Imagine descobrir que a pessoa com quem você discutiu brutalmente no trabalho é, na verdade, seu novo chefe e o homem que pode mudar sua vida para sempre. Uma história de poder, paixão e coragem que vai te fazer questionar: será que o amor verdadeiro pode nascer de um primeiro encontro desastroso? Antes de começarmos, me conta aí nos comentários de que cidade você está assistindo.
Quero conhecer vocês. E não esqueça de se inscrever no canal e deixar seu like. Isso me ajuda muito a continuar trazendo histórias incríveis como esta. Agora, prepara o coração porque essa história vai te emocionar do primeiro ao último capítulo.
O relógio do refeitório da editora Aurora marcava exatamente meio-dia. Quando Valéria Santos empurrou a porta de vidro com mais força do que o necessário, seus saltos ecoaram no piso de porcelanato, enquanto seus olhos procuravam automaticamente sua mesa favorita, aquela do canto, perto da janela que dava vista para o movimento da Vila Madalena.
Mas havia alguém sentado lá, um homem de terno azul marinho, fones de ouvido cobrindo suas orelhas, digitava furiosamente em um laptop, como se fosse o dono do lugar. Seus cabelos castanhos estavam perfeitamente arrumados e mesmo de perfil, Valéria podia notar a linha definida de sua mandíbula. “Com licença”, disse ela, se aproximando da mesa com passos determinados. O desconhecido não se mexeu.
Seus dedos continuaram dançando sobre o teclado, completamente alheio à presença dela. Valéria bateu levemente no ombro dele. Oi, com licença. O homem tirou um dos fones, revelando olhos verdes que a encararam com uma mistura de surpresa e diversão. Um sorriso travesso brincou em seus lábios quando ele a observou da cabeça aos pés.
O cabelo castanho preso em um coque desalinhado, a blusa social branca ligeiramente amarfanhada. A saia lápis preta que abraçava suas curvas. Pois não, linda a voz dele era grave, com um sotaque mineiro quase imperceptível. O estômago de Valéria se contraiu. Não sabia se era de irritação ou de algo que preferia não nomear. Esta é a minha mesa.
Sua mesa? Ele arqueou uma sobrancelha, claramente se divertindo. Não vejo seu nome gravado aqui. Eu sento aqui todos os dias há três anos. Valéria cruzou os braços. É aqui que planejo todas as minhas campanhas, que penso nos meus projetos. Trs anos. O sorriso dele se alargou. Nossa, que dedicação impressionante. A ironia na voz dele fez o sangue de Valéria ferver.
Olha, eu não sei quem você é, mas preciso dessa mesa. Tenho uma apresentação importante essa tarde. O desconhecido inclinou-se para trás na cadeira, os olhos nunca deixando o rosto dela. E eu tenho uma reunião em 15 minutos. Parece que temos um impasse.
Sabe o que você precisa entender sobre a editora Aurora? Valéria se aproximou mais, apoiando as mãos na mesa. Esta empresa engole os fracos. Se você é novo aqui, é melhor aprender logo as regras. Os olhos verdes dele brilharam com algo que ela não conseguiu identificar. Ai, você não tem medo de ser engolida? O coração de Valéria disparou com a forma como ele pronunciou a última palavra, carregada de uma sensualidade que a pegou desprevenida, mas ela não recuaria.
“Querido”, disse ela, inclinando-se ainda mais perto, sentindo o perfume masculino que emanava dele, “Algo amadeirado e caro. Eu é que engulo! O riso que escapou dele foi rico e genuíno, fazendo algo estranho acontecer no peito dela. Por um momento, seus olhos se encontraram e houve uma centelha, algo elétrico e perigoso pairando entre eles.
Tudo bem, disse ele finalmente fechando o laptop. A mesa é sua, guerreira. Valéria piscou, surpresa com a súbita rendição. É mesmo? É mesmo. Ele se levantou e ela percebeu que era mais alto do que imaginara. Devia ter mais de 1,80 m, mas espero que aproveite bem. Algo me diz que essa pode ser a última vez que você se senta aqui.
Por quê? Mas ele já estava caminhando em direção à saída, deixando apenas o eco de sua risada e um rastro daquele perfume perturbador. Valéria se deixou cair na cadeira, o coração ainda acelerado. O que diabos tinha sido aquilo? Na manhã seguinte, Valéria chegou ao trabalho com 15 minutos de antecedência, ainda pensando no encontro estranho do dia anterior.
Havia algo sobre aquele homem que não conseguia tirar da cabeça, não apenas sua arrogância irritante, mas a forma como ele a havia encarado, como se soubesse algo que ela não sabia. Valéria, Helena Moreira, a recepcionista, acenou para ela assim que entrou no saguão. Você ouviu a notícia? Que notícia? Valéria se aproximou da recepção, notando a expressão de excitação mal contida no rosto da colega.
“A empresa foi vendida”, Helena sussurrou, embora não houvesse ninguém por perto. Ontem à noite, depois que todo mundo foi embora, o sangue de Valéria esfriou. Como assim vendida? A família Tavares finalmente aceitou a oferta. Um empresário jovem, rico. Helena fez uma expressão sonhadora. Dizem que é da Romeiro Holdings. Sebastião
Romeiro o nome dele. Sebastião. Valéria, murmurou, sentindo algo familiar naquele nome. É. E pelo que ouvi dizer, é um gato. 30 e poucos anos, solteiro, dono de várias empresas. Helena baixou ainda mais a voz. Vai haver reunião geral às 10 horas. Ele vai se apresentar para todos os funcionários. O estômago de Valéria se revirou. Mudanças nunca eram boas na área corporativa, especialmente quando envolviam novos donos.
Quantos colegas seriam demitidos? Quantos projetos seriam cancelados? Não fique tão preocupada, disse Helena, interpretando mal sua expressão. Quem sabe não é uma oportunidade. Sangue novo, ideias novas. Às 10 horas em ponto, Valéria estava sentada no auditório lotado da empresa, as mãos úmidas de nervosismo.
O murmúrio ansioso dos colegas preencheu o ambiente até que as luzes se apagaram. Bom dia a todos. A voz que ecoou pelo microfone fez cada músculo do corpo de Valéria se retesar. Era impossível. Não podia ser. Mas quando Spotlight se acendeu no palco, lá estava ele, o homem do refeitório, o desconhecido arrogante que havia flertado descaradamente com ela. Sebastião Romeiro, seu novo chefe.
Como muitos de vocês já sabem, meu nome é Sebastião Romeiro e a partir de hoje sou o novo proprietário da editora Aurora”, disse ele, os olhos verdes percorrendo a plateia até encontrarem os dela. O sorriso que curvou seus lábios quando a viu foi sutil, mas inconfundível. Ele sabia o tempo todo. Ele sabia quem ela era.
“Tenho grandes planos para esta empresa”, continuou Sebastião. “Mas Valéria mal conseguia processar suas palavras. Acredito no talento de cada um de vocês e espero que juntos possamos levar a editora Aurora a novos patamares. O resto da apresentação passou como um borrão.
Valéria só conseguia pensar em como havia sido idiota, confrontando seu chefe, falando sobre engolir. Deus, ela queria desaparecer. Quando a reunião terminou, ela tentou escapar na multidão, mas uma voz a deteve. Senrita Santos, poderia ficar um momento? Todos os colegas olharam para ela enquanto saíam. Valéria se virou lentamente, encontrando Sebastião parado no palco, ainda segurando o microfone.
“Com licença”, murmurou ela para os últimos funcionários que passavam por ela, caminhando em direção ao palco com pernas que pareciam de gelatina. Quando ficaram sozinhos, Sebastião desceu do palco, parando a poucos metros dela. De perto, ele era ainda mais intimidante, não apenas pela altura, mas pela forma como ocupava o espaço, como se o mundo inteiro lhe pertencesse. Então, disse ele, os olhos brilhando com diversão.
Como se sente, sabendo que foi você quem me mandou me conhecer? Valéria sentiu as bochechas queimarem. Eu não sabia quem você era. Eu sei. Sebastião deu um passo mais perto e ela pode sentir novamente aquele perfume perturbador. Mas eu sabia exatamente quem você era. O quê? A voz dela saiu mais aguda do que pretendia.
Valéria Santos, analista de marketing há 3 anos, formada pela ISPM, responsável pela campanha Mundos que Despertam, que aumentou nossas vendas em 22% no último trimestre. Ele inclinou a cabeça. Devo continuar. A humilhação de Valéria se transformou rapidamente em indignação. Você me deixou fazer papel de idiota de propósito. Não disse ele, a voz subitamente séria. Eu queria conhecer a verdadeira Valéria Santos.
Não a versão corporativa polida, mas a mulher que luta pelo que acredita. E o que descobriu? As palavras saíram carregadas de desafio. Um sorriso lento se espalhou pelo rosto dele. Que você é ainda mais interessante do que imaginava. O coração de Valéria martelou contra as costelas, mas ela manteve o queixo erguido. Se acha que pode me intimidar só porque é meu chefe agora. Intimidar? Sebastião riu baixinho.
Valéria, se eu quisesse intimidá-la, não estaria fazendo isso. Fazendo o quê? Em vez de responder, ele tirou um envelope do boleto interno do palitó. Tenho uma proposta para você. Valéria encarou o envelope como se fosse uma cobra venenosa. Que tipo de proposta? O tipo que pode mudar sua carreira para sempre. Sebastião estendeu o papel para ela.
A Bienal Internacional do Livro de São Paulo acontece em quatro meses. Quero que você lidere nossa participação. Ela pegou o envelope com dedos trêmulos, abrindo-o para revelar um orçamento que fez seus olhos se arregalarem. 8 milhões de reais. É o maior projeto da história da editora”, confirmou ele.
“E eu quero você no comando.” Valéria olhou para ele suspeitosa. Por quê? Porque você tem fogo. A intensidade em seus olhos fez algo se contrair no ventre dela. E porque não tem medo de me enfrentar, mesmo sem saber quem eu sou? Isso poderia ser um erro seu, disse ela. A voz mais baixa agora. Poderia.
Sebastião deu mais um passo e agora estava tão perto que ela podia ver as pequenas rugas ao redor de seus olhos. Mas algo me diz que você não vai me decepcionar. O silêncio se estendeu entre eles, carregado de uma tensão que fazia o ar parecer mais denso. Valéria sabia que deveria dar um passo para trás, manter a distância profissional, mas seu corpo parecia colado no chão.
“Aceite”, murmurou ele. “E havia algo em sua voz que soava quase como um pedido. E se eu disser não? Então, respeitarei sua decisão. Sebastião recuou ligeiramente, mas acho que seria uma pena desperdiçar tanto talento. Valéria olhou novamente para o papel em suas mãos. era a oportunidade da sua vida, o tipo de projeto que poderia catapultar sua carreira para um nível completamente novo, mas aceitar significaria trabalhar diretamente com ele.
E algo sobre Sebastião Romeiro a deixava perigosamente fora de equilíbrio. “Preciso pensar”, disse ela finalmente. “Claro.” Sebastião sorriu, mas havia uma tensão ao redor de seus olhos. “Você tem até amanhã.” “Amanhã”, Valéria protestou. Isso é muito pouco tempo para, na minha experiência, ele a interrompeu. As melhores decisões são tomadas por instinto, não por análise excessiva.
Ele começou a caminhar em direção à saída, mas parou na porta. Ah, e Valéria, sim. Da próxima vez que quiser sua mesa de volta, é só me avisar. Afinal de contas, seus olhos brilharam com malícia. Agora todas as mesas me pertencem. E com isso ele saiu, deixando Valéria sozinha no auditório vazio, segurando 8 milhões de reais em oportunidades e se perguntando se havia acabado de fazer um acordo com o diabo.
Três dias haviam-se passado desde que Valéria aceitou o projeto da Bienal e ela já estava se arrependendo. do trabalho em si. Pelo contrário, estava amando cada momento do planejamento da campanha Literatura Viva, mas sim do fato de que aceitar significava passar mais tempo no mesmo prédio que Sebastião Romeiro.
Era quase meia-noite quando ela finalmente levantou os olhos da tela do computador, esfregando o pescoço dolorido. O escritório estava vazio há horas. Apenas sua mesa iluminada criava um círculo de luz no escuro. Ela havia perdido a noção do tempo novamente, perdida em planilhas e conceitos criativos.
Trabalhando até tarde novamente, Valéria sobressaltou, virando-se rapidamente para encontrar Sebastião parado na entrada de seu setor, duas xícaras fumegantes nas mãos. “Jesus Cristo, você me assustou.” Ela pressionou a mão contra o peito, sentindo o coração disparar. “Desculpa.” Ele se aproximou, estendendo uma das xícaras para ela. Achei que você poderia precisar disso.
Valéria aceitou o café, inalando o aroma rico. Era muito melhor que o café horrível da máquina do escritório. Que tipo é esse? Café das montanhas de Minas? Sebastião se acomodou na cadeira ao lado dela, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Minha mãe sempre dizia que café ruim era pecado. Havia algo na forma como ele mencionou a mãe, um tom mais suave, mais vulnerável, que fez Valéria olhá-lo com mais atenção. Sua família é de Minas? Belo Horizonte.
Sebastião tomou um gole do café, seus olhos se focando em um ponto distante, ou melhor, era. Valéria sentiu que havia uma história ali, mas não se atreveu a perguntar. Em vez disso, experimentou o café e gemeu de prazer. Isso é divino. O som que ela fez fez algo escuro passar pelos olhos de Sebastião. Que bom que aprovou.
Por um momento, eles beberam em silêncio confortável. a tensão usual entre eles, substituída por algo mais suave, mais íntimo. “Posso ver no que você está trabalhando?”, perguntou Sebastião, apontando para a tela do computador. Valéria hesitou, depois girou o monitor para que ele pudesse ver. É só um rascunho ainda, mas a ideia é criar uma experiência imersiva.
Não apenas standes com livros, mas ambientes temáticos onde as pessoas possam viver diferentes gêneros literários. Sebastião se inclinou mais perto para ver melhor e Valéria ficou dolorosamente consciente de sua proximidade. Ela podia sentir o calor emanando de seu corpo, ver o perfil perfeito de seu rosto iluminado pela tela.
Isso é brilhante”, murmurou ele, seus olhos ainda fixos no projeto. “Uma floresta encantada para fantasia, uma delegacia vintage para no ar e uma praia tropical para romances”, completou Valéria. Depois corou ao perceber o que havia dito. Sebastião se virou para ela, seus rostos agora perigosamente próximos.
“Romance é é um gênero popular”, gaguejou ela. “É mesmo?” A voz dele havia ficado mais baixa, mais rouca. Você lê romance, Valéria? Ela deveria afastar-se, deveria manter a distância profissional, mas em vez disso, encontrou-se hipnotizada pelos olhos verdes que a encaravam com uma intensidade que fazia seu estômago se revirar. “Às vezes”, sussurrou ela.
“E o que você acha deles?” Sebastião levantou a mão, quase tocando uma mecha de cabelo que havia escapado do coque dela. Realistas ou pura fantasia? Eu eu acho que O telefone tocou alto e estridente, fazendo ambos saltarem para longe um do outro, como se tivessem sido eletrocutados.
Alô? Valéria atendeu com voz trêmula, ainda sentindo o eco da proximidade de Sebastião. Valéria, é a Helena da segurança. Você ainda está aí em cima? Já são quase 1 da manhã. Sim, ainda estou. Valéria evitou olhar para Sebastião. Já estou indo embora. Quando desligou, o momento havia se perdido. Sebastião estava de pé, as mãos nos bolsos, olhando para a janela.
Você deveria ir para casa, disse ele sem se virar. Não pode resolver o mundo inteiro em uma noite”, diz o homem que também está aqui depois da meia-noite. Retrucou ela, começando a salvar seus arquivos. Sebastião riu baixinho. Tuchê. Valéria desligou o computador e pegou sua bolsa, muito consciente de que ele a observava. “Obrigada pelo café. De nada.
” Ele caminhou com ela até o elevador. “Valéria.” “Sim.” Aquele momento ali, ele gesticulou vagamente em direção à sua mesa. Não foi apropriado. Eu sou seu chefe e não aconteceu nada. Ela o interrompeu rapidamente, chamando o elevador. Não. A forma como ele disse isso, quase desapontado, fez o coração dela pular uma batida.
As portas do elevador se abriram, oferecendo uma rota de fuga. Não”, repetiu ela entrando no elevador. Mas quando as portas começaram a se fechar, ela ouviu sussurrar algo que pareceu muito com ainda não. E Valéria passou o resto da noite acordada, sabendo que estava em território muito, muito perigoso. Uma semana depois do incidente do café, Valéria estava determinada a manter as coisas estritamente profissionais com Sebastião.
chegava cedo, saía na hora normal e evitava ficar sozinha com ele a todo custo. Estava funcionando perfeitamente até ele aparecer em sua mesa numa sexta-feira à tarde com uma proposta que ela não podia recusar. “Preciso que você venha a um jantar amanhã”, disse ele, sem preâmbulos, colocando um convite elegante sobre sua mesa. Valéria olhou para o papel sem tocá-lo.
“Que tipo de jantar? Potenciais investidores para o projeto da Bienal. Eles querem conhecer a mente criativa por trás da campanha. Sebastião se acomodou na beirada de sua mesa, parecendo totalmente à vontade. É no DOM. O DOM? Valéria não conseguiu esconder a impressão. O restaurante do chefe Alex Atala era um dos mais prestigiados de São Paulo.
Eu eu não tenho nada apropriado para vestir em um lugar desses. Tenho certeza de que você ficará perfeita no que quer que escolha. Os olhos dele a percorreram rapidamente, mas se quiser posso providenciar algo. Não. A resposta saiu mais alto do que ela pretendia. Alguns colegas olharam na direção deles.
Quer dizer, obrigada, mas não é necessário. Um sorriso brincou nos lábios de Sebastião. Então é um sim. Valéria suspirou. Era trabalho. Apenas trabalho. Que horas? 8 horas. Posso buscá-la? Eu encontro você lá. Como quiser. Sebastião se levantou, mas hesitou. Valéria, sim, pode relaxar. São apenas negócios. Mas a forma como ele disse isso sugeriu qualquer coisa menos negócios.
No sábado à noite, Valéria se encontrava no banheiro do DOM, olhando-se no espelho pela terceira vez. O vestido preto que havia escolhido, o único remotamente elegante em seu guarda-roupa, de repente parecia muito simples para o ambiente sofisticado do restaurante. Quando ela saiu, Sebastião já estava esperando na mesa, e a forma como seus olhos se iluminaram quando a viu fez todo o nervosismo valer a pena.
Você está deslumbrante”, disse ele, levantando-se para puxar a cadeira para ela. “Obrigada”, murmurou Valéria, notando como ele estava impecável em um terno cinza escuro que realçava seus olhos verdes. “Então,” disse ela assim que se acomodou. “Onde estão os investidores?” Sebastião tomou um gole de vinho, evitando seu olhar. Sobre isso, Sebastião. A voz dela carregou um tom de aviso.
Eles cancelaram em cima da hora disse ele rapidamente. Problema de agenda. Valéria o encarou, processando a informação. Então, por que não me ligou para cancelar? Porque Sebastião finalmente a encarou e havia algo vulnerável em sua expressão, porque eu não queria cancelar. O coração de Valéria bateu mais forte. Isso é muito inadequado. Eu sei. Ele se inclinou para a frente.
E me desculpe pela mentira, mas se eu tivesse chamado você para jantar normalmente, você teria aceitado? Não, ela admitiu. Então me dê essa noite. Havia uma sinceridade em sua voz que a desarma completamente. Sem falar de trabalho, sem falar de hierarquia, apenas nós. Valéria sabia que deveria levantar e sair. Sabia que estava brincando com fogo.
Mas algo na forma como ele a olhava, como se ela fosse a coisa mais importante do mundo naquele momento, a fez ficar. Apenas esta noite”, disse ela finalmente. O sorriso que iluminou o rosto dele foi radiante apenas esta noite e assim começou a noite mais inesquecível da vida de Valéria. Sebastião se revelou um companheiro fascinante, contando histórias hilariantes sobre seus primeiros dias como empresário, ouvindo atentamente quando ela falava sobre seus sonhos e medos.
O vinho fluiu, as risadas ecoaram e lentamente as barreiras entre eles começaram a desmoronar. “Posso te confessar algo?”, disse Sebastião quando estavam na sobremesa. “Depende do que é”, brincou Valéria, sentindo-se mais leve do que havia se sentido em anos. Naquele primeiro dia no refeitório, Feu já sabia quem você era há semanas. “Semanas?” Valéria arqueou uma sobrancelha.
Eu pesquisei todos os funcionários antes de assumir a empresa. Sebastião brincou com a taça de vinho, mas quando vi sua foto no arquivo de RH, fiquei intrigado. Intrigado? Seus olhos. Ele a encarou diretamente, mesmo numa foto corporativa formal, havia fogo neles, paixão. E eu precisava conhecer a mulher por trás daquele olhar. Valéria sentiu as bochechas corarem.
Então você planejou aquilo tudo? O quê? Sentar na sua mesa? Sebastião riu. Isso foi sorte pura ou talvez destino. Destino? Valéria repetiu cética. Você não acredita em destino, Valéria? Ela considerou a pergunta. Eu acredito que fazemos nossas próprias escolhas. E se o destino for apenas uma série de escolhas que nos levam exatamente onde deveríamos estar? Antes que Valéria pudesse responder, o garçom trouxe a conta.
Sebastião pagou sem nem olhar o valor e logo eles estavam do lado de fora do restaurante, o ar noturno de São Paulo, envolvendo-os como uma carícia. “Posso te levar em casa?”, ofereceu Sebastião. Valéria sabia que deveria dizer não. Sabia que já havia cruzado muitas linhas naquela noite, mas quando olhou nos olhos verdes dele, viu algo que a fez esquecer todas as razões pelas quais isso era uma má ideia.
Tudo bem”, sussurrou ela. E quando ele entrelaçou os dedos nos dela, conduzindo-a até o carro, Valéria soube que não havia mais volta. O que quer que estivesse acontecendo entre eles, ela estava pronta para descobrir onde levaria, mesmo que isso significasse arriscar tudo.
O apartamento de Sebastião, no último andar de um prédio em frente ao Parque Ibirapuera era exatamente o que Valéria esperaria de um empresário bem-sucedido, moderno, minimalista, com uma vista deslumbrante do Skyline paulistano. Mas ela mal notou a decoração, porque no momento em que a porta se fechou atrás deles, toda a atenção sexual que vinha construindo há semanas finalmente explodiu.
“Valéria”, disse Sebastião, sua voz rouca de desejo. “Não fale”, sussurrou ela, aproximando-se dele. “Se você falar, eu vou lembrar de todas as razões pelas quais isso é uma má ideia”. Em vez de responder, ele a puxou para seus braços, suas mãos entrelaçando-se em seus cabelos, enquanto, finalmente, finalmente, seus lábios se encontraram. O beijo foi tudo que ela havia imaginado e mais, desesperado, faminto, repleto de semanas de tensão não resolvida.
Valéria derreteu contra ele, suas mãos agarrando a lapela de seu palitó, como se ele fosse sua única âncora na realidade. Quando finalmente se separaram, ambos estavam sem fôlego. “Tem certeza?”, perguntou Sebastião, suas mãos emoldurando o rosto dela. Em resposta, Valéria se ergueu na ponta dos pés e o beijou novamente. Horas depois, eles estavam enrolados em lençóis de seda, as luzes da cidade dançando através das janelas do chão ao teto.
Valéria traçava círculos preguiçosos no peito nude de Sebastião, ainda tentando processar o que havia acabado de acontecer entre eles. “Em que está pensando?”, murmurou ele, seus dedos brincando com seus cabelos. Em como isso vai complicar tudo admitiu ela. Sebastião riu baixinho. Já está complicado há semanas. Sebastião.
Valéria se apoiou no cotovelo para olhá-lo. Preciso saber. Isso é só atração física para você ou o quê? Ou significa alguma coisa mais? A expressão dele ficou séria, vulnerável. Posso te contar algo que nunca contei a ninguém?”, Valéria assentiu. “Quando eu tinha 21 anos, investi todas as economias da minha família numa empresa de tecnologia em Belo Horizonte.” Sua voz ficou distante.
Era uma startup promissora, ou pelo menos era o que parecia. Perdi tudo, cada centavo que meu pai havia economizado durante décadas. “Sastião, meu pai morreu dois anos depois. Os médicos disseram que foi um infarto, mas eu sei que foi o estresse, a vergonha. Sebastião olhou para o teto. Minha mãe está numa casa de repouso em Juiz de Fora. Alzheimer precoce. Às vezes acho que é uma bênção.
Ela não lembra da nossa perda. Valéria sentiu lágrimas picar em seus olhos. Por que você está me contando isso? Porque depois daquilo eu jurei que nunca mais me permitiria ser vulnerável assim. Sebastião finalmente a encarou. Construí meu império, fiz minha fortuna, mas sempre mantive todo mundo à distância. Até você.
Eu? Você me assustou desde o primeiro momento. Ele tocou gentilmente seu rosto. A forma como você me enfrentou, como não se intimidou. Ninguém havia me afetado assim antes. O coração de Valéria batia tão forte que ela tinha certeza de que ele podia ouvi-lo.
“E agora? Agora estou apavorado”, confessou ele, “Porque acho que estou me apaixonando por você, Valéria, e não faço ideia do que fazer com isso.” As lágrimas que ela havia estado contendo finalmente escorreram. “Sebastião, e você?” Sua voz carregava uma vulnerabilidade que partiu o coração dela. “O que sente por mim?” Valéria pensou em todas as razões pelas quais deveria mentir, proteger-se, manter a distância, mas olhando nos olhos verdes dele, tão cheios de esperança e medo, só conseguiu ser honesta. “Eu nunca me senti assim antes”, sussurrou ela.
“Nunca pensei que fosse capaz de me sentir assim.” “Como?” “Como se Ela respirou fundo, reunindo coragem, como se estivesse me apaixonando também.” O sorriso que iluminou o rosto dele foi como o nascer do sol. Ele a puxou para mais perto, beijando-a com uma ternura que a fez derreter completamente. “Eu te amo”, murmurou ele contra seus lábios.
“Eu também te amo”, sussurrou ela de volta. E naquele momento, com as luzes de São Paulo brilhando ao redor deles e o futuro incerto se estendendo à frente, Valéria soube que havia encontrado algo que valia a pena arriscar tudo. Mesmo que isso significasse desafiar todas as regras do mundo corporativo, mesmo que isso pudesse custar sua carreira, porque alguns tipos de amor ela estava descobrindo valiam qualquer preço.
Nas semanas que seguiram aquela primeira noite juntos, Valéria e Sebastião desenvolveram uma rotina cuidadosamente orquestrada. Durante o dia, eram estritamente profissionais. Ele, o CEO determinado, ela, a analista dedicada. Mas à noite, quando o escritório se esvaziava, as máscaras caíam.
Era uma dança perigosa que os deixava em constante estado de tensão. “A proposta da gráfica Santos está 15% acima do orçamento”, disse Valéria numa reunião de terça-feira, mantendo sua voz neutra e profissional enquanto deslizava o relatório pela mesa. Sebastião pegou o documento, seus dedos roçando brevemente nos dela. “Vou analisar e te dou um retorno até o final do dia.
” Para qualquer observador casual, era uma interação completamente normal entre chefe e funcionária. Mas Valéria sentiu a centelha elétrica no breve toque. Viu o calor que passou pelos olhos verdes dele. Mais tarde, naquela tarde, ela estava concentrada em seu computador quando uma mensagem apareceu em seu chat interno.
Setun Romeiro precisa revisar uns detalhes do orçamento. Minha sala 19 errores. Valéria olhou ao redor do escritório, ainda havia alguns colegas trabalhando. Digitou de volta: “Vantos, pode servia e-mail romeiro. Prefiro pessoalmente. É complexo. Ela sabia que deveria insistir no e-mail. Sabia que estar sozinha com ele no escritório era brincar com fogo.
Mas às 7 da noite encontrou-se batendo na porta de sua sala. Entre. Sebastião estava de pé atrás de sua mesa, gravata afrouxada, mangas arregaçadas. A imagem casual dele sempre fazia coisas estranhas ao estômago dela. “Você queria me ver?”, perguntou ela, fechando a porta atrás de si. Sempre. A resposta escapou antes que ele pudesse se controlar.
O ar entre eles imediatamente se carregou de tensão. Valéria se aproximou da mesa, tentando manter o foco no trabalho. Então, sobre o orçamento, esqueça o orçamento disse Sebastião, contornando a mesa para ficar mais perto dela. Você está me matando, Valéria. Como assim? Aquela blusa! Murmurou ele, os olhos percorrendo a blusa de seda azul que abraçava suas curvas.
Você sabia o que estava fazendo quando a escolheu esta manhã? Valéria corou. Talvez tivesse escolhido aquela blusa pensando nele. Sebastião, estamos no seu escritório. Eu sei onde estamos. Ele deu mais um passo. E sei que qualquer um pode entrar a qualquer momento. Isso deveria me parar? Sim, sussurrou ela, mas seu corpo dizia o contrário, inclinando-se involuntariamente em direção a ele.
“Então me pare”, desafiou ele, suas mãos encontrando sua cintura. Em vez de afastá-lo, Valéria encontrou suas mãos se agarrando em sua camisa. Alguém pode ver? As persianas estão fechadas. Sebastião inclinou a cabeça, seus lábios roçando seu pescoço. E a porta tem trava.
Isso é loucura! Murmurou ela, mas já estava perdida na sensação dos lábios dele em sua pele. A melhor loucura da minha vida. Eles se beijaram ali mesmo contra a mesa dele, com a urgência desesperada de amantes que sabiam que estavam correndo riscos. Quando finalmente se separaram, ambos estavam sem fôlego. “Precisamos parar com isso”, disse Valéria, arrumando a blusa.
“Precisamos”, concordou Sebastião, mas seus olhos diziam o contrário. “Sebastião?” A voz de Vasconcelos, o contador ecoou do corredor, seguida de batidas na porta. Os olhos de ambos se arregalaram. Valéria correu para o outro lado da sala enquanto Sebastião rapidamente ajeitou a gravata e destrancou a porta.
“Entre, vasconcelos”, disse ele, sua voz perfeitamente controlada. “Desculpe incomodar, mas preciso desses números para amanhã.” O contador parou quando viu Valéria. Ó, Senrita Santos, não sabia que estava aqui. Estávamos discutindo o orçamento da Bienal, disse Valéria, surpreendendo-se com a firmeza de sua própria voz. Claro. Vasconcelos olhou entre os dois com uma expressão levemente suspeitosa.
Bem, posso voltar mais tarde? Não é necessário”, disse Sebastião. “Já terminamos por aqui.” Quando Valéria saiu da sala, podia sentir os olhos de Vasconcelos a seguindo. Seu coração ainda batia descompensado e ela sabia que havia sido por pouco, muito por pouco. Na manhã seguinte, ela chegou cedo, determinada a manter distância de Sebastião.
Mas quando encontrou um café quentinho e um croaçante em sua mesa com um bilhete para compensar a reunião cancelada ontem, Sentiu seu coração derreter um pouco mais. Era assim com ele. Pequenos gestos que a faziam esquecer todas as razões pelas quais aquilo era perigoso. “Alguém tem um admirador secreto”, brincou Matias, o designer, aparecendo ao lado de sua mesa. Valéria quase engasgou com o café.
É só um colega, sendo gentil. Matias. Helena apareceu correndo. Você precisa me ajudar com aquele layout. Valéria observou os dois se afastarem, notando como Helena corava quando falava com Matias, como ele sorria de forma diferente para ela. Pelo menos alguns romances de escritório tinham potencial para dar certo.
Mas quando viu Sebastião passar por sua mesa mais tarde, trocando apenas um olhar carregado com ela, Valéria soube que estava em território muito mais perigoso e a parte mais assustadora era que ela não queria sair de lá. Era uma quinta-feira qualquer quando Lúcia Navarro do RH decidiu fazer uma visita não anunciada ao andar executivo.
Havia alguns documentos que precisava de Sebastião assinar e como sua secretária havia saído cedo, Lúcia resolveu subir pessoalmente. Valéria não a viu chegando. Ela estava no escritório de Sebastião, supostamente revisando os últimos detalhes da apresentação para os investidores reais que chegaria no dia seguinte.
Mas quando Sebastião se levantou para pegar um arquivo, passando atrás de sua cadeira, ela impulsivamente segurou sua mão. “Obrigada”, disse ela baixinho, “por confiar em mim com esse projeto. Obrigado você”, respondeu ele, “po me fazer acreditar que posso ser mais do que apenas um empresário.” Foi um momento íntimo, carregado de significado. E quando Sebastião se abaixou para beijá-la suavemente, foi puro instinto.
dois amantes roubando um momento privado, até que o flash de uma câmera de celular os congelou. Lúcia Navarro estava parada na porta, o telefone ainda erguido, os olhos arregalados de choque e algo que parecia triunfo. “Desculpem”, disse ela, mas sua voz carregava qualquer coisa menos arrependimento. Eu bati, mas ninguém respondeu.
Valéria saltou da cadeira como se tivesse levado um choque elétrico. “Lúcia, isso não é o que parece.” Lúcia sorriu friamente. “Claro que não, querida. Sebastião deu um passo à frente, sua voz perigosamente baixa. Senhorita Navarro, espero que entenda a importância da descrição. Naturalmente, Senr. Romeiro. Lúcia guardou o telefone na bolsa. Apenas trouxe os documentos que precisa assinar. deixo aqui na mesa.
Ela saiu, mas não antes de lançar um olhar carregado para Valéria, um olhar que disse claramente que aquela informação não ficaria em segredo por muito tempo. Assim que ficaram sozinhos, Valéria começou a andar de um lado para outro como um animal enjaulado. “Estamos ferrados”, murmurou ela. “Cletamente ferrados. Valéria, calma! Calma!” Ela se virou para ele, os olhos brilhando com pânico. Ela tem uma foto, Sebastião.
Uma foto nossa se beijando no seu escritório. E daí? E daí? Valéria quase gritou. Você sabe o que vão pensar? Que eu consegui esse projeto porque estou transando com você. Isso é ridículo. Você é a melhor analista que temos. Isso não importa. As lágrimas começaram a escorrer pelo rosto dela. Todo o meu trabalho, toda a minha credibilidade. Vão achar que foi tudo por causa disso.
Sebastião tentou se aproximar, mas ela recuou. Valéria, não. Ela enxugou as lágrimas com as costas das mãos. Isso tem que acabar. O quê? Nós Isso tudo. Sua voz estava quebrando. Não posso perder tudo que construí por causa de um romance. Não é apenas um romance. disse Sebastião, sua voz carregada de dor. Você disse que me amava e eu amo.
A confissão saiu como um grito. É por isso que isso dói tanto. O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Sebastião a encarava como se ela tivesse acabado de esfaqueá-lo no peito. “Então é isso?”, perguntou ele finalmente.
“Você vai jogar fora o que temos por causa do que os outros podem pensar?” É fácil para você dizer, retrucou Valéria. Você é o chefe. Você pode fazer o que quiser, mas eu eu tenho que viver com as consequências. Nós dois temos que viver com as consequências, disse Sebastião. A diferença é que eu estou disposto a enfrentá-las. Bem, eu não estou. Valéria pegou sua bolsa, dirigindo-se à porta.
Isso acaba aqui, Sebastião. Tem que acabar. Valéria, espera. Mas ela já havia saído, deixando-o sozinho em seu escritório, cercado pelos destroços do que poderia ter sido o grande amor de sua vida. Na manhã seguinte, Valéria chegou ao trabalho, determinada a agir como se nada tivesse acontecido.
Mas os olhares que recebeu dos colegas, alguns curiosos, outros piedosos, alguns abertamente hostis, confirmaram seus piores medos. A notícia havia se espalhado. É verdade, sussurrou Helena quando ela passou pela recepção. Você e o Senr. Romeiro? Valéria não respondeu, mantendo a cabeça erguida enquanto caminhava até sua mesa, mas por dentro seu coração estava se despedaçando, especialmente quando viu Sebastião passar pelo corredor sem nem olhar na direção dela. Era isso.
Então, havia acabado antes mesmo de realmente começar. E Valéria nunca havia se sentido mais miserável na vida. Os dias seguintes foram um inferno para Valéria. Os sussurros a seguiam pelos corredores, as conversas paravam quando ela entrava em uma sala e os olhares de julgamento pareciam queimar sua pele.
Pior ainda, Sebastião parecia ter aceito o fim do relacionamento sem luta. Ele era cortissional, mas distante, tratando-a como qualquer outro funcionário. Era exatamente o que ela havia pedido. Então, por que doía tanto? Você está bem? Perguntou Matias numa tarde de sexta-feira, encontrando-a sozinha na copa, mexendo distraídamente um café que já estava frio. “Estou ótima”, mentiu ela. Valéria.
Matias se sentou ao lado dela. “Todo mundo sabe que você é uma das pessoas mais talentosas desta empresa. Isso que está rolando vai passar. Vai?” Ela riu amargamente. Matias, eles acham que eu sou uma oportunista que usou o corpo para conseguir projetos. Quem pensa assim não te conhece de verdade. Mas e se Valéria parou as palavras presas na garganta? E se o quê? E se parte de mim está começando a acreditar nisso também? Antes que Matias pudesse responder, Vasconcelos apareceu na entrada da Copa, seu rosto carregado de desaprovação.
“Senhorita Santos”, disse ele com frieza. “Acho melhor você saber que alguns de nós temos sérias preocupações sobre a integridade dos processos desta empresa.” Valéria sentiu o sangue gelar. “Como assim? Projetos de R$ 8 milhões de reais não deveriam ser distribuídos com base em favorecimento pessoal.” Vasconcelos”, advertiu Matias.
“Cuidado com o que está insinuando. Não estou ensinuando nada. Estou afirmando.” Os olhos pequenos de Vasconcelos se fixaram em Valéria. “Ah, tenho certeza de que uma auditoria completa do processo de seleção seria muito esclarecedora”. Valéria se levantou, as mãos tremendo de raiva.
“Você está questionando minha competência profissional?” “Estou questionando seus métodos”. A insinuação foi como um tapa no rosto. Valéria sabia que deveria se defender, explicar que o projeto havia sido oferecido antes de qualquer envolvimento pessoal, mas as palavras simplesmente não vinham. “Com licença”, murmurou ela, saindo da copa rapidamente. Mas Vasconcelos não havia terminado.
“Ah, e senrita Santos, espero que saiba que alguns de nós estamos considerando levar essas preocupações à diretoria.” Valéria parou no corredor, o mundo girando ao seu redor. Se Vasconcelos levasse suas acusações adiante, não seria apenas sua reputação em jogo, seria sua carreira inteira. Ela precisava encontrar Sebastião. Ela o encontrou em seu escritório, trabalhando em seu computador com a concentração intensa que ela havia aprendido a reconhecer.
Quando ela bateu na porta, ele levantou os olhos e, por um momento, ela viu um flash de algo, dor, saudade, antes da máscara profissional descer novamente. “Valéria, entre, Sebastião, eu” Ela fechou a porta atrás de si, lutando para encontrar as palavras certas. Vasconcelos está ameaçando ir à diretoria. “Eu sei”. Sua voz era cansada.
se ele já veio falar comigo e e disse a ele que qualquer questionamento sobre seus métodos profissionais teria que passar primeiro por uma análise completa de seu histórico na empresa. Sebastião se recostou na cadeira. Seus números falam por si só, Valéria. Aumento de vendas, campanhas bem-sucedidas, inovação constante. Mas isso não vai parar os rumores, disse ela, se aproximando de sua mesa.
As pessoas ainda vão achar que o que as pessoas acham não deveria importar para você. A forma fria como ele disse isso a feriu. Como pode dizer isso? Porque é a verdade. Sebastião a encarou diretamente. Você tomou sua escolha, Valéria. Escolheu a opinião dos outros sobre nós. Eu escolhi minha carreira. Não. Ele se levantou, contornando a mesa para ficar mais perto dela. Você escolheu o medo.
As palavras a atingiram como um soco no estômago, porque ela sabia que ele estava certo. Sebastião, sabe o que eu faria se estivesse no seu lugar? Sua voz era baixa, intensa. Eu levantaria a cabeça e diria para todos irem para o inferno, porque o que temos, o que tínhamos, vale mais que a opinião de qualquer um.
Lágrimas picaram os olhos dela. E se você estiver errado? E se realmente arruinar tudo, então a ruína. Sebastião deu de ombros, mas ela podia ver a dor em seus olhos. Pelo menos você teria vivido de verdade. Eles ficaram ali parados a apenas alguns centímetros de distância, o ar carregado de todas as palavras não ditas, todo o amor que ainda pulsava entre eles, apesar de tudo. “Eu sinto muito”, sussurrou ela.
“Eu também”, respondeu ele. E quando Valéria saiu de seu escritório, soube que havia cometido o maior erro de sua vida, mas talvez ainda houvesse tempo de consertá-lo. se ela tivesse coragem suficiente. No fim de semana, Valéria não saiu de casa. Ficou no sofá de pijama, assistindo a filmes românticos ruins e comendo sorvete diretamente da embalagem.
Um clichê patético que ela desprezava, mas que parecia apropriado considerando o estado de sua vida. Foi Helena quem finalmente a tirou de sua autocomiseração. Você vai ficar aí se lamentando para sempre ou vai fazer alguma coisa? perguntou a amiga, invadindo seu apartamento na segunda-feira de manhã, com chaves que Valéria havia lhe dado para emergências. “Estou fazendo alguma coisa”, protestou Valéria da posição fetal no sofá. “Estou processando.
Você está se escondendo.” Helena se sentou na mesa de centro, bloqueando sua visão da TV. E sabe o que mais? Está deixando que aquele verme do Vasconcelos ganhe. Helena, não me escuta. A voz da amiga era firme. Eu trabalho nessa empresa há 5 anos. Vi pessoas serem promovidas por politicagem. Vi homens mediocres subirem na carreira enquanto mulheres competentes ficavam estagnadas.
E você sabe o que nunca vi? O quê? Vi uma mulher conquistar um projeto de R$ 8 milhões de reais com base puramente em seu talento. Helena segurou as mãos de Valéria. Você é brilhante, Val. sempre foi. E se está apaixonada pelo chefe. E daí? Desde quando amor é crime? Desde quando pode arruinar minha reputação profissional? Sua reputação profissional é impecável, retrucou Helena.
São os outros que têm mentes sujas. Valéria se sentou, finalmente encarando a amiga. E se você estiver errada? E se eu realmente consegui esse projeto porque Sebastião estava interessado em mim? Você acredita nisso? A pergunta a pegou desprevenida. Valéria pensou em seu histórico, em suas campanhas de sucesso, em como Sebastião havia reagido quando viu seu trabalho naquela primeira noite no escritório, com genuína admiração e respeito. “Não”, admitiu ela. “Não acredito.
” “Então, por que está deixando que os outros plantem essa dúvida na sua cabeça?” Era uma pergunta válida e Valéria não tinha uma boa resposta. Vem comigo”, disse Helena, levantando-se. “Você vai tomar um banho, se arrumar e vai trabalhar e vai fazer o melhor projeto da sua vida.” Helena, eu não sei se consigo. “Consegue sim”. A amiga sorriu.
“E sabe por quê?” “Porque você não é apenas uma profissional excepcional. Você é uma mulher apaixonada e mulheres apaixonadas podem mover montanhas. Duas horas depois, Valéria estava em sua mesa, olhando para a tela do computador com renovada determinação. Helena estava certa. Ela não iria se esconder nem se deixar intimidar.
Se sua relação com Sebastião havia complicado as coisas, então ela provaria com seu trabalho que merecia estar ali. Valéria. Matias apareceu ao lado de sua mesa, segurando uma xícara de café. Posso falar com você um minuto? Claro. Ele se aproximou, baixando a voz. Queria que soubesse que estou do seu lado nessa história toda. Obrigada, Matias. E tem outra coisa.
Ele olhou ao redor, garantindo que ninguém estava ouvindo. Lúcia do RH anda mostrando aquela foto para meio mundo. O estômago de Valéria afundou. Sério? Sério. Mas sabe o que é interessante? As pessoas estão reagindo de forma diferente do que ela esperava. Como assim? Bem, o pessoal mais jovem acha romântico. Dois adultos solteiros se apaixonando.
Matias deu de ombros. E os mais velhos estão lembrando que você já era uma funcionária exemplar muito antes de o Sebastião aparecer. Valéria sentiu uma centelha de esperança. É verdade. É, na verdade, acho que o único que realmente está fazendo escândalo é o Vasconcelos. E todo mundo sabe que ele tem inveja de você desde sempre.
Antes que Valéria pudesse responder, uma comoção no andar executivo chamou a atenção de ambos. Vozes elevadas, passos apressados. O que será que está acontecendo?”, murmurou Matias. Eles não precisaram esperar muito para descobrir. Em poucos minutos, Lúcia do RH apareceu no andar deles, o rosto vermelho de raiva seguida de perto por Sebastião.
“Senrita Navarro!”, a voz dele estava controlada, mas havia aço nela. “Espero que tenha entendido nossa conversa.” “Perfeitamente”, respondeu Lúcia através dos dentes cerrados. Ótimo. E espero que entenda também que qualquer comportamento que prejudique o ambiente de trabalho dos meus funcionários terá consequências. Lúcia lançou um olhar venenoso para Valéria antes de sair pisando duro.
Sebastião ficou parado por um momento, seus olhos encontrandoos dela através do escritório. Houve algo naquele olhar, uma promessa, uma declaração silenciosa de que ele lutaria por ela, mesmo que ela não lutasse por si mesma. E naquele momento, Valéria soube o que precisava fazer. Era hora de parar de se esconder. Era hora de lutar pelo que queria.
Naquela noite, Valéria trabalhou até mais tarde que o usual, mas não por causa do projeto da Bienal. Ela estava pesquisando, planejando, se preparando para o que sabia que precisava fazer. Quando finalmente saiu do escritório, já passava das 10 horas. O estacionamento estava quase vazio, apenas algumas luzes esparsas, iluminando os carros restantes. Ela estava caminhando em direção ao seu carro quando ouviu passos atrás dela. Valéria.
Ela se virou para encontrar Sebastião caminhando em direção a ela, as mãos nos bolsos, expressão cautelosa. Sebastião, você ainda está aqui? Podíamos conversar? O coração dela disparou. Sobre o quê? sobre nós, sobre o que aconteceu hoje com Lúcia. Ele parou a alguns metros dela. Sobre o fato de que não consigo parar de pensar em você.
A honestidade brutal na voz dele quase a derrubou. Sebastião, sei que disse que respeitaria sua decisão, continuou ele. E respeito, mas não posso ficar quieto vendo você sofrer por causa de mexericos e inveja. Você falou com ela por minha causa? Falei com ela porque o que ela estava fazendo era assédio moral.
Sebastião deu um passo mais perto. E porque mesmo que você não queira mais nada comigo, eu sempre vou proteger você. Lágrimas picaram os olhos dela. Por quê? Porque eu te amo, Valéria. Completamente desesperadamente, irreversivelmente. Sua voz era baixa, intensa. E sei que você me ama também. Você não entende”, sussurrou ela.
Não é sobre amar ou não amar. É sobre É sobre quê? Sobre o que os outros vão pensar. Sebastião riu amargamente. Sabe o que descobri hoje conversando com alguns funcionários? A maioria deles não se importa. Na verdade, muitos estão torcendo por nós. É verdade. É verdade. O problema nunca foram os outros, Valéria. O problema é que você está com tanto medo de perder o que construiu que esqueceu de viver.
As palavras dele a acertaram como um soco no estômago, porque eram verdade. Ela havia passado tanto tempo se protegendo, construindo suas defesas, que havia esquecido como era se permitir ser vulnerável. “E se der errado?”, perguntou ela, a voz quebrando. E se nos envolvemos completamente e depois não der certo, como vamos trabalhar juntos? E se der certo? Retrucou ele.
E se for a melhor coisa que já aconteceu com a gente? Valéria o encarou, vendo a esperança e o medo em seus olhos verdes, e soube que havia chegado a um ponto de decisão. Poderia continuar se escondendo atrás de seus medos ou poderia escolher a coragem. Sebastião”, disse ela, dando um passo em direção a ele. “Tenho algo para te dizer.” “O quê? Você está certo sobre tudo?” As palavras saíram em uma torrente. “Eu te amo.
Estou apavorada, mas te amo.” E cansei de deixar o medo decidir minha vida. O sorriso que iluminou o rosto dele foi como o sol nascendo. “Você tem certeza?” Em resposta, ela fechou a distância entre eles, puxando-o para um beijo desesperado, faminto, repleto de semanas de saudade e arrependimento.
Quando finalmente se separaram, ambos estavam sem fôlego. “Então, o que fazemos agora?”, perguntou ela. “Agora”, disse Sebastião, entrelaçando os dedos nos dela. “Nós paramos de nos esconder. Como assim?” “Amanhã vou convocar uma reunião geral.” A determinação em sua voz era absoluta. E vou contar para todos exatamente como me sinto por você. Valéria arregalou os olhos. Sebastião, você não pode? Posso sim e vou.
Ele segurou o rosto dela entre as mãos. Chega de segredos. Chega de vergonha. Se vamos fazer isso, vamos fazer direito. E se for um desastre, então será nosso desastre. Ele a beijou suavemente juntos. E enquanto ficavam ali parados no estacionamento vazio, abraçados sob as luzes da cidade, Valéria soube que havia tomado a decisão certa. Não seria fácil.
Haveria consequências, conversas difíceis, olhares curiosos, mas pela primeira vez em semanas ela se sentia viva e isso valia qualquer risco. A notícia da reunião geral convocada para as 10 da manhã da sexta-feira se espalhou pela editora Aurora como fogo em palha seca. Especulações corriam soltas pelos corredores, demissões em massa, reestruturação da empresa, mudança de rumo nos projetos.
Valéria sabia a verdade e seu estômago estava em nós desde que acordara. “Você tem certeza sobre isso?”, perguntou ela quando Sebastião a encontrou na Copa antes da reunião. “Nunca tive tanta certeza de nada na minha vida. Ele lhe entregou uma xícara de café, o especial de Minas que ele sempre trazia para ela.
E você? Valéria tomou um gole, deixando o líquido quente acalmá-la. Apavorada, mas certa. É normal estar apavorada. Sebastião tocou gentilmente sua mão. Eu também estou. Você, Sebastião Romeiro, o empresário destemido. Quando se trata de você, eu me torno um adolescente nervoso. Ele sorriu, mas havia sinceridade em seus olhos. Você me desestabiliza completamente, Valéria Santos.
Antes que ela pudesse responder, vozes no corredor indicaram que era hora. Funcionários caminhavam em direção ao auditório, alguns parecendo preocupados, outros curiosos. “Vamos?”, perguntou Sebastião. Vamos. O auditório estava lotado quando eles chegaram. Todos os funcionários da editora estavam presentes.
Valéria se sentou na terceira fileira, tentando ignorar os olhares curiosos que a seguiram. Helena lhe deu um sorriso encorajador. Matias acenou discretamente e até alguns colegas que ela não esperava ofereceram sorrisos solidários. Sebastião subiu ao palco com a confiança natural de alguém acostumado a comandar salas de reunião.
Mas Valéria podia ver atenção em seus ombros, a forma como seus dedos tamborilaram uma única vez na lateral da tribuna antes de começar. “Bom dia a todos”, disse ele, sua voz ecoando pelo microfone. “Sei que muitos de vocês estão se perguntando o motivo desta reunião.” “Bem, é sobre transparência.
” Um murmúrio percorreu a audiência. Como sabem, nos últimos dias tem havido especulações sobre a integridade de nossos processos de seleção, especificamente questionamentos sobre como certas decisões são tomadas nesta empresa. Sebastião parou, seus olhos encontrando os de Valéria na plateia. Estou aqui hoje para esclarecer esses questionamentos.
O coração de Valéria martelava tão forte que ela tinha certeza de que toda a sala podia ouvi-lo. Primeiro quero falar sobre o projeto da Bienal Internacional do Livro. Sebastião começou a caminhar pelo palco, sua presença dominando completamente o espaço. Um projeto de R$ 8 milhões de reais que foi atribuído à analista Valéria Santos.
Todos os olhos se voltaram para ela e Valéria sentiu o rosto corar. Alguns questionaram se essa decisão foi baseada em critérios puramente profissionais. A voz de Sebastião carregou uma nota perigosa. Deixem-me ser absolutamente claro. Foi. Ele parou, encarando diretamente Vasconcelos, que estava sentado na primeira fileira com expressão azeda. Valéria Santos é responsável por um aumento de 22% nas vendas no último trimestre. Suas campanhas têm sido consistentemente inovadoras e eficazes.
Seu histórico profissional é impecável. Cada palavra era pronunciada com precisão cortante. Se existe alguém nesta empresa qualificado para liderar nosso maior projeto, é ela. Aplausos espontâneos eclodiram pelo auditório, fazendo Valéria piscar de surpresa. Mas continuou Sebastião quando o aplauso diminuiu. Há outra coisa que preciso esclarecer.
O silêncio que se seguiu foi absoluto. Tem havido especulações sobre minha relação pessoal com a senorita Santos. Sebastião respirou fundo. E é verdade. O auditório explodiu em murmúrios. Valéria sentiu como se todo o ar tivesse sido sugado da sala. Estou apaixonado por Valéria Santos”, disse Sebastião, sua voz cortando através do ruído, completamente irrevogavelmente apaixonado.
O silêncio retornou mais profundo que antes, mas quero que todos entendam uma coisa: esse sentimento se desenvolveu após a atribuição do projeto. Sebastião olhou diretamente para Valéria. Na verdade, ela me rejeitou várias vezes por preocupações éticas. Foi preciso muita insistência de minha parte para convencê-la de que poderíamos separar o profissional do pessoal. Lágrimas picaram os olhos de Valéria.
Ele estava sacrificando sua própria reputação para proteger a dela. Alguns de vocês podem questionar se é apropriado que o CEO se relacione com uma funcionária, continuou Sebastião. É uma preocupação válida, mas também acredito que o coração não segue hierarquias corporativas. Risadas baixas ecoaram pela sala. Valéria Santos é uma das pessoas mais íntegras que já conheci.
Ela se recusou a aceitar qualquer privilégio ou tratamento especial por causa de nosso relacionamento. Na verdade, ela tentou terminar comigo para proteger sua reputação profissional. Sua voz ficou mais suave. Felizmente, consegui convencê-la de que o amor vale alguns riscos. Sebastião desceu do palco, caminhando diretamente em direção a Valéria. A plateia inteira se virou para acompanhar seus movimentos.
“Valéria”, disse ele quando chegou à sua fileira, estendendo a mão. “Você poderia vir aqui?” Com as pernas trêmulas, Valéria se levantou e caminhou até o palco com ele. O auditório estava em completo silêncio, todos os olhos fixos neles. No palco, Sebastião virou-se para encará-la, segurando suas mãos.
Eu te amo”, disse ele, sua voz amplificada pelo microfone, “E quero que todo mundo saiba”. E então, diante de toda a editora Aurora, ele a beijou. O auditório explodiu em aplausos ensurdecedores. Quando os aplausos finalmente diminuíram, Valéria se encontrou no palco, segurando as mãos de Sebastião, encarando um auditório cheio de colegas que a olhavam com expressões que variavam de aprovação.
A curiosidade a sim, alguns poucos rostos desaprovadores. Valéria disse Sebastião Baixinho só para ela ouvir. Você quer dizer alguma coisa? Ela olhou para a plateia, viu Helena com lágrimas de alegria nos olhos, Matias sorrindo abertamente e até alguns dos funcionários mais antigos acenando encorajadoramente.
Mas também viu vasconcelos com os braços cruzados e uma expressão petulante, Lúcia do RH, parecendo como se tivesse engolido um limão e alguns outros rostos céticos. E soube que havia uma última coisa que precisava fazer. “Posso?”, perguntou ela, apontando para o microfone. Sebastião assentiu, recuando um passo, mas mantendo uma mão em sua cintura em apoio silencioso.
“Obrigada”, começou Valéria, sua voz inicialmente trêmula, mas ganhando força. “Sei que os últimos dias foram complicados para todos nós.” Risos baixos ecoaram pela sala. Quero que vocês saibam que entendo completamente porque alguns de vocês podem estar questionando como as coisas aconteceram. Eu mesma questionei.
Ela respirou fundo. Quando descobri que o homem por quem estava me apaixonando era meu chefe, minha primeira reação foi pânico. Ela podia ver cabeças acenando em compreensão. Pensei em todas as formas como isso poderia ser interpretado. Pensei em minha reputação, minha carreira, no que vocês poderiam pensar de mim. Sua voz ficou mais firme.
E sabe o que descobri? que viver com medo do julgamento dos outros é não viver de verdade. Mais aplausos, desta vez mais calorosos. Trabalho nesta empresa há três anos. Nestes tr anos, dediquei-me completamente aos meus projetos, as minhas responsabilidades. Meus números falam por si só. Ela olhou diretamente para Vasconcelos.
E não vou permitir que ninguém questione minha integridade profissional baseado em mexericos ou inveja. O aplauso agora era ensurdecedor. Até mesmo alguns dos rostos céticos começavam a parecer admirados. “Sim, estou apaixonada pelo meu chefe”, continuou Valéria quando o ruído diminuiu. E sim, isso complica as coisas, mas sabem o que mais? O amor complica tudo e vida sem complicações é vida sem paixão. Ela se virou para Sebastião, que a olhava como se ela fosse a coisa mais incrível do mundo.
Sebastião Romeiro é um homem íntegro, um empresário visionário e alguém que vê e valoriza o potencial das pessoas ao seu redor. Ele me escolheu para o projeto da Bienal porque acredita no meu trabalho e eu me apaixonei por ele porque ele me faz querer ser a melhor versão de mim mesma.
Ela voltou-se novamente para a plateia. Então, para aqueles que têm dúvidas, julguem-me pelo meu trabalho, pelos resultados que entrego, pela paixão que coloco em cada projeto, pela dedicação que demonstro todos os dias. Sua voz ficou mais suave e mais pessoal. E para aqueles que se preocupam com nossa felicidade, obrigada.
Significa muito saber que temos pessoas que torcem por nós. Valéria fez uma pausa, olhando para Sebastião com tanto amor que várias pessoas na plateia suspiraram audivelmente. “Não sei o que o futuro reserva para nós”, disse ela finalmente. Relacionamentos são arriscados, especialmente quando misturados com trabalho, mas sei que prefiro arriscar tudo por algo real do que viver uma vida segura e vazia. Ela segurou a mão de Sebastião mais forte.
Então, sim, estamos juntos e não vamos mais nos esconder. Um sorriso travesso apareceu em seus lábios, mas isso não significa que vou pegar leve com ele nas reuniões. O auditório explodiu em risos e aplausos. Até Sebastião riu, puxando-a para um abraço rápido. “Alguma pergunta?”, perguntou ele ao microfone. Helena levantou a mão.
“Quando é o casamento?” Valéria corou profundamente enquanto Sebastião ria. Calma aí, Helena, uma coisa de cada vez. Mas quando ele olhou para Valéria, havia uma promessa em seus olhos que fez o coração dela acelerar. Talvez não fosse uma pergunta tão prematura assim. Matias levantou a mão. Só quero dizer que é sobre tempo.
Vocês dois estavam obviamente loucos um pelo outro há semanas, mais risos e aplausos. Vasconcelo se levantou bruscamente e saiu da sala, seguido por Lúcia e mais dois ou três funcionários. Mas a grande maioria permaneceu e o clima era claramente de aprovação e alegria. “Bem”, disse Sebastião quando as coisas se acalmaram. “Acho que isso resolve nossas questões de transparência.” “Resolve, sim”, gritou alguém do fundo.
“Agora voltem ao trabalho, pombinhos”. Risos e aplausos finais enquanto as pessoas começavam a se dispersar. Quando ficaram relativamente sozinhos no palco, Sebastião puxou Valéria para mais perto. “Você foi incrível”, murmurou ele. “Absolutamente incrível. Ainda estou tremendo, admitiu ela. Eu também.” Ele beijou sua testa. “Mas fizemos isso.
Estamos do outro lado.” “Sim”, sorriu Valéria. “Estamos?” E pela primeira vez em semanas, ela se sentiu completamente livre. Três meses depois, Valéria estava de pé no centro da Bienal Internacional do Livro de São Paulo, observando milhares de pessoas navegando pelos ambientes temáticos que ela havia criado.
Crianças corriam pela floresta encantada, casais namoravam na praia dos romances e leitores de mistério se perdiam na delegacia vintage. Literatura viva havia se tornado a sensação da Bienal. Orgulhoso de você”, disse uma voz familiar atrás dela. Valéria se virou para encontrar Sebastião se aproximando, duas taças de champanhe nas mãos.
Ele estava elegante em um terno azul marinho, mas foi o sorriso orgulhoso em seus lábios que fez o coração dela acelerar. Orgulhoso de nós! Corrigiu ela, aceitando a taça. Foi um trabalho de equipe. Foi mesmo? Ele brindou com ela. A literatura viva. A literatura viva! repetiu ela. Eles beberam, observando as multidões que pareciam genuinamente encantadas com as instalações. “Os números finais chegaram”, disse Sebastião.
“Aumento de 40% na participação comparado ao ano passado. Três editoras já procuraram você para projetos similares.” Valéria sorriu. “E o que você disse a elas? que minha analista de marketing mais talentosa está muito ocupada sendo promovida a diretora de campanhas especiais. Valéria quase derrubou a taça. O quê? Você ouviu direito? Os olhos verdes dele brilhavam de diversão.
Salário dobrado, equipe própria, orçamento aprovado para projetos inovadores. Sebastião, você não pode me promover só porque estamos namorando. Não estou promovendo você porque estamos namorando. Ele a interrompeu. Estou promovendo você, apesar de estarmos namorando. E porque você é oficialmente a profissional de marketing mais bem-sucedida na história da editora.
Valéria o encarou, processando a informação. Diretora de campanhas especiais, com o escritório próprio, se quiser. Ele se aproximou mais. Embora pensando bem, talvez seja melhor manter você longe do meu escritório. Você é muito distrativa. Ela riu, lembrando-se daquela tarde na semana passada, quando uma reunião inocente havia se transformado em algo muito mais íntimo.
“Helena vai surtar quando souber”, disse ela. Helena já sabe. Ela foi uma das primeiras a assinar a recomendação e os outros. Matias organizou uma festa surpresa para hoje à noite. Sebastião sorriu. Parece que você conquistou alguns fãs leais. Valéria olhou ao redor da Bienal mais uma vez, vendo seu sonho realizado, seu trabalho reconhecido, sua vida finalmente se encaixando como nunca imaginou que fosse possível.
“Tem mais uma coisa”, disse Sebastião, sua voz ficando mais séria. “O quê?” Em vez de responder, ele tirou uma pequena caixa de veludo do bolso. O mundo de Valéria parou. “Sebastião, calma”, disse ele rindo baixinho. “Não é o que você está pensando ainda.” Ele abriu a caixa para revelar não um anel de noivado, mas uma chave dourada, delicadamente trabalhada.
É a chave do meu apartamento”, explicou ele. “Quero que você venha morar comigo.” Valéria olhou para a chave, depois para o homem que havia virado sua vida de cabeça para baixo da melhor forma possível. “Você tem certeza?”, perguntou ela. Dividir o mesmo espaço, ver um ao outro todos os dias no trabalho e em casa pode ser muito intenso.
Valéria Santos disse ele, fechando a distância entre eles. Eu quero intenso. Quero acordar com você todos os dias. Quero discutir sobre trabalho na cozinha. Quero te ver criar mais projetos brilhantes. Quero construir uma vida com você. As lágrimas picaram os olhos dela. E se não der certo? E se der? Ele ecoou as palavras que havia dito meses atrás no estacionamento. Esse for a maior aventura das nossas vidas.
Valéria pegou a chave, sentindo o metal quente contra sua palma. Uma condição disse ela. Qual? A mesa do café da manhã é minha. Não negocia. O riso que escapou dele foi rico e alegre. Tudo bem, mas só porque eu te amo loucamente. Eu também te amo! sussurrou ela loucamente, quando se beijaram ali no meio da Bienal, cercados pelo sucesso que haviam construído juntos e pelas possibilidades infinitas que se estendiam à frente, Valéria soube que havia aprendido a lição mais importante de sua vida.
Às vezes, as melhores coisas vêm dos encontros mais inesperados. Às vezes, vale a pena arriscar tudo pelo amor verdadeiro e às vezes cuidar com quem você manda se conhecer pode levar exatamente a pessoa que você estava destinada a encontrar. Seis meses depois, quando Sebastião realmente se ajoelhou no terraço do apartamento, que agora dividiam, com uma vista deslumbrante de São Paulo e um anel que fez Valéria ofegar, ela disse sim antes mesmo que ele terminasse a pergunta.
Porque alguns tipos de amor ela havia aprendido valem qualquer risco. E quando você encontra alguém que te faz querer ser corajosa, que te apoia nos seus sonhos e te desafia a ser melhor, você segura com ambas as mãos e nunca mais solta. O amor verdadeiro não é encontrado onde é esperado, mas onde é cultivado com coragem, nutrido com confiança e protegido com determinação.
No.
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