E se você descobrisse que sua vida inteira foi uma mentira, que o amor verdadeiro pode nascer do arranjo mais frio, Mariana nunca imaginou que um contrato de casamento mudaria não apenas seu destino, mas despertaria uma paixão que transformaria dois impérios e duas almas partidas.
Esta é uma história de redenção, arte e um amor que desafia todas as convenções sociais. De onde você está assistindo? Deixa aí nos comentários sua cidade e não esquece de se inscrever no canal e deixar aquele like para mais histórias emocionantes como esta. Agora vamos mergulhar nesta jornada que vai te fazer acreditar novamente no poder transformador do amor verdadeiro.
O reflexo no espelho rachado do quarto minúsculo não mentia. Aos 21 anos, Mariana Santos havia perdido o brilho nos olhos que um dia dançaram ao som de Chopan. Suas mãos, antes delicadas sobre as teclas do piano, agora estavam calejadas pelo trabalho árduo na padaria do bairro da Liberdade. “Mariana, desce aqui agora.
” A voz áspera da tia Rosa cortou o silêncio matinal como uma lâmina. Ela suspirou, alisando o uniforme poído da padaria. 5 anos. Cinco longos anos desde que os tios Antônio e Rosa a acolheram após a tragédia que lhe arrancou os pais, 5 anos sendo lembrada diariamente do peso que representava para a família.
Na cozinha estreita, o tio Antônio fumava seu cigarro matinal enquanto Rosa mexia o café com movimentos bruscos, irritados. O ar estava denso, carregado de uma tensão que Mariana conhecia bem demais. “Senta aí!” Rosa apontou para a cadeira de plástico desgastada. Temos uma proposta que vai resolver todos os nossos problemas. Mariana sentiu um arrepio percorrer sua espinha.
Quando os tios falavam em resolver problemas, geralmente significava mais trabalho e menos liberdade para ela. Que tipo de proposta? Sua voz saiu mais fraca do que gostaria. Antônio apagou o cigarro no cinzeiro transbordando e se aproximou, seus olhos pequenos brilhando com uma ganância que ela reconheceu imediatamente. Rafael Oliveira, ele pronunciou o nome como se fosse uma oração.
O magnata, precisa de uma esposa respeitável. O mundo de Mariana pareceu parar. As palavras ecoaram em sua mente como ecos distantes de um pesadelo. Ah, é você. Rosa continuou um sorriso cruel curvando seus lábios finos. Vai ser essa esposa. Eu eu não entendo. Mariana balbuceou, suas mãos tremendo ligeiramente. É simples. Antônio se serviu de mais café, completamente indiferente ao choque estampado no rosto da sobrinha.
Ele precisa de uma mulher sem escândalos para impressionar os investidores americanos. Nós precisamos quitar nossas dívidas. Você precisa de um futuro melhor do que trabalhar numa padaria pelo resto da vida. Vocês estão falando de me vender? As palavras saíram mais altas do que Mariana pretendia, revelando uma fagulha da personalidade forte que ela havia enterrado tão profundamente. Rosa bateu a colher na mesa com força, fazendo o açúcar se espalhar.
Vender? Estamos te dando a chance da sua vida. Casar com o homem mais rico de São Paulo. Você devia estar nos agradecendo de joelhos. Eu não amo esse homem. Eu nem o conheço. Amor, Antônio riu sec. É luxo de rico. E você não é rica, querida? Ainda não. Mariana sentiu as paredes do pequeno cômodo se fechando ao seu redor.
A vida que conhecia, por mais difícil que fosse, estava prestes a desaparecer. em seu lugar, um futuro completamente desconhecido com um homem que ela jamais havia visto. E se eu recusar? O silêncio que se seguiu foi mais eloquente que qualquer ameaça. Rosa e Antônio trocaram um olhar que Mariana interpretou perfeitamente. Não havia escolha real. “O casamento é daqui a duas semanas”, Rosa finalmente disse, retomando seus movimentos na cozinha como se estivessem discutindo o cardápio do almoço. Vai ser na Catedral da Sé.
Recepção no Copacabana Palace. Duas semanas. 14 dias para se despedir da única vida que conhecia e aceitar um destino que parecia mais uma sentença do que uma bênção. Naquela noite, sozinha em seu quarto, Mariana permitiu que as lágrimas finalmente fluíssem. Pela primeira vez em cinco anos, suas mãos encontraram movimento sobre uma superfície imaginária, dedos dançando no ar como se tocassem as teclas de um piano que não existia mais.
Ela não sabia que a poucos quilômetros dali, em uma mansão de Alphaville, Rafael Oliveira também estava acordado, olhando através da janela de seu escritório, questionando-se sobre a decisão que mudaria ambas as suas vidas para sempre. Mas será que este casamento arranjado poderia se transformar em algo que nenhum dos dois esperava? Rafael Oliveira ajustou o nó da gravata italiana pela quinta vez em 10 minutos.
Aos 43 anos, ele dominava salas de reunião com a mesma facilidade que respirava, mas a ideia de conhecer sua futura esposa o deixava inexplicavelmente nervoso. “Senhor Oliveira!” A voz de Carmen, sua governanta, soou suave atrás dele. A senorita Santos chegou.
Ele se virou, encontrando os olhos bondosos da mulher de 55 anos, que cuidava de sua vida há mais de uma década. Carmen havia sido confidente de Maria e, desde a perda de sua esposa, era a única pessoa em quem Rafael verdadeiramente confiava. “Como ela parece?”, perguntou, surpreendendo a si mesmo com a pergunta. Carmen sorriu de forma quase maternal, assustada, muito jovem.
Mas há algo em seus olhos, uma força adormecida. Rafael assentiu, alisando o terno impecável. A sala de visitas de sua mansão nunca lhe pareceu tão intimidadora quanto naquele momento. Móveis de época, obras de arte valiosas, lustres de cristal, tudo ali gritava poder e riqueza.
Exatamente o que uma jovem órfã de 21 anos precisava ver para se sentir completamente fora de lugar. Quando desceu à escadaria de mármore, Rafael a viu pela primeira vez. Mariana Santos estava de pé no centro da sala, usando um vestido simples de tecido barato, mas que não conseguia esconder a elegância natural de sua postura. Seus cabelos castanhos estavam presos em um coque simples e ela mantinha as mãos entrelaçadas na frente do corpo numa tentativa clara de controlar o nervosismo, mas foram seus olhos que o surpreenderam.
esperava encontrar ganância, interesse, talvez até medo. Em vez disso, viu determinação misturada com uma tristeza profunda que ele reconheceu instantaneamente. Senrita Santos. Sua voz saiu mais formal do que pretendia. Senhor Oliveira, ela respondeu, fazendo uma pequena reverência que pareceu mais instintiva do que ensaiada.
Os tios dela, Antônio e Rosa, permaneciam no canto da sala como abutres esperando para dividir a presa. Rafael os ignorou completamente, focando sua atenção na jovem, que seria sua esposa, em menos de duas semanas. “Gostaria de conversar comigo em particular?”, Ele sugeriu. Mariana assentiu, seguindo-o até o escritório. O ambiente era igualmente luxuoso, mas as estantes repletas de livros e a lareira acesa criavam uma atmosfera ligeiramente mais acolhedora. “Sente-se, por favor.
” Rafael indicou uma poltrona de couro, posicionando-se atrás de sua mesa. A distância física era proposital, uma barreira que o protegia de qualquer conexão emocional indesejada. Imagino que seus tios já explicaram os termos deste arranjo. Eles disseram que o senhor precisa de uma esposa para impressionar investidores americanos.
Mariana respondeu, sua voz mais firme do que Rafael esperava. É verdade. E você precisa de estabilidade financeira. Segundo eles, sim. Rafael notou a hesitação em sua resposta. E segundo você, Mariana o encarou diretamente pela primeira vez e ele viu um lampejo da força que Carmen havia mencionado. Segundo eu, estou sendo vendida para quitar as dívidas deles.
A honestidade brutal da declaração o pegou desprevenido. Ele havia esperado submissão, talvez alguma encenação de interesse romântico. Não essa lucidez cortante que espelhava sua própria percepção da situação. Você tem razão”, ele admitiu, surpreendendo ambos com a confissão. “É exatamente isso que está acontecendo. Então, por que aceitar? O senhor é rico o suficiente para encontrar qualquer tipo de mulher que queira.
” Rafael se levantou, caminhando até a janela, que oferecia vista para o jardim perfeitamente manicurado. Como explicar que todas as mulheres que havia conhecido desde a morte de Maria eram transparentemente interesseiras? Como contar que precisava de alguém que não o amasse porque ele não suportava a ideia de amar novamente.
“Porque você não me ama?”, ele disse finalmente sem se virar. “E eu não amo você”. Isso torna tudo mais limpo. O silêncio que se seguiu foi longo e carregado. Quando Rafael finalmente se virou, viu que Mariana estava observando um retrato na parede, uma foto em preto e branco de uma mulher linda sorrindo para a câmera. “Maria”, ele disse suavemente.
“Minha falecida esposa. Ela era muito bonita.” Mariana comentou sem inveja ou ciúme em sua voz. O senhor a amava muito. Sim, e isso quase me destruiu quando a perdi. Por isso quero uma esposa que não ame. Por isso preciso de uma esposa que não ame. Mariana se virou para ele e Rafael viu algo mudando em sua expressão. Uma compreensão mútua, talvez.
Dois sobreviventes reconhecendo as feridas um do outro. Quais seriam minhas obrigações como sua esposa? Aparecer em eventos sociais quando necessário. Manter as aparências. não se envolver em escândalos. Ele fez uma pausa. Seus aposentos seriam completamente separados dos meus. Você teria total liberdade dentro de limites razoáveis. E em troca, seus tios teriam suas dívidas quitadas.
Você teria acesso a tudo que o dinheiro pode comprar. Educação, se quiser, viagens, uma vida confortável. Mariana assentiu lentamente, processando a informação. Posso ter uma noite para pensar? Claro, embora ambos saibamos qual será a sua resposta. Ela se levantou, alisando o vestido simples. Na porta, parou e se virou. Senr.
Oliveira, quando meus pais eram vivos, eu dançava balé e tocava piano. Os tios me proibiram de continuar. Por quê? Diziam que arte era coisa de vagabundo. Rafael sentiu algo estranho se mexendo em seu peito. E o que você acha? Eu acho. Mariana disse, seus olhos brilhando com a primeira centelha de vida verdadeira que ele havia visto.
Que arte é a única coisa que nos mantém humanos. Depois que ela saiu, Rafael ficou olhando para a porta fechada por vários minutos. Havia algo naquela jovem, uma profundidade que contradiz sua origem simples, uma força que seus tios claramente tentaram sufocar. Pela primeira vez em 5 anos, ele se perguntou se havia subestimado a complexidade do que estava prestes a começar.
Será que Rafael estava preparado para descobrir que sua futura esposa guardava segredos que poderiam despertar seu coração novamente? A catedral da Sé nunca havia parecido tão imponente quanto naquele sábado ensolarado de novembro. Mariana estava diante do espelho no pequeno vestiário dos fundos da catedral, observando seu reflexo, usando um vestido de noiva que custava mais do que ela ganharia em 10 anos na padaria.
O vestido havia sido escolhido por rosa naturalmente, cetim branco com aplicações de renda francesa, calda longa e vel de 3 m. Tudo perfeitamente elegante, completamente adequado para a ocasião e absolutamente impessoal. “Você está linda, querida”, Carmen disse suavemente, ajustando os últimos detalhes do véu. A governanta havia insistido em ajudar com os preparativos, um gesto de gentileza que havia tocado profundamente Mariana.
“Obrigada”, Mariana, murmurou, suas mãos tremendo ligeiramente enquanto segurava o buquê de rosas brancas. Carmen se posicionou atrás dela e, através do espelho, Mariana viu compaixão genuína nos olhos da mulher mais velha. “Ele não é um homem mau,” Carmen disse baixinho, apenas ferido.
Como a senhora sabe? Porque cuidei de Maria? Vi como ela o amava e como ele a amava quando a perdeu. Carmen fez uma pausa, escolhendo as palavras cuidadosamente. Algumas pessoas se fecham para se proteger. Rafael é uma dessas pessoas. E se ele nunca se abrir novamente? Carmen sorriu, um brilho misterioso em seus olhos. Então, talvez seja sua missão ajudá-lo a encontrar o caminho de volta.
Antes que Mariana pudesse responder, a porta se abriu e Rosa entrou radiante com seu vestido azul marinho. “Está na hora”, ela anunciou, praticamente vibrando de excitação. As câmeras estão todas posicionadas. Os convidados estão maravilhados com a decoração. Você vai ser a sensação de todas as colunas sociais amanhã. Mariana assentiu mecanicamente. Rosa via aquele casamento como seu momento de glória social.
a oportunidade de finalmente se misturar com a elite paulistana. Para ela, a sobrinha era apenas um meio para atingir esse fim. Lembre-se, Rosa continuou, ajeitando compulsivamente detalhes que já estavam perfeitos. Sorria sempre, fale pouco. E não faça nada que possa envergonhar a família.
Que família? Mariana pensou amargamente, mas apenas assentiu. Carmen ofereceu seu braço. Vamos. A caminhada pela nave da catedral pareceu durar uma eternidade e um segundo ao mesmo tempo. Mariana estava vagamente consciente dos murmúrios admirativos dos convidados, dos flashes discretos das câmeras, do órgão tocando a marcha nupcial, mas sua atenção estava focada no homem que a esperava no altar. Rafael estava impecável em seu smoking preto.
Seus cabelos escuros, levemente grisalhos nas têmporas, estavam perfeitamente penteados. Ele mantinha uma expressão serena, quase empresarial, como se estivesse prestes a assinar um contrato importante em vez de se casar. Quando seus olhos se encontraram, Mariana viu algo que a surpreendeu, não indiferença, mas uma curiosidade contida, como se ele também estivesse se perguntando em que tipo de aventura haviam se metido.
O padre iniciou a cerimônia com as palavras tradicionais sobre amor, compromisso e união eterna. As palavras pareciam flutuar ao redor de Mariana, sem realmente atingi-la. Este não era o casamento com que havia sonhado quando criança, ouvindo suas amigas falarem sobre príncipes encantados e finais felizes.
Rafael Oliveira, você aceita Mariana Santos como sua legítima esposa? Aceito. Sua voz foi clara, firme, completamente desprovida de emoção. Mariana Santos, você aceita Rafael Oliveira como seu legítimo esposo? Mariana hesitou por uma fração de segundo, uma última chance de recuar, de escolher a incerteza da pobreza em vez da prisão dourada que a esperava. Mas quando olhou para Rafael, viu algo em seus olhos.
Não amor, mas uma promessa silenciosa de que ele honraria os termos do acordo deles. Aceito. As alianças foram trocadas. Simples bandas de ouro que pesavam mais do que aparentavam. Quando Rafael levantou seu véu para o beijo tradicional, Mariana segurou a respiração. O beijo foi casto, rápido, mais um cumprimento formal do que uma demonstração de afeto, mas por um momento infinitezimal.
Quando os lábios dele tocaram os seus, Mariana sentiu algo, uma centelha, uma possibilidade, um lampejo do que poderia ser se as circunstâncias fossem diferentes. Apresento-lhes o senhor e a senora Oliveira. Os aplausos encheram a catedral como uma onda.
Rafael ofereceu seu braço e juntos eles caminharam pela nave em direção à saída. Agora oficialmente marido e mulher. No Copacabana Palace, a recepção foi um espetáculo de ostentação calculada. Flores raras, champanhe francês, uma orquestra completa tocando clássicos da música erudita. Tudo perfeitamente planejado para impressionar os investidores americanos que observavam cada movimento do novo casal.
Durante a primeira dança, Rafael a conduziu com uma graciosidade que surpreendeu Mariana. “Você dança bem?” Ela comentou baixinho. Aulas obrigatórias na infância, preparação para a vida social, ele respondeu com um sorriso que não chegou aos olhos. E você dança naturalmente. Meus pais me ensinaram antes, ela não terminou a frase.
Antes de eles morrerem, Mariana ergueu os olhos, surpresa. Como o senhor sabe? Eu investiguei sua família. sabia sobre os talentos artísticos, sobre a repressão dos seus tios, sobre tudo. Ela sentiu uma mistura de raiva e curiosidade. Por que não me contou antes? Porque queria ver se você me contaria por vontade própria.
E agora que não contei? Rafael a fez girar, trazendo-a de volta para seus braços numa execução perfeita. Agora sei que você guarda segredos. Isso me faz pensar que talvez eu tenha subestimado quem você realmente é, Mariana Oliveira. O nome soou estranho em seus ouvidos. Mariana Oliveira. Uma nova identidade, uma nova vida, uma nova pessoa que ela ainda não sabia como ser.
Quando a música terminou, Carmen se aproximou discretamente. “O carro está esperando para levá-los para casa”, ela informou. “Casa?” A palavra era estranha e familiar ao mesmo tempo. Em poucas horas, Mariana estaria dormindo em uma mansão em Alfa Ville, começando uma vida que parecia mais um sonho ou pesadelo do que realidade.
No carro, enquanto as luzes de São Paulo passavam pela janela, Rafael quebrou o silêncio. Sei que isso não é o que você sonhou para sua vida. E o senhor é o que sonhou para a sua? Ele considerou a pergunta por um longo momento. Não, mas sonhos às vezes precisam ser sacrificados pela sobrevivência.
Mas será que tanto Mariana quanto Rafael descobririam que alguns sonhos são mais resilientes do que imaginavam? A mansão oliveira à noite era uma estrutura imponente que se destacava contra o céu estrelado de Alpaville. Mariana observa a fachada il janela do carro, tentando processar que aquilo agora era sua casa. É impressionante, ela murmurou. É fria.
Rafael respondeu, surpreendendo-a com a honestidade. Mas você se acostuma. Carmen os recebeu na entrada, eficiente como sempre. Alguns empregados se alinharam discretamente no principal. Jardineiro, cozinheira, duas arrumadeiras. Apresentações rápidas. sorrisos educados e então o silêncio constrangedor de não saber exatamente qual era o protocolo para uma situação tão incomum.
“Gostaria de ver seus aposentos?”, Rafael perguntou, mantendo a formalidade que havia caracterizado toda a interação entre eles. Mariana assentiu, seguindo-o pela escadaria de mármore. Seus saltos ecoavam nos degraus, um som que parecia anunciar sua chegada a um mundo completamente diferente. Ala oeste da mansão foi designada como seus aposentos, três cômodos espaçosos, quarto, sala de estar privativa e closet, todos decorados em tons suaves de azul e creme.
Era elegante, confortável e completamente impessoal. “Esta era a suí de hóspedes VIP”, Rafael explicou. “Mandei redecorar para você. Se quiser mudar alguma coisa, está perfeito. Obrigada.” Ele a sentiu permanecendo na porta enquanto ela entrava e observava o ambiente. A cama queise dominava o quarto, coberta por um edredom seda que provavelmente custava mais que um salário inteiro da padaria.
“Rafael”, ela disse, experimentando usar seu nome pela primeira vez. Ele se virou, uma expressão questionadora no rosto. Qual é, qual é exatamente a expectativa sobre nossa convivência? Eu tenho meus aposentos na ala leste. Você tem os seus aqui. Durante o dia compartilhamos as áreas comuns conforme necessário. Jantamos juntos quando estivermos ambos em casa. As aparências devem ser mantidas para os empregados.
E eventos sociais? Você me acompanhará quando solicitado. Carmen te ajudará com tudo. Roupas adequadas, etiqueta social, o que esperar de cada situação? Mariana assentiu, absorvendo as regras de sua nova existência. Há mais uma coisa, Rafael hesitou, como se lutando com uma decisão interna.
Amanhã Carmen te mostrará a biblioteca e a sala de música. Há um piano ali que, bem, há muito tempo ninguém toca. Antes que ela pudesse perguntar mais detalhes, ele se virou. Boa noite, Mariana. Boa noite, marido. A palavra saiu com um toque de ironia que fez Rafael parar na porta por um segundo antes de seguir pelo corredor.
Sozinha em seus novos aposentos, Mariana finalmente permitiu que a realidade do dia a atingisse completamente. Ela se casou com um desconhecido por dinheiro. A protagonista de sua própria vida havia se tornado uma personagem secundária em um arranjo comercial. Mas enquanto se preparava para dormir, não conseguia tirar da cabeça o momento em que Rafael havia mencionado a sala de música.
havia algo em sua voz, uma vulnerabilidade cuidadosamente escondida que sugeria que aquele piano significava muito mais do que ele havia revelado. Na manhã seguinte, Carmen apareceu com uma bandeja de café da manhã, croaçãs frescos, frutas cortadas artisticamente, café coado na hora, suco de laranja espremido na hora. Bom dia, senhora oliveira.
Por favor, Mariana pediu, me chame de Mariana. Senora Oliveira me faz sentir como se estivesse fingindo ser outra pessoa. Carmen sorriu compreensivamente. Talvez porque você ainda está descobrindo quem é Mariana Oliveira. Depois do café, Carmen cumpriu sua promessa e levou Mariana para conhecer melhor a mansão. A biblioteca era impressionante.
Duas paredes cobertas de livros do chão ao teto, poltronas de couro confortáveis, uma lareira que criava uma atmosfera acolhedora mesmo desligada. Maria adorava ler aqui. Carmen mencionou casualmente. Ela dizia que era o coração da casa. Como ela era, Carmen parou em frente a uma estante, seus dedos tocando levemente a lombada de um livro de poesia.
Gentil, muito gentil, tinha o dom de fazer as pessoas se sentirem importantes. Rafael era mais leve quando ela estava por perto. Eles se amavam muito. Sim, talvez demais. Quando você ama tanto assim, a perda é devastadora. saíram da biblioteca e caminharam pelo corredor até chegarem a uma porta de madeira escura que Carmen abriu com reverência quase religiosa.
A sala de música tirou o fôlego de Mariana. Um piano de cauda Steinway dominava o centro do ambiente, sua superfície preta espelhada, refletindo a luz que entrava pelas janelas amplas. Havia também um violino em uma vitrine, algumas estantes com partituras e poltronas dispostas como se fossem um pequeno auditório privativo. “Maria tocava?” Mariana perguntou se aproximando do piano.
“Não, esse piano estava aqui quando Rafael comprou a casa. Maria sempre dizia que um dia eles teriam uma filha que aprenderia a tocar. Carmen não precisou explicar que esse dia nunca chegou.” Mariana passou os dedos levemente sobre as teclas, não produzindo som. apenas sentindo a textura familiar.
5 anos desde que havia tocado um piano de verdade. 5 anos de silêncio forçado. “Você pode tocar?” Carmen disse suavemente. Ele disse que você pode. Ele disse isso. Disse para te mostrar a sala e deixar claro que você tem liberdade para usar qualquer coisa aqui. Mariana se sentou no banco do piano, ajustou sua postura, como sua mãe havia ensinado tantos anos atrás, e colocou as mãos sobre as teclas.
Por um momento, apenas ficou assim, sentindo a conexão com uma parte de si mesma, que havia pensado estar morta. Então começou a tocar. As primeiras notas de Claire de Loney de Deby encheram o ambiente, hesitantes no início, depois ganhando confiança e fluidez.
Mariana fechou os olhos, permitindo que a música a transportasse para um lugar onde ainda era a filha de dois artistas apaixonados, onde seus sonhos ainda eram possíveis. Ela não percebeu que Rafael havia parado na porta, atraído pelo som do piano, depois de tanto tempo em silêncio. Ele observou suas mãos se moverem sobre as teclas com uma graça natural que anos de repressão não conseguiram destruir.
Viu a transformação em seu rosto quando a música a reconectou com sua verdadeira identidade. Por um momento fugaz, Rafael se lembrou do que significava testemunhar beleza pura, não corrompida por interesses ou agendas. A música de Mariana tinha algo que as performances profissionais que ele frequentava não tinham. Alma.
Quando a música terminou, Mariana abriu os olhos e se virou, encontrando Rafael na porta. “Desculpe”, ela disse rapidamente. “Eu não sabia que não pare.” Ele interrompeu entrando na sala. Foi, foi lindo. Pela primeira vez desde que se conheceram, a formalidade entre eles vacilou. No lugar havia algo mais autêntico, mais humano. Faz muito tempo que não toco. Não parece.
Você tem um dom. Mariana corou ligeiramente. Meus pais me ensinaram. Eles diziam que a música era a linguagem da alma. Talvez fosse por isso que seus tios proibiram. Almas livres são perigosas. A observação foi tão perspicaz. que Mariana se virou completamente para encará-lo.
Pela primeira vez, ela viu não apenas o magnata frio, mas o homem por trás da máscara. Será que a música poderia ser a chave para quebrar as barreiras que ambos construíram ao redor de seus corações? Duas semanas haviam-se passado desde que Mariana tocara piano pela primeira vez na sala de música e uma rotina estranha havia se estabelecido na mansão oliveira.
Todas as manhãs, depois que Rafael saía para o escritório, ela passava pelo menos duas horas tocando piano, redescobrindo peças que havia aprendido na infância e explorando novas partituras que encontrava na biblioteca musical. Era durante uma dessas manhãs que Carmen trouxe uma notícia inesperada. O Senr. Rafael pediu para você se arrumar hoje à tarde. Vocês vão a um evento de negócios.
Mariana parou de tocar, suas mãos congelando sobre as teclas. Que tipo de evento? Jantar beneficente no Hotel Unique. A fusão com a empresa americana depende muito da impressão que vocês causarem nesta noite. O nervosismo de Mariana deve ter sido evidente, porque Carmen se sentou ao seu lado no banco do piano. Você vai se sair bem. Rafael escolheu você por um motivo. Ele me escolheu porque eu era conveniente e discreta.
Talvez no início, mas nos últimos dias notei que ele faz questão de estar em casa na hora do jantar. E ontem o vi parado fora da sala de música, apenas ouvindo você tocar. O coração de Mariana saltou uma batida. Ele tem feito isso todos os dias. Ele acha que ninguém percebe, mas Carmen sorriu. Esse piano ficou em silêncio por 5 anos. Agora a casa inteira sabe quando você está tocando.
À tarde, Carmen ajudou Mariana a se preparar. O vestido era um Valentino azul marinho, elegante, sem ser ostensivo, que realçava sua silhueta delicada. Carmen trabalhou em seus cabelos, criando um penteado sofisticado que deixava seu pescoço gracioso em evidência. Pronto, Carmen disse, dando um passo para trás para admirar seu trabalho. Você está linda.
Quando Mariana desceu a escadaria, Rafael estava esperando no hall, ajustando os punhos de sua camisa. Ele ergueu os olhos e parou completamente, uma expressão que ela não conseguiu decifrar passando por seu rosto. “Você está muito elegante”, ele disse. Sua voz soando ligeiramente rouca. “Obrigada.” No carro, Rafael a instruiu sobre o evento, quem estaria presente, que tipo de conversas esperar, como ela deveria se portar.
Os americanos são conservadores, então demonstrações públicas de afeto podem ser bem-vindas. Nada exagerado, apenas proximidade natural entre um casal apaixonado. Fingir que somos apaixonados, fingir que somos felizes juntos. A diferença? Rafael considerou a pergunta. Talvez não para quem está observando de fora.
O hotel Unique estava deslumbrante, com decoração sofisticada e a elite empresarial de São Paulo circulando com taças de champanhe. Mariana se sentia como uma atriz interpretando um papel para o qual não havia ensaiado adequadamente. Rafael foi perfeito no papel do marido atencioso. Mantinha a mão nas costas dela quando conversavam com outros casais. oferecia-lhe bebidas antes que ela pedisse.
Incluía-a nas conversações de forma natural. Para qualquer observador externo, eles pareciam genuinamente conectados. Então, senhor Oliveira”, disse James Morrison, o principal investidor americano. “Ouvi dizer que sua esposa é talentosa musicalmente.” Mariana sentiu Rafael tensionar ao seu lado, mas ele respondeu com naturalidade. Extremamente talentosa.
Ela toca piano com uma sensibilidade que é rara de encontrar. Que maravilhoso. Minha esposa Carol também é amante da música clássica. Você se apresenta profissionalmente? Não, Mariana respondeu encontrando sua voz. É mais uma paixão pessoal, algo que compartilho apenas com pessoas especiais.
Ela olhou para Rafael enquanto dizia isso e viu algo mudando em seus olhos, uma intensidade que não estava lá antes. Que romântico! Carol Morrison comentou. É raro encontrar casais jovens que compartilhem interesses tão refinados. Mais tarde, durante o jantar, Rafael sussurrou no ouvido de Mariana. Você se saiu muito bem. Eles estão impressionados.
A proximidade necessária para sussurrar fez Mariana sentir o calor de sua respiração em seu pescoço, enviando um arrepio inesperado por sua espinha. Estou apenas seguindo sua orientação ela respondeu baixinho. Não, você está sendo você mesma e isso é mais eficaz do que eu esperava. Na volta para casa, ambos permaneceram em silêncio por um longo tempo.
Mariana observava as luzes da cidade passando pela janela, processando a noite e as sensações confusas que havia experimentado. Mariana, Rafael finalmente disse, você mencionou que era de Minas originalmente, como chegou a São Paulo? Era a primeira pergunta pessoal que ele fazia desde que se casaram. Meus pais vieram para São Paulo quando eu tinha 15 anos. Papai havia conseguido um trabalho em uma orquestra pequena e mamãe ia ensinar balé em uma escola de dança. Eles estavam tão felizes, tão cheios de planos.
E então, então eles morreram um ano depois. Acidente na Presidente Dutra. Chuva forte, um caminhão derrapou. Ela parou, não querendo reviver os detalhes. Rafael estendeu a mão, tocando brevemente os dedos dela. O gesto foi tão inesperado que Mariana se virou para olhá-lo. Sinto muito. Eu não sabia dos detalhes.
Por que você financiava uma escola de artes antes de se casar comigo? A pergunta o pegou desprevenido. Como você sabe disso? Carmen mencionou que era algo em memória de Maria. Rafael ficou em silêncio por tanto tempo que Mariana pensou que ele não responderia. Maria sempre quis ser mãe.
Ela dizia que nossa filha seria artista, que encheria a casa de música e dança. Quando ela morreu, ele parou engolindo com dificuldade. Quando ela morreu, pensei que financiar educação artística para crianças carentes seria uma forma de honrar o sonho que nunca se realizou. E agora? Agora me pergunto se não era também uma forma de punir a mim mesmo, dar para outros o que nunca pude dar a ela.
Chegaram à mansão, mas nenhum dos dois fez menção de sair do carro imediatamente. Havia algo no ar entre eles, uma conexão que não existia antes, uma vulnerabilidade que ambos haviam evitado cuidadosamente. Rafael, Mariana disse suavemente. Você não pode passar a vida se punindo por algo que não foi sua culpa.
Como você sabe que não foi? Porque conheço a culpa. Passei 5 anos me culpando por não ter feito algo para impedir meus pais de viajarem naquele dia. A culpa é um veneno que destrói qualquer possibilidade de felicidade futura. Ele se virou para encará-la completamente e Mariana viu algo em seus olhos que a fez segurar a respiração.
Era como se pela primeira vez ele estivesse realmente a vendo, não como a solução para um problema empresarial, mas como uma pessoa com sua própria dor e sabedoria. Como você conseguiu superar? Ainda estou tentando, mas tocar piano novamente tem me ajudado. É como se a música me reconectasse com quem eu era antes da perda. Rafael assentiu lentamente, processando as palavras dela.
“Talvez,” ele disse finalmente, “seja a hora de nós dois pararmos de apenas sobreviver e começarmos a viver novamente. Mas será que estavam prontos para enfrentar o que viver novamente poderia significar para ambos?” O envelope chegou numa manhã de dezembro, entregue por um mensageiro particular.
Carmen o trouxe para Mariana, que estava tomando café da manhã sozinha no terraço, aproveitando o sol matinal. “Para a senhora”, Carmen disse curiosa. O papel era caro, pesado, com o brasão de uma das famílias mais tradicionais de São Paulo. Mariana abriu o envelope e leu o convite elegantemente caligrafado. A família Mendonça tem a honra de convidar o Sr.
Rafael Oliveira e esposa para o baile anual de Natal em sua residência. Um baile. Mariana murmurou sentindo um frio no estômago. Carmen leu por cima de seu ombro. Ah, o baile dos Mendonça é o evento social do ano. Toda a alta sociedade paulistana estará lá. Eu não sei dançar valsas. Como não sabe? Você se move com tanta graça? Balé é diferente de dança de salão. Muito diferente.
Naquela noite durante o jantar, Mariana mencionou o convite para Rafael. Precisamos ir. Ele disse imediatamente. Os Mendonça têm conexões importantes com os americanos. Nossa presença é essencial. Rafael, eu nunca dancei valsa na vida. Ele parou com o garfo no ar, analisando a preocupação em seu rosto. É sério? Muito sério? E se eu fizer feio? Se tropeçar nos seus pés na frente de toda aquela gente? Para sua surpresa, Rafael sorriu, o primeiro sorriso genuíno que ela havia visto desde que se conheceram.
Então, vamos ter que te ensinar. No dia seguinte, após o almoço, Carmen apareceu com uma notícia inesperada. O Senr. Rafael cancelou suas reuniões da tarde. Ele está te esperando na sala de música. Mariana encontrou Rafael movendo móveis, criando um espaço amplo no centro da sala. Ele havia trocado o terno por calças sociais.
e uma camisa de mangas arregaçadas. A primeira vez que ela ouvia sem a armadura formal de executivo. “Pronta para sua primeira lição?”, ele perguntou. “Você vai me ensinar?” Aprendi na adolescência, aulas obrigatórias, lembra? Vamos ver se ainda me lembro. Rafael acionou o sistema de som e uma valsa de estraus começou a tocar suavemente.
Ele se aproximou, estendendo uma das mãos enquanto a outra se posicionou levemente em suas costas. O primeiro passo é a postura. Imagine que há um fio invisível puxando sua cabeça para cima. Mariana tentou seguir suas instruções, mas estava terrivelmente consciente da proximidade dele. Podia sentir o calor de sua mão através do tecido de sua blusa, o perfume sutil de sua colônia. “Relaxe”, ele disse suavemente.
“A dança é sobre fluir juntos, não sobre pensar demais”. Eles começaram com passos básicos. Um, dois, tr Mariana pisou em seus pés várias vezes, mas Rafael foi paciente, gentil até, explicando novamente quando ela cometia erros. “É muito diferente do balé”, ela comentou durante uma pausa. “Como assim? No balé, você está expressando algo interno, contando uma história através do movimento.
Na dança de salão, você está conversando com seu par.” Rafael considerou a comparação. E o que nossa conversa está dizendo? A pergunta apegou desprevenida. Mariana olhou para ele, realmente olhou, e viu que ele também estava curioso sobre a resposta. Está dizendo que estamos aprendendo a confiar um no outro. Algo mudou na expressão de Rafael.
Suas mãos se posicionaram com mais firmeza e quando a música recomeçou, havia uma diferença na forma como ele a conduziu. “Agora vamos tentar o giro”, ele disse. A primeira tentativa foi desastrosa. Mariana se enrolou completamente, mas em vez de se frustrar, ela começou a rir. Era um som que não saía de sua garganta há anos, risada pura, espontânea. O riso dela fez Rafael parar completamente.
Ele ficou olhando para ela como se estivesse vendo uma aparição. O que foi? Mariana perguntou ainda sorrindo. Você riu? E é a primeira vez que te vejo rir de verdade. A observação criou um momento de intimidade inesperada entre eles. Mariana se deu conta de que Rafael também havia mudado. Suas feições estavam mais suaves, menos guardadas.
Talvez porque é a primeira vez em muito tempo que tem o motivo para rir. Eles retomaram a prática, mas algo fundamental havia mudado. Os movimentos ficaram mais fluidos, mais naturais. Rafael começou a conduzi-la não apenas através dos passos básicos, mas em variações mais elaboradas que exigiam confiança mútua. “Você está indo bem”, ele murmurou enquanto a fazia girar.
Tenho um bom professor. A música mudou para uma valsa mais lenta, mais romântica. Rafael puxou Mariana ligeiramente mais próxima e ela não resistiu. Pela primeira vez desde que se casaram, eles estavam verdadeiramente conectados, não fingindo para plateia alguma, apenas dois pessoas descobrindo uma intimidade inesperada.
“Mariana”, Rafael disse suavemente, sem parar de dançar. Sim, obrigado. Pelo quê? Por trazer música de volta para esta casa, por me lembrar de que ainda sei como sorrir. Ela ergueu os olhos para encontrar os dele e viu algo lá que fez seu coração acelerar. Não era amor, ainda não, mas era o reconhecimento de uma conexão genuína, a possibilidade de algo mais profundo do que qualquer um deles havia permitido considerar.
A música chegou ao fim, mas eles não se separaram imediatamente. Permaneceram ali próximos, respirando no mesmo ritmo, ambos processando a intimidade inesperada que havia se desenvolvido. “Acho que você está pronta para o baile”, Rafael disse finalmente. “Mas sua voz soou diferente, mais suave, mais pessoal”.
Acho que sim, mas ambos sabiam que a verdadeira preparação não tinha nada a ver com passos de dança. Era sobre aprender a baixar as barreiras que haviam construído ao redor de seus corações. Naquela noite, pela primeira vez desde que se casaram, Mariana não conseguiu dormir imediatamente. ficou olhando para o teto, revivendo a sensação de estar nos braços de Rafael, a forma como ele havia olhado para ela quando ela riu, o momento em que suas defesas mutuamente haviam vacilado.
Do outro lado da mansão, Rafael também estava acordado, olhando pela janela de seu escritório, perguntando-se quando exatamente Mariana havia deixado de ser apenas uma solução conveniente e começado a se tornar algo muito mais complicado e infinitamente mais perigoso. Será que no baile dos Mendonça eles descobririam que algumas danças mudam mais do que apenas passos? Mudam corações? A manhã do baile dos Mendonça amanheceu nublada, com uma tensão no ar que parecia espelhar a ansiedade crescente de Mariana. Carmen havia chegado mais cedo com uma equipe de profissionais, cabeleireira, maquiadora,
manicure, transformando o quarto de Mariana em um verdadeiro atelier de preparação. “É muita coisa,” Mariana comentou, observando a movimentação ao seu redor. “É a noite mais importante do calendário social paulistano.” Carmen respondeu, supervisionando cada detalhe. “Você precisa estar perfeita.” O vestido havia sido encomendado especialmente para a ocasião.
Umsaab em tom de champanhe com bordados delicados em cristais que criavam um efeito quase etéreo quando ela se movia. Era elegante, sem ser ostensivo, sofisticado, sem ser exagerado. Enquanto a cabeleireira trabalhava, criando um penteado elaborado que deixava alguns fios soltos e moldurando seu rosto, Mariana tentou controlar os nervos.
Não era apenas sobre dançar valsa, era sobre ser aceita por um círculo social que ela jamais imaginou frequentar. “A senhora está linda”, a maquiadora disse, dando os toques finais. “O senor Oliveira não vai conseguir tirar os olhos da senhora.” Mariana corou, mas não respondeu.
Nas últimas semanas, desde as aulas de dança, algo havia mudado entre ela e Rafael. Não eram mais apenas dois estranhos cumprindo um contrato. Havia uma intimidade crescente, pequenos momentos de conexão genuína que a deixavam confusa sobre o que realmente estava sentindo. Quando desceu à escadaria, Rafael estava esperando no hall, impecável em seu smoking, mas quando ergueu os olhos e a viu, sua expressão mudou completamente.
Ele ficou completamente imóvel, como se estivesse vendo uma aparição. Meu Deus! Ele murmurou. Está tudo bem? O vestido não ficou bom? Você está deslumbrante. Havia algo em sua voz, uma intensidade que fez Mariana sentir calor, subindo por seu pescoço e bochechas. No carro, Rafael parecia mais tenso do que usual.
“Há algo que preciso te contar”, ele disse enquanto saíam de Alpaville. “O que é? Vitória Herreira estará no baile hoje à noite. O nome não significava nada para Mariana, mas a forma como Rafael o pronunciou sugeriu que deveria significar. Quem é Vitória Herreira? Rafael hesitou claramente desconfortável. Alguém ou do meu passado.
Nós tivemos um relacionamento que terminou pouco antes do nosso casamento. Ah. Mariana processou a informação surpresa com a apontada de ciúmes. Que sentiu. Sério? Muito sério. Ela pode tentar criar situações constrangedoras. Quero que você esteja preparada. Que tipo de situações? Vitória é complicada. Ela gosta de ser o centro das atenções e pode não ter ficado feliz com nosso casamento.
A mansão dos Mendonça era um espetáculo de opulência natalina. Luzes douradas decoravam cada superfície. Arranjos florais elaborados embelezavam os salões e uma orquestra completa tocava no jardim coberto que havia sido transformado em pista de dança. Rafael querido uma voz feminina soou atrás deles assim que entraram.
Mariana se virou e viu uma mulher deslumbrante se aproximando. Cabelos loiros perfeitamente escovados. Vestido vermelho que abraçava cada curva. Joias que provavelmente custavam mais que uma casa. Ela era sofisticada. confiante e claramente acostumada a ser admirada. “Vitória!” Rafael respondeu sua voz educada, mas fria. “E esta deve ser sua esposa.
” Vitória estendeu uma mão perfeitamente manicurada para Mariana, mas seus olhos a avaliavam de forma calculista. “Mariana, não é? Ouvi tantas coisas sobre você. Espero que boas.” Mariana respondeu, aceitando o aperto de mão, que foi firme demais para ser amigável. Ohó, claro. É tão interessante quando um homem como Rafael escolhe alguém tão diferente do seu tipo usual.
A ofensa foi sutil, mas clara. Mariana sentiu Rafael tensionar ao seu lado. Se nos dá licença, Vitória. Queremos cumprimentar os anfitriões. Mas Vitória não havia terminado. Claro, claro. Ah, Rafael, você se lembra de nossa última conversa sobre aqueles planos que tínhamos feito para dezembro? Mariana viu uma expressão de desconforto passar pelo rosto de Rafael.
Isso foi antes de eu me casar, Vitória. Foi mesmo? Vitória sorriu, mas não havia calor algum no gesto. Que pena! Eram planos tão íntimos. Durante o jantar, Vitória conseguiu se sentar na mesa ao lado da deles, sempre encontrando formas de se inserir nas conversas, sempre fazendo comentários que lembravam Rafael de seu passado juntos.
Mariana observa tudo, sentindo-se cada vez mais como uma intrusa em um jogo cujas regras não conhecia. “Você está bem?”, Rafael perguntou baixinho durante o segundo prato. Perfeitamente, Mariana mentiu. Quando a orquestra começou a tocar para a dança, Rafael ofereceu sua mão, pronta para mostrar o que aprendeu.
Na pista de dança, Mariana finalmente se sentiu em terreno conhecido. Os passos que haviam praticado fluíram naturalmente e ela podia ver o orgulho nos olhos de Rafael quando outros casais pararam para observá-los dançar. “Você está magnífica.” Ele murmurou em seu ouvido, mas a magia foi interrompida quando a música parou e Vitória apareceu ao lado deles.
Rafael, você se importa se eu emprestar sua esposa por alguns minutos? Há algumas pessoas que quero apresentá-la. Antes que qualquer um pudesse protestar, Vitória havia puxado Mariana para longe da pista de dança. Então, Vitória disse assim que ficaram sozinhas. Como é ser casada com Rafael? É uma experiência interessante, imagino. Especialmente considerando as circunstâncias do casamento de vocês. Mariana sentiu seu sangue gelar.
Como assim? Ó, querida, você não acha que as pessoas não sabem? Acha um magnata como Rafael, de repente casando com uma completa desconhecida, todo mundo sabe que foi um arranjo. E daí? Vitória riu. Um som cristalino e cruel. E daí que é patético? Você realmente acha que um homem como Rafael pode se apaixonar por você? As palavras atingiram Mariana como tapas, não porque fossem falsas, mas porque ecoavam seus próprios medos mais profundos. Rafael me amou completamente por dois anos. Vitória continuou. Nós
tínhamos planos, um futuro juntos. E então, por pressões empresariais, ele teve que escolher uma esposa respeitável, conveniente. Você, se vocês se amavam tanto, por ele não casou com você? Porque meu passado não é adequado para impressionar investidores conservadores. Mas o amor não desaparece assim, querida. Rafael ainda me ama.
A diferença é que agora ele está preso em um casamento de conveniência com alguém que claramente não pertence ao mundo dele. Mariana se virou para ir embora, mas Vitória a segurou pelo braço. Olhe para si mesma. Olhe para mim. Você realmente acha que pode competir? Rafael está apenas cumprindo uma obrigação com você. Comigo? Ele é ele mesmo.
Então por que ele não está com você agora? Porque ele é um homem de palavra. Mas isso não significa que ele seja feliz. Quando Mariana voltou para a pista de dança, Rafael percebeu imediatamente que algo estava errado. O que aconteceu? Nada. Estou apenas cansada. Podemos ir para casa? Durante todo o trajeto de volta, Mariana permaneceu em silêncio, processando as palavras venenosas de Vitória. O pior era que elas faziam sentido.
Rafael nunca havia demonstrado amor por ela, apenas uma crescente amizade, talvez até afeição. Mas amor, Mariana, Rafael disse quando chegaram à mansão. Sei que Vitória disse algo. O que foi? Ela apenas me explicou como as coisas realmente são e como elas são. Mariana se virou para encará-lo, seus olhos brilhando com lágrimas que se recusava a derramar.
Ela me lembrou de que nosso casamento é um contrato comercial, nada mais, e que eu seria tola de pensar que poderia ser algo diferente. Rafael ficou em silêncio por um longo momento e esse silêncio foi mais eloquente que qualquer negativa poderia ter sido. Mas será que Rafael perceberia que seu silêncio acabara de quebrar algo precioso que estava crescendo entre eles? Os dias seguintes ao baile foram marcados por uma formalidade gélida que não existia desde as primeiras semanas de casamento.
Mariana retornou aos padrões antigos. Comia sozinha, evitava as áreas comuns quando Rafael estava em casa e até mesmo parou de tocar piano nos horários em que ele poderia escutar. Carmen observava tudo com crescente preocupação. “O que aconteceu entre vocês?”, Ela perguntou numa manhã enquanto servia café para Mariana no terraço. Nada aconteceu.
É isso o problema. Como assim? Mariana suspirou, mexendo o café sem beber. Eu me esqueci do que este casamento realmente é. Deixei que as aulas de dança, os jantares juntos, os momentos agradáveis me fizessem esquecer a realidade. E qual é a realidade? que eu sou uma esposa de conveniência, uma solução para um problema empresarial e que quando a fusão estiver finalizada, ela parou, não querendo verbalizar o resto. Carmen se sentou na cadeira ao lado.
Posso te contar uma coisa sobre Rafael? Mariana assentiu relutantemente. Nos últimos 5 anos, desde que Maria morreu, esta casa foi um mausoléu. Ele trabalhava, comia, dormia e só. Não recebia amigos, não ia a eventos sociais a menos que fosse absolutamente necessário, não demonstrava interesse, por nada que não fossem negócios.
E e nas últimas semanas eu ouvi sorrir mais vezes do que nos últimos cinco anos combinados. Eu ouvi parado na porta da sala de música, apenas ouvindo você tocar. Eu ouvi escolher ficar em casa para jantar com você em vez de trabalhar até tarde. Isso não significa nada, Carmen. Ele está apenas sendo educado. Rafael nunca foi educado por obrigação.
Se ele está passando tempo com você, é porque quer. Mariana balançou a cabeça. Vitória me mostrou quem eu realmente sou neste contexto. Uma impostora em um mundo que não é meu. Vitória. Carmen se endireitou, seus olhos brilhando perigosamente. O que aquela cobra venenosa disse para você? A reação de Carmen surpreendeu Mariana.
Você a conhece? Conheço muito bem. Ela foi amante de Rafael por dois anos. Uma mulher bonita, sofisticada e completamente interesseira. Maria sempre dizia que tinha pena de Rafael, porque ele não conseguia ver que Vitória só se interessava pelo dinheiro dele, mas eles se amavam. Rafael pensava que a amava. Vitória nunca amou ninguém além de si mesma. Carmen pegou as mãos de Mariana.
Querida, que mentiras ela contou. Mariana repetiu a conversa, observando a expressão de Carmen ficar cada vez mais indignada. Essa mulher manipuladora. Ela está tentando destruir seu casamento porque não suporta que Rafael escolheu outra pessoa. Mas ele não me escolheu. Fui eu quem estava disponível.
Foi você quem tocou o piano pela primeira vez nesta casa em 5 anos? Foi você quem o fez rir novamente. Foi você quem o fez lembrar que existe vida além do trabalho e da culpa? Antes que Mariana pudesse responder, Rafael apareceu no terraço. Estava com uma expressão tensa e ela percebeu que ele havia escutado pelo menos parte da conversa. “Posso falar com você?”, ele perguntou para Mariana. Carmen se levantou discretamente.
Vou preparar o almoço. Rafael se sentou na cadeira que Carmen havia deixado vaga, mas manteve distância. Preciso esclarecer algumas coisas sobre Vitória. Não precisa. Não é da minha conta. É sim, porque isso está afetando o nosso arranjo. A palavra arranjo cortou como uma faca.
Mariana se levantou para sair, mas Rafael a segurou pelo pulso. Por favor, me deixa explicar. Relutantemente, ela se sentou novamente. Vitória e eu tivemos um relacionamento por dois anos. Eu pensava que ela poderia me ajudar a seguir em frente depois de Maria. E podia? Não, porque ela nunca se interessou por mim como pessoa, apenas pelo que eu representava.
status, dinheiro, acesso à alta sociedade. Como descobriu, Rafael passou a mão pelos cabelos, um gesto de vulnerabilidade que Mariana havia aprendido a reconhecer. Maria deixou cartas para mim, para serem abertas em ocasiões específicas. No segundo aniversário de sua morte, abri uma onde ela me alertava sobre mulheres como vitória.
Ela dizia que quando chegasse a hora de amar novamente, eu saberia reconhecer o amor verdadeiro, porque seria baseado em quem eu realmente sou, não no que possuo. E foi por isso que terminou com ela. Terminei com ela porque percebi que estava usando o nosso relacionamento como anestesia. Não era amor, era fuga da dor. Mariana processou a informação, mas isso não muda o fato de que nosso casamento é um arranjo, eu sei.
Mas Rafael a encarou diretamente e Mariana viu uma luta interna em seus olhos, mas tem se tornado algo diferente, pelo menos para mim. O coração de Mariana saltou uma batida. O que você quer dizer? Quero dizer que quando você toca piano, eu paro qualquer coisa que esteja fazendo para escutar. Quero dizer que janto em casa todos os dias porque quero conversar com você.
Quero dizer que no baile dos Mendonça, quando dançamos juntos, foi a primeira vez em 5 anos que me senti completo. Mariana sentiu lágrimas picando seus olhos. Rafael, sei que isso complica tudo. Sei que não era parte do acordo original, mas não consigo fingir que você é apenas uma conveniência quando quando o quê? Quando estou me apaixonando por você. As palavras pairaram no ar entre eles como uma confissão perigosa.
Mariana sentiu o mundo girar ligeiramente ao redor dela. Você não pode estar falando sério. Estou completamente sério. Mas eu sou eu sou apenas. Você é inteligente, talentosa, forte, gentil e tem uma alma linda que transparece em tudo que faz. Você trouxe vida de volta para esta casa e para mim.
Mariana se levantou abruptamente, precisando de espaço para processar o que estava ouvindo. Isso não pode estar acontecendo. Por que não? Porque eu também estou me apaixonando por você. A confissão saiu como um grito de frustração e isso vai arruinar tudo. Rafael se levantou aproximando-se dela. Por que arruinaria? Porque amor não estava no contrato.
Porque quando você não precisar mais de uma esposa para impressionar investidores, eu vou embora. E porque eu não posso competir com a memória de Maria ou com mulheres como Vitória, você não está competindo com ninguém. Não estou? Rafael segurou o rosto dela entre as mãos, forçando-a a olhar para ele. Maria foi o amor da minha juventude. Ela me ensinou como amar. Mas você, ele parou, procurando as palavras certas.
Você me ensinou que é possível amar novamente, diferente, mas igualmente profundo. E vitória. Vitória foi um erro, uma tentativa de substituir o que havia perdido. Com você não estou tentando substituir nada. Estou descobrindo algo completamente novo. Mariana fechou os olhos, lutando contra o desejo de se render ao que estava sentindo.
Rafael, se fizermos isso, se admitirmos o que está acontecendo entre nós, não há volta. Não posso fingir que é só um arranjo depois de admitir que te amo. Então não finja. Ele se aproximou mais, sua respiração tocando o rosto dela. Mariana, você me ama. Ela abriu os olhos, encontrando-os dele. Por um momento, permitiu que toda a verdade aparecesse em sua expressão.
“Sim”, ela sussurrou. “Eu te amo. Mas será que admitir seus sentimentos seria o começo de algo belo ou o início de uma complicação que poderia destruir ambos?” As palavras de amor pairavam no arreum dos dois sabia se deveria atravessar. Rafael mantinha as mãos no rosto de Mariana, seus polegares acariciando suavemente suas bochechas, enquanto ela lutava contra as lágrimas que ameaçavam transbordar. “Mariana”, ele sussurrou, sua voz rouca de emoção.
“Não diga mais nada”, ela pediu. “Por favor, se dissermos mais alguma coisa, isso se torna real. E se eu quiser que se torne real?” Ela fechou os olhos novamente, mas Rafael continuou falando suas palavras, chegando até ela como carícias. 5 anos, Mariana, 5 anos pensando que nunca mais conseguiria sentir isso, que a parte de mim capaz de amar havia morrido com Maria.
E então você chegou com sua música, com sua força silenciosa, com essa forma de olhar o mundo como se ainda houvesse beleza nele, mesmo depois de tudo que sofreu. Rafael, pare. Por quê? Porque eu tenho medo. Medo de quê? Mariana abriu os olhos e ele viu toda a vulnerabilidade que ela tentava esconder. Medo de não ser suficiente.
Medo de que quando a novidade passar você perceba que cometeu um erro. medo de me entregar completamente e descobrir que isso é temporário. Rafael moveu suas mãos para os ombros dela, segurando-a com firmeza. “Olha para mim”, ele disse. “Olha bem para mim” e me disse: “Você vê mentira nos meus olhos”.
Relutantemente, Mariana o encarou. Viu intensidade, vulnerabilidade, medo também, mas acima de tudo viu verdade. “Eu nunca menti para você”, ele continuou. Desde o primeiro dia fui honesto sobre o que este casamento era e agora estou sendo honesto sobre o que ele se tornou. O que ele se tornou? A coisa mais real da minha vida desde que Maria morreu.
Uma lágrima escorreu pelo rosto de Mariana. E se estivermos cometendo um erro? E se não estivermos? Lentamente, muito lentamente, Rafael se aproximou mais. Mariana podia sentir o calor do corpo dele, o cheiro de sua colônia misturado com algo que era puramente ele. Sua respiração estava irregular, o coração batendo tão forte que ela tinha certeza de que ele podia ouvir. “Mariana”, ele murmurou tão baixo que era quase uma oração.
“Posso te beijar?” A pergunta apegou desprevenida. Ela havia imaginado que se esse momento chegasse, seria impulsivo, apaixonado. Não havia esperado por essa ternura, esse pedido de permissão que mostrava tanto respeito quanto desejo. Em vez de responder com palavras, ela se aproximou, fechando a distância entre eles.
O beijo foi diferente de tudo que Mariana havia imaginado. Começou suave, quase hesitante, como se ambos estivessem testando o terreno desconhecido. Mas quando ela correspondeu, entrelaçando os braços ao redor do pescoço dele, algo se rompeu entre eles. Rafael a puxou mais perto, suas mãos se movendo para suas costas, e o beijo se aprofundou.
Havia cinco anos de solidão, semanas de tensão crescente e uma paixão que nenhum dos dois havia se permitido reconhecer antes daquele momento. Quando finalmente se separaram, ambos estavam respirando com dificuldade. “Meu Deus!”, Mariana sussurrou, tocando os próprios lábios. “Foi?” Rafael parou, procurando palavras.
“Foi nosso primeiro beijo de verdade”, ela completou. O da igreja foi apenas para as câmeras e foi perfeito. Mariana sorriu, um sorriso tímido, mas genuíno, que iluminou todo o seu rosto. Foi mesmo. Eles permaneceram ali, olhando um para o outro, processando a magnitude do que havia acabado de acontecer.
O mundo não havia mudado ao redor deles, mas algo fundamental havia se alterado entre eles. E agora? Mariana perguntou. Agora, Rafael disse, ajeitando uma mecha de cabelo atrás da orelha dela. Paramos de fingir que isso é apenas um arranjo comercial. E começamos o quê? Começamos a descobrir o que realmente somos juntos. Carmen escolheu esse momento para aparecer na porta do terraço, parou imediatamente ao ver a proximidade entre eles e sorriu como se fosse uma mãe orgulhosa.
“Desculpem a interrupção”, ela disse, “mas não parecia nem um pouco arrependida. O almoço está pronto. Quando Carmen desapareceu novamente, Mariana e Rafael trocaram um olhar e começaram a rir. Primeiro baixinho, depois mais alto, até que estavam ambos rindo das circunstâncias absurdas de sua vida. “Acho que Carmen sempre soube que isso ia acontecer”, Mariana comentou. Carmen sempre foi mais esperta que qualquer um de nós.
Durante o almoço, havia uma diferença palpável no ar entre eles. Não a intimidade forçada das aparências públicas, nem a formalidade educada dos últimos meses, mas algo novo, uma consciência mútua que fazia cada olhar, cada toque acidental carregado de significado. “Há uma coisa que preciso te contar”, Rafael disse quando terminaram de comer.
“O quê? A fusão com os americanos foi aprovada ontem. Oficialmente eu não preciso mais de uma esposa para impressionar investidores. Mariana sentiu o coração parar por um momento. Ohó, o que significa? Ele continuou pegando a mão dela sobre a mesa, que qualquer escolha que fazemos agora é real.
Não é por pressão externa, não é por conveniência, é porque queremos. E você quer? Eu quero te conhecer de verdade. Quero saber sobre seus sonhos antes de seus pais morrerem. Quero ouvir você tocar piano e saber que está fazendo isso por prazer, não por falta de opção. Quero jantar com você todos os dias porque gosto da sua companhia, não porque é esperado. Mariana apertou a mão dele.
Eu também quero isso. Então é o que vamos fazer. Naquela tarde, pela primeira vez desde que se casaram, eles caminharam juntos pelos jardins da mansão. Rafael mostrou a ela cantinhos que nem sabia que existiam. Falou sobre planos de reforma que nunca havia implementado. Revelou pequenos detalhes sobre si mesmo, que não havia compartilhado com ninguém em anos.
“Há uma coisa que quero te mostrar”, ele disse, levando-a para uma parte do jardim que ficava mais escondida. Era um pequeno conservatório com vidros em todas as paredes e uma variedade de plantas que claramente não recebiam manutenção há muito tempo. “Maria planejou isso,” Rafael, explicou. Ela queria um lugar onde pudesse ler e eu pudesse trabalhar mais ao ar livre. Nunca terminamos a construção.
É lindo mesmo, abandonado. Você gostaria de reformá-lo, fazer dele algo seu? Mariana se virou para ele, surpresa. Sério? Totalmente sério. Talvez possamos instalar um piano aqui. Você poderia tocar rodeada de plantas e luz natural. A ideia era tão perfeita, tão atenciosa, que Mariana sentiu lágrimas picando seus olhos novamente. Rafael, isso seria, seria o quê? Seria como um sonho.
Ele a puxou para seus braços novamente e desta vez o beijo foi mais confiante, mais apaixonado. Quando se separaram, ambos sabiam que haviam cruzado uma linha definitiva. “Mariana”, Rafael disse, encostando a testa na dela. “Eu sei que tudo isso começou de forma errada.
Sei que devíamos ter-nos conhecido de forma adequada, ter-nos apaixonado antes de casar, mas não consigo me arrepender porque te trouxe até mim. Talvez,” ela respondeu suavemente, “algumas das melhores coisas na vida acontecem fora de ordem”. Mas será que eles estavam preparados para descobrir que o amor verdadeiro, mesmo começando de forma não convencional, pode ser mais forte do que qualquer arranjo, o telefone de Rafael tocou numa tarde chuvosa de janeiro, enquanto ele e Mariana planejavam a reforma do conservatório.
Ao ver o nome no visor, sua expressão mudou imediatamente. Dr. Santos Rafael atendeu e Mariana percebeu pela formalidade que era algo sério. Ela observou enquanto ele escutava, viu sua expressão ficar cada vez mais tensa, até que ele se levantou abruptamente da cadeira. Quando isso aconteceu? Por que não me ligaram antes? Uma pausa longa. Sim, eu vou buscar os documentos.
Obrigado por me informar. O que aconteceu? Mariana perguntou assim que ele desligou. Rafael passou as mãos pelos cabelos, um gesto que ela havia aprendido indicar estresse extremo. Lembra que eu te disse que havia investigado sua família antes do casamento? Sim. Bem, durante essa investigação, descobri que seus pais deixaram uma herança artística considerável quando morreram.
Quadros originais, partituras raras, algumas peças de valor histórico. Mariana sentiu o coração acelerar, mas os tios disseram que não havia nada, porque eles venderam tudo ilegalmente logo após a morte dos seus pais, sem seu consentimento, sem aprovação judicial, nada.
A raiva que Mariana sentiu foi tão intensa que a deixou fisicamente nauseada. Eles venderam as coisas dos meus pais. Venderam e usaram o dinheiro para quitar dívidas pessoais. O Dr. Santos é o advogado que está investigando o caso. Aparentemente, algumas das peças apareceram recentemente em leilões, o que alertou as autoridades. Isso significa Isso significa que você pode recuperar tudo através de ação legal e que seus tios cometeram um crime.
Mariana se sentou pesadamente, tentando processar a informação. Eu não sabia que meus pais tinham coisas valiosas. Segundo o inventário, havia quadros de artistas brasileiros renomados que seus pais colecionavam, partituras originais de compositores clássicos e alguns instrumentos antigos, incluindo um violino que pertenceu à sua bisavó. Lágrimas começaram a rolar pelo rosto de Mariana. O violino da bisa, Helena.
Mamãe sempre dizia que um dia eu aprenderia a tocar. Rafael se ajoelhou ao lado da cadeira dela, segurando suas mãos. Vamos recuperar tudo, eu prometo. Como Dr. Santos é especialista em recuperação de patrimônio artístico roubado. Ele já localizou várias das peças. Vai ser um processo, mas podemos provar que a venda foi ilegal. Naquela noite, Mariana mal conseguiu dormir.
A ideia de que havia passado seis anos pensando que não tinha nenhuma conexão tangível com seus pais, quando na verdade havia um tesouro de memórias que lhe foi roubado, era devastadora e esperançosa ao mesmo tempo. No dia seguinte, Rafael cancelou todas as reuniões e a acompanhou ao escritório do Dr. Santos.
O advogado era um homem de meia idade, especializado em casos de patrimônio artístico que recebeu Mariana com gentileza e profissionalismo. Senora Oliveira, sinto muito pelo que aconteceu. Este tipo de caso é mais comum do que deveria ser, mas raramente temos evidências tão claras.
Ele mostrou a eles pastas repletas de documentos, fotografias das peças que haviam sido vendidas e registros das transações ilegais. Esta é a coleção completa que seus pais deixaram”, Dr. Santos disse, abrindo uma pasta específica. Mariana examinou as fotos e sentiu como se estivesse vendo fantasmas. Havia um quadro de Tarcila do Amaral que sempre ficava na sala de seus pais, partituras que ela lembrava de ver na estante de música e, finalmente, uma foto do violino da bisavó Helena.
“Quantas peças conseguiram localizar?”, Rafael perguntou. Até agora, cerca de 60% da coleção. Algumas ainda estão em coleções particulares, outras podem ter sido destruídas ou perdidas, mas podemos prosseguir com ação legal completa para recuperação e compensação. Quanto tempo isso vai levar? Casos como este geralmente levam entre 6 meses e 2 anos, dependendo da cooperação dos atuais proprietários e da complexidade dos processos legais.
Mariana mal estava ouvindo. Estava segurando uma foto de seus pais em pé, próximos ao piano que ela havia aprendido a tocar. Um piano que descobriu ter sido um backstain antigo, valendo uma fortuna significativa. “Eles tinham tanto”, ela sussurrou, “E eu nunca soube. Seus pais eram colecionadores de arte muito experientes”, Dr. Santos explicou.
De acordo com os registros, eles passaram anos cuidadosamente organizando esta coleção. Era claramente destinada a ser passada para as gerações futuras. E em vez disso, Rosa e Antônio venderam tudo para pagar dívidas de jogo. Rafael disse, sua voz fria de raiva. Infelizmente sim, mas temos fortes bases legais para a recuperação. E dependendo de como você quiser prosseguir, acusações criminais também podem ser feitas.
Na volta para casa, Mariana estava em silêncio, processando tudo que havia aprendido. “Como você se sente?”, Rafael perguntou, “Traída, com raiva, triste, mas também esperançosa. É estranho pensar que existe uma parte dos meus pais que eu ainda posso ter de volta.
Você quer entrar com acusações criminais contra seus tios?”, Mariana considerou a pergunta. Parte dela queria ver Rosa e Antônio pagarem pelo que haviam feito, mas outra parte só queria a herança de seus pais de volta. Eu quero focar na recuperação primeiro. Se conseguirmos tudo de volta, talvez isso seja vingança suficiente.
E se eles se recusarem a cooperar, então talvez acusações criminais se tornem necessárias. Naquela noite, enquanto eles estavam sentados na biblioteca, que em breve abrigaria peças recuperadas da coleção de seus pais, Mariana sentiu algo mudando dentro dela. Por se anos, ela havia vivido como se seu passado tivesse sido completamente apagado.
Agora estava aprendendo que não apenas poderia recuperar peças físicas de sua herança, mas também que tinha um parceiro que estava disposto a lutar ao lado dela. Rafael, ela disse, aconchegando-se nele no sofá. Sim, obrigada por se importar com isso, por fazer disso sua luta também. Mariana, suas batalhas são minhas batalhas agora.
É isso que o casamento realmente significa, não é? Não apenas papelada ou arranjos sociais, mas escolher ficar juntos contra o que quer que venha. Ela olhou para ele, vendo não apenas o homem que ela havia aprendido a amar, mas também o parceiro que ela nunca esperou ter. “Eu te amo”, ela disse. E desta vez não havia hesitação na declaração.
Eu te amo também e nós vamos conseguir justiça para seus pais. Eu prometo. Mas será que recuperar a herança de seus pais também forçaria Mariana a finalmente confrontar seus tios e aprender o que a família realmente significa quando você a escolhe em vez de nascer nela? Três semanas depois do confronto com os tios, as primeiras peças da coleção de arte foram oficialmente recuperadas.
Mariana estava na sala de música tocando o piano quando Carmen trouxe a notícia. Chegou uma van com alguns homens dizendo que tem uma entrega para a senhora. Carmen anunciou mal contendo a excitação. Mariana parou de tocar abruptamente. Já Rafael apareceu na porta, sorrindo de uma forma que ela não havia visto antes. Dr.
Santos conseguiu três peças importantes através de acordo extrajudicial. Os colecionadores atuais preferiram devolver a enfrentar processo. No hall principal, três homens descarregavam cuidadosamente caixas enormes. Mariana observou com o coração disparado, enquanto eles removiam as proteções da primeira peça. Era o quadro de Tarcila do Amaral, que sempre ficara na sala de seus pais.
“Meu Deus”, ela sussurrou se aproximando da obra. Eu me lembro de olhar para este quadro enquanto mamãe praticava piano. Ela sempre dizia que Tarcila entendia a alma brasileira melhor do que ninguém. A segunda peça era uma coleção de partituras originais, incluindo algumas que seus pais haviam usado para ensinar Mariana. E a terceira, o violino da bisa Helena.
Mariana falou sua voz mal audível. O estojo estava lindamente preservado e quando foi aberto, o violino dentro parecia exatamente como ela se lembrava das fotos antigas de família. Havia uma pequena nota dentro do estojo escrita na letra de sua mãe: “Para nossa filha, quando ela estiver pronta para continuar uma tradição de família”.
Mariana segurou a nota, lágrimas rolando livremente. “Eles sempre souberam”, ela disse para Rafael. sempre souberam que eu precisaria dessas conexões com o meu passado e agora você as tem de volta. Mas a felicidade foi interrompida pelo som da campainha. Carmen foi atender e retornou com uma expressão preocupada. São seus tios ela disse calmamente.
Eles insistem em falar com a senhora. Mariana sentiu seu corpo tensionar. Como eles souberam? Provavelmente através dos processos legais, Rafael disse, Dr. Santos avisou que eles seriam notificados das ações de recuperação. Eu não quero vê-los. Você não tem que enfrentá-los sozinha, Rafael a assegurou.
Na verdade, você não tem que enfrentá-los de jeito nenhum se não quiser. Mariana olhou para o violino em suas mãos, pensando sobre seus pais e tudo que Rosa e Antônio haviam tirado dela. Não ela disse finalmente, eu quero enfrentá-los. Eu preciso dizer a eles exatamente o que eu penso sobre o que eles fizeram. Rosa e Antônio estavam esperando na sala de estar formal, parecendo desconfortáveis e na defensiva.
Rosa estava vestida com suas melhores roupas, claramente tentando manter as aparências, enquanto Antônio se mexia nervosamente. Mariana Rosa se levantou quando ela entrou, tentando um sorriso falso e caloroso. Querida, nós ouvimos alguns rumores muito perturbadores. Rumores? A voz de Mariana era fria. Você quer dizer fatos legais sobre como vocês venderam toda a coleção de arte dos meus pais ilegalmente? O sorriso de Rosa vacilou. Ora, Mariana, você não entende a situação. Eu entendo perfeitamente.
Vocês roubaram de mim. Vocês venderam minha herança para pagar suas dívidas de jogo e nunca me disseram que existia alguma coisa. Antônio finalmente falou, sua voz defensiva. Nós precisávamos do dinheiro e você era apenas uma criança. Você não saberia o que fazer com essas coisas de qualquer maneira.
Essas coisas eram o legado dos meus pais. Elas eram para mim. E você teve uma boa vida em troca. Rosa argumentou. Nós criamos você, alimentamos você, demos um teto sobre sua cabeça. Vocês me fizeram trabalhar por cada pedaço de comida. Vocês me disseram diariamente que eu era um fardo e o tempo todo havia dinheiro da minha própria herança, que poderia ter tornado a vida mais fácil para todos nós. Rafael, que estava observando em silêncio, deu um passo à frente.
Na verdade, ele disse calmamente. De acordo com os documentos legais, o valor da coleção que vocês venderam teria sido suficiente para sustentar Mariana durante a faculdade e pós-graduação, com bastante sobrando para uma vida confortável. Antônio encarou Rafael. Isto é um assunto de família. Você não deveria estar envolvido. Mariana é minha esposa. O assunto dela é meu assunto.
Esposa de mentira. Rosa cúspu. Todo mundo sabe que este casamento é apenas um arranjo. Talvez tenha começado assim, Mariana disse, surpreendendo a todos, inclusive a si mesma, com seu tom calmo, mas se tornou real. Rafael se importa comigo o suficiente para lutar para recuperar o que vocês roubaram.
Ele me trata com respeito, com amor, com gentileza, tudo o que vocês nunca me deram. O rosto de Rosa ficou vermelho. Nós nos sacrificamos por você. Nós abrimos mão de nossa liberdade para criar você. Vocês me mantiveram como ajuda não paga enquanto vocês gastavam minha herança. Nós precisamos desse dinheiro de volta, Antônio disse de repente.
Nós o investimos, fizemos melhorias em nossa casa, começamos um pequeno negócio usando dinheiro roubado. Rafael apontou. Não foi roubado. Nós éramos família. Nós tínhamos o direito. Não. A voz do Dr. Santos veio de uma porta. Ele havia chegado durante a discussão e estava ouvindo. Vocês não tinham absolutamente nenhum direito legal.
E de acordo com nossa investigação, vocês não apenas venderam sem autorização, mas também falsificaram documentos para fazer as vendas parecerem legais. Rosa e Antônio trocaram olhares culpados. Além disso, Dr. Santos continuou: “Nós temos ofertas de múltiplas galerias e colecionadores para comprar as peças restantes pelo valor de mercado. O valor total de recuperação provavelmente excederá R$ 2 milhões deais.” Mariana sentiu-se fraca. 2 milhões.
Seus pais eram colecionadores muito sofisticados e algumas peças valorizaram significativamente desde que foram originalmente compradas. Rosa parecia que também poderia desmaiar. 2 milhões. Nós nós só recebemos cerca de 200.000 por tudo o que vendemos. Porque vocês venderam por dinheiro imediato através de negociantes clandestinos em vez de leilões adequados? Dr.
Santos explicou. Vocês receberam cerca de 10% do valor real. Antônio sentou-se pesadamente. Nós Nós não sabíamos. Não importa o que vocês sabiam”, Mariana disse. “O que importa é que vocês roubaram de mim. Vocês me fizeram acreditar que eu não tinha nada dos meus pais quando, na verdade eles me deixaram um lindo legado.
” “Mariana” Rosa tentou uma última manipulação. “Nós somos família. Com certeza você pode nos perdoar. Nós podemos resolver as coisas. Família!” Mariana riu amargamente. Família não rouba uns dos outros. Família não faz crianças órfã se sentirem indesejadas. Família não vende tudo o que era significativo para seus entes queridos.
Ela olhou para Rafael, depois para Carmen, que estava em silêncio no fundo, e então, de volta para Rosa e Antônio. Mas eu aprendi como é a verdadeira família. É gente que apoia seus sonhos em vez de esmagá-los. É gente que luta ao seu lado quando você precisa de justiça. É gente que te ama por quem você é. Não que se ressente por você existir. Então, o que acontece agora? Antônio perguntou com medo.
Doutor Santos respondeu: “Isso depende da senora Oliveira. Nós podemos entrar com acusações criminais ou podemos focar apenas na recuperação civil, mas de qualquer forma vocês precisarão fornecer informações completas sobre quaisquer peças restantes e cooperar totalmente. Mariana pensou por um longo momento.
Eu quero tudo de volta que puder ser recuperado. Cada peça, cada documento, cada conexão com meus pais que vocês tentaram tirar de mim. Em troca, eu não vou entrar com acusações criminais, mas só se vocês nunca mais me contatarem. Nunca, Mariana, nunca. Ela repetiu com firmeza. Eu terminei de ser sua vítima.
Eu tenho uma família de verdade agora. Mas será que finalmente confrontar seus guardiões abusivos libertaria Mariana para abraçar completamente um amor e uma vida nos quais ela ainda estava aprendendo a confiar? Seis meses após o confronto com os tios, a mansão oliveira havia se transformado em algo completamente diferente.
O conservatório estava finalizado com vidros cristalinos que permitiam luz natural durante todo o dia e um piano de calda posicionado perfeitamente no centro. Mariana passava suas manhãs ali tocando para as plantas e pássaros que haviam feito do espaço seu lar. Mais importante, as peças recuperadas da coleção de seus pais estavam integradas pela casa toda, criando uma ponte entre seu passado e presente que ela nunca havia imaginado possível. “Bom dia, linda”, Rafael disse, aparecendo na porta do conservatório com duas xícaras de café.
“Bom dia,” Mariana, respondeu aceitando o café e um beijo que havia se tornado natural, necessário, como respirar. Dr. Santos ligou. Rafael informou, sentando-se ao lado dela no banco do piano. Mais duas peças foram localizadas, incluindo o quê? Uma coleção de composições da sua mãe. Aparentemente, ela escreveu músicas que nunca foram publicadas. Mariana quase deixou o café cair.
Mamãe escreveu música? Eu nunca soube. De acordo com os documentos, ela estava trabalhando em um ciclo de canções baseado em poesia brasileira. O manuscrito foi encontrado com um dos colecionadores que o comprou sem saber de sua importância. Lágrimas de alegria encheram os olhos de Mariana. Eu poderia aprender a tocar a própria música da mamãe. Melhor que isso, Dr.
Santos acha que algumas das composições podem ser dignas de publicação profissional. Sua mãe pode finalmente receber um reconhecimento que ela nunca teve em vida. Mariana colocou o café de lado e envolveu os braços em volta do pescoço de Rafael. Obrigada por tornar tudo isso possível, por se importar com o meu passado o suficiente para lutar para recuperá-lo.
Seu passado é parte de você e eu amo cada parte de você. O beijo deles foi interrompido por Carmen, limpando a garganta dramaticamente. Desculpa pela interrupção, mas vocês têm visitas. visitas muito importantes, aparentemente. Quem? Rafael perguntou. Representantes de uma fundação brasileira para as artes. Eles querem discutir uma proposta.
Uma hora depois, Mariana e Rafael estavam sentados em frente a três indivíduos distintos: diretor de museu, um especialista em educação artística e um executivo de fundação cultural. Senhora Oliveira, o diretor do museu começou. Nós entendemos que a senhora recuperou recentemente uma significativa coleção de arte brasileira que pertencia a seus pais.
Sim, nós também entendemos que a senhora e seu marido tado envolvidos no financiamento da educação artística. Rafael assentiu. Atualmente estamos apoiando vários programas através de nossa fundação. Bem, nós temos uma proposta que pode interessar a ambos.
Estamos planejando criar o primeiro centro brasileiro para recuperação de patrimônio artístico, um lugar onde famílias como a sua possam recuperar itens culturais roubados, mas também onde jovens artistas possam aprender sobre sua herança e desenvolver seus talentos. Mariana sentiu seu coração acelerar.
O que exatamente vocês estão propondo? Nós queremos oferecer à senhora uma posição como diretora do programa de educação. Sua história, recuperar a herança de seus pais e usá-la para construir uma nova vida é exatamente o tipo de inspiração que jovens artistas precisam. Mas eu não sou treinada profissionalmente em educação. A senhora é treinada pela vida. O especialista em artes interrompeu.
E nós podemos fornecer desenvolvimento profissional. O que a senhora traz é autenticidade, paixão e uma compreensão do que é perder e recuperar a herança artística. Rafael apertou a mão de Mariana. Parece uma oportunidade incrível. Há mais, o executivo da fundação acrescentou, nós gostaríamos de usar algumas peças da coleção de seus pais como peças âncora para nossa exposição permanente.
Em troca, nós forneceríamos financiamento total para um programa de bolsas de estudo em nome de seus pais. Mariana ficou em silêncio por um longo momento, processando a proposta. Finalmente, ela olhou para Rafael. O que você acha? Eu acho que seus pais teriam orgulho de ver o legado deles ajudando outros jovens artistas. E eu acho que você tem um dom para inspirar pessoas que não deveria ser desperdiçado.
Você me apoiaria fazendo isso, Mariana? Eu te apoiaria em qualquer coisa que te faça feliz. Mas mais do que isso, eu acho que este é exatamente o tipo de trabalho que você foi destinada a fazer. Três semanas depois, Mariana estava em frente a seu primeiro grupo de jovens artistas em um novo centro brasileiro para recuperação de patrimônio artístico.
A sala estava cheia de adolescentes de várias origens, todos selecionados para o programa, porque haviam demonstrado talento artístico, mas não tinham recursos para o treinamento adequado. “Meu nome é Mariana Oliveira”, ela começou. E eu quero contar a vocês uma história sobre perda, recuperação e descobrir que às vezes as coisas mais bonitas da vida vem dos lugares mais inesperados. Ela lhes contou sobre a perda de seus pais, sobre ter seus sonhos artísticos esmagados, sobre pensar que ela nunca teria a chance de seguir a música novamente. Mas então, ela continuou.
A vida me surpreendeu. Eu encontrei o amor quando eu não estava procurando por ele. Eu recuperei o legado dos meus pais quando eu pensava que tinha desaparecido para sempre. E agora eu tenho a chance de compartilhar esse legado com vocês. Uma jovem levantou a mão. Mas como nós sabemos que nossos sonhos também vão se realizar? E se a vida não nos der as mesmas oportunidades que a senhora teve? Mariana sorriu, reconhecendo naquela pergunta seus próprios medos de anos atrás. Essa é uma pergunta muito honesta
e vou dar uma resposta honesta também. Não sabemos. Não há garantias na vida. Mas posso dizer uma coisa que aprendi. Os sonhos não morrem quando são verdadeiros. Eles podem adormecer, podem ser reprimidos, podem parecer impossíveis por anos a fio, mas quando encontramos a oportunidade certa, eles despertam mais fortes do que nunca.
Um menino de cerca de 16 anos levantou a mão. Minha família também acha que arte é perda de tempo. Como a senhora lidou com isso? Durante 5 anos, acreditei que minha família tinha razão. Parei de tocar piano, parei de sonhar. Aceitei que meu lugar no mundo era pequeno e insignificante. Mas quando voltei a tocar pela primeira vez nesta casa, ela olhou para Rafael, que estava observando da porta.
Foi como se uma parte morta de mim voltasse à vida. E como sabemos quando é a hora de voltar a sonhar? Perguntou uma adolescente de cabelos cacheados. Quando alguém que te ama te devolve a confiança para tentar novamente, às vezes é uma pessoa, às vezes é uma oportunidade, às vezes é apenas olhar no espelho e decidir que você merece mais do que está aceitando.
Durante os meses seguintes, Mariana se descobriu como educadora. Cada jovem que passou pelo programa levava um pedaço de sua própria jornada, mas também deixava algo com ela. Era como se, ao ensinar outros a recuperar seus sonhos artísticos, ela estivesse completando sua própria cura.
Rafael a observa transformar vidas com a mesma determinação silenciosa que havia conquistado seu coração. Mas havia algo que ele estava planejando há semanas, algo que representaria a culminação de toda a jornada que haviam compartilhado. “Carmen,” ele disse numa tarde de novembro, “Preciso da sua ajuda com um projeto especial.
O que o senhor tem em mente? Uma surpresa para Mariana? Algo que mostre a ela o quanto nossa vida mudou desde que ela chegou. Carmen sorriu com cumidade. Conte comigo. A reforma do conservatório havia sido concluída há meses, mas Rafael tinha uma última surpresa guardada. Durante semanas, ele trabalhou secretamente com Carmen e uma equipe de artesãos para criar algo que simbolizasse tudo o que Mariana havia trazido para sua vida.
Numa tarde dezembro, exatamente um ano após o baile dos Mendonça, onde tudo havia mudado entre eles, Rafael levou Mariana para o conservatório com os olhos vendados. Rafael, o que você está aprontando? Ela riu, deixando se guiar. Você vai ver, ou melhor, você vai ouvir. Quando removeu a venda dos olhos de Mariana, ela ficou completamente sem palavras.
O conservatório havia sido transformado em um pequeno auditório íntimo. Havia cadeiras dispostas em semicírculo ao redor do piano, mas não eram cadeiras vazias. Estavam ocupadas por todos os jovens artistas que ela havia ensinado ao longo do ano, por Carmen, por Dr. Santos e até mesmo por alguns dos músicos profissionais que frequentavam os eventos beneficentes que eles organizavam.
Mas o que realmente a deixou emocionada foi o que estava sobre o piano, as partituras originais de sua mãe, organizadas e preparadas para a execução. Rafael, o que é tudo isso? É seu primeiro concerto como Mariana Oliveira”, ele disse suavemente. “Não mais como a menina orfan que teve que esconder seus talentos. Não mais como a esposa de conveniência que fingia ser alguém que não era.
Como você mesma, mas eu não sou consertista profissional. Não, você é algo melhor. Você é uma artista que entende o que significa perder e recuperar a música. E hoje você vai tocar as composições da sua mãe pela primeira vez. Mariana olhou ao redor vendo rostos sorridentes de pessoas que se tornaram sua verdadeira família. Carmen estava claramente emocionada.
Os jovens artistas a observavam com admiração e expectativa. E Rafael, Rafael a olhava com um amor tão profundo que ela sentiu como se pudesse conquistar qualquer coisa. Eu não sei se consigo. Você consegue. E não está sozinha. Rafael se aproximou do piano e se sentou ao seu lado no banco. Decidi que é hora de usar aquelas aulas de piano que andei tomando secretamente.
Você aprendeu a tocar? Aprendi música suficiente para te acompanhar, se você me deixar. Mariana se sentou ao piano, suas mãos tremendo ligeiramente sobre as teclas. As partituras da mãe estavam ali, esperando para serem tocadas por sua filha pela primeira vez em mais de 20 anos.
Esta primeira música, ela disse para a pequena audiência foi escrita pela minha mãe quando ela estava grávida de mim. O título é Canção para uma filha que ainda não nasceu. Quando começou a tocar, a música fluiu como se tivesse sido escrita no dia anterior. Era uma melodia doce e esperançosa, cheia de amor maternal e sonhos para o futuro.
Rafael a acompanhou discretamente, seu piano complementando-o dela como duas vozes conversando. Durante a execução, Mariana podia sentir a presença de sua mãe, como se Maria Helena Santos estivesse ali no conservatório, finalmente vendo sua filha tocar a música que havia composto com tanto amor. Quando a primeira música terminou, houve um momento de silêncio emocional antes dos aplausos começarem.
Mariana viu lágrimas nos olhos de várias pessoas na audiência, incluindo alguns dos jovens artistas que entendiam o significado de reconectar-se com um legado familiar. A segunda música, Mariana, continuou, chama-se Dança da Esperança. Minha mãe a escreveu durante os primeiros meses em São Paulo, quando ela e meu pai estavam começando uma vida nova na cidade grande.
Esta peça era mais complexa, mais alegre, cheia de ritmos que lembravam tanto a tradição clássica quanto a música popular brasileira. Mariana se deixou levar pela música, seus dedos dançando sobre as teclas como se fossem extensões de sua alma. Mas foi durante a terceira e última música que algo extraordinário aconteceu. Esta última composição, Mariana disse, sua voz embargada pela emoção, não tem título.
Encontramos apenas uma nota da minha mãe, dizendo para o dia em que minha filha encontrar seu verdadeiro amor. Rafael parou de tocar por um momento, olhando para Mariana com surpresa e emoção. Ela sorriu para ele através das lágrimas. Parece que minha mãe sabia que este dia chegaria.
Mesmo quando eu era apenas uma criança, a música final era a mais bela de todas. Uma composição que falava de amor maduro, de duas almas se encontrando depois de muito sofrimento, de esperança renovada e felicidade construída sobre fundações sólidas de confiança e respeito mútuo. Conforme tocava, Mariana percebeu que cada nota parecia contar a história dela e Rafael, o casamento arranjado que se transformou em amor verdadeiro, as barreiras que derrubaram juntos, a vida que construíram baseada não apenas em paixão, mas em parceria genuína. Quando a música terminou, houve um momento de
silêncio absoluto no conservatório. Então, lentamente, todos se levantaram em uma ovação emocionada. Rafael se virou para Mariana no banco do piano. Você foi perfeita. Nós fomos perfeitos. Ela corrigiu. “Mariana”, ele disse, “Sua voz baixa o suficiente para só ela ouvir. Há mais uma surpresa.” Mais Rafael se levantou e, para choque completo de Mariana, se ajoelhou ao lado do piano.
Do bolso interno de seu palitó, retirou uma pequena caixa de veludo. “Sei que já somos casados”, ele disse. Sua voz carregada de emoção. “Sei que já trocamos alianças numa cerimônia formal.” Mas aquele casamento foi um contrato. A isso aqui ele abriu a caixa revelando um anel deslumbrante, não ostensivo, mas absolutamente perfeito, com um desenho que incorporava notas musicais na configuração das pedras. Isso aqui é um pedido.
Mariana Santos Oliveira, você aceita se casar comigo de novo? De verdade, desta vez, por amor, não por conveniência, para sermos parceiros em todos os sonhos que ainda temos pela frente. Mariana estava chorando abertamente agora, mas eram lágrimas de felicidade absoluta. “Sim”, ela disse, sua voz clara, apesar das lágrimas.
“Sim, eu aceito me casar com você quantas vezes for necessário até você acreditar completamente que eu te amo.” Rafael deslizou o anel em seu dedo e a audiência explodiu em aplausos. e gritos de alegria. Mas será que esta segunda proposta seria apenas o começo de uma vida inteira de momentos mágicos que eles criariam juntos? A segunda cerimônia de casamento de Mariana e Rafael aconteceu seis meses depois, numa tarde primaveril de maio, no próprio conservatório, onde ele havia pedido sua mão novamente.
Mas desta vez tudo foi diferente. Não havia pressões empresariais, não havia investidores para impressionar, não havia contratos comerciais disfarçados de romance. Havia apenas duas pessoas que haviam descoberto o amor de forma inesperada e queriam celebrar essa descoberta com as pessoas que realmente importavam.
Mariana usava um vestido simples, elegante, que ela mesma havia escolhido, um modelo em crepe de seda marfim, que fluía naturalmente com seus movimentos, como se tivesse sido feito para ela dançar. nos cabelos, uma pequena presilha que havia pertencido à sua mãe, recuperada junto com as outras peças da herança.
Rafael esperava no altar improvisado entre as plantas do conservatório, usando um terno azul marinho, mais relaxado que o smoke informal da primeira cerimônia. Seus olhos nunca saíram do rosto de Mariana enquanto ela caminhava em direção a ele, não ao som de uma marcha nupscial tradicional, mas ao som de uma das composições de sua mãe, executada ao vivo por jovens músicos do programa que ela dirigia.
Carmen foi quem a conduziu até o altar, não como uma substituição inadequada para o pai que ela não tinha, mas como a figura maternal que escolhera para sua vida. a mulher que havia ajudado a cuidar de seu coração quando ele estava partido. “Queridos amigos”, disse o celebrante, um pastor que conhecia a verdadeira história do casal.
“Estamos aqui hoje não para unir duas pessoas desconhecidas em um acordo comercial, mas para celebrar um amor que cresceu de forma inesperada e se tornou algo belo e duradouro.” Os votos desta vez foram pessoais, escritos por eles mesmos. Rafael falou primeiro: “Mariana, quando nos casamos pela primeira vez, eu estava tentando proteger meu coração de sentir qualquer coisa real.
Pensava que um acordo simples seria mais seguro que o amor verdadeiro, mas você chegou com sua música, sua força silenciosa, sua capacidade de encontrar beleza mesmo depois do sofrimento e me ensinou que amar novamente não significa esquecer quem amamos antes, significa honrar esse amor, sendo corajoso o suficiente para amar de novo.
Ele parou, visivelmente emocionado. Você me trouxe de volta à vida. Não apenas me fez lembrar como sorrir, mas me fez querer construir um futuro cheio de música, de arte, de propósito. Prometo passar o resto da minha vida sendo digno do amor que você escolheu me dar. Mariana limpou as lágrimas dos olhos antes de começar. Rafael, você me encontrou quando eu havia esquecido quem eu realmente era.
Durante anos, aceitei que meu lugar no mundo era pequeno, que meus sonhos eram insignificantes, que eu não merecia mais do que sobreviver. Mas, mais que isso, me ensinou que o amor verdadeiro não é sobre completar uma pessoa pela metade, é sobre duas pessoas inteiras escolhendo construir algo juntas que é maior que a soma das partes.
Ela sorriu através das lágrimas. Prometo continuar trazendo música para sua vida, continuar te desafiando a sonhar, continuar sendo sua parceira em todos os projetos que vamos criar para tornar o mundo belo. Quando trocaram alianças novas, simples, com as iniciais dos dois, gravadas junto com uma pequena nota musical.
Todos os presentes estavam visivelmente emocionados. Mas você viu algo em mim que eu não conseguia ver em mim mesma? Sua voz ficou mais forte conforme continuou. Você me devolveu minha música, minha herança, minha dignidade. Eu os declaro marido e esposa disse o celebrante novamente, mas desta vez por todas as razões certas.
O beijo foi longo, apaixonado e completamente natural. Quando se separaram, olhando um para o outro, ambos sabiam que aquele era realmente o início de suas vidas juntos. A festa aconteceu nos jardins da mansão, transformados para a ocasião com luzes penduradas nas árvores e mesas dispostas informalmente pela grama.
Não havia protocolo rígido, não havia discursos empresariais, havia apenas música, dança, risadas e a celebração genuína de pessoas que queriam bem ao casal. Durante a primeira dança, Rafael conduziu Mariana através dos mesmos passos de valsa que haviam praticado no ano anterior. Mas desta vez não havia nervosismo, não havia performance para a audiência externa, era apenas eles dois, dançando porque queriam, porque era bom estar nos braços um do outro.
Sabe, a Mariana disse enquanto dançavam, quando toquei as composições da minha mãe no concerto, tive uma revelação. Qual? Percebi que ela deve ter sabido de alguma forma que eu enfrentaria momentos difíceis. Todas as suas músicas falam sobre resistir, sobre encontrar esperança depois da perda, sobre amor que cresce devagar, mas se torna inabalável.
Talvez os pais sempre saibam que seus filhos precisarão de força para enfrentar o mundo. Ou talvez, Mariana sorriu. Ela sabia que eu encontraria alguém que me ajudaria a descobrir essa força. Conforme a noite avançava, Carmen se aproximou do casal durante uma pausa na dança. “Posso roubar vocês por um minuto?”, ela perguntou.
Os três caminharam até um canto mais reservado do jardim, onde Carmen tinha uma expressão misteriosa no rosto. “Há algo que preciso confessar”, ela disse sobre como este casamento realmente aconteceu. Mariana e Rafael trocaram olhares curiosos. “O que você quer dizer?”, Rafael perguntou. Carmen sorriu como alguém que guardou um segredo por muito tempo.
“Lembram de eu ter mencionado que Maria deixou cartas para ocasiões específicas?” “Sim. Bem, havia uma carta que eu nunca entreguei, uma carta com instruções muito específicas sobre o tipo de mulher que Rafael deveria procurar quando estivesse pronto para amar novamente. Rafael arregalou os olhos. Carmen, o que você fez? Quando descobri sobre a pressão dos investidores para você se casar, pensei na carta de Maria e quando o doutor Santos mencionou que estava investigando o caso da família Santos por causa da arte roubada e mencionou que havia uma jovem talentosa que havia sido prejudicada pelos tios. “Você não fez isso”, Mariana disse, mas estava
começando a sorrir. “Fiz sim.” Sugeri que Rafael investigasse sua família como possível candidata à esposa conveniente. Mas não foi pela conveniência, foi porque você se encaixava perfeitamente na descrição que Maria havia deixado. Rafael estava balançando a cabeça incrédulo. Que descrição. Carmen retirou uma carta dobrada do bolso.
Maria escreveu: “Quando você estiver pronto para amar novamente, procure uma mulher que entenda a linguagem da música, que tenha enfrentado perdas, mas não tenha se tornado amarga, que tenha força suficiente para ser sua parceira, não sua dependente. Procure alguém que precise de você tanto quanto você precisará dela, mas por razões certas.
” Mariana estava com lágrimas nos olhos novamente. Maria praticamente descreveu nossa situação e terminou a carta dizendo: “O amor verdadeiro sempre encontra um caminho, mesmo quando começamos pelos motivos errados. Confie no seu coração, mas também confie no destino.” Rafael abraçou Carmen com força.
Então, Maria teve a ver com isso desde o início. De certa forma, sim. Ela sabia que quando chegasse a hora você encontraria alguém especial. Eu só ajudei o destino um pouquinho. Os três riram, abraçados ali no jardim, sob as luzes das árvores e o som distante da música da festa.
Mais tarde, quando os convidados foram embora e a casa ficou em silêncio, Mariana e Rafael se encontraram no conservatório, como faziam todas as noites, desde que ela se mudara para lá. Então, Rafael disse, sentando-se ao piano, tecnicamente fomos manipulados por uma conspiração entre minha falecida esposa e minha governanta. Tecnicamente, Mariana concordou, sentando-se ao lado dele.
Fomos ajudados por duas mulheres que nos amam e queriam nossa felicidade. E como você se sente sobre isso? Mariana tocou algumas notas suaves, uma melodia improvisada que surgiu naturalmente. Grata. Grata por Maria ter te ensinado a amar de forma que você fosse capaz de me amar também. Grata por Carmen ter sido corajosa o suficiente para seguir sua intuição e, principalmente, grata por, mesmo tendo começado como um arranjo, termos escolhido transformar isso em algo real.
Rafael colocou suas mãos sobre as teclas, complementando a melodia dela. Sabe o que é engraçado? Mesmo que Carmen não tivesse intervindo, acho que teríamos nos encontrado de alguma forma. Algumas conexões são inevitáveis. Você realmente acredita nisso? Acredito que dois corações que precisam um do outro sempre encontram um caminho.
Pode ser através de um casamento arranjado, pode ser numa fila de supermercado, pode ser num acidente de trânsito. O método não importa tanto quanto o resultado. Mariana parou de tocar e se virou para encará-lo completamente. Rafael Oliveira, você está ficando romântico na sua velice. Mariana Oliveira, ele respondeu, beijando-a suavemente.
Você me fez romântico em qualquer idade. Cinco anos depois, quando estavam sentados no mesmo conservatório, observando sua filha de 3 anos, Sofia, tentando tocar piano enquanto seu filho de 2 anos, Gabriel, brincava com blocos de madeira no chão. Mariana se lembrou daquela conversa. O amor verdadeiro realmente encontrava um caminho, mesmo quando começava pelos motivos mais improváveis.
E às vezes as melhores histórias eram aquelas que ninguém planejava, mas que duas pessoas corajosas escolhiam escrever juntas, nota por nota, dia após dia. A fundação que criaram havia ajudado centenas de jovens artistas a recuperar seus sonhos. A coleção de arte dos pais de Mariana estava completamente restaurada e servia de inspiração para uma nova geração de brasileiros apaixonados por cultura.
E a casa, que havia sido um mausol frio, estava cheia de risadas de crianças, música tocada por prazer e amor que crescia mais forte a cada ano que passava. “Mamãe!” Sofia gritou do piano. “Escuta minha música!” Mariana sorriu levantando-se para ouvir a composição de sua filha, uma sequência aleatória de notas que soava como pura alegria.
“Está linda, meu amor”, ela disse, beijando a cabecinha da menina. “Papai, você toca comigo?”, Gabriel perguntou, oferecendo um bloquinho para Rafael. Claro que sim, campeão. Observando Rafael brincar no chão com o filho, enquanto Sofia continuava sua exploração musical do piano, Mariana sentiu uma gratidão tão profunda que quase doía fisicamente.
Havia começado como um contrato comercial entre dois estranhos desesperados. Havia se transformado no amor mais verdadeiro e na família mais feliz que qualquer um deles havia sonhado. E tudo porque duas pessoas haviam sido corajosas. o suficiente para permitir que seus corações mudassem, crescessem e escolhessem o amor, mesmo quando parecia impossível.
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