Antes de começar, me conta aqui nos comentários de onde você está assistindo esse vídeo. Se inscreve no canal e deixa aquele like para não perder nenhuma história emocionante e quente como essa. Vamos começar. A névoa de junho envolvia a Avenida Paulista como um manto cinzento naquela manhã de sábado. Daniele observava pela janela do carro, os dedos entrelaçados no colo, tentando controlar o tremor que insistia em percorrer suas mãos.
O vestido de noiva, simples de cetim branco, sem os babados que ela sempre imaginou, parecia pesar toneladas sobre seus ombros. “Já chegamos, senhorita”, anunciou o motorista, sua voz cortando o silêncio como uma lâmina. “Senhorita, por mais alguns minutos apenas, logo seria senhora. Senhora de João Pedro Almeida Santos, a mulher de um homem que nunca havia conversado com ela por mais de 5 minutos.
A capela era discreta, escondida entre prédios comerciais, como se até o local do casamento quisesse passar despercebido. Não havia decoração elaborada, apenas arranjos brancos nos bancos, eficient, minimalista, frio, exatamente como ele. Daniele desceu do carro e o vento gelado de inverno paulistano cortou sua pele exposta.
Ela puxou o chale sobre os ombros nus e caminhou em direção à entrada. Cada passo ecoava como uma sentença. Lá dentro, menos de 20 pessoas ocupavam os bancos. Nenhum amigo seu, nenhuma colega da EMF, onde dava aulas, apenas executivos de terno escuro, rostos inexpressivos e a família Almeida Santos, distante, observadora, julgadora.
E no altar ele, João Pedro estava de costas. Mas Daniele reconheceria aquela postura em qualquer lugar. Ombros largos, rígidos, mãos cruzadas nas costas. O terno preto italiano moldava perfeitamente seu corpo atlético de 1 35. Quando ele se virou, os olhos azuaço encontraram os dela. Nenhum sorriso, nenhuma emoção, apenas uma avaliação fria, como se estivesse inspecionando um relatório trimestral. Daniele sentiu a raiva ferver em suas veias.
Esse era o homem que havia comprado seu futuro, o se anos, que comandava um império de tecnologia do alto de seu escritório na Faria Lima e que agora a observava como se ela fosse mais um ativo em sua carteira de investimentos. A marcha nupsal começou, uma versão instrumental sem alma, tocada por um quarteto de cordas que parecia tão desinteressado quanto o noivo.
Daniele não tinha pai para acompanhá-la ao altar. Seu pai estava no Hospital Albert Einstein, conectado a máquinas, lutando contra uma falência múltipla de órgãos que os médicos diziam ser irreversível, a menos que ele recebesse o tratamento experimental nos Estados Unidos. O tratamento que custava R$ 2 milhões deais, 2 milhões que ela não tinha, 2 milhões que João Pedro ofereceu em troca de um sim.
Então ela caminhou sozinha, cada passo um lembrete de sua própria impotência. Quando chegou ao altar, JP a encarou com aquela expressão neutra, quase entediada. O padre começou a cerimônia com palavras vazias sobre amor e compromisso, conceitos que não existiam naquela capela.
Se alguém tiver alguma objeção a este matrimônio, fale agora ou cá-se para sempre. Silêncio absoluto. Daniele queria gritar, queria correr, queria dizer que tinha mil objeções, mas as palavras ficaram presas em sua garganta quando pensou no rosto pálido do pai na cama do hospital. João Pedro Almeida Santos, você aceita Daniele Ferreira como sua legítima esposa? Aceito.
A voz dele era firme, profissional, como se estivesse fechando um negócio. Daniele Ferreira, você aceita João Pedro Almeida Santos como seu legítimo esposo? Ela olhou nos olhos azuis e frios dele. Por um instante, viu um lampejo de algo. Curiosidade, desafio, mas desapareceu tão rápido quanto surgiu. Aceito. Sua voz saiu mais firme do que esperava. Declaro os marido e mulher. Pode beijar a noiva.
JP se inclinou mecânico e seus lábios roçaram os dela num toque protocolar, sem sentimento, sem vida. Um beijo que durou menos de 2 segundos. Mas quando ele começou a se afastar, Daniele fez algo que nem ela esperava. Agarrou a lapela do terno dele com ambas as mãos e o puxou de volta e o beijou. Não foi um beijo delicado, foi fogo e fúria.
Foi todo o ressentimento, toda a raiva, todo o desespero que ela havia engolido nas últimas semanas. Ela o beijou como se fosse a última coisa que faria, pressionando os lábios contra os dele com uma intensidade que fez os convidados sussurrarem chocados. Por um momento, JP ficou completamente imóvel, surpreso, mas então, como se seu corpo traísse sua mente fria, ele respondeu.
Suas mãos encontraram a cintura dela, os dedos se fechando com força. Ele aprofundou o beijo e Daniele sentiu o gosto de algo selvagem e reprimido nele. Quando finalmente se separaram, ambos estavam sem fôlego. Os olhos de JP estavam escuros, dilatados. E pela primeira vez, ela viu emoção ali, confusão, desejo, raiva.
“Não vou me contentar com menos do que mereço”, Daniele sussurrou apenas para ele ouvir. As mãos de JP apertaram mais sua cintura antes de soltá-la bruscamente, como se ela queimasse. “Veremos”, ele respondeu. A voz rouca. A recepção aconteceu no Clube Paineiras, nos Jardins, uma construção clássica com jardins impecáveis e salões de mármore.
Daniele observava os executivos com suas esposas perfeitamente vestidas, todos fazendo small talk vazio, enquanto salgadinhos caros circulavam em bandejas de prata. Ela se sentia uma impostora naquele vestido branco. Hora da valsa! Anunciou o mestre de cerimônias. JP estendeu a mão para ela, formal, distante. Daniele a aceitou e foram para o centro do salão.
A música começou, uma valsa clássica, previsível. Ele a conduzia com perfeição técnica, mas sem calor. Os dedos dele na cintura dela eram firmes, mas impessoais. Eles dançavam com um espaço de segurança entre seus corpos, como estranhos educados. Foi uma bela performance no altar, JP murmurou, sua boca perto do ouvido dela. Mas não se iluda sobre aquele beijo, Daniele.
Foi apenas uma encenação, um show para nossos convidados. Daniele sentiu a raiva explodir novamente. Encenação. Ela repetiu baixo. É assim que você chama? É exatamente o que foi. E quanto antes você entender as regras deste arranjo, melhor será para ambos. Regras? Daniele parou de dançar no meio da pista.
Que regras? Vamos continuar dançando”, ele ordenou. Sua voz fria. “Você está causando uma cena. Que se dane a cena!” Mas ela retomou os passos apenas para evitar mais humilhação. Quais são suas preciosas regras? Então, este casamento é um contrato. Você representa a esposa perfeita em eventos públicos. Em troca, seu pai recebe o tratamento e você tem acesso a uma vida confortável.
Simples assim. E em particular, em particular, manteremos distância respeitosa, suítes separadas, vidas separadas. Daniele o encarou incrédula. Você realmente acha que eu vou aceitar isso? Não estou pedindo sua opinião. Estou estabelecendo termos. Algo dentro dela se rompeu. Sem pensar, Daniele se ergueu nas pontas dos pés e pressionou seus lábios contra os dele ali mesmo no meio da pista de dança na frente de todos os convidados.
Desta vez o beijo foi diferente. Foi uma declaração de guerra. JP ficou tenso, mas ela sentiu. Sentiu a forma como o corpo dele respondeu instantaneamente, traindo todo aquele controle cuidadosamente construído. Sentiu o calor que emanava dele, a rigidez crescente pressionando contra ela. Quando se separaram, os olhos dele estavam negros de desejo reprimido.
“Você pode mentir para si mesmo o quanto quiser, João Pedro.” Daniele sussurrou, pressionando deliberadamente contra ele. Mas seu corpo não mente. Ela se afastou, deixando-o ali visivelmente abalado, enquanto caminhava de volta para a mesa principal com a cabeça erguida. O resto da recepção passou em um borrão. Daniele sorriu para fotos, aceitou cumprimentos vazios, fingiu que tudo estava perfeitamente bem, mas por dentro seu coração martelava. o que ela tinha feito.
Havia acabado de desafiar o homem mais poderoso e controlador que conhecia, e, pela expressão no rosto dele, quando a observava do outro lado do salão, uma mistura de fúria e algo mais escuro, ela sabia que havia consequências vindo. A pergunta era: “Elava pronta para enfrentá-las? O sol já se escondia atrás dos arranhacéus quando o carro preto atravessou os portões eletrônicos do condomínio fechado em Alfaville.
Daniele observava a paisagem mudar. São Paulo caótica, dando lugar a ruas arborizadas, mansões escondidas atrás de muros altos, segurança privada em cada esquina. Este era o mundo de João Pedro, isolado, controlado, perfeito. A mansão surgiu no fim de uma rua sem saída, ultra moderna, toda em vidro e concreto aparente, com linhas retas que cortavam o céu do entardecer.
Não havia nada de acolhedor nela. Parecia mais um prédio corporativo do que um lar. Chegamos”, anunciou JP, sua voz de volta àquele tom profissional e distante, como se os beijos daquela tarde nunca tivessem acontecido. Daniele desceu do carro e ficou parada diante da estrutura imponente. Jardins geométricos ladeavam o caminho até a entrada.
Cada planta perfeitamente podada, cada pedra milimetricamente posicionada. Até a natureza ali era controlada. Vem, JP disse, já caminhando em direção à porta. Por dentro, a mansão era ainda mais impressionante e fria. O hall de entrada tinha pé direito duplo, piso de mármore italiano branco e uma escadaria flutuante que parecia desafiar a gravidade.
Não havia quadros nas paredes, nenhuma foto de família, nenhum sinal de vida humana. Dona Rosa, JP chamou e uma mulher de uns 60 anos cabelos grisalhos presos em coque apareceu vindo da cozinha. Senhor João Pedro, bem-vindo. Ela sorriu calorosamente, mas o sorriso vacilou quando seus olhos encontraram Daniele. E a senhora deve ser minha esposa, Daniele.
Esta é dona Rosa, governanta da casa há 15 anos. Prazer. Daniele estendeu a mão, mas dona Rosa apenas acenou com a cabeça, claramente desconfortável. Dona Rosa, prepare a suí leste para Daniele. JP instruiu já subindo as escadas. Suíte leste? Daniele repetiu, seguindo-o. Pensei que casados dormissem no mesmo quarto.
JP parou no meio da escada e se virou. Já discutimos isso na recepção. Vidas separadas, lembra? Aquilo não foi uma discussão, foi você ditando ordens. Semântica. Ele continuou subindo. Daniele apertou os punhos, mas o seguiu. O corredor do segundo andar era longo, com cinco portas de cada lado. JP abriu a última porta à esquerda. Esta é sua suí.
O quarto era enorme, cama kinis e com lençóis brancos impecáveis, closet do tamanho de seu antigo apartamento, banheiro com banheira de hidromassagem e chuveiro com múltiplos jatos. Tudo em tons de cinza e branco, tudo frio e sem personalidade. Espero que seja confortável. JP disse entrando. Amanhã dona Rosa te mostrará o resto da casa.
A piscina, a academia, o onde você dorme? Daniele interrompeu. Do outro lado do corredor. Que conveniente. Longe o suficiente para me ignorar, mas perto o bastante para controlar. JP se virou para ela, os olhos azuis brilhando perigosamente. Eu não te ignoro, Daniele. Estou te dando espaço.
Espaço? É assim que você chama trancar sua esposa em uma suí separada? Você não está trancada. A casa inteira está à sua disposição, exceto seu quarto, exceto sua vida. Eles ficaram se encarando. A tensão entre eles era quase palpável. Daniele podia ver a mandíbula dele travada, os músculos do pescoço tensos. Por que você está fazendo isso? Ela finalmente perguntou, sua voz mais suave.
Por que se casar comigo se nunca pretendeu ter um casamento de verdade? Algo passou pelos olhos dele, dor, mas desapareceu tão rápido que ela achou que imaginou. Porque eu precisava de uma esposa e você precisava de dinheiro para salvar seu pai. Foi um acordo justo para ambos.
Mas por que você precisa de uma esposa? Você tem 32 anos, é bem-sucedido, bonito. Ela parou, percebendo o que havia dito. Um sorriso minúsculo tocou os cantos da boca dele. Você me acha bonito? Não é relevante? Claro que não. Mas havia uma nota de satisfação em sua voz. Para responder sua pergunta, minha família estava pressionando. Investidores estavam questionando minha estabilidade por ser solteiro há tanto tempo.
Uma esposa resolve ambos os problemas. Então eu sou apenas uma solução como uma nova estratégia de marketing. Você entende negócios? Impressionante. A crueldade casual na voz dele cortou mais fundo do que qualquer insulto direto. Daniele sentiu os olhos arderem, mas se recusou a chorar na frente dele. “Entendi perfeitamente”, ela disse, mantendo a voz firme. “Sou mobília cara.
Algo para decorar sua vida e impressionar seus investidores. Daniele, não. Ela levantou a mão. Você deixou tudo muito claro. Este é um contrato, um arranjo de negócios. E como em qualquer contrato, ambas as partes têm que cumprir seus termos. Você cumpriu o seu. Meu pai está recebendo tratamento. Eu vou cumprir o meu. Vou representar a esposa perfeita em público. Ótimo.
Mas aqui nesta casa, Daniele deu um passo em direção a ele. Não me peça para fingir que está tudo bem. Não me peça para aceitar silenciosamente sua frieza, porque não vou fazer isso. JP a observou em silêncio e, pela primeira vez, ela viu algo parecido com respeito em seus olhos. Não espero que você aceite silenciosamente”, ele disse, sua voz mais baixa.
“Espero apenas que você mantenha as aparências quando necessário, e o resto do tempo, o resto do tempo você é livre para me odiar o quanto quiser.” Daniele riu sem humor. Que generoso! JP caminhou em direção à porta, mas parou no batente. Jantar é às 8. Dona Rosa prepara comida excelente. Você deve estar com fome. Não tenho apetite. Como quiser. Ele saiu, fechando a porta suavemente atrás de si.
Daniele ficou ali parada, sozinha naquele quarto enorme e vazio, sentindo o peso do dia finalmente desabar sobre ela. Ela havia se casado. Estava morando em uma mansão. Seu pai receberia o tratamento que precisava. Mas por que ela se sentia tão completamente e absolutamente perdida? Ela caminhou até a janela panorâmica.
Lá fora, a piscina Infinity refletia as primeiras estrelas da noite. Os jardins geométricos estavam perfeitamente iluminados. Tudo era lindo e sem vida, como ele ou não? Daniele pensou nos momentos daquele dia, a forma como JP havia respondido aos beijos dela, mesmo tentando resistir, o brilho em seus olhos quando ela o desafiou, a forma como suas mãos haviam apertado sua cintura, como se ele estivesse se segurando para não puxá-la mais perto.
Havia algo ali, algo enterrado sobrole e frieza. E Daniele decidiu ali mesmo que iria descobrir o que era, não porque tinha que cumprir um contrato, mas porque, por alguma razão inexplicável, ela queria entender o homem que havia comprado seu futuro, mas parecia incapaz de viver o próprio presente. Ela olhou para a porta fechada.
Do outro lado do corredor, em seu quarto proibido, estava João Pedro. Será que ele também estava olhando pela janela? Será que ele também sentia a solidão sufocante daquela casa? Ou ele já estava em seu escritório trabalhando, fingindo que aquele dia havia sido apenas mais uma transação bem-sucedida, Daniele não sabia, mas ia descobrir.
Três dias se passaram em uma rotina estranha e desconfortável. JP saía para o escritório antes das 6 da manhã e voltava depois das 11 da noite. Daniele vagava pela mansão como um fantasma, explorando cômodos que pareciam mais showrooms do que espaços vividos. Ela tentou pintar usando os materiais que trouxe de seu antigo apartamento, mas nada saía do jeito certo.
As telas ficavam vazias, assim como ela se sentia. Na quarta manhã, dona Rosa bateu à porta de sua suí, trazendo café e pão de queijo. “O Senr. João Pedro pediu que eu te mostrasse a casa toda hoje”, disse a governanta. Seu tom ligeiramente mais caloroso que no primeiro dia.
Ele não pode me mostrar pessoalmente? Daniele perguntou pegando a xícara de café. Dona Rosa desviou o olhar. O senhor está ocupado? Claro que está. Elas passaram a manhã percorrendo a mansão. Academia completa no terceiro andar, cinema particular, adega climatizada. Cada espaço mais impressionante e impessoal que o anterior.
E aquele cômodo? Daniele apontou para uma porta trancada no fim do corredor do segundo andar, o escritório particular João Pedro. Ele pediu especificamente que ninguém entre lá. Naturalmente, mais um espaço proibido. Depois do almoço, dona Rosa foi fazer compras no mercado, deixando Daniele sozinha. Ela tentou ler, assistir TV, qualquer coisa para ocupar a mente, mas suas pernas a levaram quase involuntariamente de volta àquela porta trancada.
Ela experimentou a maçaneta trancada como esperado, mas quando olhou para cima, notou algo. A moldura da porta tinha uma pequena irregularidade. E de anos morando em apartamento alugado com problemas, Daniele conhecia aquele tipo de fechadura simples. Um grampo de cabelo, 2 minutos de trabalho cuidadoso, clique. O escritório era diferente do resto da casa. As paredes eram de madeira escura, não concreto frio.
Havia uma mesa antiga de jacarandá, estantes cheias de livros, não apenas manuais de negócios, mas literatura clássica, poesia, romances. E na parede atrás da mesa, uma única pintura. Daniele se aproximou, o coração acelerando. Era uma paisagem do litoral paulista, Ubatuba, talvez, com pinceladas impressionistas que mostravam habilidade real.
E no canto inferior direito, as iniciais, JP, João Pedro pintava, ela observou melhor a pintura. Havia emoção naquelas pinceladas, vida naquelas cores, nada da frieza que ele mostrava ao mundo. Quem era esse homem? Daniele começou a explorar o escritório mais profundamente. As gavetas da mesa estavam destrancadas. Primeira surpresa. Relás abriu, sentindo-se como uma invasora, mas incapaz de parar.
contratos, relatórios financeiros, nada de interessante. Até que na última gaveta, embaixo de uma pilha de documentos, ela encontrou uma pasta de couro com seu nome gravado na frente. As mãos de Daniele tremeram quando ela abriu. Dentro havia fotos, dezenas delas, fotos dela saindo da EMF, Vila Esperança, onde dava aulas. Fotos dela vendendo suas pinturas na Praça Benedito Calisto aos domingos.
Fotos dela visitando o pai no hospital com tinta ainda nas mãos porque viera direto do ateliê improvisado em casa. Havia registros financeiros detalhados, cada dívida do pai dela catalogada, cada tratamento médico documentado, cada conta atrasada anotada, havia até transcrições de conversas. Como ele conseguiu isso? Mas o que a deixou sem aratório psicológico no final da pasta.
Sujeito demonstra forte senso de lealdade familiar. Colocaria necessidades do pai acima de próprio bem-estar, sem vícios ou dependências. Histórico limpo, probabilidade de conformidade com termos contratuais, 94%. Daniele estava sendo tratada como uma proposta de aquisição empresarial, analisada, desse reduzida a porcentagens e probabilidades. Encontrou algo interessante. Ela congelou.
A voz de JP vinha da porta. Daniele se virou lentamente. Ele estava encostado no batente, gravata afrouxada, mangas da camisa social arregaçadas. A expressão era ilegível. “Você me investigou”, ela disse sua voz tremendo de raiva. Me espionou como se eu fosse fosse um investimento, uma aquisição potencial.
JP completou entrando no escritório, porque era exatamente isso que você era. Eu sou uma pessoa, uma pessoa que concordou em se casar comigo por dinheiro. Perdoe-me se eu quis garantir que estava fazendo um bom negócio. Daniele jogou a pasta na mesa e as fotos se espalharam. Você acha que isso é normal? Investigar cada detalhe da vida de alguém no meu mundo? Perfeitamente normal. Que mundo doente.
JP deu um passo em direção a ela e Daniele recuou instintivamente, batendo contra a estante de livros. Você quer saber o que mais está naquela pasta? Ele perguntou, sua voz perigosamente baixa. Quer saber o que mais descobri sobre você? Não descobri que você se formou em Belas Artes na USP com louvor, que teve ofertas para expor em galerias importantes, mas recusou todas seu pai adoeceu. Ele se aproximou mais.
Descobri que você trabalha em uma escola da periferia porque acredita que arte pode mudar vidas, que você doa metade do dinheiro que ganha vendendo pinturas para comprar materiais para seus alunos. Daniele pressionou as costas contra a estante, incapaz de se mover. Descobri.
JP continuou agora tão perto que ela podia sentir o calor emanando dele. Que você é a pessoa mais genuinamente boa que já conheci e que eu não mereço nem respirar o mesmo ar que você. As palavras a atingiram como um soco. Então, por que fez isso? Ela sussurrou. Porque me trouxe para esse casamento se sabia que eu merecia algo melhor, porque sou egoísta. A voz dele estava rouca.
Porque quando te vi naquelas fotos com tinta nas mãos e sorriso no rosto, mesmo cercada de dificuldades, eu quis quis ter um pouco daquela luz, mesmo sabendo que ia apagá-la. Daniele o encarou, vendo realmente pela primeira vez. Os olhos azuis dele não estavam frios agora. estavam queimando com algo intenso e doloroso. “Você não apagou nada”, ela disse suavemente.
“Ainda não, mas vou, porque é isso que eu faço. Destruo coisas boas. Por você pensa assim?” JP recuou, passando as mãos pelo cabelo em um gesto de frustração. Porque é a verdade, tudo que eu toco morre. Jopp, você quer saber porque te investiguei tão obsessivamente? Ele se virou para ela porque precisava ter certeza.
certeza de que você seria forte o suficiente para sobreviver a mim, que você não ia quebrar quando descobrisse o tipo de homem que realmente sou e que tipo de homem é você? Vazio! A palavra saiu como uma confissão arrancada, completamente e irremediavelmente vazio por dentro. Daniele deu um passo em direção a ele, mas JP recuou. Não! Ele disse. Não faça isso.
Não tente me consertar. Não tente me entender. Só vai se machucar. Talvez eu esteja disposta a correr esse risco. Por quê? A voz dele estava carregada de desespero genuíno. Por que se importaria? Você me odeia. Tem todo o direito de me odiar. Eu não te odeio. E quando as palavras saíram, Daniele percebeu que eram verdade. Estou com raiva, sim. Estou magoada? Sim.
Mas ódio. Ela balançou a cabeça. Não consigo odiar alguém que está claramente sofrendo tanto quanto eu. JP a olhou como se ela tivesse falado em outra língua. Você não me conhece. Ele finalmente disse. Então me deixe conhecer. Daniele apontou para a pintura na parede. Comece me contando sobre isso. Quando você pintou anos atrás, outra vida.
Por que parou? Porque aprendi que sonhos são para tolos. Ele caminhou até a janela. as costas rígidas e eu não posso me dar ao luxo de ser tolo. Daniele observou o perfil dele contra a luz do entardecer, maxilar tenso, olhos distantes. Ele parecia uma estátua de mármore, belo, mas impossível de tocar. “Sabe o que acho?”, ela disse, “Acho que você não é vazio.
Você só está com medo de sentir, porque sentir dói. Você não sabe nada sobre mim. Então, me mostre que estou errada.” Daniele cruzou o escritório até ficar ao lado dele na janela. Me deixe ver quem você realmente é por baixo de toda essa armadura. JP finalmente a olhou e o que ela viu em seus olhos a deixou sem fôlego. Havia uma guerra acontecendo ali. Desejo e medo, esperança e desespero.
Tudo lutando por dominância. Se eu te mostrar, ele disse, sua voz mal passando de um sussurro. Você vai fugir, tente. Por um longo momento, eles apenas se olharam. Daniele podia ouvir seu próprio coração martelando. Sentia a eletricidade entre eles. Então, JP virou e caminhou em direção à porta. Dona Rosa fez feijoada para o jantar.
Ele disse, sua voz de volta à aquele tom controlado. Venha comer. Você precisa manter sua força. E ele saiu, deixando Daniele sozinha no escritório, com todas aquelas revelações e nenhuma resposta. Mas agora ela sabia duas coisas com certeza. Primeiro, João Pedro não era o homem frio que fingia ser. Havia algo quebrado dentro dele, algo que ele escondia cuidadosamente do mundo.
E, segundo, por alguma razão que ela ainda não entendia completamente, ela queria ajudá-lo a se curar, mesmo que isso significasse se machucar no processo. Daniele não desceu para jantar, não porque estava com raiva, né, embora estivesse, mas porque precisava processar tudo que descobrira.
Ela passou horas naquela noite olhando para o teto de seu quarto, pensando em JP, nas fotos dela que ele guardava, no relatório psicológico, na pintura escondida em seu escritório, quem era o verdadeiro João Pedro. Por volta das 2as da manhã, ela desistiu de dormir. Vestiu um roupão de seda que encontrou no closet e desceu às escadas, planejando fazer um chá na cozinha. Mas quando passou pela sala de estar, notou uma luz acesa.
Joap estava sentado no sofá de couro, ainda de roupa social, uma garrafa de whisky escocês e um copo quase vazio na mesa de centro. Ele olhava para o nada completamente imóvel. “Não consegue dormir também?”, Daniele? Perguntou da porta. Ele não pulou de susto. Foi como se estivesse esperando por ela. “Raramente durmo mais de 3 horas”, ele respondeu. Sua voz arrastada pelo álcool.
Daniele entrou na sala e se sentou na poltrona em frente a ele. Por quê? Pesadelos. Ele tomou um gole do whisky. Quer? Não bebo muito, garota inteligente. Mas ele encheu outro copo e o empurrou em direção a ela. Mesmo assim, Daniele pegou o copo apenas para ter algo para fazer com as mãos. Eles ficaram em silêncio por alguns minutos.
O tic-tacque do relógio de parede, a única coisa quebrando a quietude. Você quer saber quem eu realmente sou? JP finalmente disse: “Quer ouvir a história completa?” Sim. Ele riu sem humor. Não deveria. Mas já que invadiu meu escritório e descobriu metade da verdade, talvez mereça ouvir o resto. JP, você não precisa. Eu tinha um irmão. Ele interrompeu.
Gustavo, 5 anos mais velho. Ele era perfeito, carismático, talentoso, amado por todos. Eu sempre fui a segunda opção. O herdeiro reserva. Daniele percebeu o uso do tempo passado. Tinha. O que aconteceu com ele? JP tomou outro gole antes de responder. Acidente de carro. Marginal Pinheiros. Quase meia-noite.
Carro desgovernado atingiu ele em cheio. Morreu na hora. Meu Deus, JP. Sinto muito. Eu estava no carro com ele. A voz dele era plana, sem emoção, o que, de alguma forma tornava tudo ainda mais doloroso. Tinha 16 anos. Gustavo estava me levando para casa depois de uma festa. Nós discutimos.
Ele tirou os olhos da estrada por um segundo para me olhar. Um segundo. Daniele sentiu lágrimas queimar em seus olhos. Eu sobrevivi sem um arranhão. Ele morreu e meus pais JP encheu o copo novamente com mãos trêmulas. Eles nunca disseram diretamente, mas eu sei. Eu sempre soube. Eles queriam que fosse eu. Não, JP, tenho certeza que meu pai me olhou no hospital e disse: “Por que tinha que ser Gustavo?” Não foi uma pergunta retórica, Daniele. Foi uma acusação.
Daniele não conseguiu segurar as lágrimas agora. Ela se levantou e foi se sentar ao lado dele no sofá, suas mãos encontrando-as dele. Isso não foi sua culpa. Não, eu provoquei a discussão. Eu distraí ele. Se eu tivesse ficado quieto. Se eu tivesse Você tinha 16 anos. Era uma criança. Crianças não matam seus irmãos.
Ele olhou para as mãos entrelaçadas deles, como se não tivesse certeza de como elas chegaram ali. Depois disso, meus pais se tornaram fantasmas. Minha mãe começou a tomar remédios para ansiedade. Meu pai se enterrou no trabalho e eu? Ele riu amargamente. Eu me tornei Gustavo. O que você quer dizer? Assumi o papel dele. Entrei na faculdade de administração que ele ia cursar. Assumi os negócios da família.
Me tornei o CEO perfeito, implacável, bem-sucedido, tudo que Gustavo seria, mas e seus sonhos? A pintura. Sonhos são para pessoas que têm o luxo de sonhar. Eu tinha uma dívida para pagar, uma vida para compensar. Daniele apertou as mãos dele. Você não deve nada a ninguém. JP, devo tudo.
Ele finalmente a olhou e seus olhos estavam vermelhos. Porque eu vivo a vida que meu irmão deveria ter vivido e nunca vou ser bom o suficiente para merecê-la. É por isso que você é tão frio, por isso que se recusa a sentir. Aprendi muito cedo que amar significa perder, que se importar significa ser destruído. Então, parei. Parei de sentir, parei de me importar. Parei de viver de verdade.
Ele tocou o rosto dela suavemente, seu polegar limpando uma lágrima. Até você invadir minha vida com sua luz irritante e sua recusa em me deixar em paz. Jope, você perguntou porque eu investiguei você tão intensamente. Foi porque quando te vi naquelas primeiras fotos, eu senti algo.
Pela primeira vez em 16 anos, eu senti algo além de vazio e isso me apavorou. Daniele mal conseguia respirar. O que você sentiu? Esperança. A palavra saiu rouca. Esperança de que talvez, só talvez, eu poderia aprender a viver novamente através de você. Isso não é justo comigo. Eu sei. É por isso que tento manter distância.
Porque você merece alguém inteiro, não um homem quebrado que vai sugar toda sua luz tentando preencher seu próprio vazio. E se eu quiser tentar mesmo assim? JP fechou os olhos. Por favor, não faça isso. Não me dê esperança. Porque quando eu inevitavelmente te decepcionar, quando eu estragar tudo como estrago todas as coisas boas, vai doer muito mais. Você não é um projeto, Daniele disse firmemente. Eu não estou tentando te consertar. Eu só quero te conhecer.
O JP real não essa máscara que você usa. E se essa máscara for tudo que sobrou? Não acredito nisso. Vi sua pintura, vi a emoção nela. Isso não vem de alguém vazio. JP abriu os olhos e a olhou com uma intensidade que a deixou sem ar. Você é perigosa, ele sussurrou.
Sabe disso? Por quê? Por que você me faz querer coisas que jurei que nunca ia querer novamente? A tensão entre eles era quase insuportável. Daniele podia sentir o calor do corpo dele, o cheiro de whisky e sua colônia cara. Seus olhos desceram para os lábios dele e ela viu quando a respiração dele ficou mais rápida. Daniele, ele disse, sua voz um aviso. Não me olhe assim.
Assim como se você me quisesse, porque se continuar eu não vou conseguir resistir e não quero te machucar. Então não machuque. Ela se inclinou mais perto. Só me deixe entrar. Por um momento, ela achou que ele ia beijá-la. via a guerra em seus olhos, o desejo lutando contra o medo, mas então ele se levantou bruscamente, afastando-se dela. “Você deveria ir dormir”, ele disse, sua voz tensa.
“É tarde.” Daniele sentiu a rejeição como um tapa. JP, por favor. Ele mantinha as costas para ela. “Só. Vá.” Ela ficou ali por mais um momento, observando os ombros tensos dele, a forma como suas mãos se fechavam em punhos. Obrigada, ela finalmente disse. Por quê? Por confiar em mim com sua história.
Eu sei que não foi fácil. JP não respondeu, mas ela viu seus ombros relaxarem um pouco. Daniele subiu as escadas de volta para seu quarto, mas não antes de olhar para trás uma última vez. Jap tinha voltado para o sofá, cabeça nas mãos, a imagem perfeita de um homem quebrado, tentando se manter inteiro. E naquele momento, Daniele tomou uma decisão.
Ela não ia desistir dele. Não ia deixá-lo se afogar em sua própria escuridão, porque sobrole frieza havia um homem que merecia ser salvo. E ela ia salvá-lo, nem que isso custasse seu próprio coração no processo. Uma semana se passou desde aquela noite na sala. Jap voltou a evitá-la, saindo cedo e voltando tarde, mas algo havia mudado.
Ele deixava pequenas mensagens, um café quente esperando na cozinha pela manhã com um bilhete. Pensei que você poderia gostar. Uma edição rara de um livro de arte na mesa de cabeceira dela, flores frescas aparecendo misteriosamente em seu quarto.
Ele não falava sobre aquela noite, não mencionava suas confissões, mas suas ações diziam o que suas palavras não podiam. Na sexta-feira, dona Rosa bateu na porta de Daniele com um sorriso misterioso. O Senr. João Pedro pediu que eu te levasse ao terraço. Ela disse: “O terraço? Achei que fosse só espaço vazio. Era, mas não é mais. Intrigada, Daniele seguiu a governanta pelas escadas até o último andar.
Uma porta que ela nunca havia notado antes levava a uma escada externa. Quando ela subiu e abriu a porta do terraço, ficou completamente sem palavras. O espaço havia sido transformado em um atelier de arte. Grandes janelas de vidro cobriam metade do terraço, criando um estúdio cheio de luz natural. Dentro havia cavaletes profissionais, uma coleção completa de tintas a óleo, acrílico e aquarela, pincéis de todos os tamanhos, telas em branco empilhadas, uma estação de lavagem, tudo. Mas não era só isso.
Nas paredes já estavam penduradas pinturas, não as dela, eram dele. Daniele caminhou lentamente, absorvendo cada uma. Paisagens do litoral paulista, a serra da cantareira ao amanhecer, cafezais do interior. Cada uma mostrava habilidade técnica excepcional e, mais importante, emoção profunda. Gostou? Ela se virou.
JP estava na porta, mãos nos bolsos, expressão vulnerável de um jeito que ela nunca tinha visto. JP, isso é é incrível. Quando você fez tudo isso? Nos últimos seis dias, tive uma equipe trabalhando em turnos. Ele entrou no atelier tocando nervosamente um dos cavaletes.
Pensei que você poderia querer um espaço próprio para pintar, um lugar onde pudesse criar sem o peso de tudo. Daniele sentiu lágrimas encher em seus olhos. Por que fez isso? Porque você abriu mão da sua arte para cuidar do seu pai. Porque seus alunos perderam a melhor professora que já tiveram quando você se casou comigo. Porque ele hesitou. Porque você merece ter seus sonhos de volta.
Ela caminhou até ele, parando a poucos centímetros de distância. E suas pinturas? Por que as pendurou aqui? JP olhou para as telas nas paredes. Porque você disse que eu não era vazio, que havia emoção enterrada em algum lugar. E eu pensei, talvez se eu voltasse a fazer algo que amava, poderia provar que você estava certa. Jopp.
Daniele tocou o rosto dele suavemente. Você não precisa provar nada para mim. Preciso provar para mim mesmo. Ele cobriu a mão dela com a sua. Você foi a primeira pessoa em anos que me fez querer tentar. Tentar sentir novamente, tentar viver. Então vamos fazer isso juntos. Ela sorriu através das lágrimas. Você e eu, neste atelier, sem expectativas, sem pressão. Apenas criar.
Não sei se me lembro como. Então vamos aprender novamente. Daniel o puxou em direção aos cavaletes. Venha. Pinte comigo agora. Agora tenho uma reunião às três com Cancele. JP a olhou surpreso. Daniele, eu não posso simplesmente Sim. Você pode. Por um dia, esqueça a empresa. Esqueça suas responsabilidades. Esqueça tudo. Só seja você.
Ela podia ver a hesitação em seus olhos, mas havia algo mais também. Desejo, vontade. Um dia, ele perguntou. Um dia, JP puxou o celular do bolso e fez uma chamada. Márcia, cancele tudo de hoje. Sim, tudo. Reiscalone para segunda. Não, não é emergência, só estou vivendo. Ele desligou e olhou para Daniele com um sorriso pequeno, mas genuíno.
Feliz muito. Eles passaram a próxima hora preparando suas estações. JP estava claramente enferrujado, suas mãos hesitantes ao misturar as tintas, mas gradualmente ela podia vê-lo relaxar. Os ombros perdendo a tensão, a mandíbula destravando, os olhos perdendo aquela dureza constante. “Sobre o que você vai pintar?”, Daniele perguntou, já começando a esboçar algo em sua própria tela. “Não sei.
Antes eu pintava lugares, lugares onde eu queria estar, mas nunca ia. Por que não ia? Medo, talvez, de que se eu fosse, eles não seriam tão perfeitos quanto eu imaginava. Então, era mais seguro apenas pintá-los. E agora?” JP olhou para ela, algo aquecendo em seus olhos. Agora acho que posso pintar algo diferente.
Eles trabalharam em silêncio por um tempo, apenas o som dos pincéis contra a tela e a música suave tocando de um speaker que JP trouxe. Daniele estava tão absorta em sua própria pintura que não notou quando ele parou e começou a observá-la. “O que foi?”, ela perguntou, percebendo o olhar dele.
“Você?” A forma como fica completamente imersa, a forma como sua língua sai um pouco quando está concentrada, a forma como seus olhos brilham quando você encontra a cor certa. Daniele sentiu o rosto esquentar. Você está me distraindo. Desculpe. Mas ele não desviou o olhar. Jeffe, posso te perguntar algo? Claro. Por que você faz isso? Por que está sendo tão paciente comigo quando eu não te dei nenhuma razão para ser? Daniele colocou o pincel de lado e se virou completamente para ele.
Porque vejo você, JP, o verdadeiro você, e ele vale a pena esperar. Algo se quebrou em seus olhos. Ele colocou sua própria paleta de lado e caminhou até ela, parando tão perto que Daniele teve que inclinar a cabeça para trás para olhar em seu rosto. “Você não deveria me ver assim”, ele sussurrou. “Vai só te decepcionar quando perceber que não sou o homem que imagina. Deixe-me decidir isso.
JP levantou a mão e hesitantemente tocou o rosto dela. Seu polegar traçou sua mandíbula, deixando uma mancha de tinta vermelha que ele tinha nos dedos. “Você está me marcando?”, Daniele apontou com um sorriso. “Não de propósito, mas ele não limpou a tinta. Em vez disso, ele traçou outra linha da bochecha até o queixo dela. Ou talvez sim. JP, o que está fazendo? Te marcando como minha?” Sua voz estava rouca.
Para que todo mundo saiba que você é minha esposa. Minha? O coração de Daniele disparou. Pensei que você não queria uma esposa de verdade. Eu também pensei. Ele se inclinou mais perto à boca a centímetros da dela. Mas você está tornando muito difícil manter essa mentira. Então, pare de mentir.
Se eu parar, ele fechou os olhos, sua testa tocando a dela. Se eu deixar você entrar completamente, se eu deixar isso se tornar real, não vai haver volta. Quem disse que eu quero voltar? JP abriu os olhos e o que Daniele viu ali tirou seu fôlego. Desejo bruto, necessidade e algo mais profundo, algo que parecia perigosamente próximo de, mas antes que ela pudesse nomear o sentimento, JP recuou. Ainda não. Ele disse a voz tensa.
Quando eu te beijar novamente, quando eu te tocar do jeito que estou morrendo para fazer, vai ser porque estou pronto para te dar tudo. Não pela metade. Daniele não sabia se rir ou chorar. Você é o homem mais frustrante que já conheci. Eu sei. Ele pegou o pincel dela e colocou de volta em sua mão. Agora termina sua pintura. Quero ver o que você estava criando. O resto da tarde passou em uma névoa agradável.
Eles pintaram, conversaram, riram. Jed contou histórias de sua infância. As poucas memórias boas antes do acidente, Daniele compartilhou lembranças da mãe da forma como ela cantava enquanto cozinhava, como ensinava Daniele a misturar cores. Quando o sol começou a se pôr, tingindo o céu de laranjas e rosas, eles se sentaram no chão do atelier, recostados contra a parede, ombros se tocando. “Obrigada, JP disse suavemente.
Por quê? por me forçar a viver hoje, por me lembrar que há mais na vida do que trabalho e obrigações. Foi só um dia, Daniele apontou. Foi o melhor dia que tive em anos. Ela olhou para ele, para o perfil iluminado pelo solente e sentiu algo apertar em seu peito, algo quente e assustador e maravilhoso. Ela estava se apaixonando por ele, pela versão real dele, não a máscara fria, pelo homem que escondia a dor profunda sob controle, que pintava emoções que não conseguia expressar em palavras, que estava tentando, realmente tentando, deixá-la entrar. E isso era ao
mesmo tempo a melhor e a pior coisa que poderia acontecer. Porque o que aconteceria quando ele descobrisse? Quando ele percebesse que ela não era apenas uma esposa contratual, mas alguém que genuinamente se importava? Ele fugiria ou finalmente deixaria seus muros caírem? Daniele não sabia. Mas sentada ali, com o ombro dele pressionado contra o seu, ela decidiu que valia a pena arriscar descobrir.
Os dias seguintes trouxeram uma transformação sutil. mas innegável. JP começou a sair do escritório mais cedo, primeiro às 7 da noite, depois às 6, até que numa quinta-feira ele chegou em casa às 5 da tarde, encontrando Daniele pintando no terraço. “Você está em casa cedo?”, ela comentou sem tirar os olhos da tela.
“Deleguei mais responsabilidades,”, ele respondeu afrouxando a gravata. “Percebi que estava microgerenciando demais. A empresa não vai implodir se eu sair antes do pôr do sol.” Daniele sorriu. Progresso. Não seja presunçosa. Mas havia um toque de humor em sua voz. Eles desenvolveram uma rotina. Jantar juntos às 8.
Inicialmente em silêncio desconfortável, depois com conversas breves, eventualmente com risadas genuínas. Depois do jantar eles tomavam chimarrão no jardim, uma concessão às raízes gaúchas de JP. Minha avó fazia o melhor chimarrão do Rio Grande. JP disse uma noite, preparando a cuia com mãos experientes. Ela dizia que cada erva mate tinha memórias guardadas, que quando você tomava estava bebendo histórias.
Que lindo! Daniele murmurou, aceitando a cuia. Você a via com frequência, toda vez que fugíamos de São Paulo. Meu irmão e eu íamos para a fazenda dela nas férias. Seu rosto se fechou ligeiramente ao mencionar Gustavo, mas não completamente como antes. Ela morreu quando eu tinha 20, deixou a fazenda para mim.
Você ainda a tem? Sim, não vou lá há anos, mas pago um caseiro para manter tudo. Ele olhou para o horizonte. Talvez um dia eu consiga voltar. Podemos ir juntos? Daniele sugeriu suavemente. Quando você estiver pronto? JP a olhou com uma expressão que ela ainda não conseguia decifrar completamente. Você realmente quer isso? Conhecer minhas memórias. Quero conhecer tudo sobre você. Algo mudou em seus olhos.
Cuidado com o que deseja Daniele. Já parou de me chamar de Mrs. Almeida Santos? Ela notou. Daniele combina mais com você. Ou Dani? Ele testou o apelido. Sim, Dani funciona. Ela sorriu. E você? Alguém já te chamou de algo além de João Pedro ou JP? Meu irmão me chamava de J. O nome saiu com dificuldade, como se as palavras físicas doessem.
Ninguém mais nunca usou esse nome. Daniele colocou a cuia de lado e pegou a mão dele. Obrigada por compartilhar isso comigo. Você está me forçando a lembrar de coisas que preferia esquecer. Boas lembranças ou ruins. As duas coisas. Eles ficaram sentados assim por um longo tempo, mãos entrelaçadas, olhando as estrelas aparecerem no céu de Alpaville. Foi JP quem quebrou o silêncio.
Tem um evento na próxima semana. Baile beneficente no Rio de Janeiro, Copacabana Palace. Vários investidores importantes estarão lá. E você quer que eu vá como sua esposa perfeita decorativa? Eu quero que você vá como você. Mas sim, as aparências importam nesses eventos. Tudo bem. Daniele apertou a mão dele, mas com uma condição.
Qual? Você dança comigo? Não apenas uma valsa protocolar. Dance comigo de verdade. JP a puxou mais perto e de repente Daniele estava no colo dele, as pernas dos dois entrelaçadas. Risso parece um desafio. Ele murmurou contra o cabelo dela. É, então aceito. O Rio de Janeiro os recebeu com calor tropical, um contraste marcante com o inverno paulistano.
O Copacabana Palace era lindo, todo arte deco clássico e elegância atemporal. Daniele estava nervosa enquanto se arrumava na suí do hotel. Ela havia escolhido um vestido esmeralda de uma estilista brasileira emergente, decote nas costas, fenda lateral, elegante, mas ousado. Quando saiu do banheiro, JP estava ajustando os abotoaduras da camisa social preta.
Ele olhou para cima e congelou completamente. “Deus”, ele sussurrou. “Muito?”, Daniele perguntou de repente insegura. Você está absolutamente deslumbrante. Ele caminhou até ela, os olhos percorrendo cada centímetro. Perigosamente linda. Perigoso. Vou passar a noite inteira afastando homens de você.
Daniele riu, possessivo, incrivelmente. E não havia brincadeira em sua voz. O salão de baile estava cheio de São Paulo e Rio de Janeiro, elite, políticos, empresários, celebridades. Daniele reconheceu alguns rostos da televisão. Respira. JP sussurrou sua mão na base das costas dela. Você é a mulher mais linda aqui. Eles deveriam estar intimidados por você, não o contrário.
Elas circularam o salão JP apresentando Daniele para várias pessoas importantes. Ela era graciosa, educada, fazendo exatamente o papel que ele precisava. Mas então ela viu JP ficar rígido. O que foi? Ela sussurrou. Fernanda acabou de entrar. Daniele seguiu o olhar dele. Uma mulher alta, cabelos escuros, perfeitamente lisos, vestido vermelho cultour, caminhava em direção a eles com um sorriso predatório. JP, querido.
A voz dela era como mel envenenado. Faz tanto tempo, Fernanda JP estava completamente fechado novamente de volta àquela máscara fria. Não sabia que você estaria aqui. Imagine minha surpresa ao ver seu nome na lista de convidados com esposa. Fernanda virou para Daniele, os olhos calculistas.
Então você é a sorte sortuda, Daniele, certo? Ouvi falar que foi um casamento bastante repentino. Foi amor à primeira vista. Daniele respondeu forçando um sorriso. Que romântico! Fernanda não pareceu convencida nem um pouco. JP, querido, precisamos conversar sobre aquele investimento que discutimos. Talvez possamos marcar um jantar.
Não será necessário, JP disse friamente. Qualquer negócio pode ser discutido por nossos assistentes. Sempre tão profissional. Fernanda tocou o braço dele e Daniele sentiu raiva ferver. Mas lembra quando você não era assim? Quando você relaxava? As pessoas mudam ou fingem mudar. O olhar dela voltou para Daniele. Espero que você saiba no que está se metendo, querida.
JP não é exatamente conhecido por sua calidez emocional. Chega”, Daniele, disse, dando um passo à frente. “Não sei qual é sua história com meu marido e, francamente, não me importo, mas ele não é mais seu querido, ele é meu marido e se você não consegue respeitar isso, então mantenha a distância.” Fernanda piscou claramente surpresa pela resposta.
JP tinha uma expressão quase de admiração no rosto. Bem, Fernanda finalmente disse. Que territorial, JP, você realmente encontrou alguém à sua altura. Ela se virou e saiu, deixando uma atenção palpável. Sinto muito por isso, JP disse baixinho. Quem é ela, ex-namorada? Tr anos de relacionamento que terminou há 5 anos. Ela ainda tem sentimentos por você. Ela tem sentimentos pelo meu dinheiro e status.
JP a puxou mais perto. Mas você estava absolutamente magnífica, defendendo seu território. Eu não estava defendendo o território, estava defendendo você. A orquestra começou a tocar samba suave. “Hora de você cumprir sua promessa”, Daniele disse, estendendo a mão. JP a guiou para a pista de dança, mas quando começaram a dançar, não foi uma valsa protocolar, foi samba, os corpos colados, movendo-se em perfeita sincronia.
“Você sabe dançar samba?”, Daniele perguntou surpresa. “Minha avó gaúcha se casou com um carioca. Aprendi tudo. Ele a girou, trazendo-a de volta pressionada contra ele. Você também dança bem. Peguei algumas aulas no tempo da faculdade. Eles se moviam pela pista e Daniele podia sentir cada linha dura do corpo dele contra o seu.
Podia sentir a respiração dele ficando mais rápida, o calor emanando entre eles. Daniele, ele sussurrou no ouvido dela, enviando arrepios pela coluna. Você está me matando com esse vestido. Bom, ele riu, o som rouco e sexy. Você gosta de me torturar, talvez. Ela o olhou através dos cílios.
Você me tortura todos os dias com sua proximidade, com suas mãos que nunca me tocam do jeito que eu quero, com seus olhos que me devoram, mas nunca fazem nada a respeito. JP quase tropeçou. Daniele, eu te desejo, JP. As palavras saíram antes que ela pudesse pará-las. Eu sei que isso não era parte do contrato. Eu sei que você disse que manteríamos distância, mas não consigo mais fingir que não sinto.
A música terminou, mas eles continuaram parados no meio da pista, olhando um para o outro. Vamos sair daqui JP disse, sua voz tensa. Ele a guiou para fora do salão, através do lobby, até chegarem à praia do Copacabana. A noite carioca estava quente, as ondas do Atlântico quebrando suavemente na areia. JP tirou o palitó e afrouxou a gravata completamente, parecendo um homem à beira de perder o controle.
“Você não pode dizer coisas assim”, ele disse, passando as mãos pelo cabelo. “Você não pode olhar para mim daquele jeito e esperar que eu mantenha minha promessa de não te tocar. Então, não mantenha. Deus, Daniele.” Ele caminhou em direção a ela como um predador. “Você não sabe o que está pedindo. Sei exatamente.
Eu quero você”. As palavras saíram rasgadas. Quero você de uma forma que não é civilizada, que não é controlada. E se eu te tocar agora, não vou conseguir parar. Quem disse que eu quero que você pare? JP aprendeu contra uma palmeira, as mãos em cada lado da cabeça dela. Última chance de recuar. Não vou recuar. Ele a beijou. E não foi nada como os beijos anteriores.
Foi fome e desespero. Mãos em toda parte, línguas duelando, dentes mordendo. Daniele cravou as unhas nas costas dele através da camisa, puxando-o impossivelmente mais perto. Hotel JP ofegou contra os lábios dela. Agora a volta para o hotel foi um borrão.
No elevador, JP a pressionou contra a parede, beijando o pescoço dela, as mãos percorrendo suas curvas. Sou virgem”, Daniele sussurrou de repente. JP congelou. “O quê?” “Eu nunca com ninguém.” Ele recuou, olhando nos olhos dela. Por quê? Porque eu estava esperando por algo real, por alguém que significasse alguma coisa. Daniele, havia reverência em sua voz. “Você tem certeza? Não precisa fazer isso. Eu tenho certeza.” Ela pegou a mão dele. “Eu te quero, JP. Todo você.
” O elevador abriu. JP a carregou, literalmente a levantando até a suí deles. Quando fechou a porta com o pé, seus olhos encontraram os dela. Isso muda tudos, ele disse. Você entende? Se fizermos isso, não à volta. Você vai ser minha completamente, promete? Com minha vida. E quando ele finalmente a levou para a cama, foi com uma ternura que contrastava com a paixão anterior.
Cada toque era adoração, cada beijo era uma promessa. E quando finalmente se tornaram um com Daniele arqueando contra ele e JP sussurrando seu nome como uma oração, ambos souberam que algo fundamental havia mudado entre eles. Não eram mais estranhos presos em um contrato. Eram algo infinitamente mais assustador e maravilhoso. Eram reais.
A luz do amanhecer carioca entrava pelas cortinas entre a ber T, tingindo a suí de dourado. Daniele acordou em volta nos braços de JP, seus corpos ainda entrelaçados sob. Ela podia sentir a respiração dele suave contra seu pescoço, o braço dele circundando sua cintura com uma posse protetora até no sono. Ela se virou cuidadosamente para observá-lo.
No sono, JP parecia mais jovem, os traços duros suavizados, as linhas de tensão ao redor dos olhos relaxadas. Ele era lindo de uma forma quase dolorosa, como se sentisse o olhar dela. JP abriu os olhos. Por um momento de puro pânico, Daniele se perguntou se ele se arrependeria, se recuaria novamente para trás daqueles muros, mas então ele sorriu, um sorriso real, genuíno, que transformou completamente seu rosto.
“Bom dia”, ele murmurou, a voz rouca de sono. “Bom dia, JP a puxou mais perto, enterrando o rosto no cabelo dela. Ainda está aqui? Pensei que poderia ter sonhado tudo. Muito real, Daniele confirmou, traçando padrões preguiçosos em seu peito. Algum arrependimento? Ela o olhou. Nenhum. Você apenas de ter esperado tanto tempo. Ele beijou a testa dela suavemente.
Fui um idiota tentando manter distância como se alguma vez tivesse tido chance contra você. Eu sou bastante persistente. Você é impossível de ignorar. Jap rolou, prendendo-a suavemente sob ele e absolutamente linda pela manhã. Isso deveria ser ilegal. Daniele riu, sentindo uma felicidade borbulhar em seu peito. Você está diferente.
Diferente como? Mais leve, como se um peso tivesse saído de seus ombros. JP ficou sério? Você tirou o peso ontem à noite quando você me deu não apenas seu corpo, mas sua confiança. Ele tocou o rosto dela reverentemente. Você me deu algo que pensei ter perdido para sempre. Esperança. JP. Deixa eu terminar. Ele respirou fundo. Eu passei 16 anos me punindo.
16 anos me recusando a sentir, porque achava que não merecia sentir nada bom. E então você entrou na minha vida toda fogo e luz, recusando-se a me deixar apodrecer na minha própria escuridão. Lágrimas encheram os olhos de Daniele. Você me salvou, Dani. Nem percebeu, mas salvou. Você fez o mesmo por mim. Ela sussurrou.
Me salvou de uma vida sem esperança. Me deu meu pai de volta. Me deu um futuro. Quero te dar mais que isso. Jp beijou suas lágrimas. Quero te dar cada dia, cada risada. Cada momento quero construir uma vida de verdade com você. Não contrato, uma vida. Eu quero isso também. Eles se beijaram lento e profundo, selando a promessa. Quando finalmente se separaram, JP tinha aquele sorriso pequeno de novo.
O que foi? Daniele perguntou. Estava pensando que deveríamos ficar na cama o dia inteiro. Não temos que voltar para São Paulo. Podemos voltar amanhã. Hoje você é minha, completamente minha. E ele procedeu a provar exatamente o que isso significava, com carícias lentas e beijos que tiravam o fôlego.
Até que Daniele esqueceu completamente que existia um mundo fora daquela suí. Eles finalmente saíram da cama no meio da tarde, famintos. Joap pediu serviço de quarto, feijoada completa, caipirinhas e brigadeiro de sobremesa. Pensei que você fosse daqueles CEOs que só comem salada e frango grelhado. Daniele brincou vendo a quantidade de comida.
Sou gaúcho, Dani. Adoro carne e comida de verdade. Só não tinha com quem aproveitar. Ele a puxou para o colo. Agora tenho. Eles comeram na varanda com vista para o Copacabana, conversando sobre tudo e nada. JP contou sobre a avó que ensinava receitas antigas. Daniel compartilhou memórias de tentar cozinhar com a mãe e sempre queimar algo. Seu pai está melhor? JP perguntou suavemente.
Muito melhor. Os médicos no Einstein estão otimistas. O tratamento está funcionando. Fico feliz. E ela podia ver que ele realmente ficava. Quero conhecê-lo apropriadamente como seu marido de verdade. Não apenas o homem que pagou as contas. Ele vai gostar de você ou vai me socar por basicamente comprar a filha dele, Daniel Riu.
Pode ser as duas coisas. A noite eles caminharam pela orla do Copacabana de mãos dadas. JP usava jeans e uma camiseta simples. Daniele nunca o tinha visto tão casual. Ele parecia anos mais jovem assim, mais acessível. Sabe JP disse parando para olhar o mar. Eu costumava vir ao rio quando era adolescente, antes do acidente.
Gustavo e eu fugíamos de casa. Às vezes, pegávamos um avião, passávamos o fim de semana aqui. Boas memórias, as melhores. Havia tristeza em sua voz, mas não aquela dor de lacerante de antes. Ele me ensinou a surfar ali. JP apontou para uma parte da praia. Eu era péssimo. Engoli a água o tempo todo, mas ele tinha paciência.
sempre tinha paciência comigo. Daniele apertou a mão dele. Acho que ele gostaria de você. JP continuou. Ele sempre disse que eu precisava de alguém que não aguentasse minhas merdas, alguém que me desafiasse. Eu definitivamente faço isso. Sim. JP se virou para ela, puxando-a para um abraço. E eu te amo por isso. As palavras ficaram suspensas entre eles.
Daniele congelou. O que você disse? JP recuou ligeiramente, os olhos arregalados, como se as palavras tivessem escapado sem permissão. Eu eu disse que te amo. Você ama? Deus sim. Ele riu sem jeito. Não era assim que eu planejava te contar. Queria ser romântico, especial, mas saiu assim. E Daniele o calou com um beijo.
“Eu também te amo”, ela sussurrou contra os lábios dele. “Te amo tanto que assusta.” JP a levantou e a girou, rindo. Um som de pura alegria que Daniele nunca tinha ouvido dele. Quando a colocou de volta no chão, ele a beijou com uma intensidade que fez seus joelhos fraquejar. “Diga de novo”, ele pediu. “Eu te amo” de novo? “Eu te amo, João Pedro Almeida Santos.
Vai ter que me aguentar dizendo isso umas mil vezes por dia agora.” Ele avisou. Promete? Com cada fibra do meu ser, eles voltaram para o hotel em uma bolha de felicidade, parando a cada esquina para se beijar como adolescentes. Quando finalmente chegaram à suí, JP apensou contra a porta fechada.
Sei que fizemos amor a noite toda, ele disse, as mãos já subindo pela lateral do vestido dela. Mas preciso de você de novo. Preciso ouvir você dizer meu nome. Preciso te fazer sentir o quanto eu te amo. Então me mostra. E ele mostrou com as mãos, com a boca, com cada centímetro de seu corpo.
Ele a adorou até que ela gritou seu nome, até que eles caíram exaustos e completamente saciados nos lençóis bagunçados. “Não quero voltar para São Paulo”, Daniele murmurou contra o peito dele depois. “Então não vamos. Joape, você tem uma empresa para dirigir que pode funcionar sem mim por mais uns dias.” Ele beijou o topo da cabeça dela. Vamos ficar no Rio a semana toda.
Só nós dois, sem trabalho, sem obrigações, só nós. Você realmente mudou. Você me mudou. Ele a virou para olhar em seus olhos. Antes de você, trabalho era tudo que eu tinha. Era minha desculpa para não viver. Mas agora, agora tenho algo pelo que viver. Alguém que quero voltar para casa, alguém que faz cada dia valer a pena.
Cuidado, Daniele avisou com um sorriso. Continue falando assim e vou acreditar que você é romântico. Só com você. Ele a puxou impossivelmente mais perto. Só sempre com você. Eles adormeceram assim, entrelaçados, sussurrando promessas e planos para o futuro. E, pela primeira vez desde que se casaram, ambos sentiram que realmente haviam se tornado marido e mulher, não papel, mas no coração.
Três meses se passaram em uma transformação que Daniele mal conseguia acreditar. A mansão de Alphaaville, antes fria e sem vida, agora estava cheia de cor e calor. Danielle pendurou suas pinturas nas paredes brancas, abstratos vibrantes, paisagens brasileiras, retratos emocionais. Trouxe plantas, samambaias, gibóias, orquídeas que tornavam os cantos geométricos mais suaves.
JP não apenas permitiu as mudanças, ele as encorajou. Mais que isso, ele participou. Um sábado, Daniele acordou e encontrou JP na cozinha com dona Rosa, ambos cobertos de farinha. O que está acontecendo aqui? Ela perguntou divertida. Estamos fazendo pão de queijo. JP anunciou orgulhosamente. Bem, dona Rosa está fazendo. Eu estou atrapalhando. O senhor está aprendendo bem. Dona Rosa corrigiu.
E havia um afeto genuíno em sua voz. A governanta, inicialmente cautelosa com Daniele, havia se tornado uma aliada amorosa. Daniele se aproximou e beijou JP, que tinha uma mancha de farinha no nariz. Você está adorável. Estou ridículo ele corrigiu, mas estava sorrindo. Mas seu café da manhã será especial hoje.
Pão de queijo caseiro, tapioca recheada e aquele café que você adora. Você está me mimando, planejando fazer isso pelo resto da vida. Ele a puxou para um abraço, não se importando em sujá-la de farinha. Também acostume-se. As manhãs se tornaram sagradas. JP cancelou reuniões matinais para horror de sua assistente e passou a tomar café da manhã com Daniele na varanda que dava para o jardim. Eles conversavam sobre tudo.
Os alunos que Daniele sentia falta, os projetos empresariais de JP, livros que liam, filmes que queriam assistir. Pensei em algo. JP disse uma manhã tomando seu chimarrão. Algo bom ou ruim? Bom, quero criar um instituto de arte em seu nome. Daniele quase cuspiu o café. O quê? Um instituto que ofereça aulas gratuitas de arte para crianças de escolas públicas, com materiais profissionais, professores capacitados, exposições. Ele estava claramente animado.
Você poderia dirigir, fazer o que ama e ainda impactar vidas. JP, isso seria incrivelmente caro. Tenho dinheiro sobrando. Prefiro gastá-lo em algo que realmente importa. Ele pegou a mão dela. Em algo que você importa. Lágrimas encheram os olhos de Daniele. Você realmente faria isso? Já fiz. Bom, iniciei o processo. Comprei um prédio em Pinheiros, perto do metrô.
Está sendo reformado. Ele parecia um menino ansioso. Queria ser uma surpresa, mas não aguentei esperar para te contar. Daniele se jogou nos braços dele, derrubando a cuia de chimarrão no processo. Eu te amo tanto. Amo você mais. Impossível. Vamos discutir isso mais tarde. Ele a beijou profundamente, preferivelmente na cama. As tardes eram passadas no atelier do terraço.
Jess voltou a pintar regularmente e Daniele amava observá-lo perdido na arte. A testa franzida em concentração, manchas de tinta em suas mãos caras. Sobre o que você está pintando? Ela perguntou um dia, tentando espiar por cima do ombro dele. Segredo. Desde quando temos segredos? Desde que decidi fazer algo especial para você.
Ele bloqueou a visão dela da tela. Terá que esperar até eu terminar. Posso ver pelo menos uma pista? Não. Cruel. Paciente. Ele a puxou para um beijo. Prometo que vai valer a pena. Eles visitaram o pai de Daniele juntos toda semana. Roberto Ferreira estava em recuperação, ganhando cor e força a cada visita.
Quando JP entrava no quarto, ele sempre trazia algo, um livro, flores para alegrar o ambiente ou simplesmente sua presença. Obrigado, Roberto, disse a JP numa dessas visitas, apertando a mão do genro. Não só por pagar o tratamento, por fazer minha filha feliz. Eu vejo isso nos olhos dela. Ela brilha quando olha para você. JP pareceu genuinamente tocado.
Ela me salvou, senhor. De mim mesmo. Sou eu que deveria agradecer. Chama-me de Roberto. Somos família agora. Ele olhou entre os dois. Família de verdade. Depois da visita no carro voltando para Alphaville, Daniele pegou a mão de JP. “Obrigada”, ela disse. “Pelo quê?” “Por ser tão bom com ele, por não tratá-lo como caridade. Ele é seu pai.
Isso o torna importante para mim também. JP beijou os dedos dela. Além disso, eu gosto dele. Ele me lembra que existem homens bons no mundo. Homens que sacrificam tudo pelos filhos. Diferente do seu pai, JP ficou quieto por um momento. Meu pai nunca superou a morte de Gustavo.
Ele Ele simplesmente desistiu de viver e, por extensão, desistiu de mim. JP, está tudo bem. Fiz as pazes com isso, mas a dor ainda estava lá. errada. Um dia talvez vou confrontá-lo, dizer todas as coisas que precisam ser ditas, mas não agora. Agora só quero focar no que é bom, em você, em nós. Eles começaram a fazer pequenas viagens nos fins de semana, campos do Jordão, onde ficaram em uma pousada aconchegante e caminharam de mãos dadas entre Pinheiros. Ubatuba, onde JP ensinou Daniele a surfar.
Ela era tão péssima quanto ele no início. Brotas, onde fizeram rapel e voltaram cobertos de lama e rindo como crianças. Você é a primeira pessoa que me faz esquecer de verificar e-mails por um dia inteiro JP disse numa dessas viagens deitados em uma rede na varanda da pousada. Isso é bom ou ruim? é libertador.
Ele brincou com os dedos dela. Costumava pensar que se eu parasse de trabalhar, de controlar tudo, tudo desmoronaria, mas não desmoronou. A empresa funciona, a vida continua e eu Ele a olhou. Eu estou finalmente vivendo orgulhosa de você. Não deveria estar. Você que fez isso tudo.
Você que me arrastou de volta para a vida. Nós fizemos juntos. Daniele corrigiu. Você escolheu mudar. Eu apenas te mostrei que era possível. Uma noite, quatro meses depois do casamento, Daniele acordou com náusea intensa. Ela correu para o banheiro e vomitou, o estômago se revirando. JP acordou com o barulho e veio correndo.
Dani, amor, você está bem? Ele segurou o cabelo dela para trás, esfregando suas costas. Acho que foi algo que comi. Ela o fegou. Mas na manhã seguinte aconteceu de novo e na seguinte. Você precisa ver um médico”, JP insistiu na terceira manhã, claramente preocupado. “Estou bem, só um vírus, Daniele. A forma séria com que ele disse seu nome a fez parar. Você tem vomitado por três dias.
Está pálida, está exausta. Por favor, me deixa levar você ao médico.” Ela não queria preocupá-lo, mas concordou. Dr. Carvalho, o médico particular de JP, fez vários exames. Quando ele voltou com os resultados, tinha um sorriso no rosto. Não é nada para se preocupar, ele anunciou. Na verdade, são ótimas notícias. Parabéns, vocês vão ser pais. O silêncio na sala era insurdeor.
O quê? Daniele sussurrou. Você está grávida aproximadamente seis semanas. Os enjo são completamente normais no primeiro trimestre. Daniele olhou para JP, que estava completamente congelado, o rosto pálido. “Jó P”, ela disse suavemente. Ele não respondeu, apenas olhava para o médico como se estivesse falando outra língua.
JP, você está bem? De repente, ele saiu da sala. Daniele agradeceu ao médico apressadamente e foi atrás dele. Encontrou o JP no corredor, encostado na parede, a cabeça entre as mãos. Hei”, ela disse suavemente, tocando o braço dele. “Fala comigo.” “Um bebê?”, ele disse, à voz embargada. “Vamos ter um bebê.
Você está com raiva?” Raiva? JP finalmente a olhou e havia lágrimas em seus olhos. Estou aterrorizado. Por quê? E se eu for como meu pai? E se eu não souber como amar essa criança? E se eu estragar tudo? Daniele pegou o rosto dele entre as mãos. Você não vai. Olha para mim, JP. Você não é seu pai. Você é o homem que acordou às 3 da manhã para me trazer sorvete quando eu estava triste.
Você é o homem que pintou um quarto inteiro de cores alegres só porque eu mencionei que amava cores. Você é o homem que visita meu pai toda semana e o trata com respeito. Você vai ser um pai incrível, como você sabe? Porque você já me ama do jeito que um pai deveria amar um filho, completamente, incondicionalmente. Você aprendeu, JP, você pode amar e você vai amar esse bebê.
As lágrimas escorreram pelo rosto dele. Estou com tanto medo. Eu também. Mas estamos juntos nisso. Você e eu vamos descobrir juntos. JP a puxou para um abraço apertado, enterrando o rosto no pescoço dela. Ela podia sentir o corpo dele tremendo com soluços silenciosos. A vida aqui ele finalmente disse, colocando a mão na barriga ainda plana dela.
Nossa vida, nosso bebê, nosso bebê, Daniele repetiu, cobrindo a mão dele com a sua, e naquele corredor de hospital, abraçados e chorando, eles fizeram uma promessa silenciosa. Iam fazer isso direito, iam quebrar os ciclos, iam dar a essa criança tudo que eles não tiveram, iam dar amor incondicional. Os primeiros meses da gravidez foram uma montanha russa.
Daniele tinha enjoos constantes e JP estava ao lado dela em cada momento. Ele segurava o cabelo dela durante os vômitos matinais, trazia bolachas de água e sal para a cama, cancelava reuniões para ficar com ela quando estava mal. “Você não precisa fazer isso,” Danielle disse uma manhã depois de outro episódio de náuseia. Tem trabalho importante. Nada é mais importante que você. JP limpou o rosto dela com uma toalha úmida.
Nada nunca será. Ele se tornou obsessivamente protetor. Daniele não podia carregar nada pesado. Não podia subir escadas rápido demais. Precisava descansar a cada 2 horas. “Jp, estou grávida, não inválida”, ela reclamou quando ele insistiu em carregá-la à escada acima. “Tu amorm! Você vai me carregar pelos próximos s meses, se necessário, mas havia momentos de pura magia também, como quando JP começou a conversar com a barriga dela, mesmo sem ter nada para ver ainda.
“Oi, bebê”, ele sussurrava, a boca perto do umbigo de Daniele. “Sou seu papai. Só quero que saiba que estou muito animado para te conhecer e um pouco aterrorizado, mas principalmente animado. Ela não pode te ouvir ainda, Daniele disse, passando os dedos pelo cabelo dele. Como sabe que é menina? Intuição de mãe. Intuição de pai, diz que é menino.
Aposta? Se for menina, você escolhe o nome. Se for menino, eu escolho. Acordo fechado. Eles foram ao primeiro ultrassom juntos. JP estava visivelmente nervoso, a perna pulando enquanto esperavam na recepção da clínica. “Para de se preocupar”, Daniele disse, entrelaçando os dedos com os dele.
“E se algo estiver errado? E se o bebê não estiver bem? Então vamos lidar com isso”. Quando finalmente entraram na sala, o médico passou o gel frio na barriga de Daniele e começou o exame. Por um momento que pareceu uma eternidade, havia apenas estática na tela. Então, um som, um rápido tum tum tum tum. Esse é o batimento cardíaco. O médico anunciou com um sorriso forte e saudável.
JP agarrou a mão de Daniele com tanta força que doeu, mas ela não reclamou. Ela olhou para ele e viu lágrimas escorrendo pelo rosto dele, os olhos fixos na tela onde um pequeno feijãozinho pulsava. “Nosso bebê”, ele sussurrou maravilhado. “É nosso bebê de verdade. Querem saber o sexo? O médico perguntou sim. Ambos responderam ao mesmo tempo.
O médico moveu o ultrassom, verificando vários ângulos. Então sorriu. Preparem-se para muito rosa. É uma menina. Daniele olhou para JP com um sorriso vitorioso. Eu disse, mas JP não estava competindo mais. Ele apenas olhava para a tela com uma expressão de puro assombro. Uma menina, ele repetiu. Vamos ter uma filha. No carro.
Voltando para casa, JP estava incomumente quieto. Daniele o observou com preocupação. Arrependido de ter perdido a aposta, ela brincou. Estou aterrorizado. Ele admitiu. Uma menina significa que vou ter que protegê-la de idiotas, como eu costumava ser. Você nunca foi um idiota. Fui frio, controlador, emocionalmente indisponível. Ele olhou para ela. Uma filha.
Ela vai precisar que eu sejas melhor, mais suave. mais presente. Você já é todas essas coisas com você, talvez, mas vou ter que aprender a ser assim com ela também. Daniele tocou o rosto dele. Você vai. E sabe por quê? Porque você vai amá-la do jeito que ama a mim. Você vai se surpreender com o quanto você é capaz de amor. Eles escolheram o nome juntos naquela noite, sentados no atelier sob as estrelas.
Maria Eduarda JP sugeriu: “Eduarda era o nome da minha avó, a gaúcha, a que me ensinou a fazer chimarrão e me contou que erva mate guardava memórias”. Maria Eduarda Almeida Santos Ferreira. Daniele testou: “Duda para os íntimos. Perfeito. JP beijou a barriga dela, que agora começava a mostrar uma pequena curvatura. Olá, Maria Eduarda.
Duda, sua mamãe e eu te amamos muito. A gravidez avançava e com ela mudanças. Daniele começou a planejar o Instituto de Arte que JP havia começado para ela. O prédio em Pinheiros estava quase pronto e ela passava tardes inteiras lá escolhendo cores para as paredes, planejando o currículo, entrevistando professores.
Japê cortou ainda mais suas horas de trabalho. Ele chegava em casa às 4 da tarde agora, insistindo em acompanhar Daniele a todos os compromissos médicos, todas as aulas de pré-natal, todas as compras para o bebê. Você está levando isso muito a sério, Daniele comentou enquanto ele examinava meticulosamente carrinhos de bebê.
Este precisa ter suspensão adequada, sistema de segurança de cinco pontos e ser reversível para que Duda possa nos ver enquanto a empurramos. Ele listou como se estivesse avaliando uma aquisição corporativa. É um carrinho, JP. Não carro. É o carrinho da minha filha. Tem que ser perfeito. Eles transformaram um dos quartos da mansão no quarto da Duda.
Jopp insistiu em pintar pessoalmente paredes em tons suaves de rosa e amarelo com nuvens brancas no teto. “Quero que ela acorde todas as manhãs e veja algo bonito”, ele explicou cuidadosamente delineando uma nuvem. “Quero que ela saiba desde o primeiro dia que é amada”. Daniele observava dele pintar, a mão na barriga crescente, sentindo Duda chutar.
“Ela está chutando”, ela disse. JP largou o pincel imediatamente e veio correndo, colocando as mãos na barriga dela. “Onde?” “Deixeu sentir.” Como se respondendo ao pai, Duda chutou de novo, bem onde a mão de JP estava. A expressão no rosto dele era de puro encantamento. Ela me respondeu: “Dani, ela sabe que sou eu. Claro que sabe.
Você conversa com ela o tempo todo. JP se ajoelhou, colocando o rosto perto da barriga. Oi, Duda. É o papai. Você está aí chutando sua mamãe? Não faça isso. Ela já passa por muito carregando você. Ele beijou a barriga. Mas também continue, porque cada chute me lembra que você está crescendo forte.
Daniele passou os dedos pelo cabelo dele, o coração transbordando, mas nem tudo era perfeito. Uma tarde, o pai de JP apareceu sem avisar. Dona Rosa veio avisar Daniele, claramente desconfortável. “O senor Almeida Santos está na sala”, ela disse. O pai do Senr. João Pedro. Daniele estava no sexto mês, a barriga proeminente.
Ela desceu às escadas e encontrou um homem alto, cabelos grisalhos, olhos azuis idênticos aos de JP, mas completamente vazios de calor. “Você deve ser a esposa”, ele disse sem se levantar. Daniele, correto? Sim. E o senhor é Paulo Almeida Santos, pai de João Pedro. Ele finalmente se levantou, avaliando-a. Então é verdade, ele realmente se casou e está com uma criança a caminho.
Estou grávida de se meses? Sim, rápido. Havia desaprovação em sua voz. Conheceram-se há quanto tempo? 8 meses. Senr. Almeida. Não se preocupe. Não vim causar problemas. Vim entregar isto. Ele colocou um envelope grosso na mesa de centro. São documentos sobre a herança de João Pedro. Com um bebê chegando, ele precisa atualizar seu testamento.
Ele não está aqui agora, mas posso dar a ele quando também vim por curiosidade. Queria ver a mulher que conseguiu o impossível. O impossível fazer meu filho sentir algo. Qualquer coisa. Paulo pegou o palitó. Depois que Gustavo morreu, João Pedro se tornou uma casca. Eficiente, bem-sucedido, mas vazio. Achei que sempre seria assim. Ele não é vazio, Daniele disse defensiva.
Não mais, aparentemente, Paulo a olhou com algo que poderia ser respeito. Você deve ser especial. Sou apenas alguém que o ama. Gustavo teria gostado de você. E com isso ele saiu. Daniele ficou ali tremendo até que JP chegou em casa meia hora depois. Ele entrou sorrindo, mas congelou quando viu a expressão dela. O que aconteceu? Seu pai esteve aqui.
Toda a cor drenou do rosto de JP. O quê? Ela contou tudo. Quando terminou, JP estava visivelmente abalado. Ele não tinha direito de vir aqui, de falar com você. JP, ele só não Ele estava furioso agora. Ele não se importa. Nunca se importou. Só aparece quando quer algo ou quando quer lembrar que Gustavo era o filho favorito. Ele disse que você mudou, que não é mais uma casca vazia.
Ele não tem o direito de opinar sobre quem eu sou. JP passou as mãos pelo cabelo frustrado. Desculpa, desculpa por ele ter te incomodado, especialmente agora com você grávida. Daniele o puxou para um abraço. Está tudo bem. Ele não me incomodou. Eu só fiquei preocupada com você. JP se deixou ser abraçado, relaxando gradualmente. Eu amo você por se preocupar, mas estou bem.
Ele não pode mais me machucar. Não quando tenho você. E Duda, ele colocou as mãos na barriga dela e como sempre Duda respondeu com um chute. Viu? Ele sussurrou. Ela sabe que preciso dela. Naquela noite, deitados na cama, Daniele finalmente perguntou o que estava em sua mente desde a visita.
Você vai convidar seu pai para conhecer Duda? JP ficou quieto por tanto tempo que ela achou que ele não responderia. Não sei. Ele finalmente disse, “Parte de mim quer, quer que ele veja que criamos uma família de verdade, que sou mais que apenas o filho sobrevivente.” Ele suspirou, mas outra parte tem medo. Medo de que ele estrague isso, que ele compare Duda com Gustavo, como sempre comparou tudo comigo.
Vai ser sua decisão. E qualquer que seja, vou apoiar. Você sempre me apoia, mesmo quando não mereço, você sempre merece. Daniele beijou seu ombro. Você é um homem bom, JP. Está na hora de acreditar nisso. Estou tentando com você e Duda. Estou tentando.
E enquanto adormeciam, JP com a mão protetoramente na barriga dela, ambos sabiam que, apesar dos desafios, estavam construindo algo bonito, uma família, uma vida, um futuro. Juntos. O oitavo mês chegou com mais ansiedade. Daniele estava enorme, desconfortável e irritadiça. JP estava hiper vigilante, entrando em pânico a cada contração de Braxton Hicks. JP são contrações falsas, Daniele explicava pela décima vez, normais nesta fase.
Como você sabe? E se for a real? E se a Duda está vindo agora? Porque já tive cinco hoje e todas passaram. Relaxa. Mas ele não relaxava. Ele tinha uma bolsa pronta há semanas, GPS programado para três hospitais diferentes, caso um esteja cheio. E o número de todo o obstetra de São Paulo no telefone. Você está me deixando louca, Daniele disse, mas com afeto.
Boa prática para quando a Duda chegar. Numa madrugada de março, Daniele acordou com uma dor diferente, não forte, mas constante. Ela olhou para o relógio. 3:47 da manhã. JP Ela o cutucou suavemente. Ele acordou imediatamente. O quê? É o bebê? Você está em trabalho de parto? Cadê a bolsa? Precisamos. Respira. Daniele riu apesar da dor. Sim. Acho que é trabalho de parto, mas está no início. Temos tempo.
Tempo? Não temos tempo. Jap estava fora da cama em segundos, procurando calças, camiseta, meias diferentes. Onde está minha carteira? Cadê as chaves, dona Rosa? Japê, são 4 da manhã. Não grite. Mas dona Rosa já estava acordada, aparecendo na porta de roupão. O bebê está vindo? Ela perguntou animada. Sim.
JP gritou. Talvez. Daniele corrigiu. As contrações estão a cada 15 minutos. Temos tempo de outra contração. Mais forte desta vez. Daniele respirou profundamente. Isso é normal. JP estava pálido. Você está com dor, muito dor. Precisa de algo? Água, remédio? Eu? Você já está ajudando. Daniele garantiu, apertando a mão dele. Mas vamos esperar as contrações ficarem mais próximas antes de ir ao hospital.
Eles não esperaram. JP insistiu em ir imediatamente para a maternidade Promatri. No carro ele dirigia tão cuidadosamente que outros motoristas bus inavam impacientes. Mais rápido Daniele disse durante uma contração. Indo o mais rápido que posso sem bater. Apesar da dor, Daniele riu. Você está mais nervoso que eu. Porque você é a corajosa.
Eu sou apenas o cara que vai desmaiar se vir muito sangue. Não vai ver sangue, promete? Na maternidade, a Dra. Silva os recebeu calmamente. Primeira vez? Ela perguntou a JP, que estava visivelmente hiperventilando. É tão óbvio assim? Um pouco. Respire. Você não é o que está dando à luz. As próximas horas foram um borrão. As contrações ficaram mais fortes, mais próximas.
JP nunca saiu do lado de Danielle, segurando sua mão, limpando o seu suor, sussurrando encorajamentos. Você é incrível”, ele dizia repetidamente. “Tão forte, tão linda. Estou suada e feia.” Daniele ofegou. “Você nunca foi mais linda. Quando finalmente chegou a hora de empurrar, Daniele estava exausta. Não consigo.” Ela chorou. “Não tenho mais força.” “Sim, você consegue.
” JP estava ao seu lado, o rosto tão próximo quanto os médicos permitiam. Você é a mulher mais forte que conheço. Você me salvou. Agora vai trazer nossa filha ao mundo. Eu sei que consegue. Com suas palavras, Daniele encontrou força que não sabia ter. Ela empurrou uma vez, duas vezes, três vezes. E então um choro.
O choro mais lindo que qualquer um deles já ouviu. É uma menina, a enfermeira anunciou desnecessariamente. Maria Eduarda Almeida Santos Ferreira chegou às 14:23, pesando 3,2 K 48 C, com um tufo de cabelos escuros e os olhos mais perfeitos que JP já vira. Quando colocaram Duda nos braços de Daniele, o tempo parou. A bebê parou de chorar imediatamente, os olhos piscando abertos, procurando.
Oi, Duda Daniele sussurrou, lágrimas escorrendo pelo rosto. Oi, meu amor. Finalmente te conheço. JP estava paralisado ao lado da cama, apenas olhando. A enfermeira se aproximou. Quer segurar sua filha, papai? Eu, eu. JP não conseguia formar palavras. Vem”, Daniele disse suavemente.
“Conhece a Duda?” Com mãos trêmulas, JP recebeu o pacotinho embrulhado. A bebê era tão pequena em seus braços, tão perfeita, tão frágil. E então ela abriu os olhos, verdes como os de Daniele, e olhou diretamente para ele. O Japê soluçou, alto, sem controle, todo o muro que ele havia construído por anos, desmoronando em um instante.
“Oi, Duda”, ele conseguiu dizer através das lágrimas. Sou seu papai e eu eu te amo tanto, tanto que dói, tanto que não sei o que fazer com isso tudo. A bebê fez um barulhinho, como se respondendo. Vou cometer erros. JP continuou as palavras jorrando. Muitos erros, mas prometo que vou tentar. Vou estar presente. Vou te amar todos os dias da minha vida. Vou te proteger de tudo. Vou. Sua voz falhou.
Daniele tocou o braço dele, lágrimas também em seus olhos. Você vai ser um pai incrível. JP olhou para ela, depois para a bebê em seus braços, depois de volta para Daniele. Vocês são minha vida inteira, vocês duas, minha vida inteira. Eles passaram as próximas horas em uma bolha, apenas os três.
JP se recusou a deixar alguém segurar Duda, além de Daniele e ele. Ele trocou a primeira fralda com instruções da enfermeira, deu o primeiro banho, chorando o tempo todo, e não parou de tirar fotos. Você é pior que pai de primeira viagem em filme, Daniele brincou, exausta, mas feliz. Ela é perfeita. Preciso documentar tudo. Quando finalmente foram para casa dois dias depois, JP dirigia tão devagar que Daniele riu. JP, a Duda está segura, pode ir um pouco mais rápido.
10 km/h é um pouco mais rápido. A mansão havia sido transformada. Dona Rosa decorou com faixas. Bem-vinda, Maria Eduarda. E havia flores em todos os cantos. Dona Rosa, você não precisava. Daniele disse emocionada. Precisava sim. Esta casa estava esperando por um bebê há muito tempo. Os primeiros dias foram caóticos.
Duda acordava a cada 2 horas para mamar. Daniele estava exausta, tentando se recuperar do parto e cuidar da recém-nascida. JP assumiu tudo mais. Ele cozinhava, limpava, mudava fraldas. No meio da noite, quando Duda chorava, ele a embalava por horas, cantando desafinado canções de ninar que inventava na hora.
Você é uma princesinha? A princesinha do papai. Ele cantava off e Duda no colo. E papai te ama. Até a lua e volta. Até a lua e volta. Daniele observava da porta do quarto, o coração transbordando. Este era o homem que disse que nunca a tocaria. Agora ele cantava para sua filha às 3 da manhã. Uma noite, três semanas após o nascimento, Daniele encontrou JP no quarto de Duda, apenas observando o berço. “Não consegue dormir?”, Ela perguntou suavemente.
Fico observando ela respirar, ele admitiu, para ter certeza que está tudo bem, que ela está realmente aqui. Daniele abraçou por trás, descansando o rosto em suas costas. Ela está aqui e é real e é nossa. Às vezes ainda não acredito que alguém tão perfeito pode existir, que ela é parte de mim. Ele se virou nos braços de Daniele.
Você me deu tanto, me deu você, me deu a Duda, me deu uma razão para viver. Você fez o mesmo por mim. Eles se beijaram suavemente, cansados, mas felizes. Eu quero mais. JP disse de repente. Mais, mais filhos com você. Quero encher esta casa de risadas e bagunça e amor. Quero dar a Duda irmãos. Quero. Ele sorriu. Quero uma família grande e caótica.
Tudo que nunca tive. Podemos falar sobre isso quando eu não estiver funcionando com duas horas de sono? Daniele brincou. Claro. Mas só para que saiba, eu quero tudo com você. Cada momento, cada desafio, cada alegria do berço. Duda fez um barulhinho. Ela concorda. JP declarou. Ela está dormindo. Ela concorda mesmo assim.
E naquela noite, com sua filha dormindo pacificamente e seu marido abraçando-a perto, Daniele percebeu que tinha tudo que sempre sonhou, não da forma que imaginou, mas de forma ainda melhor, porque o amor verdadeiro descobriu não era perfeito, era real, era bagunçado, era trabalho duro, mas valia cada segundo. Campus do Jordão, em dezembro estava mágica.
A cidadezinha serrana estava decorada para o Natal, luzes piscando em cada esquina. O clima frio, mas acolhedor. JP dirigia cuidadosamente pela estrada sinuosa, Daniele ao seu lado, e no banco traseiro, Maria Eduarda, agora com um ano e meio, brincava com seus brinquedos no bebê conforto. “Papai!”, ela gritou sua palavra favorita. “Papai, olha”.
JP olhou pelo retrovisor e seu coração derreteu como sempre. “O que foi, Duda?” “Bou!” Ela mostrou seu brinquedo de vaca. Muito bom, amor. A vaca faz mu. Duda repetiu rindo. Daniele sorriu observando a interação. Nos últimos dois anos, ela havia visto JP transformar em um pai completamente dedicado.
Ele ainda trabalhava, mas sempre estava em casa para o jantar. Ele nunca perdia as fotos de Duda, seus primeiros passos capturados em vídeo de 10 ângulos diferentes. Sua primeira palavra, que foi papa fazendo JP chorar. Estou nervoso, JP admitiu suavemente para apenas Daniele ouvir. Sobre a cerimônia, sobre os votos. Quero fazer isso certo desta vez. Nada de protocolo vazio.
Algo real. vai ser perfeito. Eles estavam voltando para Campos do Jordão, onde haviam passado um fim de semana dois anos atrás, no início do namoro deles, se é que podiam chamar assim, considerando que eram tecnicamente casados. JP quis renovar os votos ali para substituir as memórias frias da primeira cerimônia com algo verdadeiro. A pousada que reservou era charmosa.
Chalés de madeira escura, lareiras, decoração rústica, mas elegante. A capela era pequena, acomodando apenas 20 pessoas. Ao contrário da primeira cerimônia, desta vez havia apenas pessoas que eles amavam. Roberto, o pai de Daniele, completamente recuperado agora.
Dona Rosa, que se tornara como uma avó para Duda, alguns amigos próximos de Daniele da época da USP, alguns colegas de JP que haviam se tornado realmente amigos e para surpresa de Daniele, Paulo Almeida Santos, o pai de JP, sentado no último banco da capela. Você o convidou? Ela sussurrou para JP enquanto se preparavam no chalé. Sim. Joap ajustou a gravata nervosamente. Achei que não sei.
Achei que talvez fosse hora de tentar pelo menos dar a ele a chance de conhecer a Duda apropriadamente. Orgulhosa de você. A cerimônia estava marcada para as 5 da tarde, quando o sol começaria a se pôr sobre as montanhas. Daniele usava um vestido simples de renda renascença em tons de off white, flores do campo no cabelo solto. Nada de vel elaborado ao exageros, apenas ela.
Duda, usava um vestidinho combinando e JP estava de terno cinza claro com gravata azul. Quando chegou a hora, Roberto caminhou com Daniele até o altar. Desta vez, ela tinha seu pai ao lado e isso fazia toda a diferença. JP estava no altar e quando a viu, seus olhos se encheram de lágrimas instantaneamente.
“Você está linda”, ele disse quando ela chegou ao seu lado. “Você também.” O oficiante começou, mas diferente da primeira cerimônia, desta vez havia calor e autenticidade em cada palavra. “João Pedro, você gostaria de fazer seus votos?” JP respirou fundo e pegou as mãos de Daniele. Quando nos casamos há dois anos, ele começou a voz embargada. Eu pensei que estava fazendo uma transação comercial, uma solução para um problema.
Eu estava errado sobre muitas coisas, mas estava especialmente errado sobre você. Lágrimas já escorriam pelo rosto de Daniele. Você entrou na minha vida como uma tempestade de verão tropical, violenta, imprevisível, impossível de ignorar. Você derrubou todos os muros que passei anos construindo. Você me forçou a sentir quando eu jurei que nunca mais sentiria. Você me ensinou que amar não é fraqueza.
É a maior força que existe. Duda, no colo de dona Rosa, na primeira fileira, disse: “Papai, alto, fazendo todos rirem através das lágrimas”. Sim, Duda. O papai está falando. JP disse com um sorriso antes de voltar para Daniele. Você me deu não apenas amor, você me deu uma família, uma casa, uma razão para acordar todas as manhãs.
Você me trouxe de volta à vida, Dani, quando eu estava apenas existindo. Ele limpou as lágrimas dela gentilmente. Eu não sou perfeito. Ainda sou controlador. Às vezes ainda trabalho demais. Às vezes ainda tenho dias onde a escuridão tenta voltar. Mas agora com você ao meu lado, sei que posso enfrentar qualquer coisa, porque você não me deixa desistir de mim, de nós, da vida.
Então, hoje na frente de todos que amamos, eu faço estas promessas. Eu te escolho todo dia de todas as formas. Eu vou te amar quando for fácil e quando for difícil. Eu vou te apoiar em seus sonhos, como você apoiou os meus. Eu vou ser o marido que você merece, o pai que nossa filha, nossas futuras filhas merecem. Eu vou continuar crescendo, mudando, melhorando, porque você me inspira a ser melhor e eu vou passar o resto da minha vida te fazendo feliz, porque sua felicidade é minha. Não havia olhos secos na capela. Daniele, seus votos.
Daniele respirou fundo, tentando controlar as lágrimas. Jopp, quando aceitei me casar com você dois anos atrás, eu estava aterrorizada e resignada. Que eu achava que estava desistindo da minha vida por dinheiro, mas não estava desistindo, estava começando. Você me surpreendeu em cada etapa.
O CEO frio e controlador era apenas uma armadura, protegendo um coração que tinha medo de amar de novo. A cada dia você me mostra mais de quem realmente é. Gentil, engraçado, vulnerável. profundamente capaz de amor. Você me deu meu pai de volta. Você me deu um espaço para criar arte. Você me deu uma filha que é o centro do nosso universo.
Mas mais importante, você me libertou. Me ensinou que é OK ser forte e vulnerável ao mesmo tempo, que é OK depender de alguém. Você é meu melhor amigo, meu companheiro, meu amor. Você é o pai que toda criança deveria ter. Você é o homem que toda pessoa deveria ter a sorte de conhecer. Então hoje eu renovo meus votos, não por obrigação, mas por escolha.
Eu te escolho, João Pedro, hoje e todo dia depois, nos dias bons e ruins, na saúde e na doença, em riqueza e pobreza. Embora admito a riqueza ajuda, risadas baixas, eu prometo continuar te desafiando, te amando, te apoiando, construindo nossa família juntos, porque você não é apenas meu marido, você é meu para sempre.
JP a puxou para um beijo antes do oficiante terminar, provocando aplausos e risadas. “Você não pode beijar a noiva ainda?”, o oficiante brincou. “Tarde demais, JP disse contra os lábios dela. Ela é minha. Sempre foi. A recepção foi na pousada. Uma celebração íntima com comida brasileira caseira, feijoada, churrasco, farofa, pão de queijo. Havia vinho quente para o frio, música ao vivo tocando samba e MPB. E muita risada.
JP dançou com Daniele, com Duda espremida entre eles, ambos cantando desafinado enquanto sua filha ria. Feliz? JP perguntou girando Daniele. Mais que feliz. Completa eu também. Mais tarde, quando Duda já estava dormindo nos braços de dona Rosa, JP levou Daniele para a varanda do chalé. As montanhas se estendiam diante deles, iluminadas pela lua cheia.
Lembra quando eu disse que nunca ia te tocar?”, JP perguntou, abraçando-a por trás. “Você era tão arrogante”, Daniele riu. “Eu era um idiota.” Ele a beijou no pescoço. “Mas você me salvou de mim mesmo. Nós nos salvamos mutuamente.” Eles ficaram assim por longos minutos, apenas apreciando a paz, o amor, a vida que construíram. “Quer saber um segredo?”, JP sussurrou. Sempre. Estou trabalhando em algo.
Uma pintura para você. A que você não me deixou ver. Essa mesma está quase pronta. Vai ser meu presente de aniversário de casamento para você. Você não precisava. Precisava. Ele a virou para olhar em seus olhos. Porque você me deu de volta algo que pensei ter perdido para sempre. A capacidade de criar, de sentir, de viver. JP: Eu te amo, Daniele Almeida Santos Ferreira.
Mais que ontem, menos que amanhã. Eu te amo também para sempre. Do chalé ouviram Duda chorar. Ambos sorriram. Dever chama, Daniele disse. Nosso dever favorito. Eles voltaram juntos e JP pegou Duda, embalando-a suavemente. A bebê se acalmou imediatamente, reconhecendo os braços do pai. Família, JP, disse, olhando entre sua esposa e filha, minha família.
E naquele momento, em um chalé nas montanhas de Campos do Jordão, cercado por amor e calor, João Pedro finalmente entendeu algo que buscou a vida toda. Ele não era definido por seus erros do passado. Não era apenas o irmão sobrevivente. Não era apenas o si bem-sucedido. Ele era um marido, um pai, um homem capaz de amar profundamente.
E isso finalmente era suficiente. Manhã, após a renovação dos votos, JP acordou cedo e encontrou seu pai na varanda da pousada, tomando café sozinho. Por um momento, ele considerou voltar, evitar a conversa que precisavam ter há anos, mas então pensou em Daniele, em como ela o encorajou a convidar Paulo, em como ela acreditava que ele poderia curar essas feridas. “Posso sentar?”, JP perguntou.
Paulo olhou para cima, surpreso. É sua pousada. Tecnicamente você pode fazer o que quiser. JP se sentou mesmo assim. Eles ficaram em silêncio por um minuto desconfortável. Obrigado por vir, JP finalmente disse. Fiquei surpreso com o convite. Eu também fiquei surpreso por mandá-lo. Paulo sorriu tristemente.
Sempre fomos bons em evitar um ao outro. Aprendemos com os melhores. Você e mamãe praticamente inventaram evitar comunicação após a morte de Gustavo. Foi duro, mas precisava ser dito. Paulo encolheu como se tivesse levado um soco. Você está certo? Ele disse baixinho. Nós falhamos com você. Eu falhei. JP não esperava isso.
O quê? Depois que perdemos Gustavo, eu não conseguia olhar para você. Não porque desejasse que fosse você quem morreu, como você pensa, mas porque você me lembrava dele. Vocês tinham o mesmo sorriso, a mesma teimosia e doía demais. Então você me cortou da sua vida. Eu cortei todo mundo da minha vida, sua mãe, amigos, você.
Paulo finalmente olhou para JP e havia lágrimas em seus olhos. Mas você mais que qualquer um, porque você estava ali precisando de um pai e eu estava enterrado na minha dor. E quando finalmente saí da névoa já era tarde demais. Você tinha construído muros tão altos que não conseguia alcançar. JP sentiu sua garganta apertar. Você disse no hospital após o acidente. Por que tinha que ser Gustavo? Como se desejasse que fosse eu.
Não foi o que eu quis dizer. Paulo limpou as lágrimas. Estava em choque, em luto, mas nunca, nunca desejei que fosse você. Ambos meus filhos eram meu mundo. Perder um foi devastador. Perder ambos teria me matado. Mas você me perdeu de qualquer jeito. Você escolheu me perder. Eu sei. E foi o maior erro da minha vida. Paulo estendeu a mão hesitantemente, cobrindo-a de JP sobre a mesa.
Eu não posso voltar no tempo. Não posso recuperar os 16 anos que desperdicei. Mas estou aqui agora. tentando, se você me deixar. JP olhou para a mão do pai sobre a sua, anos de mágoa, ressentimento, dor, mas também enterrada muito fundo, o menino de 16 anos que perdeu o irmão e depois o pai emocionalmente. Vai doer, JP disse.
Reconstruir isso não vai ser fácil ou rápido. Eu sei. Eu tenho raiva de você. Muita raiva. Você tem direito. Mas Jopê respirou fundo. Mas Duda merece conhecer o avô e eu não quero que ela cresça com o mesmo vazio que eu cresci. Paulo soluçou. O som rasgado e cru. Obrigado. Você não sabe o que significa.
Tem condições. JP disse firmemente. Você não pode desaparecer de novo. Não pode prometer estar presente e depois sumir quando ficar difícil. Porque se você machucar Dani ou Duda, eu te corto da minha vida permanentemente. Concordo com todas as condições. Daniele apareceu na varanda naquele momento, Duda no quadril.
Ela parou ao ver pai e filho, claramente esperando tensão, mas quando viu as mãos deles unidas sobre a mesa, seu rosto se iluminou. “Bom dia”, ela disse suavemente. “Bom dia, querida”, Paulo respondeu, secando rapidamente as lágrimas. E bom dia, Maria Eduarda. Duda olhou para o desconhecido com curiosidade. Duda, esse é seu vovô, JP disse pegando a filha. Quer dizer oi? Oi. Duda disse acenando entusiasticamente. Paulo riu. O som estranho, mais genuíno.
Oi, Duda. Você é linda como sua mamãe. Ela também é teimosa como o papai. Daniele brincou. JP sentou Duda no colo. Vovô vai visitar mais agora. Você gostaria disso? Sim. Duda concordou, embora claramente não entendesse completamente. Paulo observava a neta com admiração. Ela é perfeita. É.
JP concordou beijando o topo da cabeça de Duda. E ela vai crescer, sabendo que é amada por todos nós. A mensagem era clara. Paulo acenou entendendo. O resto da manhã foi passado em uma cautela desconfortável, mas esperançosa. Paulo contou histórias sobre Gustavo para Daniele, memórias boas que fez J. rir e chorar ao mesmo tempo. Gustavo teria adorado ser tio, Paulo disse.
Ele sempre foi bom com crianças. Ele é tio, JP disse suavemente. Do céu, protegendo ela. Paulo sorriu. Ele estaria orgulhoso de você, do homem que você se tornou, do pai que você é. Eram palavras que JP tinha esperado ouvir por anos. E embora não curassem tudo, começavam a curar algo.
Depois que Paulo partiu, prometendo visitar em duas semanas, Daniele encontrou JP no quarto deles, olhando pela janela. “Como você está?”, ela perguntou, abraçando-o por trás. Confuso, aliviado, ainda com raiva, mas também esperançoso. Isso é progresso. É. Ele se virou para olhá-la. Obrigado por me encorajar a convidá-lo, por acreditar que podíamos consertar isso.
Vocês consertaram. Você consertou. Estou muito orgulhosa. JP a beijou suavemente. Não sei o que fiz para merecer você. Você existiu. Foi suficiente. Naquela tarde, antes de voltarem para São Paulo, JP levou Danielle para o atelier improvisado que montou no chalé. Coberta por um lençol, estava uma grande tela.
Lembra que disse que estava trabalhando em algo para você? Ele perguntou nervoso. Está pronto. Ele removeu o lençol. Daniele ficou sem palavras. A pintura era impressionante. Era ela, Duda e JP em Alpav Ville, no Jardim da Mansão. Mas não era apenas um retrato realista, era emoção pura. As pinceladas capturavam movimento, vida, amor. Daniele estava rindo na pintura. Duda nos braços, JP abraçando ambas por trás.
As cores eram vibrantes, verdes exuberantes, azuis profundos, dourados quentes. Mas o que realmente capturou Daniele foram os detalhes, as pequenas manchas de tinta nas mãos dela, porque ela sempre tinha tinta nas mãos, os cachos rebeldes de Duda voando no vento. O jeito que JP olhava para elas na pintura com tanta adoração que parecia físico.
“Gap!”, ela sussurrou lágrimas escorrendo. “E pé! É como eu vejo vocês”, ele disse suavemente. “Minha luz, minha vida, meu tudo”. Daniele o beijou com todo o amor que sentia. É a coisa mais linda que já vi. Você é a coisa mais linda que já vi. Ele limpou as lágrimas dela. Cada dia com você é um presente que nunca pensei merecer. Você merece tudo.
Eles ficaram ali abraçados diante da pintura, Duda correndo ao redor deles. E Daniele pensou em como longe haviam chegado. Dois anos atrás, ela casou com um estranho frio em uma capela vazia. Agora, ela renovava votos com seu melhor amigo em uma capela cheia de amor. Dois anos atrás, ela pensava que estava desistindo de sua vida. Agora, ela tinha mais vida do que nunca soube possível.
E tudo por causa do homem que jurou nunca tocá-la, mas agora não conseguia deixá-la ir. O homem que ela amava mais que tudo, seu marido, seu parceiro, seu João Pedro. Seis meses após a renovação dos votos, a vida havia estabelecido um ritmo doce. JP e Paulo estavam lentamente reconstruindo seu relacionamento.
Jantares semanais, Paulo visitando para brincar com Duda, conversas difíceis sobre o passado. Não era perfeito, mas era progresso. O Instituto de Arte de Daniele estava florescendo. 50 crianças agora tinham aulas gratuitas toda semana e a primeira exposição deles seria em breve. Duda estava crescendo rápido, falando frases completas agora, pintando, mal, mas com entusiasmo, ao lado da mãe.
Tudo estava perfeitamente bem. E então, numa terça-feira comum de setembro, Daniele começou a sentir enjoos novamente. Não, de novo. Ela gemeu correndo para o banheiro. JP apareceu na porta preocupado. Você comeu algo estragado? Não sei. Talvez. Ou ela parou, olhou para ele. JP o quê? Que dia é hoje? 17 de setembro.
Por quê? Daniele fez contas rápidas na cabeça e congelou. Meu período está atrasado, duas semanas. O rosto de JP passou por 10 emoções em 2 segundos. Você acha que só há uma forma de saber? Dona Rosa foi discretamente comprar testes de farmácia. Daniele fez três só para ter certeza. Todos positivos. Estamos grávidos de novo”, ela disse, olhando para as duas linhas em cada teste. JP estava sentado na beira da cama, processando.
Depois de um longo momento, ele começou a rir. “Não somos muito bons em planejamento familiar.” “Somos?”, ele disse. “Aparentemente não.” Ele a puxou para seu colo. “Como você se sente?” Surpresa, feliz, um pouco aterrorizada de ter dois bebês tão perto em idade.
“Duda vai ter um irmãozinho ou irmãzinha?” JP colocou a mão na barriga dela. Nossa família está crescendo. Você está feliz? Estou. Ele procurou as palavras certas. Estou mais que feliz. Estou completo. Mas quando foram ao médico confirmar, receberam uma surpresa ainda maior. Parabéns, Dra. Silva, disse, olhando o ultrassom. Vocês vão ter gêmeos. Silêncio absoluto. Desculpa.
O quê? Daniele conseguiu dizer. Gêmeos. Veja aqui. Ela apontou para dois sacos gestacionais distintos, dois bebês, batimentos cardíacos distintos, gêmeos fraternos. JP estava branco. Dois. Dois bebês. Sim, senhor Almeida. Dois. No carro voltando para casa, nenhum deles falou por 15 minutos.
Então JP estacionou na beira da estrada e começou a rir histas. Dois. Vamos ter três filhos com menos de três anos de diferença. Não é engraçado, Daniele disse, mas estava rindo também. É Hilário. Eu sou o cara do controle que planejava cada detalhe da vida. Vou ter três crianças em fraldas ao mesmo tempo. Nossa casa vai ser um caos. Vai ser perfeito. JP segurou o rosto dela.
Vai ser absolutamente perfeito e caótico e lindo. E estou apavorado e animado ao mesmo tempo. Eu também. Eles contaram para Duda naquela noite, tentando explicar de forma que ela entendesse. “Duda, você vai ser irmã mais velha”, Daniele disse. “Vai ter dois bebês novos”. Bebês? Duda repetiu os olhos grandes. Sim, bebês que vão te amar e que você vai ajudar a cuidar. Eu ajudo.
Duda anunciou orgulhosamente. Sim, você vai ajudar. Mas três semanas depois, algo mudou. Daniele começou a sangrar. Não muito, mas o suficiente para alarmar. JP a levou imediatamente ao hospital, chamando dona Rosa para ficar com Duda. Por favor. Daniele rezava no carro, as mãos na barriga. Por favor, estejam bem.
Por favor, JP dirigia rápido, mas com controle, uma mão segurando a dela. Vai ficar tudo bem, ele repetia. Tem que ficar. No hospital, Dra. Silva fez ultrassom de emergência. O silêncio enquanto ela procurava pelos batimentos cardíacos foi o mais longo da vida deles. Então o som. Tum tum tum tum tum tum tum tum. Dois batimentos. Dout. Silva anunciou com alívio. Ambos fortes.
Os bebês estão bem. Daniele soluçou todo o medo saindo de uma vez. Jarape abraçou ela tão forte que quase doeu. Mas Doutora Silva continuou. Você teve sangramento devido à placenta baixa. Vai precisar de repouso completo pelos próximos meses. Nada de esforço, nada de estresse.
Por quanto tempo? Daniele perguntou. Até os bebês nascerem vai ser gravidez de risco. Vamos monitorar toda semana. No carro voltando, Daniele estava quieta. No que está pensando? JP perguntou no instituto. As crianças, a exposição que vem. Eu não posso. Eu cuido do instituto. JP interrompeu.
Vou contratar alguém temporariamente ou vou eu mesmo algumas vezes? O que for preciso. JP, você tem uma empresa que pode funcionar sem mim alguns dias por semana. Você é mais importante. Os bebês são mais importantes. Mas sem más, ele pegou a mão dela. Lembra o que você disse quando Duda nasceu? Que íamos fazer isso juntos? Isso inclui quando fica difícil. Os meses seguintes foram desafiadores.
Daniele estava em repouso quase total, frustrada por não poder fazer nada. JP assumiu tudo, cuidando de Duda, gerenciando o instituto com ajuda, ainda dirigindo a empresa remotamente quando possível. Paulo começou a visitar mais, ajudando com Duda, dando um descanso para JP.
Você é um bom pai”, Paulo disse a JP um dia, observando ele brincar com Duda. “Melhor que eu jamais fui.” “Estou tentando, JP” respondeu aprendendo conforme vou. Você está fazendo mais que tentar. Você está conseguindo. Na trima semana, durante um ultrassom de rotina, Dra. Silva sorriu. Querem saber os sexos? Agora podemos ver claramente. Sim, ambos disseram. Um menino e uma menina. Gêmeos bivitelinos.
JP olhou para Daniele. Um de cada. Nossa família completas, ela respondeu lágrimas nos olhos. Eles escolheram nomes juntos. Gabriel, homenagem ao irmão que JP perdeu, Gustavo Gabriel, no nome completo. E Sofia, porque Daniele sempre amou o nome. A gravidez avançou sem mais sustos. Na 37ª semana, Daniele entrou em trabalho de parto.
Agora JP entrou em pânico. Eles vêm agora, JP. Você passou por isso uma vez, você sabe o que fazer. Foi uma vez, agora são dois. Isso é literalmente o dobro de bebês. Apesar do pânico, JP foi incrível. Ele segurou a mão de Daniele através de cada contração, sussurrou encorajamentos. Esteve presente para cada minuto. Gabriel nasceu primeiro às 14:52, 2,8 K, chorando imediatamente.
Sofia veio 3 minutos depois, 2,6. mais quieta, mas igualmente perfeita. Quando colocaram ambos no peito de Daniele, ela olhou para JP e viu lágrimas escorrendo pelo rosto dele. “Três”, ele sussurrou. “Temos três filhos.” “Três”, ela confirmou. “Nossa família”. JP segurou um bebê em cada braço, olhando maravilhado entre eles.
Gabriel, Sofia. Ele beijou as testas deles. Bem-vindos. Sua irmã mais velha está ansiosa para conhecer vocês. E seu papai está aterrorizado, mas também mais feliz do que jamais imaginou ser possível. Naquela noite, depois que Daniele dormiu exausta, JP ficou na sala de recuperação apenas observando seus três filhos.
Duda, quase 2 anos e meio agora, dormindo na cadeira ao lado, Gabriel e Sofia nos berços transparentes do hospital, sua família, sua vida inteira. E ele pensou no JP de trs anos atrás, o homem que disse que nunca tocaria em Daniele, o homem que se recusava a sentir, o homem que estava enterrado em sua própria escuridão. Esse homem não existia mais.
Em seu lugar estava alguém que ele nunca imaginou poder ser, um marido, um pai de três, um homem capaz de amor incondicional. E tudo porque uma mulher se recusou a desistir dele. Obrigado ele sussurrou para Daniele, dormindo. Por me salvar, por me dar tudo isso, por fazer valer a pena viver.
Ela não ouviu, mas não precisava, porque todos os dias, de mil pequenas formas, ele mostrava sua gratidão e continuaria mostrando pelo resto da vida deles. Dois anos depois do nascimento dos gêmeos, a mansão em Alphaville era irreconhecível. Havia brinquedos espalhados pelo chão impecável de mármore. Desenhos das crianças cobriam as paredes brancas. A piscina tinha boias coloridas flutuando. O jardim geométrico agora tinha um balanço e uma casinha de brinquedo.
Era bagunçado, era caótico, era barulhento, era perfeito. Numa manhã de domingo, Daniele acordou com o som de risadas vindo da cozinha. Ela desceu e encontrou uma cena que fez seu coração derreter. JP estava fazendo panquecas. ou tentando. Duda, agora com 4 anos, estava coberta de farinha, ajudando.
Gabriel e Sofia, com dois anos estavam nas cadeiras altas, batendo colheres e gritando: “Papa, papa, bom dia, bagunça”, Daniele disse encostando na porta. JP olhou para cima, farinha no nariz e deu aquele sorriso que ainda fazia seu estômago dar voltas. “Bom dia, amor. Estamos fazendo café da manhã especial. Eu vejo isso.
A cozinha vai sobreviver? Provavelmente não, mas vale a pena. Duda correu até Daniele. Mamãe, mamãe. Estamos fazendo panquecas em forma de carinha. Que lindo, meu amor. Eles comeram juntos na mesa bagunçada, panquecas queimadas, mas feitas com amor, suco de laranja derramado, risadas constantes. Era comum, simples e absolutamente mágico. Papai, história. Gabriel exigiu depois do café.
Depois, Gabi, primeiro vamos limpar a bagunça. Não, não. As crianças choraram em uníssono. Sim, JP disse firmemente, mas com amor. Regra da casa. Fazemos bagunça. Limpamos bagunça. Daniele observava ele pacientemente ensinar as crianças a limpar, elogiando cada pequeno esforço, tornando até tarefa chata em diversão.
Este era o homem que ela amava. Não perfeito, mas presente. Não sem falhas, mas tentando. Todo dia escolhendo família, escolhendo amor, escolhendo estar aqui. Mais tarde, com as crianças tirando soneca da tarde, milagre raro, JP encontrou Daniele no atelier do terraço. Pensei em algo, Mele disse, abraçando-a por trás enquanto ela pintava. Algo bom ou algo que vai me dar trabalho? Bom, espero.
Ele a virou para olhá-la. Quero outra cerimônia. Mas desta vez só nós dois, sem convidados, sem público, só você e eu, renovando votos apenas para nós. Por quê? Porque três anos atrás fizemos isso para nossa família, mas nunca fizemos apenas para nós. Quero te fazer promessas que só você vai ouvir. Promessas que vou guardar pelo resto da vida. Lágrimas encheram os olhos de Daniele.
Quando hoje à noite, Dona Rosa vai ficar com as crianças. Eu reservei um lugar especial. Aquela noite, JP a levou para a fazenda da avó dele no Rio Grande do Sul. Eles não haviam ido lá desde que se casaram, mas JP passara o último mês secretamente reformando o lugar.
A fazenda era linda, campos verdes se estendendo até o horizonte, uma pequena capela antiga no alto de uma colina, céu estrelado sem poluição luminosa. Eles caminharam até a capela de mãos dadas, vestido simplesmente Daniele em vestido branco fluido, JP em calça e camisa social sem gravata. Dentro da capela, velas iluminavam o espaço íntimo.
Não havia oficiante, não havia testemunhas, apenas eles dois e suas promessas. JP pegou ambas as mãos dela. Daniele, ele começou a voz embargada. Três anos atrás, eu estava completamente perdido, vazio, apenas existindo. E então você entrou na minha vida, forçando-me a sentir, a viver, a amar. Você me transformou de maneiras que nunca imaginei possíveis.
Você me mostrou que eu não era a soma dos meus erros, que eu poderia construir algo novo, ser alguém novo. Hoje, na frente apenas de Deus e das estrelas, eu faço estas promessas. Eu prometo continuar crescendo todos os dias, ser um pouco melhor que ontem. Eu prometo estar presente para você, para nossas crianças, para nossa vida. Eu prometo nunca parar de te mostrar o quanto você é amada, com palavras, com ações, com cada respiração. Eu prometo que mesmo nos dias difíceis, e vai ter dias difíceis, vou escolher você sempre.
Eu prometo envelhecer ao seu lado, segurar sua mão através de cada estação da vida, porque você não é apenas minha esposa, Daniele. Você é minha salvação, minha vida, meu tudo. Lágrimas escorriam livremente pelo rosto dela. Agora tap, ela sussurrou.
Você me deu tanto, um lar, uma família, mas mais que isso, você me deu a melhor versão de você mesmo. E em troca, eu prometo. Eu prometo continuar te desafiando, nunca deixar você se acomodar ou voltar para aquele homem fechado. Eu prometo amar você nos dias fáceis e nos impossíveis, quando você está no seu melhor e no seu pior. Eu prometo construir esta vida contigo.
sonhar novos sonhos, alcançar novas metas, criar novas memórias. Eu prometo envelhecer graciosamente ao seu lado, rindo das rugas e celebrando cada ano que tivermos. Porque você me salvou também, JP. Me salvou de uma vida sem paixão, sem propósito. Você me deu razões para acordar feliz todo dia.
Eu te amo profundamente, completamente, eternamente. JP a puxou para um beijo que selou cada promessa, cada palavra, cada emoção que não conseguiam expressar. Quando se separaram, ambos estavam chorando e sorrindo, casados de novo. Para sempre, desta vez. JP disse: “Já era para sempre desde a primeira vez. Só demoramos para perceber.
Eles ficaram na capela até tarde, conversando sobre tudo, seu passado, presente, futuro, os sonhos que ainda tinham, as aventuras que queriam ter, a vida que estavam construindo. Quer saber um segredo?”, Daniele disse, encostada no peito dele enquanto observavam as estrelas pela janela da capela. Sempre. Eu já sabia. Quando me casei com você três anos atrás, algo me dizia que aquele homem frio no altar não era quem você realmente era. E eu tive curiosidade o suficiente para descobrir.
E não se arrependeu nemhum segundo. Ela olhou para ele. Você foi a melhor surpresa da minha vida. Você foi minha salvação. Eles voltaram para São Paulo na manhã seguinte, mas algo havia mudado. Não externamente. Sua vida já era cheia de amor e alegria. Mas internamente havia uma paz, uma certeza. Eles haviam escolhido um ao outro, não uma vez, não duas, mas mil vezes, e continuariam escolhendo todo dia, de todas as formas, porque o amor verdadeiro eles descobriram, não era sobre grandes gestos ou momentos perfeitos, era sobre escolha. A escolha diária de amar, de permanecer, de
construir junto, era sobre transformar obrigação em devoção, contrato em compromisso, acordo em parceria. 10 anos depois, Daniele J. sentavam na varanda da fazenda, no Rio Grande do Sul, que agora visitavam toda a primavera com as crianças. Duda tinha 14 anos, adolescente cheia de opinião e talento artístico herdado.
Gabriel e Sofia tinham 12, gêmeos ainda inseparáveis, mas com personalidades completamente diferentes. E nos braços de Daniele, uma surpresa de 40 anos. Pequeno Pedro, com apenas 6 meses, quatro filhos. JP disse maravilhado. Como isso aconteceu? Você sabe muito bem como Daniele brincou. Não me lembro de planejar quatro. Não planejamos nenhum deles propriamente.
JP riu. Aquele som Daniele nunca cansava de ouvir. Verdade. Mas não mudaria nada. Nem eu. Eles observaram as crianças brincando no campo. Duda ensinando os gêmeos a pintar paisagens, suas risadas carregadas pelo vento. Lembra quando eu disse que nunca ia te tocar? JP perguntou de repente.
Você era tão tolo? Daniele respondeu encostando nele. Fui mesmo. Mas você não desistiu. Você se recusou a me deixar em paz. Melhor decisão da minha vida. A minha também. JP beijou o topo da cabeça dela. Sabe o que descobri? O quê? Que os casamentos arranjados podem se tornar o amor de uma vida.
Que o homem que jurou nunca tocar sua esposa pode se tornar aquele que nunca quer soltá-la. Nós provamos isso. Daniele concordou. Provamos que finais felizes não são sorte, são escolha. A escolha de transformar obrigação em amor, contrato em para sempre. Daniele olhou para ele, para o homem que se sentava ao seu lado, cabelos com fios de prata agora, linhas ao redor dos olhos de anos sorrindo, mãos que seguravam as dela com familiaridade calorosa, olhos que ainda a olhavam como se ela fosse a coisa mais preciosa do mundo. “Eu te amo”, ela disse, “Hoje, amanhã, sempre.
Eu te amo mais. Impossível não amar a mulher que me salvou de mim mesmo. Nós nos salvamos mutuamente. Então vamos continuar salvando um ao outro pelos próximos 50 anos. Acordo feito. Eles selaram a promessa com um beijo enquanto o sol se punha sobre os campos gaúchos, tingindo tudo de dourado.
E naquele momento, cercados por amor, família e a vida que construíram juntos, João Pedro e Daniele entenderam a verdade fundamental. O amor verdadeiro não é encontrado, é construído. Tijolo por tijolo, dia por dia, escolha por escolha. É transformar cicatrizes em sabedoria. Dor em força, medo em coragem. É escolher permanecer mesmo quando fica difícil.
É escolher amar mesmo quando dói. É escolher construir mesmo quando parece impossível. Porque no final não importa como a história começa, importa como você escolhe escrevê-la. E eles escreveram a história deles com coragem, paixão e amor incondicional. Escreveram um para sempre. Lu, às vezes os melhores amores começam como obrigações.
Às vezes as almas mais perdidas só precisam de alguém que se recuse a desistir delas. Às vezes, o controle precisa encontrar a resistência para descobrir que rendição é libertação. E às vezes, apenas às vezes, contratos se transformam em compromissos, obrigações em devoções e estranhos em almas gêmeas.
Esta foi a história de João Pedro e Daniele, do homem que jurou nunca amar e da mulher que o ensinou que viver sem amor não é viver de verdade. Juntos eles provaram que mesmo os começos mais frios podem ter os finais mais quentes, que mesmo os corações mais quebrados podem aprender a amar novamente e que às vezes o amor que não planejamos é exatamente o amor que precisávamos. M.
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