Imaginem por um momento, vocês estão dirigindo por uma estrada de terra no interior do Rio Grande do Sul, passando por campos dourados que se estendem até onde a vista alcança, quando de repente avistam uma fazenda onde um menino de 8 anos não pronuncia uma única palavra há mais de do anos.
Uma história de amor, cura e família está prestes a começar neste lugar. Aliás, de onde vocês estão assistindo esse vídeo? Comentem aí embaixo e já aproveitem para se inscrever no canal e deixar aquele like, porque essa história vai mexer com o coração de vocês. O Fiat no branco levantava uma nuvem de poeira na estrada de terra que cortava os campos dourados de soja.
Ana Paula Silva segurava firmemente o volante, observando através do para-brisa empoeirado a vastidão do interior gaúcho se estendera até o horizonte. Seus olhos castanhos refletiam uma mistura de nervosismo e determinação enquanto consultava o GPS mais uma vez. “Fazenda esperança, carazinho”, murmurou para si mesma, ajustando o espelho retrovisor para observar seu reflexo.
Aos 26 anos, tinha o cabelo castanho escuro preso em um coque simples, e suas mãos delicadas denunciavam anos cuidando de crianças. vinha de Porto Alegre, deixando para trás sua vida na capital para aceitar um trabalho que poderia mudar tudo. Quando o portão de madeira rústica apareceu em sua visão, ornamentado com ferraduras e uma placa gravada, Fazenda Esperança, família Mendosa, Ana Paula sentiu um frio na barriga.
Do outro lado daquele portão a esperava um desafio que quatro cuidadoras anteriores não conseguiram superar. conquistar a confiança de Gabriel, um menino de 8 anos que não falava há dois anos e meio. O som de suas sapatilhas na areia do pátio ecoou quando ela desceu do carro. A casa principal, uma construção térrea de tijolos aparentes com varandas amplas, exalava o charme rural típico do interior gaúcho.
Buganvilhas roxas serpenteavam pelas colunas e o cheiro de terra úmida, misturado com o aroma de chimarrão, pairava no ar. Você deve ser a Ana Paula. Uma voz calorosa a cumprimentou. Dona Sandra apareceu na varanda. Uma mulher de 45 anos com cabelos grisalhos presos em um rabo de cavalo e avental florido. Seus olhos gentis carregavam uma expressão de esperança cautelosa. “Sou sim, muito prazer.
” Ana Paula respondeu, estendendo a mão com um sorriso genuíno. Imagina, aqui é abraço. Dona Sandra a envolveu em um abraço maternal. Como foi a viagem? 4 horas de estrada, né? Tranquila, a paisagem é linda demais. Ana Paula olhou ao redor, admirando os campos que se estendiam em todas as direções.
E onde está o Gabriel? Dona Sandra suspirou, seu semblante se tornando mais sério. Está no celeiro como sempre. Não se assuste se ele não vier cumprimentar. Nas outras vezes, ele se escondeu quando chegaram as cuidadoras. Dona Sandra a guiou até a casa, passando por um jardim onde galinhas ciscavam livremente entre canteiros de temperos.
O interior da casa respirava simplicidade e aconchego, móveis de madeira maciça, tapetes de tear gaúcho e fotografias de família espalhadas pelas paredes. O Senr. Carlos está nos campos, mas volta para o almoço. Dona Sandra despejou água quente na cuia de Chimarrão. Quer que eu te conte um pouco sobre o Gabriel? Ana Paula assentiu, aceitando a cuia com as duas mãos, como havia aprendido em suas visitas ao interior.
Ele era a criança mais falante do mundo antes do do acidente. A voz de dona Sandra tremulou ligeiramente. A Juliana, que Deus a tenha, morreu num acidente na BR285 quando voltava de Passo Fundo. Gabriel estava no carro, mas não se machucou fisicamente. Desde então não diz uma palavra. O silêncio pesou entre elas.
Ana Paula podia imaginar a dor daquele menino carregando um trauma tão profundo. Ele se comunica como? Perguntou suavemente. Desenhos. Sempre desenhos de giraçóis e de uma mulher morena. Dona Sandra apontou para alguns papéis afixados na geladeira. Os psicólogos de Passo Fundo disseram que ele precisa de tempo e de alguém especial para confiar novamente.
Ana Paula se aproximou dos desenhos. traços infantis, mas carregados de emoção. Em todos eles, uma figura feminina sorria ao lado de campos floridos. As outras cuidadoras tentaram forçar, queriam que ele falasse logo como se fosse apertar um botão. Dona Sandra balançou a cabeça. Você parece diferente.
O que pretende fazer? Ana Paula olhou pela janela em direção ao celeiro, onde podia vislumbrar uma pequena figura, observando-a através de uma fresta. Primeiro vou deixar ele me conhecer do jeito dele. Naquele momento, ela não sabia que estava sendo observada por dois pares de olhos, os de Gabriel, cheios de curiosidade cautelosa, e os de Carlos Mendoza, que acabara de chegar dos campos e parou o Jeip ao ver a cena através da janela da cozinha.
Carlos Mendoza desceu do jeip com movimentos decididos, mas Ana Paula notou a hesitação em seus passos quando ele se aproximou da varanda. Aos 35 anos, tinha a pele bronzeada de quem trabalha sob o sol, cabelos escuros com alguns fios grisalhos nas têmporas e mãos calejadas que contavam a história de uma vida dedicada à Terra. “Você deve ser a Ana Paula.” Sua voz era grave, mas gentil.
Carlos Mendoza. O aperto de mão foi firme e Ana Paula percebeu que ele a estudava com atenção, como se tentasse decifrar se ela seria mais uma decepção na vida de seu filho. Muito prazer, senor Carlos. Ela manteve o tom respeitoso, mas firme. Dona Sandra estava me contando sobre o Gabriel. E o que achou? A pergunta veio carregada de um cansaço que ele tentava disfarçar, que ele é um menino muito especial que passou por algo terrível.
Ana Paula escolheu as palavras cuidadosamente e que talvez só precise de alguém que entenda que curar não significa apressar. Carlos piscou, surpreso com a resposta. As outras cuidadoras sempre prometiam resultados rápidos, cronogramas de recuperação, métodos milagrosos. As outras disseram que em um mês ele estaria falando. Sua voz carregava amargura. Eu não posso prometer quando ele vai falar, Sr. Carlos. Ana Paula o encarou diretamente.
Posso prometer que vou respeitar o tempo dele e fazer tudo que estiver ao meu alcance para que ele se sinta seguro novamente. Durante o almoço, Gabriel apareceu. Ana Paula fingiu não perceber quando ele se escondeu atrás da porta da cozinha, observando a comer o arroz carreteiro preparado por dona Sandra.
não fez menção de cumprimentá-lo ou forçar interação. Simplesmente continuou conversando com Carlos sobre a fazenda. “Quantos hectares?”, perguntou, demonstrando interesse genuíno. 800. Soja, milho e uma pequena criação de gado. Carlos relaxou ao falar do que conhecia. Meu pai começou com 50 haares. Construímos isso aqui, tijolo por tijolo. E o Gabriel gosta da fazenda? Adora os animais.
Um sorriso triste cruzou o rosto de Carlos, principalmente o trovão, nosso cavalo criou-lo. Às vezes acho que os bichos entendem ele melhor que as pessoas. Após o almoço, Ana Paula saiu para conhecer a propriedade. Não foi surpresa quando Gabriel apareceu a uns 20 metros de distância, seguindo-a discretamente.
Ela caminhou devagar, parando para observar as galinhas, acariciar um gato que se esfregou em suas pernas, admirar as plantações. No estábulo encontrou o trovão. O cavalo baio relinchava suavemente e Ana Paula estendeu a mão cautelosamente. Foi quando ouviu passos atrás de si. Gabriel se aproximara carregando uma cenoura. Seus olhos grandes e escuros a estudavam com curiosidade.
Era um menino bonito, com cabelos castanhos desalinhados e roupas de trabalho em miniatura, botina, bombacha e camiseta. Oi, Gabriel. Ana Paula falou baixinho, sem se mover bruscamente. O trovão é lindo. O menino não respondeu, mas ofereceu metade da cenoura para ela. Suas mãozinhas eram pequenas e sujas de terra. Obrigada.
Ela pegou a cenoura e ofereceu ao cavalo que mastigou ruidosamente. Gabriel sorriu. Foi um sorriso pequeno, quase imperceptível, mas Ana Paula o viu. Naquele momento, ela soube que havia passado no primeiro teste. Eles passaram a tarde no estábulo em silêncio confortável. Gabriel mostrava-lhe como escovar trovão, como preparar a ração, onde ficavam as celas.
Não precisava de palavras. Sua linguagem corporal falava por ele. Quando o sol começou a se pôr, pintando o céu de tons alaranjados, Gabriel fez algo inesperado. Pegou a mão de Ana Paula e a conduziu para fora do estábulo, em direção a uma pequena colina atrás da casa. No topo da colina havia um IP amarelo centenário, suas raízes profundas entrelaçadas na terra vermelha, e ao pé da árvore uma pequena placa de madeira tosca, obviamente feita por mãos infantis.
Juliana, minha mãe amada”, lia-se na placa. Ana Paula sentiu um nó na garganta. Gabriel olhava fixamente para a placa, seus olhos brilhando com lágrimas não derramadas. “Ela deve ter sido muito especial”, Ana Paula sussurrou. Gabriel assentiu vigorosamente, depois tirou um papel amassado do bolso. Era um desenho novo, uma mulher morena ao lado de uma árvore florida e uma figura pequena ao lado dela.
Mas desta vez havia uma terceira figura no desenho, uma mulher de cabelos castanhos. Ele ofereceu o desenho para Ana Paula e quando ela o aceitou, Gabriel fez algo que deixou todos na fazenda sem fôlego. Ele segurou a mão dela e não a soltou até chegarem de volta à casa. Carlos os observava da varanda e Ana Paula pôde ver em seus olhos algo que não estava lá de manhã.
Três semanas haviam-se passado desde a chegada de Ana Paula e a rotina da fazenda havia se ajustado à sua presença. Gabriel acordava cedo, ajudava com os animais e depois vinha procurá-la para suas aventuras silenciosas pela propriedade. Eles haviam desenvolvido uma linguagem própria feita de gestos, sorrisos e desenhos.
Era uma manhã de terça-feira quando Carlos anunciou durante o café que precisaria viajar para São Paulo, feira do agronegócio. Ele mexia o açúcar no café com mais força que o necessário. Quatro dias. Preciso fechar uns contratos importantes. Ana Paula percebeu a hesitação em sua voz. Nas últimas semanas, ela e Carlos haviam desenvolvido conversas cada vez mais longas durante as refeições e ela começara a notar como ele a observava.
quando pensava que ela não estava vendo. “O Gabriel fica bem comigo”, ela disse suavemente. “Não se preocupe.” “Não é isso.” Carlos parou, olhando para o filho que desenhava absorto. É que ele nunca ficou só com uma cuidadora, sempre teve a dona Sandra ou eu por perto. “Então, será uma oportunidade dele confiar mais em mim?” Ana Paula sorriu.
“Às vezes precisamos de espaço para crescer”. Gabriel olhou para cima do seu desenho, parecendo entender a conversa. Assentiu para o pai, como se dissesse que estava tudo bem. Carlos partiu na quarta-feira de manhã. Gabriel acenou do portão até o carro desaparecer na estrada de terra. Depois se virou para Ana Paula com uma expressão determinada.
“E agora? Que tal me mostrar o que mais gosta de fazer aqui na fazenda?”, ela perguntou. Gabriel a conduziu para dentro da casa, subindo no primeiro andar onde ficavam os quartos. Ana Paula nunca havia estado lá antes. Ele a levou até um quarto que claramente pertencera a seus pais.
As coisas de Juliana ainda estavam lá. Perfumes na penteadeira, roupas no armário, livros na mesa de cabeceira. No canto do quarto havia um violão. Gabriel apontou para o instrumento com reverência, depois fez o gesto de tocar cordas no ar. Sua mãe tocava?” Ana Paula perguntou suavemente. Gabriel assentiu, depois fez algo surpreendente.
Sentou no chão em frente ao violão e ficou apenas olhando para ele, como se estivesse lembrando de algo muito importante. “Posso?” Ana Paula apontou para o violão. Gabriel hesitou, depois assentiu lentamente. Ana Paula pegou o instrumento com cuidado. Estava um pouco desafinado, mas ainda funcional. Ela ajustou as cordas e tocou alguns acordes suaves.
Sabe, Gabriel, quando eu era pequena e me sentia triste, minha mãe cantava uma música gaúcha para mim. Ela começou a tocar uma melodia simples, canto da terra. Conhece? Gabriel balançou a cabeça, mas seus olhos estavam fixos nos dedos dela no violão. Ana Paula começou a cantar suavemente: “Deste chão de terra boa, a vida sempre brota como semente ao vento carregando sentimento.” Gabriel se inclinou para a frente, totalmente absorvido.
E então algo mágico aconteceu. Ele começou a mexer os lábios como se estivesse tentando acompanhar a melodia. Não saiu som, mas Ana Paula viu que ele conhecia a música. Sua mãe cantava essa música? Perguntou parando de tocar. Gabriel a sentiu vigorosamente, depois estendeu as mãos em direção ao violão. Ana Paula o entregou para ele.
As mãozinhas de Gabriel eram pequenas demais para formar acordes complexos, mas ele conseguiu tocar algumas notas soltas. E então, enquanto tocava, ele abriu a boca e um som saiu. Não eram palavras, era mais como um murmúrio melódico. Mas era a primeira vez em do anos e meio que Gabriel Mendoza produzia qualquer som vocal.
O susto foi tanto que ele largou o violão bruscamente, os olhos arregalados de medo. Está tudo bem, Ana Paula disse rapidamente, vendo que ele estava prestes a fugir. Está tudo bem, Gabriel. Isso foi lindo. Mas Gabriel já estava correndo escada abaixo em direção ao celeiro, onde sempre se escondia quando ficava assustado.
Ana Paula o segueu calmamente, encontrando-o encolhido atrás de algumas balas de feno. “Gabriel, olha para mim.” Ela se sentou no chão de terra batida. “Sabe o que aconteceu ali em cima? Sua voz está voltando como uma planta que estava dormindo no inverno e agora está na primavera. Gabriel espiou por entre os dedos que cobriam o rosto. As palavras são como sementes de girassol, Gabriel.
Elas crescem quando encontram o sol certo. Ana Paula estendeu a mão para ele. E você acaba de encontrar um pouquinho desse sol? Gabriel saiu lentamente do esconderijo, ainda tremendo. Ana Paula o envolveu em um abraço e ele não resistiu. “Vamos tentar de novo amanhã?”, sussurrou no ouvido dele, sem pressa no seu tempo. Gabriel assentiu contra o ombro dela e Ana Paula soube que haviam cruzado uma barreira importante.
Naquela noite, ela ligou para Carlos. “Como estão as coisas aí?” A voz dele veio carregada de ansiedade. Gabriel fez um som hoje. Ana Paula decidiu ser direta, silêncio do outro lado da linha. Como assim? Um som. Ele estava tentando cantarolar uma música gaúcha que eu estava tocando no violão da Juliana. Foi só um murmúrio, mas foi alguma coisa, Carlos.
Ela podia ouvir a respiração pesada dele pelo telefone. Tem certeza? Absoluta. Ele se assustou depois, mas foi real. Ana Paula olhou pela janela em direção ao celeiro, onde uma luz fraca ainda brilhava. Acho que sua esposa deixou mais do que lembranças naquele violão. Ana Paula, a voz de Carlos estava embargada. Eu não sei como te agradecer. Não me agradeça ainda.
Isso é só o começo. Mas enquanto deslizava para o sono naquela noite, Ana Paula se perguntava se estava preparada para o que poderia vir a seguir, porque algo lhe dizia que a voz de Gabriel não seria a única coisa que mudaria naquela fazenda.
Carlos retornou na sexta-feira ao entardecer, dirigindo mais rápido que o Prudente pela estrada de terra. durante os quatro dias em São Paulo, não conseguira tirar Ana Paula e Gabriel da cabeça. As reuniões de negócios pareciam intermináveis e ele se pegava, olhando o relógio constantemente, ansioso para voltar para casa. Encontrou Ana Paula e Gabriel na cozinha, preparando o jantar juntos.
Gabriel estava de pé em uma cadeira, mexendo alguma coisa no fogão sob a supervisão atenta dela. A cena doméstica o atingiu como um soco no estômago. Papai. O som saiu baixinho, quase imperceptível, mas saiu. Gabriel havia se virado e falado sua primeira palavra em do anos e meio. Carlos congelou na porta, sua maleta escorregando da mão e batendo no chão de cerâmica. Ana Paula se virou, os olhos brilhando de lágrimas contidas.
Gabriel Carlos sussurrou como se tivesse medo de que qualquer som alto pudesse quebrar o encanto. Gabriel desceu da cadeira e correu para os braços do pai. Carlos o levantou, abraçando-o com força, e Gabriel sussurrou no ouvido dele. Senti sua falta. As palavras eram pausadas, exitantes, como se viessem de muito longe, mas eram claras.
Carlos começou a chorar, sem se importar em esconder as lágrimas. Ana Paula os observava, as mãos cobrindo a boca, emocionada demais para falar. Como quando Carlos olhou para ela por cima da cabeça de Gabriel. Ontem à noite ele me acordou. Ana Paula secou os próprios olhos. estava com pesadelo e quando eu fui consolá-lo, ele sussurrou: “Mamãe, conversamos muito sobre como às vezes é difícil deixar as palavras saírem, mas que estava tudo bem.
” Dona Sandra apareceu na cozinha, atraída pelo barulho, e quando viu a cena, começou a chorar também. “Graças a Deus”, ela exclamou. “Nossa Senhora de Caravádio ouviu nossas preces”. O jantar foi uma celebração silenciosa. Gabriel falava pouco, mas falava. Palavras simples: “Sim, não, obrigado.” Gostei. Cada uma delas era recebida como um presente pelos adultos.
Depois que Gabriel foi dormir, Carlos e Ana Paula ficaram na varanda observando os campos iluminados pela lua cheia. O silêncio entre eles não era mais confortável como antes. Havia uma tensão no ar, uma consciência mútua que não existia quando ela chegara. Ana Paula. Carlos começou, depois parou. O que foi? Não sei como você fez isso. Quatro cuidadoras tentaram, dois psicólogos. E você? Ele balançou a cabeça.
Em menos de um mês, você devolveu meu filho para mim. Eu não devolvi nada, Carlos. Ana Paula o corrigiu gentilmente. Ele sempre esteve aqui. Só precisava se sentir seguro para se mostrar novamente. Carlos se virou para olhá-la. No luar, ela parecia etérea, com o cabelo solto dançando na brisa noturna. Posso te perguntar uma coisa? Claro.
Por que você não tem filhos? Você é Você nasceu para isso? Ana Paula hesitou, observando as estrelas. Nunca encontrei a pessoa certa. Ela deu de ombros. E talvez porque uma parte de mim sempre soube que existia uma criança em algum lugar que precisaria de mim primeiro. A simplicidade da resposta o desarmo. Carlos deu um passo em direção a ela.
Ana Paula, eu preciso te dizer uma coisa. Sua voz estava rouca. Eu estou estou me apaixonando por você. Ela se virou para encará-lo, os olhos arregalados. Carlos, eu sei que é complicado. Você trabalha aqui, tem a diferença de idade à situação do Gabriel. Ele passou a mão pelos cabelos, mas não consigo fingir que o que sinto é só gratidão.
Ana Paula sentiu o coração acelerar. Nas últimas semanas, ela também havia notado como os olhares dele demoravam mais, como suas conversas se aprofundavam, como ela se pegava esperando ansiosamente pelos momentos em que estariam sozinhos. “Eu também sinto alguma coisa”, ela admitiu baixinho. “Mas você tem razão, é complicado.
Por quê? Carlos se aproximou mais. Porque você é de Porto Alegre e eu sou do interior. Porque você é cuidadora e eu sou fazendeiro. Porque eu não quero estragar o que construímos com o Gabriel. A voz dela tremeu. E por quê? Porque tenho medo. Medo de quê? De não ser suficiente para você, para esta vida, para esta família.
Carlos pegou o rosto dela entre as mãos. Ana Paula, você salvou minha família. Você trouxe luz para uma casa que estava nas trevas há mais de dois anos. Como pode achar que não é suficiente? Antes que ela pudesse responder, Carlos a beijou. Foi um beijo suave no início, hesitante, mas quando Ana Paula correspondeu, ele se aprofundou, carregado de toda a atenção e desejo acumulados nas últimas semanas.
Quando se separaram, ambos estavam ofegantes. Carlos Ana Paula encostou a testa na dele. Fica comigo. Ele sussurrou. Não como cuidadora, como como família. Casa comigo, Ana Paula. A pergunta a deixou atordoada. Era muito rápido, muito intenso, muito pai. Ana. Eles se afastaram rapidamente. Gabriel estava na porta da varanda, esfregando os olhos sonolentos.
O que foi, filho? Carlos se agachou na altura dele. Tive outro pesadelo. Gabriel olhou entre os dois. Vocês estão brigando? Não, amor. Ana Paula se ajoelhou também. Estávamos conversando. Gabriel os estudou com seus olhos espertos de 8 anos. Depois fez algo que o surpreendeu.
Pegou a mão de Ana Paula e colocou na mão de Carlos, juntando-as entre as suas pequenas mãos. Família”, ele disse simplesmente, depois olhou diretamente para Ana Paula. “Fica para sempre?” Ana Paula sentiu as lágrimas subirem aos olhos. A pergunta de uma criança simples e direta, mas que carregava o peso do mundo. “Gabriel, ela começou. Por favor.
” Gabriel interrompeu e, pela primeira vez, em dois anos e meio, seus olhos se encheram de lágrimas que ele deixou cair. Não vai embora como a mamãe. O coração de Ana Paula se despedaçou e se reconstitui simultaneamente. Ela olhou para Carlos, que a sentiu quase imperceptivelmente, e então para Gabriel. Eu fico ela sussurrou. Prometo que fico.
Gabriel sorriu através das lágrimas e se jogou nos braços dela. Carlos os envolveu a ambos em um abraço e ali, sob o céu estrelado do interior gaúcho, uma nova família começou a se formar. Mas Ana Paula não podia imaginar que em algumas semanas essa promessa seria testada de maneiras que ela jamais havia imaginado. Dois meses haviam-se passado desde aquela noite na varanda.
Ana Paula havia se mudado oficialmente para o quarto principal, ao lado de Carlos, e Gabriel parecia finalmente estar se recuperando completamente. Falava mais a cada dia, ria alto enquanto brincava com os animais e até voltara a cantar as canções gaúchas que a mãe lhe ensinara.
Era uma manhã de sábado quando Renata Mendou de Santa Maria sem avisar, dirigindo sua Hilux prata em alta velocidade pela estrada da fazenda. Carlos estava no celeiro consertando equipamentos quando ouviu o barulho do motor. “Merda”, murmurou, reconhecendo o veículo da irmã. Ana Paula estava na cozinha preparando cucas para o café da tarde, quando uma mulher elegante de cerca de 40 anos entrou pela porta sem bater.
Usava roupas caras, tinha cabelos loiros perfeitamente escovados e uma expressão que misturava curiosidade com desaprovação. “Você deve ser a nova cuidadora.” Renata falou a palavra como se tivesse gosto amargo na boca. Ana Paula Silva. Ana Paula secou as mãos no avental e estendeu a mão. E você é a Renata, a irmã do Carlos. Castle.
Renata não aceitou o cumprimento. Onde está meu irmão? No celeiro. Ana Paula manteve o tom educado, apesar do frio na barriga. Posso chamá-lo? Não precisa, eu mesmo vou. Renata saiu sem cerimônia, deixando Ana Paula com uma sensação ruim. Através da janela, ela viu os irmãos conversando animadamente perto do celeiro, com Renata gesticulando bastante.
Carlos retornou à casa com o rosto fechado. “O que ela disse?”, Ana Paula perguntou, colocando a mão no braço dele, o que sempre diz, “Que eu tomo decisões precipitadas, que não penso no futuro do Gabriel, que ele parou, olhando para ela, que você pode estar se aproveitando da situação.
” Ana Paula sentiu como se tivesse levado um tapa. Ela disse isso. Renata sempre foi protetiva demais. Ela acha que qualquer mulher que se aproxime de mim ou do Gabriel está interessada no dinheiro da fazenda. E você? A voz de Ana Paula saiu mais fraca que pretendia. Você acredita nisso? Carlos a puxou para um abraço. Claro que não.
Mas ela tem influência sobre Gabriel e sobre a família. Preciso que ela entenda que você é diferente. Durante o almoço, a atenção era palpável. Renata dirigia perguntas pontuais para Ana Paula. De que bairro você é em Porto Alegre, Rubenberta? Ah, o tom de Renata deixava claro o que pensava de bairros periféricos e sua família. Minha mãe é diarista.
Meu pai trabalha em metalúrgica. Entendo. Renata cortou a carne com mais força que necessário e quando pretende voltar para Porto Alegre, Renata. Carlos interviu. Não pretendo voltar. Ana Paula ergueu o queixo. Este é meu lar agora. Gabriel, que havia estado quieto observando a tensão entre os adultos, largou o garfo.
Tia Renata, a Ana é da nossa família agora. Sua voz soou mais firme que nunca. Ela me ajudou a a falar de novo. Renata olhou para o sobrinho surpresa. Era a primeira vez que o ouvia falar desde o acidente. Gabriel, a Ana canta as músicas da mamãe para mim. Gabriel continuou.
E ela cuida do papai quando ele fica triste e ela faz cuca melhor que que todo mundo. A última frase arrancou um sorriso relutante de Renata. É mesmo? É sim. Gabriel se levantou e foi até Ana Paula, abraçando-a pela cintura. Ela é especial. Ana Paula sentiu os olhos se encherem de lágrimas. Carlos pegou sua mão por baixo da mesa.
Tia Renata quer que eu mostre os desenhos que eu faço agora? Gabriel perguntou. São diferentes dos de antes. Renata assentiu e Gabriel saiu correndo para buscar seus desenhos. Ele está muito melhor, Renata admitiu baixinho. Sim, está. Carlos não disfarçou o orgulho na voz. Gabriel voltou com uma pilha de papéis. Os novos desenhos mostravam não apenas campos de giraçóis, mas também animais da fazenda, a casa e sempre três figuras.
Um homem alto, uma mulher morena no céu e duas pessoas se dando as mãos. Esta aqui é a mamãe no céu olhando por nós. Gabriel apontou para uma figura etérea entre nuvens. E estes somos eu, o papai e a Ana. Somos uma família diferente agora, mas ainda somos família. Renata estudou os desenhos em silêncio e Ana Paula viu o exato momento em que suas defesas começaram a ruir.
“Gabriel, posso conversar com a Ana sozinha?”, Renata perguntou suavemente. Carlos hesitou, mas Ana Paula assentiu. “Tudo bem. Os homens saíram e as duas mulheres ficaram sozinhas na cozinha. Você tem que entender minha posição. Renata começou seu tom. Depois que a Juliana morreu, Carlos entrou em depressão profunda. Gabriel também. Esta família estava despedaçada.
Eu entendo. Várias mulheres tentaram se aproximar dele. Algumas realmente interessadas no dinheiro, outras só com pena. Renata suspirou. Eu fiquei protetiva demais. E eu sou mais uma. Renata observou Ana Paula por um longo momento. Não, você não é. Ela finalmente admitiu.
Eu vejo como Gabriel olha para você, como Carlos sorri quando fala de você. E eu vejo como você olha para eles também. Como eu olho para eles como uma mãe e uma esposa, não como uma funcionária ou uma oportunista. Renata se levantou. Mas isso me assusta mais ainda. Por quê? Porque se você quebrar o coração deles agora, depois de tudo que passaram, a voz de Renata tremeu. Eu não sei se eles vão sobreviver a outra perda.
Ana Paula se levantou também, olhando diretamente nos olhos de Renata. Então é bom que você saiba que eu prefiro morrer a machucá-los. Sua voz estava firme. Eu amo esta família, Renata. Não porque Carlos tem dinheiro ou porque é uma boa oportunidade. Eu amo porque eles me salvaram tanto quanto eu o salvei. Renata a estudou por mais alguns segundos, depois assentiu lentamente.
Está bem, mas eu vou estar observando. Eu espero que sim. Ana Paula sorriu. E espero que você venha mais vezes. Gabriel sente sua falta. Quando Carlos e Gabriel voltaram, encontraram as duas mulheres organizando a cozinha juntas. conversando sobre receitas gaúchas. “Tudo bem?”, Carlos perguntou cautelosamente.
“Tudo bem”, Renata respondeu e, pela primeira vez desde que chegara, sorriu genuinamente para Ana Paula. Na verdade, melhor que bem. Naquela noite, depois que Renata partiu, com promessas de voltar no mês seguinte, Carlos e Ana Paula caminharam até o IP amarelo no alto da colina. “Acho que passamos no teste”, Carlos disse, abraçando-a por trás. Foi por pouco. Ana Paula riu, relaxando contra o peito dele. Sua irmã é intimidadora.
Ela só quer proteger a família como eu. Carlos beijou o topo da cabeça dela. Ana Paula. Hum. Você falou sério quando disse que me ama? Ana Paula se virou nos braços dele. Falei pela primeira vez na vida. Falei muito sério. Então casa comigo. Ele disse novamente. Mas desta vez não era uma pergunta desesperada na escuridão.
Era uma proposta feita com convicção, oficialmente na igreja, com festa, com toda a família. Ana Paula olhou para a placa que Gabriel havia feito para a mãe, depois para os campos dourados iluminados pela lua e, finalmente, para o homem que segurava seu coração. “Sim”, ela sussurrou. Sim, eu caso com você. E quando se beijaram sob o IP centenário, Ana Paula jura que sentiu uma brisa suave, como se Juliana estivesse dando sua bênção para o novo amor que florescia naquela terra.
A notícia do noivado se espalhou pela vizinhança rural como fogo na palha seca. Tona Sandra chorou de alegria quando Carlos e Ana Paula anunciaram oficialmente e Gabriel não parava de desenhar noivas e noivos embaixo do IP amarelo. “Vai ser a festa mais bonita de Carazinho”, declarou dona Sandra já fazendo listas mentais de comidas típicas.
Vamos fazer um churrasco tradicional cuca de banana, pudim de leite condensado. Ana Paula se sentia como se estivesse vivendo um sonho. Nunca havia imaginado que um dia se casaria em uma fazenda no interior, muito menos que encontraria uma família que a acolheria tão completamente. Carlos insistiu em fazer tudo do jeito tradicional gaúcho.
Quero que seja na igreja de Carazinho, depois festa aqui na fazenda. Ele planejava enquanto tomava um chimarrão na varanda. E você vai usar o vestido que quiser, mas eu vou estar de bombacha e bota. Não vou reclamar. Ana Paula riu. Você fica lindo de bombacha. Gabriel, que estava deitado no chão desenhando, levantou a cabeça.
Ana, você vai usar vel? Se você quiser que eu use. Sim, quero. Gabriel se empolgou. E posso levar levar as alianças? Claro que pode. Carlos bagunçou o cabelo do filho. Você vai ser nosso pagem. O planejamento do casamento trouxe uma energia nova para a fazenda. Renata vinha toda a semana de Santa Maria para ajudar. E Ana Paula descobriu que por trás da fachada intimidadora havia uma mulher carinhosa e detalhista.
“Vamos fazer as flores da igreja com giraçóis e flores de IP”, Renata sugeriu durante uma de suas visitas. Em homenagem a Juliana e ao lugar onde vocês se conheceram realmente. Ana Paula achou a ideia perfeita. Uma tarde, quando Carlos estava nos campos e Gabriel na escola, Renata e Ana Paula foram para Passo Fundo escolher o vestido de noiva.
Não quero nada muito pomposo Ana Paula explicou enquanto caminhavam pela loja. Algo simples, mas elegante. Você sabe que pode comprar qualquer vestido que quiser, né? Renata disse: “Carlos tem condições.” Eu sei, mas não é sobre o dinheiro. Ana Paula tocou um vestido de renda delicada. É sobre encontrar algo que seja meu.
Ela experimentou vários modelos, mas quando vestiu um modelo de renda ivor com mangas longas e saia rodada, mas não exagerada, Renata suspirou. Esse é o vestido. Ana Paula se olhou no espelho. O vestido realçava sua figura sem ser ousado demais, e a renda delicada combinava perfeitamente com a personalidade doce, mas forte que ela havia desenvolvido na fazenda.
Você acha que Carlos vai gostar, Ana Paula? Aquele homem ficaria feliz se você casasse de bombacha e camiseta. Renata riu. Mas neste vestido você está linda. Na volta para a fazenda, Renata foi mais séria. Posso te perguntar uma coisa? Claro. Você não sente medo de quê? De casar tão rápido, de mudar de vida tão drasticamente. Renata olhava pela janela.
Quando eu me casei pela primeira vez, estava aterrorizada. Ana Paula não sabia que Renata havia sido casada. O que aconteceu? Ele era um homem bom, mas éramos incompatíveis. Eu queria viajar, estudar, trabalhar. Ele queria uma esposa tradicional. Renata suspirou. Depois do divórcio, jurei que nunca mais me casaria por pressão ou expectativa.
E eu estou me casando por pressão? Não, você está se casando por amor. Eu vejo isso. Renata sorriu tristemente. Às vezes invejo a certeza que vocês têm. Renata, você está bem? Estou. É só que ver Carlos feliz de novo me faz perceber o quanto eu ainda procuro por isso. Chegaram à fazenda no fim da tarde e encontraram Carlos e Gabriel preparando uma surpresa no jardim.
Haviam montado uma pequena mesa com velas e flores e Gabriel vinha correndo com um papel na mão. Ana, olha o que eu escrevi. Ele mostrou uma carta em letra infantil. É meu meu discurso para o casamento. Ana Paula leu em voz alta. Querida Ana, obrigado por fazer meu papai sorrir de novo. Obrigado por me ensinar que falar não dói.
Obrigado por gostar dos nossos animais. Você é a melhor madrasta do mundo. Mesmo que eu não goste da palavra madrasta. Posso te chamar só de mãana. Com amor, Gabriel. As lágrimas vieram sem aviso. Ana Paula se ajoelhou. e abraçou Gabriel com força. “Claro que pode me chamar de manhã”, ela sussurrou. “Seria uma honra.
” Carlos observava a cena com os olhos brilhando de emoção. “Este jantar especial?”, Ana Paula perguntou secando os olhos. É para comemorar que faltam só duas semanas para o casamento. Carlos a puxou para um beijo e para te dizer que eu te amo mais a cada dia. Durante o jantar, Renata anunciou que ficaria na fazenda na semana do casamento para ajudar com os preparativos finais.
E eu quero levar o Gabriel para conhecer Santa Maria depois do casamento. Ela disse: “Para vocês terem uma lua de mel decente. Tia Renata, posso posso conhecer as missões?” Gabriel perguntou empolgado. Claro. Vamos visitar São Miguel das Missões. Vou te contar sobre os índios guaranis. E onde vocês vão passar a lua de mel? Renata perguntou para o casal. Carlos e Ana Paula se entreolharam.
Gramado. Carlos respondeu. Três dias no hotel mais romântico que eu consegui encontrar. Só três dias? Não quero ficar muito tempo longe do Gabriel, Ana Paula explicou. E da fazenda. Este lugar já é meu lar. Naquela noite, depois que todos foram dormir, Carlos e Ana Paula caminharam até o IP amarelo, como haviam feito tantas outras vezes. “Você está nervosa?”, Carlos perguntou. “Um pouco.
” Ana Paula admitiu. “E você?” Aterrorizado. “Por quê?” “Porque tenho medo de acordar e descobrir que isso tudo foi um sonho.” Carlos a puxou para mais perto. Há dois anos, eu achava que nunca mais seria feliz. que Gabriel nunca mais falaria, que nossa família estava acabada.
E agora? Agora sinto como se a vida estivesse apenas começando. Eles se beijaram sob as estrelas e Ana Paula soube que estava exatamente onde deveria estar. em duas semanas seria oficialmente uma Mendoza, mas no fundo do coração já se sentia parte daquela família desde o primeiro dia em que Gabriel segurou sua mão. O que ela não sabia era que os próximos dias trariam uma surpresa que testaria mais uma vez a força daquela união que estava nascendo.
Faltavam c dias para o casamento quando o telefone tocou durante o café da manhã. Carlos atendeu com a boca cheia de pão caseiro, mas sua expressão mudou rapidamente. Alô? Sim, sou eu. Como assim? Sua voz foi ficando tensa. Não, não pode ser agora. Não, vocês não entendem. Ana Paula e Gabriel pararam de comer, observando a conversa. Está bem. Amanhã de manhã.
Carlos desligou o telefone e ficou parado, olhando para o aparelho. O que foi? Ana Paula perguntou. Era da Silva em Associados de Santa Maria. Carlos passou a mão pelos cabelos. Uma empresa do Mato Grosso quer comprar uma parte da fazenda para expandir o agronegócio na região. A oferta é considerável. E você quer vender? Não.
Carlos respondeu rápido demais. Quer dizer, não sei. Não havia pensado nisso antes. Gabriel largou o copo de leite. Papai, nós vamos embora da fazenda? Não, filho, ninguém vai embora. Carlos se ajoelhou ao lado da cadeira do menino. Eles só querem uma parte dos campos, não a casa, nem os animais.
Mas Ana Paula percebeu que havia algo mais na expressão de Carlos, uma inquietação que não estava lá antes. O representante da empresa chegou no dia seguinte dirigindo um carro preto e caro, acompanhado de dois homens de terno. Gabriel se escondeu atrás de Ana Paula quando eles apareceram. Senhor Mendoza, sou Rodrigo Silva. O homem principal era elegante, de meia idade, com o tipo de confiança que vende muito dinheiro.
Esta propriedade é impressionante. Durante duas horas, eles caminharam pelos campos enquanto Silva explicava o projeto. Ana Paula ficou na casa com Gabriel, mas podia ver através da janela como Carlos gesticulava. Ora animado, ora hesitante. Ana, eles vão vão levar nossa casa? Gabriel perguntou agarrado ao braço dela. Não, amor.
Eles só estão conversando sobre os campos. Ana Paula tentou soar confiante. Esta casa é nossa para sempre. Quando os homens partiram, Carlos voltou com uma expressão perturbada. E então, Ana Paula perguntou: “A oferta é tentadora.” Carlos se sentou pesadamente à mesa da cozinha.
Com esse dinheiro poderíamos modernizar completamente a fazenda, comprar equipamentos novos, expandir a criação de gado, mas seria vender metade da terra que meu pai construiu, metade da nossa história. Naquela noite, após Gabriel adormecer, eles conversaram na varanda. Você quer aceitar a oferta? Ana Paula disse. Não era uma pergunta. Não sei o que quero. Carlos suspirou. Por um lado, é uma oportunidade de crescer, de dar uma vida ainda melhor para vocês dois.
Carlos, você acha que eu me importo com isso? Não é sobre você se importar, é sobre eu ter responsabilidades. Sua voz estava tensa. Agora vamos ser uma família oficial. E se algo acontecer comigo? E se a fazenda não for suficiente para sustentar vocês? Ana Paula sentiu um frio no estômago. Você está duvidando do nosso casamento? Não. Carlos se virou para ela. Estou duvidando de mim, de ser suficiente para você.
Como assim, Ana Paula? Você é jovem, inteligente, poderia ter qualquer vida que quisesse. E, em vez disso, está aqui casando com um viúvo do interior que tem mais dúvidas que certezas. Ana Paula ficou em silêncio por um momento. Carlos, olha para mim. Ele a encarou. Se você aceitar essa oferta porque acha que vai me fazer mais feliz, você está errado. Sua voz estava firme.
Se você aceitar porque acha que precisa provar alguma coisa para mim, você está errado. Então, o que eu deveria fazer? O que o seu coração mandar? Não o que você acha que deveria fazer por mim ou pelo Gabriel. O que você quer? Carlos ficou quieto, observando os campos iluminados pela lua.
Meu coração diz para mandar eles para o inferno e continuar nossa vida como planejamos. Então faça isso. Mas e se estiver errado? E se for uma chance única? Ana Paula se levantou. Carlos, se você não confia nas suas próprias decisões, como vai confiar em mim? Em nós? A pergunta ficou no ar como um fantasma. No dia seguinte, Gabriel acordou agitado.
Ana, eu tive tive um pesadelo. Conta para mim. Sonhei que os homens de terno levaram todos os nossos animais embora e que você e o papai estavam brigando. Ana Paula sentiu o coração apertar. As crianças sempre captavam tensões que os adultos tentavam esconder.
“Gabriel, você tem medo que alguma coisa mude aqui em casa?” Gabriel assentiu. Tudo estava estava indo bem. E agora o papai está estranho. Ana Paula olhou pela janela e viu Carlos no celeiro falando ao telefone, provavelmente com os advogados. “Vem cá.” Ela pegou Gabriel pela mão. “Vamos conversar com seu pai.” Encontraram Carlos justamente desligando o telefone. “Papai”, Gabriel disse com a voz firme.
“Você pode pode me explicar o que está acontecendo?” Sem mentir? Carlos se surpreendeu com a maturidade da pergunta. Umas pessoas querem comprar parte da nossa terra, Gabriel, e eu estou confuso se devo aceitar ou não. Por quê? Porque eles estão oferecendo muito dinheiro e nós precisamos de dinheiro. Carlos hesitou. Não precisamos não.
Então, por que você está está pensando em vender? A pergunta simples de um menino de 8 anos cortou direto ao cerne da questão. Porque às vezes os adultos acham que precisam de mais coisas para serem felizes? Carlos respondeu honestamente. Gabriel ficou pensativo por um momento. Papai, você lembra? Lembra da música que a mamãe cantava sobre contentamento? Carlos assentiu com os olhos marejados.
Não preciso de muito para ser feliz. Gabriel cantou baixinho. Só preciso de amor e um chão para pisar. O silêncio que se seguiu foi quebrado por Carlos, se ajoelhando e abraçando o filho. Você tem razão, garoto. Você tem toda a razão. Naquele mesmo dia, Carlos ligou para o escritório de advocacia.
Rodrigo, Carlos Mendoza. Sobre a proposta. Não tenho interesse em vender. Ana Paula o observou do outro lado da cozinha, sentindo o alívio tomar conta do peito. Não, não há possibilidade de negociação. Esta terra fica na família. Carlos foi firme. Obrigado pela oferta, mas a resposta é definitivamente não. Quando desligou, Gabriel correu para abraçá-lo.
Papai, agora você está está feliz de novo? Agora estou. Carlos olhou para Ana Paula. Perdão por quase estragar tudo. Não estragou nada. Ana Paula sorriu. Só me mostrou que você é humano e que Gabriel herdou a sabedoria da família. Naquela noite, os três caminharam juntos até o IP amarelo.
Carlos carregava uma pá pequena. O que vamos fazer? Ana Paula perguntou. Vamos plantar? Carlos respondeu: “Gabriel escolheu sementes de girassol para plantarmos aqui, para que nossa família tenha raízes ainda mais profundas nesta terra.
” Enquanto Gabriel colocava cuidadosamente as sementes na terra ao pé do IP, Ana Paula soube que haviam passado pelo último teste antes do casamento. Em três dias, ela seria oficialmente uma Menda, e não havia lugar no mundo onde preferiria estar. Amanhã do último dia antes do casamento, amanheceu com um sol dourado que prometia um dia perfeito. Ana Paula acordou cedo, observando Carlos ainda dormindo ao seu lado. Era a última vez que acordariam juntos como noivos.
Amanhã seria como marido e mulher. O movimento na casa começou cedo. Dona Sandra chegou às 6 da manhã com duas ajudantes da cidade carregando panelas enormes e ingredientes para o banquete. Renata apareceu logo em seguida, dirigindo uma van alugada cheia de decorações. “Hoje ninguém descansa”, anunciou dona Sandra, amarrando o avental.
Ana Paula, você vai para Passo Fundo com a Renata fazer cabelo e unha. Carlos, você e o Gabriel vão buscar as cadeiras na cidade e depois ajudar a armar a tenda no jardim. Ana Paula se divertiu vendo a eficiência militar com que dona Sandra organizava tudo. A fazenda se transformou em um formigueiro de atividade.
“Ana, posso posso ir com vocês?”, Gabriel perguntou agarrado ao braço dela. Claro que pode. Você vai me ajudar a escolher como fazer o cabelo. O salão de beleza em Passo Fundo era simples, mas a cabeleireira Marisa era uma artista. Ela fez ondas suaves no cabelo de Ana Paula, presas de um lado com pequenas flores de IP artificiais que Renata havia trazido.
“Você está linda demais”, Gabriel exclamou quando ela ficou pronta. “O papai vai desmaiar. As três mulheres riram e Ana Paula sentiu uma felicidade pura, infantil, borbulhando no peito. Na volta à fazenda encontraram uma transformação. O jardim estava irreconhecível.
Uma tenda branca elegante havia sido montada onde seria servido o jantar. Cadeiras com laços amarelos estavam dispostas em fileiras para a cerimônia e arranjos de giraçóis e flores de IP decoravam cada mesa. Carlos estava no alto de uma escada. pendurando luzes de festa entre as árvores. Quando viu Ana Paula, quase perdeu o equilíbrio. “Cuidado!”, ela gritou correndo para segurar a escada.
“Desculpa, é que você está Uau!” Carlos desceu da escada e a beijou suavemente. “Amanhã não vou conseguir prestar atenção no padre. Melhor prestar, senão casamos errado.” Ana Paula riu. O dia passou voando. O padre de Carazinho, padre Miguel, chegou no final da tarde para os últimos acertos da cerimônia. Vocês querem escrever os próprios votos?”, ele perguntou. Ana Paula e Carlos se entreolharam.
“Sim”, responderam juntos. “Então escrevam hoje à noite, cada um no seu canto, sem mostrar para o outro. Será uma surpresa”. Após o jantar, a família se reuniu na varanda. Carlos estava visivelmente nervoso. “Não acredito que amanhã você vai ser minha esposa”, ele disse para Ana Paula. Oficialmente, eu já me sinto sua esposa há meses.
Ana Paula segurou a mão dele. Amanhã é só para todo mundo saber. Gabriel estava desenhando em silêncio, mas Ana Paula notou que ele parecia pensativo. O que foi, amor? Estou Estou nervoso para amanhã. Por quê? E se eu esquecer? Esquecer de levar as alianças? E se eu tropeçar? E se, Gabriel? Carlos interrompeu suavemente. Respira fundo. Gabriel obedeceu.
Sabe qual é o trabalho mais importante do Pagem? Gabriel balançou a cabeça. Garantir que os noivos estejam felizes. Carlos sorriu. Aí olhando para nós. Você acha que não estamos felizes? Gabriel olhou entre Ana Paula e Carlos, depois sorriu. Estão sim. Então você já fez seu trabalho, o resto é só detalhes.
Renata se levantou bocejando. Vou dormir. Amanhã vai ser um dia longo. Ela beijou a testa de Ana Paula. Bem-vinda à família, oficialmente falando. Obrigada, Renata, por tudo. De nada. Agora me dá um neto logo que eu já estou ficando velha para ser tia solteirona. Ana Paula corou e Carlos gargalhou. Depois que todos se recolheram, Ana Paula e Carlos ficaram sozinhos na varanda.
“Vou sentir falta disso,” Ana Paula disse. “Do quê?” “Densão, da expectativa?” Ela sorriu. “É estranho, mas estes meses de noivado foram mágicos. E você acha que depois de casados vai ser diferente?” “Não sei. Espero que não.” Ana Paula encostou a cabeça no ombro dele.
“Tenho medo de perder essa sensação de estar vivendo um conto de fadas.” Tana Paula, olha para mim. Ela levantou a cabeça. Você salvou minha vida. Salvou a vida do Gabriel. Trouxe alegria para uma casa que estava morta. Sua voz estava emocionada. Se isso não é mágico, eu não sei o que é. E se eu não conseguir ser uma boa esposa, você já é. Carlos a beijou. Já é há meses.
Eles se separaram quando Gabriel apareceu na porta de pijama e cabelo desgrenhado. Não consigo dormir. Vem cá. Ana Paula abriu os braços. Gabriel se aconchegou entre os dois no sofá da varanda. Amanhã vai ser vai ser o melhor dia, né? Vai sim. Carlos confirmou. E sabe por quê? Por quê? Porque vamos fazer oficialmente aquilo que já somos, uma família.
Gabriel ficou quieto por um momento. Posso contar? Contar um segredo? Claro. Às vezes eu falo falo com a mamãe lá no IP. Gabriel sussurrou. E ontem eu contei para ela sobre o casamento. Ana Paula sentiu os olhos se encherem de lágrimas. Aí o que você disse? Que ela pode ficar tranquila, que a Ana cuida muito bem de nós. Gabriel olhou para Ana Paula e que ela ia gostar. Gostar muito de você.
Tenho certeza que ela gostaria. Ana Paula abraçou Gabriel mais forte. E tenho certeza que ela está feliz vendo vocês dois felizes. Ficaram ali os três abraçados no sofá da varanda, observando as estrelas no céu infinito do interior gaúcho. Amanhã seria o dia do casamento, mas naquele momento Ana Paula soube que já era parte daquela família há muito tempo.
Quando finalmente se recolheram para dormir, cada um no seu quarto. Tradição gaúcha, noivos não podem dormir juntos na véspera do casamento. Ana Paula pegou papel e caneta para escrever seus votos. Carlos, quando eu cheguei aqui, achei que vinha cuidar de uma criança ferida. Não sabia que também vinha curar meu próprio coração. Lá fora, o vento balançava suavemente as folhas do IP amarelo, como se Juliana estivesse sussurrando sua bênção para o novo amor que florescia naquela terra abençoada.
Ana Paula acordou às 5:30 da manhã com o som de passarinhos cantando e movimento na cozinha. Era dia 15 de outubro, primavera no interior gaúcho e o dia do seu casamento havia chegado. Dona Sandra bateu na porta às seis em ponto, carregando uma bandeja com café, cucas e geleia de figo. Bom dia, noiva. Sua voz estava carregada de emoção. Hoje é o dia.
Ana Paula se sentou na cama, ainda tentando acreditar que era real. Estou nervosa demais para comer. Bobagem. Come pelo menos uma cuca, que vai ser um dia longo. Dona Sandra se sentou na beirada da cama. Ana Paula, posso te dizer uma coisa? Claro. Em 20 anos trabalhando para esta família, nunca vi o Carlos tão feliz. E o Gabriel, dona Sandra, secou os olhos com o avental.
Aquele menino voltou a viver por sua causa. Dona Sandra, não, deixa eu falar. Ela segurou as mãos de Ana Paula. Você trouxe luz para esta casa e hoje nós vamos comemorar isso direito. Às 8 da manhã, Renata chegou carregando uma mala de maquiagem que parecia profissional. “Bom dia, cunhada”, ela abraçou Ana Paula. “Pronta para ficar ainda mais linda?” “Acho que sim.
” Ana Paula riu nervosamente. “Cadê o Carlos e o Gabriel?” O Carlos foi para a cidade com o Gabriel buscar as flores da igreja. Ordem minha. Noivo não pode ver a noiva no dia do casamento até a cerimônia. Renata começou a arrumá-la com a paciência de uma artista. Maquiagem suave que realçava seus olhos castanhos, cabelo preso de lado com as flores de IP e, finalmente, o vestido.
Quando Ana Paula se olhou no espelho, mal reconheceu a própria imagem. Estava linda, mas de um jeito natural, como se a felicidade a tivesse transformado por dentro. Nossa! Gabriel apareceu na porta e congelou. Ana, você está igual uma princesa. Ei, você não pode estar aqui. Renata protestou. Só vim vim entregar isso.
Gabriel estendeu uma pequena caixa de madeira para Ana Paula. Dentro havia um colar simples com um pingente em formato de IP. “O papai mandou mandou te dar”, Gabriel, explicou. Ele disse que era para você lembrar, lembrar que agora você faz parte da história desta terra. Ana Paula se emocionou tanto que Renata teve que retocar a maquiagem.
Às 2as da tarde, chegou a hora de ir para a igreja. Ana Paula entrou no carro de Renata, tomando cuidado com o vestido, enquanto seu coração batia descompassado. A igreja de Carazinho estava lotada. Ana Paula ficou surpresa ao ver quantas pessoas haviam vindo.
Vizinhos da fazenda, amigos de Carlos da cidade, até mesmo alguns clientes que se tornaram amigos ao longo dos anos. Na porta da igreja, dona Sandra a esperava com os olhos marejados. “Você está perfeita”, sussurrou, ajeitando o véu. “Agora respira fundo. Seu futuro te espera lá dentro”. A música começou e Ana Paula entrou na igreja no braço do seu pai, que havia vindo de Porto Alegre especialmente para o casamento.
Ele usava um terno emprestado de Carlos e estava visivelmente emocionado. “Minha filha está linda”, ele sussurrou enquanto caminhavam. “E eu nunca vi ela tão feliz”. Mas Ana Paula mal ouvia. Seus olhos estavam fixos em Carlos, que a esperava no altar. Ele usava uma bombacha preta elegante, camisa branca. social e um colete bordado.
Estava visivelmente nervoso, mas quando a viu, seu rosto se iluminou com um sorriso que ela nunca esqueceria. Gabriel estava ao lado do pai, segurando as alianças em uma almofadinha branca, vestido como um gauchinho em miniatura. Quando Ana Paula passou por ele, ele piscou e sussurrou: “Você está linda demais.” Ana Paula quase riu no meio da cerimônia.
Padre Miguel começou a cerimônia com palavras sobre família, amor e segundas chances. Carlos e Ana Paula, vocês se encontraram em um momento em que ambos precisavam de cura. Hoje, diante de Deus e desta comunidade, vão oficializar o que já vivem. Uma família construída no amor e na superação. Chegou a hora dos votos.
Carlos foi primeiro, tirando um papel dobrado do bolso. Ana Paula. Sua voz tremeu no início. Quando você chegou aqui, eu era um homem quebrado, criando um filho quebrado em uma casa quebrada. Você não nos consertou. Você nos ensinou que estar quebrado não significa estar perdido. Ana Paula sentiu as lágrimas subirem aos olhos.
Você trouxe música para uma casa silenciosa, alegria para corações tristes e esperança quando achávamos que ela não existia mais. Carlos olhou para Gabriel, depois de volta para ela. Prometo te amar, não só nos dias felizes, mas especialmente nos dias difíceis. Prometo ser seu companheiro, seu amigo, seu amor pelo resto da minha vida e prometo que nossa família será sempre um lugar seguro para você. Ana Paula secou os olhos e abriu seu próprio papel.
Carlos, quando eu cheguei aqui, achei que vinha cuidar de uma criança ferida. Não sabia que também vinha curar meu próprio coração. Sua voz estava firme, apesar das lágrimas. Você e o Gabriel me ensinaram que família não é só sobre sangue, mas sobre escolha, sobre decidir todos os dias amar e cuidar uns dos outros.
Ela olhou para Gabriel, que a observava com atenção total. Prometo ser sua companheira em todas as estações da vida. Prometo cuidar da nossa família com a mesma dedicação que você cuida desta terra. E prometo que nossa casa sempre será cheia de amor, música e alegria, porque vocês são meu lar hoje e para sempre.
Padre Miguel pediu as alianças e Gabriel se aproximou, orgulhoso da sua responsabilidade. As alianças, Gabriel. Gabriel entregou as alianças, mas antes que se afastasse, fez algo que não estava planejado. Puxou Ana Paula e Carlos para um abraço grupal ali mesmo no altar. A igreja inteira se emocionou e muitos começaram a chorar. Agora, agora somos família de verdade.
Gabriel sussurrou o suficiente para todos ouvirem. Padre Miguel sorriu pelas palavras de Gabriel, pelo amor que vejo entre vocês e pelo poder que me é conferido, eu vos declaro marido e mulher. Carlos, pode beijar sua esposa. O beijo foi doce, suave, carregado de promessas e sonhos.
Quando se separaram, a igreja explodiu em aplausos. Saíram da igreja sob uma chuva de pétalas de flores jogadas pelos convidados. Ana Paula segurava uma das mãos de Carlos. e uma das mãos de Gabriel, sentindo-se a mulher mais feliz do mundo. A festa na fazenda foi exatamente como ela havia sonhado.
Música gaúcha, churrasco tradicional, danças folclóricas e muito amor. Gabriel não saiu do lado dos noivos o tempo todo, apresentando Ana Paula para todos como minha mãe Ana. Quando anoiteceu e as luzes de festa se acenderam, Carlos a levou para dançar. Como se sente, senhora Mendosa? como se estivesse vivendo um sonho.
Ana Paula sorriu. E você, senhor Mendoza, como o homem mais sortudo do Rio Grande do Sul. Eles dançaram até tarde, cercados por família e amigos sob um céu estrelado que parecia abençoar aquela união. Mas o momento mais emocionante da noite chegou quando Gabriel subiu no pequeno palco montado para os músicos.
Pessoal, posso posso falar uma coisa? Todos se silenciaram. Eu queria queria agradecer todo mundo por vir no casamento do meu pai e da minha mãe Ana. Sua voz era clara e firme e queria cantar uma música para eles. Gabriel começou a cantar uma versão infantil de Canto da Terra, a mesma música que Ana Paula havia cantado para ele naquele primeiro dia no violão de Juliana.
Sua voz doce e afinada ecoou pela fazenda e não havia um olho seco na festa. Quando terminou, Ana Paula e Carlos correram para abraçá-lo no palco, e Ana Paula soube que aquele seria o momento mais especial de sua vida. Mais tarde, muito mais tarde, quando os convidados já haviam ido embora e a fazenda voltar ao silêncio, os três caminharam juntos até o IP amarelo.
“Obrigado, mamãe”, Gabriel sussurrou para a placa de madeira. “A Ana é perfeita para nossa família”. Ana Paula e Carlos se entreolharam por cima da cabeça dele, sabendo que Juliana estava ali de alguma forma abençoando o novo capítulo da família Mendoza. Os três dias em Gramado passaram como um sonho dourado.
Carlos e Ana Paula ficaram hospedados no hotel Casa da Montanha, um chalé romântico no centro da cidade Serra Gaúcha. Era outubro e as hortênsias estavam florindo, pintando a cidade de rosa e azul. Não acredito que somos casados”, Ana Paula disse na primeira manhã, observando Carlos dormindo ao seu lado. A luz suave do amanhecer entrava pela janela, criando um jogo de sombras no rosto dele.
Carlos abriu os olhos devagar, sorrindo ao vê-la acordada. “Bom dia, senhora Mendza.” Sua voz estava rouca de sono. “Bom dia, senor Mendoza.” Ana Paula se aconchegou mais perto dele. “Como dormiu? Melhor do que durmo há anos.” Carlos a beijou suavemente. Sabe, é estranho acordar sem ouvir o Gabriel nos chamando para o café. Você está com saudade dele? Ana Paula riu. Estou. Dois dias longe já é demais.
Carlos abraçou Ana Paula mais forte. Somos pais coruja demais. Completamente. Ana Paula concordou. E eu amo isso. Eles passaram os dias explorando o gramado, caminharam pela rua coberta, visitaram a Minimundo, tomaram chocolate quente no café colonial. Mas o momento mais especial foi quando visitaram a igreja São Pedro, uma pequena igreja de pedra no centro da cidade.
“Vamos acender uma vela para Juliana”, Ana Paula sugeriu. Carlos a olhou surpreso, depois a sentiu emocionado. Eles acenderam uma vela juntos em silêncio e Ana Paula fez uma oração silenciosa, agradecendo por toda a família que havia ganhado. Na última noite jantaram no restaurante do hotel, observando a vista panorâmica da cidade.
“Sana Paula, posso te perguntar uma coisa?” Carlos segurava a mão dela sobre a mesa. “Claro. Você quer ter filhos nossos?” A pergunta a pegou de surpresa. Eles nunca haviam conversado especificamente sobre isso. Eu Ana Paula hesitou. Você quer? Quero. Carlos foi direto. Quero ver você grávida. Quero que Gabriel tenha irmãos. Quero ampliar nossa família.
E se eu não conseguir engravidar, então ficaremos felizes sendo nós três. Carlos levou a mão dela aos lábios. Mas se você quiser tentar, eu quero. Ana Paula sorriu muito. Eles voltaram para a fazenda na tarde de quarta-feira, ansiosos para reencontrar Gabriel. Renata os esperava na varanda com o sobrinho, que correu para abraçá-los assim que desceram do carro. Pai, mãe, Ana.
Gabriel se jogou nos braços dos dois. Senti muita, muita saudade. Nós também, amor. Ana Paula o abraçou forte. Como foi com a tia Renata? Legal. Nós fomos fomos nas missões. Gabriel estava empolgado e a tia me ensinou a fazer churrasco de verdade. É mesmo? Carlos fingiu surpresa. Então agora você é o churrasqueiro oficial da família. Sou. Gabriel se orgulhou.
Renata se aproximou, sorrindo. Como foi a lua de mel? Perfeita, Ana Paula respondeu. Obrigada por cuidar dele. Foi um prazer. Renata abraçou Ana Paula. E agora é melhor vocês se prepararem. Para quê? Carlos perguntou. Porque este menino falou tanto de vocês que eu já estou com saudade de ter netos.
Renata piscou e entrou na casa, deixando o casal corado. A volta à rotina da fazenda foi natural. Ana Paula oficialmente não era mais funcionária, agora era a senhora da casa. Dona Sandra a tratava com ainda mais carinho, sempre perguntando sua opinião sobre tudo. Ana Paula, você acha que devemos plantar mais tomates na horta? Dona Sandra perguntou durante o café da manhã. Acho que sim.
Gabriel adora salada de tomate. Ana Paula respondeu naturalmente. Gabriel estava na escola da cidade e Carlos cuidava dos campos. Ana Paula havia decidido fazer um curso de administração rural por correspondência para ajudar mais efetivamente nos negócios da fazenda. Um mês após o casamento, ela estava organizando os livros de contabilidade na sala quando sentiu uma onda de náusea. Correu para o banheiro e vomitou.
Deve ser algo que comi,”, pensou. Mas quando a náuseia se repetiu no dia seguinte e no outro, Ana Paula começou a suspeitar. “Dona Sandra, a senhora pode ficar com o Gabriel hoje à tarde?”, perguntou discretamente. “Preciso ir à cidade.” “Claro, filha, está tudo bem?” “Está sim, só preciso resolver umas coisas”.
Ana Paula dirigiu até Passo Fundo, sem contar para Carlos. Comprou três testes de farmácia diferentes e foi para o banheiro de uma lanchonete. Todos deram positivo. Ela estava grávida. Ana Paula sentou no carro por 20 minutos, assimilando a notícia. Estava feliz, mas também assustada. Gabriel havia acabado de se acostumar com ela.
Como reagiria a um irmão? Decidiu contar primeiro para Carlos sozinha. Naquela noite, depois que Gabriel foi dormir, ela chamou Carlos para caminharem até o IP amarelo. Carlos, preciso te contar uma coisa. O que foi? Ele notou o nervosismo dela. Ana Paula tirou um dos testes de gravidez da bolsa. Eu estou grávida.
Carlos olhou para o teste, depois para ela, depois de volta para o teste. Sério? Muito sério. Dois meses pelo que calculei. Carlos soltou um grito de alegria que ecoou pela fazenda inteira, pegou A na Paula no colo e a rodou no ar. “Um bebê. Vamos ter um bebê.” Ele a beijava entre uma palavra e outra. “Carlos, para! Estou tonta.” Ana Paula riu. Ele a colocou no chão delicadamente.
Desculpa, é que eu não acredito. Um bebê nosso. E Gabriel, como vamos contar para ele? Ele vai ficar feliz. Carlos tinha certeza. Gabriel sempre quis um irmão. No dia seguinte, durante o café da manhã, eles contaram para Gabriel. Gabriel, nós temos uma novidade para você. Ana Paula começou.
Uma uma novidade boa, muito boa, Carlos confirmou. Você vai ser irmão mais velho. Gabriel parou com o copo de leite no ar. Como assim? A mãa está esperando um bebê. Carlos explicou. Você vai ter um irmãozinho ou uma irmãzinha. Gabriel ficou em silêncio por alguns segundos, processando a informação. De verdade? De verdade? Ana Paula confirmou.
Gabriel largou o copo, correu para abraçar Ana Paula e colocou a orelha na barriga dela. “Oi, bebê”, ele sussurrou. “Eu sou eu sou seu irmão mais velho e vou vou te ensinar tudo sobre a fazenda”. Ana Paula começou a chorar e Carlos não conseguiu segurar as próprias lágrimas. “Quando o bebê vai vai nascer?”, Gabriel perguntou.
“Daqui a 7 meses, mais ou menos.” Ana Paula respondeu em maio. Gabriel calculou. Vai nascer. Vai nascer na época das colheitas. Vai sim. Carlos sorriu. Gabriel ficou pensativo por um momento. Posso posso ajudar a escolher o nome? Claro que pode. Ana Paula acariciou os cabelos dele. Você é parte desta família tanto quanto nós.
Dona Sandra apareceu na cozinha para buscar as xícaras sujas e encontrou os três se abraçando. O que aconteceu aqui? Dona Sandra? Gabriel anunciou solenemente. Vou ser vou ser irmão mais velho. Dona Sandra olhou para Ana Paula, que assentiu sorrindo. Ai, meu Deus do céu. Dona Sandra começou a chorar. um bebê, uma criança nesta casa.
Ela os abraçou todos de uma vez e Ana Paula soube que sua família estava completa, ou melhor, estava ficando ainda mais completa. Naquela noite, quando Gabriel já dormia, Carlos e Ana Paula conversaram na cama sobre o futuro. Tenho um pouco de medo. Ana Paula admitiu.
De quê? De como vai ser dividir a tensão entre Gabriel e o bebê. Ele passou, portanto, Ana Paula, Gabriel tem anos e é maduro para a idade. Carlos acariciou a barriga ainda lisa dela. E ele te ama. Vai adorar ser irmão mais velho. E você não tem medo? Estou aterrorizado. Carlos riu. Mas é um medo bom. É medo de ser ainda mais feliz do que já sou.
Ana Paula adormeceu nos braços de Carlos, sabendo que estava vivendo exatamente a vida que sempre sonhou ter. mas nunca imaginou que fosse possível. A família Mendosa estava crescendo e o amor só se multiplicava. Os meses de gravidez transformaram a dinâmica da fazenda de maneiras inesperadas e maravilhosas. Gabriel se tornou o protetor oficial de Ana Paula, sempre atento às suas necessidades e cheio de teorias sobre o bebê que estava crescendo.
“Mãe, Ana, você não pode não pode carregar isso?” Gabriel protestou quando Ana Paula tentou pegar uma cesta de roupas. “O bebê pode não gostar, Gabriel. Amor, uma cesta pequena não vai fazer mal.” Ana Paula sorriu da preocupação dele, mas e se o bebê ficar ficar com medo? Carlos observava as interações entre os dois com ternura.
Gabriel havia se adaptado ao papel de irmão mais velho antes mesmo do bebê nascer. No quarto mês de gravidez, durante uma consulta em Passo Fundo, descobriram o sexo do bebê. “É uma menina”, anunciou a doutora, mostrando o ultrassom. Ana Paula começou a chorar de emoção e Carlos segurou firme sua mão. “Uma filha”, ele sussurrou maravilhado. “E, Gabriel?” Ana Paula perguntou para o médico.
“Podemos mostrar a imagem para ele?” “Claro. Irmãos mais velhos adoram ver os ultrassons.” Na volta para casa, Gabriel não tirava os olhos da foto do ultrassom. “É pequenininha.” Ele observou. “Pai, como ela vai? Vai saber que eu sou o irmão dela? Ela vai saber, filho. Os bebês sempre sabem essas coisas.
Carlos respondeu: “E posso posso ensinar ela a andar de cavalo? Quando ela crescer um pouco?” “Sim.” Ana Paula riu. Gabriel ficou satisfeito com a resposta e passou o resto do trajeto planejando tudo que ensinaria para a irmã. Naquela noite, reunidos na varanda para o chimarrão de sempre, Gabriel fez um anúncio.
Eu escolhi, escolhi o nome da minha irmã. Ah, é? Carlos fingiu surpresa. Qual nome? Isabela. Gabriel disse com convicção. Isabela Mend. Ana Paula e Carlos se entreolharam. Era um nome lindo. Por que, Isabela? Ana Paula perguntou. Por significa Gabriel fez uma pausa dramática, consagrada a Deus.
A professora me ensinou e nossa família é abençoada por Deus, né? A simplicidade e sinceridade da explicação os emocionou. Isabela é perfeito. Ana Paula concordou. Isabela Mendoza. Carlos testou o nome. Gostei. Com o nome escolhido, Gabriel assumiu a responsabilidade de conversar com Isabela todos os dias. Ele colocava a boca perto da barriga de Ana Paula e contava sobre a fazenda, os animais e tudo que fariam juntos quando ela nascesse. “Oi, Isabela! Hoje eu ajudei.
Ajudei o pai no celeiro.” Gabriel relatava. E a Trovão teve um potro novo. Você vai vai adorar conhecer ele. As conversas de Gabriel com Isabela se tornaram um dos momentos mais doces do dia para Ana Paula. No sexto mês, Carlos decidiu reformar um dos quartos para ser o quarto da bebê. Gabriel quis ajudar em tudo.
Pai, podemos pintar? Pintar de amarelo? Gabriel sugeriu. Amarelo como as flores do IP. Boa ideia. Carlos aprovou. Eles passaram um final de semana inteiro pintando o quarto com Gabriel mais sujo de tinta que a parede, mas radiante de felicidade. Ana Paula observava de longe, acariciando a barriga já bem redonda, sentindo Isabela se mexer como se também estivesse empolgada com os preparativos.
Ela está se mexendo, Ana Paula chamou os dois. Venham sentir. Gabriel colocou a mãozinha na barriga dela com reverência. Isabela, sou eu, seu irmão. Ele sussurrou. Como se respondendo, Isabela deu um chute forte bem onde estava a mão de Gabriel. Ela me conhece. Gabriel gritou empolgado. Pai, ela me conhece.
Carlos também sentiu o chute e ficou emocionado. Ela é forte como o irmão ele disse. No sétimo mês, Ana Paula começou a sentir o peso da gravidez. Suas costas doíam. Ela tinha dificuldade para dormir e às vezes ficava impaciente. Mas Gabriel continuava sendo seu protetor constante.
“Maniana quer que eu faça faça massagem nas suas costas?” Ele oferecia sempre que havia desconfortável. “Você sabe fazer massagem?” A tia Renata me ensinou. Gabriel se orgulhava. As massagens de Gabriel eram desajeitadas, mas feitas com tanto amor que Ana Paula se sentia melhor imediatamente.
Uma tarde, quando Ana Paula estava particularmente cansada, Gabriel chegou da escola com uma surpresa. Mãe, Ana, eu fiz fiz uma coisa para você e para Isabela. Ele tirou da mochila um desenho colorido. Ana Paula, Carlos, Gabriel e um bebê pequeno, todos embaixo do IP amarelo, cercados por animais da fazenda. Olha aqui. Gabriel apontou para o desenho. Esta é esta é nossa família completa. Ana Paula começou a chorar, como estava fazendo com frequência desde que ficara grávida. Gabriel, está lindo.
E olha aqui. Gabriel apontou para uma figura etérea no céu. A mamãe Juliana também está está cuidando da Isabela lá de cima. A inclusão natural de Juliana na família tocou profundamente Ana Paula. Você acha que ela gostaria da Isabela? Tenho certeza. Gabriel a sentiu seriamente. Ela gosta. Gosta de tudo que faz a gente feliz.
No oitavo mês, Renata veio passar uma semana na fazenda para ajudar com os preparativos finais. Ana Paula, você está radiante. Renata a cumprimentou. E Gabriel está ansioso, como se fosse ele que estivesse esperando o bebê. Ele está mais empolgado que nós dois juntos. Ana Paula Rio. Renata havia trazido presentes para Isabela, roupinhas, fraldas e um móbil musical com cavalinhos gaúchos.
Para ela já ir se acostumando com a cultura gaúcha, Renata explicou. Gabriel inspecionou cada presente com cuidado científico. Tia Renata, você acha você acha que a Isabela vai gostar de música gaúcha? Tenho certeza. Renata respondeu, especialmente quando você cantar para ela. Gabriel ficou pensativo.
Vou vou aprender uma música de Ninar especial para ela. E realmente aprendeu. Nos últimos dias antes do parto, Gabriel cantava baixinho para a barriga de Ana Paula, uma versão infantil de Canto da Terra, adaptada como canção de Ninar. Dorme, Isabela, dorme, meu bem. Aqui na fazenda você tem um irmão que te ama, um pai que te chama e uma mãe que te quer tanto bem.
Faltavam duas semanas para a data prevista do parto, quando Ana Paula acordou no meio da noite com contrações. Carlos ela o balançou. Acho que chegou a hora. Carlos acordou em pânico agora, mas ainda faltam duas semanas. Bebês não sabem ler calendário. Ana Paula gemeu com outra contração. Gabriel apareceu na porta do quarto, esfregando os olhos.
O quê? O que está acontecendo? A Isabela está chegando. Carlos explicou correndo para pegar a mala da maternidade. Gabriel ficou parado por um segundo, depois correu para Ana Paula. Manhana vai e vai doer muito. Um pouco, amor, mas depois vai ser só alegria. Ana Paula segurou a mão dele entre as contrações. Posso, posso ir junto? Para a maternidade, sim, mas não para o parto.
Carlos explicou. Você vai ficar com a tia Renata na sala de espera. Tudo bem. Gabriel assentiu bravamente. Só só quero estar perto quando a Isabela nascer. E assim, às 3 da madrugada de um sábado de maio, a família Mendu para Passo Fundo, ansiosa para conhecer o mais novo membro da família.
Ana Paula olhou pela janela do carro, vendo os campos da fazenda iluminados pela lua, e soube que estava prestes a viver o dia mais importante de sua vida. O trajeto até Passo Fundo nunca pareceu tão longo. Ana Paula segurava firme a mão de Carlos enquanto as contrações se intensificavam e Gabriel não parava de fazer perguntas do banco traseiro.
Quanto tempo? Quanto tempo demora para um bebê nascer? Gabriel perguntou pela terceira vez. Pode demorar algumas horas, filho. Carlos tentava manter a voz calma, mas Ana Paula percebia sua ansiedade. Mana, você está bem? Gabriel se inclinou para a frente quando Ana Paula gemeu com uma contração mais forte. Estou sim, amor. Ana Paula se virou para sorrir para ele.
É normal doer um pouco, mas logo vamos conhecer a Isabela. Chegaram à maternidade às 4 da manhã. Renata já os esperava na porta. Carlos havia ligado para ela no caminho. “Como você chegou aqui tão rápido?”, Ana Paula perguntou surpresa. “Eu estava em Passo Fundo.” Renata sorriu. “Vim ontem para ficar mais perto quando chegasse a hora.” Intuição de tia.
Na recepção, Gabriel segurava firme a mão de Ana Paula enquanto Carlos fazia a papelada. “Gabriel, você vai vai ficar aqui com a tia?”, Ana Paula perguntou quando a enfermeira veio buscá-la. Vou sim. Gabriel a abraçou com cuidado. Manhana, quando a Isabela nascer, quando ela nascer, você conta para ela que eu estava estava aqui esperando? Claro que conto. Ana Paula beijou a testa dele.
Você é o melhor irmão mais velho que ela poderia ter. Gabriel ficou na sala de espera com Renata, carregando uma pequena mochila com desenhos que havia feito para mostrar para Isabela assim que ela nascesse. Renata tentava distraí-lo com conversas, mas ele estava visivelmente ansioso. “Tia Renata, bebês, bebês nascem rapidinho?”, Gabriel perguntou pela décima vez.
“Alguns sim, outros demoram mais.” Renata pacientemente respondeu: “Cada bebê tem seu tempo.” Enquanto isso, no quarto da maternidade, Ana Paula passava pelo trabalho de parto com Carlos ao seu lado. O médico, Dr. Fernando, era experiente e tranquilizador. “Está tudo correndo perfeitamente, Ana Paula”, ele disse após um exame. “O bebê está em posição ideal.
” “Quanto tempo ainda?”, Carlos perguntou, segurando firme a mão da esposa. Pelas contrações, eu diria que em algumas horas teremos nossa pequena Isabela aqui. O trabalho de parto se estendeu pela manhã. Gabriel e Renata passaram as horas desenhando, conversando, e Gabriel até cochilou por alguns momentos na poltrona da sala de espera.
Às 11:15 da manhã, os gritos de um bebê ecoaram pelo corredor da maternidade. Gabriel acordou sobressaltado. “É ela? É a Isabela?”, ele perguntou, pulando da poltrona. Renata sorriu, os olhos marejados. Acho que sim, meu amor. 15 minutos depois, Carlos apareceu na sala de espera com o maior sorriso que Gabriel já havia visto no rosto do pai. Gabriel. Carlos o pegou no colo. Você tem uma irmãzinha.
Ela nasceu? Gabriel estava quase sem fôlego de emoção. Nasceu sim. Isabela Mendoza, 3,2 g, 50 cm. cabelos escuros e os olhos mais bonitos do mundo. E a mãe Ana está bem? Está ótima. Quer ver sua irmã? Gabriel assentiu vigorosamente. No quarto da maternidade, Ana Paula estava radiante, apesar do cansaço, segurando um pequeno embrulho rosa nos braços. Quando viu Gabriel entrar, seu rosto se iluminou ainda mais.
“Gabriel, vem conhecer a Isabela.” Gabriel se aproximou devagar, como se estivesse em um lugar sagrado. Ana Paula ajeitou o bebê nos braços para que ele pudesse ver melhor. Isabela estava dormindo, pequenina e perfeita, com tufos de cabelo escuro espetados e o rostinho mais angelical que Gabriel já havia visto.
“Ela é ela é pequenininha”, Gabriel sussurrou maravilhado. “Quer segurá-la?”, Ana Paula ofereceu. Gabriel se sentou cuidadosamente na cadeira ao lado da cama e Carlos o ajudou a posicionar os braços corretamente. Ana Paula depositou Isabela nos braços do irmão. “Oi, Isabela.” Gabriel sussurrou, olhando diretamente para o rosto da irmã.
Eu sou Eu sou o Gabriel, seu irmão mais velho. Como se reconhecendo a voz que ouvira por meses através da barriga da mãe, Isabela abriu os olhinhos escuros e olhou diretamente para Gabriel. Pai, mãe, Ana. Gabriel estava emocionado. Ela está olhando para mim. Ela te conhece, Gabriel. Ana Paula disse suavemente: “Você conversou com ela todos estes meses”.
Gabriel ficou segurando Isabela por vários minutos, cantar olando baixinho a canção de Ninar que havia inventado para ela. Carlos e Ana Paula observavam a cena com os corações transbordando de amor. “Isabela, eu vou vou te ensinar a andar de cavalo”, Gabriel prometeu para a irmã e a pescar no açude e a conhecer todos os animais da fazenda. E quando você crescer, quando você crescer, vamos brincar no IP amarelo todos os dias.
Renata chegou carregando flores e presentes e quando viu Gabriel segurando a sobrinha, começou a chorar. Meu Deus, que cena mais linda, tia Renata. Olha, olha que pequenininha ela é, Gabriel mostrou orgulhosamente. Ela é perfeita, Renata concordou. E você já está sendo um irmão mais velho, maravilhoso.
Eles passaram o resto do dia na maternidade, revesando-se para segurar Isabela. Gabriel não queria sair de perto da irmã, nem por um minuto. “Gabriel, você não quer ir comer alguma coisa?”, Carlos sugeriu. “Não quero, quero ficar aqui com a Isabela.” Gabriel respondeu, sentado ao lado da cama onde Ana Paula amamentava o bebê. Ela não vai embora, amor. Ana Paula riu.
Eu sei, mas e se ela sentir sentir minha falta? A dedicação imediata de Gabriel à irmã tocou profundamente Carlos e Ana Paula. Três dias depois, era hora de levar Isabela para casa. Gabriel havia decorado todo o trajeto de volta, planejando tudo que mostraria para a irmã. Isabela, agora você vai conhecer nossa casa”, Gabriel explicava para o bebê no banco de trás.
E a trovão e as galinhas e o celeiro. Quando chegaram à fazenda, dona Sandra os esperava na varanda com lágrimas nos olhos e um almoço especial preparado. “Ai, que bebê mais linda!”, dona Sandra exclamou ao ver Isabela. É a cara do pai, mas tem o nariz da mãe. Gabriel assumiu imediatamente o papel de guia turístico da irmã.
Isabela, esta é esta é a dona Sandra, ele apresentou formalmente. Ela faz as melhores cucas do mundo. A primeira semana com Isabela em casa foi de adaptação. Gabriel acordava cedo para verificar se a irmã estava bem, ajudava a Ana Paula com as fraldas e cantava para Isabela sempre que ela chorava.
Gabriel, você não precisa acordar toda vez que ela chora. Ana Paula disse uma madrugada, encontrando-o parado ao lado do berço. Mas e se e se ela estiver com medo? Gabriel perguntou. Ela é muito pequenininha para ficar sozinha. Ana Paula pegou o Gabriel no colo, mesmo ele já sendo grande para isso. Você é o irmão mais carinhoso do mundo.
Ela sussurrou. Mas precisa dormir também. Está bem. Está bem. Gabriel concordou. Mas, mas posso dar boa noite para ela? Gabriel se inclinou sobre o berço e sussurrou: “Boa noite, Isabela. Seu seu irmão está aqui cuidando de você. Um mês após o nascimento de Isabela, a vida na fazenda havia se ajustado perfeitamente à nova rotina.
Gabriel havia se tornado um especialista em bebês, sempre sabendo quando Isabela estava com fome, sono ou querendo colo. “Como você sabe que ela quer colo?”, Ana Paula perguntou admirada. Ela faz faz uma carinha especial, Gabriel explicou seriamente. Não é igual a carinha de fome ou de sono. Ana Paula observava maravilhada como seu filho havia desenvolvido uma conexão tão forte com a irmã.
Era como se ele realmente entendesse cada necessidade dela. Uma tarde, quando Isabela estava particularmente agitada, Gabriel teve uma ideia. Mhana, posso posso levar a Isabela para conhecer o IP? Ela ainda é muito pequena para sair, Gabriel. Então, posso posso buscar uma flor do IP para ela? Ana Paula concordou e Gabriel correu para buscar uma pequena flor amarela.
Quando a trouxe para perto de Isabela, o bebê parou de chorar e ficou olhando fascinado para a cor vibrante. Você viu? Gabriel ficou empolgado. Ela gosta. gosta da flor da árvore da mamãe Juliana. Naquele momento, Ana Paula soube que sua família estava verdadeiramente completa. Gabriel havia encontrado seu propósito como irmão mais velho. Carlos estava radiante como pai de uma menina e ela se sentia realizada como nunca.
Mas o que nenhum deles esperava era que Isabela ainda reservava uma surpresa especial para a família. Isabela estava com três meses quando aconteceu algo que mudaria para sempre a dinâmica da família Mendoza. Era uma tarde de agosto, inverno, no Rio Grande do Sul, e Ana Paula estava na sala amamentando Isabela enquanto Gabriel fazia a lição de casa na mesa da cozinha. Carlos entrou em casa carregando uma carta do correio com uma expressão confusa no rosto.
“Ana Paula, chegou uma carta estranha”, ele disse entregando o envelope. “É de um escritório de advocacia de Porto Alegre. Ana Paula franziu a testa. Não conhecia nenhum advogado em Porto Alegre. Abre para mim, ela pediu com Isabela ainda no colo. Carlos abriu a carta e começou a ler em voz alta.
Senora Ana Paula Silva Mendoza, somos do escritório Advogados Associados de Porto Alegre e entramos em contato a pedido da senora Maria Helena Silva, que se identifica como sua avó materna. Carlos parou de ler, olhando para Ana Paula com surpresa. Você tem uma avó? Não que eu saiba. Ana Paula estava confusa. Minha mãe sempre disse que não tínhamos família além de nós três. Carlos continuou lendo.
A senora Maria Helena está internada no Hospital Mãe de Deus e solicitou que a encontrássemos urgentemente. Ela possui informações importantes sobre herança familiar e deseja conhecer sua bisneta antes de A voz de Carlos falhou. Antes de quê? Ana Paula perguntou com o coração acelerado antes de morrer. Carlos terminou suavemente.
Gabriel havia parado de fazer a lição e estava ouvindo a conversa. Mãana, você você tem uma avó que você não conhecia? Parece que sim, amor. Ana Paula estava processando a informação, mas eu não entendo porque minha mãe nunca falou dela. Carlos continuou lendo a carta que explicava que Maria Helena havia contratado detetives para encontrar Ana Paula depois de descobrir através de notícias de internet sobre casamentos rurais que sua neta havia se casado e tido uma filha. “Ela quer te conhecer, Ana Paula.” Carlos disse suavemente.
“E conhecer Isabela? Ana Paula ficou em silêncio por vários minutos, balançando Isabela no colo enquanto processava a informação. “Preciso ligar para minha mãe.” Ela finalmente disse. A conversa telefônica com sua mãe foi reveladora e dolorosa. Através de lágrimas, sua mãe confessou que havia se afastado de Maria Helena depois de uma briga familiar quando Ana Paula era bebê.
“Mãe, por que você nunca me contou?”, Ana Paula perguntou com a voz embargada: “Porque eu estava magoada, filha? Sua avó desaprovou meu casamento com seu pai, disse que ele não era bom o suficiente. A mãe de Ana Paula soluçava do outro lado da linha. Quando você nasceu, ela quis se aproximar, mas eu estava orgulhosa demais para perdoar.
E agora? Agora ela está morrendo e eu estou aqui em Porto Alegre, arrependida de ter sido tão teimosa. Carlos, que estava ouvindo a conversa, segurou a mão de Ana Paula. Nós vamos para Porto Alegre, ele disse decidido. Amanhã mesmo. Carlos é muito longe e com a Isabela ainda pequena. Ana Paula, você não pode perder a chance de conhecer sua avó.
Carlos foi firme e ela merece conhecer Isabela. Gabriel se aproximou e puxou a blusa de Ana Paula. Mãe, Ana, eu quero quero conhecer minha bisavó também. A decisão estava tomada. No dia seguinte, a família partiu para Porto Alegre em uma viagem emocionalmente carregada. Isabela dormiu quase todo o trajeto, enquanto Gabriel fazia mil perguntas sobre a bisavó que estava prestes a conhecer.
O Hospital Mãe de Deus era um lugar que Ana Paula nunca havia imaginado visitar. Nos corredores brancos e com cheiro de desinfetante, ela carregava Isabela nos braços, seguida por Carlos e Gabriel. No quarto 312 encontraram uma senhora de 78 anos, frágil, mas com olhos brilhantes de inteligência. Maria Helena Silva estava sentada na cama e quando viu Ana Paula entrar, começou a chorar. “Minha neta”, ela sussurrou.
“Você é igualzinha à sua mãe quando era jovem”. Ana Paula se aproximou cautelosamente. Vó Maria Helena? Sim, minha querida. A idosa estendeu as mãos trêmulas. Obrigada por ter vindo. O reencontro foi emocionante. Maria Helena explicou que havia procurado Ana Paula por anos, mas só recentemente conseguira encontrá-la através de uma matéria sobre casamentos rurais que mencionava seu nome. Eu estava muito orgulhosa quando era jovem.
Maria Helena admitiu: “Magoei sua mãe e, por consequência perdi, mas quando soube que você havia se casado e tido uma filha, precisei encontrá-la.” “Esta é Isabela.” Ana Paula apresentou o bebê, “Sua bisneta.” Maria Helena pegou Isabela nos braços com cuidado extremo e o bebê surpreendentemente não chorou.
Pelo contrário, pareceu reconhecer algo familiar na bisavó. “Este jovem deve ser Gabriel. Maria Helena sorriu para o menino. Sou sim, senhora. Gabriel respondeu educadamente. A senhora A senhora está muito doente? Estou, meu querido, mas agora que conheci vocês, posso partir em paz. Carlos observava a cena com emoção, vendo como a família de Ana Paula se expandia de forma inesperada.
Maria Helena passou as próximas horas contando histórias da família, mostrando fotos antigas e explicando sobre uma herança que havia guardado para Ana Paula, um pequeno apartamento no centro de Porto Alegre e algumas economias que havia juntado ao longo da vida. “Não preciso de nada disso, vó”, Ana Paula disse. “Tenho tudo que preciso na fazenda”.
Eu sei, minha querida, mas quero que você tenha para Isabela, para Gabriel, para o futuro. Maria Helena insistiu. É minha forma de pedir perdão pelos anos perdidos. Gabriel estava fascinado com as histórias da bisavó, especialmente quando ela contou sobre como havia sido professora rural e ensinado crianças em escolas do interior. “A senhora, a senhora gostaria de ver fotos da nossa fazenda?”, Gabriel ofereceu tirando desenhos da mochila. adoraria.
Gabriel mostrou seus desenhos para Maria Helena, explicando cada detalhe. A casa, os animais, o IP amarelo, a família reunida. “Gabriel, você tem muito talento.” Maria Helena observou. “E vocês parecem muito felizes nesta fazenda.” “Somos.” Gabriel confirmou. “E a senhora? A senhora podia morar com a gente?” Maria Helena sorriu tristemente.
Meu tempo aqui está acabando, querido, mas agora sei que Ana Paula está cercada de amor e isso me deixa feliz. Eles passaram três dias em Porto Alegre visitando Maria Helena todos os dias. Ana Paula também se reencontrou com sua mãe e as duas conversaram longamente sobre o perdão e sobre como o orgulho havia roubado anos preciosos da família.
No último dia da visita, Maria Helena chamou Ana Paula para uma conversa particular. Ana Paula, preciso te dizer uma coisa importante. O que é, vó? Sua mãe me contou como você saiu de Porto Alegre para trabalhar numa fazenda, como conheceu Carlos e Gabriel. Maria Helena segurou as mãos da neta e quero que você saiba que estou orgulhosa da mulher que você se tornou. Obrigada, avó.
Você fez algo que eu não consegui. Construiu uma família baseada no amor, não no orgulho. Os olhos de Maria Helena brilhavam. Carlos e Gabriel são sortudos por ter você. Eu que sou sortuda. E Isabela. Maria Helena, olhou para o bebê dormindo nos braços de Ana Paula. Ela vai crescer sabendo que é amada por muitas pessoas.
Isso é o maior presente que uma criança pode ter. Na volta para a fazenda, a família estava emocionalmente esgotada, mas de coração cheio. Gabriel havia ganhado mais uma história para contar. Carlos havia visto ainda mais profundidade no passado de Ana Paula e Ana Paula havia encontrado uma parte de si mesma que não sabia que existia.
Duas semanas depois, receberam a notícia de que Maria Helena havia falecido dormindo em paz. No funeral em Porto Alegre, Ana Paula carregou Isabela nos braços e segurou firme a mão de Gabriel. Carlos estava ao seu lado, oferecendo todo o apoio necessário.
“Vó, obrigada por me encontrar”, Ana Paula sussurrou diante do caixão. “E obrigada por me ensinar que nunca é tarde para perdoar.” Gabriel colocou um desenho dentro do caixão. Maria Helena, segurando Isabela, cercada por anjos e flores de IP. “Para a senhora não esquecer, não esquecer da gente lá no céu”, ele disse simplesmente.
Na volta para casa, eles pararam no IP amarelo antes de entrar na casa. “Juliana, agora você tem mais uma amiga aí no céu.” Gabriel disse para a placa da mãe, a bisavó da Isabela. Ana Paula sorriu através das lágrimas. Sabendo que a família havia passado por mais uma prova de amor e união. Mas o que ela não esperava era que ainda havia uma última surpresa esperando por todos eles.
Dois anos se passaram desde a morte de Maria Helena. Isabela agora caminhava pela fazenda, agarrada à mão de Gabriel, balbuciando palavras que só ele conseguia traduzir perfeitamente. Era uma manhã de primavera de outubro, exatamente 3 anos após o casamento de Ana Paula e Carlos.
“Gabriel, onde vocês estão indo?” Ana Paula gritou da varanda vendo o irmão de 11 anos conduzindo Isabela em direção ao estábulo. “Vamos, vamos dar oi para a Trovão”, Gabriel respondeu. A Isa gosta de ver os cavalos. Ana Paula sorriu, observando como Gabriel havia se transformado no protetor e tradutor oficial de Isabela. A menina, aos 2 anos, era uma mistura perfeita dos pais.
Cabelos escuros cacheados como os de Carlos, olhos castanhos expressivos como os de Ana Paula e a curiosidade infinita de Gabriel. Carlos apareceu do celeiro, sujo de graxa, mas sorrindo. “Como estão minhas três princesas?” Ele perguntou, abraçando Ana Paula, e beijando Isabela, que correu para ele, gritando: “Papai!” com seu jeitinho ainda infantil. Estamos bem.
Ana Paula respondeu, mas Carlos notou algo diferente em sua expressão. O que foi? Nada demais. Ana Paula hesitou. É só que preciso te contar uma coisa mais tarde. Carlos a estudou com atenção, mas foi interrompido por Gabriel, gritando: “Pai, mãe, Ana, venham ver. Venham ver o que a Isa fez.” Eles correram para o estábulo e encontraram Isabela parada na frente de trovão, estendendo uma cenoura para o cavalo com a seriedade de uma adulta.
O cavalo gentilmente pegou a cenoura da mãozinha dela. Isa, cavalo! Isabela gritou empolgada. Ela conseguiu. Conseguiu sozinha. Gabriel estava radiante de orgulho. Eu só mostrei uma vez e ela lembrou. Carlos pegou Isabela no colo. Você vai ser uma amazona, minha filha. Durante o almoço, Renata chegou de surpresa de Santa Maria, carregando presentes para os sobrinhos. Tia Renata.
Gabriel correu para abraçá-la. Tia, tia. Isabela tentou repetir-se jogando nos braços da tia. Como estão meus sobrinhos favoritos? Renata os cobriu de beijos. Únicos sobrinhos. Carlos riu. Por enquanto, Renata piscou. Aliás, Ana Paula, você está com uma cara diferente hoje. Ana Paula corou.
Todo mundo está me dizendo isso. É porque você está mais bonita. Gabriel observou igual quando estava quando estava esperando a Isa. Um silêncio se fez na mesa. Carlos olhou para Ana Paula com os olhos arregalados. Ana Paula, era isso que eu queria conversar com você mais tarde. Ana Paula sorriu timidamente. Estou grávida de novo.
Carlos ficou parado por 5 segundos, depois explodiu em alegria, levantando-a na paula da cadeira e a rodopeando. De novo! Ele gritou. Vamos ter outro bebê. Gabriel começou a pular na cadeira. Outro irmão ou irmã? Ele estava eufórico. Vou ser, vou ser irmão mais velho de dois. Isabela não entendia exatamente o que estava acontecendo, mas começou a bater palmas, vendo a alegria geral.
“Bebê, bebê!”, ela gritou, imitando o entusiasmo dos outros. Renata estava emocionada até as lágrimas. “Meu Deus, esta família não para de crescer. Quantos meses?”, Carlos perguntou, segurando as mãos de Ana Paula. “Dois. para maio de novo, provavelmente igual a Isa. Gabriel calculou, vai nascer, vai nascer na época das colheitas de novo.
Ana Paula olhou ao redor da mesa, vendo as pessoas que mais amava no mundo, celebrando a notícia de mais um membro da família e sentiu o coração transbordar de gratitude. Naquela noite, depois que as crianças dormiram, Carlos e Ana Paula caminharam até o IP amarelo, como faziam sempre que tinham algo importante para conversar. Três filhos. Carlos disse maravilhado. Vamos ter três filhos. Você está feliz? Feliz é pouco.
Carlos a beijou suavemente. Estou completo. Eles se sentaram encostados na árvore centenária, observando os campos iluminados pela lua cheia. Carlos, posso te perguntar uma coisa? Claro. Você acha que Juliana aprovaria nossa família? Carlos ficou pensativo por um momento. Sabe o que eu acho? Ele finalmente respondeu.
Acho que Juliana está feliz vendo Gabriel falando, rindo, sendo um irmão mais velho, maravilhoso. Acho que ela está feliz vendo que ele não perdeu a capacidade de amar. E você não se sente culpado por ser tão feliz? No começo sentia. Carlos admitiu, mas depois entendi que a maior homenagem que posso fazer para Juliana é ser feliz de novo e dar para Gabriel uma família cheia de amor. Ana Paula encostou a cabeça no ombro dele.
Eu amo nossa vida, mesmo com a correria, as brigas ocasionais, a bagunça das crianças, especialmente por causa disso. Ana Paula riu. Você se lembra de como era tudo silencioso quando cheguei aqui? Me lembro. Agora a nossa casa está sempre cheia de barulho, risadas, choro de bebê e música. Ana Paula completou. Sempre tem música.
Eles ficaram em silêncio confortável, ouvindo os sons noturnos da fazenda. Grilos cantando, vento nas folhas, mugido distante do gado. Ana Paula. Hum. Obrigado. Por quê? por ter salvado nossa família, por ter trazido vida para esta casa, por ter me ensinado que é possível amar de novo sem desrespeitar o amor que veio antes. Ana Paula se virou para olhá-lo. Carlos, você não entende? Você e Gabriel que me salvaram.
Sua voz estava emocionada. Eu era uma mulher solteira de 26 anos, sem família, sem perspectiva. Vocês me deram uma família, um lar, um propósito. Nós nos salvamos mutuamente. É. Ana Paula concordou. E agora vamos salvar mais um bebezinho, dando todo o amor que ele precisa.
Carlos a beijou sob o IP amarelo e Ana Paula jurou que sentiu uma brisa suave, como se Juliana estivesse dando sua bênção para mais essa nova vida que estava começando. Dois anos depois, epílogo, a fazenda Esperança nunca havia sido tão cheia de vida. Era uma tarde de domingo e toda a família estava reunida na varanda para o tradicional chimarrão do fim de tarde.
Ana Paula, aos 31 anos, segurava no colo Pedro, de 8 meses, um bebê gordinho e sorridente que havia nascido pontualmente em maio, como previsto. Gabriel, agora com 13 anos, brincava com Isabela de 4 anos, que tentava ensinar truques para os gatos da fazenda. Pedro, olha, olha aqui. Isabela mostrava uma flor para o irmão bebê, que tentava agarrá-la com as mãozinhas. Cuidado, Isa. Gabriel supervisionava.
Bebês, bebês colocam tudo na boca. Carlos observava a cena do balanço da varanda com Renata ao lado. Ela vinha todo mês visitar os sobrinhos e havia se tornado uma presença constante e querida na família. Tio Carlos, a Isaquer quer aprender a andar de cavalo”, Gabriel anunciou. Posso ensinar ela? Com o cavalo pequeno e com toda a proteção.
Carlos concordou, mas só com supervisão minha. Eu cavalo! Isabela! Gritou empolgada. Dona Sandra apareceu da cozinha carregando uma bandeja com cucas quentinhas. Para quem quer cuca de banana? Eu. Gabriel e Isabela gritaram juntos. Pedro começou a chorar e Ana Paula o colocou para mamar. Filho, você é guloso igual ao pai. Ela riu. E igual ao irmão mais velho.
Carlos acrescentou, bagunçando o cabelo de Gabriel. Pai, posso posso ir buscar meu violão? Gabriel perguntou. Quero tocar para o Pedro. Claro, Gabriel havia ganhado seu próprio violão no aniversário de 12 anos e se tornara um músico talentoso. Sempre tocava para os irmãos menores, criando versões infantis de músicas gaúchas.
Quando ele voltou com o instrumento, toda a família se acomodou para a sessão musical. Gabriel tocou o canto da terra, a música que havia marcado sua recuperação, agora transformada em uma canção de Ninar. Pedro parou de chorar e ficou olhando fascinado para o irmão.
Isabela cantarolava junto, inventando palavras quando não lembrava a letra. “Sabes o que mais me emociona?”, Renata sussurrou para Carlos. “É ver como Gabriel ensina os pequenos com tanto carinho. Ele aprendeu que amar não machuca.” Carlos respondeu. E que família é sobre cuidar uns dos outros. Quando o sol começou a se pôr, pintando o céu de tons dourados, a família caminhou junta até o IP amarelo.
Era um ritual que haviam desenvolvido. Toda semana iam agradecer pelas bênçãos da família. Gabriel carregava Pedro enquanto Carlos segurava Isabela no colo. Ana Paula caminhava ao lado, observando sua família perfeita. Mamãe Juliana, olha, olha a nossa família agora.
Gabriel falou para a placa de madeira que ainda estava ao pé da árvore: “Somos muitos, muitos agora.” Isabela, que havia crescido ouvindo sobre a mamãe do céu, acenou para cima. “Oi, mamãe céu!”, ela gritou. Pedro babava contentinho nos braços de Gabriel, sem entender nada, mas claramente feliz, cercado por tanto amor. “O que você acha que ela diria se pudesse nos ver agora?”, Ana Paula perguntou para Carlos.
Acho que diria que foi isso que ela sempre quis para Gabriel. Carlos respondeu: “Uma família grande, barulhenta, cheia de amor.” Gabriel se aproximou de Ana Paula. Mãe, Ana, posso posso te perguntar uma coisa? Claro, meu amor. Você é feliz aqui? De verdade? De verdade feliz? Ana Paula olhou ao redor, Carlos segurando Isabela, que tentava alcançar as flores do IP.
Gabriel com Pedro nos braços, sendo o irmão mais velho protetor que sempre foi. Os campos dourados se estendendo até o horizonte, a casa acolhedora ao fundo, dona Sandra na varanda organizando as coisas do jantar. Gabriel, eu sou mais feliz do que jamais sonhei que fosse possível ser. Ela respondeu honestamente, esta família, esta fazenda, esta vida são tudo que eu sempre quis sem saber que queria. E vai, vai ficar para sempre, para sempre.
Ana Paula o abraçou. Esta é nossa família, Gabriel. Para sempre nossa família. O vento balançou suavemente as folhas do IP amarelo, fazendo algumas flores caírem como uma chuva dourada sobre a família reunida. Pedro riu, tentando agarrar as flores que caíam. Isabela bateu palmas empolgada e Gabriel sorriu aquele sorriso puro que havia demorado tanto para voltar.
Ana Paula olhou para Carlos, que observava a cena com lágrimas de alegria nos olhos, e soube que haviam construído algo especial naquela terra abençoada, uma família que havia nascido da dor, crescido no amor e se fortalecido na união. Os giraçóis que Gabriel havia plantado anos atrás agora cercavam o IP amarelo, criando um campo dourado que parecia tocar o céu. E ali, no meio de tanta beleza, a família Mend sabia que havia encontrado o que realmente importava na vida, o amor incondicional, a segunda chance e a certeza de que, não importa o que acontecesse, eles sempre teriam uns aos outros. “Vamos para casa”, Carlos
sugeriu quando a primeira estrela apareceu no céu. “Vamos.” Ana Paula concordou, pegando Pedro dos braços de Gabriel. Nossa casa, nossa família, nossa vida. E enquanto caminhavam de volta para a casa iluminada pelas luzes amarelas, Ana Paula sussurrou uma oração de gratidão para todas as forças que haviam conspirado para trazê-la até ali, uma fazenda no interior do Rio Grande do Sul, onde havia encontrado não apenas um trabalho, mas um lar.
Não apenas uma criança para cuidar, mas filhos para amar. Não apenas um patrão, mas o amor da sua vida. Porque os melhores amores ela havia aprendido são aqueles que curam nossos corações feridos e nos ensinam que todo final pode ser um novo começo quando há coragem suficiente para acreditar no amor.
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