Imagine acordar um dia e descobrir que a pessoa que você ama apostou você em um jogo de cartas. Não seu dinheiro, não seus bens. Você, sua liberdade, seu futuro, sua dignidade, como se você fosse um objeto, um prêmio a ser ganho ou perdido. Essa é a história de Isabela, uma jovem que descobriu da pior forma possível quem realmente era o homem que ela amava.
Mas essa história não é sobre vitimização, é sobre escolha, coragem e a força de decidir seu próprio destino. Antes de começarmos, me conta de onde você está assistindo. Deixa nos comentários sua cidade. E se você quer ver histórias emocionantes como essa, se inscreve no canal e deixa aquele like maroto. Agora sim, vamos começar essa jornada. O despertador tocou pontualmente às 7 da manhã daquele sábado ensolarado de março.
Isabela Ramos abriu os olhos lentamente, deixando que a luz dourada que entrava pela janela do seu pequeno apartamento a acordasse por completo. 21 anos. Estudante dedicada do quarto ano de medicina e completamente apaixonada, ou pelo menos era o que ela acreditava.
espreguiçou-se na cama estreita de solteiro, sentindo o corpo ainda cansado da semana intensa de plantões no hospital universitário, mas não havia tempo para preguiça. Sua rotina era rígida como um protocolo médico. Estudar anatomia das 8 ao meio-dia, academia das 2 às 4 e à noite, a noite seria especial. 3 anos. Ela sussurrou para o teto, um sorriso involuntário se formando em seus lábios.
tr anos hoje, levantou-se e caminhou descalça até a pequena cozinha americana do apartamento que alugava com o dinheiro da herança dos pais. Não era muito, mas era seu. Um espaço que ela construíra sozinha depois de perder tudo aos 18 anos. Enquanto a cafeteira começava a gorgolejar, seus olhos pousaram na fotografia presa na geladeira por um íã em forma de coração.
Ali estavam eles, Isabela e Bruno, abraçados na praia. O sol poente pintando o céu de laranja e rosa. Ela lembrava daquele dia com clareza cristalina. Verão passado, Bruno havia pago uma viagem surpresa para a praia, dizendo que mereciam comemorar. O que exatamente ele nunca especificou. Em breve vou fazer você de mulher de verdade, Isa.
Ele havia sussurrado naquela noite, beijando sua testa enquanto caminhavam pela areia. Vou pedir sua mão. Só estou esperando o momento perfeito. Isabela tocou a foto com a ponta dos dedos, sentindo uma pontada de algo que não conseguia identificar. Ansiedade, expectativa ou seria dúvida. Seu celular vibrou sobre a bancada, interrompendo seus pensamentos.
Uma mensagem de Bruno: “Bom dia, o amor da minha vida. Lembra que hoje é nosso dia especial? Vou te buscar às 20as para jantar. Coloca aquele vestido azul que eu amo. Te amo demais. Ela sorriu, mas o sorriso não alcançou seus olhos completamente. Nos últimos meses, Bruno havia mudado. Estava mais distante, mais evasivo, sempre ocupado com trabalho.
Ligações não atendidas, mensagens respondidas com horas de atraso, desculpas que não se encaixavam perfeitamente. “Paranoia, Isabela”, ela falou para si mesma em voz alta, balançando a cabeça. “Você está paranoica. Ele te ama. sempre amou. Mas uma voz pequena e persistente no fundo de sua mente sussurrava algo diferente. Flashback 3 anos atrás.
Isabela tinha apenas 18 anos quando o mundo desmoronou ao seu redor. Uma ligação no meio da madrugada, uma voz trêmula do outro lado da linha. Palavras que não faziam sentido. Acidente, carro, hospital, não resistiram. Seus pais haviam saído para jantar comemorando o aniversário de casamento. Um motorista bêbado cruzou o sinal vermelho.
Impacto frontal, morte instantânea. As semanas seguintes foram um borrão de velório, enterro, advogados, papelada. Isabela se viu orfan sozinha, responsável por decisões que não sabia como tomar. A casa teve que ser vendida para pagar dívidas, o carro também. Sobrou um apartamento pequeno e uma quantia modesta que mal daria para pagar a faculdade.
Foi na concessionária tentando vender o último bem material dos pais que ela conheceu, Bruno Machado. Ele tinha 23 anos, era vendedor de carros, tinha um sorriso simpático e olhos gentis. Quando Isabela não conseguiu segurar as lágrimas ao entregar as chaves do carro que seu pai tanto amava, Bruno não aproveitou sua vulnerabilidade para fazer um negócio ruim.
Olha, eu vou te dar o melhor preço possível”, ele havia dito, empurrando uma caixa de lenços para ela através da mesa. “E se você precisar de alguém para conversar depois, aqui está meu cartão, não como vendedor, como amigo.” Isabela havia olhado para aquele homem que acabara de conhecer e viu algo que não via há semanas, gentileza genuína.
Eles tomaram café naquela tarde e na semana seguinte e na outra, Bruno se tornou seu porto seguro em meio à tempestade. Ele a fazia rir quando tudo parecia cinza. A abraçava quando ela chorava no meio da noite. Dizia que ela era forte, que superaria, que não estava sozinha. Isabela se apaixonou não por paixão ardente, mas por necessidade desesperada de não estar só no mundo. Presente. Universidade de Medicina, 14 Rusia.
A aula de anatomia patológica estava particularmente densa naquela tarde. O professor Dr. Mendes, um homem de 60 anos com voz monótona, explicava sobre degenerações celulares enquanto Isabela tentava se concentrar em suas anotações. PSU Sofia, sua melhor amiga desde o primeiro ano, cutucou seu braço. Você tá em Marte hoje.
O que foi? Sofia Martinez era o oposto de Isabela, extrovertida, desinibida, falava o que pensava sem filtro. Elas haviam se tornado amigas improváveis, mas inseparáveis. “Nada”, Isabela sussurrou de volta. “Só pensando, pensando no seu aniversário de namoro.” Sofia sorriu maliciosamente. “Hoje é o dia, né? Três anos.
Aposto meu estágio que o Bruno vai pedir você em casamento.” Isabela sentiu o estômago dar um nó. “Não sei, Sofie. Ele tem estado tão estranho ultimamente. Estranho como distante, sempre ocupado. Ontem eu liguei cinco vezes e ele não atendeu nenhuma. Quando finalmente ligou de volta, disse que estava em reunião de trabalho às 11 da noite. Que reunião de vendedor de carro acontece às 11 da noite? Sofia franziu a testa.
Você acha que ele está traindo? Isabela completou a frase, sentindo a palavra queimar em sua língua. Não sei. Às vezes ele some por horas, sempre tem uma desculpa. Diz que está fazendo hora extra, que quer construir nosso futuro. Mas, mas você não acredita. Eu quero acreditar, Sofie. Isabela suspirou. Ele é tudo que eu tenho.
Sofia segurou sua mão sobre a mesa. Isa, você me tem e você tem você mesma. Lembra disso? Ok. Antes que Isabela pudesse responder, seu celular vibrou novamente. Outra mensagem de Bruno. Amor, pequena mudança de planos. Vou te buscar às 21 horas, em vez de 20 horas. Surgiu uma reunião de última hora. Desculpa, prometo que vale a pena esperar.
Isabela mostrou a mensagem para Sofia, que revirou os olhos. Reunião de última hora num sábado à noite? Sério? Talvez ele esteja realmente planejando algo especial. Isabela defendeu, mas sua voz soou fraca até para seus próprios ouvidos. “Ou talvez ele seja um idiota que não te merece”, Sofia murmurou. “Mas ok, vamos com sua teoria. Vou te ajudar a ficar linda hoje à noite.
Se ele for pedir você em casamento, você vai estar deslumbrante. E se ele for fazer qualquer outra coisa, você também vai estar deslumbrante demais para ele.” Isabela riu genuinamente dessa vez. “Obrigada, Sofie. É para isso que servem as melhores amigas. O apartamento de Bruno Machado era um retrato do caos localizado em um prédio mais antigo no bairro operário da cidade.
O espaço de dois quartos estava perpetuamente bagunçado. Roupas jogadas sobre o sofá gasto. Pratos sujos na pia, contas atrasadas espalhadas pela mesa da sala. Mas Bruno não via nada disso. Seus olhos estavam fixos na tela do celular, relendo a mesma mensagem pela décima vez naquela tarde. Senr.
Machado, este é seu último aviso. O pagamento de R$ 500.000 vence em 48 horas. Apresente-se no Cassino Valente amanhã, domingo, às 22. Não comparecer terá consequências irreversíveis. Leonardo Valente. As mãos de Bruno tremiam tanto que ele quase derrubou o celular. 50 horas. Tinha apenas 50 horas para conseguir meio milhão de reais.
Meio milhão que ele não tinha, que nunca teria. Merda, merda, merda! Ele gritou jogando o celular no sofá e passando as mãos pelo rosto. Como havia chegado a esse ponto? Como permitiu que uma simples noite de diversão se transformasse em um pesadelo que ameaçava destruir sua vida? Fos flashback do anos atrás, a primeira vez.
Era uma sexta-feira comum quando Marcelo, colega de trabalho da concessionária, convidou Bruno para conhecer um lugar diferente. “Cara, você precisa relaxar um pouco”, Marcelo havia dito, dando tapinhas nas costas de Bruno. “Trabalhar, trabalhar, trabalhar. Você vai envelhecer antes dos 30. Eu tenho compromissos, Marcelo. Não posso ficar gastando dinheiro à toa. Quem falou em gastar? Vamos é ganhar.
Marcelo piscou. Cassino valente. Lugar chique, bebidas de graça, mulheres bonitas e as mesas de pôker. Cara, tem gente ganhando fortunas lá. Bruno hesitou. Ele nunca havia entrado em um cassino na vida. Isabela não aprovaria. Mas Isabela estava estudando para as provas finais. mal tinha tempo para ele ultimamente.
E Bruno, Bruno estava cansado de se sentir medíocre, vendedor de carros com salário básico, morando em apartamento alugado, dirigindo um carro de terceira mão. Enquanto isso, Isabela ia se tornar médica, ter status, ganhar bem. Ele se sentia cada vez menor ao lado dela. Uma noite só, Bruno finalmente concordou, só para conhecer.
O cassino valente era tudo que Marcelo prometeu e mais, luzes, música, glamor. Bruno sentiu-se importante ao entrar, vestindo seu melhor terno, que não era lá grande coisa, mas enfim. Marcelo o levou direto para uma mesa de pôker de apostas baixas. “Para iniciantes,” ele disse. Bruno tinha apenas R$ 500 em dinheiro, dinheiro que deveria pagar o aluguel.
Mas ele pensou: “Se eu ganhar, posso pagar o aluguel e ter dinheiro extra”. Sentou-se à mesa, recebeu suas fichas, primeira mão, par de valetes, apostou 50, ganhou 150. O rush de adrenalina foi instantâneo e avaçalador. Segunda mão, trinca, ganhou 300es. Terceira mão, straight, ganhou 800es. Ao final da noite, Bruno saiu do cassino com R$ 5.000 no bolso. R$ 5.000. 10 vezes o que havia entrado.
Eu te disse, Marcelo riu embriagado. Esse é o segredo. Sorte de principiante. Bruno olhou para o dinheiro em suas mãos e pensou: “Isso foi fácil demais. Esse foi seu primeiro erro. Acreditar que seria sempre assim fácil. Flashback! Um ano e meio atrás. A descida. Bruno voltou ao cassino na semana seguinte.
E na outra, e na outra, no começo, continuou ganhando pequenas quantias, mas constantes. Ele se convenceu de que tinha talento natural para o jogo. Começou a estudar estratégias de póker online, memorizou probabilidades, aprendeu a ler adversários. Isabela não sabia de nada. Ele dizia que estava fazendo hora extra na concessionária. “Bruno, você tem trabalhado tanto”, ela havia comentado certa noite, preocupada.
Quando foi a última vez que saímos? Logo vou ter uma promoção, amor. Ele mentiu. Só mais um pouco e vou poder te dar tudo que você merece. A verdade era que Bruno já havia perdido R$ 10.000, mas ele tinha certeza de que na próxima rodada ganharia tudo de volta. Era só questão de tempo, só mais uma aposta, só mais uma noite.
O vício não chegou com sinais de alerta, chegou disfarçado de confiança. Flashback um ano atrás, o poço sem fundo. As perdas ficaram maiores, R$ 50.000. Então, R$ 100.000. Bruno esgotou suas economias, pegou empréstimo no banco, emprestou dinheiro de colegas, vendeu seu carro dizendo a Isabela que estava investindo em um negócio. Quando a dívida chegou a 200.
000 rilarais, homens de terno começaram a aparecer em seu apartamento. “O Senr. Valente gostaria de uma palavra.” Eles diziam educadamente, mas com olhos frios. Bruno começou a pegar dinheiro com a Giotas, juros de 20% ao mês, dívida sobre dívida sobre dívida. Isabela percebia que algo estava errado, mas Bruno era mestre em desviar. “Você está mais magro”, ela observou.
“Está comendo direito? Só estressado com trabalho, amor. Nada demais. Você nunca tem dinheiro para sairmos mais. Estou investindo em nosso futuro. Logo vou comprar uma casa pra gente. Mentira após mentira após mentira. Flashback. Se meses atrás, o ultimato. A dívida chegou a R$ 500.000. Leonardo Valente, o lendário dono do cassino, convocou o Bruno pessoalmente.
O escritório de Leonardo era do tamanho de um apartamento inteiro, decoração requintada, vista panorâmica, um homem que claramente tinha poder ilimitado. “Senhor Machado,” Leonardo disse, sua voz calma, mas carregada de autoridade. “Você me deve meio milhão de reais”. Eu sei, eu sei. Só preciso de mais tempo.
Tempo? Leonardo Riu sem humor. Você teve anos de tempo. Tempo para parar, tempo para buscar ajuda, tempo para ser honesto com você mesmo. E o que você fez? Desperdiçou cada segundo. Por favor, eu vou pagar. Eu juro. Com o quê? Leonardo abriu uma pasta repleta de documentos. Seu salário mensal é R$ 3.500. Sua conta bancária está zerada.
Você não tem propriedades. Seu carro foi vendido há ito meses. Você deve para três agiotas diferentes. Como exatamente pretende pagar? Bruno não tinha resposta. Eu vou te dar 6 meses. Leonardo finalmente disse. Seis meses para começar a pagar. Se não começar, meus métodos de cobrança vão ficar menos cordiais. E agora os se meses haviam acabado. Presente.
Apartamento de Bruno 18. Bruno estava sentado no chão da sala, cercado por contas vencidas, olhando para o vazio. Tinha duas opções: aparecer no cassino amanhã e enfrentar as consequências ou fugir. Mas para onde? Leonardo Valente tinha conexões em todo o país. Não havia para onde correr.
Ele pegou o celular e abriu a galeria de fotos. Lá estava Isabela sorrindo inocentemente, sem saber do buraco em que seu namorado havia cavado. Isabela, linda, inteligente, pura Isabela. Uma ideia começou a se formar em sua mente. Uma ideia terrível, impensável, que fazia seu estômago revirar. “Não, eu não posso”, ele sussurrou para si mesmo. “Mas o desespero faz coisas terríveis com a moral de uma pessoa”. E Bruno estava desesperado.
O cassino valente não era apenas um cassino, era um império. Localizado no coração da cidade, o edifício de 15 andares combinava luxo europeu com modernidade brasileira, fachada de vidro espelhado, mármore italiano, seguranças discretos, mas onipresentes. Era onde a elite da cidade vinha gastar fortunas em uma única noite sem piscar um olho.
Bruno chegou às 21:45 daquele domingo, 15 minutos antes do horário marcado. Estava de terno, o mesmo que usava em ocasiões importantes, já desgastado nas barras, gravata torta, mãos suando descontroladamente. Documento: O segurança da porta pediu estendendo a mão. Bruno entregou sua identidade com mãos trêmulas.
O segurança escaneou o documento, consultou algo em um tablet e acenou com a cabeça. Pode entrar, senhor Valente. O aguarda no 15º andar. Escritório particular. Pegue o elevador privativo à esquerda. Bruno atravessou o lobby opulento. Lustres de cristal gigantescos pendiam do teto. O piso de mármore branco refletia as luzes como um espelho.
Homens de smoking e mulheres de vestidos de gala circulavam entre as mesas de jogo, bebendo champanhe de R$ 2.000 a garrafa como se fosse água. Esse era um mundo que Bruno tentou pertencer, mas apenas afundou. O elevador privativo exigia impressão digital. O segurança colocou sua própria mão no scanner e as portas de Mógno se abriram. Descono andar. Bata três vezes na porta dupla.
O segurança instruiu. Bruno entrou. As portas se fecharam. O elevador subiu silenciosamente. Cada segundo parecia uma eternidade. O que eu vou fazer? Ele pensou freneticamente. Como vou explicar que não tenho o dinheiro? Como vou sair vivo daqui? A ideia que havia germinado em sua mente ontem à noite voltou com força total.
A Isabela, ela era valiosa, jovem, bonita, inteligente. Se ele conseguisse de alguma forma, não. Bruno falou em voz alta dentro do elevador vazio. Eu não posso fazer isso com ela. Mas a voz do medo era mais alta que a voz da consciência. É ela ou você? É a vida dela temporariamente afetada ou a sua vida permanentemente acabada? Você não tem escolha. Jing. 15º andar.
As portas se abriram direto em um corredor luxuoso. Iluminação suave, quadros caríssimos nas paredes. Silêncio absoluto. No fim do corredor, uma porta dupla de madeira de lei entalhada à mão. Bruno caminhou como um condenado indo para a execução. Bateu três vezes. Entre. A voz de Leonardo Valente era grave, controlada. O tipo de voz que não precisava gritar para comandar respeito. Bruno abriu a porta.
O escritório de Leonardo Valente. O espaço era absurdamente grande. Devia ter 200 m². Teto pé direito duplo. Janelas do chão ao teto, oferecendo vista panorâmica da cidade iluminada, estantes repletas de livros que pareciam ter sido realmente lidos, uma mesa de mogno do tamanho de uma cama de casal.
E atrás dela, em uma cadeira de couro de alta costura, estava Leonardo Valente, 35 anos, cabelos pretos com fios grisalhos precoces nas têmporas, olhos azuis penetrantes que pareciam enxergar através das pessoas. O Mike 85 de altura, ombros largos, corpo de quem treinava regularmente, terno sob medida de três peças, gravata perfeitamente alinhada, abotoaduras de ouro. Ele não olhou para Bruno imediatamente. Estava lendo algo em um tablet, uma taça de vinho tinto ao lado.
“Senhor Machado.” Leonardo finalmente falou, ainda sem levantar os olhos. Sente-se. Bruno sentou-se na cadeira de frente para a mesa. Era propositalmente mais baixa que a cadeira de Leonardo, forçando-o a olhar para cima. Tática psicológica básica de dominação. Leonardo continuou lendo por mais 30 longos segundos.
Então, finalmente colocou o tablet de lado e fixou seus olhos azuis gélidos em Bruno. Você sabe porque está aqui? Não foi uma pergunta. Se sim, senhor. A dívida. Bruno gaguejou. 500.000. acumulados ao longo de do anos de apostas irresponsáveis. Leonardo recitou com a precisão de um juiz, lendo uma sentença.
Você assinou contratos de empréstimo comigo, contratos legais documentados com testemunhas. Você concordou com os termos, concordou com as consequências e agora chegou a hora de pagar. Leonardo se levantou. Mesmo à distância, sua presença dominava o ambiente. Ele caminhou até o bar, embutido na parede e serviu dois copos de água. Colocou um na frente de Bruno. Beba, você vai precisar. Bruno obedeceu, a garganta seca demais para recusar.
Leonardo não se sentou novamente. Em vez disso, caminhou até a janela, mãos nos bolsos, observando as luzes da cidade lá embaixo. “Sabe qual é o meu negócio, senhor Machado?”, “Se cassino,” Bruno, murmurou. Não. Leonardo virou-se. Meu negócio são consequências. Pessoas vêm até aqui e fazem escolhas.
Escolhem apostar. Escolhem arriscar. Escolhem acreditar que são mais espertos que a matemática. E quando perdem, eu cobro, sempre cobro, porque sem consequências escolhas não têm significado. Ele caminhou de volta para a mesa e sentou-se, entrelaçando os dedos sobre a superfície polida. Então, Senr.
Machado, chegou a hora de você enfrentar as consequências de suas escolhas. Trouxe o dinheiro? Não. Bruno mal conseguia falar. Eu não tenho. Claro que não tem. Leonardo sorriu friamente. Eu sei de tudo sobre você. Sua conta bancária tem 127,35. Seu cartão de crédito está no limite máximo de R$ 5.000. Você deve R$ 50.000 para seu Jorge, o Agiota. Mais R$ 30.000 para o Carlinhos e R$ 20.000 para o Marcão.
Seu salário mensal paga suas contas básicas. Você não tem família rica, não tem amigos com dinheiro, você é essencialmente falido. Cada palavra era uma facada. Bruno sentiu lágrimas queimar em seus olhos. Então, o que vai acontecer comigo? Ele perguntou a voz quebrando. Leonardo observou-o em silêncio por longos momentos. Você tem duas opções.
Ele finalmente disse. Opção um. Meus homens garantem que você pague sua dívida de outras formas, maneiras que você não vai gostar e que deixarão marcas permanentes. Bruno engoliu seco. E a opção dois, Leonardo sorriu. Não foi um sorriso gentil. Opção dois, uma última chance. Um último jogo. Você contra mim. Pker.
Se você ganhar, sua dívida é completamente perdoada. Você sai daqui livre como um pássaro. Nunca mais quero ver sua cara. Bruno não conseguia acreditar. Sério? E e se eu perder? Leonardo se recostou na cadeira, observando Bruno como um cientista observa um rato de laboratório. Se você perder, ele fez uma pausa dramática. Isabela Ramos trabalha para mim por um ano.
O tempo pareceu parar. Que quem? Bruno fingiu não entender, mas seu rosto já o havia traído. Leonardo abriu uma gaveta e colocou uma pasta na mesa. Virou-a para que Bruno pudesse ver. Lá estava ela. Fotografias de Isabela saindo da universidade, entrando em seu apartamento. No supermercado na academia. Isabela Ramos, 21 anos. Estudante de medicina quarto ano.
Órfan desde os 18. Namora você há exatos 3 anos a partir de hoje? Leonardo recitou. Linda garota, inocente demais para um covarde como você. Como você? Como você sabe dela? Bruno levantou-se, mas dois seguranças apareceram das sombras, fazendo-o sentar novamente. Eu sei tudo sobre meus devedores, senhor Machado. Leonardo respondeu calmamente.
É parte da due diligence. Preciso saber com quem estou lidando. E você, você é patético. Mas ela, ela é interessante. Ela não tem nada a ver com isso. Tem tudo a ver. Leonardo corrigiu. Porque você vai apostá-la? Eu nunca. Eu jamais. Então, escolha a opção um. Meus homens adoram. Quando um devedor se recusa a cooperar. Os seguranças deram um passo à frente.
Bruno viu algo metálico brilhar nas cintas deles. Espera, espera. Bruno ergueu as mãos. Trabalhar. Como exatamente o que você quer dizer com trabalhar? Leonardo sorriu sabendo que já havia vencido. Trabalhar no meu hotel, recepção, administração, serviços gerais. O que ela tiver competência para fazer, ele explicou.
Salário justo, benefícios legais, nada ilegal. Eu não sou cafetão, senhor Machado. Sou empresário por um ano inteiro, 52 semanas, 365 dias. Sim. Bruno sentiu náusea subir pela garganta. E se ela não aceitar, então você terá que convencê-la ou eu cobro a dívida de você. Com juros. Leonardo entrelaçou os dedos. Sua escolha. Isso. Isso é insano.
Você não pode fazer isso. Posso e vou. Leonardo abriu outra gaveta e colocou um contrato sobre a mesa. Assine aqui. Se concordar com os termos. Bruno pegou o documento com mãos trêmulas. Era tudo oficial, com linguagem jurídica complexa, testemunhas, carimbos. “Você é um monstro?”, ele sussurrou. “Não.” Leonardo respondeu calmamente. Eu sou apenas um homem que cobra o que lhe é devido.
O monstro aqui é você, que está considerando apostar a mulher que supostamente ama. Essas palavras acertaram Bruno como um soco. E, e quanto ao jogo, quando seria? Leonardo olhou para o relógio de pulso, um Rolex que provavelmente custava mais que o apartamento inteiro de Bruno. Agora, Bruno foi escoltado pelos seguranças através de um corredor secreto que levava ao andar superior, o 16º andar, que nem sequer aparecia nos elevadores públicos.
Era o andar VIP dos VIPs, onde apostas de milhões de reais aconteciam longe dos olhos curiosos. A sala de póker privativa era uma obra de arte, mesa profissional de feltro verde, iluminação perfeita que não criava sombras nem reflexos, cadeiras ergonômicas de couro italiano, câmeras de segurança em cada canto para garantir que não haveria trapaça, e um miniar totalmente abastecido.
Leonardo já estava sentado, baralho na mão. Dois seguranças ficaram posicionados perto da porta, braços cruzados, expressões neutras. Sente-se, Senhor Machado. Leonardo gesticulou para a cadeira oposta. Bruno sentou-se pernas bambas. Sobre a mesa já havia duas pilhas iguais de fichas.
Fichas que representavam meio milhão de reais cada. Regras são simples. Leonardo começou embaralhando as cartas com movimentos fluidos e precisos de quem fazia aquilo há décadas. Texas Holden, melhor de três rodadas, sem limites de apostas. O jogador que vencer duas das três rodadas vence a partida completa e se houver empate em alguma rodada não haverá.
O Pker sempre tem um vencedor. Leonardo terminou de embaralhar e colocou o baralho sobre a mesa. Alguma dúvida sobre as regras? Não. Ótimo. Então vamos começar. Rodada. Indis. Leonardo cortou o baralho e começou a distribuir. Duas cartas para Bruno, viradas para baixo, duas para si mesmo.
Bruno pegou suas cartas com mãos suadas, ergueu as pontas para espiar. Dell Hearts 10 Club par de 10, uma mão decente para começar. Aposta cega obrigatória de 25.000 cada. Leonardo colocou fichas no centro da mesa. Bruno fez o mesmo, sua pilha diminuindo imediatamente. Leonardo distribuiu o flop. As três primeiras cartas comunitárias viradas para cima no centro da mesa.
10 spades, set diamonds, two clubs. Bruno sentiu seu coração disparar. Trinca. Ele tinha três 10, uma mão fortíssima. Tentou manter a expressão neutra, mas sabia que não era bom em blefar. Aposto 50.000. Leonardo colocou fichas no centro sem nem pestanejar. Bruno hesitou. 50.000 era muito, mas ele tinha trinca. Muito provavelmente a melhor mão. Igualo.
Ele empurrou suas fichas. Leonardo distribuiu a quarta carta comunitária. O turns carta irrelevante. Não ajudava ninguém. R$ 100.000. Leonardo dobrou a aposta. Bruno analisou. Leonardo estava blefando. H tinha algo melhor. Mas o que poderia ser melhor que trinca de 10 full house? Três de um número e dois de outro. Quadra. Quatro cartas iguais.
Straight. Sequência. Flush. Cinco cartas do mesmo naipe. Bruno olhou para as cartas comunitárias. Não havia sequência possível. Não havia flush possível. Para Leonardo ter full house, ele precisaria ter par na mão e que houvesse trinca na mesa. Mas só havia uma trinca de 10 e Bruno tinha os outros dois 10. Igualo.
Bruno colocou mais fichas. Leonardo distribuiu a quinta e última carta comunitária, o River Deck Diamonds. Bruno quase gritou de alegria. Quadra. Ele tinha os 410 do baralho. Era quase impossível Leonardo ter algo melhor. All in. Bruno empurrou todas as suas fichas restantes para o centro da mesa. Leonardo observou o movimento, depois observou suas próprias cartas.
Um pequeno sorriso apareceu no canto de seus lábios. Igualo. Ele empurrou suas fichas. Mostre suas cartas. Bruno virou as suas triunfante. Quadra de 10. É impossível eu perder. Leonardo calmamente virou suas cartas. Seven spades, seven hearts. Na mesa. 10 spades, se diamonds. Two clubs, five hearts. T diamonds. Leonardo tinha full house 37 e um par de 10.
Mas quadra vence Full House. Você ganhou esta rodada. Leonardo confirmou, empurrando todas as fichas para Bruno. Parabéns, Bruno não conseguia acreditar. Ele ganhou. Ganhou a primeira rodada. 1 a 0 para você. Leonardo recostou-se na cadeira, mas o jogo está longe de terminar. Bruno estava eufórico. Todas as fichas estavam agora empilhadas na sua frente da mesa. Ele realmente tinha uma chance.
talvez conseguisse sair daquela situação. Não comemore antes da vitória, Sr. Machado. Leonardo o alertou pegando o baralho novamente. A história está cheia de homens que comemoraram cedo demais. Ele embaralhou as cartas. Dessa vez, seus movimentos pareciam mais deliberados, mais calculados, como se na primeira rodada ele estivesse apenas calibrando. Rodada dois.
Leonardo anunciou. Rodada dois. Bruno recebeu suas cartas. Asades, quepades as e rei de espadas, uma das melhores mãos iniciais possíveis. Ele tinha que controlar sua expressão, mas a adrenalina corria como fogo em suas veias. R$ 50.000 de aposta inicial. Leonardo colocou fichas no centro, alto para uma aposta inicial, mas Bruno tinha uma mão forte. Igualo.
Ele colocou suas fichas. Leonardo distribuiu o flopades. Jate Spudes, oito Diamonds. Bruno mal conseguia respirar. Ele tinha draw para straight sequência e draw para flush. Todas as cartas do mesmo naipe. Ele precisava de um 10 para fazer a kq J10 ou de qualquer outra espada. R$ 100.000. Leonardo aumentou significativamente.
Igualo. Bruno respondeu sem hesitar. Turn. Quarta carta. 10 pades. Bruno sentiu o corpo inteiro tremer. Royal Straight Flush. A melhor mão possível no póker. As rei, dama, valete e 10, todos de espadas. Era impossível, Leonardo, ter algo melhor. Owen. Bruno empurrou todas as fichas para o centro, mal conseguindo conter a excitação.
Leonardo observou o tabuleiro, observou suas próprias cartas, observou Bruno. Longos, longos segundos de silêncio. Interessante. Leonardo finalmente murmurou. Muito interessante. Ele pegou suas fichas e, sem pressa, começou a empurrá-las para o centro também. Win! Eleou a aposta. Mostre! Bruno!” gritou virando suas cartas. Royal Straight Flush. A melhor mão do póker.
A sala ficou em absoluto silêncio. Leonardo lentamente virou suas cartas. Nove espades, oito espades. Ele tinha straight flush, mas de oito a dama, menor que a de Bruno. Bruno ganhou. Impossível. Leonardo sussurrou uma expressão de genuína surpresa em seu rosto pela primeira vez na noite. Você realmente conseguiu? Sim, sim, eu ganhei. Eu ganhei duas rodadas.
Estou livre. Bruno levantou-se, comemorando descontroladamente. Os seguranças deram um passo à frente, mas Leonardo levantou a mão parando-os. Você ganhou duas rodadas. Leonardo confirmou. Sua voz estranhamente respeitosa, improvável, mas não impossível. Você tem sorte, senhor Machado. Então, acabou.
Meu débito foi perdoado. Eu posso ir embora. Não tão rápido. Leonardo levantou-se também. O jogo é melhor de três. Precisamos jogar a terceira rodada. O quê? Mas eu já ganhei duas. Já venci. Melhor de três significa três rodadas completas, Sr. Machado. Leonardo explicou com uma calma irritante.
Mesmo que você já tenha vencido matematicamente, as regras exigem que as três rodadas sejam jogadas. Está no contrato que você assinou. Bruno correu até a mesa onde o contrato estava. Leu freneticamente. Lá estava em letras pequenas. O jogo consistirá de três rodadas completas. Independentemente do resultado das rodadas anteriores, ele havia assinado sem ler direito.
Mas mas isso não faz sentido. Se eu já ganhei duas, a terceira não importa. Importa porque são as regras. Leonardo sentou-se novamente. E eu sempre sigo as regras. Sempre. Algo no tom de Leonardo fez Bruno se arrepiar. Última rodada, Senr. Machado. Leonardo pegou o baralho novamente. Sente-se.
Bruno sentou-se lentamente, o entusiasmo da vitória sendo substituído por uma crescente sensação de pavor. Por que Leonardo insistia em jogar a terceira rodada se já havia perdido? A não ser que não era possível. As primeiras duas rodadas foram legítimas, as câmeras gravaram tudo. Não houve trapassa. Mas então, por que aquele sorriso frio no rosto de Leonardo? Rodada três. Afinal, Leonardo embaralhou as cartas.
Desta vez, não havia pressa em seus movimentos. Cada movimento era preciso, calculado, quase ritualístico. Última rodada, Senr. Machado! Ele disse, distribuindo as cartas. Que vença o melhor. Bruno pegou suas cartas. Nove clubs, nove diamonds. Par de nove. Mão sólida, mas não excepcional. R$ 150.000 de aposta inicial.
Leonardo colocou um terço de suas fichas no centro, alto, muito alto para uma aposta inicial. Bruno hesitou igualo. Ele decidiu confiando em seu par. Flop, nove hearts a clubs c diamonds. Trinca de nove. Bruno tinha trinca. Novamente uma mão muito forte. R$ 250.000. Leonardo aumentou ainda mais a aposta. Bruno analisou.
Leonardo estava blefando, tentando intimidá-lo, mas ele tinha trinca. Era difícil, Leonardo, ter algo melhor. Igualo, Bruno colocou as fichas. Turn, nove spodes. O coração de Bruno quase parou. Quadra de nove. Ele tinha os quatro noves do baralho. Era matematicamente quase impossível Leonardo ter algo melhor. A única mão que venceria a quadra seria Straight Flush. Mas não havia sequência possível de mesmo naipe nas cartas comunitárias.
Owen Bruno empurrou todas as suas fichas com confiança absoluta. Leonardo olhou para ele longamente. Então algo mudou em sua expressão. Uma pequena, quase imperceptível satisfação. Igualo. Leonardo colocou todas as suas fichas também. River. Quinta e última carta. As pades. Mais um as irrelevante para Bruno. Ele tinha quadra. Mostre suas cartas. Leonardo pediu calmamente.
Quadra de nove. Bruno virou suas cartas com um sorriso triunfante. É impossível você ter algo melhor. Leonardo observou as cartas de Bruno por longos segundos. Depois observou as próprias cartas na mão. Então, muito, muito lentamente, ele as virou. Earts Diamonds. O mundo de Bruno desmoronou na mesa. Nove Hearts Clubs C diamonds, nove spades aspades.
Leonardo tinha full house, três as par de noves. Não. Bruno sussurrou. Full house de ases vence quadra de noves. Leonardo declarou com a voz neutra de um juiz. Eu venci a terceira rodada. Não, não, isso é impossível. Você trapaceou. Bruno gritou, levantando-se bruscamente. Os seguranças deram um passo à frente, mas Leonardo levantou a mão novamente.
As câmeras gravaram cada segundo. Ele apontou para as quatro câmeras de segurança. Você pode revisar as filmagens se desejar. Não houve nenhuma trapaça. Apenas probabilidade. Probabilidade. Bruno estava à beira do colapso. Eu tinha duas vitórias. Duas? Sim. E eu, parabéns por isso.
Leonardo se levantou, ajustando os punhos de sua camisa. As duas primeiras rodadas foram legitimamente suas, mas o jogo era melhor de três rodadas completas. Eu venci a terceira. Portanto, pela regra do desempate, eu venci o jogo geral. Que regra de desempate? Você nunca mencionou. Leonardo pegou o contrato e apontou para um parágrafo específico.
Em caso de vitória alternada entre os jogadores, a rodada final será considerada desempate decisório. Você assinou o Senr. Machado. Leonardo colocou o contrato de volta na mesa. Você concordou com todos os termos. Bruno colapsou na cadeira, chorando descontroladamente. E eu tinha certeza, eu tinha quadra. Como? Porque você esqueceu a regra de ouro do pôker.
Leonardo caminhou até ele falando com uma mistura de pena e desprezo. Não importa o quão boa seja sua mão, sempre existe uma mão melhor. Ele pegou seu celular e digitou algo. Você tem 24 horas para trazer Isabela Ramos ao Hotel Valente. Amanhã, segunda-feira, às 20 horas. Leonardo entregou um cartão com o endereço, vista adequadamente. É um hotel cinco estrelas, tenho padrões.
E se eu não trouxer? E se eu contar a ela e ela se recusar? Leonardo se abaixou, ficando na altura dos olhos de Bruno. Então, meus homens irão buscá-la e você, e sua dívida aumentará para 2 milhões de reais. Seu sorriso era gélido. E, “Senhor Machado, não seja mais estúpido do que já foi. Você já perdeu tudo. Não perca sua dignidade também mentindo para ela. Conte a verdade. Ela merece pelo menos isso.
” Bruno saiu do cassino cambaleando, destruído, vencido. Ele havia apostado Isabela e perdido. E agora teria que olhar nos olhos da mulher que amava e dizer a ela que atraiu da pior forma possível. Segunda-feira, 18 horas. Isabela estava sentada em sua mesa de estudos, cercada por livros de farmacologia, quando ouviu a campainha tocar, franziu a testa. Não esperava ninguém.
Sofia havia ido visitar a família e Bruno, bem, Bruno deveria estar trabalhando. A campainha tocou novamente, insistente, urgente. Isabela colocou a caneta de lado e foi até a porta. Olhou pelo olho mágico. Bruno, mas não o Bruno que ela conhecia. Este Bruno estava devastado, roupas amassadas, barba por fazer, olhos vermelhos e inchados. Parecia não ter dormido em dias.
Meu Deus! Isabela abriu a porta imediatamente. Bruno, o que aconteceu? Você está bem? Bruno entrou cambaleando. Tinha cheiro de álcool e desespero. Isa, eu Sua voz era apenas um sussurro rouco. Você está me assustando? Isabela fechou a porta e segurou seus ombros.
O que houve? É alguém da sua família? Aconteceu algo no trabalho? Trabalho? Bruno riu amargamente. Trabalho. Eu não tenho mais trabalho, Isa. Fui demitido há três meses. Isabela ficou paralisada. O quê? Mas você disse, você sempre dizia que estava em reuniões. Eu menti. Bruno finalmente olhou para ela e o que Isabela viu em seus olhos a assustou. Era vazio. Derrota absoluta. Eu menti sobre tudo.
Do que você está falando? Isabela o guiou até o sofá. Sentaram-se. Bruno, você está me assustando de verdade. Respira fundo e me conta o que está acontecendo. Bruno enterrou o rosto nas mãos. Seus ombros tremiam. Isa, eu tenho um problema. Ele começou. Um problema sério há dois anos. Que tipo de problema? Silêncio, é Bruno.
Seja lá o que for, a gente resolve junto. Isabela segurou sua mão. Sempre foi assim. Você e eu contra o mundo. Lembra? Essas palavras fizeram Bruno soluçar mais alto. Você não vai querer ficar comigo depois que eu contar. Ele chorou. Você vai me odiar. Vai me deixar. E você deveria. Você deveria me odiar.
Nada que você diga vai mudar o que eu sinto por você. Isabela disse com convicção. Agora me conta. O que está acontecendo? Bruno respirou fundo, depois soltou tudo de uma vez. Eu tenho vício em jogo. Isabela piscou confusa. Jogo? Que tipo de jogo? Cassino, pôker, roleta, blackjack, tudo. Bruno confessou. Comecei há dois anos. No começo era só diversão.
Mas então, então virou outra coisa. Eu não conseguia parar. Mesmo quando perdia, eu achava que na próxima ia ganhar, que ia recuperar. Tudo. Isabela soltou sua mão lentamente. Quanto? Ela perguntou, a voz controlada demais. O quê? Quanto dinheiro você perdeu? Bruno não conseguiu responder. Bruno, quanto? R$ 500.000. O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor.
Isabela se levantou lentamente, caminhou até a janela, ficou de costas para ele. 500. Ela repetiu: “Cada palavra pesada como chumbo, meio milhão de reais”. Isa: Não. Ela virou-se bruscamente. Não fala meu nome agora. Meio milhão. Como? Como você conseguiu apostar meio milhão de reais? Empréstimos, agiotas, cartões de crédito? Bruno explicou miseravelmente. Eu achei que conseguiria ganhar de volta. Eu sempre achei isso.
Isabela passou as mãos pelo cabelo, tentando processar. Ok. Ok. Ela respirou fundo, tentando manter a calma. É muito dinheiro, muito. Mas, mas a gente pode parcelar. Você pode procurar um advogado, declarar falência, talvez. Eu posso pegar um emprego além do estágio. Isa tem mais. Isabela parou de falar.
Como assim tem mais? O que mais poderia ter? Bruno levantou-se também. Não conseguia olhar para ela. Ontem à noite eu tentei resolver. O dono do cassino me deu uma chance, uma última aposta. Se eu ganhasse, a dívida seria perdoada. E você perdeu? Não. Bruno balançou a cabeça. Eu ganhei duas rodadas. Ganhei duas rodadas. Isabela não entendeu. Então, a dívida foi perdoada. O jogo era de três rodadas. Bruno continuou.
Eu ganhei as duas primeiras, mas perdi a terceira. E pela regra do desempate, você perdeu tudo. Isabela completou. Sim. Então você ainda deve os 500.000. Sim. Isabela suspirou, mas ainda tentava ser forte. OK, então voltamos à estaca zero. A gente procura um advogado, negocia.
Isa! Bruno! Gritou, fazendo-a pular. Não foi só dinheiro que eu apostei. O coração de Isabela parou. O quê? O que você quer dizer? Bruno se virou para ela, lágrimas escorrendo livremente por seu rosto. Quando eu fui jogar a partida, eu não tinha nada para apostar. Nada.
Então ele ele sugeriu ele sugeriu o que se eu perdesse você teria que trabalhar para ele por um ano. O mundo de Isabela desabou. Ela deu dois passos para trás, como se tivesse levado um soco físico no estômago. Chess repete. Sua voz saiu apenas como um sussurro. Repete o que você acabou de dizer, Isa. Repete. Eu apostei você. Bruno disse a voz quebrando.
Se eu perdesse a partida, você teria que trabalhar para Leonardo Valente por um ano. Isabela sentiu as pernas falharem, sentou-se pesadamente no sofá. Você me apostou, ela falou mecanicamente. Você me apostou como se eu fosse o quê? Um carro, uma casa, um objeto? Eu ia ganhar. Bruno gritou desesperado. Eu tinha boas cartas. Eu ganhei duas rodadas. Era certo que eu ia ganhar, mas você não ganhou.
Isabela explodiu, levantando-se novamente. Você perdeu e me apostou como prêmio. Eu te amo. Eu nunca faria algo para te machucar de propósito. Amor não faz isso. Isabela empurrou-o. Amor não aposta a pessoa amada. Amor não trata a pessoa como propriedade. Eu estava desesperado e eu, Isabela chorava descontroladamente. Agora eu não conto. Minha opinião não importa. Você nem sequer me consultou.
Você simplesmente decidiu que podia jogar com a minha vida. Isa, por favor. 3 anos. Isabela gritou. 3 anos. Eu acreditei em você. Eu te amei. Eu te esperei. Eu guardei minha virgindade porque você disse que queria que nossa primeira vez fosse especial. E você? Você me apostou como uma A palavra ecoou no apartamento.
Bruno começou a chorar convulsivamente. Desculpa, desculpa, eu sinto tanto. Sai. Isabela apontou para a porta. Isa, me escuta. Sai daqui agora. Você precisa ir lá amanhã. Bruno disse desesperado, às 20 horas no Hotel Valente. Se você não for, eles vão te buscar. Eles vão me matar. Isabela olhou para ele com uma mistura de nojo, dor e descrença total.
Você é um covarde, ela disse, cada palavra destilando veneno. Um covarde patético e egoísta. Mesmo agora, mesmo agora, você só pensa em você. Eles vão me matar. Não eu destruí sua vida. Não eu te traí da pior forma possível. Mas eles vão me matar, Isa.
Nos últimos três anos, eu acreditei que você era meu parceiro, meu companheiro, que a gente ia construir uma vida juntos. Isabela falou, a voz quebrando. Mas você nunca foi meu parceiro. Você sempre foi só você. E eu fui burra o suficiente para não ver. Eu te amo. Não ama. Isabela gritou. Você não sabe o que é amor. Amor é respeito, é consideração.
É colocar a outra pessoa antes de você. Você não me ama, Bruno. Você nunca amou. Você só me usou como muleta emocional quando estava sozinho e agora como moeda de troca quando estava desesperado. Ela abriu a porta. Sai da minha casa, sai da minha vida. Nunca mais quero ver você. Isa, por favor, sai. Bruno caminhou até a porta, parou no batente.
Você precisa ir amanhã. Se não for por você, vá para me salvar. Eles vão me matar se você não aparecer. Isabela olhou para ele uma última vez. Que se fodam você e sua vida, Bruno. Ela disse com uma frieza que nem sabia que possuía. Você colheu o que plantou. Agora lida com as consequências sozinho.
Ela bateu a porta na cara dele, depois deslizou pela parede, caindo no chão, e chorou. Chorou como não chorava desde o dia em que seus pais morreram. chorou pela inocência perdida, pelo amor desperdiçado, pela confiança destruída e pela terrível sensação de que sua vida nunca mais seria a mesma. Isabela não dormiu naquela noite. Ficou deitada na cama, olhando para o teto, alternando entre crises de choro e momentos de raiva pura.
Como Bruno pôde, como às 3 da manhã, pegou o celular e ligou para Sofia. Isa, são 3 da manhã. Sofia atendeu sonolenta. Sofie, preciso de você. A voz de Isabela era apenas um sussurro quebrado. Sofia ficou imediatamente alerta. O que aconteceu? Você está bem? Foi o Bruno. Pode vir aqui, por favor. Já estou indo. 30 minutos depois, Sofia estava no apartamento de Isabela.
Encontrou a amiga sentada no chão da cozinha, abraçando os joelhos, olhos inchados de tanto chorar. Meu Deus, Isa. Sofia se ajoelhou ao lado dela. O que ele fez? E Isabela contou tudo, cada detalhe horrível, o vício, a dívida, a aposta, tudo. Quando terminou, Sofia estava pálida de choque e vermelha de raiva. Ele fez o quê? Sofia gritou.
Isa, isso é crime. Isso é tráfico de pessoas. A gente precisa chamar a polícia. Ele assinou um contrato. Isabela explicou mecanicamente. É legal. Legal. Nada disso é legal. Sofia pegou o celular. Eu vou ligar para a polícia agora. E dizer o quê? Isabela pegou o celular da mão de Sofia, que meu ex-namorado me apostou em um jogo.
Eles vão rir da gente e mesmo que acreditem, Bruno vai se ferrar, mas eu também. Esse Leonardo Valente, pelo que Bruno disse, ele é poderoso, tem advogados, conexões, a gente não tem nada. Então, o que você vai fazer? Isabela ficou em silêncio por longos momentos. Não sei. Ela finalmente admitiu. Eu não sei, Sofia. Sofia sentou-se ao lado dela, abraçando-a.
Você não precisa ir lá, ela disse firmemente. Você não assinou nada. Você não concordou com nada. Esse contrato é inválido. Deixa eles tentarem te forçar. A gente processa todo mundo. E se eles machucarem o Bruno? Que se o Bruno. Sofia explodiu. Isa, escuta o que você está dizendo. Ele te apostou. Ele não merece sua preocupação. Eu sei, eu sei disso. Isabela limpou as lágrimas.
Mas Sofie, e se esse homem, esse Leonardo Valente, for realmente perigoso? E se ele vier atrás de mim de qualquer jeito? Então, a gente chama a polícia, consegue uma ordem de restrição. Ele tem meio milhão de reais para cobrar. Isabela interrompeu. Você acha que uma ordem de restrição vai pará-lo? Sofia não tinha resposta para isso. Eu preciso ir lá.
Isabela decidiu. O quê? Não, não para aceitar, Isabela esclareceu, mas para ver quem é esse homem, entender com quem estou lidando e dizer a ele pessoalmente que não vou fazer parte dessa loucura. Isa, isso é perigoso. É mais perigoso não saber quem é meu inimigo.
Isabela levantou-se, uma determinação nova em sua voz. Eu vou lá amanhã, no horário que ele pediu, mas não vou sozinha. Eu vou com você. Não. Isabela balançou a cabeça. Você vai ficar num café perto com seu celular. Se eu não sair em uma hora, você liga para a polícia. Isa, eu preciso fazer isso, Sofie. Isabela olhou para a amiga.
Preciso olhar nos olhos do homem que acha que pode me comprar e dizer que ele não pode, que eu não sou mercadoria, que eu não sou propriedade. Preciso fazer isso por mim. Sofia abraçou a amiga com força. Você é a mulher mais corajosa que eu conheço ou a mais idiota. Isabela tentou sorrir. Ainda não decidi. Terça-feira, 19:30. Isabela chegou ao hotel valente meia hora antes do combinado.
Queria observar o ambiente, estudar as saídas, entender o território inimigo. O hotel era ainda mais imponente pessoalmente do que nas fotos online. 40 andares de vidro e aço, fachada que refletia o céu cor de laranja do pô do sol, entrada com tapete vermelho e manobristas uniformizados. Isabela usava seu melhor vestido, o azul marinho que Bruno havia comprado para ela.
Com dinheiro que não tinha, ela agora percebia, não porque quisesse impressionar, mas porque precisava de armadura. E às vezes, roupas bonitas são a melhor armadura que uma mulher pode ter. Boa noite, senhorita. Um manobrista a cumprimentou. Chegou de carro? Não vim de táxi. Isabela respondeu subindo os degraus de mármore.
O lobby era exatamente como ela imaginava que seria o paraíso. Se o paraíso fosse construído em mármore e ouro, pé direito duplo, lustres de cristal que deviam ter o tamanho de carros, piso tão polido que parecia espelho e o cheiro sutil de flores caras no ar. Pessoas em trajes de gala circulavam como se estar num lugar assim fosse a coisa mais normal do mundo. Para eles, provavelmente era.
Isabela se sentiu pequena, deslocada, uma fralde em um vestido bonito. Posso ajudá-la? Uma recepcionista extremamente bonita e bem vestida, perguntou sorrindo profissionalmente. Isabela caminhou até o balcão. “Eu tenho reunião com o Sr. Leonardo Valente”, ela disse, tentando manter a voz firme. “Seu nome, por favor, Isabela Ramos.
” A recepcionista digitou algo no computador. Sua expressão mudou sutilmente. Não muito, mas o suficiente para Isabela notar. Era respeito, medo, curiosidade? Sim, senrita Ramos. O Senr. Valente à espera. A recepcionista gesticulou. Por favor, pegue o elevador privativo ali à esquerda. Ele a levará diretamente ao quatro sés do andar. Obrigada.
Isabela caminhou até o elevador. Suas pernas tremiam, mas ela mantinha a cabeça erguida. Não daria a esses estranhos a satisfação de vê-la com medo. O elevador era luxuoso, como todo o resto. Paredes espelhadas, chão de mármore. Até a música ambiente era alguma coisa clássica e cara. As portas se fecharam. O elevador subiu suavemente. Isabela olhou para seu reflexo. Viu uma mulher de 21 anos que parecia muito mais velha.
Tr anos de relacionamento baseado em mentiras faziam isso com uma pessoa. Você consegue, ela disse para seu reflexo. Você é forte. Mais forte do que ele pensou. Mais forte do que você mesma pensou. Ding quat no andar. As portas se abriram diretamente em uma antessala luxuosa, um corredor com paredes revestidas em tecido, quadros que provavelmente custavam mais que o apartamento dela, e, no fim uma porta dupla de madeira escura.
Isabela respirou fundo, caminhou até a porta, bateu três vezes entre A voz era grave, controlada, poderosa, o tipo de voz de alguém acostumado a ser obedecido. Isabela abriu a porta e finalmente viu Leonardo Valente. O primeiro olhar. Ele estava de pé perto da janela do chão ao teto, de costas, mãos nos bolsos de um terno impecável.
A vista panorâmica da cidade iluminada ao anoitecer servia de pano de fundo, fazendo-o parecer uma pintura. “Senhorita Ramos?” Ele falou sem se virar. “Pontual? Eu admiro isso, senhor Valente.” Isabela respondeu, surpreendendo-se com a firmeza de sua própria voz. Leonardo virou-se lentamente. Isabela não sabia o que esperava.
Um homem vulgar, talvez alguém que parecia um mafioso de filme ruim, algum tipo de monstro físico que combinasse com o monstro moral que apostaria pela vida de uma mulher. Mas Leonardo Valente não era nada disso. Ele era refinado, cabelos pretos, com fios grisalhos prematuros, que lhe davam ar distinguished. Olhos azuis intensos que pareciam enxergar através das pessoas.
rosto anguloso, queixo forte, porte atlético mesmo sob o terno perfeitamente cortado. Ele exalava poder não através de intimidação física, mas através de pura presença. Por favor, sente-se. Ele gesticulou para uma poltrona de couro. Prefiro ficar em pé. Um pequeno sorriso apareceu nos lábios de Leonardo. Como desejar.
Ele caminhou até sua mesa, uma peça de Mógno que parecia ser do tamanho do quarto de Isabela, e se apoiou nela, cruzando os braços. Suponho que Bruno lhe contou sobre nosso acordo. Ele me contou que você o manipulou e que ele me apostou como se eu fosse gado. Isabela respondeu. Sua voz cortante como vidro. Leonardo ergueu uma sobrancelha claramente impressionado com sua coragem. Manipulei. Ele quase riu.
Senrita Ramos, seu ex-namorado, veio ao meu cassino, apostou meu dinheiro, perdeu repetidas vezes ao longo de dois anos. Eu não o busquei, eu não o forcei, eu não coloquei uma arma em sua cabeça. Ele veio até mim voluntariamente, noite após noite, aposta após aposta, perda após perda. Mas você aproveitou de sua fraqueza.
Eu administro um negócio, Leonardo respondeu calmamente. Não uma instituição de caridade. Homens adultos fazem escolhas. Eu apenas cobro pelas consequências dessas escolhas. Inclusive aceitar apostas de seres humanos. Ah, isso. Leonardo caminhou até o bar e serviu dois copos de água. Ofereceu um para Isabela. Ela não aceitou.
Não vou aceitar nada vindo de você. Não está envenenado se é isso que teme. Leonardo tomou um gole do próprio copo, mas respeito sua cautela. Ele colocou o copo sobre a mesa e virou-se para ela completamente. Senrita Ramos, vou ser honesto com você, porque ao contrário de seu ex-namorado, eu acredito que mulheres inteligentes merecem honestidade. Que generoso! Isabela respondeu sarcasticamente.
Eu não esperava que ele realmente apostasse você. Leonardo continuou ignorando o sarcasmo. Quando sugeri foi um teste, um teste de caráter. Queria ver até onde a covardia dele iria. E ele passou no seu teste de covardia com louvor. Sim, Leonardo concordou e me decepcionou profundamente porque eu desprezo covardia acima de quase tudo.
Mas você aceitou a aposta mesmo assim? Aceitei. Leonardo não negou porque queria dar a ele uma lição e por a Feus. Ele fez uma pausa, como se escolhesse as palavras cuidadosamente. E porque eu queria que você soubesse quem realmente é o homem que você ama. Isabela sentiu uma pontada no peito.
Eu não preciso de você para me mostrar isso. Ela disse, mas sua voz vacilou. Precisava. Leonardo insistiu gentilmente. Porque você nunca teria acreditado se eu simplesmente tivesse dito: “Seu namorado é um viciado em jogos que está afundado em dívidas”, você teria pensado que eu estava mentindo.
Mas agora, agora você viu com seus próprios olhos o que ele é capaz. Isabela sentiu lágrimas ameaçarem cair, mas as segurou. “Eu não vou trabalhar para você”, ela declarou. “Eu sei”. Isabela piscou surpresa. O quê? Leonardo abriu uma gaveta e tirou um documento. O contrato que Bruno havia assinado.
Este contrato é juridicamente inválido ele disse calmamente. Você não o assinou. Você não concordou com os termos. Nenhum juiz no mundo faria você cumpri-lo. Isabela não conseguia entender. Então, por quê? Por que me chamou aqui? Leonardo olhou para ela longamente. Então falou: “Porque queria conhecer a mulher que Bruno Machado considerou valer meio milhão de reais.
” Ele respondeu: “E porque queria que você soubesse disso pessoalmente, que você é livre. Sempre foi. Ele pegou o contrato e com um isqueiro de mesa colocou fogo nele bem na frente dela. Isabela assistiu o papel queimar, as chamas consumindo palavras que poderiam ter destruído sua vida. Você pode ir para casa, senrita Ramos?” Leonardo disse enquanto o contrato virava cinzas. “Você está livre, sempre esteve.
” Isabela deveria ter se sentido aliviada. Deveria ter agradecido e saído correndo daquele lugar, mas algo a manteve parada. “Eu não entendo”, ela finalmente disse, “Você armou tudo isso? A aposta o jogo chamar eu aqui só para me libertar?” Leonardo jogou as cinzas do contrato em um cinzeiro.
Não exatamente, ele respondeu, voltando a se sentar em sua cadeira. Arrmei tudo isso para dar uma lição a Bruno Machado. Chamar você aqui foi para dar fechamento para que não ficasse na incerteza. E a dívida dele ainda existe. Leonardo respondeu friamente. E será cobrada. Como? Isso não é mais problema seu. Ele vai ficar bem.
Leonardo estudou-a com interesse renovado. Você ainda se importa com ele depois de tudo? Isabela hesitou. Não sei. Ela admitiu. Parte de mim quer que ele sofra o que me fez sofrer. Mas outra parte, nós ficamos juntos três anos. Isso tem que significar alguma coisa. Significa que você é uma pessoa melhor do que ele merece.
Leonardo se levantou novamente, dessa vez caminhando até uma estante de livros. Senrita Ramos, posso lhe contar uma história? Depende da história. Há 5 anos eu estava noivo. Leonardo começou ainda de costas para ela. Camila, ela era médica pediatra, trabalhava em um hospital público, atendia crianças carentes de graça, era luminosa, fazia o mundo parecer menos sombrio.
Isabela notou a mudança em sua voz, a dor cuidadosamente controlada. Sam, em maio daquele ano, ela estava voltando do hospital. madrugada acabara de salvar uma criança que chegou com pneumonia grave. Leonardo continuou. Um homem bêbado, dirigindo em alta velocidade. Ele havia feito uma aposta idiota com amigos num bar. Apostou que conseguiria dirigir perfeitamente mesmo alcoolizado.
Isabela sentiu um frio na espinha. Ele bateu de frente no carro dela. Camila morreu na hora. Leonardo virou-se e Isabela viu em seus olhos uma dor antiga, mas ainda viva. O homem sobreviveu. Sabe o que ele disse à polícia quando acordou no hospital? Foi só uma aposta idiota. Eu não queria matar ninguém. “Meu Deus!”, Isabela sussurrou.
Apostas idiotas destróem vidas, “Senrita Ramos.” Leonardo disse cada palavra pesada. Eu aprendi isso da pior forma possível. Perdi a mulher que eu amava por causa de uma aposta idiota de um idiota bêbado. Eu sinto muito, não precisa. Leonardo interrompeu. Aconteceu há 5 anos. A dor diminui, mas nunca desaparece completamente. Ele voltou para sua mesa.
É por isso que eu tenho tolerância zero para apostadores irresponsáveis. E é por isso que quando Bruno Machado teve a audácia de apostar uma pessoa inocente, eu decidi ensiná-lo uma lição que ele nunca esqueceria. Mas você não me forçou a nada, porque eu não sou o monstro que você imaginou. Leonardo respondeu. Eu cobro dívidas. Eu administro negócios que alguns consideram moralmente questionáveis.
Mas eu nunca, nunca forçaria uma pessoa a fazer algo contra a sua vontade, especialmente não uma mulher. Isabela sentiu algo dentro dela se abrir, uma percepção nova. “Você me deu escolha”, ela disse lentamente. Sempre. Leonardo confirmou. Bruno tirou suas escolhas ao apostá-las sem seu conhecimento. Eu as devolvi ao queimar o contrato.
Houve um silêncio confortável entre eles. Posso fazer uma pergunta? Isabela quebrou o silêncio. Pode. Porque você tem um cassino se odeia apostadores. Leonardo sorriu pela primeira vez um sorriso genuíno. Porque eu gosto de estar no controle. Ele respondeu honestamente, no cassino, eu estabeleço as regras, eu decido os limites, eu posso expulsar pessoas que estão claramente viciadas.
Não é perfeito, mas é melhor do que deixar que estabelecimentos sem escrúpulos explorem os fracos. É um jeito interessante de ver as coisas. É meu jeito. Leonardo se levantou. Bem, senrita Ramos, você está oficialmente livre. pode ir para casa, continuar seus estudos e nunca mais pensar em mim ou em Bruno novamente. Isabela deveria ter ido embora.
Deveria ter agradecido e corrido para a porta, mas suas próximas palavras a surpreenderam tanto quanto a Leonardo. E se eu não quiser? Leonardo parou. Como disse? E se eu não quiser ir embora? Isabela reformulou. E se eu se eu quisesse trabalhar aqui? Não por obrigação, não por aposta, mas por escolha própria. Leonardo a estudou com intensidade renovada.
Por que faria isso? Por Isabela tentou organizar seus pensamentos. Porque Bruno tirou minha autonomia ao me apostar. E a melhor forma de recuperar essa autonomia é fazer uma escolha que seja completamente minha. Trabalhar para o homem que seu ex-namorado deve meio milhão. Trabalhar para o homem que me deu liberdade quando poderia terme prendido? Isabela corrigiu. Leonardo caminhou até ela.
Ficaram a poucos metros de distância. Você tem consciência do que está propondo? Ele perguntou perfeitamente. Estou no quarto ano de medicina. Preciso de experiência prática. Você disse que tem clínica médica aqui no hotel para hóspedes e funcionários. Então me contrate como estagiária, Isabela propôs.
Salário justo, horário normal, contrato legal, como qualquer funcionária. Leonardo a observou por longos momentos, como se estivesse tentando decifrar um enigma complexo. Você é fascinante, senrita Ramos. Ele finalmente disse: “É Isabela. E então aceita minha proposta?” Sob duas condições. Leonardo ergueu dois dedos.
Quais? Primeira, você termina sua faculdade primeiro, forma-se, torna-se médica oficialmente, quando tiver seu diploma, terá uma posição aqui, com salário completo, não de estagiária. E a segunda condição, Leonardo sorriu, que você tenha certeza absoluta de que é isso que quer, não por rebeldia, não por vingança contra Bruno, mas porque genuinamente quer. Isabela estendeu a mão. Tenho certeza.
Leonardo apertou sua mão. O aperto foi firme, profissional, mas Isabela sentiu algo mais. Uma corrente elétrica, sutil, quase imperceptível. Pelos olhos de Leonardo, ele sentiu também. Bem-vinda ao hotel Valente, Dra. Ramos, ele disse: “Futura doutora Ramos.” Corrigiu-se. Obrigada, senhor Valente. Leonardo. Ele ofereceu.
Se vamos trabalhar juntos, podemos dispensar as formalidades. Leonardo. Isabela testou o nome, gostou de como soava. Isabela Leonardo retribuiu. E assim, em um escritório no qual Turis andar, com a cidade iluminada como testemunha, algo inesperado começou. Mês 1, março. Isabela não contou para ninguém sobre seu acordo com Leonardo, nem para Sofia.
Precisava primeiro ter certeza de que não estava cometendo um erro colossal. Bruno tentou entrar em contato diversas vezes nas primeiras semanas, ligações, mensagens, até apareceu uma vez na porta do apartamento dela. “Isa, por favor, me escuta?” Ele implorou através da porta fechada. “Eu mudei, comecei terapia, parei de jogar. Bruno, vai embora.
Isabela respondeu do outro lado. Isa, se você não for embora, eu chamo a polícia. Ela ameaçou e dessa vez ele acreditou. Depois de duas semanas, Leonardo a chamou para uma reunião. Só queria informá-la. Ele disse casualmente. A dívida do Senr. Machado foi quitada. Isabela ficou chocada. Por quem? Por mim.
Leonardo respondeu simplesmente: “Mas por quê? Porque não quero mais nada com ele, nem seu dinheiro, nem sua presença. Leonardo explicou. Considera uma cortesia para você. Isabela não sabia o que dizer. Você pagou meio milhão de reais. Como cortesia? Senhorita Ramos. Leonardo sorriu. Meio milhão é uma noite ruim no cassino. Não vai me faltar. Era um lembrete de quem exatamente Leonardo Valente era.
Um bilionário que movia montanhas como se fossem grãos de areia. Mês 2 abril. Isabela começou a visitar o hotel regularmente, conhecendo a clínica, os médicos, a estrutura. Leonardo permitiu que ela observasse procedimentos, estudasse casos, aprendesse na prática e, lentamente eles começaram a conversar sobre medicina, sobre negócios, sobre vida.
Por que você se tornou empresário? Isabela perguntou um dia enquanto tomava um café na cobertura dele. Porque meu pai era pobre. Leonardo respondeu. Trabalhou a vida toda em fábricas, ganhando salário mínimo. Morreu aos 55 de infarto por excesso de trabalho e estresse. Eu jurei que seria diferente, que eu controlaria meu destino, não o contrário.
E conseguiu sim, mas perdi Camila no processo. Leonardo olhou pela janela. Se às vezes me pergunto se valeu a pena, ela ficaria orgulhosa de você. Isabela disse suavemente. Você acha? Você dá emprego a centenas de pessoas, paga salários justos, tem uma clínica médica que atende funcionários gratuitamente. Sim, eu acho que ela ficaria orgulhosa.
Leonardo olhou para Isabela com algo novo nos olhos, algo que ela não conseguiu identificar completamente. Mês 3, maio. Bruno apareceu uma última vez. Estava diferente. Mais magro, mais sóbrio, olhos mais claros. Só vim agradecer”, ele disse, mantendo distância respeitosa. Leonardo Valente me procurou, disse que pagou minha dívida.
Como favor a você? Isabela não respondeu. Eu comecei terapia de verdade para vício em jogos. Consegui um emprego em outra concessionária. Estou reconstruindo minha vida. Bruno continuou. Não estou pedindo para voltar. Sei que isso nunca vai acontecer. Só queria que você soubesse que você tinha razão. Eu era um covarde, mas estou tentando ser melhor. Fico feliz por você, Bruno. Isabela disse.
E era verdade. De verdade. Você merece ser feliz também. Bruno deu um passo para trás. E seja lá quem for o próximo cara, ele vai ter muita sorte. Adeus, Bruno. Adeus, Isa. Foi a última vez que se viram. Mês 4, junho. Isabela passou em todos os exames com notas excelentes. Faltava apenas um ano para se formar.
Leonardo começou a ensiná-la sobre negócios também, algo que ela não esperava. Médicos precisam entender de administração? Ele explicou. Se você quiser ter sua própria clínica um dia, precisa saber mais que medicina. precisa entender de contabilidade, recursos humanos, marketing.
Eles passavam tardes inteiras no escritório dele, Leonardo explicando planilhas financeiras, enquanto Isabela absorvia tudo como uma esponja. E, lentamente, muito lentamente, começaram a notar outras coisas. A forma como os olhos de Leonardo se acendiam quando Isabela entendia um conceito difícil, a forma como Isabela involuntariamente sorria quando ouvia a voz dele, os silêncios confortáveis entre eles que diziam mais que palavras. Mês 5, Julho.
Posso fazer uma pergunta pessoal? Isabela perguntou em uma tarde chuvosa de inverno. Sempre. Você já ficou com alguém depois de Camila? Leonardo pareceu surpreso pela pergunta. Não”, ele respondeu honestamente. “Houve algumas tentativas, jantares, eventos sociais, mas nunca passou disso. Por quê? Porque ninguém, ninguém fez eu esquecer dela.
” Leonardo olhou para Isabela. Até ele parou como se percebesse que estava prestes a dizer algo que não deveria. Até. Isabela incentivou até recentemente. Leonardo completou vagamente. Isabela sentiu algo flutuar em seu estômago. Mês 6, agosto. Leonardo, posso falar algo? Isabela disse em uma noite particularmente fria. Claro. Eu eu me formei aos 22.
Você tem 35. 13 anos de diferença. Leonardo confirmou. Eu sei. E isso não te incomoda? Leonardo se levantou e caminhou até ela. Deveria? Ele perguntou suavemente. A sociedade diria que sim. A sociedade diz muitas coisas estúpidas. Leonardo respondeu: “Isabela, você é uma das pessoas mais inteligentes, corajosas e fascinantes que já conheci.
Sua idade é irrelevante, comparada a quem você é como pessoa.” Mas, mas nada. Leonardo segurou gentilmente seus ombros. Se você está me perguntando isso porque sente algo, então saiba que eu sinto também. Ah, é? Se você está me perguntando porque está preocupada com o que os outros vão pensar, então deixa eu te lembrar que você foi capaz de entrar sozinha no escritório de um bilionário supostamente perigoso e exigir ser tratada como igual.
Você realmente se importa com o que estranhos pensam? Isabela sorriu. Quando você coloca dessa forma, mas Leonardo ergueu um dedo. Eu não vou fazer nada até você se formar. Nada que comprometa sua educação ou sua futura carreira. Você merece terminar seus estudos sem distrações, Leonardo. Quando você tiver seu diploma na mão, aí podemos ter essa conversa de novo. Ele se afastou, profissional novamente.
Até lá, sou apenas seu futuro empregador e mentor. Isabela sentiu uma mistura de frustração e admiração. Frustração porque queria aquele homem na admiração porque ele tinha moral e ética suficiente para esperar. Dezembro, dia da formatura. A cerimônia foi linda. Auditório cheio, famílias orgulhosas, futuros médicos emocionados. Isabela subiu ao palco e recebeu seu diploma. Doutora Isabela Ramos, oficialmente.
Sofia gritou tão alto que metade do auditório virou para ver quem era a maluca. Mas no meio de todas aquelas pessoas, Isabela procurou apenas uma. Leonardo estava sentado discrete na última fileira, terno impecável, pequeno sorriso orgulhoso. Quando seus olhos se encontraram, ele acenou sutilmente. Ela sorriu de volta, seu coração disparando.
Após a cerimônia, enquanto Isabela recebia parabéns de colegas e professores, Sofia a puxou de lado. OK. Quem é o gato de terno na última fileira que não tirou os olhos de você? Sofia perguntou. Sofie. E não me venha com é só um amigo, porque eu vi como você olhou para ele. Isabela suspirou. Lembra do Leonardo Valente? Sofia ficou pálida.
O bilionário do cassino. Isa, deixa eu explicar. E ela contou tudo. Os últimos seis meses, as conversas, a amizade que virou algo mais. Você está apaixonada por ele? Sofia exclamou. Talvez. Talvez. Isa, você está radiante. Não te vi assim feliz desde desde nunca. Ele é mais velho.
Quem se importa? Ele te trata bem, perfeitamente. Te respeita sempre? Então, a idade. Sofia abraçou a amiga. Você merece ser feliz, Isa. Depois de tudo que passou, você merece. Uma semana após a formatura, Leonardo convidou Isabela para jantar em sua cobertura. disse que tinham assuntos profissionais a discutir sobre seu primeiro dia de trabalho, mas Isabela sabia que era mais que isso.
Vestiu seu melhor vestido, vermelho, elegante, que abraçava seu corpo perfeitamente, deixou os cabelos soltos, maquiagem sutil, mas perfeita. Quando chegou à cobertura, Leonardo abriu a porta pessoalmente. Ele parou ao vê-la. “Você está deslumbrante”, ele disse. E havia adoração genuína em sua voz. Obrigada. Você também não está mal.
Isabela sorriu. Leonardo usava calça social e camisa branca com mangas dobradas, sem gravata, casual, mas ainda elegante. A cobertura estava transformada, velas por toda parte, música suave, mesa posta romanticamente perto da janela, com vista para a cidade iluminada. Isto é, Isabela começou. Nosso verdadeiro primeiro encontro.
Leonardo completou, já que agora você está formada e eu não sou mais tecnicamente seu mentor. Jantaram lentamente, conversaram sobre tudo e nada, riram, flertaram abertamente pela primeira vez. Após o jantar, Leonardo a guiou até a janela. Isabela. Ele começou virando-a para ele. Nos últimos seis meses, você se tornou a pessoa mais importante da minha vida e eu preciso saber o que você sente.
Isabela olhou nos olhos azuis dele. Eu te amo. Ela disse simplesmente. Eu sei que deveria ser mais complicado, que deveria ter mil razões para não amar você, mas eu amo. Leonardo segurou seu rosto gentilmente. Eu também te amo ele sussurrou. mais do que achei que seria possível amar novamente. E eles se beijaram. Não foi como o primeiro beijo de Isabela com Bruno anos atrás.
Aquilo tinha sido desajeitado, inseguro. Isto foi perfeito. Paixão e ternura misturadas, anos de sentimento não dito, finalmente liberados. Quando se separaram, ambos estavam sem fôlego. Eu quero você. Isabela disse: “Coragem em cada palavra esta noite, completamente. Leonardo a estudou. Você tem certeza? Sua primeira vez deveria ser com alguém que eu amo.” Isabela interrompeu.
“E eu te amo, então?” “Sim, tenho certeza. Mais certeza do que já tive de qualquer coisa”. Leonardo a beijou novamente, depois a pegou no colo, fazendo-a rir. Para onde estamos indo? para o quarto. Leonardo sorriu, onde vou passar a noite inteira te mostrando o quanto você é preciosa.
O que aconteceu depois foi privado, sagrado, perfeito. Leonardo foi paciente, cuidadoso, amoroso. Isabela entregou sua virgindade não por pressão ou expectativa, mas por escolha pura e livre. E pela primeira vez em sua vida, ela se sentiu completamente completa. Manhã de sábado, trs anos após a formatura, Dra.
Isabela Ramos Valente acordou com sol entrando pela janela da cobertura que agora chamava de lar. Ao seu lado, Leonardo dormia pacificamente, um braço envolvendo sua cintura possessivamente. Mesmo no sono. Ela sorriu tr anos casados. Três anos de felicidade que ela nunca imaginou ser possível. O choro suave de um bebê veio do quarto ao lado.
Minha vez, Leonardo murmurou sonolento, beijando seu ombro antes de levantar. Isabela o observou caminhar até o quarto do filho deles. Mateus, seis meses, a coisa mais preciosa que já haviam criado. Seu celular vibrou. Mensagem de Sofia. Ainda vamos almoçar hoje? Tenho novidades. Isabela sorriu. Sofia havia encontrado seu próprio amor recentemente, um professor de literatura que a fazia feliz.
Leonardo voltou com Mateus no colo, o bebê jamais calmo. “Alguém estava com fome”, ele disse, sentando na cama. Isabela pegou o filho e começou a amamentá-lo. Leonardo observava com uma expressão de puro amor. Nunca pensei que seria assim. Ele disse suavemente. O quê? Tão feliz? Depois de Camila, achei que essa parte da minha vida havia acabado. E agora? Agora eu sei que o amor pode vir duas vezes na vida.
Leonardo beijou sua testa e agradeço todos os dias por você ter sido corajosa o suficiente para dar uma chance ao bilionário maluco do cassino. Isabela Riu. Você não é maluco, é apenas intenso. É um jeito gentil de dizer maluco. Eles riram juntos. Arenar tarde. Hospital geral. Isabela estava em seu consultório quando recebeu uma visita inesperada.
Bruno, ele estava irreconhecível de maneira positiva. Roupas limpas, postura confiante, olhos claros. Bruno, Isabela disse surpresa, mas não desconfortável. Doutora Ramos Valente. Ele corrigiu notando a placa em sua mesa. Parabéns pelo casamento e pelo bebê. Ouvi falar. Obrigada. O que te traz aqui? Eu só Bruno hesitou. Completei três anos sóbrio, do vício em jogos e parte do meu processo de recuperação é fazer reparações com as pessoas que machuquei. Bruno, não, deixa eu falar. Ele ergueu uma mão.
Isabela, o que eu fiz foi imperdoável. Eu sei disso. Não estou aqui pedindo perdão porque não mereço, mas estou aqui para dizer que você me salvou quando me deixou, quando me forçou a enfrentar as consequências das minhas ações. Você me salvou de mim mesmo. Isabela sentiu lágrimas ameaçarem. Você fez terapia de verdade? Sim, dois anos intensos.
Entendi de onde veio o vício. Trabalhei meus traumas. Bruno sorriu tristemente. Também pedi desculpas aos meus pais. Meu pai, ele voltou a falar comigo. Fico feliz por você, Bruno. De verdade, você parece feliz também. Sou muito. Bruno acenou com a cabeça. Leonardo Valente é um homem de sorte. Eu que sou sortuda.
Não, Isabela. Bruno disse firmemente. Você não é sortuda. Você é forte, corajosa e merecedora de cada grama de felicidade que tem. Nunca esqueça disso. Ele estendeu a mão. Obrigado por tudo, especialmente por me deixar. Isabela apertou sua mão. Cuide-se, Bruno. Você também, Isa. E ele saiu. Isabela observou o partir, sentindo uma paz profunda.
Não havia mais raiva, nem mágoa, apenas paz. Noite, cobertura. Leonardo estava esperando quando Isabela chegou em casa. Como foi o dia? Ele perguntou, ajudando-a a atirar o casaco. Bruno apareceu. Leonardo ficou tenso e está bem, realmente bem. Sóbrio, recuperado, feliz. Como você se sentiu vendo-o em paz? Isabela abraçou o marido, completamente em paz, porque olhei para ele e pensei: “Eu escolhi certo.” Leonardo a beijou profundamente.
“Eu te amo. Eu te amo também.” Mateus começou a chorar do quarto. “Sua vez?” Isabela brincou. Nossa vez, Leonardo corrigiu pegando sua mão e juntos foram cuidar do filho. Nas epílogo, cinco anos depois, hospital geral, ala pediátrica. Dra.
Isabela Ramos Valente, agora 30 anos, era uma das pediatras mais respeitadas da cidade. Seu consultório estava sempre cheio, não porque faltavam médicos, mas porque as famílias especificamente a pediam. Ela tinha um dom, não apenas para medicina, mas para fazer as crianças se sentirem seguras. Dr. Trá, Isabela, uma garotinha de 7 anos a cumprimentou animada. Eu vim mostrar. Olha.
A menina levantou a blusa mostrando uma cicatriz já quase invisível. Ficou linda. Isabela examinou. A cirurgia foi um sucesso. Você foi muito corajosa. Você disse que eu era forte. Então eu fui e você é mesmo. Após o atendimento, Isabela foi até a sala de descanso. Leonardo a esperava lá com Mateus agora 5 anos e meio.
E a caçula Sofia, sim, batizada em homenagem à melhor amiga de 3 anos. Mamãe! As crianças correram para ela. Meus amores, Isabela os abraçou. Pronto para ir? Leonardo perguntou beijando-a. Para onde vamos mesmo? Inauguração da clínica Camila. Lembra? Isabela sorriu. Leonardo havia aberto uma clínica médica gratuita para crianças carentes, batizada em homenagem à sua falecida noiva. Era sua forma de honrar a memória dela, fazendo bem ao mundo.
Isabela seria a diretora médica. Como eu poderia esquecer? Enquanto dirigiam para a inauguração, Mateus perguntou do banco de trás. Mamãe, como você e papai se conheceram? Isabela e Leonardo trocaram olhares. É uma história complicada, filho. Leonardo disse. Mas terminou bem? Sofia perguntou. Terminou perfeitamente.
Isabela respondeu segurando a mão de Leonardo, porque no fim não importava como a história começou. O que importava era como ela terminou. E esta terminou com amor, escolha, coragem e a certeza de que as melhores histórias são aquelas onde escolhemos nosso próprio final. Às vezes a pior traição nos leva ao melhor destino.
Isabela foi apostada como prêmio, mas escolheu ser rainha de sua própria vida. E essa escolha mudou tudo, porque no final não somos definidos pelo que fazem conosco, mas pelo que escolhemos fazer depois. M.