O silêncio na sala de estar da família Mendes era tão denso que Catarina conseguia ouvir o próprio coração batendo descompassado contra as costelas. Aos 22 anos, ela nunca imaginou que sua vida pudesse desmoronar tão rapidamente. Sentada no sofá gasto, com as mãos entrelaçadas no colo, observava o pai caminhar de um lado para o outro como um animal enjaulado.
Roberto Mendes, outrora um empresário respeitado, agora era apenas a sombra de um homem consumido por dívidas impagáveis. “Catarina”, a voz dele saiu rouca, carregada de uma vergonha que ele mal conseguia disfarçar. “Preciso que você entenda. Não há outra saída. Ela ergueu os olhos castanhos ainda ingênuos, apesar de tudo.
Pai, do que o senhor está falando? Roberto parou diante da janela, incapaz de encará-la. A luz dourada do entardecer paulistano invadia a sala modesta, criando sombras dramáticas em seu rosto envelhecido prematuramente. Pedro Almeida fez uma proposta. Uma proposta que salvará esta família da ruína completa. O nome ecoou na mente de Catarina como um sino fúnebre.
Pedro Almeida, o homem mais desprezível do Brasil. Mesmo em sua vida simples e protegida, ela conhecia aquele nome. Era impossível não conhecer. As manchetes sensacionalistas, as reportagens de televisão, os memes cruéis nas redes sociais, todos contavam a mesma história de um bilionário sem coração que colecionava e destruía mulheres como quem coleciona troféus.
“Não”, ela sussurrou, mas a palavra saiu tão fraca que mal rompeu o silêncio. “Ele quer casar com você”. Roberto continuou, virando-se finalmente para encará-la. Lágrimas traçavam caminhos úmidos em suas bochechas. Em troca, pagará todas as nossas dívidas. Sua mãe poderá fazer o tratamento de que precisa. Seu irmão poderá terminar a faculdade.
Catarina sentiu o chão desaparecer sob. O senhor está me vendendo? Não era uma pergunta. Era a constatação mais dolorosa que já fizera na vida. Eu não tenho escolha. Roberto explodiu, socando a parede com força suficiente para fazer um quadro balançar. Os agiotas virão buscar tudo. Sua mãe morrerá sem os remédios.
É isso que você quer? As palavras dele eram punhais afiados, cada uma penetrando mais fundo no coração da jovem. Catarina pensou em sua mãe, frágil e doente no quarto ao lado. Pensou em Lucas, seu irmão mais novo, com seus sonhos de se tornar médico. Pensou em tudo que ela guardara para si mesma durante 22 anos. Sua pureza, sua inocência, seus sonhos de um amor verdadeiro. Eu preciso de tempo! Ela murmurou. Não há tempo.
” Roberto aproximou-se, caindo de joelhos diante dela. Ele quer a resposta até amanhã. Por favor, minha filha, você é nossa única esperança. Naquela noite, Catarina trancou-se no quarto e ligou o notebook velho. Precisava saber com quem estava sendo forçada a se casar.
A tela iluminou seu rosto enquanto ela digitava o nome dele no buscador. As primeiras imagens que apareceram mostravam um homem de beleza perturbadora. Pedro Almeida tinha 32 anos, cabelos negros perfeitamente penteados, olhos azuis que pareciam capazes de congelar uma alma e um sorriso que mais parecia uma promessa de perigo. Mas era nos vídeos que sua verdadeira natureza se revelava.
Catarina assistiu horrorizada a uma entrevista em um programa de auditório onde Pedro humilhava uma ex-namorada ao vivo. “Ela pensou que seu corpo era suficiente para me prender”, ele dizia com um sorriso cruel. “Mas mulheres são todas iguais, só querem meu dinheiro. Quando percebi o jogo dela descarteia simples assim. A plateia ria nervosa.
A ex-namorada chorava copiosamente enquanto as câmeras capturavam cada lágrima. Outro vídeo mostrava Pedro em uma coletiva de imprensa. “Vocês me chamam de desprezível”, ele dizia com arrogância desafiadora. “Eu aceito o título com orgulho. Pelo menos sou honesto sobre o que sou. Não fingjo sentimentos que não existem.
” Manchetes se multiplicavam na tela. Mais uma vítima do bilionário sem coração. Pedro Almeida, o colecionador de corações partidos, empresário bilionário, esp examante nas redes sociais. Havia dezenas de mulheres, todas com a mesma história, seduzidas, usadas, descartadas e depois publicamente humilhadas. Uma batida suave na porta interrompeu sua pesquisa.
Era Marina, sua melhor amiga desde a infância. Catarina, seu pai me contou tudo. Marina entrou apressada, os olhos vermelhos. Você não pode fazer isso. Ele vai te destruir. Não tenho escolha. Catarina respondeu com uma calma que não sentia. Sempre há escolha. Marina segurou suas mãos com força. Vamos fugir. Podemos ir para a casa da minha tia no interior.
E minha mãe e Lucas. Marina, se eu fugir, minha família perde tudo, mas você vai perder a si mesma. Marina chorava abertamente. Agora vi os vídeos, Cata, ali as matérias. Esse homem não tem alma. Ele vai te devorar e cuspir os pedaços. Catarina abraçou a amiga, deixando finalmente suas próprias lágrimas caírem. Talvez eu consiga ser diferente.
Talvez. Não há talvez com homens como ele. Marina interrompeu. Ele é um predador e você é uma cordeira sendo levada ao matadouro. Catarina completou com um sorriso triste. Eu sei. Na manhã seguinte, vestindo um vestido branco simples que sua mãe insistira em emprestar, Catarina desceu as escadas para encontrar o pai na sala. Ele segurava um contrato grosso, as mãos tremendo.
“Você tem certeza?”, Ele perguntou, a voz quebrando. Catarina respirou fundo, pensando em tudo que amava, em todos que precisavam dela. Sim, ela assinou seu nome na linha pontilhada e com aquela assinatura selou seu destino. Em uma semana seria a esposa de Pedro Almeida, o homem mais desprezível do Brasil. O casamento foi marcado para a sexta-feira seguinte.
Não haveria festa, não haveria celebração, apenas uma cerimônia civil rápida em um cartório do centro de São Paulo. Pedro não quis nem conhecê-la antes. Enviou apenas uma mensagem fria através de seu advogado. Ela deve estar pronta às 14 horas. Providenciarei o vestido. O vestido chegou dois dias antes do casamento.
Quando Catarina abriu a caixa preta com o nome de uma grife francesa que ela nunca ouvira falar, encontrou um vestido de noiva que valia mais do que sua casa inteira. Era de um branco imaculado, com rendas delicadas e um corte que realçava a silhueta feminina de forma elegante, mas ousada. Um bilhete estava preso ao tecido. Vista isso. Pa. Nem sequer um, por favor. Era uma ordem, não um presente.
Na manhã do casamento, Catarina acordou com o estômago embrulhado. Marina chegou cedo para ajudá-la a se arrumar, mas o clima era de velório, não de celebração. Ainda dá tempo de mudar de ideia. Marina sussurrou enquanto prendia os cabelos castanhos de Catarina em um coque elegante. “Não, não dá”, Catarina, respondeu, observando seu reflexo no espelho.
A jovem que a encarava parecia uma boneca de porcelana, linda, frágil, prestes a ser quebrada. O trajeto até o cartório foi feito em silêncio. Roberto dirigia com as mãos crispadas no volante, incapaz de pronunciar uma palavra. Quando chegaram, Catarina viu a pequena multidão de fotógrafos e repórteres já aglomerados na entrada. É ela! Alguém gritou, a nova vítima do Pedro Almeida.
Os flashes explodiram como fogos de artifício. Microfones foram empurrados em sua direção. Catarina, por que você está fazendo isso? Você não tem medo? Sabe que todas as outras foram destruídas? Roberto tentou protegê-la, mas os repórteres eram implacáveis. Foi quando uma SUV preta parou bruscamente na frente do cartório.
A porta traseira se abriu e Pedro Almeida emergiu como uma tempestade. Catarina o viu pessoalmente pela primeira vez e sentiu o ar escapar de seus pulmões. Ele era ainda mais impressionante ao vivo, alto, vestindo um terno preto perfeitamente cortado. Pedro emanava poder e perigo em doses iguais. Seus olhos azuis varreram a multidão com desdém antes de pousarem nela.
Por um segundo, apenas um segundo, algo passou pelo rosto dele. Surpresa, interesse? Catarina não conseguiu decifrar antes que a máscara de indiferença retornasse. “Vamos acabar logo com isso”, ele disse friamente, estendendo o braço. “Não para ajudá-la, mas como quem conduz uma prisioneira. A cerimônia durou menos de 15 minutos. O juiz de paz falou palavras que Catarina mal ouviu, perdida em um transe de irrealidade.
Quando chegou o momento de dizer sim, sua voz saiu tão baixa que o juiz pediu para repetir. Sim, ela disse mais alto e aquela palavra ecoou como uma sentença. Pedro colocou uma aliança de ouro branco em seu dedo, sem olhá-la nos olhos. Quando foi a vez dela, as mãos de Catarina tremeram tanto que ela quase derrubou a aliança.
Pedro suspirou impaciente, segurando sua mão com firmeza, para que ela conseguisse completar o ato. Eu os declaro marido e mulher, o juiz anunciou. Pedro nem esperou a permissão tradicional, simplesmente se virou e começou a caminhar em direção à saída. Catarina o seguiu como uma sombra, deixando para trás seu pai, sua vida, tudo que conhecia.
Do lado de fora, a imprensa havia se multiplicado. Como se sente sendo a nova senhora Almeida? Pedro, quanto tempo até você descartá-la também? Pedro ignorou todas as perguntas, guiando Catarina até a SUV com uma mão firme em suas costas. Assim que as portas se fecharam, isolando-os do mundo exterior, ele finalmente falou: “Vamos estabelecer algumas regras”.
Sua voz era gélida. “Você viverá na minha mansão. Terá seu próprio quarto. Não espero que desempenhe nenhum papel de esposa, além de aparecer em eventos sociais quando eu exigir. Você receberá uma mesada generosa. Caste como quiser, mas não me aborreça com pedidos ou súplicas emocionais.
” Catarina o encarou, tentando encontrar algum vestígio de humanidade naqueles olhos azuis. E se eu o quê? Ele interrompeu com um sorriso cruel. Se apaixonar por mim, por favor, poupe-me do clichê. Você é a terceira mulher que seu pai tentou me vender. A diferença é que desta vez eu estava com vontade de causar um escândalo. Casar com uma virgem inocente parecia divertido.
As palavras dele eram veneno puro. Como você sabe que eu sou? Virgem, Pedro riu sem humor. Mandei investigá-la, 22 anos e nunca teve um namorado. Ou você é extremamente religiosa, extremamente neurótica, ou estava guardando sua virtude para fazer exatamente esse tipo de negócio com algum idiota rico. Qual é? A um, dois ou três. A humilhação queimava as bochechas de Catarina. Nenhuma das opções.
Eu só queria que minha primeira vez fosse com alguém que eu amasse. Que romântico. Pedro ironizou. Bem, tenho mais notícias para você. Eu não acredito em amor. É apenas uma construção social que as mulheres usam para extrair recursos dos homens. Mas pode ficar tranquila. Não vou forçá-la a nada.
Sinceramente, nem me interessa. Há mulheres muito mais interessantes esperando por mim. O restante do trajeto foi feito em silêncio sepulcral. Catarina observava a cidade passar pela janela, as lágrimas rolando silenciosamente por seu rosto. Pedro não notou ou não se importou. Quando chegaram à mansão em um bairro nobre de São Paulo, Catarina não conseguiu conter um suspiro de surpresa.
O lugar era magnífico, um palácio moderno de vidro e mármore, cercado por jardins impecáveis, mas havia algo frio naquela perfeição, algo que refletia perfeitamente seu novo dono. Uma mulher de meia idade, com um rosto gentil e cabelos grisalhos presos em um coque, esperava na entrada.
Esta é dona Rosa, a governanta. Pedro apresentou sem cerimônia. Ela lhe mostrará seu quarto. Tenho trabalho a fazer. E com isso, ele desapareceu escada acima, deixando Catarina sozinha com a governanta que a observava com uma mistura de piedade e tristeza nos olhos. “Venha, querida.” Dona Rosa disse suavemente. “Vou preparar um chá. Você parece precisar”.
Enquanto seguia a governanta pelos corredores luxuosos da que agora era sua casa, Catarina não conseguia afastar uma pergunta terrível que ecoava em sua mente. Como uma cordeira sobrevive no covil do lobo? O quarto que dona Rosa lhe mostrou era maior que toda a casa onde Catarina crescera.
Paredes em tons de creme, mobília de madeira nobre, uma cama king size com lençóis que pareciam nuvens e janelas enormes com vista para os jardins iluminados. Era lindo, era prisioneiro, um gaiola dourada. Sei que tudo isso deve ser avaçalador. Dona Rosa colocou uma bandeja com chá sobre a mesinha de centro. Mas precisa saber de algo. Eu trabalho aqui há 10 anos. Vi muitas mulheres entrarem e saírem desta casa. Nenhuma delas era como você.
Catarina pegou a xícara com mãos trêmulas. Todas elas foram destruídas. Eu vi as reportagens. Porque todas queriam algo dele. Dona Rosa sentou-se ao lado dela a voz baixa e maternal. Queriam seu dinheiro, seu status, sua fama. Mas você você não queria nada disso, queria. Só queria salvar minha família. Catarina sussurrou. Exatamente.
E talvez, só talvez, essa seja a diferença que ele precisa ver. Mas naquela noite, enquanto Catarina se preparava para dormir, vestindo um dos camisões de seda que encontrou no closet, ouviu a porta do quarto se abrir bruscamente. Pedro entrou cambaleando, claramente bêbado, os olhos injetados e a gravata desfeita.
É, então é aqui que a virgenzinha se escondeu”, ele disse com uma voz pastosa, fechando a porta atrás de si. O coração de Catarina disparou: “Pedro, você está bêbado. Por favor, vá para seu quarto.” “Meu quarto?” Ele riu, aproximando-se com passos instáveis. “Querida, esta é minha casa. Todos os quartos são meus, incluindo você.” Catarina recuou até suas costas tocarem a parede.
“Você disse que não ia me forçar a nada. Mudei de ideia. Pedro parou a poucos centímetros dela, o cheiro de whisky forte em seu hálito. Afinal, somos casados e há certos deveres conjugais. Ele ergueu a mão tocando o rosto dela com dedos frios. Catarina sentiu o terror genuíno percorrer cada terminação nervosa de seu corpo. Não era uma atuação, não era um jogo. Ela estava realmente apavorada. A virgem assustada.
Pedro zombou, começando a desabotoar a camisa. Que performance convincente! Já vi essa cena antes em pelo menos cinco ocasiões diferentes. Não é performance”, a voz de Catarina saiu num grito desesperado que rasgou o ar. Eu sou virgem. Nunca estive com ninguém. Nunca sequer fui beijada.
Algo na intensidade daquele grito fez Pedro parar completamente. Ele a estudou com olhos que, mesmo turvos pela bebida, conseguiam enxergar além das aparências. O terror no rosto dela era real. Não havia sedução, não havia manipulação, apenas medo puro e genuíno. “Por que você aceitou então?”, ele perguntou, a voz subitamente mais sóbria.
Porque uma virgem de 22 anos concordaria em se casar com alguém como eu? As lágrimas de Catarina transbordaram. Porque meu pai me vendeu? Porque minha mãe vai morrer sem tratamento? Porque meu irmão terá que abandonar a faculdade? Porque eu não tive escolha. Cada palavra era um soluço doloroso arrancado do fundo de sua alma. Eu sabia quem você era. Ela continuou tremendo violentamente.
O país inteiro me avisou. Minhas amigas imploraram para eu fugir. Ele é desprezível, diziam. Ele vai te destruir, repetiam. Mas o que eu poderia fazer? Deixar minha família morrer para preservar minha pureza? Que tipo de filha eu seria? Pedro recuou como se tivesse levado um tapa. Pela primeira vez em anos, ele se viu através dos olhos de outra pessoa e o que viu foi um monstro, um predador que escolhera como vítima alguém genuinamente inocente, alguém que fora sacrificada no altar da ganância de seu próprio pai. “Meu Deus”, ele murmurou,
passando as mãos pelo cabelo. “O que eu me tornei?” Cambaleando, Pedro saiu do quarto sem outra palavra, deixando Catarina deslizar pela parede até o chão, onde chorou até não haver mais lágrimas. Do lado de fora, apoiado contra a porta fechada, Pedro sentia algo que não experimentava há anos. Vergonha.
Vergonha profunda e corrosiva que queimava como ácido em suas veias. Naquela noite, nenhum dos dois conseguiu dormir, e, em algum lugar, entre os destroços de suas próprias ilusões, Pedro Almeida começou a despertar para uma verdade terrível. Talvez ele não fosse vítima das mulheres. Talvez ele fosse o vilão da própria história. Amanhã chegou cinzenta e fria.
Catarina acordou no chão do quarto, ainda vestindo o camisão de seda, os olhos inchados de tanto chorar. levantou-se lentamente, cada movimento lembrando-a da humilhação da noite anterior. Mas quando olhou no espelho, viu algo diferente em seu reflexo. Não mais a jovem ingênua que havia sido vendida. Havia uma centelha de algo novo, raiva, determinação. Ela não sabia ao certo.
Depois de se arrumar, desceu para o café da manhã, esperando encontrar a sala de jantar vazia. Pedro provavelmente estaria em algum escritório, evitando-a, mas quando entrou na sala elegantemente decorada, encontrou-o sentado à cabeceira da mesa, lendo o jornal.
Ele usava óculos de leitura que ela não ouvira usar antes e parecia cansado, como se também não tivesse dormido. “Sente-se”, ele disse sem erguer os olhos do jornal. Catarina hesitou, mas a fome falou mais alto. Sentou-se o mais longe possível dele, aceitando o café que dona Rosa lhe serviu com um sorriso encorajador. O silêncio era tão denso que o som da xícara tocando o Piris ecoava como um trovão.
Finalmente, Pedro dobrou o jornal e a encarou. Ele parecia diferente à luz do dia, mais humano, menos monstruoso. Sobre ontem à noite, ele começou, a voz controlada, mas não fria. Eu estava bêbado. Não é desculpa, mas é a verdade. Você ia me forçar. Catarina respondeu, erguendo o queixo desafiadoramente. Bêbado ou não, era essa sua intenção.
Era, ele admitiu, e a honestidade crua na resposta a surpreendeu. Mas eu não o fiz e não o farei. Você tem minha palavra. A palavra do homem mais desprezível do Brasil. Ela não conseguiu conter a amargura. Perdoe-me se isso não me conforta muito. Um músculo tensionou na mandíbula dele.
Touchê, mas é tudo que posso oferecer no momento. Antes que Catarina pudesse responder, o celular de Pedro tocou. Ele atendeu com um alô seco, mas conforme a conversa progredia, seu rosto se transformou em uma máscara de fúria. O quê? Ele rugiu, fazendo Catarina pular. Repita isso devagar”, ele escutou por mais alguns segundos, então desligou com tanta força que Catarina teve medo que ele quebrasse o aparelho. “Minha mãe está vindo para cá hoje.” Ela viu as notícias do casamento.
Está morrendo de curiosidade para conhecer você. A forma como ele disse morrendo de curiosidade deixava claro que não seria um encontro agradável. Preciso que você entenda algo sobre Lívia Almeida. Pedro continuou. os olhos fixos nela com uma intensidade perturbadora. Ela é uma cobra.
Ela vai tentar te destruir de todas as formas possíveis. Vai questionar suas intenções, sua origem, sua aparência. Vai te fazer sentir menor que um inseto. Por quê? Catarina perguntou genuinamente confusa. Ela nem me conhece porque ela odeia qualquer mulher que entre na minha vida. Na cabeça dela, nenhuma mulher é boa o suficiente para o filho precioso que ela criou.
Pedro soltou uma risada amarga, irônico, considerando que ela me transformou exatamente no que sou. Havia uma dor antiga naquelas palavras, uma ferida que nunca havia sarado. Catarina sentiu algo estranho, uma pontada de compaixão pelo homem que a comprara como se fosse um objeto. Às 3 da tarde, uma Mercedes preta parou em frente à mansão.
A mulher que emergiu do veículo usava um vestido Chanel, joias que provavelmente custavam mais que uma casa e uma expressão de desdém que parecia esculpida permanentemente em seu rosto de beleza artificial. Pedro, meu amor. Lívia beijou o ar ao lado das bochechas do filho, sem realmente tocá-lo. Então, seus olhos frios como gelo pousaram em Catarina. Então, esta é a menina, não sua esposa.
Não, Catarina, apenas a menina. Mãe, esta é Catarina, minha esposa. Pedro disse com uma formalidade tensa. Que peculiar. Lívia circulou Catarina como um predador, avaliando uma presa. De onde você disse que era mesmo, querida? Eu não disse. Catarina respondeu, surpreendendo a si mesma com a firmeza na voz. Mas sou da zona leste.
Zona leste? Lívia repetiu como se as palavras deixassem um gosto ruim em sua boca. Como? Interessante. E sua família? O que fazem? Meu pai já foi empresário. Atualmente está em dificuldades. Dificuldades? Lívia sorriu, mas não havia calor naquele sorriso. É uma forma elegante de dizer falido, não é? E conveniente que meu filho apareça como salvador.
Quanto foi o preço, querida? Quanto seu pai cobrou? Mãe? Pedro interveio a voz perigosamente baixa. O quê? Estou apenas sendo prática. Pedro, você realmente acha que essa menina se casou com você por amor? Lívia riu. Um som agudo e cruel. Por favor. Ela viu um bilionário famoso e agarrou a oportunidade com suas mãozinhas ambiciosas.
Catarina sentiu as lágrimas ameaçarem, mas se recusou a chorar na frente daquela mulher. A senhora não me conhece, não sabe nada sobre mim ou minhas razões. Eu conheço seu tipo perfeitamente. Lívia retrucou. Jovem, bonita, em um estilo comum e desesperada. A combinação perfeita para enganar homens ricos. Quantas vezes você praticou aquele olhar de inocência no espelho? Chega.
A voz de Pedro trovejou pela sala com uma força que fez até Lívia recuar. Você veio até aqui para fazer o quê, exatamente? Humilhar minha esposa em sua própria casa. Sua casa, Pedro? Não, dela? Lívia corrigiu com veneno. Eu vim aqui para lembrar você do que aconteceu com Verônica e com Isabela e com todas as outras sangueçugas que Catarina não é como elas. Pedro interrompeu. E havia algo em sua voz que Catarina não conseguia identificar.
Certeza? Convicção? Ainda não. Lívia pegou sua bolsa, preparando-se para sair. Mas espere, logo ela mostrará suas verdadeiras cores. Todas mostram. Ela lançou um último olhar desprezível para Catarina. Aproveite enquanto dura, querida. Meu filho se cansa rápido de seus brinquedos. Quando Lívia finalmente saiu, Catarina desabou na poltrona.
tremendo de raiva e humilhação. Pedro permaneceu de pé, observando-a com uma expressão indecifrada. “Você não precisava ter me defendido”, ela disse finalmente. “Afinal, é exatamente isso que eu sou, não é? Uma brinquedo que você comprou?” “Não.” A resposta dele veio rápida e firme demais. “Você não é”.
Catarina ergueu os olhos para encontrar os dele e, pela primeira vez viu algo além da frieza, uma rachadura na armadura que ele usava tão orgulhosamente. “Por que você se importa?”, ela perguntou suavemente. “Por que me defendeu dela?” Pedro pareceu lutar com a resposta, como se as palavras fossem estranhas em sua língua, porque ela estava errada e porque ele hesitou, porque você não merecia aquilo.
Era apenas uma frase simples, mas para Catarina foi a primeira gentileza genuína que ele lhe oferecera. E de forma estranha, aquilo doeu mais do que qualquer crueldade, porque ele mostrou que talvez, apenas talvez, houvesse um homem de verdade por trás do monstro.
Naquela noite, quando Catarina já estava deitada, ouviu uma batida suave em sua porta. Pedro entrou carregando uma bandeja com duas taças e uma garrafa de vinho. “Não sei você, mas eu preciso de uma bebida depois do dia de hoje.” Ele disse quase tímido. “Você bebe?” “Não muito.” Ela admitiu, “mas hoje parece um bom dia para começar. Eles beberam em silêncio por alguns minutos, sentados em extremos opostos do sofá no quarto dela.
Foi Pedro quem quebrou o silêncio. Sinto muito por ela, por tudo. Ela é sua mãe. Catarina observou. Deve amá-la? Devo. Pedro soltou uma risada vazia. Ela passou minha vida inteira me ensinando que amor é fraqueza, que confiar em alguém é ser idiota, que no final todos querem apenas usar você. Ele tomou um longo gole de vinho. Acho que ela tinha razão em algumas coisas.
Você realmente acredita nisso? Acreditava. Ele a encarou. Mas então você gritou comigo ontem à noite e não havia nada fingido naquilo. Era terror real, dor real. Ele pausou. Ninguém é tão boa atriz assim. Catarina sentiu algo mudar entre eles. Uma ponte frágil sendo construída sobre um abismo.
Então, o que acontece agora? Não sei. Pedro admitiu com uma honestidade crua. Nunca cheguei tão longe com alguém antes. Geralmente eu já teria bem, você sabe, destruído ela publicamente e seguido em frente. Exatamente. Ele deu um sorriso torto, quase autoirônico. Mas você é diferente e eu não sei o que fazer com isso.
Eles conversaram até tarde da noite, compartilhando histórias de suas vidas tão diferentes. Pedro falou sobre a pressão de ser herdeiro de um império, sobre a solidão de nunca saber se as pessoas o queriam por quem ele era ou pelo que ele tinha. Catarina falou sobre crescer com pouco, mas com muito amor, sobre seus sonhos de se tornar professora, sobre como tudo desmoronou quando as dívidas chegaram.
Quando Pedro finalmente se levantou para sair, ele parou na porta. Catarina, sim, obrigado por não me odiar ainda. E com aquelas palavras ele saiu, deixando Catarina sozinha, com pensamentos confusos e um coração que começava a questionar tudo que achava que sabia sobre o homem que a comprara. Seria possível que um monstro tivesse um coração afinal. Três semanas se passaram em uma rotina estranha.
Pedro e Catarina existiam na mesma casa como dois fantasmas que ocasionalmente se esbarravam. Mas algo havia mudado. Ele não era mais abertamente cruel. Ela não era mais completamente apavorada. Eles haviam encontrado um meio termo precário, não exatamente amizade, mas não mais hostilidade pura.
Dona Rosa observava tudo com esperança cautelosa. Nunca vi ele assim. Ela confidenciou a Catarina certa manhã enquanto arrumava flores no corredor. Geralmente as outras mulheres eram expulsas depois de algumas semanas. Mas você você ainda está aqui e ele ainda está tentando. Tentando o quê? Catarina perguntou.
Ser humano? Dona Rosa respondeu com um sorriso triste. Algo que ele esqueceu como fazer há muito tempo. Foi naquela tarde que Pedro entrou no quarto dela sem bater, uma caixa preta nas mãos. Há um baile beneficente amanhã à noite. Você precisa ir comigo. Um baile? Catarina sentiu o estômago revirar. Pedro, eu não sei dançar. Nunca fui a eventos assim. Eu vou apenas te envergonhar.
Você não vai me envergonhar. Ele colocou a caixa sobre a cama e eu vou te ensinar a dançar. Agora, antes que ela pudesse protestar, Pedro a puxou para o centro do quarto vazio. Com um movimento de mão, pediu à dona Rosa que colocasse música. Uma valsa clássica começou a tocar. Primeira lição. Ele posicionou as mãos dela, uma em seu ombro, outra em sua mão. “Deixe-me guiar.
Confie que eu não vou deixar você cair. Isto é pedir muito”, ela murmurou. “Mas havia humor em sua voz agora”. Eles dançaram desajeitadamente no início. Catarina pisando nos pés dele mais vezes do que conseguia contar. Mas Pedro era surpreendentemente paciente, guiando-a com uma gentileza que a deixava confusa.
“Por que você está fazendo isso?”, ela perguntou enquanto giravam. “Por que se importa se eu sei dançar ou não, porque amanhã à noite será uma arena cheia de cobras?” Ele respondeu, puxando-a mais perto. “Cada pessoa naquele salão estará esperando você tropeçar, esperando uma oportunidade de rasgar você em pedaços. Não vou dar a eles essa satisfação.
Havia algo protetor em suas palavras, algo que fazia o coração de Catarina acelerar de uma forma que não tinha nada a ver com a dança. Quando a música terminou, eles ficaram parados, ainda nos braços um do outro, respirações aceleradas. Os olhos de Pedro caíram para os lábios dela e, por um momento interminável, Catarina pensou que ele fosse beijá-la, mas então ele se afastou bruscamente.
“Pratique”, ele disse secamente, voltando à sua persona fria. “Não me decepcione. Amanhã na noite do baile, Catarina abriu a caixa que Pedro havia deixado e encontrou um vestido que tirou seu fôlego. Era de um vermelho profundo, com um corte que abraçava cada curva de seu corpo de forma elegante, mas ousada.
Junto havia um conjunto de joias, rubis que provavelmente custavam uma fortuna. Marina chegou para ajudá-la a se arrumar, trazendo uma maquiadora profissional. Quando Catarina finalmente se olhou no espelho, mal reconheceu a mulher que a encarava. Ela parecia sofisticada, poderosa, nada como a menina assustada de algumas semanas atrás. Você está deslumbrante, Marina sussurrou. Mas Cata, tenha cuidado.
Sei que ele tem sido mais gentil, mas ele ainda é quem é. Não deixe isso te confundir. Eu sei. Catarina respondeu, mas seu coração dizia o contrário. Quando desceu à escada, encontrou Pedro esperando no hall de entrada. Ele usava um smoking preto impecável, os cabelos perfeitamente arrumados e quando seus olhos a viram, algo passou por seu rosto. Admiração, desejo? Ele rapidamente mascarou a expressão.
“Você está aceitável”, ele disse, mas sua voz estava rouca. “Aceitável?” Ela arqueou uma sobrancelha, a confiança nova em suas veias. Que elogio eloquente! Um sorriso genuíno, o primeiro que ela já vira tocou os lábios dele. “Está bem? Você está linda, satisfeita?” Por enquanto, ela respondeu, e pela primeira vez, desde que se conheceram, houve uma leveza entre eles.
O baile era no Grand Hotel, um lugar de opulência descomunal. Quando eles entraram no salão principal, todas as cabeças se viraram. Sussurros correram pela multidão como fogo em palha seca. É ela, a nova esposa dele. Quanto tempo até ele destruí-la também. Pobre coitada, não sabe no que se meteu. Pedro apertou a mão dela na curva de seu braço. Ignore-os ele murmurou.
Eles são todos hipócritas que fariam o mesmo se tivessem coragem. Mas enquanto circulavam pelo salão, Catarina sentia os olhares penetrantes, os julgamentos silenciosos. Foi quando uma mulher de cabelos loiros platinados, vestindo um vestido preto justo, bloqueou o seu caminho. “Pedro!”, A voz dela escorria mel venenoso. Que surpresa vê-lo aqui com sua nova aqui aquisição. Daniela.
Pedro respondeu friamente. Não sabia que haviam libertado você de debaixo da pedra onde você vive. Daniela era uma das ex-amantes mais famosas a que ele havia humilhado no programa de auditório. Catarina a reconheceu imediatamente dos vídeos que havia assistido. Tão charmoso como sempre.
Daniela sorriu, mas seus olhos eram puro ódio quando pousaram em Catarina. E você deve ser a nova iludida. Querida, deixe-me dar um conselho de mulher para mulher. Fuja enquanto ainda tem dignidade. Quando ele terminar com você, não sobrará nada. Daniela, vá embora. Pedro ordenou a voz perigosamente baixa.
Por quê? Com medo que eu conte a ela a verdade, que você é incapaz de amar, que para você mulheres são apenas brinquedos descartáveis? Daniela se aproximou de Catarina, invadindo seu espaço pessoal. Que inocência de conto de fadas você tem. Quanto tempo até ele te expor na televisão também? Quanto tempo até suas fotos íntimas estarem espalhadas pela internet? Chega.
A voz de Pedro ecoou pelo salão, fazendo várias pessoas pararem de dançar. Você está confundindo inocência com classe, Daniela. Algo que Catarina tem de sobra e você perdeu há anos. O rosto de Daniela ficou vermelho de raiva. Você vai pagar por isso, Pedro, por tudo que me fez. Ameaças. Pedro sorriu friamente. Que previsível.
Agora, se nos der licença, eu vou dançar com minha esposa. Ele conduziu Catarina para o centro da pista de dança, onde uma orquestra tocava uma valsa vienense. Nas aulas dele, ela havia aprendido os passos, mas isso não a preparou para como seria realmente dançar com ele em público.
Ele a guiava com perfeição, cada movimento fluido e preciso. “Você está tremendo”, ele murmurou enquanto giravam. Ela me assusta. Catarina admitiu o ódio nos olhos dela. Ela não pode te machucar. Eu não vou permitir. Por que você se importa tanto? Catarina perguntou, olhando-o nos olhos.
Pedro abriu a boca para responder, mas foi interrompido por um homem de meia idade com um sorriso predatório. Pedro, que surpresa! E quem é esta criatura divina? Marcelo. Pedro disse o nome como um palavrão. Minha esposa Catarina. Catarina. Este é Marcelo Tavares, um conhecido de negócios. Havia algo no tom de Pedro que fazia Catarina desconfiar imediatamente daquele homem. Marcelo tinha olhos que pareciam desnudá-la e um sorriso que mais parecia um ler. Encantado.
Marcelo beijou sua mão, demorando mais do que apropriado. Pedro, você sempre teve gosto refinado para mulheres bonitas. Esta é particularmente inocente. Mantenha suas observações para si mesmo. Pedro o cortou, puxando Catarina para mais perto dele de forma possessiva. Possessivo, Pedro? Isso é novo. Marcelo Riu. Geralmente você compartilhava.
Lembra daquela noite em Cale a boca. Pedro sibilou, uma veia pulsando em sua têmpora. Marcelo ergueu as mãos em rendição, mas seus olhos permaneciam fixos em Catarina de uma forma que a fazia sentir suja. Sem ofensa. Eu estava apenas lembrando-o dos velhos tempos, mas vejo que agora você quer jogar o papel do marido devoto.
Que adorável. Quando Marcelo finalmente se afastou, Catarina sentiu Pedro tenso ao seu lado. Quem era aquele homem realmente? Um erro do meu passado Pedro respondeu amargamente. Alguém que eu costumava chamar de amigo antes de perceber que ele é tão cobra quanto todos os outros. Eles saíram para o terraço, precisando de ar fresco, longe da multidão sufocante.
A noite estava estrelada, a lua cheia iluminando os jardins do hotel abaixo. Catarina apoiou-se na balaustrada de mármore, respirando profundamente. “Obrigada”, ela disse suavemente, “por me defender lá dentro, de Daniela, de de todos. Pedro ficou ao lado dela, seus ombros quase se tocando. Eu causei aquilo, o ódio dela, a vingança que ela busca. Eu mereço cada palavra venenosa.
Você era assim tão cruel com ela? Pior, ele admitiu, a voz carregada de arrependimento. Ela realmente se apaixonou por mim e quando percebi, usei isso contra ela. Expus seus sentimentos para o mundo rir. Destruí sua reputação porque porque eu podia. Catarina virou-se para encará-lo.
Por que você fazia isso? O que te machucou tanto para te transformar em alguém capaz de tanta crueldade? Pedro ficou em silêncio por tanto tempo que ela pensou que ele não fosse responder. Então, com uma voz tão baixa que ela mal conseguia ouvir, Verônica, quem? Meu primeiro amor ou o que eu pensei que fosse amor? Ele olhou para as estrelas como se buscasse respostas nelas. Eu tinha 23 anos.
Ela era dois anos mais velha, linda, charmosa, inteligente. Eu me apaixonei como um idiota. dei a ela meu coração, minha confiança, tudo. Catarina esperou, sentindo que estava prestes a descobrir algo crucial sobre o homem ao seu lado. Descobri que ela estava me traindo com meu melhor amigo. Ele continuou, a dor ainda visível mesmo após tantos anos.
Não apenas isso. Eles estavam planejando me casar e depois me roubar tudo em um divórcio estratégico. Havia e-mails, mensagens, um plano inteiro. Quando confrontei Verônica, ela riu. Disse que eu era patético por realmente acreditar que ela me amava, que ninguém ama um almeida, apenas amam o dinheiro dos almeidas. Catarina sentiu lágrimas picar em seus olhos. Pedro, eu sinto muito.
Não sinta. Ele finalmente a encarou, e a dor crua em seus olhos azuis a atingiu como um soco. Foi naquele dia que eu jurei que nunca mais seria o tolo, que eu seria o predador, não a presa. Se todas as mulheres queriam apenas dinheiro, então eu daria a elas exatamente isso e depois tiraria tudo, incluindo sua dignidade. Mas isso te fez feliz? Catarina perguntou suavemente.
Toda essa vingança, toda essa crueldade, ela preencheu o vazio que Verônica deixou? A pergunta o pegou desprevenido. Ele abriu a boca, fechou, então soltou uma risada amarga. Não, não fez. Eles ficaram ali sob as estrelas, o silêncio entre eles carregado de compreensão. Catarina entendeu finalmente o que havia moldado Pedro no homem que ele era.
E Pedro, pela primeira vez em anos, se perguntou se sua vingança infinita contra todas as mulheres estava apenas envenenando a si mesmo. “Você sabe o que é irônico?”, Ele disse suavemente. Eu jurei que nunca confiaria em outra mulher, que nunca deixaria ninguém perto o suficiente para me machucar.
E então aparece em você, olhando para mim com aqueles olhos honestos, sendo genuína mesmo quando eu te dei todos os motivos para ser falsa. Catarina sentiu seu coração acelerar. Pedro, ele se aproximou, erguendo a mão para tocar seu rosto com uma gentileza que ela nunca imaginou que ele fosse capaz.
Você me assusta, Catarina, porque pela primeira vez emve anos, eu quero confiar, eu quero acreditar. Então, acredite. Ela sussurrou. Pedro inclinou-se, seus lábios a centímetros dos dela. E se eu estiver errado? E se você for apenas mais uma? E se você estiver certo? Ela respondeu, fechando a distância entre eles. O beijo foi suave no início, tentativo como dois estranhos explorando o território desconhecido.
Mas então algo se rompeu, todas as barreiras, todas as defesas, e o beijo se aprofundou, transformando-se em algo intenso e desesperado. Era a promessa de algo novo, algo assustador, algo que ambos temiam, mas não conseguiam resistir. Quando finalmente se separaram, ambos respiravam com dificuldade. Pedro encostou sua testa na dela, os olhos fechados.
Meu Deus, o que você está fazendo comigo? Mas antes que Catarina pudesse responder, flashes de câmeras explodiram ao redor deles. Repórteres haviam se infiltrado no terraço, capturando cada segundo do momento íntimo. “Pedro Almeida beija a nova esposa”, alguém gritou. “É amor verdadeiro ou apenas mais um jogo?” Pedro se colocou na frente de Catarina, protegendo-a dos fotógrafos invasivos, mas o dano já estava feito.
Amanhã aquele beijo estaria em todas as manchetes do país. E Catarina se perguntou: “Quando o mundo inteiro está observando, como você sabe se o amor que está sentindo é real ou apenas parte da performance? As manchetes no dia seguinte eram exatamente o que Pedro havia previsto. O desprezível se apaixonou, estampava a capa de três revistas diferentes.
As fotos do beijo no terraço eram reproduzidas em todos os portais de notícias, cada uma com análises especulativas de especialistas em relacionamentos e psicólogos de botequim. Catarina acordou e encontrou Pedro em seu escritório, cercado por jornais e tablets, todos mostrando versões diferentes da mesma história. Ele não parecia incomodado, pelo contrário, havia um sorriso peculiar em seus lábios.
“Bom dia, esposa famosa”, ele disse quando ela entrou. “Como se sente sendo a mulher que supostamente derreteu o coração de gelo do homem mais desprezível do Brasil. confusa, ela admitiu, sentando-se na poltrona em frente à mesa dele. Pedro, sobre ontem à noite. Foi real? Ele a interrompeu a voz firme, pelo menos da minha parte.
E antes que você pergunte, não, não foi para as câmeras. Eu não sabia que eles estavam lá. Catarina sentiu alívio inundar seu peito. Eu também. Foi real para mim também. Pedro se levantou, contornando à mesa para se ajoelhar diante dela, pegando suas mãos. O gesto era tão inesperado, tão vulnerável, que Catarina sentiu lágrimas ameaçarem.
“Eu não sei como fazer isso”, ele confessou. “Não sei como ser um marido de verdade, como ter um relacionamento real. 9 anos, Catarina, 9 anos construindo muros tão altos que nem eu conseguia escalá-los. E então você aparece e simplesmente os atravessa como se fossem feitos de papel.
Talvez porque eu nunca quis escalar.” Ela tocou seu rosto com suavidade. Talvez porque eu não estava tentando te mudar ou te conquistar. Eu só estava tentando sobreviver e acabou me salvando no processo. Ele virou o rosto beijando a palma da mão dela. Irônico, não é? Nos dias seguintes, algo mudou fundamentalmente entre eles.
Pedro começou a incluir Catarina em sua vida de formas que nunca havia incluído ninguém. Ele a levava para jantar em seus restaurantes favoritos. apresentava-a a seus sócios como se ela fosse realmente importante. Pedia sua opinião sobre decisões de negócios. Dona Rosa observava tudo com lágrimas de alegria nos olhos. É um milagre, ela confidenciou a Catarina. Em 10 anos trabalhando aqui, nunca vi o senhor sorrir tanto.
Você fez o impossível, querida. Mas nem tudo era perfeito. Às vezes, Pedro recaía em seus velhos padrões, uma palavra cortante, um olhar frio quando se sentia vulnerável demais. E Catarina aprendeu que transformação não era um evento único, mas um processo doloroso e não linear. Uma manhã, três meses após o casamento, Catarina acordou sentindo-se estranha.
Nuseiaa a atingiu como uma onda e ela correu para o banheiro. Depois de vomitar, sentou-se no chão frio, a realização lentamente se formando em sua mente. “Não”, ela sussurrou para si mesma. “Não pode ser.” Mas quando dona Rosa bateu a porta meia hora depois, Catarina ainda estava sentada no chão, em choque. A governanta percebeu imediatamente.
“Quanto tempo?”, Ela perguntou gentilmente, eu não sei. Eu nós, Catarina Corou, nas últimas semanas, sua relação com Pedro havia evoluído para intimidade física. Não havia sido a experiência aterrorizante que ela temera, mas sim algo intenso e surpreendentemente terno. “Precisa fazer um teste”, dona Rosa disse firmemente.
“Hoje?” “E se for positivo?”, Catarina perguntou o pânico evidente em sua voz. E se Pedro pensar que foi intencional, que estou tentando prendê-lo com uma gravidez? Aquele homem está apaixonado por você. Dona Rosa afirmou. Qualquer um com olhos pode ver. Mas Catarina não tinha tanta certeza. Amor e confiança eram coisas diferentes.
E os demônios de Pedro ainda assombravam cada canto de sua alma. Ela comprou três testes diferentes em farmácias distintas, usando lenços e óculos escuros como disfarce. De volta ao quarto, trancou a porta e fez os três. Cada um levou apenas dois minutos, mas pareceram horas. Quando olhou os resultados, as duas linhas rosa em cada teste confirmaram o que seu corpo já sabia.
Ela estava grávida. Catarina deslizou pela parede do banheiro até sentar-se no chão, abraçando os joelhos. Parte dela estava estasiada, sempre sonhara em ser mãe. Mas outra parte, a parte realista, estava apavorada. Isso mudaria tudo. Pedro poderia ver isso como manipulação, como mais uma mulher tentando usar um filho para obter sua fortuna.
Durante uma semana, ela guardou o segredo, observando Pedro cuidadosamente. Ele estava sendo gentil, atencioso, até romântico. Uma noite, ele a surpreendeu com um jantar à luz de velas no jardim. Outra noite, leu poesia para ela na biblioteca, versos de Pablo Neruda sobre amor e desejo, que fizeram seu coração derreter, mas sempre havia aquela sombra em seus olhos, aquela desconfiança arraigada que não desaparecia completamente.
Como ela poderia contar a ele sobre o bebê sem detonar todas as inseguranças dele? Foi dona Rosa quem finalmente a confrontou. Você precisa contar a ele. Cada dia que passa fica pior. Ele vai descobrir de qualquer forma. E então parecerá que você estava escondendo. Eu tenho medo. Catarina confessou lágrimas rolando por seu rosto.
Medo de que isso destrua tudo que construímos ou medo de que isso comprove que o que vocês têm é real? Dona Rosa desafiou. A oportunidade surgiu naquela noite. Pedro chegou em casa mais cedo, trazendo uma caixa azul Tiffany. “Para você”, ele disse com um sorriso que ainda carregava risquícios de timidez. Dentro estava um colar delicado com um pingente em forma de coração. Quando vi isso, pensei em você, ele explicou.
Porque você me mostrou que eu ainda tinha um coração, mesmo quando eu achava que havia morrido há anos. Era o momento perfeito. Catarina respirou fundo. Pedro, preciso te contar algo. A mudança nele foi instantânea. As defesas subiram. O corpo ficou tenso. O que foi? Eu estou Estamos.
Ela pegou um dos testes que havia guardado e colocou na mão dele. Estou grávida. O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Pedro olhou para o teste como se fosse uma granada prestes a explodir. Seus lábios se moveram, mas nenhum som saiu. Então, finalmente, quanto tempo você sabe? Uma semana. Uma semana? Ele repetiu a voz perigosamente controlada. E você está me contando agora por? Porque tinha medo.
Catarina explodiu. Medo de que você pensasse que foi intencional, que estou tentando te prender, que sou como todas as outras. E não é, a pergunta saiu como um tapa. Catarina sentiu como se tivesse levado um soco no estômago. Como pode perguntar isso depois de tudo? Pedro se levantou bruscamente, começando a andar de um lado para o outro.
Como posso não perguntar, Catarina? Você sabe minha história. Sabe o que Verônica tentou fazer? Sabe que usar gravidez para aprender homens ricos é o truque mais antigo do livro. Isso não é um truque, ela gritou, também se levantando. É nosso filho. Nosso? Ou você acha que eu engravidei sozinha? Não sei o que pensar. Pedro passou as mãos pelo cabelo com frustração.
Eu quero acreditar em você, mas minha cabeça, minha cabeça está gritando que isso é exatamente o que ela faria, exatamente o plano que ela teria. As palavras dele cortavam como lâminas. Catarina sentiu as lágrimas queimarem, mas se recusou a chorar. Então, o que você quer de mim? Um teste de paternidade? Uma investigação de detetive particular? O quê? Pedro parou, encarando-a com olhos atormentados.
Eu quero, eu quero poder confiar completamente, sem essa voz na minha cabeça, questionando cada motivo, cada ação. Então, aprenda. Catarina caminhou até ele, colocando as mãos em seu peito. Aprenda a confiar, Pedro, porque eu estou aqui. Estou real, estou grávida do seu filho. E não porque planejei, mas porque nós nos conectamos, porque compartilhamos algo verdadeiro.
Pedro cobriu as mãos dela com as suas, fechando os olhos. Ela podia sentir a guerra travando dentro dele, o desejo de acreditar contra anos de trauma e desconfiança. “Me ajude”, ele sussurrou finalmente, a voz quebrada. “Me ajude a acreditar. Eu estou tentando”, ela respondeu. “Mas você precisa encontrar o caminho também”.
Eles ficaram assim abraçados no meio da sala, duas almas feridas tentando curar uma a outra enquanto um novo vida crescia entre eles. E pela primeira vez, desde que descobrira a gravidez, Catarina teve esperança. Talvez, apenas talvez, o amor fosse forte o suficiente para vencer até os demônios mais profundos. Os dias seguintes à revelação foram tensos.
Pedro oscilava entre momentos de gentileza genuína e períodos de distância fria. Catarina podia ver a luta interna refletida em cada ação dele. A parte que queria mergulhar de cabeça na paternidade contra a parte que ainda sussurrava advertências paranoicas. Foi Thaago, o melhor amigo de Pedro, quem finalmente forçou uma conversa. Ele apareceu na mansão sem avisar, encontrando Pedro sozinho no escritório.
“Ouvi sobre o bebê”, Tiago disse sem rodeios, sentando-se sem ser convidado. “E pelos seus olhos inchados de insônia, suponho que você não está lidando bem com a notícia. Vai me dizer que eu sou um idiota também?” Pedro retrucou amargamente. “Você é um idiota.” Tiago confirmou sem piedade. “Aquela mulher te ama.
Qualquer um pode ver, exceto você, aparentemente. Verônica também me amava. Pedro fez aspas no ar com os dedos. Catarina não é Verônica. Tiago bateu o punho na mesa. Pelo amor de Deus, Pedro. Verônica era uma mulher de 30 anos que conhecia o jogo, que calculava cada movimento. Catarina tinha 22 anos, era virgem e foi praticamente vendida a você por um pai desesperado. Ela não te escolheu.
As circunstâncias a empurraram para você e mesmo assim ela encontrou uma forma de te amar. Se isso não prova que é real, então nada provará. As palavras atingiram Pedro como socos. Eu estou com medo, ele admitiu finalmente a voz crua, com medo de acreditar e estar errado novamente, com medo de me entregar completamente e ser destruído. E no processo de se proteger, você está destruindo a única coisa genuína que teve em anos. Tiago apontou.
A pergunta é: o que você mais teme, ser magoado ou perder ela? Pedro não soube responder. Naquela noite, ele encontrou Catarina no quarto do bebê. um espaço vazio que ela começara a imaginar transformar. Ela estava sentada no chão, folando uma revista de decoração infantil, lágrimas silenciosas descendo por seu rosto. “Catarina”, ele disse suavemente da porta.
Ela enxugou as lágrimas rapidamente, tentando compor-se. Desculpe, eu só estava não. Ele entrou, sentando-se ao lado dela no chão. Não se desculpe. Eu é que deveria pedir desculpas por cada dúvida, cada momento de frieza, cada segundo que te fiz sentir que não acredito em você. Catarina o encarou, surpresa pela vulnerabilidade crua em sua voz. A verdade é que eu acredito em você.
Pedro continuou pegando sua mão. Meu coração acredita. É minha cabeça que não consegue silenciar os fantasmas. Mas Thago me fez perceber algo hoje. Eu estou tão ocupado, protegendo-me de ser magoado, que estou garantindo que vou perder você. E isso, isso é inaceitável. Pedro, deixe-me terminar. Ele pediu.
Eu não vou prometer que sempre saberei confiar. Não vou prometer que não terei momentos de dúvida. anos de trauma não desaparecem da noite para o dia. Mas o que posso prometer é que vou tentar todos os dias vou escolher acreditar em você. Vou escolher este bebê. Vou escolher nós. As lágrimas de Catarina agora eram de alívio.
É tudo que estou pedindo. Uma chance. Pedro puxou-a para seus braços, enterrando o rosto em seus cabelos. Estou apavorado, Catarina. Apavorado de ser pai. Meu próprio pai era um tirano que me ensinou que emoções são fraquezas e minha mãe, bem, você a conhece. Como posso quebrar esse ciclo? Como posso ser diferente, sendo exatamente quem você está sendo agora?” Ela respondeu, afastando-se para olhá-lo nos olhos. Honesto, vulnerável, tentando.
Nosso filho não precisa de perfeição. Precisa de você. Genuinamente você. Naquela noite, pela primeira vez desde que descobriu sobre a gravidez, Pedro colocou a mão sobre a barriga ainda plana de Catarina. Não havia nada para sentir ainda, mas o gesto era simbólico. Um pai reconhecendo seu filho, um homem escolhendo acreditar. “Oi, pequeno”, ele sussurrou a voz espessa de emoção.
“Sou eu, seu pai, e estou aterrorizado, mas também mais empolgado do que qualquer negócio de bilhões já me fez sentir. Sua mãe é incrível, sabia? Ela me mostrou que ainda sou humano. Espero que você erde a bondade dela, não meu sinismo. Catarina chorou abertamente agora, ouvindo Pedro falar com o bebê, vendo um lado dele que o mundo nunca testemunha.
Este era o Pedro real, não o bilionário cruel, não o colecionador de corações partidos, mas um homem assustado, tentando ser melhor. Nos meses seguintes, a transformação de Pedro se aprofundou. Ele insistiu em acompanhar todas as consultas médicas de Catarina, ficando pálido quando viu o primeiro ultrassom e ouviu o batimento cardíaco do bebê. “É real”, ele murmurou, apertando a mão dela com força. “Meu Deus, é realmente real.
” Ele comprou dezenas de livros sobre paternidade, fazendo anotações como se estivesse estudando para uma prova crucial. transformou o quarto vazio em um bersário espetacular, pintando as paredes pessoalmente, apesar de poder contratar profissionais. A mídia, é claro, cobria cada desenvolvimento. “Pedro Almeida será pai, uma história de redenção?”, questionavam as manchetes.
Alguns eram céticos, outros esperançosos, mas ninguém podia negar que algo fundamental havia mudado no homem mais desprezível do Brasil. Quando Catarina estava com cinco meses, eles descobriram que seria um menino. Pedro, que estava segurando a mão dela durante o ultrassom, literalmente soluçou. “Um filho,” ele repetiu incrédulo. “Vamos ter um filho, Gabriel.
” Catarina sugeriu suavemente. “Podemos chamá-lo de Gabriel?” Gabriel. Pedro testou o nome, um sorriso iluminando seu rosto. É perfeito. Mas nem tudo era um conto de fadas. A mãe de Pedro, Lívia, fez questão de aparecer para semear dúvidas. “Uma gravidez tão conveniente”, ela comentou venenosamente durante um jantar tenso. “Mal se conhecem e já estão esperando um herdeiro. Que sorte dela.
Mãe, saia da minha casa.” Pedro disse com uma calma letal: “Agora, Pedro, eu sou sua mãe. Só quero protegê-lo. Você quer me manter sozinho e amargo como você?” Ele a interrompeu. “Mas não vou deixar.
Catarina me mostrou que há outra forma de viver, uma forma com amor, confiança e felicidade, coisas que você nunca entendeu. Lívia saiu indignada, mas o dano já estava feito. As sementes de dúvida que ela plantara começaram a germinar na mente de Pedro novamente. Ele se tornava distante, observava Catarina com olhos analíticos, questionava suas motivações. Foi durante uma discussão particularmente dolorosa que Catarina finalmente perdeu a paciência.
Se você não consegue confiar em mim, então não há casamento, não há nós. Eu não vou criar Gabriel em uma casa onde seu pai constantemente me vê como inimiga. Eu não vejo você como inimiga. Vê sim. Ela gritou. Toda vez que sua mãe planta uma dúvida, toda vez que algo não vai perfeitamente, eu vejo em seus olhos você se perguntando se eu estou manipulando, se estou jogando algum jogo. Estou cansada, Pedro. Cansada de ter que provar minha inocência todos os dias.
A verdade naquelas palavras o atingiu como um balde de água fria. Ela estava certa. Ele estava constantemente procurando por evidências de traição, interpretando cada ação através da lente de seu trauma passado. “Catarina, eu sinto muito”, ele disse à voz quebrada. Você tem razão. Eu estou sabotando o que temos porque estou com medo de ser feliz, porque uma parte de mim acredita que não mereço isso.
Por quê? Ela perguntou, a raiva dando lugar à compaixão. Por que você acha que não merece ser amado? Porque por 9 anos eu fui um monstro. Ele respondeu honestamente. Destruí mulheres por esporte. Humilhei pessoas publicamente. Usei minha dor como desculpa para causar dor.
Como alguém assim merece redenção? Catarina caminhou até ele, colocando as mãos em seu rosto, porque todos merecem uma chance de mudança, porque o arrependimento genuíno merece perdão. Porque o homem que você está se tornando não é o homem que você era. E se eu voltar a ser aquele homem? Ele sussurrou, o medo cru em seus olhos. Então eu vou te lembrar de quem você realmente é. Ela prometeu todos os dias, se necessário.
Eles se abraçaram, duas almas feridas apoiando-se mutuamente, tentando construir algo bonito em meio às ruínas de seus passados. E Catarina soube com absoluta certeza que, independentemente dos desafios que viessem, ela lutaria por este amor com cada fibra de seu ser. Enquanto Pedro e Catarina navegavam os altos e baixos de seu relacionamento em evolução, duas pessoas observavam de longe com ódio crescente.
Daniela, a ex-amante humilhada, e Marcelo, o ex-amigo traído, encontraram-se por acaso em um evento social. Mas esse encontro casual logo se transformou em algo muito mais sinistro. Você também não consegue esquecer, não é? Daniela disse a Marcelo em um canto isolado da festa. O que ele fez com você? Como ele te destruiu? Marcelo tomou um gole longo de whisky. Pedro Almeida é um câncer.
Ele arruinou meu negócio, espalhou mentiras sobre mim no mercado. Tudo porque eu disordei dele em uma reunião. Ele me expôs na televisão nacional. Daniela respondeu amargamente. Fez o país inteiro me ver como uma prostituta desesperada. Perdi meu emprego, meus amigos, minha dignidade.
Eles se olharam, um reconhecimento tácito passando entre eles. Ambos queriam vingança. E agora, com Pedro supostamente transformado e feliz, a oportunidade estava madura. A menina santa, Daniela cuspiu o nome, Catarina. Ela é a chave para tudo. Ele está obsecado por ela. Obsessão que se torna vulnerabilidade. Marcelo observou, seus olhos brilhando com malícia. Se conseguíssemos destruir a confiança dele nela, ele a destruiria por nós.
Daniela completou com um sorriso cruel, tal como fez com todas as outras. A diferença é que desta vez doeria muito mais, porque desta vez ele realmente se importa. Eles começaram a planejar. O plano era intrincado, requeria paciência e precisão. Mas se funcionasse, destroçaria Pedro Almeida de uma forma que nenhuma outra vingança poderia.
Primeira fase, estabelecer contato com Catarina sem levantar suspeitas. Marcelo ligou para ela algumas semanas depois, fingindo ser do hospital onde sua mãe fazia tratamento. Senora Almeida, é do hospital São Lucas. Sua mãe sofreu uma complicação no tratamento. Nada grave, mas ela está pedindo por você. Catarina, em pânico, nem pensou em questionar.
Pedro estava em uma reunião importante que não podia ser interrompida. Ela pegou as chaves e foi sozinha. Mas quando chegou ao café que Marcelo havia especificado como ponto de encontro antes de irem ao hospital, encontrou-o lá sozinho. Marcelo, o que? Catarina, sinto muito pelo truque, ele disse com falsa empatia. Mas precisava falar com você urgentemente. É sobre Pedro.
Há coisas que você precisa saber. Não quero ouvir. Ela se virou para sair. Nem mesmo sobre a conta bancária secreta que ele abriu em seu nome, Marcelo jogou a isca. Nem mesmo sobre os e-mails que seu pai trocou com os advogados de Pedro meses antes do acordo. Catarina parou. Do que está falando? Sente-se. Marcelo indicou a cadeira.
Por favor, se depois de ouvir você decidir que estou mentindo, pode ir embora, mas você merece saber a verdade. Relutante, Catarina sentou-se e, enquanto isso, do outro lado da rua, um fotógrafo contratado por Daniela capturava cada ângulo. Marcelo inclinando-se intimamente em direção a Catarina, tocando sua mão em um gesto que parecia consolador, mas fotografado parecia romântico, o abraço reconfortante. quando ela começou a chorar com suas mentiras elaboradas.
Segunda fase, fabricar evidências. Daniela era boa em tecnologia, uma habilidade que Pedro nunca soubera que ela tinha. Ela criou e-mailos falsos postdatados para antes do casamento, mostrando supostas conversas entre Roberto, o pai de Catarina, e os advogados de Pedro, discutindo como preparar Catarina para seduzir o bilionário.
Ela forjou extratos bancários mostrando transferências para uma conta em nome de Catarina, pagamentos mensais que pareciam ser recompensas por cada marco atingido no relacionamento. As evidências eram convincentes porque Daniela era meticulosa. Ela estudara a forma como Pedro pensava, seus traumas, suas inseguranças. Cada documento falso era projetado para atingir exatamente os medos mais profundos dele.
Terceira fase: plantar as sementes. Daniela apareceu na mansão alguns dias depois do encontro de Catarina com Marcelo, pedindo para falar com Pedro a sós. Sei que me odeia, ela começou, fingindo hesitação. E tenho todos os motivos do mundo para te odiar também. Mas há algo que você precisa saber sobre Catarina.
Saia. Pedro ordenou friamente. Ela encontrou-se com Marcelo. Daniela deixou cair a bomba. Tenho provas. Ela colocou as fotos sobre a mesa. Catarina e Marcelo no café, suas cabeças juntas, o toque das mãos, o abraço. De certo ângulo parecia íntimo, romântico, traição. Pedro sentiu seu mundo começar a desmoronar.
Isso não tem que haver uma explicação. Tem. Daniela colocou os documentos forjados ao lado das fotos. Ela e o pai dela te estudaram. Sabiam exatamente o que fazer, o que dizer. A virgindade era a isca perfeita, algo que te intrigaria. A gravidez é o golpe final. Com um herdeiro, ela garante parte da sua fortuna. Mesmo se você descobrir o jogo. Não.
Pedro sussurrou, mas a dúvida já estava plantada, crescendo como erva daninha venenosa. Olhe os e-mails. Daniela pressionou. Olhe as transferências. E me diga que isso não faz sentido. Me diga que você realmente acredita que uma virgem de 22 anos simplesmente aceitou se casar com o homem mais desprezível do Brasil por amor à família. Ninguém é tão inocente, Pedro.
Você sabia disso antes dela te cegar. Cada palavra era veneno, mas veneno que se infiltrava nas rachaduras já existentes na armadura de Pedro. As inseguranças que ele lutara tanto para superar voltaram rugindo. Quando Catarina chegou em casa naquela noite, após ter visitado Marina para desabafar sobre o encontro estranho com Marcelo, que ela ainda não havia contado a Pedro, encontrou seu marido no escritório, as fotos espalhadas sobre a mesa.
Pedro, ela entrou hesitante. Está tudo bem? Ele ergueu os olhos e Catarina sentiu seu sangue gelar. Aquele olhar frio, calculista, mortal era o Pedro de antes. O monstro estava de volta. “Quanto tempo você achou que conseguiria esconder?”, ele perguntou com calma, perigosa. “Esconder o quê? Seu encontro com Marcelo, seu plano, tudo.” Ele jogou as fotos aos pés dela. “Não se preocupe em negar. Eu tenho provas.
” Catarina olhou para as fotos, confusão dando lugar ao horror. “Isso não é o que parece.” Ele me ligou dizendo que mamãe estava no hospital. Eu fui porque pensei: “Que conveniente!” Pedro interrompeu sarcasticamente. “Eu suponho que estes e-mails também são ficção.” Ele jogou as folhas impressas. Discussões detalhadas sobre como manipular o bilionário idiota.
Catarina pegou os documentos, seus olhos escaneando rapidamente. Isto é falso, Pedro. Eu nunca vi estes e-mails na minha vida. Meu pai nunca. Seu pai estava desesperado. Pedro se levantou, aproximando-se dela como um predador. E você era a ferramenta perfeita, a virgem inocente, o sacrifício nobre, tudo planejado nos mínimos detalhes. Não Catarina, gritou, lágrimas já inundando seus olhos.
Como pode acreditar nisso? Depois de tudo, depois de meses juntos, depois de Gabriel? Gabriel. Pedro cuspiu o nome como se queimasse. Conveniente, não é? O herdeiro que garante que você nunca mais precise trabalhar um dia na vida. Quanto vale um bebê na sua conta bancária, Catarina? Milhões. Bilhões? A acusação sobre o filho deles foi a que mais doeu. Catarina sentiu como se tivesse levado um tapa.
Você não acredita nisso. Não pode acreditar. Eu acredito na evidência. Ele virou as costas, incapaz de olhá-la. E a evidência mostra que você é exatamente como todas as outras. Só uma atriz melhor. Pedro, por favor. Catarina agarrou seu braço desesperada. Me deixa explicar. Aquele encontro foi uma armação. Ele disse que mamãe estava doente. Estes documentos são falsos.
Qualquer perito pode confirmar. Por favor, só me escute. Mas Pedro se afastou seu rosto uma máscara de gelo. Você terá seu dinheiro. Meus advogados entrarão em contato sobre os termos do divórcio. Sugiro que consiga um bom advogado também. Divórcio? A palavra saiu como um grito agonizante. Pedro, eu te amo. Eu amo você e nosso filho. Isso tudo é mentira. Você tem que ver isso.
A única mentira aqui, ele finalmente a encarou. E os olhos dele eram mais frios do que ela jamais vira. Foi tudo que você disse desde o primeiro dia. Cada eu te amo. Cada momento genuíno. Parabéns, Catarina. Você me enganou. Você venceu. Eu não estou tentando vencer nada. Ela soluçava agora a dor física em seu peito. Estou tentando manter minha família. Nossa família.
Mas Pedro já havia saído do escritório, deixando-a sozinha com as provas forjadas de uma traição que nunca existiu. Catarina caiu de joelhos, abraçando a barriga onde seu filho crescia, chorando mais do que já chorara em toda sua vida. Do lado de fora da mansão, Daniela observava através do portão sorriso satisfeito em seus lábios.
A vingança estava apenas começando e o pior ainda estava por vir. Os três dias seguintes foram os mais sombrios da vida de Catarina. Pedro se recusava a falar com ela dormindo no escritório ou simplesmente não voltando para casa. Ela tentou confrontá-lo múltiplas vezes, tentou mostrar as inconsistências nos documentos forjados, mas ele a cortava antes que pudesse terminar qualquer frase. Os advogados vão cuidar de tudo.
Era tudo que ele dizia. O rosto uma máscara impenetrável. Dona Rosa estava destroçada, tentando mediar, mas sendo ignorada por Pedro. Ele vai se arrepender”, ela dizia a Catarina enquanto a consolava. “Quando a raiva passar, ele vai ver a verdade.” Mas Catarina não tinha tanta certeza. O Pedro que ela vira naqueles dias era o velho Pedro, frio, calculista, cruel, o monstro que o país conhecia e temia. O homem que ela pensara ter desaparecido era apenas uma ilusão.
Na manhã do terceiro dia, Catarina acordou com náuseas severas, não apenas da gravidez, mas do estresse esmagador. Ela mal conseguia comer, mal conseguia dormir. O médico que dona Rosa insistiu em chamar advertiu que o estresse poderia prejudicar o bebê. “Você precisa se acalmar, senora Almeida.
” O doutor disse gentilmente: “Sei que está passando por algo difícil, mas precisa pensar no seu filho, Gabriel, seu filho, a única coisa pura e perfeita em meio ao caos”. Catarina colocou as mãos sobre a barriga, sentindo os chutes leves do bebê. Ele estava ativo hoje, como se tentasse confortá-la. “Eu vou nos proteger”, ela sussurrou. “Não importa o que aconteça, vou proteger você”. Mas então, naquela tarde, Pedro fez algo que destruiu qualquer esperança restante.
Ele convocou a imprensa. Catarina estava no quarto quando dona Rosa irrompeu, pálida e tremendo. Ligue a televisão agora. Com mãos trêmulas, Catarina pegou o controle remoto. Cada canal de notícias mostrava a mesma cena. Pedro Almeida em pé diante de dezenas de microfones e câmeras. seu rosto uma máscara de raiva fria. Convoquei esta coletiva.
Sua voz ecoava pelos alofalantes, para corrigir um equívoco que tenho perpetuado nos últimos meses. O equívoco de que eu havia mudado, de que havia encontrado o amor, de que estava me transformando em um homem melhor. Catarina sentiu seu coração parar. A verdade, Pedro continuou, cada palavra uma adaga, é que fui vítima da manipulação mais elaborada da minha vida.
Minha esposa, Catarina Almeida, em conuio com seu pai, orquestrou um plano detalhado para me enganar. Eles estudaram minhas fraquezas, prepararam o engodo perfeito, uma virgem inocente sendo vendida contra sua vontade. Não. Catarina sussurrou, lágrimas já rolando por seu rosto. Pedro, não faça isso. Tenho evidências, Pedro disse na TV, acenando para um assistente que distribuiu pastas para os repórteres.
meios entre o pai dela e meus advogados, planejando cada detalhe, transferências bancárias para contas em nome dela, fotos dela com seu cúmplice, Marcelo Tavares, planejando as próximas etapas da farça. Os repórteres explodiram em perguntas: “Pedro, e o bebê? A gravidez também foi planejada? Você vai processar?” Pedro ergueu a mão, silenciando-os.
O bebê provavelmente é meu. Um teste de paternidade confirmará, mas não tenho dúvidas de que a gravidez foi o golpe final, a garantia de que ela teria acesso à minha fortuna permanentemente. Quanto a processos, ele continuou, sua voz ficando ainda mais fria. Meus advogados estão tratando do divórcio.
Catarina não receberá um centavo além do que a lei exigir para a criança, se ela for minha. E ao público peço desculpas. Desculpas por fazê-los acreditar que pessoas podiam mudar, que monstros podiam ser redimidos, que o amor era real. Ele pausou e, pela primeira vez, algo parecido com emoção atravessou seu rosto.
Dor, traição, mas foi tão rápido que Catarina pensou ter imaginado. Eu era o homem mais desprezível do Brasil. Pedro disse finalmente: “E pelos últimos meses tentei ser diferente, mas aprendi uma lição valiosa. Eu estava certo desde o começo. As pessoas não mudam, o amor não é real e confiar é para tolos”. Com isso, ele virou as costas e saiu, deixando um pandemônio de repórteres gritando perguntas.
Catarina desligou a TV, sentindo-se entorpecida. Seu telefone explodiu com mensagens. Marina desesperada, seu irmão Lucas confuso, até desconhecidos enviando ameaças. As redes sociais já estavam inundadas com as hashtags Note Catarina Golpista e Kiba se Pedro tinha razão. Em questão de horas, ela se tornou a mulher mais odiada do Brasil.
Os mesmos portais de notícias que haviam celebrado sua história de amor, agora a pintavam como uma vilã calculista. Sua foto estava em todas as manchetes. A golpista que enganou o bilionário. Catarina, mais uma cordeira ou o lobo disfarçado. O plano perfeito como ela quase conseguiu. Dona Rosa encontrou Catarina em estado de choque, olhando fixamente para o telefone enquanto mensagens de ódio chegavam aos milhares.
Querida, você precisa sair da internet. Isso está ficando perigoso. Como isso aconteceu? Catarina sussurrou. Como chegamos aqui? Porque alguém muito inteligente e muito cruel plantou as sementes certas nas feridas certas?” Dona Rosa respondeu. Mas a verdade sempre vem à tona, Catarina. Sempre. E se não vier a tempo? Catarina tocou a barriga.
E se Gabriel nascer em um mundo onde sua mãe é vista como uma criminosa, onde seu pai o odeia? Foi Marina quem tomou a decisão. Ela apareceu na mansão naquela noite, ignorando os repórteres acampados do lado de fora. “Você vai fazer uma entrevista”, ela declarou. “O quê?” Catarina estava exausta demais para processar.
“Se Pedro vai usar a mídia como arma, você também vai contar sua versão. Vai mostrar ao país quem você realmente é. Eles não vão acreditar em mim.” Talvez não, Marina admitiu, mas você vai se olhar no espelho e saber que não se escondeu, que lutou por si mesma e por Gabriel. O maior canal de televisão do país, aceitou fazer a entrevista na manhã seguinte.
Aora, uma mulher conhecida por seu jornalismo duro, mas justo, prometeu dar a Catarina uma plataforma para sua defesa. Na noite antes da entrevista, Catarina passou horas escrevendo e reescrevendo o que queria dizer, como explicar o inexplicável, como fazer as pessoas entenderem que o amor que ela sentia era real, mesmo quando todas as evidências sugeriam o contrário.
Finalmente, ela escreveu algo simples e honesto. Eu sabia quem Pedro Almeida era quando aceitei me casar com ele. O país inteiro me avisou. Minhas amigas imploraram para eu fugir. Ele é desprezível, diziam. Ele vai te destruir, repetiam. Mas meu pai estava falido, minha mãe estava morrendo e eu não tinha escolha. ou assim pensei.
O que ninguém me disse, o que eu não esperava era que por trás do monstro havia um homem, um homem ferido, com medo de confiar, mas desesperado por conexão genuína. E contra todas as probabilidades, nós nos conectamos. Eu me apaixonei, não pelo bilionário, não pelo status, mas pelo homem que lia poesia para mim à noite, que chorou quando viu nosso filho no ultrassom, que tentava todos os dias ser melhor do que era.
As evidências contra mim são convincentes. Eu entendo porque Pedro acreditou. Eu entendo porque o país acredita. Mas eu juro pela vida do meu filho, do nosso filho, que são mentiras. Mentiras elaboradas por alguém que quer nos destruir e eles venceram. Porque agora estou perdendo não apenas meu marido, mas também minha reputação, minha paz, minha vida. Mas há uma coisa que nunca vão tirar de mim, a verdade.
E a verdade é que eu amei Pedro Almeida. Eu ainda amo e isso aparentemente foi meu maior crime. Ela leu e releu até as palavras se borrarem. Então, finalmente dormiu. Um sono agitado, cheio de pesadelos. A entrevista foi ao ar às 9 horas da manhã.
Catarina, vestindo um vestido simples, azul marinho, sentou-se diante das câmeras. Sua barriga de se meses evidente. Ela parecia cansada, quebrada, mas havia uma dignidade em sua postura. Catarina, a âncora começou gentilmente. Obrigada por estar aqui. Sei que este é um momento difícil. Difícil nem começa a descrever. Catarina respondeu honestamente. Você viu a coletiva de Pedro? ouviu as acusações, o que tem a dizer? E então Catarina fez algo que ninguém esperava. Ela não se defendeu agressivamente, não atacou Pedro.
Em vez disso, falou com uma honestidade crua e vulnerável que atravessou as telas e tocou corações. Ela contou sua história, toda ela, a venda pelo pai, o terror do casamento, a noite em que Pedro quase a forçou, mas parou, a transformação lenta e dolorosa dele, os momentos de conexão genuína, a alegria quando Gabriel foi concebido, o medo quando as dúvidas retornaram.
Eu não sou perfeita”, ela disse, lágrimas escorrendo livremente. Cometi erros. Talvez devesse ter contado a Pedro sobre o encontro com Marcelo imediatamente, mas eu estava confusa, assustada. Ele me disse coisas que me fizeram questionar tudo. “Você acredita que foi armação?”, a âncora perguntou.
“Eu sei que foi, Catarina” respondeu firmemente. “Mas não posso provar. E sem prova, sou apenas mais uma mulher desesperada, tentando salvar sua pele. E Pedro, você o culpa? Catarina ficou em silêncio por um longo momento. Então eu o entendo. Ele foi profundamente ferido no passado. Aprendeu a não confiar e alguém usou isso contra ele. Contra nós.
Estou com raiva? Sim. Estou magoada além das palavras? Absolutamente. Mas culpá-lo não completamente, porque sei que a parte dele que me amava está morrendo por dentro agora, acreditando que tudo foi mentira.
Que mensagem você tem para ele? Catarina olhou diretamente para a câmera, como se pudesse ver através dela até o homem que assistia de algum lugar. Pedro, eu sei que está assistindo e sei que está convencido de que me enganou, mas quero que lembre de cada momento que compartilhamos, cada conversa, cada riso, cada lágrima. Pergunte a si mesmo: “Tudo isso poderia ser atuação? Sou tão boa atriz assim?” Ou uma parte de você, a parte que ainda ousa sentir, sabe a verdade? Ela pausou, a voz quebrando: “Eu te amei. Eu ainda amo.
E que Deus te perdoe por não ter acreditado em mim. Porque eu não sei se posso. Com isso, ela se levantou e saiu do estúdio, deixando um país inteiro em silêncio, atordoado. Em seu escritório, Pedro assistiu tudo e quando ela disse: “Eu te amei”, algo dentro dele rchentou, mas seria grande o suficiente para salvá-los ou apenas grande o suficiente para destruí-lo completamente? A entrevista de Catarina teve um efeito inesperado.
Enquanto uma parte do público permanecia cética, outra começou a questionar a narrativa de Pedro. Fóruns online se encheram de debates acalorados. Algumas pessoas notaram inconsistências nos documentos que ele havia apresentado. Outras simplesmente não conseguiam conciliar a mulher vulnerável e honesta que viram na TV com a manipuladora calculista que Pedro descrevia. Mas a atenção da mídia tornou-se insuportável.
Repórteres acampados na frente da mansão dia e noite. Drones tentando capturar imagens através das janelas. Cada movimento de Catarina era documentado, analisado, desse Marina chegou uma noite com notícias urgentes. Você precisa sair de São Paulo agora. Para onde eu iria? Catarina estava deitada na cama, exausta. O estresse estava afetando a gravidez.
O médico havia ordenado repouso. Minha tia mora em Vale da Serenidade, uma cidade pequena no interior. Ninguém vai procurar você lá. Você pode ter paz, pode se preparar para o nascimento de Gabriel sem essa loucura toda. Pedro nunca permitiria que eu levasse Gabriel para longe. Pedro te expôs na televisão nacional. Marina retrucou com raiva.
Ele perdeu o direito de opinar. Você precisa pensar em si mesma e em seu filho agora. Dona Rosa, que havia escutado a conversa da porta, entrou. A menina está certa. Fique aqui e você vai desmoronar. Pelo bem de Gabriel, você precisa fugir. Mas e Pedro? Quando ele descobrir, deixe que eu cuido do Senhor Pedro. Dona Rosa disse com uma determinação férrea.
Ele vai aprender algumas verdades que eu tenho guardado há tempo demais. Naquela noite, enquanto Pedro estava em uma reunião de negócios ou evitando a casa, Catarina não sabia ao certo. Elas executaram o plano. Marina trouxe seu carro até os fundos da mansão. Dona Rosa criou uma distração, dizendo ao seguranças que havia visto um intruso no jardim da frente.
No caos que se seguiu, Catarina escapou pela porta dos fundos com apenas uma mala pequena. Ela deixou uma carta sobre a cama. Não para Pedro. Ela não tinha mais palavras para ele, mas para Gabriel, caso algo acontecesse, caso ela nunca tivesse a chance de explicar, “Meu querido filho, quando você ler isso, será grande o suficiente para entender histórias complicadas sobre amor e traição, confiança e dor.
Quero que saiba que sua mãe lutou. Lutei pelo amor do seu pai. Lutei pela nossa família. Lutei por você. Não culpe seu pai pelas escolhas que ele fez. Ele é um homem ferido, tentando ser ferido novamente. Às vezes, nesse processo, nós machucamos as pessoas que mais amamos. Eu o amei desde o momento em que soube da sua existência.
Cada chute, cada soluço, cada movimento, tudo me lembrava que algo puro e perfeito poderia surgir até do mais complicado dos começos. Se estou escrevendo isso agora, é porque preciso desaparecer por um tempo. Preciso de paz para trazer você ao mundo de forma segura, mas voltarei sempre voltarei por você com todo o meu amor, mamãe. A viagem para a Vale da Serenidade levou 4 horas.
A cada quilômetro que se afastavam de São Paulo, Catarina sentia o nó em seu peito afrouxar ligeiramente. Quando finalmente chegaram à pequena cidade aninhada entre montanhas. Era quase meia-noite. A casa da tia de Marina era modesta, mas acolhedora, tão diferente da mansão fria onde Catarina passara os últimos meses.
A senhora idosa, dona Beatriz, recebeu-a com um abraço maternal, sem fazer perguntas. “Você está segura aqui, minha filha?”, Ela disse simplesmente: “Fique o quanto precisar”. Nos dias seguintes, Catarina começou a respirar novamente. A cidade pequena era um mundo diferente, sem repórteres, sem olhares julgadores, apenas pessoas simples vivendo vida simples. Ela se registrou no pequeno hospital local usando apenas seu primeiro nome.
Começou a fazer caminhadas leves pelo parque da praça, sentindo o sol em seu rosto, ouvindo pássaros em vez de buzinas. Gabriel parecia sentir a paz também. Seus chutes eram mais calmos, mais regulares. O médico local, Dr. Henrique, um homem gentil de 60 anos, examinou-a e declarou que mãe e bebê estavam bem, mas que ela precisava manter o estresse baixo.
“Você passou por algo difícil”, ele disse com empatia, claramente reconhecendo-a, mas respeitando sua privacidade. Mas está em um bom lugar agora. Descanse, cure, o bebê precisa disso. Enquanto isso, em São Paulo, Pedro descobriu a fuga e explodiu. Ele irrompeu no quarto dela, encontrando apenas a carta para Gabriel.
Leu-a três vezes, cada palavra uma faca em seu coração. A dor e o amor genuínos naquelas palavras não podiam ser fingidos. Onde ela está? Ele exigiu de dona Rosa. A governanta o encarou com uma coragem que o surpreendeu. Em segurança, longe de você e sua crueldade. Como ousa? Como ouso? Dona Rosa avançou décadas de serviço silencioso, finalmente explodindo.
Eu ouso porque trabalho para você há 10 anos e vi cada mulher que entrou e saiu desta casa. E aquela menina, aquela menina foi a única genuína, a única que te olhava como se você fosse humano, não uma conta bancária. E você a destruiu? Pedro recuou, chocado com a intensidade dela.
Você quer saber a verdade, senhor Pedro? Dona Rosa continuou, lágrimas de raiva escorrendo por seu rosto. A verdade é que você está tão apavorado de ser amado que sabota toda chance de felicidade. Catarina nunca te traiu, mas você estava tão ocupado procurando por traição que criou uma onde não existia. Eu tenho provas. Você tem papéis que qualquer um com computador poderia ter forjado? Ela praticamente gritou.
Você tem fotos tiradas de contexto, mas não tem a única coisa que importa. Fé na mulher que carrega seu filho. As palavras atingiram Pedro como socos. Depois que dona Rosa saiu batendo a porta, ele caiu na cama de Catarina, ainda carregando o perfume dela. E pela primeira vez em 9 anos chorou. chorou pelo que tinha feito, pelo que poderia ter perdido, pela possibilidade aterrorizante de que ele estivesse errado sobre tudo, mas seu orgulho era forte demais para admitir isso.
Não ainda. Invalida serenidade, Catarina estabeleceu uma rotina. Acordava cedo, fazia café da manhã com dona Beatriz, caminhava pelo parque, lia livros sobre maternidade, preparava-se para a chegada de Gabriel. À tarde, sentava-se no banco da praça, observando a vida simples da cidade fluir ao seu redor.
Foi lá que ela conheceu o padre Miguel, o pároco local. Ele tinha 80 anos, era sábio e gentil e não a julgou quando ela contou sua história em confissão. “Você fez o certo em vir aqui”, ele disse quando ela terminou. “Às vezes precisamos nos afastar do fogo para curar as queimaduras.” “Mas e se o fogo nunca se apagar?”, ela perguntou.
E se Pedro nunca acreditar em mim, então você terá que decidir? Padre Miguel respondeu: Você pode controlar apenas suas próprias ações, não as dele. Você escolhe o perdão, a amargura ou algo no meio. Perdão parece impossível agora. O perdão raramente é para o outro. O padre observou.
É para libertar você, mas isso é uma jornada que só você pode fazer no seu próprio tempo. As semanas passaram, Catarina começou a fazer tricô. Roupinhas minúsculas para Gabriel. Dona Beatriz ensinou-a a cozinhar pratos simples. Lentamente, os pedaços quebrados dela começaram a se juntar novamente, não da forma original, mas em um mosaico novo e mais forte. Marina visitava sempre que podia, trazendo notícias de São Paulo.
Pedro está obsecado em te encontrar, ela relatou em uma visita. contratou detetives particulares. Está oferecendo recompensa por informações. Ele quer me destruir mais ainda? Catarina perguntou amargamente. Não sei. Marina admitiu. Dona Rosa diz que ele está diferente, mais quieto, mais perdido. Mas Catarina não podia pensar em Pedro agora.
Tinha apenas algumas semanas até a data prevista para o parto e precisava estar forte. por Gabriel, por si mesma. Uma noite deitada na cama simples do quarto de hóspedes, sentindo Gabriel se mexer dentro dela, Catarina finalmente permitiu-se sentir tudo que havia reprimido, a raiva, a dor, o amor que se recusava a morrer, apesar de tudo. Chorou até não haver mais lágrimas. E, então, em algum lugar entre a exaustão e a aceitação, encontrou paz.
“Nós vamos ficar bem”, ela sussurrou para a barriga. Não sei como, mas vamos, porque você merece uma mãe que é forte, que sobreviveu, que escolheu amor, apesar de tudo. E naquele momento, em uma cidade pequena, longe de tudo que conhecia, Catarina Mendes, não mais Catarina Almeida, começou verdadeiramente a se encontrar. Às vezes você precisa perder tudo para descobrir quem realmente é.
Em São Paulo, Pedro estava desmoronando. Exteriormente mantinha a fachada. indo a reuniões, fechando negócios, sorrindo friamente para as câmeras, mas por dentro algo estava podre e se espalhando. Ele não conseguia dormir. Toda vez que fechava os olhos, via o rosto de Catarina. Primeiro com amor, depois com dor, finalmente com resignação quebrando.
Ouvia a voz dela na entrevista: “Eu te amei. Eu ainda amo. E que Deus te perdoe por não ter acreditado em mim.” Thago apareceu em seu escritório uma tarde, jogando uma pasta sobre sua mesa. Leia isso agora. Estou ocupado. Leia. Tiago raramente gritava, mas agora sua voz trovejava. Porque ou você lê isso e encara a verdade, ou eu termino nossa amizade aqui e agora.
Não vou ficar e ver você destruir a si mesmo e a mulher inocente que te ama. Intrigado e ligeiramente alarmado, Pedro abriu a pasta. Dentro havia um relatório de investigação, mas não o que ele havia encomendado para encontrar Catarina. Este era diferente. O que é isso? A verdade que você deveria ter procurado antes de destruir sua esposa? Thago respondeu amargamente.
Quando você me mostrou aquelas provas, algo me incomodou. Os e-mails eram muito convenientes, muito perfeitos. Então contratei meu próprio investigador, um de verdade, não alguém apenas te dizendo o que você queria ouvir. Pedro começou a ler. Cada página era uma revelação. Registros de celular mostrando que a ligação para Catarina sobre sua mãe doente viera do número de Marcelo, não do hospital. Registros bancários provando que a conta secreta em nome de Catarina nunca existiu.
Era uma falsificação digital habilidosa, análise de metadados, mostrando que os e-mails entre Roberto e os advogados foram criados três dias antes de serem descobertos, não meses antes do casamento. Mas o pior estava nas últimas páginas, gravações de áudio. Joga isso. Pedro ouviu a voz de Marcelo dizer claramente: “Deixa eu preparar o cenário.” Perfeito. Agora tira a foto.
Ela realmente acredita que a mãe dela está em perigo. Outra voz do fotógrafo respondeu. Isso não te incomoda? Por que incomodaria? Marcelo Riu. Pedro Almeida merece isso e mais. E quando ele destruir essa menina, finalmente teremos nossa vingança. Havia mais. Uma gravação de Daniela se gabando em um bar. O idiota acreditou em tudo, os e-mails falsos, as fotos, tudo.
Ele está tão obsecado com seu trauma que nem pensou em verificar. Pedro sentiu o sangue gelar em suas veias. Quando, quando você conseguiu isso? Há duas semanas, Thago admitiu. Esperei para ter provas irrefutáveis antes de te mostrar, porque sabia que seu orgulho tentaria negar mesmo diante da verdade. Duas semanas, Pedro se levantou bruscamente.
E você não me disse? Catarina está desaparecida há quase um mês. Ela está grávida de ito meses, sozinha em algum lugar, pensando que eu adeio. E cuja culpa é isso, Thago retrucou. Você a expôs na televisão nacional. Você a chamou de golpista para o país inteiro.
Mesmo se eu tivesse te mostrado isso no dia seguinte, você teria acreditado? Ou seu ego teria encontrado uma forma de explicar? A verdade naquelas palavras atingiu Pedro como um trem. Ele caiu de volta na cadeira, a realização do que havia feito desabando sobre ele como uma avalanche. Meu Deus, o que eu fiz? Você fez exatamente o que Daniela e Marcelo queriam. Tiago disse, sua raiva dando lugar à tristeza. Você deixou seu passado destruir seu futuro.
Deixou Verônica roubar sua felicidade mesmo 9 anos depois. Pedro enterrou o rosto nas mãos. As provas estavam todas ali, irrefutáveis. Os e-mails eram falsos. A conta bancária nunca existiu. O encontro com Marcelo foi uma armação. Catarina nunca o traiu e ele ele a havia destruído. Havia pegado a mulher que o amava genuinamente e a havia esmagado sob o peso de suas próprias inseguranças e trauma.
Ela estava dizendo a verdade, ele sussurrou. Esse tempo todo. Ela estava dizendo a verdade. Sim, Thago confirmou. E você a puniu por sua honestidade. Pedro levantou-se abruptamente, começando a caminhar freneticamente. Preciso encontrá-la. Preciso explicar, pedir perdão, consertar isso. Pedro, ela está grávida de 8 meses. Provavelmente vai ter o bebê em algumas semanas.
Você acha que ela quer te ver agora? Depois de tudo? Não me importa se ela não quer me ver. Pedro explodiu. Ela precisa saber a verdade. Precisa saber que eu sei que estava errada, que ela é inocente, que eu sou o monstro aqui. Você sempre foi o monstro. Dona Rosa disse da porta onde estava ouvindo. A diferença é que agora você finalmente admite.
Pedro virou-se para ela desesperado. Você sabe onde ela está? Não era uma pergunta. Dona Rosa hesitou, então suspirou. Sei, mas não vou te dizer, dona Rosa, por favor. Não. Ela bateu o pé. Aquela menina finalmente encontrou paz. Está se preparando para trazer seu filho ao mundo em segurança, sem estresse, sem dor. Você acha que tem o direito de invadir isso depois do que fez? Eu tenho que consertar isso.
Por você ou por ela? Dona Rosa desafiou. Você quer seu perdão para aliviar sua culpa ou realmente se importa com o bem-estar dela? A pergunta o parou no caminho. Pedro pensou sobre isso. Realmente pensou. Sim. Ele queria o perdão dela desesperadamente, mas mais do que isso, queria que ela soubesse a verdade.
Queria que ela não passasse nem mais um minuto acreditando que ele a odiava, que pensava que tudo era mentira. Ambos, ele admitiu finalmente, quero o meu perdão porque sou egoísta, mas também quero que ela saiba que acredito nela, que sei que nosso amor era real, que Gabriel foi concebido em amor, não em manipulação. Dona Rosa estudou-o por um longo momento. Se eu te disser onde ela está, o que você vai fazer? Vou até ela. Vou cair de joelhos.
Vou implorar por perdão que não mereço. E se ela disser não? Se ela te dispensar? Pedro sentiu lágrimas. Lágrimas reais, não de raiva, mas de desespero genuíno, queimar em seus olhos. Então, vou aceitar, vou deixá-la em paz, mas vou garantir que ela e Gabriel tenham tudo que precisam pelo resto de suas vidas.
Vou ser o pai que Gabriel merece, mesmo que Catarina nunca mais me perdoe. E Daniela, Marcelo, Thago perguntou. Eles quase destruíram sua vida. O que vai fazer? Um lampejo do velho Pedro, do monstro passou por seus olhos. Vou expô-los. Cada mentira, cada manipulação. Vou usar cada recurso que tenho para garantir que eles paguem. Vingança. Dona Rosa questionou. Justiça.
Pedro corrigiu. E proteção. Porque se eles fizeram isso comigo e Catarina farão com outros. Tiago assentiu com aprovação. Bom, já tenho advogados preparando os processos. As gravações são evidências suficientes para processos criminais e civis. Mas primeiro Pedro tinha algo mais importante a fazer. Ele ligou para sua assessoria de imprensa. Convoque a mídia.
Amanhã meio-dia tenho uma declaração a fazer. Senor Almeida. Sobre o quê? Sobre como fui o maior idiota do Brasil. Pedro respondeu: “E sobre como vou fazer tudo ao meu alcance para consertar isso?” Naquela noite, ele se trancou no quarto que havia sido de Catarina, cercado pelas roupas que ela deixara para trás, o perfume dela ainda impregnado no ar, segurou a carta que ela escrevera para Gabriel, lendo e relendo até as palavras estarem memorizadas. Eu estraguei tudo. Ele sussurrou para o quarto vazio.
Mas juro, Catarina, vou consertar, nem que seja a última coisa que eu faça. No dia seguinte, Pedro Almeida ficou diante das mesmas câmeras que havia usado para destruir Catarina, mas dessa vez com uma mensagem muito diferente. Há um mês, ele começou, a voz firme, mas carregada de emoção.
Fiz uma acusação pública contra minha esposa, Catarina. Apresentei o que acreditava ser em provas de seu engano. Usei esta plataforma para humilhá-la, para destruir sua reputação, para pintá-la como uma vilã. Ele pausou, respirando fundo. Eu estava errado, completamente, imperdoavelmente errado. Os repórteres explodiram em murmúrios. Pedro ergueu a mão, silenciando-os.
As provas que apresentei eram falsificações elaboradas. Os e-mails foram forjados. As contas bancárias nunca existiram. As fotos foram tiradas fora de contexto, em uma armação cruel. Catarina Almeida, minha esposa, nunca me traiu, nunca me enganou. Ela me amou genuinamente e eu eu a destruí por isso.
Lágrimas genuínas desciam por seu rosto agora, sem vergonha. Duas pessoas, Daniela Santos e Marcelo Tavares, orquestraram essa manipulação para nos destruir e eles conseguiram, porque eu estava tão preso ao meu próprio trauma, tão convencido de que todos me trai em questionar as evidências. Eu queria acreditar no pior, porque era mais fácil do que arriscar meu coração novamente. Ele olhou diretamente para a câmera.
Catarina, onde quer que esteja, eu sei que está assistindo ou vai assistir. Preciso que saiba. Eu sei a verdade agora. Sei que você nunca me mentiu. Sei que nosso amor era real. Sei que Gabriel foi concebido em amor, não em manipulação. Sua voz quebrou. E sei que não mereço seu perdão. Sei que destruí algo precioso e raro.
Mas estou implorando, não por mim, mas por nosso filho, que me deu uma chance de consertar isso. Uma chance de ser o pai que Gabriel merece. Uma chance de provar que o homem que você viu em mim realmente existe, mesmo que eu tenha tentado matá-lo. Ele limpou as lágrimas. Quanto a Daniela e Marcelo, processos criminais e civis foram iniciados. Eles pagarão pelo que fizeram.
Não por vingança, mas porque pessoas que podem mentir e manipular tão cruelmente são perigosas para todos. Mas principalmente, ele concluiu, quero dizer ao Brasil, eu fui o homem mais desprezível deste país. Ainda sou em muitas formas, mas uma mulher pura e boa me mostrou que eu poderia ser melhor e então eu a destruí.
Se você aprender alguma coisa com minha história, que seja isto, quando o amor verdadeiro aparece, não o sabote por medo, porque viver sem ele é um inferno pior do que qualquer traição. A coletiva terminou com repórteres gritando perguntas, mas Pedro os ignorou. Tinha apenas um objetivo agora, encontrar Catarina e esperar que não fosse tarde demais. A declaração de Pedro se espalhou pelo país como fogo em mato seco.
As mesmas redes sociais que haviam condenado Catarina agora pediam sua cabeça. Pedro, idiota, Steiça para Catarina, se tornaram trending topics. Memes circulavam, mostrando-o como o palhaço que sempre foi. Mas Pedro não se importava com a opinião pública. Importava-se apenas com uma opinião, a de Catarina.
Dona Rosa finalmente cedeu, dando-lhe o endereço em vale da serenidade. “Mas se você a magoar novamente?”, ela advertiu com um dedo apontado. “Eu mesma vou te destruir, bilionário ou não”. “Entendido?” Pedro, respondeu simplesmente. Tiago insistiu em acompanhá-lo. “Você vai fazer alguma besteira se for sozinho. Além disso, alguém tem que filmar para quando ela te chutar, onde o sol não bate.” A viagem de 4 horas pareceu durar dias.
Pedro ensaiou o que diria centenas de vezes, mas sabia que nenhuma palavra seria suficiente. Como você pede desculpas por destroçar a alma de alguém? Chegaram a vale da serenidade ao meio-dia de uma sexta-feira. A cidade era pequena, pitoresca, exatamente o tipo de lugar onde alguém fugiria para encontrar paz.
Pedro sentiu seu coração apertar ao imaginar Catarina aqui sozinha e grávida, reconstruindo os pedaços de si mesma que ele havia destruído. Onde agora? Tiago perguntou. A casa de dona Beatriz fica na rua das flores, número 42. Pedro consultou o papel que dona Rosa lhe dera, mas primeiro quero encontrá-la em um lugar neutro. Não quero invadir seu refúgio.
Como vai encontrá-la então? Dona Rosa disse que ela vai ao parque da praça toda a tarde. Vamos esperar lá. Eles estacionaram longe para não chamar atenção. Pedro vestia roupas casuais, jeans e uma camiseta simples, algo impensável para o bilionário conhecido por seus ternos impecáveis. Mas ele não queria parecer Pedro Almeida.
Se queria parecer apenas Pedro, um homem quebrado, implorando por perdão. A praça era encantadora, bancos sob árvores frondosas, crianças brincando, idosos jogando xadrez. E lá, sentada em um banco perto do chafaris, estava ela, Catarina. O ar escapou dos pulmões de Pedro. Ela estava linda.
A gravidez avançada dava-lhe um brilho, mesmo com a tristeza visível em seus olhos. vestia um vestido simples, azul claro, os cabelos castanhos soltos ao vento, as mãos apoiadas sobre a barriga proeminente. Ela estava conversando com o bebê, ele percebeu um sorriso suave em seus lábios. “Meu Deus”, Pedro sussurrou. “Ela tão grávida, bonita, fora do seu alcance.
” Thago sugeriu secamente tudo isso. Repórteres haviam seguido Pedro, claro. Câmeras já estavam posicionadas, capturando cada momento. A assessoria de imprensa dele havia garantido que virasse notícia nacional ao vivo. Pedro queria isso. Queria que o país inteiro testemunhasse sua humilhação, sua súplica.
Era o mínimo que devia a ela. Respirando fundo, Pedro atravessou a praça. Cada passo era agonia. Catarina não o vira ainda, absorta em sua conversa com Gabriel. Foi só quando ele estava a poucos metros que ela ergueu os olhos. O choque em seu rosto foi instantâneo. Ela se levantou bruscamente, ou tão bruscamente quanto uma mulher de 8 meses de gravidez conseguia.
O que você está fazendo aqui, Catarina? Ele parou, dando-lhe espaço. Por favor, me dê 5 minutos. Você não tem direito de me pedir nada. Eu sei, mas vou pedir assim mesmo. Ele deu mais um passo. Por favor. Catarina o olhou. Realmente o olhou. Pela primeira vez em um mês. Ele parecia diferente, mais velho, mais cansado, mais humano.
Os olhos dele não tinham mais aquela frieza cruel. Havia algo quebrado neles, algo vulnerável. “Cutos,” ela disse finalmente, “mas aqui neste banco, não vou a lugar nenhum com você. Aqui está perfeito. Pedro sentou-se no banco, mantendo distância respeitosa.
Ele podia ver as câmeras ao redor, mas não se importava que filmassem, que o mundo todo visse. Primeiro ele começou a voz trêmula. Eu sei a verdade agora. Tudo. Os e-mails eram falsos. A conta bancária nunca existiu. Marcelo te enganou sobre sua mãe para criar aquela situação. Daniela orquestrou tudo para nos destruir. Catarina não demonstrou surpresa.
E quanto tempo você demorou para descobrir isso? Um dia, uma semana, um mês depois de me destruir publicamente, Thago me mostrou as provas há três dias. Pedro admitiu, mas a culpa não é dele, é minha, por não questionar as evidências desde o início, por querer acreditar no pior, por deixar meu passado envenenar nosso presente. Três dias, ela repetiu amargamente. E você só veio agora.
Vim assim que dona Rosa me disse onde você estava. Eu estava preparando, tentando encontrar palavras para o imperdoável. Não há palavras, Catarina disse simplesmente você. Pôs na televisão nacional, chamou nosso filho de golpe, fez o país inteiro me odiar. E por quê? Porque você estava com medo de ser feliz. Cada acusação era verdadeira.
Cada uma um golpe merecido. Você está certa. Tudo que você disse, eu estava apavorado. Apavorado porque pela primeira vez em 9 anos eu senti algo real. E parte de mim, a parte que Verônica quebrou, não conseguia acreditar que algo tão bom pudesse ser verdadeiro.
Então você o destruiu primeiro, Catarina concluiu antes que ele pudesse te destruir. Sim. A admissão crua saiu como um suspiro e no processo destruí você. Destruí nós. Destruí a única coisa genuína que tive na vida. Catarina sentiu lágrimas queimarem, mas se recusou a chorar. Não mais. Sabe o que é engraçado, Pedro? Eu sabia desde o começo, eu sabia que você era perigoso.
Todo mundo me avisou, mas eu vi você, o você real, e pensei que poderia ser diferente, que nosso amor seria forte o suficiente. Foi, Pedro, sussurrou. Nosso amor foi forte o suficiente. Eu é que não foi. Gabriel chutou forte o suficiente para Catarina fazer uma careta. Instintivamente, Pedro estendeu a mão, então parou.
Posso? Catarina hesitou, então assentiu apenas porque é dele também. Pedro colocou a mão sobre a barriga dela, sentindo o movimento de seu filho. Lágrimas rolaram livremente por seu rosto. Gabriel, meu filho, eu sinto muito. Sinto muito por ser tão covarde, por quase perder você antes mesmo de te conhecer.
Não fale comigo, Catarina disse suavemente. Fale com ele. Então Pedro fez algo que chocou não apenas Catarina, mas todos que assistiam. Ele deslizou do banco, ajoelhando-se na frente dela, suas mãos ainda em sua barriga, sua testa encostada onde seu filho crescia. “Gabriel”, ele disse, a voz quebrada por soluços. Sou seu pai e fui um idiota.
Quase perdi você e sua mãe porque estava muito assustado, para acreditar que algo tão perfeito pudesse ser real. Mas prometo, prometo que vou passar cada dia da minha vida tentando ser o homem que você merece como pai. As câmeras capturaram tudo. O bilionário orgulhoso ajoelhado em uma praça de cidade pequena, chorando contra a barriga de sua esposa, implorando o perdão de seu filho ainda não nascido. Era uma imagem que definiria sua vida dali em diante.
Catarina olhou para baixo, para o homem aos seus pés. Parte dela queria chutá-lo, gritar, fazê-lo sentir uma fração da dor que ela sentiu. Mas outra parte, a parte que ainda o amava, apesar de tudo, via a dor genuína nele, a transformação real. “Levante-se, Pedro”, ela disse “Finalmente, “vo fazendo uma cena.
” Não me importo”, ele respondeu, mas levantou-se mesmo assim, voltando a sentar-se ao lado dela. “Catarina, sei que não mereço seu perdão. Sei que destruí sua confiança de uma forma que pode nunca ser reparada, mas estou implorando, não por mim, mas por Gabriel, que me dê uma chance, uma chance de provar que posso ser melhor, uma chance de ser o pai que ele merece.” “E quanto a mim?”, ela perguntou, “vo quer uma chance comigo também?” Pedro a encarou.
Quero desesperadamente, mas sei que isso é pedir demais. Se tudo que você puder me dar é ser o pai de Gabriel, eu aceitarei e passarei o resto da vida sendo grato por isso. Catarina ficou em silêncio por um longo momento, processando. Parte dela queria dizer sim imediatamente, jogar-se em seus braços, perdoar tudo.
Mas a parte mais forte, a parte que crescera nesses meses sozinha, sabia que não podia ser tão fácil. “Eu não sei se posso te perdoar”, ela disse honestamente. “Não agora. Talvez nunca. O que você fez, Pedro? Você me quebrou de formas que nem sabia que podia ser quebrada. Eu sei. Mas ela continuou colocando a mão sobre a dele, que ainda descansava em sua barriga.
Gabriel merece um pai e, apesar de tudo, sei que você pode ser um bom pai se tentar. Então, você vai me dar uma chance? Esperança brilhou em seus olhos. Vou te dar uma chance com Gabriel, ela corrigiu. Quanto a nós, isso vai depender de você, de suas ações, não suas palavras, porque suas palavras já me machucaram o suficiente. Entendo. Pedro assentiu, apertando suavemente a mão dela. Vou provar. Todo dia.
Vou provar. Naquele momento, algo estranho aconteceu. A barriga de Catarina endureceu sobre as mãos deles, uma contração visível ondulando pela superfície. Ela o fegou, a mão indo para as costas. O que foi? Pedro entrou em pânico instantaneamente. Está tudo bem? É o bebê. Contrações de Braxton Hicks. Catarina respondeu, respirando através da dor. Normais neste estágio, mas estão ficando mais frequentes.
Você precisa de um médico hospital. Me diz o que fazer. Apesar de tudo, Catarina sorriu com a reação exagerada dele. Estou bem. Dr. Henrique diz que posso ter o bebê. a qualquer momento, nas próximas duas semanas. Dr. Henrique. Pedro franziu a testa. Quem é esse? Ele é bom. Você precisa do melhor obstetra de São Paulo. Dr.
Henrique é o médico daqui e ele é ótimo. Vou ter Gabriel aqui, Pedro. Nesta cidade onde encontrei paz. Pedro queria argumentar, queria insistir em hospitais de ponta em São Paulo, mas então viu a determinação nos olhos dela e entendeu. Isso não era negociável. Então eu fico, ele disse simplesmente, se você me permitir, fico aqui até Gabriel nascer. Por quê? Porque não vou perder o nascimento do meu filho.
Pedro disse firmemente. E por não vou deixar você sozinha de novo? Nunca mais. Catarina estudou-o, buscando sinais de manipulação, de jogos, mas tudo que viu foi sinceridade crua. Você pode ficar na pousada do centro, mas Pedro, se você me pressionar, se tentar me forçar a qualquer coisa, vou te expulsar. Entendeu? Perfeitamente.
Eles ficaram sentados assim por mais alguns minutos, as mãos entrelaçadas sobre a barriga onde seu filho crescia, duas almas feridas tentando encontrar um caminho de volta uma para a outra. Não era perdão, não ainda, mas era um começo. E às vezes um começo é tudo que precisamos para reconstruir algo que foi destroçado.
Pedro se instalou na pousada local, um lugar modesto que nunca hospedaria sob circunstâncias normais. Mas estas não eram circunstâncias normais. Ele dormia mal em lençóis simples de algodão. Acordava cedo com o som de galos. Comia café da manhã em uma mesa comunitária com viajantes e moradores locais. era humilde e surreal.
Todos os dias ele ia até a casa de dona Beatriz, não para pressionar Catarina, mas para estar disponível. Ele pintou o quarto que seria o bersário, consertou o vazamento na cozinha, cortou a grama, fazia trabalho manual que seus empregados sempre faziam por ele e descobriu que havia algo terapêutico em usar as mãos. Catarina o observava com desconfiança no início, esperando que ele perdesse a paciência, que exigisse mais do que ela estava pronta para dar.
Mas ele não exigia, apenas existia, silenciosamente disponível, pacientemente esperando. “Você não precisa fazer isso”, ela disse uma manhã enquanto ele montava o berço que havia encomendado. “Preciso sim”, ele respondeu, concentrado em parafusar as peças. Meu filho vai dormir neste berço. Quero que seja montado por mim.
Algo no cuidado com que ele tratava cada detalhe, tocou Catarina. Este não era o CEO bilionário, era um pai preparando o ninho para seu filho. À noite, Pedro jantava com elas, ele, Catarina, dona Beatriz e às vezes Marina. As conversas eram cuidadosas no início, evitando minas terrestres emocionais, mas gradualmente tornaram-se mais naturais. Eles falavam sobre Gabriel, sobre nomes do meio, sobre esperanças e medos de ser pais.
“Estou apavorado,” Pedro admitiu uma noite após o jantar, quando era apenas ele e Catarina na varanda. E se eu for um pai terrível? E se eu repetir os erros que meu pai fez comigo? Você não vai. Catarina disse com convicção surpreendente. Porque você está ciente deles? Seu pai nunca questionou suas ações. Você questiona as suas constantemente. Talvez questione demais. Ele observou sempre procurando por traição, por mentiras. Mas está aprendendo a confiar novamente.
Ela apontou devagar. Mas está. Era verdade. Algo estava mudando em Pedro. A terapia que ele começara, por insistência de Thago, estava ajudando-o a entender seus padrões, seus traumas. Ele estava fazendo o trabalho, o trabalho real de confrontar seus demônios, em vez de deixá-los controlar sua vida.
Uma semana após sua chegada, Marcelo e Daniela foram presos. As evidências que Thago reuniu eram irrefutáveis. Falsificação de documentos, difamação, conspiração. Eles enfrentariam anos de prisão. Eles destruíram suas próprias vidas, tentando destruir a nossa. Catarina observou quando ouviu a notícia.
Vingança nunca é a resposta, Pedro respondeu. Aprendi isso da pior forma. Passei anos vingando-me de Verônica através de mulheres inocentes e isso só me fez mais miserável. E agora? Ela perguntou: “Quem você é agora?” Pedro pensou sobre isso cuidadosamente. Estou tentando ser alguém melhor, não para você, não para Gabriel, mas para mim, porque descobri que o homem que eu era, eu o odiava e não quero ser aquele homem nunca mais.
As contrações de Catarina se tornaram mais frequentes. Dr. Henrique havia a cada dois dias agora monitorando Gabriel. Qualquer dia destes ele dizia com um sorriso. Este menino está ansioso para conhecer o mundo. Pedro estava presente em cada consulta, ouvindo atentamente cada palavra do médico, fazendo perguntas, tomando notas.
Ele até leu livros sobre parto, sobre amamentação, sobre cuidados com recém-nascidos. Ver o bilionário CEO estudando com a mesma intensidade que aplicaria a uma fusão corporativa era ao mesmo tempo cômico e enternecedor. “Você está levando isso muito a sério.” Catarina observou com um sorriso. É o trabalho mais importante da minha vida.
Ele respondeu simplesmente: “Não vou falhar.” Uma tarde, enquanto caminhavam lentamente pelo parque, Catarina precisava de movimento para aliviar o desconforto, ela finalmente perguntou a pergunta que vinha evitando. “Por que você realmente veio, Pedro?” “A verdade completa.” Ele parou de caminhar, virando-se para encará-la.
Porque quando li aquela carta que você escreveu para Gabriel, quando ouvi sua entrevista, quando vi seu rosto destruído por minha culpa, algo dentro de mim morreu, o último pedaço do monstro que eu era. E o que restou era apenas um homem apavorado, percebendo que havia jogado fora a única coisa real em sua vida.
“E se eu nunca te perdoar completamente?”, ela perguntou. Se sempre houver uma parte de mim que nunca consegue esquecer, então vou passar cada dia tentando fazer você esquecer através de novas memórias. Ele respondeu. Memórias boas o suficiente para um dia ofuscarem as ruins. Catarina sentiu as paredes ao redor de seu coração. Paredes que ela erguera para proteção começarem a rachar.
Está funcionando ela admitiu suavemente. Não completamente, mas Está funcionando. Pedro sentiu esperança florescer em seu peito. Posso? Ele estendeu a mão hesitantemente. Ela a pegou, entrelaçando seus dedos. Era um gesto simples, mas significava tudo. Eles caminharam assim pelo resto da tarde, dois passos hesitantes em direção à cura.
Naquela noite, Pedro teve um pesadelo. Ele estava de volta ao escritório, segurando as fotos falsas, acusando Catarina, mas desta vez, quando ela tentava explicar, ele a empurrava de uma janela. Acordou gritando, suor frio, encharcando sua camisa. Não conseguindo voltar a dormir, caminhou até a casa de dona Beatriz.
Era 3 da manhã, mas a luz no quarto de Catarina estava acesa. Ele bateu suavemente na janela. Ela abriu surpresa. Pedro, o que você está fazendo aqui? Pesadelo ele admitiu. Sobre o que fiz com você. Eu precisava ver que você estava bem.
Catarina deveria estar irritada com a invasão à meia-noite, mas em vez disso viu um homem genuinamente atormentado por seus erros e algo nela cedeu mais um pouco. “Entre”, ela disse, abrindo a porta, mas quieto. “Não quero acordar, dona Beatriz”. Pedro entrou no pequeno quarto, tão diferente de qualquer lugar onde ela havia estado em sua mansão. Ele se sentou no pequeno sofá enquanto ela se acomodava na cama, a barriga enorme fazendo qualquer posição desconfortável.
“Fale comigo sobre o pesadelo”, ela disse. E ele falou, desabou sobre o medo, a culpa, o terror de que o dano que causara fosse irreparável. Catarina ouviu e quando ele terminou ela disse algo que o surpreendeu. Eu também tenho pesadelos. Sonho que estou na coletiva novamente, que você está me expondo que todo mundo está me odiando.
Acordo e preciso lembrar a mim mesma que já passou, que estou segura agora. Eu causei isso. A voz dele estava cheia de autorrepugnância. Sim, causou. Ela concordou. Não havia sentido em suavizar a verdade, mas está tentando consertar. E isso conta para alguma coisa? Conta para o suficiente? Catarina pensou cuidadosamente. Não sei ainda. Me pergunte novamente em alguns meses ou anos. A cura não tem prazo. Pedro assentiu, aceitando.
Posso ficar só até você dormir. Não vou te incomodar. Apenas preciso saber que você está bem. Ela deveria dizer não, mas em vez disso assentiu. Pedro se acomodou no sofá desconfortável e catarina na cama. E de alguma forma, pela primeira vez em semanas, ambos dormiram profundamente, confortados pela proximidade um do outro. Quando dona Beatriz encontrou Pedro ainda no sofá na manhã seguinte, ela apenas sorriu e não disse nada.
Algumas curas, ela sabia, acontecem em silêncio, uma noite de cada vez. A paz frágil durou mais 10 dias. Pedro e Catarina existiam em um limbo estranho, não completamente separados, não completamente juntos. Ele continuava dormindo na pousada, mas passava os dias com ela. Eles conversavam, riam, às vezes construíam algo novo sobre as ruínas do que havia sido.
Foi em uma noite de sábado, duas semanas após a chegada de Pedro, que tudo mudou. Catarina estava ajudando dona Beatriz com o jantar quando sentiu um jorro de líquido descer por suas pernas. Dona Beatriz”, ela disse calmamente, “Embora seu coração estivesse acelerado, minha bolsa estourou. A casa explodiu em atividade. Dona Beatriz ligou para Dr. Henrique.
Marina, que estava visitando, correu para buscar a mala que Catarina havia preparado e alguém foi buscar Pedro na pousada. Ele chegou correndo, literalmente correndo sem camisa, porque havia estado se trocando quando recebeu a notícia. Catarina, o bebê agora. Agora, ela confirmou, tentando manter a calma através de uma contração.
Pedro está sem camisa. Que se dane a camisa. Você está tendo nosso filho. Ele a ajudou até o carro de Marina, suas mãos tremendo tanto que dona Beatriz teve que ajudá-lo a colocá-la no banco de trás. O hospital de Vale da Serenidade era pequeno, mas limpo. Doutor Henrique os encontrou na entrada, calmo e profissional. Vamos ter um bebê hoje”, ele disse com um sorriso tranquilizador.
“Catarina, as contrações estão regulares a cada 5 minutos.” Ela o fegou, agarrando a mão de Pedro com força suficiente para quebrar ossos. Nas próximas horas, Pedro descobriu que nenhuma reunião de negócios, nenhuma negociação de alto risco, nada em sua vida o havia preparado para ver a mulher que amava em dor. Cada contração de Catarina era uma faca em seu próprio coração.
“Você está fazendo muito bem”, ele sussurrava, segurando sua mão, limpando seu suor. “Você é tão forte, Catarina, tão incrivelmente forte. Fale por você.” Ela praticamente rosnou através de uma contração particularmente forte. “Você não está sendo partido ao meio.” Dr. Henrique verificou sua dilatação. 8 cm quase lá a Catarina, mais algumas horas. Mas Gabriel tinha outros planos. As contrações aceleraram rapidamente.
Catarina passou de 8 para 10 cm em 40 minutos. Dr. Henrique mal teve tempo de chamar a equipe. “Está na hora de empurrar”, ele anunciou. Na próxima contração, quero que você empurre com tudo que tem. Catarina olhou para Pedro, terror súbito em seus olhos. Não estou pronta. É cedo demais. Eu não. Você está pronta. Pedro disse firmemente, segurando seu rosto com ambas as mãos.
Você é a mulher mais forte que conheço. Você sobreviveu a mim, pelo amor de Deus. Pode sobreviver a qualquer coisa. Apesar da dor, Catarina riu. Um som curto, mas genuíno. Bom argumento. Agora empurre. Dr. Henrique instruiu. E Catarina empurrou. Pedro segurou sua mão através de tudo, murmurando encorajamentos, não se importando quando ela gritou obscenidades que ele nunca a ouvira dizer. Após 15 minutos de empurrões intensos, Dr.
Henrique anunciou: “Vejo a cabeça, mais um.” Catarina, um grande, com um último esforço monumental. Catarina empurrou e então o som mais bonito que qualquer um deles já ouvira, o choro alto e indignado de um recém-nascido, preencheu a sala. É um menino Dr. Henrique anunciou desnecessariamente, colocando o bebê chorão sobre o peito de Catarina.
Gabriel Pedro Almeida havia chegado ao mundo. 6 libras, sete onças de perfeição gritona. Ele tinha os cabelos escuros do pai, mas quando abriu os olhos momentaneamente, eram castanhos como os da mãe. Catarina olhou para seu filho, lágrimas rolando por seu rosto, misturando-se com suor. “Oi, bebê”, ela sussurrou. “Finalmente, finalmente você está aqui.” Pedro não conseguia falar.
Estava completamente destroçado, olhando para seu filho pela primeira vez. Toda a riqueza do mundo, todos os negócios que fechara, nada se comparava a este momento. “Você quer segurá-lo?”, uma enfermeira perguntou depois que Gabriel foi limpo e enrolado. Com mãos trêmulas, Pedro estendeu os braços.
A enfermeira colocou Gabriel neles e o mundo parou. “Seu filho, seu filho. Esta criatura perfeita veio dele, de Catarina, do amor que eles compartilharam.” Oi, Gabriel, ele disse a voz grossa de emoção. Sou eu, seu pai, e prometo, prometo que vou tentar todos os dias ser digno de você.
Gabriel parou de chorar ao som da voz de seu pai, seus pequenos olhos tentando focar no rosto acima dele. E naquele momento, o último pedaço de gelo ao redor do coração de Pedro derreteu completamente. Catarina observava exausta, mas radiante. Ver Pedro segurar Gabriel com tanto cuidado, tanta reverência, completou algo dentro dela. Não perdão completo, ainda não, mas uma aceitação de que este homem, apesar de todos os seus defeitos, amava seu filho com cada fibra de seu ser.
“Quer que eu leve ele?”, uma enfermeira perguntou. “Não.” Pedro e Catarina disseram simultaneamente, depois riram. Alguns minutos mais. Dr. Henrique permitiu com um sorriso compreensivo. “Mas então precisamos fazer alguns exames no bebê. Aqueles minutos foram preciosos”. Pedro sentou-se ao lado da cama, Gabriel ainda em seus braços, Catarina descansando, mas observando.
Era um quadro de família imperfeito, complicado, mas real. Obrigado, Pedro disse suavemente a Catarina, por dar a luz nosso filho, por ser tão forte, por tudo. Nós o fizemos juntos ela respondeu. E ao dizer aquilo, Catarina percebeu que o último pedaço de raiva que carregava havia se dissolvido.
Não significava que esquecera, não significava que tudo estava perdoado, mas significava que ela estava pronta para seguir em frente, para construir algo novo com o homem, que, apesar de tudo, ainda amava. Os três primeiros dias foram uma mistura caótica de fraldas, amamentação e pouquíssimo sono. Pedro insistiu em ficar dormindo em uma cadeira desconfortável ao lado da cama de hospital de Catarina, pulando para ajudar a cada choramingo de Gabriel.
Você não precisa fazer isso”, Catarina disse na segunda noite, observando-o trocar uma fralda desajeitadamente. “Pode voltar para a pousada, dormir de verdade e perder um único momento com meu filho?” Nem pensar. Pedro finalmente conseguiu fechar a fralda, parecendo desproporcionalmente orgulhoso da conquista. Quando finalmente receberam alta, a questão era onde ir. A casa de dona Beatriz era pequena. A mansão em São Paulo parecia fria e distante.
Foi Marina quem sugeriu a solução perfeita. “Há uma casa para alugar aqui em Vale da Serenidade.” Ela disse: “Três quartos, jardim, perto do parque, porque não ficam aqui por alguns meses? Deixem São Paulo para trás por um tempo.” Pedro e Catarina se entreolharam. “Você consegue se afastar dos negócios?”, ela perguntou.
“Descobri que o mundo não acaba se eu não estou no escritório todos os dias.” Ele respondeu: “Tigo pode gerenciar e eu posso trabalhar remotamente quando necessário. Você quer que eu fique aqui com vocês?” Catarina olhou para Gabriel dormindo em seus braços, então para Pedro, e viu não o monstro que a comprara, nem o homem que a destruíra, mas sim o pai dedicado que ele estava se tornando, o homem imperfeito, mas tentando que ela amara.
Sim”, ela disse simplesmente quero. Eles alugaram a casa. Era modesta comparada à mansão, mas tinha algo que a mansão nunca teve. Calor. Nos primeiros dias, estabeleceram uma rotina. Catarina amamentava. Pedro trocava fraldas. Ambos caminhavam turnos noturnos com um Gabriel, que decidira que 3 da manhã era a hora perfeita para estar acordado.
Como pessoas fazem isso múltiplas vezes? Pedro gemeu uma manhã após uma noite particularmente sem dormir. Amnésia seletiva, Catarina, respondeu igualmente exausta, mas sorrindo lentamente, imperceptivelmente, eles começaram a se curar, não através de grandes gestos ou declarações dramáticas, mas através de pequenos momentos cotidianos.
Pedro fazendo café da manhã, Catarina rindo de suas piadas ruins, ambos se curvando sobre o berço de Gabriel, maravilhados com cada pequeno suspiro e movimento. Uma noite, um mês após o nascimento de Gabriel, eles estavam sentados na varanda depois de finalmente conseguir fazer o bebê dormir. O silêncio era confortável, não tenso.
“Eu te perdoei”, Catarina disse de repente. Pedro virou-se tão rápido que quase derrubou sua xícara de chá. O quê? Eu te perdoei?”, ela repetiu, olhando para ele. “Não quer dizer que esqueci. Não quer dizer que não houve dano, mas carregar essa raiva estava me envenenando e eu não quero que Gabriel cresça em uma casa cheia de veneno.” Catarina.
Pedro sentiu lágrimas queimar em seus olhos. Eu não mereço isso. Provavelmente não. Ela concordou honestamente. Mas o perdão não é sobre o que você merece, é sobre o que eu preciso para seguir em frente. Pedro pegou sua mão. Vou passar o resto da minha vida tentando merecer. Isso eu prometo. Eu sei. E é por isso que estou te dando essa chance.
Eles ficaram sentados assim, mãos entrelaçadas, olhando as estrelas. Não era um final de conto de fadas. Ainda havia trabalho a fazer, terapia a continuar. confiança a reconstruir lentamente, mas era um começo. Nos meses seguintes, a vida em válida serenidade continuou. Gabriel cresceu, começou a sorrir, depois a rir.
O som de sua risada era a coisa mais bonita que qualquer um deles já ouvira. Pedro transformou sua abordagem de negócios. Com Thago gerenciando operações do dia a dia, ele começou a focar em filantropia. Criou uma fundação para mulheres em situações vulneráveis.
Mulheres como Catarina havia sido presas por circunstâncias além de seu controle, abrigos, bolsas de estudo, aconselhamento jurídico. Era sua forma de compensar, de transformar sua riqueza em algo que realmente importava. Catarina começou a trabalhar com ele, usando sua experiência para moldar os programas.
Eles se tornaram parceiros não apenas na paternidade, mas em propósito. Daniela e Marcelo foram condenados. Três anos de prisão cada um, mais multas substanciais. Pedro não sentiu satisfação com a sentença, apenas alívio de que não poderiam machucar mais ninguém. Seis meses após o nascimento de Gabriel, eles voltaram a São Paulo para uma visita. A mansão havia sido transformada. Dona Rosa, com aprovação de Pedro, a encheira de cor e vida.
Não era mais um mausol frio, mas um lar. Sinto falta de vocês, dona Rosa admitiu, abraçando Gabriel. Mas sei que precisam deste tempo longe. Voltaremos eventualmente, Pedro prometeu. Mas por agora, vale da serenidade é nosso lar. A mídia que os destruíra uma vez, agora o celebrava. O homem que mudou por amor estampavam as manchetes.
Programas de TV pediam entrevistas, mas Pedro e Catarina recusaram a maioria. Sua história não era entretenimento, era deles. Fizeram apenas uma entrevista com a mesma âncora que dera a Catarina uma plataforma meses antes. “Como vocês descrevem onde estão agora?”, ela perguntou. Pedro e Catarina se entreolharam, então responderam quase simultaneamente: “Em reconstrução, não é perfeito, Catarina elaborou.
Ainda temos dias difíceis, dias onde velhas inseguranças ressurgem, onde velhas feridas dóem. Mas estamos comprometidos, Pedro continuou, comprometidos com a honestidade, com a terapia, com o trabalho árduo que relacionamentos reais exigem. “E, Gabriel?”, a âncora perguntou. Ambos sorriram, sorrisos genuínos e radiantes. “Gabriel é nossa âncora”, Catarina disse.
Ele nos lembra diariamente do que realmente importa. Um ano após o nascimento de Gabriel, em uma manhã tranquila de sábado, Pedro acordou cedo, deixou Catarina dormindo, uma raridade preciosa, e foi até o berço onde Gabriel dormia. Seu filho tinha os cabelos escuros dele, os olhos castanhos dela e uma personalidade toda sua.
“Oi, pequeno”, ele sussurrou, pegando o bebê com cuidado. Gabriel acordou, bocejou, então deu a ele um sorriso banguela que derreteu seu coração completamente. “Quer saber um segredo? Seu pai costumava ser um idiota?” “Não, pior que um idiota, um monstro.” Mas sua mãe, sua incrível mãe, ela viu algo em mim que nem eu via e me deu a chance de ser melhor.
Ele carregou Gabriel para a varanda, observando o sol nascer sobre as montanhas. Você vai crescer ouvindo histórias sobre mim. Algumas verdadeiras, algumas exageradas, mas quero que saiba a verdade. Eu não era um bom homem, mas estou tentando ser todos os dias. Estou tentando para você, para sua mãe, para mim.
Ele está jovem demais para discursos filosóficos”, Catarina disse da porta, envolvida em um hobby. Pedro sorriu. Nunca é cedo demais para começar sua educação. Ela se juntou a eles, apoiando-se em Pedro, enquanto observavam o amanhecer juntos. Gabriel, confortável entre eles, começou a balbuciar. Só um sem sentido que logo se transformariam em palavras.
“Você se arrepende?”, Pedro perguntou suavemente: “De tudo, do casamento forçado, da dor, de tudo?” Catarina pensou cuidadosamente. Me arrependo da dor. Me arrependo de como chegamos aqui, mas não me arrependo daqui, deste momento, desta família, deste amor imperfeito, mas real que construímos. Mesmo depois de tudo que fiz, especialmente depois de tudo, ela respondeu: “Porque prova que pessoas podem mudar, que mesmo os mais quebrados podem curar, que o amor, o amor verdadeiro, pode sobreviver até as tempestades mais brutais”. Pedro beijou o topo de sua cabeça, então a testa de
Gabriel. Eu te amo, ambos mais do que palavras podem expressar. Nós sabemos. Catarina sussurrou. E nós te amamos também. Eles ficaram assim enquanto o sol subia, banhando-os em luz dourada. Uma família imperfeita, construída sobre os escombros de erros e traumas, mas real e forte de formas que famílias perfeitas nunca seriam.
Pedro Almeida nunca seria esquecido como o homem mais desprezível do Brasil. Esse título fazia parte de sua história, de quem ele era. Mas agora havia um novo título que o definia melhor: pai, marido, homem. em transformação. E Catarina, a jovem que foi vendida como mercadoria, que sobreviveu ao impensável, que perdoou o imperdoável, tornou-se a prova viva de que a força não é nunca quebrar, é quebrar e escolher se reconstruir, mais forte nas rachaduras.
Meses depois, em um evento beneficente para a fundação deles, Pedro fez um discurso que seria citado por anos. Eu era um monstro que pensava que era vítima. Destruí mulheres porque uma me destruiu. Construí um império sobre vingança e raiva. E então, uma mulher pura, honesta e mais forte do que eu poderia imaginar me mostrou que havia outro caminho.
Ela me amou quando eu era indigno, me perdoou quando eu era imperdoável e me deu um filho que me ensinou que o amor não é fraqueza, é a força mais poderosa que existe. Ele pausou olhando para Catarina no público. Gabriel dormindo em seus braços. Se você aprender algo da nossa história, que seja isto, nunca é tarde demais para mudar. Nunca é tarde demais para escolher amor em vez de medo.
E nunca subestime o poder transformador de uma alma pura. Quando ele desceu do palco, Catarina o esperava. Sem palavras, ela se inclinou e o beijou. Um beijo que prometia não perfeição, mas compromisso. Compromisso de continuar tentando, de continuar crescendo, de continuar amando através de todas as imperfeições.
Gabriel, exprimido entre eles, acordou e começou a rir aquela risada de bebê que é pura alegria. E naquele riso estava tudo, a promessa de amanhãs melhores, a prova de que do caos pode vir beleza e o lembrete de que o amor, mesmo quando nasce nas circunstâncias mais sombrias, pode iluminar o mundo inteiro.
Anos mais tarde, quando Gabriel fosse velho o suficiente para entender, eles lhe contariam a história completa, não a versão sanitizada, mas a verdade crua, dolorosa e, finalmente, redentora. Porque Gabriel merecia saber que seus pais não eram perfeitos, mas que eles escolheram ser melhores e que no final não é onde você começa que define você, mas para onde você escolhe ir. E Catarina, sentada na mesma varanda, onde um dia sentara quebrada e sozinha, grávida e destruída, olhou para o homem ao seu lado, imperfeito, falho, mas tentando, e soube com certeza absoluta que havia feito a escolha certa. Não em
aceitar o casamento naquele dia terrível anos atrás, mas em escolher o perdão, em escolher a esperança, em escolher acreditar que até o mais desprezível poderia ser transformado por amor. E essa escolha, essa escolha de acreditar, de amar, de perdoar, foi a mais corajosa que ela já fizera.
Porque no final não foi Pedro que mudou sozinho, foi ela que encontrou força que não sabia que tinha. Foi ela que aprendeu que ser comprada não a tornava mercadoria.