Dois anos de casados sem tocá-la, até que o milionário finalmente reivindicou sua esposa por completo. O despertador tocou às 5:30 da manhã, como todos os dias nos últimos dois anos. Daniele Costa Santos abriu os olhos devagar, fitando o teto do quarto que dividia com um estranho.
Ao seu lado, Ederson Santos dormia profundamente de costas para ela, como se mesmo inconsciente rejeitasse sua presença. Ela se levantou com cuidado, pisando nas pontas dos pés sobre o piso frio de mármore travertino. A mansão em Alfa Vila era um mausoléu de luxo e silêncio, onde cada passo ecoava como um lembrete de sua solidão. Na cozinha gourmet, Danielle preparou seu café solitário, 6 horas em ponto.
Sempre 6 horas, porque às 6:15 Ederson desceria para tomar o próprio café e eles tinham um acordo tácito de não se cruzarem mais do que o absolutamente necessário. “Bom dia, senora Santos”, murmurou Conceição, a empregada entrando na cozinha com o uniforme impecavelmente branco.
“Bom dia, Conceição”, respondeu Daniele, forçando um sorriso. Às vezes, essas eram as únicas palavras que dizia em voz alta durante todo o dia. Daniele olhou pela janela panorâmica que dava para o jardim perfeito, onde cada roseira estava matematicamente alinhada. Era bonito, mas frio, como tudo naquela casa, como seu casamento, 2 anos, 73.000 horas de convivência forçada.
E eles haviam trocado talvez 50 palavras nesse tempo todo. “Bom dia, boa noite, obrigado.” “Com licença,” frases cortes entre estranhos bem educados. O som dos passos de Ederson no andar de cima fez seu coração apertar. 6:10. 5 minutos para ela desaparecer antes que ele descesse.
Daniele pegou sua xícara e subiu rapidamente para o escritório no segundo andar, onde passaria o dia traduzindo documentos para empresas multinacionais, trabalho freelance que a mantinha ocupada e principalmente longe dele. Quando ouviu a porta da garagem fechando, Ederson saindo para mais um dia comandando a Santos Holdings, Danielle finalmente relaxou os ombros. Mais um dia de paz forçada.
havia começado, mas nem ela nem Ederson imaginavam que aquela rotina de dois anos estava prestes a ser completamente destruída por um simples pedido que mudaria tudo para sempre. Eram 7 da noite quando Daniele ouviu o Porsche de Ederson entrando na garagem. Ela fechou o laptop rapidamente e se preparou para mais uma noite de jantar solitário, quando ouviu algo inédito, passos subindo a escada em direção ao escritório. Três batidas suaves na porta fizeram seu coração disparar.
Em dois anos, Ederson nunca havia subido ao escritório. Daniele, a voz dele soava diferente, hesitante. Entre, ela respondeu, tentando esconder o nervosismo. Ederson abriu a porta devagar. Aos 32 anos era inegavelmente bonito, cabelos castanhos sempre perfeitamente penteados, olhos amendoados que raramente encontravam os dela, altura imponente que preenchia qualquer ambiente.

Vestia um terno Hugo Boss azul marinho que realçava seus ombros largos. Mas havia algo diferente em sua postura. Suas mãos estavam levemente trêmulas. Preciso, preciso falar com você”, ele disse, sem conseguir olhá-la diretamente. Daniele sentiu o ar faltar. Seria sobre o divórcio. Finalmente ele havia decidido terminar aquela farça. “Claro”, ela murmurou, fechando o notebook completamente.
Ederson entrou no escritório, suas mãos enterradas nos bolsos da calça social. O ambiente de repente pareceu pequeno demais para os dois. Amanhã à noite há um evento importante no Copacabana Palace. Investidores internacionais interessados em nossos projetos imobiliários. Ele fez uma pausa passando a mão pelos cabelos. Preciso que você preciso que me acompanhe.
As palavras saíram rapidamente, como se ele quisesse se livrar delas o mais rápido possível. Daniele piscou várias vezes, processando o que havia ouvido. Em dois anos de casamento, essa era definitivamente a conversa mais longa que haviam tido. “Você quer que eu vá com você para o Rio?”, perguntou incrédula. “É importante para a empresa.
Esses investidores valorizam estabilidade familiar. Um homem casado passa mais confiança.” Ederson finalmente a olhou nos olhos. É só um evento, uma noite. Daniele sentiu uma mistura de raiva e curiosidade. Após dois anos sendo tratada como se fosse invisível, agora de repente ela era útil. E por que deveria aceitar? A pergunta saiu mais ácida do que ela pretendia.
Pela primeira vez, Ederson pareceu genuinamente surpreso com uma reação dela. Seus olhos se arregalaram ligeiramente. “Eu bem, nós somos casados”, ele disse, como se isso explicasse tudo. “No papel?” Daniele replicou, se levantando da cadeira. Apenas no papel, Ederson. Você me ignora há dois anos.
Trata-me como se eu fosse um fantasma nesta casa e agora precisa de uma esposa decorativa para impressionar investidores. O silêncio que se seguiu foi diferente dos silêncios habituais entre eles. Este carregado de tensão, de palavras não ditas durante anos. “Vai voar comigo amanhã às 3 da tarde”, ele disse finalmente, voltando à sua voz executiva. O evento começa às 8.
Voltamos na manhã seguinte. Daniele o observou se dirigir à porta. Mas algo a fez falar. Éerson. Ele parou sem se virar. Da próxima vez que precisar de mim como acessório, pelo menos tenha a cortesia de perguntar ao invés de simplesmente informar. Ela viu os ombros dele se tensionarem.
Por um momento, achou que ele fosse dizer alguma coisa, mas Ederson simplesmente saiu, deixando para trás apenas o aroma sutil de seu perfume Hugo Boss e uma Daniele completamente confusa. Pela primeira vez em dois anos, ela teve certeza de que algo fundamental estava prestes a mudar. A questão era para melhor ou para pior? Na manhã seguinte, Daniele acordou com a sensação estranha de que havia sonhado com a conversa da noite anterior.
Mas o bilhete na mesa de cabeceira, escrito com a caligrafia impecável de Ederson, confirmava que tudo havia sido real. O carro vai buscá-la às 14 horas. Use algo elegante, e s, ela segurou o papel entre os dedos, analisando cada palavra. Até mesmo em um bilhete, Ederson mantinha a formalidade fria. Use algo elegante, como se ela fosse uma funcionária recebendo instruções de dress code.
Daniele abriu o closet que ocupava uma parede inteira do quarto. Roupas caríssimas penduradas em ordem cromática, presentes de casamento de sua sogra que ela raramente usava. Afinal, para quem se arrumar quando se vive como fantasma? Seus dedos deslizaram pelos tecidos luxuosos até encontrar um vestido que havia ganhado em seu aniversário de 26 anos a três meses.
Rederson nem sequer havia se lembrado da data, mas Margarete Santos, sua sogra, mandara entregar uma caixa da Daslu com um vestido azul marinho de seda italiana. Perfeito,” murmurou Daniele, tirando o vestido do cabide enquanto tomava um banho demorado na banheira de mármore, deixou sua mente vagar.
Por que Ederson havia pedido para ela o acompanhar justamente agora? Em dois anos, ele havia comparecido sozinho a dezenas de eventos corporativos, o que havia mudado. Às 2as da tarde, em ponto, um Mercedes preto parou em frente à mansão. O motorista, um senhor de meia idade, uniformizado, desceu para abrir a porta. Senora Santos, sou o Carlos. Vim buscá-la para o aeroporto.
Daniele respirou fundo. Sentia-se como uma atriz prestes a entrar em cena para um papel que não havia ensaiado. No aeroporto de Congonhas, ela foi conduzida diretamente ao hangar da aviação executiva. O jato particular da Santos Holdings brilhava sob o sol da tarde, imponente e intimidador, como tudo na vida dos santos.
Ederson já estava a bordo, concentrado no laptop, vestindo um terno cinza carvão que realçava seus olhos. Quando ela entrou na aeronave, ele ergueu o olhar por apenas um segundo antes de voltar à tela. “Boa tarde”, disse Daniele, acomodando-se na poltrona de Couro bege em frente à dele. “Boa tarde”. A resposta veio automática, sem que ele levantasse os olhos novamente.
Durante os 40 minutos de voo até o rio, eles não trocaram uma palavra. Danielle observa as nuvens pela janela enquanto Ederson digitava furiosamente no teclado. O único som era o ronco suave dos motores e o tecttec constante das teclas. Ao pousarem nos Santos do Mon, Danielle percebeu que suas mãos estavam suando.
Não era nervosismo pelo evento, era a tensão de estar tão próxima de Ederson. Após dois anos de distância cuidadosamente mantida. “O carro nos levará direto para o hotel”, disse Ederson, fechando o laptop. Você tem uma hora para se arrumar antes do evento. Uma hora é suficiente, respondeu Daniele, surpresa com o tom firme de sua própria voz.
Quando eles saíram do avião juntos, Daniele notou algo que não esperava. Algumas pessoas no aeroporto os observavam. Um casal bonito. Ele claramente empresário bem-sucedido. Ela elegante e misteriosa. Pela primeira vez em dois anos, Daniele se viu através dos olhos de estranhos e não gostou da farça que estavam representando. No carro a caminho do Copacabana Palace, ela tomou uma decisão.
Se Ederson queria que ela representasse o papel de esposa perfeita, ela faria isso, mas dessa vez seria nos próprios termos dela. Ederson, disse ela, quebrando o silêncio pesado no interior do Mercedes. Sim, se vou ser sua esposa esta noite, preciso saber com quem vou estar falando.
Quem são esses investidores? Qual é exatamente esse projeto? Ederson a olhou como se ela tivesse crescido uma segunda cabeça. Em dois anos, Daniele nunca havia demonstrado interesse pelos negócios dele. São europeus, principalmente alemães e holandeses. Querem investir em resortes e complexos residenciais no litoral brasileiro. Sua voz era cautelosa, como se estivesse testando terreno desconhecido.
E por que escolheram a Santos Holdings? Temos experiência com projetos de grande porte e Ederson parou. Estudando o rosto dela. Por que está interessada? Daniele sorriu. O primeiro sorriso genuíno que dera em meses. Porque ao contrário do que você pensa, eu não sou apenas decoração. Sou formada em administração pela FGV. Falo inglês e espanhol fluentemente e trabalhei com consultoria para multinacionais antes de Ela fez uma pausa significativa. Antes de me tornar invisível.
O silêncio que se seguiu foi diferente de todos os outros. Ederson a observava com uma expressão que Daniele não conseguia decifrar. Surpresa, interesse, ou apenas irritação por ela estar saindo do roteiro de esposa silenciosa. Não sabia. Foi tudo que ele disse. Há muita coisa que você não sabe sobre mim, Ederson.
Dois anos de casamento e você nunca fez uma pergunta sobre quem eu realmente sou. O Mercedes parou em frente ao icônico Copacabana Palace. Porteiros uniformizados se aproximaram para abrir as portas. Daniele respirou fundo, ajeitou o vestido azul marinho e preparou-se para a primeira noite em dois anos em que não seria apenas a senora Santos invisível. Esta noite ela seria Daniele, que alguma coisa lhe dizia que Ederson não estava preparado para isso. O salão nobre do Copacabana Palace estava impecável.
Lustres de cristal espalhavam luz dourada sobre o ambiente decorado com orquídeas brancas e velas aromáticas. Empresários de terno e mulheres investidos de festa circulavam com taças de champanhe Don Perignon, falando em múltiplos idiomas sobre negócios que movimentavam milhões. Danielle entrou no salão ao lado de Ederson, sentindo todos os olhares convergirem para eles.
Seu vestido azul marinho de seda italiana abraçava suas curvas discretamente, enquanto seus cabelos castanhos caíam em ondas suaves sobre os ombros. Ela se sentia bonita pela primeira vez em anos. Ederson, que bom vê-lo! Um homem alto de cabelos grisalhos se aproximou com um sorriso caloroso. E esta deve ser sua esposa, Klaus.
Permita-me apresentar Daniele, minha esposa”, disse Ederson, colocando a mão levemente em suas costas. O toque, mesmo formal, fez Daniele se arrepiar. “Um prazer conhecê-la, Daniele”, disse Klaus em inglês fluente. “Sou Klaus Weber da Weber Development Group. O prazer é meu, Sr. Weber,”, respondeu Daniele no mesmo idioma, estendendo a mão com elegância. “Ouvi falar muito bem de seus projetos sustentáveis na Holanda. O olho de Klaus brilhou.
Você acompanha o mercado imobiliário europeu?” “Profissionalmente, sim. Trabalhei como consultora para várias empresas internacionais antes.” Daniele lançou um olhar significativo para Ederson. Antes de focar em outros projetos, Ederson a observava com uma expressão que ela nunca havia visto antes. Surpresa, admiração. Antes que ela pudesse analisar melhor, outro grupo se juntou à conversa.
Por uma hora, Daniele circulou pelo salão ao lado de Ederson, conversando fluentemente em inglês e espanhol com os investidores. Ela discutiu tendências de mercado, sustentabilidade na construção civil e oportunidades de crescimento no Brasil. com um conhecimento que impressionou a todos, incluindo seu próprio marido.
“Sua esposa é muito inteligente”, comentou uma empresária alemã com Ederson, enquanto Daniele conversava em espanhol com um grupo de investidores madrilhos. “Você é um homem de sorte.” Ederson seguiu o olhar da mulher até Daniele, que gesticulava animadamente explicando algo sobre o mercado brasileiro.
Seus olhos brilhavam de uma forma que ele nunca havia notado, ou talvez nunca tivesse realmente olhado. “É”, murmurou ele. “Sou mesmo. Eram quase 10 da noite quando Daniele se dirigiu ao bar para pedir uma água. Estava se sentindo confiante pela primeira vez em anos, quando uma voz masculina a surpreendeu. “Com licença, você não é Daniele Costa? Ela se virou e encontrou um homem moreno de aproximadamente 35 anos, vestindo um terno elegante e sorrindo calorosamente.
Sou Daniele Costa Santos agora. Ela corrigiu educadamente. E o senhor é Roberto Silva. Somos da mesma turma da FGV, lembra? Eu me sentava duas fileiras atrás de você na aula de mercados internacionais. A memória voltou instantaneamente. Roberto Silva, o aluno brilhante que sempre fazia perguntas inteligentes durante as aulas.
Ele estava mais maduro, agora mais confiante, mas o sorriso era o mesmo. Claro, Roberto, como você está? Daniele sentiu uma alegria genuína, algo que não experimentava há muito tempo. Muito bem, tenho uma empresa de consultoria em comércio internacional aqui no Rio e você continua na área. Trabalho como freelancer, principalmente com traduções e consultorias pontuais, Daniele admitiu, sentindo-se ligeiramente constrangida. Que desperdício”, disse Roberto balançando a cabeça.
“Você era uma das melhores alunas da turma. Com sua experiência em mercados internacionais, poderia estar comandando qualquer multinacional”. Antes que Daniele pudesse responder, sentiu uma presença familiar atrás de si. Ederson se aproximou, sua postura mais rígida do que o usual. “Daniele”, disse ele com um tom que ela não conseguiu identificar. Ederson.
Este é Roberto Silva, colega da faculdade. Roberto, meu marido, Ederson Santos. Os dois homens se cumprimentaram formalmente, mas Daniele percebeu uma tensão sutil no ar. Roberto estava me contando sobre sua empresa de consultoria internacional, disse Daniele, tentando amenizar o clima. Que interessante”, respondeu Ederson, mas seu tom sugeria o contrário.
“Na verdade”, disse Roberto, dirigindo-se diretamente a Daniele. “Estou expandindo a empresa e procurando alguém com seu perfil. Que tal jantarmos amanhã no fazano para conversarmos melhor? Tem uma proposta que pode interessá-la”. O silêncio que se seguiu foi carregado de tensão.
Daniele sentiu o olhar de Ederson queimando sua pele, mas havia algo no convite de Roberto que a intrigou. uma oportunidade de ser valorizada profissionalmente depois de anos de invisibilidade. Eu, ela começou, mas Ederson a interrompeu. “Nós voltamos para São Paulo amanhã de manhã cedo”, disse ele, sua voz controlada, mas firme. “Que pena”, disse Roberto. “Mas seus olhos permaneceram fixos em Daniele.
Então, talvez em São Paulo. Você tem meu cartão?” Quando Roberto se afastou após trocar contatos com Daniele, ela percebeu que Ederson estava diferente. Seus punhos estavam cerrados e havia algo em seus olhos que ela nunca havia visto antes. “Siúme! Pronta para irmos?”, perguntou Ederson, sua voz mais brusca do que de costume. Daniele o seguiu até o elevador em silêncio, mas sua mente estava acelerada.
Em uma noite, ela havia redescoberto quem realmente era, inteligente, capaz e interessante. E pela primeira vez em dois anos, alguém, na verdade várias pessoas haviam realmente a visto. A questão era: Éerson também havia visto? E se sim, o que ele pretendia fazer a respeito? No elevador a caminho do quarto, o silêncio entre Daniele e Ederson era ensurdecedor. Ela observava os números subindo no display digital.
enquanto sentia o peso do olhar dele sobre si. Quando as portas se abriram no 12º andar, Ederson saiu primeiro com passos decididos. “Temos quartos separados”, disse ele secamente, entregando-lhe um cartão chave. “Saímos às 8 da manhã”. Daniele pegou o cartão, seus dedos roçando brevemente os dele.
“Ederson, você está bem?” Ele parou em frente à porta do quarto 1205, sem olhá-la. “Por que não estaria? Você está diferente desde que conversei com Roberto. Não sei do que está falando. Ederson deslizou o cartão na fechadura com mais força do que necessário. Boa noite, Daniele. Mas algo no tom dele fez Daniele dar um passo à frente. Pela primeira vez em dois anos, ela não ia simplesmente aceitar ser dispensada.
Nós precisamos conversar. Não há nada para conversar. Ah, sim. Daniele surpreendeu a si mesma com a firmeza de sua voz. Você me trouxe aqui para representar o papel de esposa perfeita” e foi exatamente isso que fiz. Conversei com seus investidores, impressionei-os com meu conhecimento. Fui a parceira que você queria que eu fosse.
Ederson finalmente se virou para ela, seus olhos amendoados brilhando com uma emoção que ela não conseguia nomear. “E foi isso mesmo?”, disse ele a voz baixa e controlada. “Você representou muito bem. Então, por que está agindo como se eu tivesse feito algo errado? Você não fez nada errado. Ederson passou a mão pelos cabelos, desarrumando o penteado perfeito. Absolutamente nada. Daniele estudou o rosto dele, procurando pistas.
Havia algo na forma como seus ombros estavam tensos, na maneira como ele evitava olhá-la diretamente. “Você está com ciúmes?”, disse ela, a revelação saindo como uma pergunta. Os olhos de Ederson se arregalaram. “Eu não seja ridícula. Você está sim. está com ciúmes do Roberto. Por que eu teria ciúmes de um completo estranho? Porque ele me viu.
As palavras saíram de Daniele com uma honestidade crua que surpreendeu ambos. Pela primeira vez em dois anos, alguém me olhou e viu quem eu realmente sou. Não apenas a senora Santos invisível, mas Daniele, a pessoa que sou por baixo deste vestido caro e deste anel de casamento. Ederson a encarou em silêncio.
No corredor silencioso do hotel, ela podia ouvir o próprio coração batendo. “E você não gostou disso?”, continuou ela dando um passo em direção a ele. “Não gostou de ver outros homens interessados na mulher que você ignora há do anos.” “Daniele?” A voz dele saiu rouca. Durante dois anos, você me tratou como se eu fosse transparente, como se eu não existisse, e hoje, pela primeira vez, você me viu sendo vista, e isso te incomodou. Ederson fechou os olhos por um momento, como se estivesse lutando contra algo interno.
Você está certa, admitiu finalmente. Sua voz barell audível. Eu não gostei. Não gostei de ver a forma como aquele homem olhava para você. Como se você fosse. Como se eu fosse o quê? como se você fosse a mulher mais interessante do mundo. O silêncio que se seguiu foi diferente de todos os outros que haviam compartilhado.
Este carregado de possibilidades, de palavras que esperavam para ser ditas. E você sabe qual é a parte mais irônica? perguntou Daniele suavemente. É que eu sempre fui essa pessoa, sempre fui inteligente, interessante, capaz de manter uma conversa fascinante, mas você nunca se deu ao trabalho de descobrir isso. Ederson abriu os olhos e Daniele viu algo neles que nunca havia visto antes.
Arrependimento, desejo, medo. Você tem razão disse ele. E eu eu não sei como consertar isso. Pela primeira vez em dois anos, Daniele viu vulnerabilidade em Ederson. O se confiante e imponente havia dado lugar a um homem confuso e perdido. “Talvez comece tentando me conhecer de verdade”, sugeriu ela gentilmente.
Ederson deu um passo em direção a ela, diminuindo a distância entre eles. “Como era seu nome de solteira mesmo?”, perguntou ele. E pela primeira vez havia genuína curiosidade em sua voz. Daniele sorriu. Um sorriso pequeno, mas real. Daniele Costa, filha de José e Maria Costa, nascida em Santo André, formada em administração pela FGV, sonhava em trabalhar para uma grande multinacional.
E o que aconteceu com esse sonho? A pergunta pairou no arre duas ears de história não contada. Talvez”, disse Daniele, deslizando o cartão chave no quarto ao lado. “Essa seja uma conversa para outro dia.” Ela entrou no quarto e fechou a porta suavemente atrás de si, deixando Ederson sozinho no corredor, finalmente começando a entender o que havia perdido durante dois anos de cegueira deliberada.
Do outro lado da porta, Daniele apoiou as costas contra a madeira e fechou os olhos. pela primeira vez em anos, sentiu que algo estava mudando. A questão era se essa mudança chegaria tarde demais. Daniele acordou às 7 da manhã com o som suave do telefone do hotel. A voz de Ederson do outro lado era diferente, menos formal, mais hesitante. Bom dia. O café da manhã é servido até às 10.
Podemos Podemos tomar café juntos? Ela piscou várias vezes, certificando-se de que não estava sonhando. Ederson Santos estava convidando-a para tomar café da manhã juntos voluntariamente. “Claro”, respondeu ela, tentando soar casual. Nos encontramos no restaurante em meia hora? Na verdade, pensei que poderíamos pedir no quarto, no meu quarto? Se você estiver confortável com isso.
Daniele sentou-se na cama, completamente desperta agora. Algo havia mudado drasticamente durante a noite. Está bem. Estarei aí em 20 minutos. Quando bateu na porta do quarto 1205, Daniele ainda não sabia o que esperar. Mas quando Ederson abriu a porta, ela quase não o reconheceu. Ele estava descalço, vestindo uma camiseta branca simples e calça jeans, roupas que ela nunca havia visto ele usar. Seu cabelo estava desarrumado e havia algo diferente em seus olhos.
Entre”, disse ele, abrindo espaço para ela passar. O quarto estava organizado de forma diferente. Hederson havia empurrado as cadeiras para perto da janela que dava para a praia de Copacabana. A mesa estava posta para duas pessoas com frutas tropicais, pães frescos, geleia e café aromático. “Você organizou tudo isso?”, perguntou Daniele, genuinamente surpresa.
Eu pensei que seria melhor do que o restaurante, mais privativo. Ederson estava nervoso. Ela podia ver pelas mãos ligeiramente trêmulas enquanto ele servia o café. Eles se sentaram um de frente para o outro, a luz dourada da manhã carioca entrando pela janela. Por um momento, nenhum dos dois sabia como começar. Daniele”, disse Ederson finalmente. “Eu passei a noite inteira pensando no que você disse.
” Ela o observou cortar uma fatia de mamão com cuidado excessivo, claramente procurando coragem para continuar. “Etava certa, sobretudo eu nunca me dei ao trabalho de conhecer você. Durante dois anos vivi com uma estranha e fingi que isso era normal. Por quê?” A pergunta saiu mais suave do que ela pretendia. Por que me manteve à distância todo esse tempo? Ederson colocou o garfo de lado e finalmente a olhou nos olhos.
Porque foi mais fácil? Nosso casamento foi arranjado pelos nossos pais. Você sabe disso. Eu pensei pensei que se não nos envolvêssemos emocionalmente, seria mais simples para ambos. Mais simples para quem, Ederson? Você acha que foi simples para mim viver como um fantasma na própria casa? Ele baixou o olhar. Não, eu sei que não foi.
E eu eu sinto muito. Eram as primeiras palavras de desculpa que Daniele ouvia dele em dois anos. Ontem à noite, continuou Ederson, quando vi aquele homem conversando com você, vi como seus olhos brilhavam. Vi como você ficou animada falando sobre coisas que te interessam e percebi que eu nunca havia visto você assim.
E como isso te fez se sentir? Ederson riu amargamente, com ciúmes, com uma raiva que eu não conseguia entender. E então percebi que estava com ciúmes da minha própria esposa por estar sendo feliz. Daniele sentiu seu coração apertar. Havia uma honestidade crua na voz dele que ela nunca havia ouvido antes. “Quero conhecer você de verdade”, disse ele, estendendo a mão sobre a mesa. “Quero saber sobre seus sonhos, suas frustrações, suas esperanças.
Quero saber como você toma o café, qual é sua cor favorita? Que tipo de filme te faz chorar? Daniele olhou para a mão estendida dele. Era uma mão bonita, cuidada, mas ela podia ver um tremor quase imperceptível. Por que agora? Perguntou ela. O que mudou? Eu mudei. Ontem vendo você brilhar naquele salão, percebi que estava desperdiçando algo precioso.
Que estava desperdiçando você? Daniele colocou sua mão sobre a dele. O toque foi elétrico. A primeira vez que se tocavam voluntariamente em dois anos. Ederson, você precisa entender uma coisa. Não posso simplesmente fingir que os últimos dois anos não aconteceram. Você me machucou profundamente ao me ignorar. Eu sei.
E vou passar o resto da vida tentando compensar isso, se você me der uma chance. Eles ficaram em silêncio por um momento, mãos entrelaçadas, olhando um para o outro, como se estivessem se vendo pela primeira vez. “Minha cor favorita é verde esmeralda”, disse Daniele. “Finalmente, tomo café com açúcar mascavo e um pouquinho de canela, e choro assistindo filmes sobre animais.” Ederson sorriu.
O primeiro sorriso genuíno que ela via dele. “E?”, perguntou ela. O que eu não sei sobre Ederson Santos. Bem, disse ele, apertando levemente a mão dela. Eu odeio usar terno, mas preciso para o trabalho. Minha comida favorita é sanduíche de mortadela que minha avó fazia quando eu era criança. E ontem foi a primeira vez que senti ciúmes de verdade na minha vida. Daniele riu.
Uma risada leve e genuína que fez o coração de Ederson acelerar. Temos muito o que conversar”, disse ela. “Temos o resto da vida para isso”, respondeu ele. E pela primeira vez em dois anos, ambos acreditaram que isso podia ser verdade, mas nenhum dos dois imaginava que a descoberta do verdadeiro motivo por trás do casamento deles estava apenas a alguns meses de distância e que testaria esse novo começo de uma forma que eles jamais poderiam imaginar.
Duas semanas após o retorno do rio, Daniele acordou com um aroma que não sentia há anos, café fresco e pão quentinho vindo da cozinha. Eram 6 da manhã, mas ao invés do silêncio habitual da casa, ela ouvia ruídos suaves vindos do andar de baixo. Curiosa, ela desceu usando o roupão de seda bege e encontrou uma cena que a deixou boque aberta.
Ederson estava na cozinha vestindo uma camiseta e jeans, preparando uma mesa de café da manhã elaborada. Havia pães de açúcar frescos, frutas cortadas artisticamente, ovos mexidos e até mesmo flores, gerérberas amarelas em um vaso de cristal. “Bom dia”, disse ele, levantando o olhar quando a viu na entrada da cozinha. Havia algo diferente em seus olhos, uma luz que ela não via há muito tempo.
“Bom dia, você preparou tudo isso?” Daniele ainda não conseguia processar completamente a cena. Pensei que poderíamos tomar café juntos. De verdade desta vez. Ederson limpou as mãos no pano de prato, um gesto tão caseiro e natural que contrastava completamente com o co imponente que ela conhecia. Eles se sentaram à mesa da cozinha, não formal sala de jantar, mas no espaço íntimo próximo à janela que dava para o jardim.
Pela primeira vez em dois anos, Daniele não precisou se esconder em seu escritório às 6:15. “Como você sabia que eu gosto de gerérberas?”, perguntou ela, tocando delicadamente as pétalas amarelas. Ederson corou ligeiramente. Eu prestei atenção ontem quando você parou para admirar as flores do jardim. Você me observou? Comecei a observar muitas coisas sobre você”, admitiu ele, servindo café para ambos.
Como você morde o lábio inferior quando está concentrada trabalhando. Como seus olhos se iluminam quando você ouve jazz vindo do seu escritório. Como você sempre agradece a Conceição três vezes seguidas quando ela traz alguma coisa. Daniele sentiu o coração acelerar. Você notava tudo isso? Eu sempre notei, simplesmente fingia que não.
Durante o café da manhã, eles conversaram como nunca haviam conversado antes. Ederson contou sobre a pressão de assumir a empresa aos 25 anos, quando o pai sofreu o primeiro infarto. Daniele falou sobre como se sentiu perdida quando teve que abandonar os próprios sonhos profissionais após o casamento. “Por que você não continuou trabalhando?”, perguntou Ederson.
Daniele hesitou. Havia coisas sobre seu casamento que ela ainda não estava pronta para revelar. “Foi complicado”, disse ela. “Mudanças de vida exigem adaptações.” Ederson percebeu que ela não queria aprofundar o assunto e respeitou isso. Nos dias seguintes, Daniele começou a notar mudanças surpreendentes na rotina de Ederson. Ele cancelou três reuniões importantes para almoçar em casa.
Trouxe flores diferentes a cada dois dias. sempre algo que ele havia observado que ela gostava. Começou a perguntar sobre seu trabalho, demonstrando genuíno interesse em seus projetos de tradução. “Você traduziu isso tudo sozinha?”, perguntou ele uma noite, folhando um relatório técnico que ela havia terminado.
“Deve ter dado muito trabalho.” “É do que eu gosto”, disse Daniele, surpresa com o interesse. “Cada documento é um desafio diferente. Você é muito talentosa”, disse ele. E a admiração em sua voz era genuína. Eu nunca parei para pensar nisso antes. Uma semana depois, Daniele desceu para tomar café e encontrou um presente embrulhado ao lado de sua xícara.
O que é isso? Perguntou ela. Abra e veja, disse Ederson, nervoso como um adolescente no primeiro encontro. Dentro da caixa havia um livro sobre mercados internacionais, a edição mais recente que ela havia mencionado querer comprar durante uma de suas conversas matinais. Ederson, você não precisava. Eu queria. Quero apoiar seus interesses, seus projetos.
Ele fez uma pausa. Quero apoiar você. Naquela noite, pela primeira vez desde o casamento, eles jantaram juntos na sala de jantar. Ederson havia dispensado Conceição mais cedo e preparado uma refeição simples, macarrão ao molho de tomate e uma salada. “Você cozinha?”, perguntou Daniele impressionada. Aprendi durante a faculdade quando morei sozinho. Minha mãe achou um escândalo.
Ele riu. Disse que homens da nossa família não cozinham. E o que você achou disso? Que ela estava errada sobre muitas coisas, disse Ederson, olhando diretamente nos olhos dela. Após o jantar, eles foram para a sala de estar. Daniele se sentou no sofá de couro bege enquanto Ederson colocava um vinil no toca-discos.
Algo que ela não sabia que ele possuía. Miles Davis, disse ele quando os primeiros acordes de Kind of Blue preencheram o ambiente. Você deixa Jzando quando trabalha. Pensei que pudesse gostar. Eles ficaram em silêncio confortável, ouvindo a música. Daniele estava recostada no sofá, os olhos fechados quando sentiu Ederson se sentar ao seu lado, mais próximo do que ele havia se sentado em dois anos.
Daniele”, disse ele suavemente. Ela abriu os olhos e encontrou-os dele muito próximos. Havia uma intensidade ali que a fez segurar a respiração. “Posso, posso te beijar?”, a pergunta a surpreendeu. Depois de dois anos casados, ele estava pedindo permissão para beijá-la. “Por quê?”, perguntou ela genuinamente curiosa. “Porque quero que seja real desta vez. Quero que você queira também.
” Daniele estudou o rosto dele, as linhas de expressão ao redor dos olhos, a forma como ele mordia o lábio inferior quando estava nervoso, o pequeno sinal de nascença perto da orelha esquerda que ela nunca havia notado antes. “Sim”, sussurrou ela. “O beijo foi diferente de tudo que haviam compartilhado antes. Suave, no início, depois mais intenso, conforme a certeza crescia entre eles.
Quando se separaram, ambos estavam respirando pesadamente. “Uau”, murmurou Daniele. “É”, concordou Ederson, apoiando a testa na dela. “Definitivamente, uau. Pela primeira vez em dois anos, Daniele acreditou que seu casamento poderia se tornar algo real, algo baseado em amor verdadeiro, ao invés de conveniência.
Mas ela ainda não sabia que a descoberta da verdade sobre o acordo entre as famílias estava se aproximando e que testaria esse novo amor de uma forma que quase o destruiria completamente. Um mês havia-se passado desde o beijo na sala de estar e a transformação na dinâmica entre Daniele e Ederson era notável. Eles agora tomavam todas as refeições juntos, conversavam durante horas sobre qualquer assunto e havia uma intimidade crescente que nenhum dos dois experimentara antes. Era uma sexta-feira à noite quando Ederson chegou em casa mais cedo do que
o usual, carregando uma sacola de papel da padaria francesa que Daniele havia mencionado gostar. Trouxe croass para o jantar”, anunciou ele, encontrando-a no escritório, trabalhando em um projeto de tradução. Daniele sorriu, salvando o documento antes de se levantar para cumprimentá-lo.
Havia se tornado natural beijá-lo no rosto quando ele chegava, um pequeno ritual de intimidade que ambos haviam começado a apreciar. “Você está mimo me alimentando”, disse ela brincalhona. Talvez”, admitiu ele, passando os braços ao redor de sua cintura. “É culpa sua por ser tão fácil de agradar”. Eles jantaram na varanda gourmet, observando o pô do sol alaranjado sobre Alfa Ville.
A conversa fluía naturalmente entre assuntos leves e momentos de silêncio confortável. “Daniele”, disse Ederson depois de um tempo. “Posso te fazer uma pergunta pessoal?” “Claro. Você já você já esteve com alguém antes? Intimamente?” Ele corou ao fazer a pergunta como se fosse um adolescente nervoso. Daniele sentiu o sangue subir ao rosto.
Era uma pergunta que ela sabia que eventualmente viria, mas não estava preparada para a honestidade que ela exigia. Não respondeu ela suavemente. Nunca. Os olhos de Ederson se arregalaram. Nunca. Nem antes do nosso casamento. Nunca, repetiu ela. E você sabe por quê? Porque nosso casamento aconteceu tão rápido que eu nunca tive tempo para para viver essas experiências.
Ederson ficou em silêncio por um momento, processando a informação. Você quer dizer que você é virgem? Aos 28 anos sou virgem. Daniele riu sem humor. Patético, não é? Não é patético disse Ederson firmemente, puxando a cadeira dela para mais perto da sua. Não há nada de patético em você, Daniele. Nada. Ele pegou as mãos dela entre as suas, beijando-a suavemente.
E eu? Você quer saber sobre meu passado? Perguntou ele. Daniele hesitou. Parte dela queria saber, mas outra parte tinha medo da resposta. Houve algumas pessoas, continuou Ederson antes que ela pudesse responder. Mas nunca nada sério. Nunca nada que se parecesse com o que estou sentindo por você agora e o que você está sentindo por mim. A pergunta saiu em um sussurro.
Ederson se levantou, puxando-a junto. Eles ficaram de pé na varanda, o sol se pondo atrás deles, envolvidos pela brisa suave da noite. “Estou me apaixonando por você”, disse ele, tocando o rosto dela com delicadeza. Todos os dias um pouco mais, e isso me assusta e me emociona ao mesmo tempo. Daniele sentiu os olhos marejarem. Ederson, não precisa dizer nada agora. Só queria que você soubesse.
Ele beijou sua testa suavemente. E quero que saiba também que quando você estiver pronta, se você quiser, eu gostaria de ser o primeiro e o último. Naquela noite, eles ficaram conversando na cama, apenas conversando. Daniele usando uma camisola de seda e de pijama. Era a primeira vez que dividiam a cama para algo além de dormir separadamente.
Como eram seus pais quando você era criança? perguntou Daniele, deitada de lado, para olhá-lo. “Distantes,”, admitiu Ederson. “Meu pai sempre viajando a negócios. Minha mãe sempre envolvida com a sociedade paulistana. Eu cresci mais próximo da empregada dona Carmen do que dos meus próprios pais.
Isso te machucava?” Eu pensava que era normal até começar a visitar as casas dos meus colegas e ver famílias de verdade, famílias que jantavam juntas, que conversavam, que demonstravam afeto. É por isso que você manteve distância de mim todos esses anos, porque não sabia como ser próximo de alguém? Ederson virou-se para ela, seus rostos agora a centímetros de distância, talvez. Mas também porque eu tinha medo de que você descobrisse quem eu realmente sou e não gostasse e quem você realmente é. Alguém que nunca aprendeu a amar direito.
Alguém que está tentando descobrir como fazer isso agora com você. Daniele estendeu a mão para tocar o rosto dele. Você está se saindo muito bem. O beijo que se seguiu foi diferente dos anteriores, mais profundo, mais urgente. As mãos de Ederson se emaranharam em seus cabelos enquanto ela se aproximava mais dele.
“Daniele”, murmurou ele contra seus lábios. “Você tem certeza?” Ela olhou nos olhos dele, vendo vulnerabilidade e desejo e algo mais profundo. “Tenho certeza”, sussurrou ela. O que aconteceu depois foi uma descoberta gentil, cheia de carinhos sussurados e toques reverentes. Hederson foi paciente, atencioso, fazendo questão de que cada momento fosse sobre ela, sobre eles, sobre o amor que estava crescendo entre eles.
Depois, deitados, entrelaçados, Daniele apoiou a cabeça no peito de Ederson, ouvindo seu coração bater. “Obrigada”, disse ela suavemente. “Pelo quê?” “Por ter valido a pena esperar.” Ederson beijou o topo de sua cabeça, puxando-a mais para perto. “Obrigado você”, disse ele, “po me ensinar o que é amar de verdade.
Nenhum dos dois sabia que suas declarações de amor seriam testadas da forma mais cruel possível em apenas algumas semanas. Quando Daniele descobrisse que mesmo esse novo começo havia sido construído sobre uma mentira cuidadosamente elaborada. Dois meses haviam-se passado desde a primeira noite de intimidade real entre Daniele e Ederson, e a transformação em suas vidas era notável. A casa em Alphaville, antes silenciosa como um mausoléu, agora ressoava com risadas, conversas e música jazz nas manhãs de sábado.
Daniele estava na cozinha preparando um bolo de cenoura, a receita da avó que ela havia encontrado em um caderno esquecido quando sentiu braços familiares envolvendo sua cintura por trás. Cheira bem”, murmurou Ederson, beijando seu pescoço suavemente. “Espera só provar”, disse ela, se virando em seus braços para roubar um beijo rápido. Era domingo de manhã e eles haviam criado uma nova tradição.
Passar o fim de semana inteiro juntos, sem telefones corporativos, sem e-mails, apenas eles dois descobrindo um ao outro mais a cada dia. Tenho uma surpresa para você”, disse Ederson com aquele sorriso que ela havia aprendido a amar. Que tipo de surpresa? Do tipo que requer você usar roupa confortável e estar pronta em uma hora.
Uma hora depois, eles estavam no Mercedes conversível de Ederson, dirigindo pela Marginal Pinheiros, com os vidros abertos, e The Girl from Ipanema tocando no som. Danielle havia colocado um vestido leve florido e seus cabelos dançavam no vento. “Para onde estamos indo?”, perguntou ela, gritando um pouco por causa do vento. “Para um lugar que eu costumava ir quando era criança”, respondeu Ederson.
“Um lugar onde eu era apenas uma pessoa normal, não o herdeiro da Santos Holdings. 30 minutos depois, eles pararam em frente a uma casa simples em Santo André. Coincidentemente, o mesmo bairro onde Daniele havia crescido. Ela sentiu o coração apertar com a familiaridade das ruas. Éerson, o que é este lugar? A casa da dona Carmen, minha antiga babá, a única pessoa que me amou incondicionalmente durante minha infância. Ele pegou a mão dela. Quero que você a conheça.
Dona Carmen era uma senhora de 60 e poucos anos, baixinha e redonda, com olhos calorosos que se iluminaram quando viu Ederson. “Meu menino!”, exclamou ela o abraçando forte. “Que saudade, dona Carmen. Esta é Daniele, minha esposa.” Os olhos da senhora se arregalaram. “Sua esposa? Mas que linda. Entra, entra. Vou fazer café e pão de açúcar.
Eles passaram a tarde inteira na casa simples, mas aconchegante, ouvindo dona Carmen contar histórias de Ederson criança, Daniele descobriu que ele havia sido uma criança solitária que encontrava consolo na cozinha quentinha da babá, longe da frieza da mansão dos pais. Ele chegava aqui chorando porque os pais brigavam, contou dona Carmen, servindo mais café.
E eu fazia sanduíche de mortadela e contava histórias até ele adormecer no meu colo. Daniele observou Ederson corar e sentiu seu coração se encher de ternura por aquele homem que estava se permitindo ser vulnerável com ela. Dona Carmen foi quem me ensinou o que é uma família de verdade, disse Ederson. Por isso queria que você a conhecesse.
Na volta para casa, eles pararam no mirante da cidade. O sol estava se pondo, pintando o céu de laranja e rosa. “Obrigada por me trazer aqui hoje”, disse Daniele, aninhada nos braços dele. “Entendo muito mais sobre você agora. E o que você entende? Que por baixo de toda essa armadura de se bem-sucedido, você é apenas um menino que queria ser amado.” Ederson ficou quieto por um momento.
“E você me ama?” Daniele se virou para olhá-lo nos olhos. Era a primeira vez que a pergunta era feita diretamente. “Sim”, disse ela simplesmente. “Eu te amo, Ederson. O beijo que eles compartilharam ali com a cidade de São Paulo se iluminando ao fundo foi cheio de promessas e esperanças. “Eu também te amo”, sussurrou ele contra seus lábios. Mais do que imaginei ser possível.
Naquela noite, eles fizeram amor com uma intensidade diferente, sabendo que haviam finalmente encontrado algo real e verdadeiro um no outro. “Sabe o que eu quero?”, disse Daniele, deitada no peito de Éerson depois. “O quê? Quero construir uma família. Uma família de verdade, cheia de amor e carinho, o oposto de como você cresceu.” Ederson a abraçou mais forte.
Eu quero isso também, mais do que qualquer negócio, mais do que qualquer sucesso profissional. Filhos? Perguntou ela timidamente. Quantos você quiser? respondeu ele, beijando seu cabelo. Vamos encher esta casa de risadas e bagunça e amor. Daniele sorriu no escuro. Pela primeira vez em sua vida, o futuro parecia brilhante e cheio de possibilidades.
Mas nem ela nem Ederson imaginavam que em apenas duas semanas Danielle encontraria por acaso os documentos que revelariam que mesmo essa felicidade recém-coberta havia sido construída sobre uma mentira que datava do próprio início do casamento deles. A descoberta que estava por vir não apenas questionaria tudo que eles haviam construído, mas quase destruiria o amor verdadeiro que haviam finalmente encontrado um no outro.
Era uma terça-feira chuvosa quando Daniele desceu ao escritório de Ederson, procurando uma grampeador. Ele estava em São José dos Campos visitando uma obra e ela havia prometido terminar um projeto de tradução urgente antes de seu retorno. O escritório de Ederson era um santuário masculino, paredes revestidas em madeira escura, estante repleta de livros técnicos e troféus empresariais.
Daniele raramente entrava ali, mas hoje a necessidade do material de escritório a fizera quebrar a regra não dita. Enquanto procurava na gaveta da mesa, seus dedos bateram em uma pasta de couro que estava mal fechada. Alguns papéis escorregaram para o chão. Quando se abaixou para recolhê-los, uma palavra familiar chamou sua atenção.
Costa, seu próprio sobrenome de solteira, estava impresso em um documento oficial. Curiosa, ela leu a primeira linha. Acordo de aquisição empresarial e união matrimonial Santos Holdings e Costa Contabilidade. O sangue de Daniele gelou. Com as mãos tremendo, ela se sentou na cadeira de couro de Ederson e começou a ler o documento completo. O que descobriu a fez sentir como se o chão tivesse desaparecido sob seus pés.
O casamento deles era parte de um contrato comercial meticulosamente elaborado. A Santos Holdings adquiriria a Costa Contabilidade por R$ 10 milhões deais, absorvendo todas as dívidas da família de Danielle. Em troca, ela se casaria com Ederson e permaneceria casada por no mínimo três anos, fazendo aparições públicas necessárias para manter a imagem da empresa.
Havia cláusulas específicas sobre comportamento, residência, aparições sociais e até mesmo sobre ter filhos. Pelo menos um herdeiro nos primeiros 5 anos de casamento para garantir continuidade familiar. Daniele leu o documento três vezes, cada palavra se cravando em seu coração como uma adaga. Havia assinaturas de todos os envolvidos. Seu pai, José Costa, o pai de Ederson, Eduardo Santos, e no final da última página sua própria assinatura ao lado da de Ederson. Ela se lembrava daquele dia há dois anos.
Seus pais haviam dito que era uma formalidade papelada do casamento. Ela assinou confiando na palavra deles, nunca imaginando que estava literalmente vendendo sua vida. Uma pasta adicional continha relatórios financeiros detalhados. A Costa Contabilidade havia acumulado dívidas de 1,5 milhão deais devido a investimentos ruins de seu pai. A empresa estava à beira da falência quando a proposta de salvamento apareceu.
Daniele encontrou até mesmo e-mails entre os pais das duas famílias, discutindo ela como se fosse um ativo empresarial. A menina é bonita e educada. Fará uma boa esposa para nosso filho e uma boa imagem para a empresa. Eduardo Santos. Daniele é obediente e não causará problemas. Ela entende a importância da família. José Costa.
As lágrimas começaram a cair quando ela leu uma mensagem particularmente cruel. Ederson compreende que se trata de um arranjo comercial. Não há necessidade de envolvimento emocional real. Mantenham distância apropriada até que os objetivos da empresa sejam atingidos. Eduardo Santos. Tudo fazia sentido. Agora, a frieza de Ederson durante dois anos não era devido à timidez ou educação distante.
Eram instruções específicas para manter o casamento como transação comercial até que fosse conveniente mudá-lo. Mas então veio a pergunta que a destruiu completamente: “E agora? Toda essa transformação, todo esse amor era real ou apenas a próxima fase do plano?” Daniele se lembrou das palavras de Ederson. Estou me apaixonando por você. Era verdade.
Ou ele havia recebido novas instruções do pai para tornar o casamento mais convincente? Ela pegou o celular com mãos trêmulas e ligou para seus pais. “Pai”, disse ela quando José atendeu, “peiso que me conte a verdade sobre meu casamento.” O silêncio do outro lado da linha foi confirmação suficiente. “Daniele, filha, eu posso explicar?” Explique então. Explique como vocês me venderam como se eu fosse gado. A voz dela saiu mais alta do que pretendia.
Nós estávamos falindo. Íamos perder tudo. A empresa, a casa. Eu poderia até ser preso pelas dívidas. A família Santos ofereceu uma solução. Uma solução que incluía vender sua filha. Não foi assim. Nós pensamos que vocês poderiam se apaixonar com o tempo, que seria bom para ambos.
Daniele desligou o telefone, não conseguindo ouvir mais justificativas. Quando Ederson chegou em casa às 8 da noite, animado e trazendo flores como havia se tornado seu costume, encontrou apenas uma nota na mesa da sala. Descobri a verdade sobre nosso casamento. Estou no hotel Unique, na Vila Madalena. Não tente me contactar até eu estar pronta para conversar. Danielle.
Os documentos que ela havia encontrado estavam espalhados sobre a mesa. Uma acusação silenciosa que fez o mundo de Ederson desmoronar instantaneamente. Pela primeira vez em sua vida adulta, o CEO, poderoso e controlado, se sentou no chão de sua sala de estar e chorou, percebendo que poderia ter perdido a única coisa que realmente importava, o amor da mulher, que havia finalmente aprendido a amar de volta.
O hotel Unique na Vila Madalena se tornou o refúgio de Daniele pelos próximos sete dias. Do quarto moderno no 10º andar, ela observava São Paulo pulsar lá embaixo enquanto processava a dor da traição descoberta. Durante a primeira semana, o telefone tocou incansavelmente. Ederson ligava a cada duas horas, deixando mensagens de voz que ela não conseguia suportar escutar. No terceiro dia, ela finalmente decidiu ouvir uma.
Daniele, por favor, me deixe explicar. Sei que você descobriu sobre o contrato, mas isso não muda o que sinto por você agora. O que temos é real. Eu juro que é real. Por favor, apenas me dê uma chance de explicar.
A voz dele estava rouca, desesperada, de uma forma que ela nunca havia ouvido antes, mas a dor ainda estava muito fresca para ela conseguir processar se era genuína ou apenas mais uma performance. No quarto dia, Ederson apareceu no lobby do hotel. Daniele o viu do restaurante onde tomava café da manhã sozinha, vestindo o mesmo terno do dia anterior, os cabelos desarrumados, uma aparência que contrastava drasticamente com o executivo sempre impecável que ela conhecia. Ele falou com o recepcionista por quase uma hora, mas o hotel manteve sua privacidade.
Ainda assim, ele enviou flores, gerberas amarelas com um bilhete simples. Não desisto de você. Nunca vou desistir de nós. E Daniele chorou ao ler o bilhete dividida entre a raiva e a saudade. No quinto dia, ela recebeu uma visita inesperada. Roberto Silva, o colega da FGV que havia conhecido no Rio, estava no lobby.
Como você soube que eu estava aqui? perguntou ela, encontrando-o no café do hotel. Ederson me procurou, disse que você estava passando por um momento difícil e que talvez precisasse conversar com um amigo. Daniele ficou surpresa. Ederson te procurou? Ele estava devastado. Daniele disse que havia perdido a única coisa que importava na vida dele por causa de mentiras do passado. Roberto pediu dois cafés e se sentou de frente para ela.
Quer conversar sobre o que aconteceu? Por duas horas, Daniele contou tudo. O casamento arranjado, os dois anos de solidão, a transformação recente de Ederson e, finalmente, a descoberta devastadora do contrato. A questão é, disse ela no final, como eu sei se o amor dele é real ou se é apenas a nova fase do plano empresarial? Roberto ficou pensativo.
Posso te fazer uma pergunta? Como você se sentia quando estava com ele nos últimos meses? Feliz, pela primeira vez em anos genuinamente feliz. E você acredita que alguém pode fingir o tipo de intimidade que vocês desenvolveram, os pequenos gestos, a vulnerabilidade que ele mostrou? Daniele pensou em todas as manhãs de café na cozinha, nas noites que eles passaram conversando até tarde, na forma como Ederson tremia quando a tocava pela primeira vez. “Eu não sei mais em que acreditar”, admitiu ela.
No sexto dia, Daniele recebeu uma ligação inesperada de dona Carmen. “Minha filha, posso ir visitá-la? Tenho algumas coisas para te contar sobre meu menino. Uma hora depois, a senhora idosa estava no quarto de hotel segurando as mãos de Daniele. Éerson está destruído, disse ela sem rodeios.
Em 50 anos que o conheço, nunca ouvi chorar como tem chorado esta semana. Dona Carmen, você sabia sobre o contrato? Sobre como nosso casamento começou? A senhora suspirou profundamente. Eu sabia que o pai dele havia arranjado o casamento por motivos comerciais.
Mas também vi meu menino se transformar nos últimos meses de uma forma que nunca pensei que fosse possível. Como assim? Ederson sempre foi uma criança fechada que aprendeu a não demonstrar sentimentos porque os pais o rejeitaram quando ele tentava. Mas desde que vocês começaram a se conhecer de verdade, ele tem falado de você com uma luz nos olhos que eu nunca vi. Dona Carmen pegou a bolsa e tirou uma foto. Ele me deu isso na semana passada. Era uma foto deles dois na varanda da casa.
Daniele rindo de algo que Ederson havia dito. Ela se lembrava do momento, um domingo preguiçoso, quando ele havia tentado fazer piada sobre sua habilidade culinária. “Olha a cara dele nesta foto”, disse dona Carmen. “Você consegue fingir um olhar desses?” Daniele estudou a fotografia. Havia algo nos olhos de Ederson que ela não havia notado antes.
Uma adoração genuína, uma felicidade pura que parecia impossível de ser encenada. Mas, dona Carmen, como eu posso ter certeza? Como sei que não é apenas uma extensão sofisticada do plano original? Por quê? Disse a senhora idosa, ontem ele fez algo que nunca imaginei que fosse capaz de fazer.
O quê? Ele brigou com o pai pela primeira vez na vida. Gritaram tanto que os vizinhos ouviram. E no final, Ederson disse que preferia perder toda a empresa do que perder você. Naquela noite sozinha no quarto do hotel, Daniele finalmente ouviu todas as mensagens de voz que Ederson havia deixado. Na última, gravada naquela manhã, sua voz estava diferente.
Daniele, sei que você precisa de tempo e vou respeitar isso, mas quero que saiba que tomei uma decisão. Vou desfazer o contrato, vou devolver a empresa do seu pai e cancelar toda a transação. Porque se isso é o que precisa para provar que meu amor é real, então é isso que vou fazer. Mesmo que você nunca me perdoe, mesmo que nunca volte, eu quero que você seja livre. Livre das mentiras, livre das obrigações, livre para ser feliz.
Eu te amo, Daniele, e é por isso que vou te libertar. Pela primeira vez em uma semana, Daniele sentiu algo além de dor em seu peito. Era uma fagulha pequena, mas real, de esperança. Talvez, apenas, talvez, o amor que eles haviam encontrado fosse forte o suficiente para sobreviver às mentiras que o haviam criado.
Daniele acordou no sétimo dia no hotel com uma sensação estranha no estômago. inicialmente atribuiu ao stress da semana, mas quando a náusea persistiu durante o café da manhã, uma possibilidade assustadora cruzou sua mente. No laboratório Flerry, mais próximo, ela fez o exame de sangue com as mãos tremendo. Duas horas depois, olhando para o resultado, sua vida mudou completamente mais uma vez positivo.
Grávida de aproximadamente seis semanas, ela se sentou no carro alugado no estacionamento do laboratório, segurando o papel. e tentando processar a informação grávida, grávida do filho de Ederson, justo no momento em que descobrira que o casamento deles era uma farça comercial. As lágrimas vieram novamente, mas dessa vez eram diferentes.
Não apenas de dor, mas de medo, confusão e uma ternura inesperada por vida que crescia dentro dela. Daniele dirigiu sem rumo pelas ruas de São Paulo, tentando decidir o que fazer. Finalmente parou em um café na Augusta e ligou para a única pessoa em quem ainda confiava completamente. Conceição, você pode vir me encontrar. Preciso conversar com alguém.
A empregada da mansão, que havia se tornado mais uma mãe para Daniele nos últimos anos, encontrou-a no café uma hora depois. Senhora Daniele, que alívio te ver, disse Conceição a abraçando forte. O Senr. Ederson está ele não está nada bem. Como assim? Ele não come, não dorme direito. Passou os últimos três dias no escritório fazendo ligações e mexendo em papéis. E ontem, Conceição hesitou.
O que aconteceu ontem? Ele brigou feio com o pai, muito feio. O Sr. Eduardo saiu da casa gritando que ia deserdar o filho por causa de uma mulher. Daniele mostrou o resultado do exame para Conceição, que se emocionou instantaneamente. Meu Deus, um bebê. Isso é maravilhoso. É, eu não sei o que fazer, Conceição.
Como posso ter um filho em meio a toda essa confusão? Senhora Daniele, posso te contar uma coisa que observei durante todos esses meses? Daniele assentiu. O Senr. Ederson mudou de verdade. Não foi fingo. Eu vi ele se apaixonar pela senhora pouco a pouco, sem nem ele mesmo perceber no início. Mas isso foi só uma extensão do contrato.
Então, por que ele está destruindo tudo agora? Por que cancelou o acordo com seu pai ontem à tarde. Daniele se endireitou na cadeira. Ele fez o quê? Cancelou tudo, devolveu a empresa do seu pai e desfez todo o contrato. O Senr. Eduardo ficou furioso. Disse que nunca ia perdoar o filho por jogar fora R$ 10 milhões de reais por causa de uma mulher caprichosa. O coração de Daniele disparou. Ele realmente fez isso? Fez.
E quando eu perguntei por ele disse: “Porque quero que ela saiba que meu amor não tem preço, Conceição, que ela vale mais que qualquer dinheiro ou negócio.” Naquela tarde, Daniele voltou para casa pela primeira vez em uma semana. A mansão em Alphaaville estava silenciosa, mas ela podia sentir a presença de Ederson antes mesmo de vê-lo.
Ela o encontrou na biblioteca, sentado na poltrona de couro com vários documentos espalhados ao redor. Ele estava vestindo uma camiseta simples e jeans, os cabelos desarrumados, uma aparência que ela nunca havia visto nele antes. “Daniele”, disse ele, se levantando rapidamente quando a viu. Seus olhos estavam vermelhos, como se ele tivesse chorado recentemente. “Conceição me contou o que você fez”, disse ela, mantendo distância, mas estudando o rosto dele. “Eu disse que faria.
Desfiz todo o contrato.” A costa contabilidade voltou para seus pais, livre de dívidas. Não há mais acordo entre nossas famílias. E isso significa: Ederson a olhou com uma vulnerabilidade que partiu seu coração. Significa que agora, se você ficar comigo, será apenas porque quer, não por obrigação, não por contratos, não por dinheiro, apenas por amor.
E se eu não ficar? A pergunta claramente o machucou, mas ele respondeu com honestidade brutal: “Então eu vou respeitar sua decisão. Você está livre, Daniele. Completamente livre para fazer suas próprias escolhas.” Daniele tocou a barriga instintivamente, onde uma nova vida crescia, uma vida criada durante os momentos mais felizes que ela já havia experimentado.
“Ederson, eu preciso te contar uma coisa. Qualquer coisa. Estou grávida. O silêncio que se seguiu foi absoluto. Ederson a olhou como se ela tivesse dito algo em uma língua estrangeira. Grávida repetiu ele, a voz mal saindo, de seis semanas. É seu filho. Ederson se sentou pesadamente na poltrona, colocando as mãos no rosto.
Por um momento, Daniele teve medo de que ele fosse rejeitá-la, que a gravidez fosse um complicador indesejado, mas quando ele levantou o olhar, havia lágrimas em seus olhos. Um filho”, murmurou ele. “Nosso filho, sim, criado por amor verdadeiro, não por contrato. Se você quiser”, disse Daniele suavemente. Ederson se levantou devagar, aproximando-se dela com cuidado, como se temesse que ela fosse desaparecer.
“Daniele, você pode me perdoar? Não apenas pelo contrato, mas por todos os anos que desperdicei fingindo que você não importava quando. Na verdade você é tudo. Ela estudou o rosto dele vendo sinceridade, amor e arrependimento genuíno. Ederson, você realmente abriu mão de R$ 10 milhões de reais por mim? Abriria a mão de tudo por você, da empresa inteira, da herança, de qualquer coisa.
Você vale mais que tudo isso junto. Finalmente, depois de uma semana de dor e confusão, Daniele sentiu seu coração começar a se curar. Talvez o amor verdadeiro fosse realmente capaz de superar até mesmo as mentiras mais elaboradas. Então sim, disse ela, se aproximando dele. Eu te perdoo e eu te amo.
O beijo que compartilharam foi cheio de lágrimas, perdão e a promessa de um novo começo, desta vez construído sobre verdade e amor genuíno. Seis meses depois da reconciliação, Daniele estava em pé no jardim da mansão em Alphaville, observando a decoração simples, mas elegante que ela mesma havia escolhido. Rosas brancas e folhagens verdes adornavam um pequeno altar improvisado sob a pérgula, onde ela e Ederson costumavam tomar café da manhã nos fins de semana.
Sua barriga de se meses estava discreta sob o vestido de seda creme que escolhera especificamente para esta ocasião. Não era um vestido de noiva tradicional. Eles já haviam tido uma cerimônia formal e fria há quase 3 anos. Este era um vestido para uma nova promessa, um novo começo. “Senora Daniele, está linda”, disse Conceição, ajeitando uma flor branca em seus cabelos soltos. “O Senr. Ederson não vai conseguir parar de olhar.
” Daniele sorriu, tocando a barriga onde seu filho, eles haviam descoberto que seria um menino, se mexia ativamente. “Você acha que estamos fazendo a coisa certa, Conceição? Renovar os votos assim? Acho que vocês estão fazendo o que o coração manda e depois de tudo que passaram merecem celebrar o amor verdadeiro que encontraram.
Eram apenas 20 pessoas presentes, os pais de Daniele, com quem ela havia se reconciliado após meses de terapia familiar, dona Carmen, alguns amigos próximos e funcionários que haviam se tornado parte da família. Significativamente, os pais de Ederson não estavam presentes. Eduardo Santos ainda não havia perdoado o filho por jogar fora um negócio milionário por causa de sentimentos.
Quando a música suave de violão começou a tocar, Daniele caminhou devagar pelo jardim que havia ajudado a redesenhar, transformando-o de algo formal e frio em um espaço acolhedor e vivo. Ederson a esperava próximo ao altar, vestindo um terno azul marinho simples, sem a ostentação dos eventos corporativos.
Quando seus olhos se encontraram, ele sorriu com uma ternura que a fez se lembrar de por havia se apaixonado por ele. O celebrante, um pastor amigo da família Costa, abriu a cerimônia com palavras simples: “Estamos aqui hoje não para unir dois estranhos, mas para celebrar o amor verdadeiro que floresceu entre duas pessoas que se encontraram no meio da confusão e escolheram construir algo real e duradouro. Ederson foi o primeiro a falar, segurando as mãos de Danielle.
Daniele, há três anos eu me casei com você conhecê-la. Hoje eu escolho você conhecendo cada defeito, cada qualidade, cada sonho que você tem. Escolho você, grávida do nosso filho, radiante e corajosa. Escolho você nos dias difíceis e nos dias alegres.
Prometo que nunca mais vou fingir que você não importa, porque você é tudo. Daniele limpou as lágrimas antes de responder: “Edederson, você me ensinou que o amor verdadeiro pode crescer até mesmo nos lugares mais improváveis, que duas pessoas podem se encontrar mesmo depois de anos vivendo como estranhos.
Prometo que vou te amar pelo homem que você é hoje, não pelo que as circunstâncias nos forçaram a ser. Prometo construir uma família cheia de amor com você. Quando trocaram as alianças, novas, simples, escolhidas juntos numa joalia pequena no centro de São Paulo, ambos estavam chorando. “Vocês podem se beijar”, disse o pastor, “para começar oficialmente esta nova jornada.
O beijo foi suave, cheio de promessas e esperança. Quando se separaram, o bebê chutou forte, arrancando risadas de ambos. “Acho que ele aprovou”, disse Ederson, colocando a mão na barriga de Danielle. A festa foi simples. Churrasco no jardim, música ao vivo tocada por um trio de violão e conversas que se estenderam até o pôr do sol.
Daniele observava Ederson conversando animadamente com seu pai, José Costa, sobre planos para expandir a costa contabilidade, agora que estava livre de dívidas e tinha apoio real. “Como se sente, Senora Santos?”, perguntou Roberto Silva, que havia se tornado um amigo querido do casal, como Danielle. Ela corrigiu com um sorriso. Sinto que finalmente sou eu mesma.
Mais tarde, quando os últimos convidados foram embora, Daniele e Ederson se sentaram na varanda, observando as estrelas. A mansão não era mais um mausoléu silencioso, era um lar cheio de vida e esperança. “Você se arrepende?”, perguntou Ederson, acariciando sua barriga. “De ter me dado uma segunda chance”. “Nunca”, respondeu Daniele.
“Mas você se arrepende de ter desfeito o acordo? Perdeu muito dinheiro por minha causa. Ederson riu. Ganhei uma esposa que me ama de verdade, um filho que está chegando e uma vida que vale a pena viver. Como posso me arrepender do melhor negócio que já fiz naquela noite? Eles fizeram amor como marido e mulher pela primeira vez.
Não como estranhos cumprindo obrigações, não como pessoas aprendendo a se conhecer, mas como um casal que havia escolhido estar junto contra todas as probabilidades. “Eu te amo, Ederson”, sussurrou Daniele na escuridão. “Eu te amo mais”, respondeu ele beijando sua testa. “Você me salvou de uma vida vazia. salvou-me de mim mesmo. Nós nos salvamos mutuamente.
E, pela primeira vez desde que haviam se conhecido, ambos adormeceram completamente felizes e em paz, sabendo que finalmente haviam encontrado o amor verdadeiro, que havia valido a pena toda a dor e confusão dos anos anteriores. O futuro que os esperava estava cheio de possibilidades infinitas.
O escritório da Santos Encosta Consultoria Internacional ocupava um andar inteiro de um prédio moderno na Faria Lima. Através das janelas de vidro, via-se a movimentação frenética do centro financeiro de São Paulo. Mas dentro do ambiente havia uma energia diferente, profissional sim, mas também acolhedora e familiar.
Daniele estava em sua sala revisando um contrato de consultoria para uma empresa alemã que queria investir em energia renovável no Brasil quando ouviu uma risada familiar vinda da sala ao lado. Ela sorriu sabendo que Ederson estava brincando com José Ederson Santos, seu filho de 4 meses, que havia herdado os olhos amendoados do pai e o sorriso travesso da mãe. “Papai está tentando fazer você rir durante uma reunião de novo?”, perguntou ela, entrando na sala de Ederson com o bebê nos braços.
Ele é irresistível, defendeu-se Ederson, pegando o filho no colo com a naturalidade de quem havia se apaixonado perdidamente pela paternidade. E nossa reunião já terminou mesmo. Klaus Weber, o investidor alemão que eles haviam conhecido no Rio dois anos antes, rio da cena familiar. Vocês são exatamente como imaginei que se tornariam”, disse ele em inglês, “ma família de verdade construindo negócios verdadeiros”.
“E como vai o projeto do resorte em Bahia?”, perguntou Daniele, organizando alguns papéis na mesa. “Graças à consultoria de vocês, está sendo um dos investimentos mais bem-sucedidos que já fizemos no Brasil. Vocês entenderam exatamente o que precisávamos.” Depois que Klaus saiu, Daniele se sentou na poltrona em frente à mesa de Ederson.
amamentando José Ederson enquanto conversavam sobre os projetos da empresa. “Sabe o que mais me impressiona?”, disse ela. “como nossa empresa cresceu tão rápido?” “É porque combinamos perfeitamente”, respondeu Ederson, observando-a com admiração. “Você tem o conhecimento internacional e a sensibilidade cultural. Eu tenho a experiência em construção e desenvolvimento. Juntos somos imbatíveis.
Nos últimos 12 meses, a Santos em Costa havia se tornado uma das consultorias mais respeitadas de São Paulo. Especializavam-se em ajudar empresas estrangeiras a investir no Brasil e empresas brasileiras a expandir internacionalmente. O que começara como uma forma de Daniele retomar sua carreira havia se transformado em um negócio multimilionário. “Tenho uma surpresa para você”, disse Ederson pegando um envelope da gaveta.
“Que tipo de surpresa? do tipo que nos leva para o exterior por duas semanas. Daniele abriu o envelope e encontrou três passagens, duas para adultos e uma especial para bebê. “Itália?”, perguntou ela, incrédula, “Lua de mel atrasada. A que nunca tivemos.” Ederson se levantou e foi até ela. Quero te mostrar Roma, Veneza, a Toscana. Quero que José Ederson tenha seu primeiro passarimbo internacional.
Quero criar memórias de verdade com minha família. José Ederson escolheu este momento para dar um sorriso banguela que derreteu o coração dos pais. “Ele aprovou a ideia”, disse Daniele rindo. “Naquela noite em casa, a mesma mansão em Alphaville, que agora estava cheia de vida, com brinquedos espalhados, risadas constantes e o cheiro de comida caseira, eles jantaram na cozinha como haviam se acostumado a fazer.
“Sabe o que recebi hoje?”, disse Ederson, mostrando uma carta elegante. “O que é?” Um convite de casamento dos meus pais. Daniele quase engasgou com o vinho. Seus pais estão se casando de novo? Aparentemente, depois de nos verem realmente felizes, eles resolveram tentar terapia de casal.
Descobriram que nunca haviam se conhecido de verdade em 40 anos de casamento. Isso é inesperado. Meu pai também quer conversar comigo sobre voltar a fazer negócios juntos, mas dessa vez como parceiros de verdade, não como patrão e funcionário. Daniele pegou a mão dele. E o que você quer fazer? Quero pensar sobre isso.
Mas com você ao meu lado, todas as decisões importantes da minha vida agora incluem você. Depois de colocar José Ederson no berço, um berço simples que Ederson havia montado pessoalmente, rejeitando as opções caras que sua mãe havia sugerido, eles foram para o quarto. “Um ano”, disse Daniele, deitada no peito de Ederson. “Um ano desde que renovamos os votos.
” “Melhor ano da minha vida”, respondeu ele, beijando seus cabelos. “E você se arrepende de alguma coisa?” Daniele pensou por um momento. Em 12 meses, ela havia se tornado mãe empresária bem-sucedida e mais apaixonada pelo marido do que jamais imaginou ser possível.
Havia reconstruído a relação com os pais, construído uma empresa próspera e criado uma família verdadeira. “Não me arrependo de nada”, disse ela finalmente, “nem dois anos difíceis no início.” “Por que não? Porque eles nos fizeram valorizar o que temos agora. Se tivesse sido fácil desde o início, talvez nunca tivéssemos aprendido a lutar pelo nosso amor. Ederson a abraçou mais forte.
Você me fez um homem melhor, Daniele. Me ensinou que o amor verdadeiro vale qualquer sacrifício. E você me ensinou que nunca é tarde demais para recomeçar, que duas pessoas podem se encontrar mesmo no meio da confusão. Do quarto ao lado veio um choramingo suave. José Ederson acordando para a mamada da madrugada. Eu vou”, disse Ederson se levantando.
“Nós vamos”, corrigiu Daniele juntos, lembra? Enquanto cuidavam do filho no meio da madrugada, Daniele olhou ao redor do quarto do bebê que haviam decorado juntos. Cores suaves, móveis simples, mas cheios de amor, fotos da família espalhadas pelas prateleiras, e soube que havia encontrado o que sempre procurou. Não apenas um marido, mas um parceiro de vida. Não apenas uma casa, mas um lar.
Não apenas um casamento, mas uma família construída sobre amor verdadeiro e escolhas conscientes. “Sabe o que quero fazer amanhã?”, perguntou ela enquanto José Ederson voltava a dormir. “O quê? Quero ligar para aquele jovem casal que conhecemos ontem, os que estão pensando em se casar apenas por conveniência financeira.
E dizer o quê? Que o amor verdadeiro vale a pena esperar? Nossa história pode ajudar outras pessoas? Nossa história?” disse Daniele, voltando para a cama, ao lado do homem, que havia aprendido a amar contra todas as probabilidades, é a prova de que nunca é tarde demais para escolher o amor verdadeiro. E quando o sol nasceu sobre Alphaaville naquela manhã, iluminando uma família que havia transformado um casamento arranjado na mais bela história de amor que já haviam vivido, Daniele soube que todos os momentos difíceis, todas as lágrimas e toda a dor haviam valido a pena, mas que às vezes ele pode crescer nos lugares mais inesperados. Ederson sorriu entendo
perfeitamente, porque no final eles não apenas encontraram o amor, eles escolheram construí-lo dia após dia com paciência, perdão e a coragem de serem vulneráveis um com o outro. M.
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