Você já se perguntou como uma simples mentira pode se transformar no amor mais verdadeiro da sua vida? Hoje vou contar uma história que vai mexer com seus sentimentos e mostrar como o destino trabalha de formas misteriosas. Antes de começarmos, me conta aí nos comentários de qual cidade do Brasil você está assistindo.
E não esquece de se inscrever no canal e deixar aquele like maroto. Agora, prepare o coração para uma montanha russa de emoções que aconteceu bem aqui no Brasil. O salto alto de Fernanda Santos ecoava pelos corredores de mármore do Hotel Fazano como um metrônomo nervoso. Aos 27 anos, ela havia aprendido que pontualidade era mais que uma virtude no mundo corporativo paulistano.
Era questão de sobrevivência. Seus cabelos castanhos balançavam enquanto verificava o relógio. Pela terceira vez em 2 minutos. 15:42. Ainda dá tempo murmurou, ajustando o blazer azul. Marinho que escolhera especialmente para impressionar os executivos da multinacional alemã. Era então que o destino decidiu interferir.
A colisão foi épica. Fernanda, concentrada no celular, conferindo os últimos detalhes da apresentação, chocou-se contra um corpo sólido que surgia de uma das suítes. Papéis voaram pelos ares como confete. Seu notebook despencou e ela se viu nos braços de um homem que assegurava para impedir sua queda.
“Desculpe eu”, começou ela erguendo o olhar. Os olhos dela encontraram um par de íris castanho mel que a fizeram esquecer momentaneamente onde estava. O homem que assegurava tinha cerca de 30 anos, cabelos escuros, ligeiramente desalinhados e um sorriso envergonhado que transformava completamente suas feições sérias. “A culpa foi minha”, disse Rafael Oliveira, ainda não a soltando.
Estava distraído com uma ligação. E, “Senor Oliveira?” A voz estridente da funcionária do hotel cortou o momento. Carmen, uma mulher de meia idade com uniforme impecável, aproximou-se com um sorriso profissional. Que bom que encontrei vocês. Preciso confirmar alguns detalhes sobre o evento beneficente desta noite. Senora Oliveira, espero que esteja se sentindo melhor depois daquele malestar de ontem. Fernanda piscou confusa.
Rafael sentiu o sangue gelar. Eu não sou, começou Fernanda. Ela está muito melhor. Obrigado. Interrompeu Rafael, surpreendendo a si mesmo. Algo em seus olhos suplicou silenciosamente para que ela não o desmentisse. Carmen sorriu aliviada. Ótimo. A sessão de fotos para a revista Caras está marcada para as 4 da tarde na suí presidencial.
O fotógrafo quer capturar vocês dois com a vista da cidade ao fundo. Será lindo. O coração de Fernanda disparou. Revista Caras. Sessão de fotos. Mas quando olhou para Rafael, viu algo em seus olhos que não conseguia decifrar completamente, uma mistura de pânico e esperança que a fez hesitar. “Claro”, ouviu-se dizendo, como se as palavras saíssem de outra pessoa. “Estaremos lá”.
Carmen partiu satisfeita, deixando-os sozinhos no corredor. O silêncio pesou entre eles como uma questão não formulada. “Você pode me explicar no que exatamente eu acabei de me meter?”, perguntou Fernanda, cruzando os braços. Rafael passou a mão pelos cabelos, um gesto que ela descobriria mais tarde ser seu que nervoso. É uma longa história. Você teria uns, digamos, 5 minutos para uma explicação que pode mudar completamente os próximos dias da sua vida? A pergunta pairou no arre.
Fernanda deveria estar correndo para sua reunião, cumprindo seus deveres profissionais, mantendo sua vida perfeitamente organizada e previsível. Mas algo nos olhos daquele estranho, algo entre desespero e fascínio, a fez tomar a decisão mais impulsiva de sua vida adulta. “Cutos”, disse ela, ignorando o alarme que tocava em seu celular, lembrando-a da reunião.
“Mas depois disso, você me deve uma explicação muito boa sobre por acabei de me tornar sua esposa. A suí presidencial do Hotel Fazano era uma ódia elegância paulistana. Janelas de vidro do chão ao teto ofereciam uma vista panorâmica da cidade que nunca dormia, enquanto móveis de design brasileiro criavam um ambiente ao mesmo tempo sofisticado e acolhedor.
Rafael serviu um café expresso em xícaras de porcelana e se posicionou diante da janela, claramente reunindo coragem. Fernanda observa cada movimento dele com a atenção de quem está prestes a testemunhar uma confissão que pode mudar tudo. Meu nome é Rafael Oliveira, tenho 31 anos e sou CEO de uma startup de tecnologia aqui em São Paulo”, começou ele, as palavras saindo num ritmo controlado.
Há três meses, minha empresa fechou uma parceria milionária com investidores internacionais. Parabéns”, disse Fernanda sec, “mas isso não explica porrei sua esposa nos últimos 5 minutos”. Rafael sorriu, um sorriso que ela estava começando a achar irritantemente charmoso. “A questão é que meus investidores têm uma visão conservadora.
Eles acreditam que homens casados são mais confiáveis, mais estáveis. E quando assumi o compromisso de comparecer ao evento beneficente de hoje à noite, pode ser que eu tenha exagerado sobre meu status civil. Você mentiu! Traduziu Fernanda. Inventei uma esposa e admitiu ele o rubro subindo pelo pescoço. E quando Carmen te confundiu comigo, viu uma oportunidade de sair desse buraco que eu mesmo cavei.
Fernanda se levantou abruptamente, o café quase derramando. Você está completamente louco. Eu não posso fingir ser sua esposa. Tenho uma vida, uma carreira, compromissos, uma noite, disse Rafael rapidamente, se aproximando dela. São apenas algumas horas. Depois disso, você nunca mais precisa me ver. E a sessão de fotos.
E se alguém me reconhecer? Você trabalha com tradução simultânea, certo? Viaja muito, fica nos bastidores. A maioria das pessoas não saberia quem você é mesmo que quisesse. A observação foi precisa demais para não doer um pouco. Fernanda sempre se orgulhara de sua descrição profissional, mas ser lembrada de quão invisível era socialmente, tocou numa ferida que ela não sabia que tinha.
E o que eu ganho com isso?”, perguntou surpresa com sua própria consideração da proposta. Rafael hesitou como se não tivesse pensado nessa parte. “O que você quer?”, a pergunta apegou desprevenida. “O que ela queria? Quando foi a última vez que alguém lhe perguntou isso? Quando foi a última vez que ela mesma se perguntou?” “Eu começou, mas foi interrompida pela vibração insistente de seu celular. Era seu chefe da agência de tradução.
Sete chamadas perdidas. Preciso atender”, disse ela, afastando-se para um canto da suí. “Fernanda, onde diabos você está?” A voz de Roberto ecoou pelo viva voz. “Os alemães estão furiosos. Eles estão a 20 minutos esperando na sala de reunião.” Fernanda fechou os olhos. Tr anos de histórico impecável. E agora? Isso.
Roberto, eu posso explicar? Explicar. Você simplesmente desapareceu. Eles já estão falando em trocar de agência. A ligação foi encerrada abruptamente. Fernanda ficou imóvel, o telefone ainda na mão, sentindo seu mundo profissional, cuidadosamente construído desmoronar. Rafael se aproximou devagar. Problemas.
Acabei de perder o cliente mais importante da minha carreira por causa da sua confusão”, disse ela. A voz surpreendentemente calma para alguém que acabara de ver trs anos de trabalho irem por água abaixo. “Sinto muito”, disse ele, e ela podia ouvir a sinceridade genuína em sua voz. “Deixa eu fazer algo para compensar. O que você ganha em três meses de trabalho?” Por quê? Porque vou te pagar isso por uma noite. Não é sobre o dinheiro. Bem, não só sobre isso.
É sobre você me ajudar a não destruir três anos da minha vida também. Fernanda o estudou. Havia algo além do desespero em seus olhos, uma vulnerabilidade que ela reconheceu porque via a mesma coisa no espelho todas as manhãs. Tudo bem, disse finalmente, mas com duas condições. Quais? Primeira, eu quero saber tudo sobre você.
Se vou ser sua esposa por uma noite, preciso de detalhes convincentes. Segunda, ela fez uma pausa, surpreendendo a si mesma com o que estava prestes a dizer. Segunda, depois de tudo isso, você me conta por um CEO bem-sucedido como você está disposto a pagar uma fortuna por uma mentira. Rafael estendeu a mão fechado. Quando suas mãos se tocaram para selar o acordo, ambos sentiram uma eletricidade que ia muito além de um simples aperto de mãos profissional.
Fernanda retirou a mão rapidamente, mas o formigamento permaneceu. Ela não sabia ainda, mas acabara de selar muito mais que um acordo. Acabara de dar o primeiro passo numa jornada que transformaria para sempre a maneira como via o amor, o destino e a si mesma. Primeira pergunta”, disse Fernanda, acomodando-se no sofá da suí com uma caneta e um bloco de notas que pegara da mesinha de centro.
“Quando e onde nos conhecemos?” Rafael caminhou até a janela, os olhos perdidos na vastidão urbana de São Paulo, na USP. “Você estava no curso de Letras? Eu na engenharia da computação. Específico. Por quê?” “Porque é verdade”, disse ele se virando para encará-la. Bem, parte é verdade.
Eu realmente estudei engenharia da computação na USP e sempre me perguntei como seria namorar uma menina de letras. Fernanda sentiu o rosto esquentar ligeiramente, certo? E quando começamos a namorar nessa ficção nossa? No terceiro ano, você estava na biblioteca e eu fingi estudar na mesa ao lado só para ter coragem de falar com você. Você está inventando isso na hora? Talvez.
admitiu ele com um sorriso travesso que fez o estômago dela dar uma volta estranha. Mas soua convincente, não soua? Fernanda anotou os detalhes, forçando-se a manter o foco. Quanto tempo namoramos antes de casar? 4 anos. Casamos logo depois da formatura. E por que mantemos a relação longe da mídia? Rafael se aproximou, sentando-se na poltrona em frente a ela.
Por que você odeia a exposição? é tímida, reservada, prefere que nossa vida privada continue privada. A observação era tão precisa que Fernanda parou de escrever e o encarou. Como você sabe disso sobre mim? Instinto, disse ele suavemente. Reconheço o tipo. Houve um momento de silêncio carregado de significado. Fernanda se forçou a voltar às anotações.
Temos filhos nessa fantasia? Não, estamos focados nas carreiras por enquanto, mas planejamos ter filhos nos próximos anos. E sobre minha família? Rafael hesitou. Conte-me sobre sua família real primeiro. Por quê? Porque se alguém perguntar especificamente, será mais fácil manter a história se ela for baseada em verdades.
Fernanda baixou o bloco de notas. Era uma pergunta simples, mas que sempre a deixava desconfortável. Meus pais morreram quando eu tinha 20 anos”, disse ela, a voz ficando menor. “Acidente de carro. Não tenho irmãos. Sou filha única.” A expressão de Rafael mudou completamente, a brincadeira desaparecendo de seus olhos. “Sinto muito”, disse ele.
E ela percebeu que era sincero. “Devem ter sido pessoas incríveis para criarem alguém como você. Como assim? inteligente, corajosa o suficiente para aceitar a proposta maluca de um estranho e com uma elegância natural que fez Carmen acreditar imediatamente que você seria minha esposa. Fernanda sentiu algo se remexer no peito. Uma sensação que não experimentava há muito tempo.
“E sua família?”, perguntou ela, desviando o assunto. Tenho pais vivos e um irmão mais novo, mas eles moram no interior, então raramente aparecem em eventos sociais em São Paulo. Perfeito. E sobre nossa vida íntima, quero dizer, ela gaguejou. Se alguém perguntar sobre nossa dinâmica como casal. Rafael sorriu, claramente se divertindo com o constrangimento dela. Somos muito conectados. Eu te amo profundamente.
Você é minha parceira em tudo. Temos algumas brincadeiras internas, uns apelidos carinhosos. Que apelidos? Eu te chamo de fe. Você me chama de Rafa. Óbvio demais. E eficiente. Fê, disse ele testando o nome. Fica bem em você. O modo como ele pronunciou o apelido, com uma suavidade quase íntima, fez Fernanda perder o fio da meada por um segundo.
Certo, disse ela, limpando a garganta. E se perguntarem sobre nossos gostos em comum? Amamos cinema nacional, principalmente os filmes do Walter Sales. Gostamos de ir à livrarias aos domingos. Você me convenceu a gostar de música popular brasileira e eu te introduzi ao mundo da tecnologia. Você está bom demais nisso, observou ela suspeitosa.
Talvez eu tenha pensado muito sobre como seria ter uma namorada que me entendesse de verdade. A honestidade inesperada na voz dele fez Fernanda erguer os olhos das anotações. Havia algo na expressão de Rafael, uma solidão que ela reconhecia porque era o espelho da sua própria. Rafa! Disse ela, experimentando o apelido e sentindo o estrangeiro na língua. Posso perguntar uma coisa? Claro.
Por que você nunca se casou de verdade? Quero dizer, você é bonito, bem-sucedido. Rafael riu, mas sem humor, porque toda mulher que conheci só se interessava pelo CEO, não pelo homem. E eu nunca soube como separar uma coisa da outra. E você acha que eu sou diferente? Você aceitou fazer isso por dinheiro para compensar o cliente que perdeu, não por status ou glamor. Isso é refrescante.
Fernanda não sabia como responder a isso. Havia uma intensidade no modo como ele a olhava, que a fazia se sentir vista de uma maneira que não experimentava há anos. O celular de Rafael tocou, interrompendo o momento. “O fotógrafo está chegando”, anunciou ele após atender.
“Você está pronta para ser minha esposa?” Fernanda olhou para suas anotações, depois para ele, depois para o espelho da parede que refletia os dois juntos. Parecia natural demais para ser fingido. “Espero que você seja um bom ator”, disse ela guardando as anotações na bolsa. “Quem disse que vou precisar atuar?”, a pergunta ficou pairando no ar enquanto eles se preparavam para a primeira performance de suas vidas, sem saberem que para ambos representar o amor estava prestes a se tornar perigosamente real.
Marcos Vieira era o tipo de fotógrafo que conseguia capturar a alma das pessoas através das lentes. Aos 35 anos, já havia fotografado presidentes, artistas e celebridades para as principais revistas brasileiras, mas havia algo no casal à sua frente que o intrigava. Perfeito! exclamou ele, ajustando a câmera profissional. Vocês têm uma química incrível.
Fê, pode apoiar a cabeça no ombro do Rafa? Sau assim. Fernanda se posicionou conforme a orientação, tentando ignorar o aroma masculino que emanava de Rafael, uma mistura de perfume caro e algo unicamente dele que a fazia querer se aproximar mais. Agora, Rafa, coloca a mão na cintura dela. Mais baixo, isso. E olhem um para o outro como se estivessem compartilhando um segredo.
Quando os olhos de Rafael encontraram os dela, Fernanda sentiu algo se deslocar dentro do peito. Havia uma ternura genuína em seu olhar que não poderia ser encenação. Clique, clique, clique. Lindos, vocês realmente transmitem cumlicidade, comentou Marcos, verificando as fotos na tela da câmera. Agora quero uma foto mais íntima.
Rafa sussurra algo no ouvido dela. Rafael hesitou por um segundo, depois se inclinou até que ela pudesse sentir sua respiração quente contra o ouvido. “Você está indo muito bem”, murmurou ele, a voz baixa e reconfortante. “Obrigado por estar fazendo isso.
” As palavras eram simples, mas o modo como ele as disse, com uma gratidão profunda e algo que soava perigosamente como carinho, fez Fernanda se arrepiar. Clique! Clique perfeita! Gritou Marcos. A expressão dela ficou linda, Fe. Você corou na hora certa. Fernanda se afastou rapidamente, tentando controlar a respiração. Posso beber uma água? Claro, amor, disse Rafael automaticamente. A palavra amor saindo com uma naturalidade que surpreendeu ambos.
Enquanto Rafael buscava água na geladeira da suí, Marcos se aproximou de Fernanda. Vocês são muito fofinhos juntos”, disse ele casualmente. “Quantos anos de casados mesmo?” “Trs, respondeu Fernanda, agradecendo mentalmente pela preparação anterior. Se nota, vocês têm aquela intimidade de quem realmente se conhece? É raro ver isso em casais que fotografo para revistas sociais.
” Rafael voltou com a água e Marcos retomou o trabalho. Agora quero o shot principal da matéria! Anunciou o fotógrafo. Vocês dois na frente da janela com a cidade de São Paulo ao fundo. É para a capa da próxima edição. Capa? Fernanda engasgou com a água. Capa, repetiu ela. Claro, o casal mais discreto de São Paulo. Essa é a chamada que a editora quer.
Vocês são um mistério na sociedade paulistana. Todo mundo quer saber mais. sobre a esposa do Rafael Oliveira. Rafael e Fernanda se entreolharam, ambos percebendo que haviam subestimado a dimensão do que estavam fazendo. “Vamos lá, pessoal, coloquem-se diante da janela.” Eles se posicionaram com a vista panorâmica da cidade atrás.
O sol da tarde pintava o céu de tons dourados, criando um cenário romântico perfeito. “Rafa, abraça ela por trás. F! Relaxa contra ele. Vocês estão contemplando a cidade que amam, planejando o futuro juntos. Quando Rafael a envolveu em seus braços, Fernanda sentiu uma sensação de segurança que há muito não experimentava.
Era como se, por um momento, pudesse esquecer que aquilo tudo era uma encenação. “Agora se virem um para o outro”, instruiu Marcos. “Quero capturar o momento antes do beijo.” O coração de Fernanda disparou. Beijo? Não precisa ser um beijo de verdade”, disse Marcos. “Apenas fiquem próximos, como se fosse acontecer. A tensão sexual tem que estar óbvia na foto.
” Eles se viraram lentamente um para o outro. Rafael estava tão próximo que ela podia contar os pontos dourados em seus olhos castanhos. “Fê!”, sussurrou ele, tão baixo que só ela podia ouvir. Está tudo bem, é só para a foto. Mas quando ele se inclinou, quando seus rostos ficaram a centímetros de distância, algo mudou.
O mundo ao redor desapareceu. Marcos, as câmeras, o fato de que aquilo era uma farsa. Havia apenas eles dois, respirando o mesmo ar, perdidos nos olhos um do outro. Clique! O som da câmera os trouxe de volta à realidade, mas nenhum dos dois se afastou imediatamente. Perfeito! Gritou Marcos eufórico.
Essa foto vai ser capa com certeza. Vocês têm uma química que não se pode fingir. Fernanda finalmente se afastou, as bochechas em chamas. Rafael passou a mão pelos cabelos, o tique nervoso que ela já estava começando a reconhecer. “Acho que temos o suficiente”, disse Marcos guardando o equipamento. As fotos ficaram lindas.
A matéria sai na próxima semana. Depois que o fotógrafo partiu, eles ficaram sozinhos novamente na suí. O silêncio era carregado de uma tensão nova, diferente da nervosismo inicial. Aquilo foi, começou Rafael, intenso, completou Fernanda. É intenso. Eles se olharam do outro lado da sala, como se uma aproximação fosse perigosa demais. “Rafa”, disse ela finalmente.
“O que estamos fazendo? fingindo ser casados para um evento beneficente”, respondeu ele automaticamente. “Não, o que estamos realmente fazendo?” A pergunta pairou no arre. Rafael se aproximou devagar, como se ela fosse um animal assustado, que pudesse fugir a qualquer momento. “Sinceramente, não faço ideia”, admitiu ele.
“mas não consigo parar de pensar que talvez, só talvez seja a coisa mais certa que já fiz na minha vida”. Fernanda sentiu o coração acelerar novamente. Rafa, eu sei que é loucura. Nos conhecemos há algumas horas, mas há algo aqui disse ele, gesticulando entre os dois, que não consigo ignorar. Antes que ela pudesse responder, o telefone da suí tocou.
Senr. Oliveira, seu motorista está esperando. O evento beneficente começa em 2 horas e sua assessora disse que vocês precisam chegar cedo para as fotos de chegada. Rafael agradeceu e desligou, olhando para Fernanda com uma mistura de expectativa e nervosismo. “Última chance de desistir”, disse ele. “Depois que descermos, não há volta”.
Fernanda olhou para o espelho, vendo a mulher que se tornara nas últimas horas mais corajosa, mais viva do que havia sido em anos. “Quem disse que eu quero voltar?” A resposta surpreendeu ambos, mas quando ela pegou a mão dele e entrelaçou os dedos, soube que havia tomado a decisão certa. O que ela não sabia era que, a partir daquele momento, a linha entre ficção e realidade estava prestes a desaparecer completamente. O Museu de Arte de São Paulo nunca havia recebido um evento tão elegante.
Luzes douradas banhavam as escadarias e um tapete vermelho se estendia desde a calçada até a entrada principal. Paparates se posicionavam estrategicamente, suas câmeras prontas para capturar cada momento da gala beneficente mais aguardada do ano social paulistano. Dentro da limousine, Fernanda ajustava nervosamente o vestido de seda azul marinho que Rafael havia providenciado.
A peça caía perfeitamente em seu corpo, como se tivesse sido feita sob medida. “Como você sabia meu tamanho?”, perguntou ela, observando-o, ajustar a gravata no reflexo da janela. Instinto”, respondeu ele com um sorriso que ela estava aprendendo a interpretar como seu disfarce para nervosismo. “E talvez eu tenha pedido ajuda à personal shopper do hotel.
Quantas vezes você já fez isso?” Contratar uma personal shopper? Algumas. Não. Inventar uma esposa. Rafael se virou para encará-la completamente. “Nunca. Você é minha primeira esposa falsa. Que honra”, disse ela ironicamente, mas com um sorriso nos lábios. O carro parou em frente ao museu. Através das janelas escuras, eles podiam ver a multidão de fotógrafos e jornalistas da mídia social brasileira.
“Lembra das nossas regras?”, perguntou Rafael, estendendo a mão para ela. “Nos conhecemos na USP, casamos há 3 anos. Você me chama de Fê, eu te chamo de Rafa e somos loucamente apaixonados. E eu te odeio por me meter nisso, acrescentou ela, mas apertou a mão dele. Agora ou nunca, Fê. Quando saíram da limousine, os flashes explodiram como fogos de artifício.
Fernanda se agarrou ao braço de Rafael instintivamente, sentindo-se momentaneamente cega pela intensidade das luzes. Rafael, Rafael! gritavam os fotógrafos. “Quem é a acompanhante? É verdade que vocês estão juntos há anos?” Rafael manteve o sorriso público perfeito, acenando casualmente enquanto a guiava pelo tapete vermelho. “Por aqui, amor”, murmurou ele em seu ouvido, a mão firme em suas costas.
Fernanda respirou fundo e forçou um sorriso, tentando imitar a postura das socialites que via em revistas. Para sua surpresa, sentiu-se mais natural do que esperava. Eles estão lindos”, gritou alguém da multidão. “Casal perfeito, Rafael, apresenta sua esposa.” No meio do caminho, Rafael parou e se virou para os fotógrafos com Fernanda ao lado.
“Pessoal, gostaria de apresentar oficialmente minha esposa Fernanda”, disse ele, a voz carregando um orgulho que parecia genuíno demais para serem encenação. “Ela prefere manter nossa vida privada longe dos holofotes, mas fez uma exceção hoje pela importância da causa.
” “Fernanda! Como é estar casada com um dos CEOs mais promissores de São Paulo? A pergunta foi direcionada diretamente a ela. Fernanda sentiu todas as câmeras se voltarem em sua direção, o coração acelerando perigosamente. “É, é uma honra estar ao lado de alguém tão dedicado a fazer a diferença”, respondeu ela, surpresa com a firmeza da própria voz.
Rafael me inspira todos os dias com sua paixão por ajudar os outros. Clique, clique, clique. Há quanto tempo estão juntos? O tempo suficiente para eu saber que ele é o amor da minha vida”, disse ela, olhando para Rafael com uma ternura que não precisou ser forçada. Os olhos dele se suavizaram e, por um momento, ela viu algo além da gratidão. Viu um homem genuinamente tocado por suas palavras.
Dentro do museu, o ambiente era ainda mais impressionante. Obras de arte brasileira decoravam as paredes, enquanto mesas elegantemente arranjadas ocupavam o espaço central. A elite paulistana circulava com taças de champanhe, conversando sobre negócios, arte e os últimos acontecimentos da cidade. Rafael, uma voz feminina chamou.
Eles se viraram para ver uma mulher loira de cerca de 40 anos se aproximando, seguida por um homem mais velho de terno impecável. “Márcia, que prazer vê-la”, disse Rafael, beijando as bochechas da mulher. Fernanda, estes são Márcia e Roberto Silva, dois dos maiores investidores em arte do país. Então, esta é a famosa esposa misteriosa”, disse Márcia, estudando Fernanda com olhos curiosos.
“Minha querida, todo mundo quer saber mais sobre você. Rafael é tão reservado sobre sua vida pessoal. Prefiro que nossa felicidade seja privada”, disse Fernanda, entrelaçando o braço no de Rafael. Acredito que algumas coisas são sagradas demais para serem expostas. Que romântico! Suspirou Márcia. Roberto, olha que casal lindo.
Rafael, disse Roberto com um sorriso aprovador. Sua esposa tem muito bom gosto. O vestido é Dol Shengabana. Na verdade, é de um estilista brasileiro respondeu Fernanda. Prefiro apoiar o talento nacional, inteligente e patriota, murmurou Roberto para Rafael. Você escolheu bem. Conforme a noite avançava, Fernanda se surpreendeu com sua própria facilidade em navegar pelo ambiente social.
Conversou inteligentemente sobre arte com colecionadores, discutiu tecnologia social com outros empresários e até conseguiu arrancar gargalhadas de uma mesa inteira com anedotas sobre as dificuldades de ser intérprete em reuniões internacionais. Você está arrasando”, sussurrou Rafael em seu ouvido enquanto eles se dirigiam à pista de dança. “Estou me divertindo”, admitiu ela surpresa consigo mesma.
“Não esperava isso. Nem eu.” A orquestra começou a tocar uma versão suave de águas de março de Tom Jobim. Rafael ofereceu a mão a ela. “Posso ter a honra a esposa?” Fernanda aceitou e ele a conduziu para o centro da pista.
quando a puxou para perto, ela sentiu novamente aquela sensação de encaixe perfeito que havia experimentado durante a sessão de fotos. “Você dança bem”, murmurou ela, deixando se guiar pelos movimentos dele. Aulas obrigatórias na infância. Minha mãe dizia que todo cavalheiro deve saber dançar. Ela tem razão. Eles se moviam em sincronia perfeita, como se tivessem dançado juntos mil vezes antes.
Fernanda podia sentir os olhares dos outros convidados. mas pela primeira vez em anos não se importava com a atenção. “Fê”, disse Rafael suavemente, os lábios próximos ao ouvido dela. “Hum, obrigado por tudo isso. Por ser perfeita.” Ela se afastou o suficiente para encará-lo. “Rafael, eu sei que começou como uma mentira”, disse ele sem parar de dançar.
“Mas não parece mentira, parece?” Fernanda sentiu o coração acelerar. Havia algo na voz dele, na maneira como a olhava, que a fazia esquecer completamente onde estava. “Não”, sussurrou ela. “Não parece.” A música terminou, mas eles permaneceram abraçados por alguns segundos a mais, perdidos nos olhos um do outro.
“Foi o som de palmas ao redor que os trouxe de volta à realidade.” “Lindo, lindo!”, gritava Márcia. “Vocês precisam renovar os votos só para termos outra festa”. Rafael e Fernanda riram, mas quando se olharam novamente, ambos perceberam que algo fundamental havia mudado entre eles. Não eram mais dois estranhos fingindo um casamento.
Eram duas pessoas descobrindo que às vezes as mentiras mais perigosas são aquelas que se tornam verdades. 2:30 da manhã, a cidade de São Paulo ainda pulsava lá embaixo, mas dentro da suí presidencial do Hotel Fazano, um silêncio íntimo envolvia Rafael e Fernanda. Eles haviam voltado do evento há uma hora, mas nenhum dos dois mencionou ir embora.
Fernanda estava descalça no tapete persa, as pernas encolhidas sob o vestido de gala, uma taça de vinho tinto na mão, o cabelo antes perfeitamente arrumado, agora caía em ondas suaves pelos ombros. Rafael havia abandonado o palitó e a gravata, as mangas da camisa branca arregaçadas, revelando antebraços que ela tentava não olhar com muita frequência.
Então, disse ela, girando o vinho na taça, missão cumprida. Seus investidores ficaram impressionados. As fotos saíram bem. Todo mundo acreditou na nossa performance. Performance? Repetiu Rafael, a palavra suando estranha em seus lábios. É isso que foi? Havia algo na voz dele que fez Fernanda erguer os olhos. Ele a observava com uma intensidade que a deixava nervosa.
“Não foi?”, perguntou ela, mas a pergunta saiu como um sussurro. Rafael se levantou do sofá e caminhou até a janela panorâmica. Lá embaixo, São Paulo se estendia como um mar de luzes cintilantes. Fernanda, posso perguntar uma coisa? Claro, por você realmente aceitou fazer isso? E não me diga que foi só pelo dinheiro.
Ela demorou para responder, tomando um gole do vinho, como se pudesse encontrar coragem no líquido. Por que? começou ela lentamente. Há muito tempo. Ninguém precisava de mim, não de verdade. Meus clientes precisam dos meus serviços. Meu chefe precisa que eu entregue traduções perfeitas. Mas ninguém precisa de mim, da Fernanda. Rafael se virou, encostando-se na janela para encará-la.
E quando você apareceu com aquele olhar desesperado nos olhos pedindo ajuda, foi a primeira vez em anos que senti que poderia fazer diferença na vida de alguém. que eu importava. Você sempre importou, Fe. A maneira carinhosa como ele disse o apelido fez algo se mexer no peito dela. Não, não da forma que importei hoje.
Você viu como as pessoas me olhavam no evento? Como se eu fosse interessante, como se valesse a pena conhecer. Há quanto tempo eu não me sentia assim? Rafael se aproximou, sentando-se no chão diante dela, como uma criança prestes a ouvir uma história. “Conte-me sobre seus pais”, disse ele suavemente. Fernanda piscou surpresa com a mudança de assunto. “Por quê?” “Porque quero te conhecer de verdade.
A Fernanda Real, não a esposa que inventamos hoje. Ela respirou fundo, como se estivesse se preparando para mergulhar em águas profundas. Meu pai era professor de literatura na USP. Minha mãe, tradutora freelancer, como eu, eles se conheceram numa conferência sobre Fernando Pessoa, acredita? Se apaixonaram por causa de um poeta português morto há décadas.
Rafael sorriu romântico. Eram loucos um pelo outro. Mesmo depois de 20 anos de casados, ainda se olhavam como se fossem namorados adolescentes. Eu costumava achar cafona, mas agora ela fez uma pausa. Agora entendo que eles tinham algo raro. E você queria algo assim para você? Queria. Mas depois que eles morreram, parei de acreditar que esse tipo de amor existia para mim.
Era como se eles tivessem levado embora a magia do mundo quando partiram. Rafael estendeu a mão, tocando suavemente os dedos dela. Sinto muito. Obrigada. E você? Porque nunca se casou de verdade? Rafael riu, mas sem humor, porque sou um covarde. Explique. Minha empresa decolou quando eu tinha 26 anos. Do nada, eu estava ganhando dinheiro, aparecendo em revistas, sendo convidado para eventos.
E as mulheres, elas começaram a aparecer também. E qual é o problema? O problema é que eu nunca soube se elas estavam interessadas no Rafael ou no CEO milionário. Então, comecei a testar todas. Testar como? Mentindo sobre quem eu era, fingindo que tinha menos dinheiro, que a empresa não estava indo bem, que eu era só um funcionário comum. E adivinha? A maioria desaparecia.
Fernanda se inclinou para a frente, interessada. E as que não desapareciam, ah, essas eram piores ainda. Elas ficavam, mas eu sempre sabia que era uma performance, que elas estavam sendo boazinhas comigo, esperando que eu melhorasse de vida. Então, você parou de confiar nas pessoas.
Parei de confiar no amor, corrigiu ele até hoje. A última frase pairou no arreissão não intencional. Rafa, disse ela suavemente. O que aconteceu hoje? Eu sei que foi fingido, interrompeu ele rapidamente. Eu sei que você estava atuando para me ajudar e eu não disse Fernanda, colocando a taça de lado e se aproximando dele. Não estava.
Rafael parou de falar, os olhos fixos nela. Eu não estava atuando quando dancei com você. Não estava atuando quando senti meu coração acelerar toda vez que você me chamava de amor e definitivamente não estava atuando quando quase te beijei durante a sessão de fotos. F. Eu sei que é loucura.
Nos conhecemos há um dia, mas há algo aqui disse ela colocando a mão no peito, que eu não sentia há anos, desde antes dos meus pais morrerem. Rafael pegou o rosto dela entre as mãos, os polegares acariciando suavemente suas bochechas. Você tem ideia do que está dizendo? Tenho. Estou dizendo que talvez nosso casamento falso seja a coisa mais verdadeira que já aconteceu comigo.
E se não der certo? E se descobrirmos que foi só a adrenalina do momento, a fantasia? Fernanda sorriu e Rafael pensou que nunca havia visto nada tão lindo em sua vida. E se der certo? perguntou ela. E se descobrirmos que às vezes o destino usa as mentiras para nos mostrar verdades que estávamos com medo de ver, Rafael se aproximou lentamente, dando-lhe tempo de se afastar se quisesse.
“Posso te beijar de verdade desta vez?”, sussurrou ele. “Eu ficaria decepcionada se não tentasse. Quando seus lábios finalmente se encontraram, não havia câmeras, não havia plateia, não havia performance. havia apenas dois corações solitários, descobrindo que às vezes as melhores histórias de amor começam com as piores mentiras.
Lá fora, São Paulo continuava sua dança noturna, indiferente ao milagre que estava acontecendo no 15º andar do hotel Fazano. Mas para Rafael e Fernanda, o mundo havia acabado de ser reinventado. O primeiro raio de sol que se infiltrou pelas cortinas da suí encontrou Rafael e Fernanda ainda acordados.
Ela aninhada em seus braços no sofá, ele acariciando distraídamente seus cabelos. Haviam passado a madrugada conversando, rindo, descobrindo pequenos detalhes um do outro que só pessoas verdadeiramente íntimas compartilham. Rafa! Murmurou Fernanda, a voz rouca de sono. Que horas são? Ele verificou o relógio no pulso sem se mover muito para não perturbá-la. 6:15.
Preciso ir para casa tomar banho, trocar de roupa. Para quê? Para trabalhar. Tenho que tentar recuperar o cliente que perdi ontem por sua causa, disse ela, mas sem nenhum ressentimento na voz. E se você não precisasse? Fernanda se afastou o suficiente para encará-lo. O que você quer dizer? Rafael respirou fundo, como se estivesse prestes a saltar de um penhasco. Fica comigo disse ele simplesmente.
Como assim fica com você? Não saia desta suí hoje. Não volte para sua vida de ontem. Fica aqui comigo e vamos descobrir para onde isso pode levar. Fernanda se sentou completamente, afastando-se dele. Rafael, você está falando sério, completamente sério. Ele também se sentou, pegando as mãos dela entre as suas.
Fê, quando foi a última vez que você se sentiu realmente viva? Eu ontem à noite foi a primeira vez em anos que eu me senti como Rafael, não como o CEO da empresa. E você? Você brilhou de um jeito que aposto que nem você sabia que era capaz. Mas isso foi uma fantasia, Rafa. Uma noite especial. A vida real é diferente. E se não fosse? E se decidíssemos que nossa vida real pode ser exatamente assim? Fernanda se levantou, caminhando até a janela.
Lá embaixo, São Paulo acordava para mais um dia de rotina, trânsito e obrigações. Você está propondo que abandonemos nossas vidas para viver uma mentira? Não”, disse Rafael, se aproximando dela por trás. “Estou propondo que transformemos uma mentira na nossa verdade. Isso é loucura, é coragem”. Ela se virou para encará-lo, os olhos brilhando com lágrimas não derramadas. Rafa, eu mal te conheço.
Ontem de manhã, você era um completo estranho que esbarrou em mim num corredor. E ontem à noite você era a mulher mais importante da minha vida. Como você pode ter tanta certeza? Rafael pegou o rosto dela entre as mãos novamente, forçando-a a encará-lo.
Porque há 31 anos eu venho procurando alguém que me olhe do jeito que você olhou para mim ontem, alguém que me desafie, que me inspire, que me faça querer ser uma pessoa melhor. E se estivermos nos enganando? E se for só paixão, atração física, então descobriremos isso juntos. Mas e se for amor de verdade, Fe? E se deixarmos isso escapar por medo? O celular de Fernanda tocou. interrompendo o momento. Era Roberto, seu chefe.
Não atende, pediu Rafael. Preciso atender. É meu trabalho, Fernanda. A voz de Roberto explodiu no viva voz assim que ela atendeu. Graças a Deus. Onde você está? Os alemães querem uma explicação e eu preciso de você aqui agora. Roberto, eu sem desculpas. Você tem uma hora para estar no escritório. Ou considere-se demitida. A ligação foi encerrada abruptamente.
Fernanda ficou parada. olhando para o telefone em suas mãos. Viu? Disse ela finalmente. Essa é minha vida real. Chefes gritando. Clientes insatisfeitos. Contas para pagar. E você quer voltar para isso? Não se trata do que eu quero. Se trata do que é responsável.
Rafael caminhou até a mesa de centro, pegou seu notebook e o abriu. O que você está fazendo? te mostrando que existem outras opções. Ele digitou rapidamente e depois virou a tela para ela. Era um extrato bancário. “Você tem dinheiro suficiente para não precisar trabalhar pelo resto da vida”, disse Fernanda, impressionada com os números na tela. “Nós temos”, corrigiu ele.
“Se ficarmos juntos, você nunca mais precisará se preocupar com dinheiro. Rafa, você está me pedindo para ser sua amante sustentada?” Não”, disse ele rapidamente. “Estou te pedindo para ser minha parceira em tudo, nos negócios, na vida, nos sonhos. Como assim? Minha empresa precisa de alguém que entenda a comunicação, que saiba lidar com pessoas de diferentes culturas. Você seria perfeita.
Você está me oferecendo um emprego? Estou te oferecendo uma vida.” Fernanda caminhou até a poltrona e se sentou pesadamente. Isso é muito rápido, Rafa, muito intenso. Eu sei, mas às vezes as melhores decisões são as que tomamos sem pensar muito e as piores também. Rafael se ajoelhou diante dela, pegando suas mãos. Fê, olha para mim. Ela ergueu os olhos relutantemente.
Que idade você tem? 27. E quantos desses anos você passou realmente vivendo? Não sobrevivendo, não cumprindo obrigações, mas realmente vivendo. A pergunta a atingiu como um soco no estômago. A resposta era óbvia. Muito poucos. Desde que meus pais morreram, tenho vivido no piloto automático admitiu ela. Trabalho, casa, trabalho, casa, fins de semana sozinha assistindo Netflix.
Quando foi a última vez que me senti viva? Ontem, disse Rafael suavemente. Ontem você estava viva. E se estivermos cometendo o maior erro das nossas vidas? E se estivermos perdendo a oportunidade da nossa vida por medo de errar? Fernanda fechou os olhos, sentindo o peso da decisão. Se eu ficar, disse ela lentamente, não posso ser só sua esposa de fachada. Não posso ser um acessório na sua vida social. Você seria minha parceira em tudo.
E se não der certo, aí a gente inventa outro plano. Fernanda abriu os olhos e o encontrou sorrindo. Não o sorriso encantador que ele usava para o mundo, mas um sorriso genuíno, vulnerável, cheio de esperança. Você está realmente disposto a apostar sua vida numa mulher que conheceu ontem? Fernanda Santos, disse ele solenemente, você quer construir uma vida real com base na mentira mais linda que já contamos? Ela olhou pela janela mais uma vez.
Lá embaixo, milhares de pessoas seguiam suas rotinas previsíveis, suas vidas seguras e vazias. Então olhou para Rafael, para aquele homem que havia aparecido do nada e virado o seu mundo de cabeça para baixo em menos de 24 horas. Sim”, disse ela, a palavra saindo como um sussurro, “Depois mais alta. Sim, Rafael a puxou para um beijo que selou mais que uma decisão.
Selou um pacto entre duas almas que haviam decidido apostar no impossível. Lá fora, São Paulo continuava sua rotina, mas dentro da suí presidencial do Hotel Fazano, duas vidas acabavam de ser reinventadas. Três dias depois da decisão que mudou suas vidas, Rafael acordou com o som insistente de seu celular tocando. Eram 7 da manhã de uma segunda-feira e Fernanda ainda dormia pacificamente ao seu lado, na cama King Size da Suí, que haviam transformado em sua residência temporária.
Alô? Atendeu ele com voz rouca de sono. Rafael, Rafael, você precisa ver isso agora. A voz histérica de Camila, sua assessora de imprensa, o despertou completamente. Camila, calma. O que aconteceu? Vocês estão em todos os sites de fofoca do Brasil. Na Veja, na Caras, no Wall, na Folha. Todo mundo está falando de vocês.
Fernanda se mexeu na cama, despertando com a agitação dele. Do que você está falando? Perguntou Rafael, saindo da cama e caminhando até seu laptop. as fotos do evento beneficente. O fotógrafo vendeu as imagens exclusivas para várias revistas. Vocês são o assunto mais comentado das redes sociais brasileiras. Rafael abriu o navegador com o coração acelerado. A primeira coisa que viu foi a manchete do portal G1.
Quem é a misteriosa esposa do CEO Rafael Oliveira? Rafa. Fernanda se sentou na cama percebendo a tensão dele. O que está acontecendo? Ele continuou navegando, encontrando suas fotos em dezenas de sites. A imagem deles na pista de dança estava na capa da Veja Online, com a chamada O casal Mais reservado de São Paulo se revela.
Amor, disse ele a palavra amor saindo naturalmente como se a usasse há anos. Nós viramos notícia nacional. Como assim? Rafael virou a tela do laptop para ela. Fernanda viu dezenas de fotos suas e dele entrando no evento, posando para os fotógrafos, dançando, rindo, olhando um para o outro com uma intimidade que era impossível fingir.
“Meu Deus!”, sussurrou ela, levando a mão à boca. “Tem mais”, gritou Camila pelo telefone, ainda no Viva-voz. “O Instagram oficial da Veja postou um carrossel de fotos de vocês e já tem mais de 200.000 1 curtidas. Os comentários são surreais. Rafael clicou no link do Instagram. Os comentários eram infinitos. Que casal lindo. Go demais, gente. Olha como ele olha para ela. Isso sim é amor verdadeiro.
Alguém sabe quem é ela? Quero ser amiga. Casei com esse casal. Que química absurda. Ele olha para ela como se ela fosse a única mulher do mundo. Fernanda estava pasma rolando os comentários. Havia milhares deles, a maioria de mulheres encantadas com a química natural do casal. Rafael, disse Camila pelo telefone. Eu preciso falar com vocês pessoalmente agora.
Os telefones da empresa não param de tocar. A Globo quer vocês no Fantástico, a Record quer entrevista exclusiva. E a revista Caras quer fazer uma matéria de capa sobre vocês. Fantástico, repetiu Fernanda, incrédula. E tem mais, continuou Camila. Alguém descobriu que vocês estão hospedados no fazano e há fotógrafos na porta do hotel. Vocês não podem sair sem serem fotografados.
Rafael e Fernanda se entreolharam, a magnitude da situação finalmente os atingindo. Camila, você pode vir aqui ao hotel em uma hora? Precisamos conversar. Já estou no elevador. Assim que desligou, Rafael se sentou na beirada da cama ao lado de Fernanda. Bem, disse ele, tentando manter o tom leve. Parece que nossa mentira tomou uma proporção nacional. Rafa, isso é surreal.
Olha isso aqui. Rafael Oliveira encontrou sua alma gêmea. Alma gêmea. Pessoas que nem me conhecem estão falando sobre minha alma. E aqui, Fernanda Oliveira, a mulher que conquistou o coração do solteiro mais cobiçado de São Paulo. Leu ele de outro site. Oliveira, já mudaram seu sobrenome. Isso é loucura total. É, concordou Rafael. Mas olha isso.
Ele apontou para um comentário específico. Gente, fazia tempo que eu não via um casal tão apaixonado de verdade. Eles me fizeram acreditar no amor novamente. Obrigada por existirem. Ah, sussurrou Fernanda.
Tem centenas de comentários assim, pessoas dizendo que nós as inspiramos, que renovamos a fé delas no amor verdadeiro. Fernanda se levantou e caminhou até a janela. Lá embaixo, ela podia ver alguns fotógrafos posicionados na calçada. Rafa, o que nós fizemos? Criamos inadvertidamente o casal dos sonhos do Brasil inteiro disse ele, se aproximando dela. E agora, antes que ele pudesse responder, a campainha da suí tocou. Deve ser a Camila.
Camila Santos tinha 35 anos, cabelos ruivos perfeitamente escovados e a energia de alguém que vivia de adrenalina. Ela entrou na Suích carregando três tablets, dois celulares e uma expressão que misturava pânico com euforia profissional. “Vocês têm noção do que fizeram?”, disse ela jogando os tablets na mesa de centro. “Olhem isso.” Ela mostrou a tela do primeiro tablet, Trending Topics Brasil.
E Rafael e Fernanda e a Casal Perfeito e as Amor Verdadeiro. Vocês estão nos trends do Twitter há 2 horas. No Instagram, a #raafael Fernanda. já tem mais de 50.000 publicações. 50.000? Isso é bom ou ruim? Perguntou Fernanda, ainda tentando processar tudo. Depende, disse Camila. Se vocês realmente são um casal apaixonado, é ótimo.
Brasil inteiro ama vocês, mas se isso for algum tipo de encenação, é uma bomba relógio prestes a explodir. Rafael e Fernanda se entreolharam rapidamente. Por que seria a encenação? perguntou Rafael, mantendo a voz neutra. Porque apareceram do nada? Ninguém sabia que você tinha esposa, Rafael, e de repente vocês surgem como o casal mais apaixonado do planeta. Nós sempre fomos reservados”, disse Fernanda, encontrando sua voz.
“Não gostamos de exposição, tá? Mas agora vocês têm a exposição querendo ou não, disse Camila. E o Brasil inteiro quer saber mais sobre vocês. O Fantástico quer fazer uma matéria especial. A caras quer exclusividade e eu já recebi cinco pedidos para vocês participarem de reality shows sobre casais. Reality shows? Repetiu Rafael horrorizado.
O ponto é, vocês viram um fenômeno nacional da noite para o dia. Agora vocês precisam decidir. Vão abraçar isso ou vão tentar se esconder? Fernanda se sentou no sofá, passando as mãos pelos cabelos. Camila, quanto tempo você acha que essa obsessão nacional vai durar? Se vocês alimentarem para sempre, vocês podem virar o casal mais famoso do Brasil, mas se tentarem desaparecer agora, a imprensa vai investigar, vai descobrir inconsistências e aí, aí a mentira vem à tona.
Completou Fernanda baixinho. Que mentira? Perguntou Camila, alerta. Nenhuma mentira, disse Rafael rapidamente. Camila, você pode nos dar um tempo para processar tudo isso? Rafael, os pedidos de entrevista não vão parar. E se vocês não controlarem a narrativa, outros vão fazer isso por vocês.
Alguém pode inventar qualquer coisa. Depois que Camila saiu, Rafael e Fernanda ficaram em silêncio por longos minutos, absorvendo a nova realidade. Bem, disse Rafael finalmente. Parece que não podemos mais voltar atrás. Parece que agora somos oficialmente o casal dos sonhos do Brasil, disse Fernanda, sem pressão nenhuma.
Fê”, disse ele, sentando-se ao lado dela. “Eu preciso te perguntar uma coisa e preciso de uma resposta honesta. Claro, você se arrepende de ter ficado de termos decidido tentar isso?” Fernanda olhou para ele por um longo momento, depois para os tablets que ainda mostravam suas fotos em dezenas de sites.
“Pergunta-me de novo daqui a um mês”, disse ela finalmente. “Por quê?” Porque se em um mês eu ainda estiver olhando para você do jeito que estou olhando agora, aí eu vou saber que o Brasil inteiro estava certo. Certo sobre o quê? Sobre nós sermos almas gêmeas. Rafael sorriu e a puxou para um beijo, enquanto lá fora, o Brasil inteiro continuava falando sobre o casal que havia devolvido a fé no amor verdadeiro.
O que eles não sabiam era que a cada dia que passava, a mentira estava se transformando na verdade mais linda que qualquer um deles já havia vivido. Uma semana após se tornarem sensação nacional, Rafael e Fernanda enfrentavam sua primeira grande decisão como casal público. como manter a farça sem que ela os destruísse.
A reunião acontecia na sala de conferências da empresa de Rafael, uma startup de tecnologia localizada na Vila Madalena. Presente estavam Camila, a assessora, Bruno, o advogado da empresa, e Marcos, o fotógrafo que havia capturado as imagens que os tornaram famosos. A situação está fugindo do controle”, disse Bruno, ajustando os óculos enquanto lia as capas de revistas espalhadas na mesa. “Vocês estão na capa da Caras, da Veja, da Cláudia.
O programa da Ana Maria Braga quer vocês amanhã e há rumores de que alguém está investigando a vida de vocês.” “Que tipo de investigação?”, perguntou Fernanda, sentindo um frio no estômago. “Jornalismo investigativo,”, respondeu Camila. “Eles querem saber tudo.
Onde vocês se conheceram? Como foi o namoro? Porque nunca apareceram juntos antes. E qual é o problema disso? Perguntou Rafael, tentando manter a calma. O problema, disse Bruno severamente, é que não existe histórico de vocês juntos. Nenhuma foto antiga, nenhum registro de viagens, nenhuma testemunha do relacionamento. Se alguém investigar a fundo, vai descobrir que vocês se conheceram há exatamente o ito dias.
O silêncio pesou na sala. Então, o que vocês sugerem? perguntou Fernanda. “Duas opções”, disse Camila. Primeira, vocês desaparecem, param de atender telefone, se refugiam em algum lugar longe, deixam a popularidade morrer naturalmente. E a segunda, vocês assumem completamente o papel. Viram o casal mais famoso do Brasil e monetizam isso.
Contratos publicitários. Reality show. Livro sobre a história de amor de vocês. Livro? Repetiu Fernanda. Por que não? Como encontramos o amor verdadeiro? Seria bestseller instantâneo. Rafael se levantou, caminhando até a janela que dava vista para as ruas agitadas da Vila Madalena. E se escolhermos a segunda opção? Disse ele. Por quanto tempo teríamos que manter isso? Para sempre, respondeu Bruno simplesmente.
Se assumirem publicamente que são o casal perfeito, não podem mais voltar atrás. Qualquer separação seria escândalo nacional. Sem pressão murmurou Fernanda. Marcos, que havia permanecido quieto até então, finalmente falou: “Posso dar minha opinião profissional?” Todos se viraram para ele.
“Eu fotografo casais há 15 anos. Já vi muita encenação, muito marketing disfarçado de amor. Mas vocês dois?” Ele fez uma pausa significativa. “Vocês têm algo real? Não sei como começou, mas o que eu capturei naquela sessão de fotos não era performance.” Rafael e Fernanda se entreolharam rapidamente. “O que você quer dizer?”, perguntou ela. “Quero dizer que talvez vocês estejam com medo da coisa errada.
O problema não é fingir ser um casal apaixonado. O problema seria fingir não ser.” Outro silêncio. “Ok?”, disse Camila, retomando o controle da reunião. “Precisamos tomar uma decisão hoje.” O programa da Ana Maria ligou de novo. “Se vocês vão aparecer é amanhã ou nunca.
” “E se escolhermos aparecer?”, perguntou Rafael. Qual seria a estratégia? Simples, respondeu Camila, abrindo um dossiê. Vocês confirmam que estão juntos há três anos, como planejamos. Falam sobre como se conheceram na USP, sobre manterem a vida privada longe da mídia, sobre como o amor de vocês inspirou outras pessoas. E se perguntarem sobre casamento? perguntou Fernanda.
Vocês dizem que já são casados no coração, que não precisam de papel para provar o amor romântico e evasivo. E filhos, querem ter, mas no momento certo. Estão focados em curtir a vida a dois. Rafael voltou à mesa, sentando-se ao lado de Fernanda. Fê, o que você acha? Fernanda olhou para as capas de revista na mesa.
Em todas elas, ela e Rafael apareciam radiantes, genuinamente felizes, como se tivessem descoberto o segredo da felicidade. “Posso falar com você, em particular?” Eles se dirigiram a uma pequena sala anexa, fechando a porta. “Rafa”, disse ela assim que ficaram sozinhos. “Eu preciso te contar uma coisa. Pode falar. Esta semana vivendo com você tem sido incrível.
Eu não senti uma solidão que me acompanha há sete anos. Pela primeira vez desde a morte dos meus pais, eu me sinto completa. Rafael se aproximou pegando as mãos dela. Para mim também, Fe. Eu acordo todos os dias ansioso para passar o dia com você. Pela primeira vez em anos. Minha vida faz sentido. Mas isso tudo começou com uma mentira.
E daí? E se as pessoas descobrirem? E se não descobrirem? Rafa, Fernanda, olha para mim. Ela ergueu os olhos. encontrando uma intensidade que a fez esquecer de respirar. Eu me apaixonei por você, de verdade, completamente, e sei que você sente o mesmo por mim. Ela não negou. Então, por que importa como começou? O que importa é onde estamos agora. E onde estamos.
Estamos apaixonados, Fe. E se o Brasil inteiro quer celebrar nosso amor, por que não deixar? Fernanda respirou fundo, fechando os olhos por um momento. Se fizermos isso, não há volta. Não quero volta. Nem eu, admitiu ela, surpreendendo-se com a própria certeza. Eles voltaram à sala de conferências de mãos dadas. Decidimos, anunciou Rafael.
Vamos fazer a entrevista. Camila sorriu como uma criança no Natal. Perfeito. Vou ligar para a produção agora mesmo, mas com uma condição acrescentou Fernanda. Nada de reality shows, nada de exposição excessiva. Queremos controlar nossa imagem. Claro, vocês vão ser o casal mais admirado do Brasil, eu garanto.
Enquanto Camila fazia ligações e Bruno discutia contratos, Marcos se aproximou de Rafael e Fernanda. “Vocês fizeram a escolha certa”, disse ele baixinho. “O amor verdadeiro é raro demais para ser desperdiçado por causa de como começou”. Naquela noite, na suí do hotel, Rafael e Fernanda assistiram aos noticiários que anunciavam sua participação no programa da Ana Maria Braga.
Amanhã de manhã, o Brasil inteiro vai nos assistir”, disse Fernanda, aninhada nos braços dele. Nervosa, apavorada. “E você? Ansioso para mostrar ao mundo o quanto eu te amo.” Fernanda se virou para encará-lo. “Você realmente me ama loucamente, mesmo sabendo que nos conhecemos há só oito dias. Fernanda Santos”, disse ele solenemente. “Eu te amaria se nos conhecêssemos há 8 minutos ou 80 anos.
Quando se beijaram, ambos souberam que na manhã seguinte não estariam mais apenas fingindo ser um casal apaixonado para as câmeras, estariam mostrando ao Brasil uma verdade que eles próprios ainda estavam descobrindo. Às vezes, o amor mais verdadeiro nasce das circunstâncias mais improváveis. O estúdio da Globo em São Paulo fervilhava de atividade.
Era 7 da manhã e o programa Mais Você Você da Ana Maria Braga se preparava para receber os convidados mais comentados do Brasil, Rafael e Fernanda, o casal que havia conquistado o coração nacional. Nos bastidores, Fernanda tentava controlar os nervos enquanto a maquiadora fazia os últimos retoques. “Relaxa, querida”, disse Sônia, a maquiadora veterana.
Você está linda e o Brasil inteiro já ama vocês. É isso que me deixa nervosa”, confessou Fernanda, observando Rafael conversando com o diretor do programa. Mesmo de longe, ela percebia a tensão em seus ombros. “Fernanda, Rafael! Ana Maria Braga surgiu no camarim como um furacão de energia positiva.
Meus amores, que prazer conhecê-los pessoalmente. Vocês são ainda mais lindos ao vivo. O prazer é nosso, Ana Maria. disse Rafael, beijando as bochechas da apresentadora mais querida do Brasil. Gente, o Brasil inteiro está louco para conhecer a história de vocês. Meu Twitter não para de receber mensagens pedindo detalhes sobre como vocês se conheceram.
Fernanda e Rafael se entreolharam rapidamente, um olhar que dizia: “Lá vamos nós. Estamos um pouco nervosos”, admitiu Fernanda. Nervosos? Vocês são um casal lindo, apaixonado. Só precisam ser vocês mesmos que vai dar tudo certo. 15 minutos depois, eles estavam sentados no icônico sofá vermelho do programa, com Ana Maria Braga à frente e milhões de brasileiros assistindo.
E estamos de volta com nossos convidados especiais”, anunciou Ana Maria para as câmeras. O casal que está fazendo o Brasil inteiro suspirar de amor. Rafael Oliveira, CEO de uma das startups mais promissoras de São Paulo e sua esposa Fernanda. Gente, olhem que lindos. A câmera focou nos dois que se mantinham de mãos dadas no sofá. Sorrisos genuínos, mas ligeiramente tensos.
Fernanda, Rafael, primeiro eu preciso dizer, vocês me emocionaram. As fotos de vocês no evento beneficente. Meu Deus, há quanto tempo vocês estão juntos? Há três anos respondeu Rafael, apertando suavemente a mão de Fernanda, mas parece que a vida inteira. Que fofo. E me contem como vocês se conheceram. Fernanda respirou fundo na USP.
Eu estava na biblioteca estudando para uma prova de literatura portuguesa e o Rafael ficava na mesa ao lado, fingindo estudar só para ter coragem de falar comigo. O estúdio riu e Ana Maria bateu palmas. Que romântico! E como foi o primeiro encontro oficial? Demorou três meses para ele me chamar para sair”, disse Fernanda entrando no personagem.
“Eu já estava achando que ele não tinha interesse. Eu estava apavorado”, confessou Rafael. E a sinceridade em sua voz era real. Ele estava mesmo apavorado, só que por motivos diferentes. Fernanda era a garota mais inteligente e linda da faculdade. Eu não acreditava que ela poderia se interessar por mim.
E você se interessou, Fernanda, desde o primeiro dia, disse ela, olhando para Rafael com uma ternura que não precisava ser fingida. Havia algo nele, uma sinceridade e uma bondade genuína que me conquistou imediatamente. Ana Maria suspirou dramaticamente. Gente, eu estou me emocionando aqui. E por que vocês mantiveram o relacionamento em segredo por tanto tempo? Rafael assumiu a resposta.
Porque nossa felicidade é sagrada, Ana Maria. Vivemos numa era de super exposição e nós sempre preferimos manter nossa intimidade longe dos holofotes. Mas vocês são casados? Fernanda e Rafael se entreolharam. Um momento de hesitação que passou despercebido pela maioria, mas que eles sentiram profundamente. “Somos casados no coração”, disse Fernanda suavemente.
“Para nós, o amor não precisa de papel para ser validado. Que lindo! E filhos? Vocês pensam em ter filhos?” “Queremos”, respondeu Rafael. Mas no momento certo, agora estamos curtindo essa fase de construir nossa vida juntos. Rafael me conta como é trabalhar com tecnologia e manter um relacionamento tão sólido. A Fernanda me ensinou que o sucesso profissional não vale nada se você não tem alguém para compartilhar.
Ela me lembra todos os dias de que a tecnologia deve servir para conectar pessoas, não para separá-las. E você, Fernanda, como é estar casada com um empresário de sucesso? É inspirador”, disse ela. E pela primeira vez sentiu que não estava mentindo completamente. O Rafael tem uma visão muito humanizada da tecnologia.
Ele não quer só ganhar dinheiro. Ele quer fazer diferença na vida das pessoas. Vocês são um casal e tanto. Agora me contem, qual é o segredo para um relacionamento tão sólido? Rafael e Fernanda se olharam e, por um momento, esqueceram das câmeras. Honestidade, disse Rafael. Desde o primeiro dia, decidimos ser completamente honestos um com o outro.
A ironia da resposta não passou despercebida por eles, mas continuaram. E paciência, acrescentou Fernanda. Entender que somos pessoas diferentes, com defeitos, mas que escolhemos todos os dias estar juntos. Que maravilha. E me digam uma coisa, vocês sabiam que iam virar sensação nacional? Eles riram genuinamente. De jeito nenhum, disse Fernanda.
Acordamos com o telefone tocando sem parar. Foi surreal. E como vocês estão lidando com toda essa atenção? É assustador, admitiu Rafael. Mas também é gratificante saber que nossa história inspirou outras pessoas a acreditarem no amor. Ana Maria se aproximou mais, como se estivesse contando um segredo. “Gente, eu preciso perguntar.
Vocês leem os comentários nas redes sociais?” “Lemos”, disse Fernanda. “E ficamos emocionados. Tem pessoas dizendo que nós as fizemos acreditar no amor novamente. Isso é uma responsabilidade grande. É verdade. O Brasil inteiro está torcendo por vocês. Agora me falem uma coisa, qual é o plano para o futuro? Rafael apertou a mão de Fernanda mais forte.
continuar construindo nossa vida juntos”, disse ele, mantendo nossa privacidade, mas compartilhando com o Brasil essa mensagem de que o amor verdadeiro ainda existe. “Es vão fazer mais aparições públicas?” “Talvez”, disse Fernanda cuidadosamente, “mas sempre preservando nossa intimidade.” “Perfeito. Antes de vocês irem, eu preciso fazer uma última pergunta.
Que conselho vocês dariam para pessoas que estão procurando o amor?” Fernanda respirou fundo, sentindo o peso da pergunta. “Sejam autênticos”, disse ela. “O amor verdadeiro acontece quando você pode ser completamente você mesmo com outra pessoa.” “E não tenham pressa”, acrescentou Rafael. “Quando é certo, você sabe.
É como se tudo fizesse sentido”. De repente, quando o programa terminou, eles foram cercados pela equipe de produção, todos elogiando a naturalidade e a química do casal. No carro. Voltando para o hotel, eles ficaram em silêncio por alguns minutos. “Como você acha que fomos?”, perguntou Fernanda finalmente. “Convincentes, disse Rafael, talvez até demais.
O que você quer dizer?” “Qero dizer que em alguns momentos eu esqueci que estava mentindo. Fernanda se virou para encará-lo. Eu também, Fê. Quando você disse que somos honestos um com o outro desde o primeiro dia, eu senti a ironia, mas também senti que, de certa forma, é verdade, desde que nos conhecemos, fomos mais honestos um com o outro do que eu fui com qualquer pessoa na minha vida.
É, concordou ela. É como se a mentira tivesse nos dado permissão para ser verdadeiros. Quando chegaram ao hotel, descobriram que o programa havia sido um sucesso. As redes sociais estavam explodindo com elogios ao casal. E Camila já havia recebido 10 novos pedidos de entrevista. “Vocês arrasaram”, gritou Camila pelo telefone.
“O Twitter não para. Vocês são oficialmente o casal mais amado Brasil. Naquela noite, assistindo aos melhores momentos do programa que a Globo havia postado online, Rafael e Fernanda perceberam que haviam cruzado uma linha invisível. Não eram mais dois estranhos fingindo um relacionamento. Eram duas pessoas descobrindo que às vezes as mentiras mais perigosas são aquelas que se tornam verdades quando menos esperamos.
A varanda do apartamento nos jardins oferecia uma vista privilegiada do Parque Ibirapuera. Era um domingo de manhã preguiçoso e Fernanda estava sentada à mesa de café da manhã, ainda de pijama, lendo as mensagens no celular e sorrindo. O que é tão engraçado? perguntou Rafael, aparecendo na varanda com duas xícaras de café e se sentando ao lado dela.
“Olha isso”, disse ela, mostrando a tela. Uma seguidora postou: “Faz três meses que acompanho o casal Rafael e Fernanda, e eles me inspiraram a dar uma chance pro amor. Hoje tive meu primeiro encontro em dois anos. Obrigada por me lembrarem que o amor vale a pena.” Rafael sorriu pegando sua xícara.
“Quantas mensagens assim você recebe por dia?” “Uas 20. É surreal, Rafa. Tem gente dizendo que salvamos o casamento dela, que fizemos ela acreditar no amor de novo. E como você se sente com isso? Fernanda baixou o celular, olhando para ele, responsável e um pouco culpada. Por quê? Porque estamos inspirando pessoas com base numa, você sabe, numa o quê? Fe a pergunta a pegou desprevenida.
Ela ficou em silêncio, observando o rosto dele, rosto que havia se tornado tão familiar quanto o próprio reflexo no espelho. “Eu não sei mais”, admitiu ela finalmente. Era verdade. Nos últimos três meses, a linha entre ficção e realidade havia desaparecido completamente. Eles acordavam juntos, tomavam café da manhã juntos, trabalhavam lado a lado. Fernanda havia se tornado oficialmente a diretora de comunicação internacional da empresa de Rafael.
Jantavam juntos, dormiam abraçados. “Sabe o que percebi ontem?”, disse Rafael, pousando a mão sobre a dela na mesa. “O quê? Faz três semanas que não falamos sobre nossa situação. Não discutimos estratégias, não ensaiamos respostas para entrevistas, não planejamos nossa próxima aparição pública. Era verdade. Eles haviam simplesmente vivido.
“E o que isso significa?”, perguntou ela. “Significa que paramos de fingir sem perceber. O celular de Rafael tocou. Era Camila. Alô, Camila. Rafael, você precisa ver as redes sociais. Vocês estão trending de novo. Por quê? Não fizemos nada especial essa semana. Exatamente. Alguém fotografou vocês ontem no mercado comprando ingredientes para o jantar e postou no Instagram. A foto já tem meio milhão de curtidas.
Rafael e Fernanda se entreolharam. Na véspera haviam ido ao mercado orgânico da Vila Madalena para comprar ingredientes para um risoto que queriam fazer juntos. Nem se lembravam de ter sido fotografados. E qual é o problema? Perguntou Rafael. Não há problema, é o contrário.
Os comentários são todos sobre como vocês são um casal normal, real. Todo mundo ama que vocês fazem supermercado juntos, que vocês cozinham em casa. Fernanda pegou seu próprio celular e encontrou a foto. Eles estavam na sessão de verduras, Rafael segurando uma beringjela enquanto ela verificava a lista de compras. Ambos rindo de alguma piada particular. Os comentários eram infinitos.
Gente, olhem como eles são normais. Amo. Eles fazem mercado juntos, gente. Isso sim é casal de verdade. Quero um amor que me acompanhe no supermercado. Três meses acompanhando eles e continua apaixonada por esse casal. Camila, disse Rafael, podemos falar com você mais tarde? É domingo de manhã. Claro, mas Rafael, vocês estão fazendo tudo certo. Continuem sendo vocês mesmos.
Depois que desligou, eles ficaram olhando a foto em silêncio. “Nós parecemos felizes”, observou Fernanda. “Parecemos?” Ela ergueu os olhos para encará-lo. “Ok, nós somos felizes.” Muito felizes, “Rafa”, disse ela lentamente. “O que nós somos? Como assim? Somos namorados, marido e mulher, colegas de quarto que se beijam, atores numa peça muito longa?” Rafael riu, mas era uma risada pensativa.
Sabe o que eu acho que somos? O quê? Somos duas pessoas que se apaixonaram da forma mais improvável possível e agora estão tentando entender como encaixar isso em alguma categoria conhecida. Fernanda se levantou, caminhando até a grade da varanda. Às vezes eu esqueço como tudo começou. Acordo de manhã e por alguns segundos antes de lembrar de tudo.
Eu só sou feliz. Sou uma mulher feliz que divide a vida com o homem que ama. Rafael se aproximou, abraçando-a por trás. E qual é o problema disso? O problema é que quando eu lembro como começou, fico com medo de que tudo desabe. Por quê? Porque se descobrirem a verdade, vão dizer que nosso amor é fake, que enganamos o Brasil inteiro.
Fernanda, disse ele, virando-a para encará-lo. Você me ama loucamente. Eu te amo mais do que achei que fosse possível amar alguém. Isso é fake? Não. Então, por que importa como começou? Naquela tarde eles receberam uma visita inesperada. Marcos, o fotógrafo que havia capturado suas primeiras imagens como casal, apareceu no apartamento com um embrulho. “Desculpem aparecer sem avisar”, disse ele.
“mas eu queria dar uma coisa para vocês.” Ele abriu o embrulho, revelando uma foto ampliada e emoldurada. Era a imagem deles quase se beijando durante a primeira sessão de fotos com a cidade de São Paulo ao fundo. “Eu nunca publiquei essa foto”, disse Marcos. Era íntima demais. Mas olhando para vocês hoje, percebi que vocês merecem ter.
Rafael e Fernanda olharam para a imagem, lembrando-se daquele momento quando ainda achavam que estavam apenas fingindo. “Marcos”, disse Fernanda, “osso perguntar uma coisa? Naquele dia, você sabia que que vocês não eram realmente casados?”, completou ele. Eles ficaram paralisados. “Eu suspeitei”, continuou Marcos calmamente. “Vocês tinham uma química incrível, mas havia uma tensão, uma novidade na forma como se tocavam, como se estivessem descobrindo um ao outro”.
“E você não disse nada?”, perguntou Rafael. “Por quê? Vocês estavam se apaixonando em tempo real na minha frente. Era a coisa mais linda que eu já tinha visto. Marcos se dirigiu à porta, depois se virou uma última vez.
Vocês sabem qual é a diferença entre um casal que finge amar e um casal que ama de verdade? Qual? Perguntaram em unísono. Um casal que finge tem medo de ser descoberto. Vocês têm medo de admitir o quanto se amam? Depois que ele partiu, Rafael e Fernanda ficaram olhando para a foto emoldurada. Ele tem razão”, disse Rafael finalmente. “Sobre o quê? Nós temos medo de admitir o quanto isso é real?” Fernanda se aproximou dele, entrelaçando os dedos nos seus.
“Então vamos admitir, Rafael Oliveira”, disse ela solenemente. “Eu me apaixonei perdidamente por você. Não pelo CEO, não pelo cara rico, não pelo personagem que criamos para o Brasil, por você, pelo homem que faz café para mim toda manhã, que rihas piadas ruins, que me abraça quando tenho pesadelos com meus pais.
Fernanda Santos, respondeu ele, eu me apaixonei por uma mulher corajosa que topou a loucura de um estranho e me ensinou que o amor verdadeiro vale qualquer risco. Quando se beijaram, ambos souberam que haviam finalmente parado de representar. estavam simplesmente vivendo a história de amor mais verdadeira de suas vidas. Uma história que havia começado com a mentira mais linda que já contaram.
Seis meses após o primeiro encontro no corredor do Hotel Fazano, Rafael estava nervoso de uma forma que não experimentava desde bem, desde aquele primeiro dia. Eram 5 da tarde de uma sexta-feira de outubro e ele aguardava Fernanda chegar do trabalho com um anel de noivado no bolso e um plano que havia ensaiado mentalmente dezenas de vezes.
O apartamento nos jardins estava decorado com velas e pétalas de rosa. Um clichê romântico que ele sabia que ela fingia detestar, mas que secretamente amava. Na mesa de jantar, uma garrafa do mesmo champanhe que haviam bebido na primeira noite juntos. Quando ouviu a chave na fechadura, o coração dele disparou.
Rafa, por que está tudo escuro? Gritou Fernanda do hall de entrada. “Vem aqui”, respondeu ele, tentando manter a voz casual. Fernanda apareceu na sala, ainda com a pasta de trabalho na mão, e parou abruptamente ao ver as velas, as flores. Rafael parado no meio da sala, com uma expressão que ela não conseguia decifrar. “O que é tudo isso?”, perguntou ela, mas já sorria.
“Fernanda”, disse ele, e ela percebeu que havia algo diferente em sua voz, uma solenidade que não tinha a ver com suas performances públicas. “Eu preciso falar com você sobre uma coisa.” Ela largou a pasta, de repente séria. Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa? Não. Ou melhor, sim. Aconteceu algo que eu não estava esperando. Rafael caminhou até ela, pegando suas mãos.
Há seis meses, eu era um homem que não acreditava no amor verdadeiro. Achava que era coisa de filme, de livro, de gente ingênua, que se iludia. “Rafa, deixa eu terminar, por favor.” Ela assentiu. Aí apareceu uma mulher no corredor de um hotel. Uma mulher que topou a loucura de um estranho e mudou minha vida completamente. E eu descobri que o amor verdadeiro não é o que eu pensava. Ele fez uma pausa, os olhos brilhando.
Eu pensava que o amor verdadeiro era aquele dos filmes, dramático, complicado, cheio de obstáculos. Mas não é. O amor verdadeiro é simples. É acordar todo dia sabendo que a pessoa ao seu lado te escolhe e você escolhe ela de volta. É rir juntos de piadas internas que mais ninguém entende.
É fazer supermercado e cozinhar, jantar e assistir Netflix no sofá e sentir que isso é a coisa mais perfeita do mundo. Fernanda sentiu os olhos se encherem de lágrimas. é olhar para o futuro e não conseguir imaginar nenhuma versão dele que não inclua a outra pessoa. Rafael se afastou um pouco, colocando a mão no bolso. Fernanda Santos, há seis meses eu menti para você sobre ser meu marido. Ela riu através das lágrimas.
Esposa, eu era sua esposa. É verdade, esposa? Ele tirou uma pequena caixa de veludo azul do bolso. Agora eu quero te fazer uma pergunta honesta. Rafael se ajoelhou diante dela, abrindo a caixa. Dentro, um anel de diamante com detalhes em esmeralda, pedras brasileiras, como ele havia prometido seis meses antes, quando ainda fingiam conhecer os gostos do outro.
“Fernanda Santos, você quer se casar comigo de verdade desta vez?” Fernanda olhou para o homem ajoelhado à sua frente, o homem que havia entrado em sua vida como um estranho desesperado e se tornado sua pessoa favorita no mundo. Rafael Oliveira, disse ela, a voz embargada. Você tem ideia do que está perguntando? Estou perguntando se você quer passar o resto da vida descobrindo que nossa história de amor falsa era verdadeira o tempo todo.
Estou perguntando se você quer oficializar diante de Deus e da lei o que já é verdade no nosso coração. Estou perguntando se você quer que eu possa te chamar de minha esposa sem estar mentindo. Fernanda se ajoelhou também, ficando na altura dele. Rafa! Disse ela pegando o rosto dele entre as mãos. Há seis meses, você me perguntou se eu queria fingir ser sua esposa por uma noite. Hoje, eu vou te dar a resposta que deveria ter dado naquele dia.
Rafael segurou a respiração. Sim, sim. Eu quero me casar com você. Quero ser sua esposa de verdade para sempre. Quando ele deslizou o anel em seu dedo, ambos perceberam que estava perfeito, como se tivesse sido feito especificamente para ela.
“Como você sabia meu tamanho?”, perguntou ela, admirando o anel através das lágrimas. Instinto”, disse ele, ecoando a resposta que havia dado sobre o vestido no primeiro dia. “E talvez eu tenha prestado atenção em todos os pequenos detalhes sobre você nos últimos seis meses. Eles se beijaram ali mesmo, ajoelhados no chão da sala, entre velas e pétalas de rosa, enquanto São Paulo pulsava lá fora, indiferente ao milagre que estava acontecendo no 12º andar daquele prédio nos jardins.
“Fê!”, murmurou Rafael contra seus lábios. Tem mais uma coisa. O que pode ser melhor que isso? Eu quero que nossa cerimônia seja real. Não quero encenação, não quero mídia, não quero holofotes. Quero você, eu, nossa família e amigos verdadeiros. E os fãs? O Brasil inteiro está esperando nosso casamento desde que aparecemos juntos. Rafael sorriu.
Deixa eu te mostrar o que pensei. Ele a levou até o notebook na mesa de jantar, onde havia uma apresentação preparada. “Cerimônia íntima numa fazenda no interior de São Paulo”, disse ele passando os slides. “Apenas família próxima e amigos de verdade.” Depois, uma festa de casamento aqui em São Paulo para nossos fãs e conhecidos.
Duas celebrações, uma para nós, uma para o casal público que nos tornamos. Fernanda estudou as imagens. Uma fazenda centenária com casarão colonial, jardins exuberantes, uma capela pequena e aconchegante. É perfeito, sussurrou ela. Mas Rafa e a imprensa, eles vão querer cobertura completa. Camila já tem um plano.
Vendemos os direitos exclusivos das fotos para uma revista, mas apenas da festa pública. A cerimônia real fica só nossa. Você pensou em tudo? Pensei: “Porque pela primeira vez na minha vida, eu quero fazer algo que seja 100% verdadeiro.” Naquela noite, eles ligaram para suas famílias.
A mãe de Rafael chorou ao telefone, dizendo que sempre soube que o filho encontraria a mulher certa. O irmão de Rafael brincou que já estava na hora dele parar de enganar o Brasil inteiro e assumir que estava perdidamente apaixonado. Fernanda ligou para sua melhor amiga da faculdade, Marina, que havia acompanhado toda a saga do casal através das redes sociais, sem saber que conhecia pessoalmente a protagonista.
Fernanda Santos! Gritou Marina. Você me deve uma explicação muito boa sobre como virou a mulher mais invejada do Brasil sem me contar nada. É uma longa história, Mari. Eu tenho tempo e vinho. Duas horas depois, Fernanda havia contado toda a verdade para Marina, que ouvia com a boca aberta. Deixa eu entender”, disse Marina. “Finalmente, vocês se conheceram há seis meses, fingiram ser casados por um mal entendido, viraram sensação nacional baseado numa mentira e agora estão realmente apaixonados e vão se casar de verdade.” Resumidamente, sim. Fernanda, isso é a história mais maluca e mais
linda que eu já ouvi na minha vida. Você acha que sou louca? Acho que você é a pessoa mais corajosa que conheço e acho que vocês dois se merecem. Por quê? Porque só duas pessoas especiais conseguiriam transformar uma mentira numa verdade tão bonita. Na madrugada, Rafael e Fernanda estavam na varanda, planejando os detalhes do casamento. “Quando você quer que seja?”, perguntou ele. “Amanhã”, disse ela. E ele riu.
“Sério?” “Não sei logo. Sinto que já estamos casados faz tempo. Só queremos oficializar. Que tal em dois meses? Tempo suficiente para organizar tudo sem pressa. Perfeito. Eles ficaram em silêncio por alguns minutos, contemplando a cidade que os havia visto se apaixonar. Rafa, disse Fernanda finalmente.
Você tem medo de casar com você? Jamais. Não. Medo de que descubram como tudo começou, de que digam que enganamos todo mundo. Rafael se virou para encará-la completamente. F. Você sabe qual é a diferença entre uma mentira e uma profecia? Não. Uma mentira é sobre o passado. Uma profecia é sobre o futuro.
Quando dissemos que éramos casados há 3 anos, estávamos mentindo sobre o passado, mas estávamos profetizando o futuro. Como assim? Estávamos dizendo ao universo quem queríamos ser e o universo nos levou a sério. Fernanda sorriu, aninhando-se em seus braços. Você realmente acredita nisso? Acredito que algumas mentiras são verdades disfarçadas, esperando o momento certo para se revelarem.
Quando acordaram na manhã seguinte, descobriram que as fotos do pedido de casamento já estavam circulando online. Alguém havia conseguido fotografá-los através da janela do apartamento com uma lente telefoto. Rafael pediu está nos trending topics. Informou Camila por telefone. O Brasil inteiro está em festa. Rafael e Fernanda olharam para as milhares de mensagens de parabéns, para os memes celebrando o noivado, para os vídeos de pessoas chorando de emoção. Isso ainda é surreal, disse Fernanda.
É, mas olha isso disse Rafael, mostrando um comentário específico. Esse casal me fez acreditar no amor verdadeiro novamente. Depois de um divórcio difícil, eu achava que nunca mais conseguiria confiar em alguém. Mas vendo vocês dois, resolvi dar uma chance para o amor de novo. Obrigada por existirem.
Nós mudamos a vida de pessoas que nem conhecemos, murmurou Fernanda. Mudamos porque mostramos que o amor verdadeiro é possível. E isso é verdade, Fe. Independente de como começou, o que temos é real. Eu te amo, Rafael Oliveira. Eu te amo mais, futura senhora Oliveira. Eles se beijaram enquanto o Brasil inteiro celebrava online o noivado do casal que havia devolvido a fé no amor para milhões de pessoas.
O que todos não sabiam era que a história mais linda ainda estava por vir. Duas semanas antes do casamento, a vida de Rafael e Fernanda estava mais agitada do que nunca. Os preparativos corriam a todo vapor. A fazenda no interior estava sendo decorada, o menu degustado, os convites enviados.
O Brasil inteiro acompanhava cada detalhe através das redes sociais e da cobertura especial que a revista Caras estava fazendo. Era uma terça-feira de manhã quando a bomba explodiu. Rafael estava em uma reunião com investidores internacionais quando Camila rompeu na sala de conferências. O rosto pálido como papel. Rafael, precisamos conversar agora, Camila. Estou em reunião agora, Rafael. Algo no tom dela fez com que ele pedisse uma pausa na reunião.
Eles se dirigiram para sua sala particular, onde Camila fechou a porta e encostou nela, como se quisesse impedir que alguém entrasse. O que aconteceu?, perguntou Rafael alarmado. Gustavo Mendes disse ela, como se o nome explicasse tudo. Rafael sentiu o sangue gelar.
Gustavo Mendes era o jornalista investigativo mais temido do Brasil, conhecido por destruir carreiras e desmascarar escândalos. O que tem ele? Ele está investigando vocês há duas semanas. Investigando o quê? Camila respirou fundo, como se estivesse prestes a anunciar uma sentença de morte. Ele descobriu que não existem registros de vocês juntos antes de seis meses atrás.
Nenhuma foto, nenhuma viagem, nenhuma testemunha do relacionamento de três anos que vocês alegam ter. Rafael se sentou pesadamente na cadeira, passando as mãos pelos cabelos. Ele tem provas? Pior. Ele encontrou Carmen. Carmen, a funcionária do hotel que confundiu Fernanda com sua esposa no primeiro dia. Ela lembrou do episódio. Lembrou que vocês claramente não se conheciam.
Rafael fechou os olhos. Merda. E tem mais. Ele rastreou os movimentos bancários de vocês. Descobriu que Fernanda cancelou a conta do apartamento dela no dia seguinte ao evento beneficente, que vocês começaram a viver juntos literalmente da noite para o dia. O que mais? Ele conversou com Roberto, o ex-chefe da Fernanda.
Roberto confirmou que ela perdeu o maior cliente da carreira no exato dia que vocês se reencontraram. Depois de um tempo separados. Rafael se levantou caminhando até a janela. Lá embaixo, São Paulo fervilhava, indiferente ao drama que estava se desenrolando no visg andar daquele prédio comercial. Quanto tempo temos? Ele vai publicar a matéria domingo. Véspera do casamento. Filho da Rafael tem mais.
Ele se virou para encará-la. Ele quer uma entrevista exclusiva com vocês dois. Uma oportunidade de esclarecerem os fatos antes da publicação, ou seja, uma chance de nos enforcarmos sozinhos. Exatamente. Rafael pegou o celular, disc. Amor, onde você está? No escritório. Porque sua voz está estranha. Preciso que você venha aqui agora. É urgente. Rafa, você está me assustando.
Fernanda, só vem, por favor. Uma hora depois, os três estavam na sala de Rafael, ele, Fernanda e Camila. O laptop estava aberto na mesa, mostrando a prévia do artigo que Gustavo Mendes havia enviado para eles. O casamento fake do ano, como Rafael Oliveira e Fernanda Santos enganaram o Brasil inteiro.
Fernanda leu o artigo em silêncio, o rosto ficando cada vez mais pálido. A matéria era devastadora, detalhada, bem apurada, com fontes confirmadas. Gustavo havia reconstituído toda a cronologia do primeiro dia, desde o mal entendido no hotel até a decisão de manter a farça. “Ele sabe de tudo”, sussurrou ela quando terminou de ler. “Não tudo”, disse Rafael.
“Ele sabe como começou, não sabe o que virou. Isso importa, Rafael? Ele vai nos destruir, Fernanda”, disse Camila cuidadosamente. “Precisamos tomar uma decisão.” Gustavo deu um ultimato. “Ou vocês concedem a entrevista exclusiva até quinta-feira, ou ele publica domingo sem o lado de vocês. E se dermos a entrevista, ele pode decidir não publicar se vocês convencerem ele de que a história tem outro lado.
Ou pode usar nossas palavras contra nós e publicar mesmo assim”, completou Rafael. Fernanda se levantou caminhando até a janela. A vista era similar a da primeira suí, onde haviam planejado sua farça original. São Paulo se estendia infinitamente, cheia de vidas, sonhos e segredos. “Quantas pessoas sabem dessa investigação?”, perguntou ela. “Por enquanto, apenas Gustavo e a equipe dele.
Mas se ele publicar domingo, todo o Brasil vai saber na segunda-feira”, completou Fernanda. Um dia depois do nosso casamento. Fê, disse Rafael, se aproximando dela. Eu preciso te perguntar uma coisa. O quê? Se você pudesse voltar no tempo, voltaria? Fernanda o encarou, vendo nos olhos dele a mesma vulnerabilidade que havia visto no primeiro dia.
Voltar para quê? Para minha vida vazia de antes? Para acordar sozinha todos os dias? Para nunca ter conhecido o homem mais incrível do mundo. Mesmo sabendo que pode dar tudo errado? Rafael, olha para mim. Ele a encarou. Há seis meses. Eu era uma mulher que havia desistido do amor. Hoje eu sou uma mulher que vai se casar com sua alma gêmea no sábado. Mesmo que tudo desabe na segunda-feira.
Eu tive esses seis meses. Eu tive você. Rafael a puxou para um abraço apertado. Então o que fazemos? Perguntou ele. Damos a entrevista, disse ela, surpreendendo ambos. Fernanda, não para tentar esconder a verdade, para contar nossa versão dela. Que versão? Fernanda se afastou, olhando nos olhos dele com uma determinação que ele havia aprendido a admirar e temer.
A versão de que duas pessoas se encontraram da forma mais improvável possível e descobriram que o amor verdadeiro não liga para como a história começou. E se ele não acreditar, aí pelo menos teremos tentado salvar não só nossa reputação, mas a fé que devolvemos ao Brasil sobre o amor verdadeiro. Camila limpou a garganta. Vocês têm certeza disso? Rafael e Fernanda se entreolharam e pela primeira vez em seis meses, ambos estavam absolutamente seguros de uma decisão. “Marca a entrevista”, disse Rafael. “Quinta-feira e Camila?” acrescentou
Fernanda. Sim. Deixa claro para o Gustavo que não vamos suplicar. Vamos contar nossa verdade. Se ele quiser acreditar, ótimo. Se não quiser, problema dele. Naquela noite, eles jantaram em silêncio, cada um perdido em seus próprios pensamentos. A data do casamento estava marcada, os convites enviados, os arranjos feitos.
Em quatro dias eles estariam casados. Em cinco dias talvez fossem os vilões mais odiados do Brasil. Rafa, disse Fernanda, quebrando o silêncio. Independente do que acontecer quinta-feira, eu quero que você saiba uma coisa. O quê? Esses seis meses foram os melhores da minha vida. Se tudo acabar, não vou me arrepender de nada.
Rafael pegou a mão dela sobre a mesa. Nem eu. Mas fê, não vai acabar. Como você pode ter tanta certeza? Porque o que temos é real, que a verdade sempre vence. Fernanda sorriu, mas havia lágrimas em seus olhos. Eu espero que você esteja certo. Estou. Você vai ver. Na quinta-feira, eles se dirigiram aos estúdios da Band, onde Gustavo Mendes os aguardava para aquela que seria, sem dúvida, a entrevista mais importante de suas vidas.
O homem que os esperava tinha cerca de 50 anos, cabelos grisalhos e olhos que pareciam enxergar através de qualquer máscara. Gustavo Mendes havia derrubado políticos, empresários e celebridades. Agora estava de frente para Rafael e Fernanda. “Obrigado por aceitarem falar comigo”, disse ele, apertando as mãos deles com um sorriso que não chegava aos olhos. “Obrigado pela oportunidade”, respondeu Rafael.
Quando as câmeras começaram a gravar, Gustavo foi direto ao ponto. Rafael, Fernanda, vocês se tornaram o símbolo do amor verdadeiro no Brasil. Milhões de pessoas se inspiram em vocês, mas minha investigação descobriu que vocês se conheceram há apenas seis meses, não três anos, como alegam. Como explicam isso? Rafael respirou fundo. Era a hora da verdade.
Gustavo, você está certo. Fernanda e eu nos conhecemos há seis meses. O jornalista piscou claramente, não esperando uma confissão tão direta. Então vocês mentiram para o Brasil inteiro. Mentimos sobre quando nos conhecemos, disse Fernanda. a voz firme. Mas não mentimos sobre nossos sentimentos.
Como assim, Gustavo? Disse Rafael. Posso contar exatamente como tudo aconteceu, por favor? E Rafael contou tudo. O mal entendido no hotel, a decisão impulsiva de manter a farça, a sessão de fotos, o evento beneficente, a decisão de ficarem juntos, a descoberta do amor real, os seis meses mais felizes de suas vidas.
Gustavo o ouvia em silêncio, tomando notas. Deixem-me entender”, disse ele quando Rafael terminou. “Vocês fingiram ser casados por algumas horas, depois decidiram fingir por mais tempo e no meio disso se apaixonaram de verdade?” “Examente”, disse Fernanda.
“E agora? Querem que o Brasil acredite que esse amor é genuíno?” “Não queremos que ninguém acredite em nada”, disse Rafael. “Estamos apenas contando a verdade. A verdade é que vocês enganaram milhões de pessoas.” A verdade, disse Fernanda, se inclinando para a frente, é que duas pessoas se encontraram da forma mais improvável possível e descobriram que o amor não liga para cronogramas.
Vocês não acham que devem um pedido de desculpas ao Brasil? Rafael e Fernanda se entreolharam. Não! Disse Fernanda, surpreendendo a todos. Não vamos pedir desculpas por nos apaixonarmos. Fernanda, não, Gustavo, deixa eu terminar. Você quer saber a verdade? A verdade é que há seis meses eu era uma mulher sozinha que havia desistido do amor. Rafael era um homem que não acreditava que pudesse encontrar alguém que o amasse por quem ele realmente é.
Ela se levantou caminhando até a janela do estúdio. Um mal entendido nos juntou. Uma mentira nos manteve juntos inicialmente, mas o amor nos transformou. E se nossa história inspirou milhões de pessoas a acreditarem no amor novamente, então valeu cada mentira que contamos no começo. Vocês não sentem que traíram a confiança das pessoas? Rafael se levantou também.
Gustavo, você já se apaixonou alguma vez? Isso não vem ao caso. Vem sim, porque se você já se apaixonou, sabe que o amor não segue roteiros, não chega quando planejamos, não da forma que esperamos. Às vezes, o amor chega disfarçado de mentira para nos ensinar uma verdade que precisávamos aprender. Que verdade? Que duas pessoas certas podem se encontrar de qualquer jeito.
Que o amor verdadeiro não liga para como a história começou, só para como ela termina. Gustavo ficou em silêncio por um longo momento, estudando os dois. E se eu publicar a matéria mesmo assim? E se o Brasil decidir que vocês são fraudulentos? Fernanda voltou para perto de Rafael, pegando sua mão.
Aí nós vamos continuar nos amando, porque o que temos não depende da aprovação de ninguém. Vocês vão se casar, mesmo sabendo que pode dar tudo errado? Vamos nos casar especialmente sabendo que pode dar tudo errado, disse Rafael. Porque é isso que casais que se amam fazem, escolhem ficar juntos apesar dos riscos. Gustavo desligou a câmera.
Posso fazer uma pergunta off the record? Claro, disseram eles. Vocês realmente se amam? Rafael e Fernanda se olharam e Gustavo viu algo que 20 anos de jornalismo investigativo o haviam ensinado a reconhecer. Verdade absoluta. Mais do que qualquer coisa no mundo, disse Fernanda. Então talvez o Brasil inteiro esteja certo sobre vocês disse Gustavo finalmente. Talvez vocês sejam mesmo almas gêmeas.
Sábado, dia do casamento. A fazenda no interior de São Paulo estava um sonho. Flores tropicais decoravam cada canto. Uma capela centenária aguardava a cerimônia. E o sol dourado da tarde criava um cenário perfeito para o que seria o casamento mais aguardado do Brasil. Rafael estava no quarto que servia como vestiário masculino, ajustando a gravata pela quinta vez.
Suas mãos tremiam ligeiramente, não de nervosismo pelo casamento, mas pela incerteza sobre o que Gustavo Mendes havia decidido fazer com a entrevista de quinta-feira. Filho, disse seu pai entrando no quarto. Você está bem? Estou, pai. Só nervoso. Nervoso para casar com a mulher que você ama. Rafael sorriu nervoso sobre o que pode acontecer depois.
Seu pai se aproximou, ajudando-o com os punhos da camisa. Rafael, eu assisti aquela entrevista que vocês deram. Vi como vocês se olharam, vi como ela segurou sua mão quando as coisas ficaram difíceis. E E não importa como vocês se conheceram, importa que vocês se escolheram.
Todos os dias, pelos últimos seis meses, vocês acordaram e escolheram ficar juntos. Isso é o que define um casamento. Do outro lado da fazenda, Fernanda estava em frente ao espelho, observando seu reflexo no vestido de noiva. Era um modelo simples, elegante, de renda brasileira que Rafael havia escolhido pessoalmente. Marina estava ao seu lado colocando o véu.
“Fê, você está linda”, disse sua melhor amiga. “Mas também parece que vai vomitar. É mais ou menos isso que estou sentindo por causa da entrevista, por causa de tudo, Marina. E se estivermos fazendo a coisa errada? E se todo mundo nos odiar depois? Marina parou o que estava fazendo e virou Fernanda para encará-la. Fernanda Santos, me escuta bem. Eu te conheço há 10 anos. Nunca, nunca te vi tão feliz quanto você está há se meses.
O Rafael te transformou numa versão melhor de você mesma, mas sem más. Você o ama. loucamente. Ele te ama? Sim. Então não importa mais nada, o resto é ruído. 15 minutos antes da cerimônia, Camila apareceu correndo pela fazenda com o celular na mão. Rafael, Fernanda, vocês precisam ver isso. Ela encontrou Rafael no jardim, tirando fotos com a família.
Camila, o que foi? Gustavo Mendes acabou de publicar a matéria. O coração de Rafael parou. E leiam. Ela mostrou a tela do celular. O título da matéria era: “Por que Rafael e Fernanda são o casal mais real do Brasil?” Rafael leu rapidamente, os olhos se enchendo de lágrimas.
Gustavo havia contado toda a verdade, como eles se conheceram, a mentira inicial, a transformação do falso em real, mas havia escrito tudo como uma história de amor, não como um escândalo. Às vezes, terminava o artigo: “O amor verdadeiro precisa de uma mentira para começar”. Mas o que Rafael e Fernanda construíram nos últimos seis meses é mais real que a maioria dos relacionamentos que começaram da forma certa.
Eles nos lembraram que o amor não segue roteiros. Ele cria seus próprios caminhos. “Meu Deus!”, sussurrou Rafael. “Gente!”, gritou Camila. “Olhem as redes sociais.” Ela mostrou o Twitter. Rafael e Fernanda estava em primeiro lugar nos trending topics, mas não pelos motivos que temiam. Casal mais lindo. Ainda bem que se encontraram.
Isso sim é amor verdadeiro. Importa como começou, importa como termina. Eu sabia que eles eram especiais. Love Wins. Gustavo Mendes salvou o amor no Brasil hoje. Que matéria incrível. Rafael precisou se sentar num banco de jardim, as pernas fracas de alívio. “Onde está Fernanda?”, perguntou ele. “Aqui”, disse uma voz atrás dele.
Ele se virou e a viu parada na porta da casa grande, ainda sem o vé, segurando o próprio celular. “Você leu? Li e Fernanda caminhou até ele pegando suas mãos. E agora podemos nos casar em paz. A cerimônia foi perfeita, íntima, emocionante, real. Apenas 40 pessoas, família e amigos verdadeiros. O padre que os casou era o mesmo que havia batizado Rafael 31 anos antes.
Quando chegou a hora dos votos, Rafael falou primeiro: “Fernanda, há seis meses você entrou na minha vida como um furacão. Bagunçou tudo, mudou todos os meus planos, me fez questionar tudo que eu pensava saber sobre o amor.” Ele respirou fundo, vendo que ela já estava chorando. Você me ensinou que o amor verdadeiro não é encontrar alguém perfeito, é encontrar alguém que te faz querer ser uma pessoa melhor.
Prometo-te amar dias fáceis, mas especialmente nos dias impossíveis. Prometo escolher você todos os dias, como escolhi naquele primeiro dia no hotel. Prometo ser parceiro em todas as aventuras malucas que ainda vamos viver e prometo nunca mais mentir para você, a não ser que seja sobre quantos brigadeiros eu comi escondido. Todos riram, inclusive Fernanda. Rafael, começou ela limpando as lágrimas.
Você apareceu na minha vida quando eu havia desistido de acreditar no amor. Me ensinou que às vezes as melhores coisas chegam quando não estamos procurando. Prometo dividir meus sonhos com você e apoiar todos os seus. Prometo te fazer rir quando você estiver triste, te abraçar quando você estiver com medo e te amar incondicionalmente em todas as versões de você.
E prometo que se algum dia encontrarmos outro mal entendido em algum corredor de hotel, vamos aproveitar junto. Quando o padre disse pode beijar a noiva, eles se beijaram como se fosse a primeira vez. E de certa forma era era o primeiro beijo como marido e mulher de verdade. A festa que aconteceu em São Paulo uma semana depois foi espetacular. 3.
000 pessoas, celebridades, empresários, políticos. O Brasil inteiro celebrou o casamento do casal, que havia provado que o amor verdadeiro existe. Mas para Rafael e Fernanda, a verdadeira celebração havia sido na fazenda, rodeados apenas de quem realmente importava. 5 anos depois, era uma manhã de domingo. Rafael acordou com o som de risadas vindas da cozinha do apartamento nos jardins.
Encontrou Fernanda fazendo panquecas para Ana Clara e Pedro Henrique, gêmeos de 2 anos, que haviam herdado os olhos castanhos da mãe e o sorriso travesso do pai. “Papai!”, gritou Ana Clara, correndo para abraçar suas pernas. Bom dia, princesa”, disse ele, erguendo-a no colo.
Pedro Henrique estava sentado numa cadeirinha, todo lambuzado de geleia, batendo palmas quando viu o pai. “Como dormiu?”, perguntou Fernanda, se aproximando para beijá-lo. Bem, sonhei com aquele primeiro dia no hotel. Bom sonho ou pesadelo, o melhor sonho da minha vida. Eles se sentaram para o café da manhã na varanda com vista para o parque Ibirapuera.
As crianças brincavam no tapete enquanto eles tomavam café e liam as manchetes do dia. Rafa, disse Fernanda, você se arrepende de alguma coisa? De nada, nem da mentira inicial, especialmente da mentira inicial. Se não fosse por ela, talvez nunca tivéssemos nos conhecido, ou talvez tivéssemos nos encontrado de outro jeito. Almas gêmeas sempre se encontram.
Você realmente acredita nisso? Rafael olhou para a esposa, para os filhos, para a vida que haviam construído juntos. Acredito que o universo tem seus jeitos de juntar as pessoas certas. Às vezes usa mentiras, às vezes usa mal entendidos, às vezes usa corredores de hotel, Fernanda Rio.
E às vezes usa funcionárias confusas de hotel. Lembra da Carmen? Claro. Ela foi promovida a gerente do hotel. E você sabe por quê? Por quê? Porque ela é oficialmente a funcionária que juntou o casal mais famoso do Brasil. Eles riram, observando Ana Clara tentar ensinar Pedro Henrique a bater palmas. Fê, disse Rafael, pegando a mão dela sobre a mesa.
Hum, obrigado. Por quê? Por ter topado a loucura de um estranho num corredor de hotel há 5 anos. Obrigado você por ter me dado a família que eu não sabia que queria. Quando se beijaram, Ana Clara fez uma careta e disse: “Eca! Papai e mamãe beijando. Pedro Henrique riu e bateu palmas como se aprovar o amor dos pais.
Lá fora, São Paulo acordava para mais um dia, mas dentro daquele apartamento nos jardins, uma família vivia à prova de que às vezes as melhores verdades nascem das mentiras mais improváveis. E se alguém perguntasse a Rafael e Fernanda qual era o segredo do amor duradouro, eles diriam: “Coragem para apostar no impossível e sabedoria para transformar cada dia numa nova escolha de amar”. M.