabriela que protagonizou o escândalo do vestido rasgado no evento da empresa há algumas semanas. Será que seu recente projeto aprovado de 15 milhões teve algo a ver com o romance? Amigos próximos de Amanda Rodrigues, ex-namorada de Mendes, revelam que Lucas terminou com ela para ficar com a funcionária.
Gabriela sentiu o chão desaparecer sob. Isso é mentira, ela sussurrou. Nós não estamos Nunca houve nada inapropriado. Eu sei disso, Juliana disse firmemente. Mas eles não sabem. E agora todo mundo está falando. Como se para confirmar, duas funcionárias passaram, sussurrando alto o suficiente para serem ouvidas. Sempre achei que ela conseguiu o projeto de forma suspeita.
Óbvio que dormiu com ele. Como mais uma gerente conseguiria 15 milhões? Raiva queimou através de Gabriela, substituindo o choque. “Com licença”, ela disse alto, fazendo as duas mulheres pararem. “Querem repetir isso na minha cara?” As duas ficaram vermelhas, mas uma delas, Mariana da Contabilidade, levantou o queixo desafiadoramente.
Só estamos dizendo o óbvio. Você conseguiu o maior projeto da empresa logo depois daquele incidente com o CEO. As contas se fazem sozinhas. As contas? Gabriela deu dois passos em sua direção. Quer falar de contas? Eu trabalhei neste projeto por se meses antes de Lucas Mendes sequer pisar neste escritório.
Apresentei três vezes para a diretoria anterior. Revisei cada número, cada projeção, cada impacto social. Meu projeto foi aprovado por mérito, não por quem eu conheço ou deixo de conhecer. Claro, Mariana retrucou. E o fato de vocês estarem sempre juntos não significa nada.
Significa que ele é meu supervisor direto no projeto”, Gabriela elevou a voz atraindo mais atenção. Significa reuniões diárias de trabalho. Se vocês gastassem metade do tempo que gastam fofocando, realmente trabalhando, talvez também conseguissem aprovação para seus projetos. Gabriela Juliana tocou seu braço em advertência, mas ela estava no limite.
Semanas de tensão, de negar sentimentos, de manter profissionalismo, tudo explodiu de uma vez. Não, Ju. Ela se virou para o escritório inteiro que agora observava. Vocês querem falar? Então vamos falar. Sim. Lucas Mendes me resgatou naquele evento. Sim, somos profissionais que trabalham juntos diariamente. Não, não há absolutamente nada inapropriado acontecendo.
Mas mesmo que houvesse, sua voz ficou perigosamente baixa, não seria da conta de ninguém. O silêncio que se seguiu foi absoluto. Então, uma voz grave cortou do fundo do corredor. Exatamente, Lucas. Ele caminhou até ela com passos medidos, seu rosto uma máscara de fúria controlada, mas quando olhou para Gabriela, seus olhos suavizaram.
“Meu escritório”, ele disse baixo. Agora não era a primeira vez que ela recebia essa ordem, mas desta vez parecia diferente, carregada. No elevador, o silêncio era tenso. Lucas olhava fixamente para a porta, a mandíbula apertada. Lucas, não. Ele cortou. Não aqui.
Quando as portas se abriram e eles entraram no escritório, ele trancou a porta, caminhou até a janela, olhando para São Paulo, se espalhando lá embaixo. “Foi Amanda”, ele disse, sua voz gelada. “Ela vazou a história para a imprensa, como você sabe? Porque reconheço o estilo dela, a forma como foi escrito, as fontes confidenciais. Ela está tentando forçar minha mão, me obrigar a negar publicamente qualquer envolvimento com você ou parecer um se ou sem ética.
Gabriela engoliu seco. E você vai negar? Lucas se virou tão rápido que ela deu um passo atrás. É isso que você acha de mim? Ele avançou em sua direção. Que eu negaria você para salvar minha reputação? Eu não sei, ela admitiu, tudo isso é novo, assustador. E essas pessoas lá embaixo, elas acham que eu sou que eu uso meu corpo para conseguir coisas.
Essas pessoas são invejosas e mesquinhas. Lucas estava na frente dela agora e não merecem nenhum segundo seu tempo. Mas e se elas estiverem certas? Gabriela sentiu lágrimas queimando. E se meu projeto só foi aprovado porque você? Porque nós para Lucas segurou seu rosto com as duas mãos, forçando-a a olhar para ele.
Escuta bem, eu li seu projeto antes de saber seu nome, antes daquela noite. Já estava na minha lista de aprovações porque é brilhante. Você é brilhante e qualquer um que sugira o contrário pode ir pro inferno. Uma lágrima escapou. Ele a limpou com o polegar. Lucas, a gente ainda tem um mês de acordo. o acordo. Ele disse com intensidade. o que as pessoas pensam. tudo. Cabre ela.
Ele encostou sua testa na dela. Eu não aguento mais. Não aguento fingir que você é só minha funcionária. Não aguento ficar longe. Não aguento ver você sofrer por minha causa. O que você está dizendo? Estou dizendo que quero você. Ele sussurrou. de verdade, publicamente, consequências que venham.
O coração de Gabriela batia tão forte que ela tinha certeza que ele podia ouvir. Mas sua carreira, minha reputação, eu não ligo. E ele soava absolutamente certo. Deixa eles falarem, deixa eles julgarem. eventualmente vão ver que isso é real, que você é incrível, que eu sou só um homem ridiculamente sortudo que a incrível Gabriela Silva escolheu.
Lucas, me diz que você sente o mesmo ele implorou. Me diz que não estou sozinho nessa loucura. Gabriela olhou para ele, para aqueles olhos castanhos que haviam aparecido quando ela mais precisava, para o homem que a respeitava, desafiava, protegia e tomou a decisão mais assustadora e emocionante da sua vida.
Você não está sozinho”, ela sussurrou e o puxou pela gravata, esmagando seus lábios contra os dele. Não foi como o primeiro beijo. Aquele havia sido doce, descoberta, promessa. Este era fogo, necessidade. Meses de desejo reprimido explodindo de uma vez. Lucas a puxou contra ele, suas mãos em sua cintura, no pequeno das costas, no cabelo dela.
Ela gemeu contra sua boca e ele aprofundou o beijo, saboreando, devorando. Eles só se separaram quando o ar se tornou necessário, ambos ofegantes. Isso significa ele começou, significa que estou me importando com você mais do que deveria. Ela completou e cansada de lutar contra isso. Então não lute. Ele sorriu. Aquele sorriso devastador. Vem para mim. Deixa eu te mostrar como posso ser bom para você.
E enquanto ele a beijava novamente, suave e promissor desta vez, Gabriela finalmente permitiu que seu coração sentisse o que já sabia há semanas. Ela estava completamente irremediavelmente apaixonada por Lucas Mendes. A decisão de tornar o relacionamento público veio na terça-feira seguinte.
Lucas convocou uma reunião geral da empresa, todos os funcionários, desde estagiários até diretores, reunidos no auditório principal. Gabriela estava nos bastidores, seu coração trovejando. Eles haviam conversado durante horas no fim de semana, planejando cada palavra, cada implicação. Você tem certeza? Ele perguntou pela décima vez, segurando suas mãos. Tenho ela respondeu.
E era verdade. Se vamos fazer isso, fazemos direito. Sem esconder, sem vergonha. Ele a beijou suavemente. Lembra? Qualquer problema, qualquer comentário que te machuque, você me conta. Eu resolvo. Eu sei me defender, Lucas. Eu sei que sabe. Ele sorriu orgulhoso. Vi você destruindo a Mariana na semana passada. Foi sexy. Ela riu, a tensão diminuindo um pouco.
Lucas subiu ao palco. O murmúrio da plateia aumentou. Todos sabiam da fofoca. Todos tinham suas teorias. Bom dia, Lucas começou. Sua voz firme e clara. Chamei todos aqui para esclarecer algumas coisas que estão circulando. Como vocês sabem, foi publicada uma matéria sugerindo um relacionamento inapropriado entre mim e Gabriela Silva, nossa gerente de projetos.
Você podia ouvir um alfinete cair. Todos seguravam a respiração. Estou aqui para confirmar. Ele continuou. Que sim, Gabriela e eu temos um relacionamento pessoal. Um que começou depois que o projeto dela já havia sido aprovado pelo conselho, baseado em seus méritos. Um que não interfere com nosso profissionalismo ou capacidade de trabalhar juntos.
Explosão de sussurros. Gabriela podia ver alguns rostos chocados, outros satisfeitos de estarem certos, alguns claramente desaprovadores. Mas também quero deixar muito claro, Lucas elevou a voz silenciando o auditório, que qualquer pessoa nesta empresa que questionar a competência de Gabriela Silva, que insinuar favoritismo ou que espalhar fofocas maliciosas, responderá diretamente a mim. E acreditem, não será uma conversa agradável.
Ele fez uma pausa, seu olhar varrendo a sala. Gabriela trabalha aqui há três anos. Três anos de projetos bem-sucedidos, prazos cumpridos, orçamentos respeitados. Ela é uma das mentes mais brilhantes desta empresa e merece respeito, não por estar comigo, mas por ser quem é. Mais silêncio. Então, do fundo do auditório, alguém começou a aplaudir. Era Juliana, é claro, sempre leal. Outros se juntaram.
Não todos, mas o suficiente para ser significativo. Lucas desceu do palco e estendeu a mão para Gabriela nos bastidores. Ela respirou fundo e a pegou, deixando-se ser guiada até o palco. A visão de todos aqueles rostos olhando para ela era intimidadora, mas Lucas apertou sua mão ancorando-a. “Eu entendo as preocupações”, Gabriela disse. Sua voz surpreendentemente firme.
Eu mesma teria as mesmas relacionamentos no trabalho. podem ser complicados, mas prometo a todos vocês, meu trabalho fala por si, sempre falou e continuará falando. Não espero tratamento especial, na verdade, espero ser julgada ainda mais rigorosamente e aceito esse desafio.
Mais aplausos, não universais, mas crescentes. Quando deixaram o palco, Lucas sussurrou em seu ouvido. Você foi incrível. Eu estava aterrorizada. Não pareceu. Nos dias seguintes, a dinâmica no escritório mudou. Alguns colegas passaram a evitar Gabriela, claramente desconfortáveis. Outros, surpreendentemente, a procuraram para parabenizá-la.
“Vocês dois são corajosos”, disse Roberto, um dos diretores mais antigos. “A empresa precisa de líderes que sejam autênticos. Continue fazendo um trabalho excelente e isso vai ficar para trás”. Mas nem todos foram tão receptivos. Na quinta-feira, Gabriela estava na Copa quando ouviu vozes na sala ao lado. Ela só conseguiu porque está com ele. Todos sabemos.
Meu projeto era melhor que o dela, mas não dormi com o chefe. Então, dá para acreditar que ele se enganou assim? Ela obviamente está usando ele. Gabriela sentiu fúria subir como lava. Ela abriu a porta com força, fazendo as três mulheres pularem assustadas. Primeira coisa Gabriela disse, sua voz gelada.
Eu não dormi com ninguém para conseguir nada. Segunda, se seu projeto era tão bom assim, Carla, por que os números de Roy estavam completamente errados? Eu revisei sua proposta. Matemática básica falhada, terceira. Ela se aproximou. Lucas não é enganado. Ele é um dos homens mais inteligentes que conheci. E se acha que estou usando ele, tente entender isto.
Eu o amava antes de saber quem ele era, antes de saber que poderia me ajudar profissionalmente. Eu o amava quando ele era apenas um estranho com fita adesiva. As três mulheres ficaram em silêncio. E agora, Gabriela terminou? Vocês três podem voltar para seus cubículos e realmente trabalhar.
Quem sabe assim conseguem aprovação nos próprios méritos. Ela saiu tremendo de adrenalina no corredor, esbarrou em Lucas. pelo seu rosto, ele havia ouvido tudo. “Eu ia entrar”, ele disse, “mas percebi que você não precisa que eu lute suas batalhas.” “Não preciso, ela concordou, “mas é bom saber que você estaria lá se precisasse.” Ele a puxou para um abraço rápido, esquecendo o ambiente profissional por um momento.
“Vou sempre estar”, ele murmurou contra seu cabelo. E naquele corredor corporativo frio, cercada por fofocas e julgamentos, Gabriela finalmente sentiu algo que não sentia. semanas, paz, porque não importava o que os outros pensassem, o que importava era o que ela e Lucas sabiam ser verdade. E verdade, descobriu ela, era a coisa mais poderosa de todas.
Três semanas após tornarem o relacionamento público, Lucas fez uma pergunta que deixou Gabriela paralisada. Quer conhecer minha família? Eles estavam no apartamento dele em Pinheiros, uma noite chuvosa de São Paulo lá fora. Gabriela estava usando uma de suas camisas, os pés enrolados no sofá de couro, uma taça de vinho na mão. Sua família, ela repetiu, tipo, seus pais, pais, três irmãs, dois cunhados, quatro sobrinhos. Ele sorriu ao ver o pânico em seus olhos. É muita gente, eu sei, mas eles querem te conhecer.
Minha mãe já me ligou cinco vezes, perguntando quando vou levar a moça do vestido para casa. A moça do vestido? Gabriela riu, apesar dos nervos. É assim que ela me chama? É assim que você entrou para a lenda familiar? Lucas a puxou para seu colo.
Minha irmã mais velha, Marina, disse que qualquer mulher que cause tanto caos e consiga meu coração, merece conhecer a família imediatamente. Gabriela mordeu o lábio. E se eles não gostarem de mim? Impossível. Ele beijou seu pescoço. Mas se fizer você se sentir melhor, minha mãe já disse que qualquer mulher que me faça sorrir assim é bem-vinda na família. Eu te faço sorrir assim. Você me faz sentir coisas que eu nem sabia que existiam, ele confessou.
E havia tanta verdade crua em sua voz que o coração dela apertou. Ok. Ela decidiu. Vou conhecer sua família, mas só se você conhecer a minha. Combinado? Ele selou com um beijo. O jantar na casa dos pais de Lucas em um condomínio em Alphaaville foi caótico. Gabriela mal atravessou a porta antes de ser engolida por um redemoinho de abraços, beijos e perguntas.
Você é ainda mais bonita pessoalmente. Marina, a irmã mais velha, praticamente a arrastou para dentro. E essa história do vestido lendária. Lucas nunca foi de cavaleiro em armadura brilhante, mas aparentemente fita adesiva serve. Marina, deixa a menina respirar. Dona Lucia, mãe de Lucas, surgiu da cozinha secando as mãos.
Ela era baixa, redonda, com olhos castanhos, gentis, idênticos aos do filho. Gabriela, querida, que prazer te conhecer. Lucas não para de falar de você. Não para. Gabriela olhou para Lucas, que estava vermelho. Mãe, é verdade. Beatriz, a irmã do meio, apareceu com um bebê no colo. Ele liga todo dia. Gabriela fez isso. Gabriela disse aquilo. Estava insuportável. Eu não estava insuportável.
Lucas protestou. Estava sim. As três irmãs disseram em uníssono, depois riram. O pai de Lucas, seu João, era um homem quieto que observava tudo com um sorriso pequeno. Durante o jantar, ele fez poucas perguntas, mas observava atentamente. Foi só na sobremesa, quando Gabriela estava ajudando a servir o pudim de leite, que ele a puxou de lado.
Posso te dizer uma coisa, menina? Claro, seu João. Meu filho já namorou outras mulheres. Ele disse baixo. Bonitas, ricas, de família. Mas nunca vi ele olhar para nenhuma do jeito que olha para você. Gabriela sentiu lágrimas picar em seus olhos. Ele é especial, ela disse honestamente. Muito especial. Você também é. Seu João apertou seu ombro.
E quem enxerga isso é bem-vindo nesta família. Uma semana depois, foi a vez de Lucas conhecer a família de Gabriela. A casa na Muca era barulhenta, cheia, calorosa. Família italiana em toda a sua glória, tios, tias, primos, avós todos espremidos na casa de três quartos da mãe de Gabriela. Madonna! Dona Rosa exclamou quando viu Lucas.
Que rapaz bonito, alto, forte. Gabriela, por que você demorou tanto para trazer ele? Mãe? Gabriela sentiu seu rosto esquentar. E trabalha com você? Tia Carmela perguntou. já servindo um prato enorme de lasanha. É chefe, ganha bem, tia. Mas Lucas estava sorrindo completamente à vontade. Ganho sim, senhora. E sim, somos colegas de trabalho, mas Gabriela é a melhor profissional que já conheci.
Me sinto sortudo de trabalhar ao lado dela. Os olhos de dona Rosa brilharam aprovadores. O jantar foi uma experiência. Todos falando ao mesmo tempo, comida sem parar, vinho fluindo livremente. Lucas foi bombardeado com perguntas sobre suas intenções, sua família, seus planos futuros. “Você quer casar?”, tia Maria perguntou diretamente. “Tia?” Gabriela quase engasgou com o vinho.
“O quê?” É uma pergunta válida. Lucas, para seu crédito, não se intimidou. “Quero sim”, ele disse, olhando para Gabriela com intensidade, que fez seu estômago revirar. quando encontrar a pessoa certa. E já encontrou, tia Maria, insistiu. Já, ele disse simplesmente, seus olhos não deixando os de Gabriela. O silêncio que se seguiu foi carregado. Então, dona Rosa bateu palmas.
Pronto, então é oficial. Ele é da família agora. Mais tarde, quando estavam saindo, dona Rosa segurou Gabriela para trás. Esse, ela disse, apontando para Lucas, que conversava com os primos. é diferente. É um homem bom, do tipo que constrói família, que fica. Não deixa escapar, minha filha. Não vou deixar, mãe.
Gabriela prometeu. No caminho de volta, dirigindo pelas ruas noturnas de São Paulo, Lucas segurou a mão de Gabriela. “Sua família é incrível”, ele disse. Barulhenta, intrometida. “Mas você sente o amor. É palpável”. “Eles gostaram de você.” Gabriela observou, especialmente minha mãe. Ela normalmente é mais difícil de impressionar. Eu gostei deles também.
Lucas parou em um semáforo vermelho e se virou para ela. Gabriela, sim, eu te amo. O mundo parou. eram as primeiras palavras, as primeiras declarações reais, e elas paiaram no ar como promessas de eternidade. “Eu, Lucas, não precisa dizer de volta”, ele disse rapidamente. “Só precisava que você soubesse. Eu te amo completamente desde aquela noite com o vestido.
Desde que você me beijou mesmo vulnerável e assustada, desde que você defendeu seu trabalho com tanto orgulho. Eu te amo, Gabriela Silva.” Lágrimas correram livres. Agora eu também te amo”, ela sussurrou, tanto que às vezes assusta. Ele a puxou para um beijo ali mesmo no carro parado no semáforo, buzinas tocando atrás deles porque a luz havia ficado verde.
E quando finalmente voltaram para casa, porque já era assim que pensavam casa juntos, Gabriela soube com absoluta certeza que aquele era seu para sempre. O homem com a fita adesiva havia consertado mais que seu vestido, havia consertado seu coração. Seis meses haviam-se passado desde aquela noite fatídica.
Seis meses de amor, trabalho duro, alguns desafios e muita felicidade. E hoje Gabriela estava em pé na zona leste de São Paulo, no coração do bairro que seu projeto havia transformado. Onde antes havia prédios abandonados, agora existia um complexo comunitário lindo, biblioteca, centro de convivência, área de lazer para crianças.
Tudo construído com materiais sustentáveis, design moderno, mas acolhedor, pensado para a comunidade. É lindo. Lucas disse ao seu lado, apertando sua mão. Você fez isso, Gabi. Você transformou 15 milhões em esperança real para milhares de pessoas. Gabriela sentiu lágrimas de orgulho. Crianças corriam pelo playground novo rindo. Idosos conversavam nos bancos sombreados.
Jovens entravam e saíam da biblioteca com livros nas mãos. “Nós fizemos”, ela corrigiu. “Você acreditou?”, aprovou. Lutou quando o conselho questionou alguns custos. “Eu só assinei os papéis.” Lucas disse: “A visão foi sua, a execução foi sua, o coração foi seu cerimônia de inauguração oficial seria na semana seguinte, mas eles haviam vindo antes para ver tudo funcionando, para sentir o impacto real.
Uma mulher se aproximou deles, uma criança na mão. “Vocês são os responsáveis pelo projeto?”, ela perguntou timidamente. “Sim”, Gabriela sorriu. Eu só queria agradecer. Lágrimas brilhavam nos olhos da mulher. “Minha filha, ela nunca tinha tido acesso a livros assim. Biblioteca particular era caro demais, mas agora ela vem todo dia. Já leu cinco livros este mês.
Ela quer ser escritora agora.” A criança, não mais que oito anos, olhou para Gabriela com olhos enormes, cheios de sonhos. “Eu vou escrever um livro sobre uma princesa”, ela disse séria. “Uma que constrói castelos em vez de esperar ser salva”. Gabriela se abaixou na altura dela. “Eu adoraria ler esse livro quando você escrever.
E sabe de uma coisa? Você vai ser uma escritora incrível, tenho certeza”. A menina sorriu radiante. Quando elas se foram, Gabriela não conseguiu segurar as lágrimas. Ei Lucas a abraçou. Por que está chorando? Porque isso importa? Ela disse contra seu peito. Todo o trabalho, todas as noites sem dormir, todas as revisões de orçamento. Importou? Mudou vidas reais.
Você muda vidas. Ele beijou o seu topo da cabeça. É quem você é. Naquela noite, Lucas a levou para um jantar no Deom, um dos restaurantes mais renomados de São Paulo. Gabriela usava um vestido verde esmeralda que ele havia dado de presente.
“Estamos celebrando?”, ela perguntou enquanto o somelier servia um vinho caro. “Sempre. Lucas ergueu sua taça. Ao seu sucesso, ao nosso futuro, a você, que é a mulher mais incrível que já conheci.” Eles brindaram, o cristal tinindo suavemente. A comida era excepcional, mas Gabriela mal prestava atenção. Estava observando Lucas, seu perfil iluminado pelas velas, a forma como ele gesticulava ao contar uma história de trabalho, como seus olhos brilhavam quando falava de planos futuros. “No que está pensando?”, Ele perguntou, pegando-a, observando.
Em como sou sortuda, ela disse honestamente. Em como tudo mudou naquela noite. Se meu vestido não tivesse rasgado, eu teria encontrado outra forma de te conhecer. Lucas disse com convicção. Destino. Lembra? Algumas pessoas são inevitáveis. Você acredita em destino? Não acreditava. Ele confessou. Até você.
Depois da sobremesa, Lucas ficou inquieto. Ele continuava mexendo no guardanapo, ajustando a gravata. “Você está bem?”, Gabriela perguntou. “Parece nervoso.” “Eu estou”, ele admitiu. Então, para completo choque dela, ele se levantou e se ajoelhou ao lado da mesa. O restaurante inteiro ficou em silêncio.
“Lucas”, Gabriela sussurrou, seu coração parando. “Gabriela Silva!”, Ele começou sua voz tremendo ligeiramente. Há seis meses você entrou na minha vida da forma mais caótica possível. Um vestido rasgado, um momento de vulnerabilidade. E eu soube. Soube que você era diferente, especial, impossível de esquecer. Ele tirou uma pequena caixa de veludo do bolso.
Estes meses com você foram os melhores da minha vida. Você me desafia, me inspira, me faz querer ser melhor e eu não quero passar um dia sequer sem você ao meu lado. Ele abriu a caixa, revelando um anel de diamante delicado, clássico, perfeito.
Gabriela, você aceita passar o resto da vida comigo? Aceitaria me deixar te amar, te apoiar, te irritar, provavelmente, mas estar sempre ao seu lado? Lágrimas corriam livre pelo rosto de Gabriela. Ela não conseguia falar, apenas a sentiu vigorosamente. “Preciso ouvir as palavras, amor”, Lucas disse ele mesmo com lágrimas nos olhos. “Sim, ela finalmente conseguiu. Sim, sim, mil vezes, sim.
O restaurante explodiu em aplausos. Lucas colocou o anel em seu dedo, levantou e a beijou profundamente, sem se importar com a audiência. E enquanto eles se abraçavam, ambos chorando de felicidade, rindo de alegria, Gabriela pensou em como um momento de humilhação havia se transformado no maior presente da sua vida.
Fita adesiva descobriu ela, não consertava apenas vestidos, consertava almas também. Os meses seguintes foram um turbilhão de planejamento. Gabriela descobriu que planejar um casamento era infinitamente mais estressante que planejar um projeto de 15 milhões. Pelo menos projetos tinham planilhas lógicas. Casamentos tinham opiniões. Muitas opiniões.
Você precisa casar na igreja, Gabriela, dona Rosa insistia. Tradição. O jardim é muito mais romântico. Marina, irmã de Lucas, argumentava. E a luz natural nas fotos. Que tal uma cerimônia na praia? Juliana sugeria pés na areia, pô do sol. Gabriela estava na mesa da cozinha de Lucas, cercada por catálogos de floristas, menus de buffet e amostras de tecido para toalhas de mesa. Eu só quero me casar com você. Ela gemeu, deixando a cabeça cair na mesa.
O resto tanto faz. Lucas, que estava trabalhando no laptop ao lado do Rio. Então vamos para Las Vegas. Casamento expresso, resolvido. Gabriela levantou a cabeça, tentada. Sua mãe me mataria e a minha provavelmente ressuscitaria só para me matar de novo. Verdade. Ele concordou, puxando-a para seu colo. Então vamos fazer do nosso jeito, simples, íntimo.
Só pessoas que realmente importam. Sua definição de íntimo e a da minha família são drasticamente diferentes. Gabriela riu. Minha mãe já tem lista de 150 pessoas e ainda está pensando em quem mais adicionar. Lucas beijou seu pescoço. Então fazemos assim. Cerimônia pequena, só família imediata e amigos mais próximos.
E depois uma festa grande para todo mundo comemorar. Melhor dos dois mundos. Você é muito lógico. Gabriela virou para beijá-lo de verdade. É irritante e sexy ao mesmo tempo. É uma das minhas melhores qualidades. Ele murmurou contra seus lábios. O planejamento continuou, mas com menos estresse.
Gabriela escolheu um vestido simples, mas elegante, sem muito volume, nada que pudesse rasgar. Ironicamente, a costureira sugeriu reforço extra no zíper. Tem só por garantia”, ela disse. E Gabriela não conseguiu deixar de rir. Lucas insistiu que a cerimônia fosse em Olambra, em uma fazenda linda, cercada de campos floridos. “Por que Olambra?”, Gabriela perguntou quando ele a levou para visitar o local.
“Porque foi aqui que viemos no nosso primeiro fim de semana juntos.” Lucas disse, apontando para um campo específico de tulipas. “Lembra? Você disse que nunca tinha visto algo tão bonito. Eu fiquei olhando para você e pensando, ela está errada. Nada aqui é mais bonito que ela. Gabriela sentiu lágrimas queimarem. Você lembrou disso? Lembro de tudo com você.
Ele prometeu. A fazenda foi escolhida. 80 convidados. Cerimônia ao ar livre ao pôr do sol. Decoração rústico chique com flores do campo e um detalhe especial que Lucas insistiu. Um pequeno pedaço de fita adesiva prata. costurado discretamente na barra do vestido de noiva. “É o nosso símbolo”, ele disse quando Gabriela questionou.
“Nosso lembrete de que às vezes as coisas quebram, mas podem ser consertadas e ficam ainda mais fortes depois.” Uma semana antes do casamento, Gabriela estava finalizando os últimos detalhes quando seu telefone tocou. Era um número desconhecido. “Alô, Gabriela Silva.” Uma voz feminina fria. “Sim, é Amanda Rodriguez. Precisamos conversar. O estômago de Gabriela afundou.
Ela não falava com Amanda desde aquele dia tenso no escritório de Lucas, meses atrás, sobre o quê? Sobre você cometer o maior erro da sua vida com Lucas. E enquanto Gabriela ouvia as palavras venenosas da ex-namorada de Lucas, uma sensação de medo gelado começou a se espalhar em seu peito. O que Amanda sabia e, mais importante, o que ela planejava fazer.
Gabriela marcou o encontro com Amanda em um café nos jardins. Não contou para Lucas? Não, ainda. Precisava saber primeiro o que a mulher queria. Amanda já estava lá quando chegou, impecável em um conjunto channel, cabelo loiro, perfeitamente escovado, maquiagem impecável. Ela parecia uma capa de revista.
E Gabriela, chegando direto do trabalho em um blazer amarrotado e cabelo preso em um coque bagunçado, nunca se sentiu tão inadequada. Senrita Silva”, Amanda disse com um sorriso que não chegou aos olhos. “Obrigada por vir. Vamos direto ao ponto.” Gabriela se sentou. “O que você quer?” “Direta? Gosto disso.” Amanda mexeu seu café delicadamente. Quero que você não case com Lucas.
E por que diabos eu faria isso? Porque você não pertence ao mundo dele? Amanda disse simplesmente. Lucas vem de uma família estabelecida, com conexões, história. Você é o quê? Uma garota da muca que conseguiu um diploma. A raiva ferveu em Gabriela, mas ela a manteve controlada. E E Lucas vai perceber eventualmente. Amanda continuou que você não consegue circular nos mesmos círculos.
Não conhece as pessoas certas, não tem a criação certa. Ele vai ficar constrangido de te levar em eventos, vai começar a te deixar em casa e então vai perceber que cometeu um erro. Você terminou? Gabriela perguntou friamente. Ainda não. Amanda puxou uma pasta. Tenho aqui algumas fotos interessantes. Você em bares com amigos bebendo.
Algumas postagens suas das redes sociais de anos atrás. Nada terrível, mas digamos que não transmitem exatamente a imagem de uma esposa de Seia uma pena se essas vazassem para a imprensa. Novamente, chantagem. Amanda estava tentando chantageá-la. Gabriela riu. Uma risada genuína, divertida. Você acha sério que isso vai me assustar? Ela se inclinou para a frente.
Você acha que eu ligo para fotos minhas me divertindo com amigos? Para quem acha que sou? Amanda piscou confusa pela reação. Deixa eu te contar algo, Amanda. Gabriela continuou. Lucas me conhece completamente, conhece de onde venho. Conhece minhas cicatrizes, meus medos, meu passado e me ama não apesar dessas coisas, mas incluindo elas. Porque é isso que amor real faz. Aceita a pessoa inteira.
Você não entende? Não, você não entende. Gabriela cortou. Você teve Lucas, teve chance e você a desperdiçou tentando transformá-lo em algo que ele não era, tentando moldá-lo para se adequar ao seu mundo perfeito de socialite. Ela se levantou pegando sua bolsa. Eu não vou me curvar as suas ameaças. Pode vazar o que quiser. Pode contar para quem quiser. Não vai mudar nada, porque Lucas e eu construímos algo real.
Algo que pessoas como você, obsecadas com aparências, nunca vão entender. Você vai se arrepender. A única pessoa aqui com remorços é você. Gabriela disse virando para sair. Remorço por ter deixado escapar um homem incrível, mas não se preocupe, Amanda. Eu vou cuidar muito bem dele. Ela saiu do café com a cabeça erguida, mas quando chegou ao carro, suas mãos tremiam.
Ligou para Lucas imediatamente. Amor? Ele atendeu preocupado. “Você está bem?”, sua voz parece estranha. Amanda me procurou, ela disse. Então contou tudo. O silêncio do outro lado era ominoso. Onde você está? Lucas finalmente perguntou sua voz gelada. No estacionamento do shopping cidade jardim. Não sai daí. Estou indo.
Ele chegou 15 minutos depois, dirigindo acima da velocidade permitida. Entrou no carro dela, a puxou para um abraço apertado. Desculpa. Ele murmurou em seu cabelo. Desculpa que ela te incomodou. Desculpa que tem que lidar com isso. Não é sua culpa. Gabriela disse. Ela está desesperada. Ela está doente.
Lucas corrigiu, afastando-se para olhar em seus olhos. E eu vou resolver isso agora, Lucas. Não. Ele disse firmemente. Acabou. Eu dei espaço, fui educado, deixei passar. Mas ameaçar você, tentar te chantagear, isso cruza todas as linhas. Ele pegou o telefone e discou. Rodrigo ele disse quando alguém atendeu. Rodrigo Gabriela sabia. Era o advogado da empresa. Preciso de uma ordem de restrição.
Sim, agora quero tudo oficializado até amanhã. Amanda Rodriguez. Ela não pode se aproximar nem de mim, nem da minha noiva. Sim, tenho provas. Gravei nossa última conversa quando ela apareceu no escritório. E Gabriela pode testemunhar sobre hoje. Perfeito. Obrigado. Ele desligou e olhou para Gabriela. Acabou. Ele disse. Ela não vai mais te incomodar. Prometo. Você gravou? Aprendi na primeira vez.
Ele deu um sorriso sem humor quando ela começou com insinuações e ameaças. Advogado me aconselhou a documentar tudo por garantia. Gabriela o beijou. longo, profundo, agradecido. “Eu te amo”, ela disse. E Amanda estava errada sobre tudo, mas especialmente sobre uma coisa.
O quê? Eu pertenço ao seu lado, Gabriela disse com convicção. Não porque venho da família certa ou conheço as pessoas certas, mas porque te amo. E amor não tem classe social, não tem mesmo. Lucas concordou beijando sua testa. E qualquer pessoa que não vê isso pode ir pro inferno.
Naquela noite, abraçados no apartamento, Gabriela soube que não importava quantos obstáculos aparecessem, eles enfrentariam juntos, porque era isso que significava ser uma equipe, não só nas coisas boas, mas especialmente nas ruins. E ela não conseguia imaginar melhor parceiro que Lucas Mendes para enfrentar a vida. A sexta-feira, antes do casamento de sábado foi caótica.
Gabriela estava na fazenda em Olambra, supervisionando os últimos detalhes. Os arranjos florais chegaram errados. Rosas em vez de lírios. O DJ cancelou última hora. Gripe. A cozinheira teve dúvidas sobre a quantidade de comida. 80 italianos comem como 160, ela avisou. Mas de alguma forma tudo foi sendo resolvido. Juliana encontrou um DJ substituto. O florista prometeu entregar lírios até a manhã seguinte. Mais comida foi encomendada.
Às 6 da tarde, Gabriela finalmente teve um momento de paz. Ela estava sozinha no salão principal da fazenda, observando o pô do sol dourado através das janelas. Bonito, não é? Ela se virou. Lucas estava na porta, apoiado no batente, aquele sorriso que sempre a derretava no rosto. “O que você está fazendo aqui?”, ela perguntou.
“Não devemos nos ver antes do casamento. Tecnicamente, o casamento é amanhã.” Ele entrou caminhando até ela. Hoje ainda conta como antes. Ele a abraçou por trás, descansando o queixo em seu ombro. “Está nervosa?”, ele perguntou. Aterrorizada, ela admitiu. “E se eu tropeçar no caminho até o altar? E se esquecer meus votos? E se E se tudo der certo?” Ele a virou para encará-lo.
“E se for o dia mais perfeito das nossas vidas?” otimista, ela acusou, mas estava sorrindo. Realista, ele corrigiu. Porque não importa o que aconteça amanhã, tropeços, votos esquecidos, DJ horrível. No final do dia eu vou estar casado com você e isso torna automaticamente o melhor dia da minha vida. Gabriela sentiu lágrimas. Para de me fazer chorar, ela reclamou. Já chorei umas cinco vezes hoje. Vou parecer um guachinin amanhã de tanto rímel borrado.
Lucas riu limpando uma lágrima teimosa com o polegar. Você vai estar linda ele prometeu. Está sempre linda. Eles dançaram ali no salão vazio, sem música, apenas o som da respiração um do outro. Lembra da primeira vez que dançamos? Gabriela perguntou. No seu apartamento 3 da manhã você colocou aquela música brega. Era Roberto Carlos. Lucas protestou. Clássico romântico.
Era brega. Ela riu. Mas perfeito. Como nós ele disse sério agora. Imperfeitos separados, mas perfeitos juntos. Elas ficaram assim por longos minutos, apenas existindo no mesmo espaço, absorvendo a enormidade do que aconteceria amanhã. Lucas, Gabriela, finalmente disse: “Hum, obrigada.
Por quê? Por aquela noite, ela olhou para cima, encontrando seus olhos, por ter aparecido com fita adesiva quando meu mundo estava desmoronando, por ter visto além da humilhação e enxergado eu, por ter sido paciente, por ter lutado por nós, por ter me amado da forma que ninguém nunca amou. Lucas estava com lágrimas nos olhos também agora.
Gabriela Silva, ele disse com voz rouca, não tinha como não amar você desde o primeiro momento e vou passar o resto da minha vida te mostrando o quanto. Eles se beijaram enquanto o sol descia completamente, pintando o cuú de laranja e rosa. Uma promessa do amanhã. E amanhã, Gabriela sabia, seria o começo de tudo, o começo do para sempre. Gabriela acordou com raios de sol, invadindo o quarto da fazenda.
Por um momento de pânico, pensou ter perdido a hora. Então viu o relógio. 7 da manhã. O casamento era às 17 horas. Respirou fundo. Hoje era o dia. Acorda noivá. Juliana explodiu no quarto com uma bandeja de café e pão de queijo. Seu último dia de solteira. Como se sente? Como se fosse vomitar. Gabriela admitiu. Perfeito.
Juliana colocou a bandeja na cama. Casamento sem nervos não é casamento, significa que importa. As horas seguintes foram um borrão, maquiadora, cabeleireira, manicure, dona Rosa chorando a cada 5 minutos, as irmãs de Lucas todas falando ao mesmo tempo, Juliana comandando tudo como uma general. Quando Gabriela finalmente viu seu reflexo no espelho, não conseguiu acreditar.
O vestido era perfeito, simples, elegante, abraçando seu corpo de forma flattering, sem ser exagerado. Cabelo em ondas soltas, com pequenas flores brancas entrelaçadas, maquiagem natural mais radiante. E lá na barra do vestido, quase invisível, um pequeno pedaço de fita adesiva prata costurado no tecido. “Está linda, minha filha”, dona Rosa disse, sua voz quebrando. “Tão, tão linda. toque na porta.
Seu pai vestindo seu melhor terno com lágrimas nos olhos. Gabriela, ele não conseguiu terminar. Eu sei, pai. Ela o abraçou. Eu sei. A fazenda estava transformada. Cadeiras brancas em fileiras perfeitas no jardim. Um arco coberto de lírios e jasms.
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