Vamos, Daniel, tá atrasado. Jonas Tramontina corre pelos corredores da mansão, procurando roupas velhas. Daniel, de 8 anos, aparece segurando uma camiseta rasgada. Pai, a brincadeira vai funcionar mesmo? Vai sim, filho. Hoje a gente vai descobrir quem tem coração de verdade.
Mas por que não pode ir de roupa normal? Porque quando as pessoas veem a gente bem vestido, elas agem diferente. Hoje vamos ver quem ajuda de verdade. Jonas pega a terra do quintal e se suja. Daniel ri enquanto o pai bagunça o cabelo dos dois. Agora sim, ninguém vai reconhecer a gente. Eles pegam o carro mais simples da garagem e vão para a praça da Sé. Jonas escolhe um cantinho na calçada perto da saída do metrô.

Lembra do combinado? A gente tá com fome e não tem onde dormir. As primeiras pessoas passam correndo. Uma mulher de salto alto desvia o olhar. Um homem de terno joga uma moeda sem parar. Uma hora se passa. Daniel fica desanimado. Pai, as pessoas são ruins mesmo. Não, filho. É que todo mundo tem pressa. Mas vamos encontrar alguém especial. Mais uma hora. Várias pessoas. jogam moedas sem olhar.
Outras fingem que não vêm. Daniel está ficando triste quando uma mulher para na frente deles. Ela é jovem, uns 20 e poucos anos, com uniforme de limpeza azul e tênis gastos. O rosto está cansado, mas os olhos são gentis. Vocês estão com fome? Jonas e Daniel se surpreendem. É a primeira pessoa que realmente para para conversar.
A mulher se abaixa na altura dos dois, sem se importar que a calça vai sujar no chão. Esperem aqui um minutinho. Ela abre uma bolsinha surrada e conta moedas e notas amassadas. R$ 14,25. É tudo que eu tenho pros próximos dois dias. Mas olha para Daniel com carinho. Criança não pode ficar com fome. Daniel sussurra no ouvido do pai.
Ela é igual à mamãe do céu. Jonas sente o coração apertar. Esta mulher acabou de dar todo o dinheiro dela para desconhecidos. Obrigado, moça. Qual é seu nome? Júlia. Júlia Pereira. E vocês? Eu sou Jonathan e esse é o Daniel. Júlia sorri para o menino. Oi, Daniel. Quantos anos você tem? Oito, tia Júlia. Que menino educado. Tem uma padaria ali na esquina. Compra um lanche pro Daniel. Tá.
Ela se levanta ajeitando a bolsa. E a senhora não vai almoçar? Júlia dá de ombros. Ah, eu me viro. O importante é a criança não ficar com fome. Tenho que voltar pro serviço, senão minha chefe me mata. Mas quando eu sair às 6, volto aqui para ver se vocês precisam de mais alguma coisa. Jonas não acredita.
Ela não só deu todo o dinheiro como prometeu voltar. Muito obrigado, dona Júlia. A senhora é um anjo. Imagina. Só fiz o que qualquer pessoa faria. Gente ajuda a gente, né? Júlia entra no prédio comercial acenando. Jonas puxa Daniel. Vem. A gente precisa se trocar rápido. No carro eles vestem roupas limpas.
Em 5 minutos estão normais, sem rastro de sujeira. Vamos entrar onde ela trabalha. Quero ver que tipo de pessoa ela é quando não tá ajudando mendigo. Na portaria, Jonas pergunta onde fica a empresa de limpeza, terceiro andar, mas eles estão trabalhando agora. Só uma informação rápida. Lá em cima encontram Júlia conversando com um segurança grande e carrancudo. Por favor, seu Marcos, não expulsa eles, não.
Eram um pai e um filho, coitados. O menino é pequeninho. Júlia, você sabe que é ordem da administração. Mendigo afasta cliente. Eu sei, eu sei, mas quando eu sair, vou ajudar eles a encontrar um lugar para dormir. Só não expulsa agora. E se o administrador vê, eu perco meu emprego. Eu assumo a responsabilidade.
Se alguém reclamar, falo que pedi pro senhor deixar. Jonas e Daniel escutam escondidos atrás de uma coluna. Você deu dinheiro para eles, né? Dei todo o dinheiro do meu almoço dos próximos dois dias. Mas o que eu ia fazer? A criança tava com cara de quem não comia há tempo. Júlia, você é boa demais. Mal tem dinheiro para você.
Se a gente não ajuda quando pode, quem vai ajudar? O segurança suspira. Tá bom. Deixo eles ficarem até você sair, mas se alguém reclamar, eu resolvo. Obrigada, seu Marcos. O senhor tem coração de ouro. Júlia volta pro trabalho empurrando um carrinho de limpeza. Jonas observa ela trabalhando, limpa cada mesa com cuidado, organiza tudo com respeito. Daniel puxa a manga do pai.
Pai, você tá chorando? Jonas passa a mão nos olhos. É que a gente encontrou ela, filho, a pessoa que estávamos procurando. Às 6 em ponto, Júlia sai do elevador. Está mais cansada, com o uniforme suado e os pés doendo. Mesmo assim, para na portaria. Seu Marcos, eles ainda tão lá fora? Tão sim. O pai mandou agradecer.
Conseguiram comprar comida pro menino. Que bom. Vou dar uma passada lá antes de ir para casa. Júlia sai e procura Jonas e Daniel. Não encontra no lugar da manhã e fica preocupada. Jonas toma uma decisão rápida. Daniel, vem. Vamos falar com ela. Eles se aproximam. Júlia se vira surpresa. Nossa, que diferença.
Vocês estão limpinhos com roupa boa. Conseguiram tomar banho em algum lugar? É, um conhecido deixou a gente usar o chuveiro dele. Jonas mente, se sentindo péssimo. Que bom. E compraram comida pro Daniel? Compramos sim. O menino comeu direitinho. Daniel olha confuso com as mentiras, mas fica quieto. Fico muito feliz.
E agora vocês têm lugar para dormir hoje? A gente ainda tá meio perdido. Sou de Campinas. Vim procurar trabalho. Meu nome é Jonathan Silva. Sou vendedor, mas tô desempregado há uns meses. Júlia balança a cabeça. É difícil mesmo, ainda mais com criança. Tem algum lugar para ficar hoje? Na verdade não. A gente estava vendo se consegui um albergue.
Olha, não tenho muito espaço lá em casa, mas tem um sofá na sala. Se quiserem, podem dormir lá hoje. Amanhã a gente vê como resolver. Jonas fica chocado. Esta mulher está oferecendo a própria casa para desconhecidos. Tem certeza? Não queremos incomodar. Imagina, gente, ajuda a gente. E o Daniel é educadinho, não vai dar trabalho. Daniel sorri.
Tia Júlia, a senhora é muito legal. Que fofo. Você gosta de desenho, Daniel? Gosto principalmente do Homem-Aranha. Legal. Tenho TV por assinatura lá em casa. Pode assistir enquanto faço uma janta para vocês. Jonas se lembra da promessa que fez à esposa dois anos atrás no hospital.
Lúcia, pálida, na cama, segurando sua mão. Jonas, me promete uma coisa. Encontra uma mãe de verdade pro Daniel. Não uma mulher que quer nosso dinheiro, uma mãe de verdade. Eu prometo, amor. A lembrança passa rápido. Jonas olha a Júlia conversando com Daniel sobre desenhos e sente que encontrou o que procurava.
Dona Júlia, tem certeza que não vai incomodar? Tenho sim. E para de me chamar de senhora. Tenho 26 anos. Desculpa, Júlia. Assim é melhor. Vamos. Minha casa é longe, a gente vai de ônibus. Na viagem, Jonas observa Júlia cumprimentar o motorista, ajudar uma senhora idosa, brincar com uma criança chorando. A casa de Júlia é pequena, dois cômodos numa viela, simples, mas limpa e organizada.
Desculpem ser pequena, mas é limpinha e tem tudo que precisa. Tá perfeita, Júlia. Obrigado mesmo por nos receber. Imagina, sentem no sofá com o Daniel. Vou fazer janta para vocês. Jonas observa a casa sem luxo, mas arrumada com carinho. Plantas nas janelas, fotos de família, almofadas coloridas. Pai, Daniel sussurra. Por que a gente não conta a verdade? Ela é legal. Jonas não sabe responder.
Como explicar para uma criança que estão testando a bondade de alguém fingindo ser pobres? É complicado, filho. A gente vai contar, mas no momento certo. Quando? Jonas não sabe. Só sabe que está se apaixonando por uma mulher que nem conhece seu nome verdadeiro. Três meses depois, Jonas inventou que conseguiu emprego como vendedor e que moram numa pensão.
Na verdade, passa todos os dias livres com Júlia. Daniel se adaptou à vida dupla. Na escola particular é filhinho de milionário. Com Júlia é só Daniel, menino normal. Hoje é domingo. Jonas está na casa de Júlia ajudando no almoço. Jonathan, mexe o feijão que vou temperar o frango. Jonas mexe o feijão observando Júlia. Ela transforma ingredientes simples numa refeição gostosa.
Júlia, posso perguntar uma coisa? Claro. Por que você ajudou a gente naquele dia? Sinceramente, Júlia para de temperar o frango. Quer a resposta bonita ou a verdadeira? A verdadeira. Porque eu já passei necessidade, Jonathan, muita necessidade. Sei como é ficar com fome, não ter onde dormir. Os olhos dela ficam marejados. Quando eu tinha 15 anos, minha mãe morreu.
Meu pai tinha morrido quando eu era bebê. Fui morar com uma tia que não me queria. Ela me botava para trabalhar e ficava com meu salário. E como você sobreviveu? Trabalhando em tudo que aparecia. Limpeza, cozinha, vendas. Morei em albergue até conseguir alugar essa casinha. Nunca ninguém ajudou quando você estava passando dificuldade? Algumas pessoas ajudaram, sim.
Gente humilde que dividiu o pouco que tinha. Por isso, quando vejo alguém precisando, não consigo passar direto. Por isso você ajudou a gente. Ah, porque sei que a vida pode virar de uma hora para outra. Todo mundo merece uma chance. Daniel entra correndo. Mamãe Júlia, o desenho acabou. Júlia ri e abraça o menino. Então vamos almoçar. Mamãe Júlia.
Jonas repete surpreso. Ele começou a me chamar assim semana passada. Júlia fica vermelha. Falei que não precisava, mas eu gosto de chamar ela de mamãe Júlia. Quando você casar com ela, vai ser minha mãe de verdade. Jonas e Júlia se olham sem saber o que dizer. Daniel, vai lavar as mãos. Júlia manda, ainda vermelha. O menino sai. Júlia e Jonas ficam sozinhos na cozinha.
Desculpa, não mandei ele falar isso. Não precisa pedir desculpa. Jonas se aproxima. Na verdade, eu também tenho pensado nisso mesmo, Júlia? Estes três meses foram os melhores da minha vida. Você me fez lembrar como é bom ter família. Jonas está sendo sincero. Mesmo mentindo sobre a identidade, seus sentimentos são verdadeiros.
Eu também, Jonathan. Você e o Daniel enchearam minha vida de alegria. Eles se beijam pela primeira vez na cozinha pequena com cheiro de almoço no ar. Depois do almoço, vão pra laje da casa. Daniel brinca com o carrinho enquanto Jonas e Júlia conversam.
Júlia, você nunca quis sair daqui, ir para um lugar melhor? Aqui é meu lugar melhor. Júlia aponta as casas ao redor. Esta comunidade me acolheu quando eu não tinha nada. Dona Francisca me emprestou panela quando me mudei. Seu Antônio me fiou comida quando estava sem dinheiro. Aqui a gente é família uns dos outros. Quando alguém tá passando dificuldade, todo mundo ajuda. Quando tá feliz, todo mundo comemora junto.
Jonas nunca pensou nisso. Na mansão, mal conhece os vizinhos. Você é especial, Júlia. Não sou não. Só aprendi que gente ajuda a gente e que dinheiro não é tudo na vida. Jonas sente uma punhalada de culpa. está mentindo para a pessoa mais verdadeira que conheceu. Júlia, preciso te contar uma coisa. O quê? Jonas para, não consegue. Eu te amo. Júlia sorri.
Eu também te amo, Jonathan. Eles se beijam enquanto Daniel grita de alegria brincando. Pela primeira vez em dois anos, Jonas se sente completo, mas no fundo da mente, uma voz sussurra: “Como contar a verdade sem perder tudo?” Jonas decidiu contar tudo hoje. Não aguenta mais as mentiras. Marcou jantar num restaurante simples do centro.
Daniel está empolgado porque Jonas disse que depois do jantar pode contar o segredo especial. Júlia chega linda usando um vestido que Jonas nunca viu. Nossa, você tá linda. Esse vestido é novo? É sim. Comprei essa semana. Gastei um dinheiro que não tinha, mas queria tá bonita para você hoje. Jonas sente o coração apertar.
Ela gastou dinheiro que não tinha para ele, sem saber que ele podia comprar mil vestidos iguais. Você sempre tá linda. Não precisava gastar dinheiro. Eu quis gastar. Você merece. No restaurante Daniel fica impressionado. Pai, que lugar bonito. Tem até garçom de gravata. Júlia ri. É chique mesmo. Você não devia ter gasto tanto, Jonathan. Jonas respira fundo.
Júlia, preciso te contar uma coisa muito importante. Que foi? Você tá estranho? É sobre quem eu realmente sou. Daniel se mexe na cadeira. Agora você vai contar, pai. Pai. Júlia repete confusa. Daniel, por que chamou o Jonathan de pai? Jonas pega a mão dela. Júlia, meu nome verdadeiro não é Jonathan Silva, é Jonas Tramontina. Jonas Tramontina? Como assim? Sou dono da Tramontina construtora. Sou milionário, Júlia.
O rosto de Júlia fica pálido. Ela tira a mão da mesa. Como é que é? Naquele dia na praça, eu e Daniel estávamos fazendo um teste. A gente se disfarçou de mendigo para ver quem tem bom coração de verdade. Júlia fica olhando sem conseguir processar. Vocês estavam fingindo, mentiram para mim esse tempo todo.
Júlia, posso explicar? Ela se levanta, as pernas tremendo. Você mentiu por três meses. Fez de mim uma idiota. Não foi assim. Daniel se levanta assustado. Mamãe Júlia, não fica brava. Daniel, você também sabia? Júlia pergunta com a voz quebrada. O menino olha pro pai sem saber responder. Júlia, senta. Deixa eu explicar.
Explicar o quê? Que brincou comigo? Que fez de mim um experimento? Eu nunca brinquei. Eu me apaixonei. Como pode falar de amor? Você não me conhece. Conhece uma idiota que acreditou nas suas mentiras. As pessoas começam a olhar. Júlia percebe e fica mais humilhada. Eu dei todo o dinheiro que tinha para vocês, todo. Passei fome para ajudar e era tudo mentira. Júlia, você não entende? Eu entendo sim.
Ela pega a bolsa, lágrimas escorrendo. Entendo que você é um ricaço que se divertiu fazendo pobre de idiota. Mamãe, Júlia, não vai embora. Daniel grita chorando. Júlia olha pro menino e o coração se parte. Por um momento, hesita. Daniel, meu amor, mamãe Júlia precisa ir embora. Mas você disse que ia ser minha mãe para sempre. Júlia Soluça. Desculpa,
meu amor. Desculpa. Ela sai correndo, deixando Jonas e Daniel na mesa. O menino chora alto. Jonas paga rapidamente e sai com Daniel. Procura Júlia, mas ela já sumiu na multidão. Pai, por que a mamãe Júlia foi embora? Porque o papai fez uma coisa muito errada, filho. Em casa, Gelson Tramontina espera na sala. Vê Jonas entrar com Daniel chorando. Que aconteceu? Por que o menino tá chorando? Nada que o senhor precise saber.
Jonas, sou seu pai. Tenho direito de saber. Daniel para de chorar. Vovô, a mamãe Júlia foi embora. Ela descobriu que o papai mentiu. Mamãe Júlia, quem é essa? Jonas suspira. Uma mulher que eu conheci. Uma mulher especial. Que tipo de mulher? Uma faxineira. Uma fachineira que eu amo. O rosto de Gelson fica vermelho. Você tá namorando uma faxineira? Não tô mais.
Ela terminou comigo. Gelson sorri gelado. Ainda bem que acabou essa palhaçada. Pai, não fala assim. Jonas, você é herdeiro de um império. Não pode brincar de Romeu e Julieta com empregada. Ela não é empregada. É a mulher mais incrível que conheci. Era. Agora acabou. É melhor assim. Jonas pega Daniel e sobe pro quarto, deixando Gelson sozinho. Gelson fica parado pensando, pega o telefone.
Alô, Sônia. Preciso que você pesquise uma tal de Júlia Pereira, fachineira. Quero saber onde mora, onde trabalha, tudo e quero isso amanhã cedo. Gelson desliga com sorriso maldoso. Se o filho não tem juízo para acabar com essa história, ele vai tomar as providências.
Na manhã seguinte, Gelson está no escritório quando a secretária Sônia entra com uma pasta. Senr. Gelson, aqui estão as informações sobre a Júlia Pereira. Fecha a porta e me conta tudo. Sônia se senta. Júlia Pereira, 26 anos, trabalha na empresa Brilho Total, mora no Capão Redondo. E a família, órfã desde os 15, não tem parentes, ganha um salário mínimo, vive apertado, mas não tem dívidas grandes.
Gelson balança a cabeça, perfeita para ser interesseira. Deve ter visto o Jonas e pensou: “Achei a minha sorte. Na verdade, senhor, Sônia hesita. Todo mundo fala bem dela na comunidade, ajuda os vizinhos, cuida das crianças dos outros. Isso é fachada, Sônia. Mulher pobre que se aproxima de homem rico só quer uma coisa. Gelson vai até a janela. Meu filho é ingênuo.
Acha que as pessoas são boas, mas eu sei como o mundo funciona. O que o Senhor quer que eu faça? Quero que você vá na empresa onde ela trabalha, se apresente como dona de casa procurando faxineira, ofereça trabalho para ela. Mas para quê? Se ela tá longe do Jonas, vai esquecer dele e se tiver perto de mim, eu controlo a situação. Sônia anota: “Quanto ofereço? 3.
000 por mês. Muito mais que ela ganha. Ela não vai recusar. E se desconfiar do quê? Você é a dona Silvia, esposa de empresário. Nada demais. Gelson sorri maldoso. E Sônia não menciona meu nome. Esse é nosso segredo. Enquanto isso, Júlia está na casa de dona Francisca, sua vizinha de 70 anos. Menina, que cara é essa? Não dormiu nada? Júlia está com os olhos inchados de chorar. Não consegui dormir, dona Francisca. Fiquei pensando em tudo.
Conta direito. Ontem você só chegou chorando. Júlia conta toda a história. O encontro na praça, os três meses de namoro, a descoberta da mentira. Ele me enganou o tempo todo, fez de mim uma palhaça. Mas espera aí. O homem mentiu sobre o dinheiro, mas mentiu sobre os sentimentos também.
Como vou saber? Se mentiu sobre uma coisa, pode ter mentido sobre tudo. Dona Francisca balança a cabeça. Júlia, eu te vi esses três meses. Você tava feliz como nunca. E o Daniel, ele também tava fingindo. O Daniel é só criança. Exato. Criança não sabe fingir. Se ele te chamava de mamãe, sentia de verdade. Júlia limpa os olhos.
Mas como confiar numa pessoa que começou tudo com mentira? Não tô dizendo para perdoar de bobeira, só que talvez as coisas não sejam tão simples. É simples, sim. Ele é rico, eu sou pobre. Para ele eu era brincadeira. Alguém bate na porta. Dona Francisca abre e vê uma mulher bem vestida. Boa tarde. A senhora conhece Júlia Pereira? Sou eu.
Júlia se levanta. Precisa de alguma coisa? Que bom, sou Silvia. Tô procurando faxineira para trabalhar na minha casa. Me indicaram você. E quem indicou? Sônia improvisa. A dona Márcia, que trabalha no prédio onde você fazia limpeza. Ah, sim. Júlia não lembra, mas não questiona. O trabalho é de segunda a sexta, 8 horas por dia. Pago 3.000 por mês. Júlia arregala os olhos. 3.000.
Isso mesmo. É casa grande, mas viajo muito. Na maior parte do tempo você fica sozinha. Dona Francisca cutuca Júlia. Menina, R$ 3.000. Júlia precisa muito de dinheiro. Perdeu o emprego porque faltou muito para ficar com Jonas. Precisa de referências? Não. A dona Márcia já falou bem. Pode começar amanhã.
Júlia hesita, mas a necessidade fala mais alto. Posso sim. Sônia dá o endereço no Morumbi às 8 em ponto. Pergunta pelo Sr. Gilberto. Depois que Sônia sai, dona Francisca comemora. R$ 3.000, Júlia, é mais que o dobro. É estranho. Porque alguém que não me conhece ia pagar tanto? Para de ser desconfiada. Você merece essa chance.
Júlia sorri pela primeira vez. Tem razão. Vou aproveitar. Enquanto isso, Jonas está no quarto com Daniel. O menino não para de perguntar pela mamãe Júlia. Pai, você não vai buscar ela? Não é simples assim, filho. A mamãe Júlia tá brava comigo, mas você pode pedir desculpas. Tentei ontem, lembra? Ela não quis escutar.
Daniel fica quieto pensando: “Pai, por que você mentiu para ela?” Jonas suspira porque queria ter certeza que ela gostava da gente de verdade, não por causa do dinheiro. Mas ela ajudou a gente quando pensava que éramos pobres. Isso não prova que ela é boa? Jonas fica surpreso com a lógica do filho. Prova sim.
Então, por que não vai atrás dela e fala que foi burro? Daniel, pai. Se você não buscar a mamãe Júlia, vou ficar triste para sempre. Jonas abraça o filho. Tá bom. Vou pensar num jeito de falar com ela. Promete? Prometo. Mas Jonas não faz ideia de como vai conseguir isso. No dia seguinte, Júlia chega às 8 na mansão do Morumbi.
É enorme, com jardins e portão eletrônico. O segurança liga para dentro. A nova fachineira chegou. Ela entra pela porta de serviço. Um homem de 50 anos, bem vestido e cara fechada, a recebe. Você é a Júlia? Sou sim, senhor. Sou o senor Gilberto. Vou explicar as regras. Júlia não percebe, mas é Gelson Tramontina disfarçado.
Ele mudou o corte do cabelo e usa óculos diferentes. Primeiro, aqui se trabalha direito, nada de corpo mole. Sim, senhor. Segundo, sou muito exigente. Se mandar fazer três vezes, você faz sem reclamar. Júlia estranha o tom, mas precisa do emprego. Terceiro, não conversa com outros funcionários. Aqui se trabalha em silêncio. Entendi.
Gelson mostra a casa. 12 quartos, oito banheiros, três salas, muito maior que qualquer lugar onde ela trabalhou. Vai começar pela sala de jantar. Quero tudo brilhando. Júlia pega o material e começa. Limpa a mesa de Mógno, passa pano em cada cadeira, organiza a cristaleira. Uma hora depois, Gelson volta. Que limpeza ruim é essa? Olha aqui, tem uma manchinha. Júlia, olha.
É uma marca microscópica. Desculpa, senor Gilberto. Vou limpar de novo. É para fazer direito da primeira vez. Faz tudo outra vez. Júlia refaz toda a limpeza. Mais uma hora de trabalho. Gelson volta e encontra outro defeito. As cadeiras não tão alinhadas e tem poeira no lustre. Mas eu limpei o lustre. Tá me contrariando? Não, senhor. Desculpa. Júlia limpa pela terceira vez.
As costas já doem e são só 10 da manhã. Na hora do almoço, Gelson manda ela comer na área de serviço. A comida dos funcionários está na geladeira, 15 minutos. Júlia abre e encontra só um sanduíche simples e suco. Come rápido e volta pro trabalho. À tarde, Gelson inventa outra humilhação. Júlia, derrubei um prato na cozinha. Limpa aí. Na cozinha, comida espalhada pelo chão.
É óbvio que foi jogado de propósito. Limpa direito, não quero nem migalha. Júlia se abaixa e limpa tudo. Gelson fica observando com sorriso cruel. Gente como você nasce para servir gente como nós, né? Júlia para e olha para ele. Como disse? Nada. Continua limpando.
No ônibus voltando para casa, Júlia liga paraa dona Francisca. Como foi o primeiro dia? Difícil. O patrão é muito exigente. Mas tudo bem, né? Pelo salário vale a pena aguentar. É, acho que sim. Mas Júlia tem um pressentimento ruim. No segundo dia, Gelson aumenta a perseguição. O banheiro da suí tá uma nojeira. Vai lá e deixa brilhando. Júlia sobe.
O banheiro está limpo, mas ela faz o serviço. Quando termina, Gelson aparece com sapatos sujos e pisa no chão molhado. Olha que sujeira. Faz de novo. Mas o senhor acabou de sujar. Você tá me acusando? Júlia respira fundo. Não, senhor. Vou limpar. No terceiro dia piora. Hoje quero todas as janelas lavadas por dentro e por fora. São mais de 50 janelas. Júlia trabalha no sol forte.
No meio da tarde, Gelson joga a água suja numa janela limpa. Opa, que descuido. Vai ter que lavar de novo. Júlia olha para ele com lágrimas nos olhos, mas não fala nada. Qual é o problema? Gente da sua classe não pode reclamar de trabalho honesto. Júlia aperta os punhos, mas continua. precisa do emprego.
Gelson pensa, em uma semana ela vai estar tão quebrada que nem vai lembrar do meu filho. No final do dia, Júlia chega em casa destruída. Menina, que foi? Você tá péssima, dona Francisca, esse homem não é normal. Ele me humilha o dia todo. Todo o patrão rico é meio estranho. Você tem que aguentar. Não é só estranho, é como se ele gostasse de me ver sofrer. Júlia não sabe que está certa.
Uma semana depois, Júlia está limpando a sala quando encontra uma foto na mesa. É de uma criança pequena, uns 5 anos, com cabelos cacheados. Ela pega a foto e o coração para. É Daniel. Achou alguma coisa interessante? Júlia se vira. Gelson está na porta com sorriso maldoso. Essa criança, eu conheço.
Ele conhece? Gelson entra na sala. Interessante. De onde conhece meu neto? Seu neto? Júlia sente as pernas bambearem. O senhor é Gelson Tramontina, pai do Jonas. Prazer em te conhecer oficialmente. Júlia deixa a foto cair. O senhor sabia quem eu era? Claro que sabia.
Acha que foi coincidência? Mas por porque queria que você soubesse qual é seu lugar no mundo. Gelson se aproxima, intimidador. Meu filho se iludiu com você, mas eu sei o que você é. Uma oportunista que viu homem rico e achou que deu sorte. Não é verdade? Não é? Então, por que aceitou trabalhar aqui por 3.000? Por que não recusou quando ofereci mais do que você vale? Júlia fica sem resposta.
É o que pensei. Você é igual a todas. Só pensa em dinheiro. O senhor não me conhece. Conheço seu tipo muito bem. Meu filho é ingênuo. Mas eu sei como o mundo funciona. A porta da frente se abre. Jonas entra gritando: “Pai, preciso falar com o Senhor sobre Júlia. Jonas para no meio da sala chocado.
Júlia, que que você tá fazendo aqui? Trabalhando pro seu pai, onde mais uma faxineira ia estar? A voz de Júlia está carregada de mágoa. Filho, Gelson diz teatralmente. Essa é a Júlia, funcionária excelente, muito dedicada. Jonas olha do pai paraa Júlia. Pai, o senhor sabia que era ela? Claro. E contratei justamente por isso. Como assim? Porque queria mostrar para vocês dois qual é o lugar dela na nossa família. Júlia pega o balde e o pano.
Se me dão licença, preciso terminar meu trabalho. Júlia, espera. Jonas tenta falar. Não temos nada para conversar, patrão. O senhor falou tudo ontem no restaurante. Mas eu posso explicar. Explicar o quê? que me trouxe paraa casa do seu pai para me humilhar mais, para mostrar que sou empregada.
Eu não sabia que você estava trabalhando aqui. Não sabia? Júlia ri com amargura. Claro que não. Por que milionário ia se preocupar com fachineira pobre? Gelson observa satisfeito. Júlia. Jonas tenta se aproximar. Me escuta? Não. Júlia se afasta. Já escutei demais. Escutei mentiras por três meses, mas não tem mais. Agora eu sei qual é meu lugar.
Seu pai deixou bem claro. Júlia vai pra cozinha. Jonas segue. Meu pai não representa o que eu penso. Não? Então por que não falou nada quando ele disse que meu lugar é servir vocês? Jonas fica sem resposta. É o que pensei. Júlia balança a cabeça. Vocês são iguais. Não somos. São sim.
A única diferença é que seu pai pelo menos é honesto sobre o preconceito. Júlia pega as coisas e vai pra porta. Onde você vai? Embora não vou ficar sendo humilhada por vocês. E o emprego? Júlia para e olha para Jonas. pode ficar com o emprego. Posso ser pobre, mas ainda tenho dignidade. Ela sai batendo a porta. Jonas fica na sala com o pai. Tá vendo, Gelson? Diz.
Falei que ela só queria dinheiro. Na primeira dificuldade abandonou. O Senhor fez isso de propósito. Fiz sim e faria de novo. Agora viu o verdadeiro caráter dela. Jonas olha pro pai com nojo. O único caráter que vi foi o senhor humilhando uma mulher trabalhadora. Jonas, não quero mais conversar. Jonas sai deixando Gelson sozinho, mas satisfeito.
Júlia nunca mais vai querer saber do seu filho. Nos dias seguintes, Gelson põe a segunda parte do plano em prática. Sabe que Jonas ainda ama Júlia e pode tentar reconquistá-la. Precisa plantar veneno dos dois lados. Gelson vai até o Capão Redondo, deixa o carro de luxo longe e caminha até a casa de Júlia. Júlia, sou Gelson Tramontina.
Júlia abre a porta com cara feia. O que quer aqui? Quero conversar. Posso entrar? Pode falar aí mesmo. Vim te avisar uma coisa importante. Júlia cruza os braços. Que coisa? Meu filho tá noivo da Helena Dávila. Vão casar em dezembro. Júlia sente uma punhalada no peito, mas não demonstra.
E o que isso tem a ver comigo? Nada. Só achei que devia saber para não criar ilusões. Gelson tira o celular e mostra fotos. São imagens de Jonas com uma mulher loira bonita, em eventos sociais. Essas fotos são de ontem à noite. Foram juntos na inauguração de um restaurante. Júlia olha as fotos. Jonas está sorrindo ao lado da mulher. parecem à vontade.
Como disse, era só para você não se iludir. Não tô iludida com nada. Ótimo. Então nos entendemos. Gelson vai embora, deixando Júlia arrasada. Ela não sabe que as fotos são de dois anos atrás antes de conhecê-la. No mesmo dia, Gelson procura Jonas na empresa. Filho, preciso falar sobre aquela fachineira.
Não quero falar da Júlia, mas precisa saber uma coisa. Ela tá espalhando que vocês namoraram. Jonas levanta os olhos. O quê? Tá contando que você prometeu casar com ela usando seu nome para conseguir coisas. Que tipo de coisas? Empréstimo fiado no mercado. Tô recebendo ligação de gente cobrando dívidas dela. Jonas franze a testa. Não acredito que ela faria isso.
Jonas, você é ingênuo. Ela viu a oportunidade e tá aproveitando. Gelson mostra papéis. Olha aqui, três empréstimos no seu nome. Ela falsificou sua assinatura. Os papéis são falsos, mas Jonas não sabe. Disse que vocês iam casar e você pagaria depois. Jonas pega os papéis. Incrédulo, não acredito. Pois acredite. E tem mais. Ela tá contando pros vizinhos que você é pai do filho que ela tá esperando.
Que filho? Ela tá grávida, Jonas, e espalhando que você é o pai. Jonas fica pálido. Grávida. É, mas não esquenta. Já mandei investigar. O pai é um cara que ela ficava antes de te conhecer. Jonas se senta chocado. Vê agora porque eu não queria que se envolvesse? Gente assim só traz problema. Não consigo acreditar.
Jonas, você conheceu ela fingindo ser pobre. Agora ela tá aproveitando para se dar bem. Jonas fica confuso. Por um lado, não quer acreditar. Por outro, as provas parecem convincentes. O que faço? Nada. ignora ela completamente. Logo ela cansa e vai procurar outro otário.
Enquanto isso, Júlia está na casa de dona Francisca. Ele mostrou fotos do Jonas com uma mulher linda. Vão casar em dezembro. Ai, menina, que tristeza. Eu sabia, dona Francisca. Homem rico não casa com faxineira. Mas você disse que ele te amava. Amor, Júlia ri amarga. Ele só tava brincando comigo. Agora voltou paraa realidade.
E se você for falar com ele e explicar seu lado? Não tem lado para explicar. Ele mentiu. Eu descobri. Acabou. Júlia limpa os olhos. É melhor assim. Eu nunca ia me encaixar no mundo dele. Não fala assim. É a verdade. Sou faxineira. Ele é milionário. Isso não existe no mundo real.
Júlia não sabe que Jonas está sofrendo tanto quanto ela e que todas as informações são mentiras de Gelson. O plano do vilão está funcionando perfeitamente. Duas semanas depois, Gelson percebe que o plano não está completo. Jonas continua triste, pergunta sobre Júlia pros funcionários. Daniel não para de chorar pedindo pela mamãe Júlia. Preciso dar um golpe final”, pensa.
“Algo que faça Jonas odiar ela de verdade.” Ele liga para Sônia. Preciso de mais um favor. O que é, senhor? Quero que procure a Júlia de novo, invente qualquer história e traga ela aqui. Ela não vai querer voltar. Mas sim. Ofereça 5.000 para fazer faxina de fim de semana. Mulher pobre não recusa.
No sábado, Sônia toca a campainha da casa de Júlia. Júlia, sou a Silvia, lembra? Júlia abre desconfiada. O que quer? Tenho uma proposta. Trabalho de fim de semana. 5000 por dois dias. Júlia arregala os olhos. 5.000. É, meu marido vai dar festa segunda. Preciso que a casa fique perfeita. Júlia hesita, sabe que é arriscado, mas 5.
000 é muito dinheiro. Que tipo de trabalho? Limpeza geral. lustrar prata, cristais, organizar tudo pesado, mas bem pago. E o Sr. Gilberto vai estar? Não, ele viajou. Só eu e você na casa. Júlia respira fundo. Aceito. No sábado de manhã, Júlia chega na mansão. Sônia mostra o que precisa fazer.
Vai começar pela sala de jantar, depois a sala de estar. O Sr. Gilberto quer tudo perfeito. Pensei que ele tinha viajado. Viajou, mas deixou instruções. Júlia começa a trabalhar. Limpa a sala inteira, lustra cada objeto de prata, organiza os cristais. No meio da tarde, Sônia some sem avisar. Júlia continua sozinha. Às 5, Gelson aparece na sala.
tem um relógio de ouro caríssimo na mão. Júlia, que bom que veio. Júlia fica tensa. Pensei que tinha viajado. Mudança de planos. Vim buscar umas coisas. Gelson coloca o relógio na mesa e sai. Continue trabalhando. Não se preocupe comigo. Júlia termina a sala e vai buscar material na cozinha.
Quando volta, o relógio não está mais na mesa. Estranho, pensa. Ele deve ter levado às 6. Júlia está terminando quando Gelson volta acompanhado de Jonas. Filho, vim te mostrar uma coisa importante. Jonas entra e vê Júlia. Júlia, o que você tá fazendo aqui? Trabalhando. A dona Silvia me contratou para faxina especial. Que dona Silvia? Gelson interrompe Jonas. Não é por isso que te chamei.
Olha para Júlia, fingindo preocupação. Júlia, cadê o relógio que deixei nesta mesa? Que relógio? Um relógio de ouro que coloquei aqui antes de sair. Muito valioso. Não sei. Quando voltei da cozinha, ele não estava mais aqui. Interessante. Gelson finge pensar. Só tinha eu e você na casa. Júlia fica nervosa.
O senhor tá insinuando que eu peguei? Não tô insinuando nada, só constato. O relógio sumiu. Jonas observa sem entender. Posso revistar sua bolsa? Gelson pergunta. Pode sim. Reviste tudo. Júlia pega a bolsa e joga na mesa. Pode olhar. Gelson abre a bolsa e mexe nas coisas. De repente tira o relógio de ouro de dentro. Olha só o que achei. Júlia fica paralisada.
Eu não pus isso aí. Alguém colocou. Ah, é? E quem seria? O senhor? O senhor colocou eu. Gelson finge indignação. Por que eu faria isso? Jonas olha o relógio na mão do pai, depois para Júlia. Júlia, como esse relógio foi parar na sua bolsa? Eu não sei. Juro que não peguei. Jonas.
Gelson diz com voz triste: “Sinto muito você ter que ver isso, mas agora sabe quem ela é de verdade. Eu não roubei. Ele que armou isso.” Jonas olha nos olhos de Júlia. Por um segundo hesita, mas as semanas de mentiras do pai fazem efeito. Júlia, tô decepcionado. Pensei que você fosse diferente. Jonas, você acredita mesmo que eu faria isso? As provas estão aqui, Júlia.
sente o mundo desabar. Então é isso. Depois de tudo que passamos, você acredita no seu pai e não em mim. Júlia não. Ela pega as coisas, não precisa falar mais nada. Já entendi tudo. Júlia vai pra porta. Onde você vai? Embora. E dessa vez é para sempre. Ela sai batendo a porta. Jonas fica parado com o pai.
Filho, sei que é difícil, mas era melhor descobrir agora. Ela parecia tão sincera. Gente, assim é boa de fingimento. Por isso que avisei você desde o começo. Jonas balança a cabeça confuso e arrasado. Vem, vamos embora. Gelson põe a mão no ombro do filho. Amanhã compra um celular pro Daniel. Vai ajudar ele a se distrair. Eles saem da sala.
Gelson esconde o sorriso de Vitória. Seu plano funcionou perfeitamente. Agora Jonas nunca mais vai querer ver Júlia na vida. Do lado de fora da mansão, Júlia caminha chorando pela rua. Sente que perdeu tudo, o amor da vida dela e a confiança num mundo onde acreditava que o bem sempre vencia.
Mas o que ela não sabe é que uma criança de 8 anos estava escutando tudo pela escada. E Daniel Tramontina acabou de descobrir que o vovô é uma pessoa muito ruim. Um mês depois da armadilha do relógio, Júlia está numa situação desesperadora. Gelson espalhou pela cidade toda que ela é ladra. Nenhuma empresa quer contratá-la.
Desculpa, Júlia, mas não posso te dar trabalho”, disse o Ronaldo, dono de uma empresa pequena. Recebi ligação falando que você rouba dos patrões. Mas seu Ronaldo, o senhor me conhece há anos. Conheço sim, mas não posso arriscar minha empresa. Júlia sai de lá arrasada. É a quinta empresa que a rejeita na semana em casa. Dona Francisca está preocupada.
Menina, você não tá comendo direito, tá muito magra. Não tenho fome. Como não tem? Você mal comeu nos últimos dias. Júlia só consegue faxinas avulsas por 15, R$ 20. Mal dá para comprar comida. Dona Francisca, acho que vou ter que voltar pro interior. Como assim? Aqui não consigo mais trabalho. Vou ter que ir embora.
Mas menina, sua vida é aqui. Que vida? Ninguém me dá emprego, tô passando necessidade. Júlia sente uma dor forte na barriga e fica tonta. Dona Francisca corre para segurar ela. Júlia, que foi isso? Tô meio tonta. Se deve ser fome. Dona Francisca faz chá, mas a tontura não passa. Júlia desmaia no sofá.
Socorro, alguém me ajuda? Os vizinhos levam Júlia pro posto de saúde. Dona Júlia, quando foi sua última menstruação? O médico pergunta: “Faz uns dois meses, doutor, mas deve ser o estresse. Vou pedir um exame de sangue. Pelos sintomas, a senhora pode estar grávida.” Uma hora depois, o resultado confirma. Júlia está grávida de um mês.
Doutor, tem certeza? Absoluta. Parabéns. Júlia não sabe se chora de alegria ou desespero. Está grávida do Jonas. Mas ele nem quer ver ela. Doutor, e se eu não tiver condições de criar essa criança? A senhora precisa se alimentar direito. O bebê precisa de nutrientes. Mas eu não tenho dinheiro. O SUS cobre o pré-natal, mas a alimentação tem que melhorar urgente.
Júlia volta para casa com o exame na mão. E aí, o que o médico disse? Tô grávida, dona Francisca. Grávida do Jonas? Só pode ser dele. Dona Francisca abraça Júlia. Que alegria. Vou ser vovó postiça. Dona Francisca, como vou criar uma criança assim? Mal tenho o que comer. A gente se vira, menina. Sempre deu certo. Mas agora é diferente. É uma criança inocente. Júlia olha o exame.
Como vou contar pro Jonas? Ele me odeia. Filho é filho, Júlia. Ele tem direito de saber. Tem nada. Ele vai pensar que tô inventando para conseguir dinheiro. Júlia guarda o exame. Ninguém pode saber disso, pelo menos por enquanto. Enquanto isso, Jonas está no quarto com Daniel.
O menino ganhou celular novo, mas continua triste. Pai, por que a mamãe Júlia não vem mais? Filho, já conversei isso. A mamãe Júlia não vai voltar. Mas por ela era tão legal. É complicado, Daniel. Às vezes as pessoas não são o que parecem, mas eu tenho certeza que ela é boa. Daniel, pai, vou ligar para ela no meu celular. Não. Jonas fala mais alto. Você não vai ligar para ela. Daniel fica assustado.
Desculpa, filho. Não queria gritar, mas é melhor esquecer a mamãe Júlia. Nunca vou esquecer. Daniel pega o celular e sai correndo no corredor, esbarra no avô. Para onde você vai correndo? Tô triste, vovô. Por quê? Por causa da mamãe Júlia. Papai disse que ela não volta mais. Gelson se abaixa. É melhor assim, Daniel. Ela não prestava. Como assim? Era uma pessoa ruim.
Tentou roubar da nossa casa. Daniel franze a testa. Não acredito. Ela sempre foi boa comigo. Às vezes as pessoas fingem ser boas, meu neto. Não é verdade? Daniel sai correndo chateado no quarto, liga o celular e fica mexendo. Descobre que pode gravar conversas. Que legal! Vou gravar eu cantando. Ele grava várias coisas.
A própria voz, barulhos da casa, conversas dos empregados. Daniel não sabe, mas acabou de descobrir uma arma. Poderosa contra o avô. Duas semanas depois, Júlia está com dois meses de gravidez. Trabalha escondendo a barriga, mas passa mal constantemente. Hoje ela faz faxina na casa de dona Carmen, uma senhora simpática.
Júlia, você tá bem? Tá com uma cor esquisita? Tô sim, dona Carmen, só cansada. Quer um copo d’água, alguma coisa para comer? Não precisa. No meio da limpeza, Júlia sente náusea forte e corre pro banheiro. Dona Carmen vai atrás. Menina, que foi? Deve ser alguma coisa que comi. Júlia, posso fazer uma pergunta? Pode. Você tá grávida? Júlia hesita.
Dona Carmen sempre foi boa para ela. Tô sim. Dois meses. Que alegria. E o pai? Ele não sabe e nem vai saber. Como assim? Por quê? É complicado, dona Carmen. A gente brigou. Ele não quer mais me ver. Mas filho é filho. Não, nesse caso, ele ia pensar que é mentira para conseguir dinheiro. Dona Carmen fica preocupada.
Júlia, você tá se alimentando direito? Tô tentando. Tenta nada. Você tá magra demais. Vem na cozinha. Dona Carmen prepara um prato de comida. Come tudo e leva essa marmita para casa. Não precisa. Precisa sim. E vai almoçar aqui sempre que vier trabalhar. Júlia fica emocionada. Muito obrigada. Não tem de quê. Mulher tem que ajudar mulher. Enquanto isso, Daniel está no quintal quando ouve o avô no telefone.
Gelson está na varanda, achando que ninguém escuta. Alô, Ricardo. Sou eu. É sobre aquela faxineira. Não pode dar trabalho para ela de jeito nenhum, porque ela rouba. É por isso. Não é boato. Eu vi com meus olhos. Daniel se esconde atrás de uma árvore e espalha para todo mundo.
Essa mulher não pode arrumar emprego em lugar nenhum. Ela tentou se aproveitar do meu filho. Exato. Interesseira. Daniel fica chocado. O avô está falando mal da mamãe Júlia. Se alguém perguntar, fala que ela roubou um relógio aqui. Não é mentira. Bem, não é mentira completa. Daniel saca o celular e começa a gravar.
O importante é manter ela longe do Jonas. Não posso deixar meu filho se envolver com gente dessa classe. Preciso proteger minha família dessa aproveitadora. Daniel grava tudo, não entende completamente, mas sabe que o avô está sendo injusto. Quando Gelson desliga, Daniel corre pro quarto. Vou mostrar essa gravação pro papai.
Mas quando vai procurar o pai, encontra ele conversando com Gelson na sala. Jonas, você precisa parar de ficar deprimido por causa daquela mulher. Pai, eu amava ela. Você amava uma mentira. Ela só queria seu dinheiro. Mesmo assim é difícil esquecer. Esquece, a Helena tá interessada em te conhecer. Daniel fica na porta escutando. Resolve não mostrar a gravação ainda.
Quero entender melhor. Não quero conhecer a Helena, nem ninguém. Jonas, você tem responsabilidades. Não pode ficar sofrendo por faxineira. Ela não é só faxineira, ela é era era o quê? Uma interesseira. Daniel aperta o celular, tá gravando essa conversa também. Pai, às vezes acho que o senhor exagerou.
Talvez a Júlia não tenha roubado. Como não? Eu tirei o relógio da bolsa dela. Eh, mas pareceu meio estranho. Estranho? Você tá duvidando de mim? Não. É que é que nada. Eu sou seu pai, só quero o melhor para você. Daniel grava tudo e sai de mansinho. No quarto ouve as gravações de novo.
O vovô tá mentindo pro papai e espalhando mentiras sobre a mamãe Júlia. Daniel não sabe o que fazer. É só uma criança contra um adulto poderoso. Mas uma coisa ele sabe, a mamãe Júlia é boa e não merece isso. Vou descobrir mais coisas e vou provar que o vovô é mentiroso. Daniel guarda o celular. Sua missão secreta começou. Dois meses depois. Daniel está cada vez mais triste.
Não come direito, não brinca, fica o tempo todo no quarto. Jonas está preocupado. Daniel, que foi? Você tá estranho. Nada, pai. Como nada? Você mal saiu do quarto essa semana. Tô brincando com o celular. Mas filho, criança precisa brincar de outras coisas, correr, jogar bola. Não tô com vontade. Jonas senta na cama. Daniel, você ainda tá pensando na mamãe Júlia? Daniel olha com olhos tristes. Sempre penso nela.
Filho, já conversamos sobre isso. Pai, e se ela não tivesse roubado? Como assim? E se o vovô tivesse se enganado? Jonas fica surpreso. Por que você tá falando isso? Não sei. Só uma pergunta. Daniel, seu avô, viu o relógio na bolsa dela. Mas e se alguém tivesse colocado lá? Filho? Quem ia fazer isso? Daniel quase fala, mas para. Ainda não é a hora. Não sei.
Só tô imaginando. Jonas abraça o filho. Sei que você gostava dela. Eu também. Mas às vezes as pessoas nos decepcionam. Pai, você ainda ama ela? Jonas hesita. É complicado, mas ama ou não ama? Daniel, fala a verdade. Jonas suspira. Amo sim, mesmo sabendo que ela me enganou. Daniel fica animado.
Então por que não vai atrás dela? Porque não dá mais, filho? Muita coisa aconteceu. Mas se vocês se amam, ela não me ama mais. Depois de tudo, Daniel abraça o pai. Pai, tenho certeza que a mamãe Júlia ainda ama a gente. Na semana seguinte, Daniel começa a ficar doente de verdade. Tosse muito, febre alta, não consegue respirar direito. Jonas leva no médico. Doutor, meu filho tá com tosse terrível.
O médico examina Daniel. É pneumonia. Ele vai ter que ficar internado. Internado? Sim. O pulmão tá comprometido no hospital. Daniel fica pior. A febre não baixa. Ele delira. Mamãe Júlia, onde tá a mamãe Júlia? Jonas fica ao lado da cama. Filho, o papai tá aqui. Quero a mamãe Júlia. Ela cantava para mim.
Daniel, ela não pode vir. Por quê? Ela não gosta mais de mim? Jonas não sabe responder. Vê o filho definhando. Doutor, ele vai ficar bem. Fazemos tudo que podemos, mas ele tá muito abatido. Às vezes crianças respondem melhor quando a pessoa que procuram tá presente. Como assim? Ele tá chamando por uma mamãe Júlia.
Seria possível trazer ela? Jonas fica em conflito. É complicado. Senhor Jonas, seu filho pode estar correndo risco. Se tem alguém que pode dar força para ele. Jonas sai desesperado, liga pro pai. Pai, o Daniel tá muito mal, só chama pela Júlia. E você tá pensando em chamá-la? Não sei o que fazer. O médico diz que ele pode morrer. Jonas, não faz isso.
Mas e se o Daniel? O Daniel vai ficar bem, pai? E se não ficar? Vou me perdoar? Gelson fica nervoso. Se Jonas chamar Júlia, o plano vai por água abaixo. Filho, você tá desesperado. Não tá pensando direito. Talvez seja a hora de pensar com o coração. Jonas desliga, fica parado na frente do hospital, precisa tomar uma decisão. Volta pro quarto. Daniel tá pior, quase inconsciente.
Mamãe Júlia, por favor, volta. Jonas não aguenta mais. Enfermeira, preciso sair. Claro, senhor. Qualquer coisa ligamos. Jonas vai direto paraa favela do Capão Redondo. Não tem mais orgulho, só medo de perder o filho. Bate na porta. Dona Francisca atende, Jonas. Dona Francisca, preciso falar com a Júlia, é urgente. Ela não tá.
Foi trabalhar onde? Na casa de dona Carmen, nos jardins. Jonas pega o endereço e sai correndo na casa de dona Carmen. Júlia está limpando quando a patroa grita: “Júlia, tem um homem querendo falar com você”. Júlia vai até a porta e vê Jonas. O coração dispara. Jonas, que que você tá fazendo aqui? Júlia, sei que você me odeia, mas o Daniel tá muito doente.
O Daniel? O que aconteceu? Pneumonia grave. Tá internado e só chama por você. Júlia fica pálida. Ele tá bem? Não. O médico disse que pode morrer. Júlia não hesita. Me leva no hospital agora. Você vai depois de tudo, Jonas? Eu amo aquele menino mais que minha vida. Claro que vou. Dona Carmen aparece. Júlia, vai.
Te libero e não desconto do pagamento. No carro, Júlia pergunta: “Como ele ficou doente?” “Não sei. Tava muito triste. Parou de comer, de brincar. Triste. Por quê? Jonas olha para ela. Por sua causa. Não parou de perguntar por você nenhum dia. Júlia sente o coração apertar e pensa no bebê de 4 meses que carrega na barriga.
No hospital, Júlia corre pro quarto. Daniel está pálido, com aparelhos ligados. Meu Deus, Daniel. Ela pega a mãozinha quente dele. Daniel, é a mamãe Júlia. Tô aqui, meu amor. Daniel abre os olhos devagar. Mamãe Júlia, você voltou? Voltei, sim, meu príncipe, e não vou sair enquanto você não ficar bom. Pensei que você não gostava mais de mim.
Júlia segura o choro. Como pode pensar isso? Te amo mais que tudo mesmo. Então por que foi embora? Foi problema de adulto, meu amor. Mas agora não importa. Daniel sorri pela primeira vez em dias. Você vai ficar aqui? Vou sim. Vão ter que me tirar na marra. Jonas observa da porta.
Em 5 minutos, Júlia conseguiu o que os médicos não conseguiram. Daniel reagindo. Mamãe, Júlia, canta aquela música que eu gosto. Claro, meu amor. Júlia canta baixinho uma canção de Ninar. Daniel relaxa e dorme sem delirar. O médico chega impressionado. Nossa, os sinais vitais melhoraram muito. Doutor, ele vai ficar bem? Júlia pergunta. Se continuar assim, vai. O que vocês fizeram? A mamãe Júlia chegou.
Jonas responde. Então ela vai ter que ficar pelo menos até ele se recuperar. Júlia passa a noite cantando, contando histórias, conversando com Daniel. Jonas fica na poltrona observando. Vê como Júlia cuida do filho com amor verdadeiro.
Como uma pessoa que ama tanto pode ter roubado? Ele pensa: “No segundo dia, Daniel já está melhor. Brinca com Júlia, ri, come direitinho. Mamãe Júlia, por que você e meu pai brigaram?” Júlia olha para Jonas. É complicado, meu amor. Mas vocês se amam, né, Daniel? Eu sei que se amam. Vi no olho de vocês. Júlia fica vermelha. Jonas também. Filho, não é tão simples.
Por que não? Se se amam, casam e pronto. Porque aconteceram algumas coisas. Não que coisas? Coisas que você não vai entender. Daniel fica sério. Pai, posso contar um segredo? Que segredo? Pode ser na frente da mamãe Júlia? Pode. Eu sei que o vovô mentiu sobre ela. Jonas fica tenso.
Como assim? Ouvi ele no telefone, estava falando que a mamãe Júlia era ladra, mas ele disse: “Não é mentira. Bem, não é mentira completa. Jonas sente o mundo girar. Tem certeza do que ouviu?” Tenho. E gravei. Gravou? Daniel pega o celular. Quer escutar? Jonas pega com a mão tremendo, ouve a gravação e fica chocado.
Meu Deus, Daniel, quando foi isso? Logo depois que a mamãe Júlia foi embora, Júlia escuta e fica paralisada. Então foi armação. Júlia, eu Jonas não sabe o que dizer. Não precisa falar nada. Sei que acreditou no seu pai porque é sua família. Mas eu devia ter confiado em você. Jonas, deixa para lá. O importante é o Daniel. Não deixo para lá. Jonas pega a mão dela. Me perdoa.
Fui um idiota. Jonas, me perdoa, por favor. Te amo. Júlia olha nos olhos dele. Também te amo. Nunca parei. Então vocês vão voltar? Daniel pergunta animado. Filho, é complicado. Não é nada. Vocês se amam. Eu amo vocês. Pronto. Júlia ri. Se fosse tão simples. É simples sim. Mamãe Júlia, casa com meu pai. Júlia fica vermelha. Daniel. Pai, pede ela em casamento.
Jonas fica vermelho também. Filho, não é assim. É assim, sim. Pede. Jonas olha para Júlia. Júlia, não quer casar comigo? Jonas, você tá pedindo porque o Daniel mandou? Não. Tô pedindo porque te amo e não quero mais viver sem você. Júlia hesita, tem tanto para contar. Jonas, preciso te falar uma coisa. Que coisa? Júlia respira fundo. Tô grávida. Jonas fica paralisado.
Grávida de 4 meses. O bebê é seu. Daniel pula na cama. Vou ter irmãozinho? Vai sim, meu amor. Jonas ainda processa a informação. Por que não me contou? Porque você me odiava. E a pensar que era mentira para conseguir dinheiro. Júlia. Jonas pega a mão dela, me perdoa por tudo, por todas as dúvidas, todo o sofrimento.
Me perdoa você também por ter escondido a gravidez. Eles se beijam pela primeira vez em meses. Daniel bate palmas. Agora sim, vou ter pai, mãe e irmãozinho. No dia seguinte, Daniel tem alta. Na saída, Jonas toma uma decisão. Júlia, vamos para minha casa. Preciso acertar as contas com meu pai, Jonas, não sei se é boa ideia. É sim. Ele tem que responder pelo que fez.
Pai, o vovô vai ficar bravo? Daniel pergunta. Vai sim, filho, mas às vezes a gente precisa enfrentar quem faz maldade. Na mansão, Gelson está no escritório quando ouve o carro. Sai para receber o filho e vê Jonas entrando com Júlia e Daniel. Que significa isso? Porque essa mulher tá na minha casa, pai.
A gente precisa conversar. Não tenho nada para conversar na frente dela. Tem sim e muito. Jonas entra na sala com Júlia e Daniel. Gelson segue irritado. Jonas, você enlouqueceu depois de tudo que essa mulher fez. Pai, senta aí e me escuta. Não vou escutar nada. Daniel se aproxima do avô.
Vovô, quero ouvir uma coisa interessante. Que foi, meu neto? Daniel liga o celular. Escuta isso. A gravação toca. A voz de Gelson espalha para todo mundo. Não pode arrumar emprego. Não é mentira. Bem, não é mentira completa. Gelson fica pálido. Daniel, onde conseguiu isso? Gravei o senhor no telefone. Pai, Jonas fala duro.
Explica essa gravação. Eu posso explicar? Então explica como é que não é mentira completa. Gelson fica sem resposta. O senhor armou paraa Júlia parecer ladra. Jonas, fiz isso pelo seu bem. Pelo meu bem. Jonas se levanta furioso. O senhor destruiu a vida de uma pessoa inocente. Ela não presta, é interesseira.
Interesseira? Pai, ela tá grávida de 4 meses e não me contou. Se fosse interesseira, não teria escondido. Gelson fica chocado. Grávida? É. E mesmo assim não veio atrás de mim. Jonas, você não entende? Entendo, sim. O Senhor mentiu, manipulou, destruiu nossa felicidade por preconceito. Não foi preconceito, foi proteção.
Proteger de quê? De uma mulher que ama nosso Daniel mais que a vida. Gelson olha para Júlia, que está quieta. E você não vai falar nada? Júlia se levanta. Vou sim. O Senhor me humilhou, me perseguiu, espalhou mentiras, quase me matou de fome. Júlia, sabe de uma coisa? Eu perdoo o senhor. Gelson fica surpreso. Perdoa? Perdoo porque guardar raiva só faz mal e quero ser feliz com minha família.
Pai, Jonas fala firme. A partir de hoje as coisas vão ser diferentes. Como assim? A Júlia vai ser minha esposa, mãe dos meus filhos, e o Senhor vai respeitá-la. E se eu não aceitar? Jonas olha no olho do pai. Então o senhor perde um filho e vai ficar sozinho pro resto da vida. Gelson fica calado, sabendo que perdeu a batalha.
Sua manipulação foi descoberta e agora vai ter que viver com as consequências. Jonas abraça Júlia e Daniel. Vamos embora. Temos um casamento para planejar. Um mês depois da confrontação, Jonas procura Júlia na casa de dona Carmen. Ela está com 5 meses de gravidez, a barriga já aparecendo.
Júlia, preciso falar com você. Oi, Jonas. Que foi? Quero te pedir uma coisa. Casa comigo. Júlia para de limpar e olha para ele. Jonas, não, deixa eu falar. Sei que te machuquei. Sei que duvidei quando devia ter confiado, mas te amo de verdade. Eu sei que você me ama, então por que tá hesitando? Júlia senta numa cadeira.
Porque tenho medo, Jonas. Medo de sofrer de novo. Você não vai sofrer, prometo. Como pode prometer? Seu pai ainda mora na mesma casa que você. Jonas senta do lado dela. Júlia, depois que descobri as mentiras dele, nossa relação mudou. Ele sabe que perdeu meu respeito, mas ele continua sendo seu pai.
É, mas você vai ser minha esposa, mãe dos meus filhos, e isso é mais importante. Júlia põe a mão na barriga. E se ele tentar separar a gente de novo, não vai conseguir. Agora eu sei quem ele é de verdade. Jonas, não é só isso que me preocupa. O que mais? Sou uma faxineira pobre, grávida, morando na favela. Você é um milionário. Como isso vai dar certo? Jonas pega a mão dela.
Júlia, você acha que eu ligo para isso? Você não. Mas e as outras pessoas? Seus amigos, seus sócios. Não me importo com os outros. Desculpa falar assim, mas é isso mesmo. Júlia ri pela primeira vez. Você quase falou coisa feia. Quase nada. Só disse que não ligo pro outros pensam. Jonas, vai ser difícil, muito difícil.
Eu sei, mas a gente enfrenta junto. Nesse momento, Daniel aparece correndo na casa. Mamãe, Júlia, papai, vocês estão aqui? Oi, meu príncipe. Júlia abraça o menino. Mamãe Júlia, você vai casar com meu pai? Ainda tô pensando, meu amor. Mas por que vocês se amam? É complicado. Não é complicado nada. Daniel se vira pro pai. Pai, fala para ela que a gente vai ser uma família.
Jonas sorri. Daniel, a mamãe Júlia precisa ter certeza. Certeza de quê? que vai dar tudo certo. Daniel pega a mão de Júlia. Mamãe Júlia, eu prometo que vou cuidar de você e do meu irmãozinho para sempre. Júlia fica emocionada. Ai, meu amor. E meu pai também promete, né, pai? Prometo sim, filho.
Daniel olha pra Júlia. E você promete que não vai embora nunca mais? Júlia olha pro menino, depois pro Jonas. Prometo. Então, tá decidido. Vocês vão casar. Júlia ri. Tá bom. Aceito casar com vocês dois. Jonas a abraça. Sério? Sério, mas com uma condição. Qual? O casamento vai ser simples, nada de luxo exagerado. Como você quiser.
Daniel pula de alegria. Vou ter uma família de verdade. Dona Carmen aparece na sala. Que barulho é esse, dona Carmen? Eles vão casar. Daniel grita. Que maravilha. Parabéns para vocês. Obrigada, dona Carmen. Júlia, você merece ser feliz. E você também, moço. Cuidem bem um do outro. Vamos cuidar sim. Jonas responde. No caminho para casa, Daniel não para de falar. Pai, quando vai ser o casamento? Não sei ainda, filho.
A gente precisa organizar. Pode ser semana que vem. Júlia ri. Calma, Daniel. Casamento demora para organizar, mas eu quero logo. Por quê? Porque quero que todo mundo saiba que você é minha mãe de verdade agora. Júlia fica emocionada. Você já me considera sua mãe? Desde o primeiro dia que te conheci. Jonas olha pelo retrovisor.
E eu te amo desde o primeiro dia também, mesmo quando descobriu que eu era pobre. Principalmente quando descobri, porque vi que você me amava de verdade, não pelo meu dinheiro. E agora? Não tem medo que as pessoas falem mal, que falem. O importante é que somos felizes. Daniel bate palmas. É isso aí. E quem não gostar, problema deles. Jonas e Júlia riem da espontaneidade do menino.
Pai, posso contar uma coisa? Claro. O vovô tá muito triste desde aquele dia. Jonas fica sério. Como assim? Ele quase não sai do quarto e quando sai fica com cara de bravo. Daniel, seu avô tá passando por um momento difícil. Por quê? Porque ele fez coisas erradas e agora tá arrependido. Ele pediu desculpas pra mamãe Júlia.
Jonas olha para Júlia. Ainda não. Então ele tem que pedir, filho. Não é tão simples. Por que não? Quando eu faço coisa errada, você manda eu pedir desculpas. Júlia intervém. Daniel, seu avô é orgulhoso. É difícil para ele admitir que errou. Mas se ele não pedir desculpas, como vocês vão se dar bem? A gente vai se dar bem do nosso jeito, meu amor. Mas seria melhor se ele pedisse desculpas, né? Júlia e Jonas se olham.
O menino tem razão, mas sabem que Gelson nunca vai se humilhar. Seria sim, filho. Seria melhor. Duas semanas depois, os preparativos do casamento estão a todo vapor. Júlia está com 5 meses e meio de gravidez radiante. Dona Francisca está ajudando a escolher o vestido. Menina, você tá linda, grávida e noiva.
Que alegria. Obrigada, dona Francisca. Você que é minha família de verdade e sempre vou ser, mas agora você vai ter uma família grande. É verdade. Júlia experimenta um vestido simples, mas elegante, que acha perfeito: “Você vai ser a noiva mais bonita de São Paulo.
” Enquanto isso, Jonas está no escritório quando Daniel chega com o celular na mão. Pai, posso te mostrar uma coisa? Claro, filho. Lembra das gravações que fiz do vovô? Lembro. Tem mais. Jonas fica surpreso. Como assim? Continuei gravando ele escondido. Quer escutar? Daniel liga o celular. É uma conversa de Gelson no telefone. Alô, Dr. Carvalho. Preciso de um favor.
É sobre meu filho. Ele vai casar com uma mulher que não presta. Quero que você investigue ela. Procura qualquer coisa. dívidas, problemas com a lei, qualquer coisa. Jonas fica chocado. Quando foi isso? Ontem. Ele tava no escritório. A gravação continua. Não me importa quanto custa. Quero algo para provar que ela não serve para minha família. Se não achar nada, inventa alguma coisa.
Não é a primeira vez que fazemos isso. Jonas desliga o celular furioso. Ele não desiste nunca. Pai, o vovô é muito malvado. Não sei mais o que pensar dele. Filho, você vai contar pra mamãe Júlia? Jonas hesita. Não sei. Ela já tá estressada com o casamento, mas ela tem que saber.
Por quê? Porque vocês são uma família. Agora, família não esconde segredo. Jonas fica impressionado com a sabedoria do filho. Você tem razão. Naquela noite, Jonas vai até a casa de Júlia. Oi, amor. Que foi? Você tá com cara estranha. Preciso te contar uma coisa. Júlia fica preocupada. Aconteceu alguma coisa? É sobre meu pai.
Ele não desistiu. Como assim? Jonas conta sobre as gravações. Júlia fica pálida. Ele quer inventar coisas sobre mim? Parece que sim, Jonas. E se ele conseguir? E se ele inventar que eu tenho dívidas ou que já fui presa? Júlia, calma. Como fica calma? Se ele espalhar mentiras de novo, ninguém vai acreditar em mim.
Jonas abraça ela. Eu acredito. Daniel acredita. E isso é o que importa. Mas e se ele conseguir cancelar nosso casamento? Não vai conseguir. Não vou deixar. Jonas, tenho medo. Eu também tenho, mas a gente não pode viver com medo dele para sempre. Júlia põe a mão na barriga. Não é só por mim, é pelo nosso bebê também. Por isso mesmo que temos que enfrentar ele. Como? Vamos pensar em alguma coisa.
No dia seguinte, Daniel procura Júlia em casa. Mamãe Júlia, posso te falar uma coisa? Claro, meu amor. Gravei mais coisas do vovô. Mais? É, ele tava falando mal de você pro telefone de novo. Júlia fica triste. Ai, Daniel, mas tive uma ideia.
Que ideia? E se a gente mostrasse as gravações para todo mundo no casamento? Como assim? Assim? Quando ele tentar falar mal de você, a gente mostra que ele é mentiroso. Júlia fica pensativa. Daniel, isso seria certo? Por que não seria? Ele é que tá fazendo coisa errada. É, mas mamãe Júlia, você não pode deixar ele destruir sua felicidade de novo. Júlia olha pro menino.
Você tem razão, meu amor, mas vou conversar com seu pai primeiro. Tá bom, mas não deixa o vovô ganhar. Não vou deixar meu príncipe. Júlia abraça Daniel pensando em como proteger sua família das maldades de Gelson. Naquela noite, ela conta a ideia de Daniel pro Jonas. Você acha que ele vai mesmo tentar alguma coisa no casamento? Conhecendo meu pai, vai sim. Então vamos estar preparados. Como? Levando as gravações.
Se ele tentar nos humilhar, a gente mostra a verdade. Jonas concorda. É uma boa ideia. Pelo menos estaremos protegidos. Tomara que não precise usar. Eu também espero que não, mas é melhor estar preparado. O dia do casamento chegou. A igreja é simples, mas está linda, cheia de flores.
Júlia está radiante com se meses de gravidez, o vestido adaptado perfeitamente à barriga. Dona Francisca está chorando de emoção. Minha menina casando. Que alegria. Obrigada por tudo, dona Francisca. A senhora é minha mãe de coração e você é minha filha menina. Sempre foi. Na entrada da igreja, Jonas espera nervoso.
Daniel está ao lado dele, todo arrumado, com o celular no bolso. Pai, você tá nervoso? Tô sim, filho. Por quê? Você ama a mamãe Júlia? Amo muito. Mas casamento é uma coisa séria. Eu sei, mas vocês vão ser felizes para sempre. A música começa a tocar. Júlia entra de braços dados com dona Francisca. Está linda, emocionada. Jonas fica sem respirar quando vê ela. Nossa, que mulher linda. É a minha mamãe.
Daniel sussurra orgulhoso. A cerimônia está correndo tranquila quando a porta da igreja se abre com estrondo. Gelson Tramontina entra acompanhado de dois seguranças grandes. Essa cerimônia não pode continuar. Ele grita. Os convidados ficam chocados. Jonas fica furioso.
Pai, o que o senhor tá fazendo? Salvando você de um erro terrível. Sai daqui agora. Não saio. Essa mulher é uma farsa. Gelson se aproxima do altar. Ela enganou todo mundo. Júlia fica pálida. Senr. Gelson, por favor, por favor, nada. Vocês não sabem quem ela é de verdade. Pai, chega. O senhor já fez mal demais. Mal, eu salvei nossa família.
Gelson se vira pros convidados. Essa mulher tem passagem pela polícia. Murmúrios se espalham pela igreja. Júlia começa a chorar. Ela já foi presa por furto. Tem os documentos aqui. Gelson mostra papéis pro padre e pros convidados. E não é só isso. Ela tem dívidas enormes em vários bancos. Jonas tenta parar o pai. Isso é mentira.
Mentira? Então explica esses documentos. Daniel, que estava quieto até agora, se levanta no altar. Vovô, o senhor é mentiroso. Daniel, sai daí. Não saio. O senhor tá inventando tudo isso. Como você sabe, moleque? Daniel pega o celular. Porque eu gravei o senhor combinando essas mentiras. Gelson fica pálido. Que gravação? Quer escutar? Daniel liga o som alto. A voz de Gelson ecoa pela igreja.
Se não achar nada contra ela, inventa alguma coisa. Não é a primeira vez que fazemos isso. Os convidados ficam chocados. Gelson tenta negar. Isso é montagem. Montagem? Nada. Daniel continua reproduzindo. Quero algo para provar que ela não serve para minha família. Não me importa quanto custa.
As pessoas começam a murmurar contra Gelson. Júlia se levanta ainda chorando. Agora todo mundo pode ver quem é o mentiroso aqui. Júlia. Gelson tenta se explicar. Não, agora é minha vez de falar. Júlia se dirige aos convidados. O Senr. Gelson inventou que eu era ladra. Colocou um relógio na minha bolsa para me incriminar. Jonas se aproxima do pai.
Pai, o senhor me envergonhou pela última vez. Jonas, não cansei das suas manipulações. Jonas se vira pros convidados. Meu pai forjou documentos falsos contra a mulher que amo. Ele mentiu, humilhou, tentou destruir nossa felicidade. Filho, eu só queria proteger você.
Proteger? O senhor quase me fez perder a pessoa mais importante da minha vida. Ela não presta. Quem não presta é o Senhor. Daniel se aproxima do avô. Vovô, o senhor é muito malvado. A mamãe Júlia é boa e o senhor fica inventando mentiras. Daniel, eu não quero mais ser seu neto. Gelson fica chocado. Como pode falar isso? Porque neto de mentiroso eu não quero ser. Júlia se aproxima de Gelson. Senr.
Gelson, o senhor me fez muito mal. Mas sabe de uma coisa? O quê? Mesmo assim eu perdoo Senhor. Perdoa? Perdoo porque não quero que meu coração fique cheio de raiva. Quero ser feliz com minha família. Jonas se aproxima do Pai. Pai, o Senhor não é mais bem-vindo na minha vida. Jonas, você não pode falar isso. Posso sim.
O senhor escolheu o preconceito ao invés do amor. Gelson fica em silêncio por alguns segundos, vendo que perdeu tudo. Vocês vão se arrepender disso? Não, pai. Quem vai se arrepender é o senhor. Gelson sai da igreja humilhado, sozinho. Os convidados aplaudem Júlia e Jonas.
O padre que assistiu tudo em silêncio sorri. Bem, agora que a verdade veio à tona, podemos continuar a cerimônia? Podemos sim, padre. Júlia responde radiante. Então, pelo poder que me confere a lei, eu os declaro marido e mulher. Jonas e Júlia se beijam sob aplausos emocionados dos convidados. Daniel pula no meio dos dois. Agora somos uma família de verdade. A igreja toda se emociona.
Dona Francisca chora de alegria. Finalmente a justiça foi feita e o amor venceu. Três semanas depois do casamento, Jonas e Júlia estão organizando a mudança dela paraa mansão, quando recebem uma visita inesperada. É a delegada Carla Santos, uma mulher de uns 40 anos, séria, mas simpática. Senr. Jonas Tramontina. Sou eu. Sou a delegada Carla. Vim aqui por causa de uma investigação.
Jonas e Júlia ficam preocupados. Que tipo de investigação? Jonas pergunta. Sobre falsificação de documentos e calúnia. Como assim? Recebemos uma denúncia com gravações comprometedoras. Júlia olha para Jonas. Gravações? Sim. de um certo Gelson Tramontina, combinando a criação de documentos falsos contra a senhora. Jonas fica surpreso.
Quem fez a denúncia? Foi feita por um advogado em nome de vocês, Dr. Mendes. Jonas franze a testa. Não conheço nenhum Dr. Mendes. Daniel aparece na sala correndo. Oi, tia policial. Oi, meu querido. Você veio falar do vovô malvado? A delegada sorri. Vim sim conversar sobre ele. É que eu pedi pro Dr. Mendes ajudar a gente. Jonas fica surpreso. Daniel, quem é o Dr. Mendes? É o pai do meu amigo da escola.
Ele é advogado. Eu mostrei as gravações para ele e ele disse que ia ajudar. Júlia fica emocionada. Ai, meu querido. A delegada continua. O Sr. Gelson está sendo investigado por pelo menos três crimes: falsificação de documentos, calúnia e difamação. E o que isso significa? Jonas pergunta que ele pode pegar de 2 a se anos de prisão. Júlia fica chocada.
Prisão é senhora. Os crimes dele são graves. Mas delegada Jonas intervém. Não queremos que ele vá paraa prisão. Como assim? Ele é meu pai e avô do Daniel. Não queremos que termine assim. A delegada fica surpresa. Mesmo depois de tudo que ele fez, mesmo assim seria possível fazer um acordo.
Que tipo de acordo? Ele assume publicamente que mentiu e paga uma indenização justa. Em troca de quê? A gente não prossegue com a denúncia. Júlia concorda. Eu aceito o acordo também. Tem certeza? Ele fez muito mal pra senhora. Tenho sim. Não quero carregar raiva no coração e não quero que o Daniel cresça sabendo que o avô tá na prisão. Daniel abraça Júlia.
Mamãe Júlia, você é muito boa. A delegada balança a cabeça. Vocês são pessoas muito especiais. Delegada. Júlia fala. Quanto tempo demora esse tipo de processo? Normalmente uns três meses paraa investigação completa, depois mais uns três pro acordo se ele aceitar. E se ele não aceitar, aí ele responde na justiça mesmo. Pode demorar anos. Jonas suspira. Então vamos aguardar.
Dois meses depois, a delegada volta com notícias. Ele aceitou o acordo. Aceitou? Júlia fica surpresa. Sim. Vai publicar uma nota nos jornais principais pedindo desculpas publicamente e vai pagar uma indenização pra senhora. Quanto? R$ 80.000. Júlia quase desmaia. 80.
000 é uma quantia justa pelos danos morais que ele causou. Jonas abraça a esposa. Amor, você merece isso e muito mais, mas é muito dinheiro. É o que você vale para mim. Daniel bate palmas. Com esse dinheiro, a mamãe Júlia pode ajudar um monte de gente. Júlia sorri. É uma boa ideia, meu príncipe. A delegada se levanta. Bem, meu trabalho aqui tá feito. Parabéns para vocês.
Obrigada por tudo, delegada. Imaginem, foi um prazer conhecer uma família tão especial. Depois que ela sai, Jonas abraça Júlia e Daniel. Finalmente acabou tudo. É, Júlia suspira. Agora podemos ser felizes para sempre. Daniel pergunta. Para sempre. Uma semana depois, a nota de Gelson sai em todos os jornais.
Eu, Gelson Tramontina, peço desculpas publicamente à senora Júlia Pereira Tramontina pelas falsas acusações que fiz contra ela. Reconheço que agi com preconceito e prejudiquei uma pessoa inocente e trabalhadora. Lamento profundamente meus atos. Júlia lê a nota emocionada. Nunca pensei que ele faria isso.
Às vezes as pessoas mudam quando perdem tudo que é importante. Jonas responde: “Tomara que ele tenha aprendido mesmo. Dois anos depois, Jonas e Júlia estão no jardim da mansão, agora reformada e mais acolhedora. Júlia carrega Sofia, uma bebê de 2 anos, enquanto Daniel, agora com 10 anos completos, brinca com a irmãzinha.
Mamãe Júlia, a Sofia quer que você veja ela andando. Júlia ri. Já vou, meu amor. Jonas se aproxima e abraça a família. Como vocês estão lindas. Estamos felizes. Júlia responde, e eu também. A mansão agora é bem diferente. Parte dela foi transformada numa creche comunitária que Júlia administra com ajuda de profissionais, com o dinheiro da indenização e uma parte dos lucros da empresa. Ela criou a Fundação Esperança.
Jonas, lembra quando a gente se conheceu? Claro, você deu seus últimos R$ 14 para dois mendigos. Quem diria que um dia eu ia ter dinheiro para ajudar tantas pessoas? Você sempre teve o coração rico, amor. Daniel se aproxima correndo. Pai, mamãe, olha, a Sofia tá andando sozinha. Eles correm até onde a bebê está.
Sofia dá alguns passinhos sozinha antes de cair sentada rindo. Ela andou. Daniel grita. A Sofia andou. Júlia se emociona. Nossa bebê já tá crescendo. E o Daniel também. Jonas fala orgulhoso. Pai, quando eu crescer, vou ajudar gente igual vocês fazem. Que bom, filho. E sabem de uma coisa? Recebi cartão do vovô ontem. Júlia fica surpresa.
Cartão? É. Ele disse que tá com saudade e que aprendeu a ser uma pessoa melhor. Jonas abraça a família toda. Quem diria que um teste de mendigo mudaria nossa vida para sempre? O melhor teste que você já fez foi descobrir meu coração. Júlia responde. E eu descobri que família é quem se ama de verdade. Daniel fala.
Sofia bate palminhas como se concordasse no pô do sol. A família tramontina se abraça no jardim da casa que agora é cheia de amor, risadas e esperança. Finalmente todos encontraram seu lugar no mundo. Gostou dessa história? Você acha que Gelson teve o que mereceu? E Júlia, você acha que ela fez certo em perdoar? Me conta nos comentários. Até a próxima história.
News
MILIONÁRIO FLAGRA FAXINEIRA PROTEGENDO SUA CRIANÇA ESPECIAL… E SE CHOCA!
Para de fazer escândalo. Seu pai vai chegar e ver que tipo de criança você é. Os gritos vinham do…
Milionário flagra a faxineira ao chegar em casa mais cedo… e o que ele vê o deixa em choque…
milionário chega em casa mais cedo, sem avisar, e fica em choque ao ver o que a faxineira estava fazendo…
MILIONÁRIO INSTALOU CÂMERAS PARA VIGIAR A BABÁ… MAS O QUE VIU O FILHO FAZER CHOCOU A TODOS
Ele instalou câmeras pela casa inteira, achando que ia pegar a babá fazendo algo errado. Mas o que viu o…
AS TRIGÊMEAS DO MILIONÁRIO ERAM MUDAS… ATÉ A VELHA SEM-TETO MUDAR TUDO
O milionário ficou completamente chocado quando viu as três filhas dele, que não falavam, não sorriam e não tocavam em…
MILIONÁRIO CHEGOU EM CASA NA JANTA E VIU A NOVA BABÁ COM SUAS QUADRIGÊMEAS.. ELE CAIU EM LÁGRIMAS!
Um milionário volta para casa mais cedo, sem avisar ninguém. Depois de anos mergulhado no trabalho para fugir da dor…
💥O MILIONÁRIO ENTROU SEM AVISAR — E O QUE VIU MUDOU SUA VIDA PARA SEMPRE!
Você já entrou numa casa tão rica que até o som do silêncio dói. O sol acabava de nascer sobre…
End of content
No more pages to load






