Você já acreditou que o amor verdadeiro pode nascer nos momentos mais improváveis? Uma jovem universitária, uma dívida milionária e um empresário que mudaria sua vida para sempre? Esta é a história de como uma noite em Porto Alegre transformou dois corações de maneiras que jamais imaginaram possível. Ei, me conta aí nos comentários de onde você está assistindo, qual cidade, qual estado. Adoro conhecer vocês que acompanham essas histórias.
E se você está curtindo, não esquece de deixar aquele like e se inscrever no canal para não perder nenhuma história incrível como essa. Agora vamos começar nossa jornada. O vento frio de Júlio batia contra as janelas do apartamento na cidade baixa, criando um sussurro melancólico que ecoava a angústia de Mônica Becker. Sentada à pequena mesa da cozinha, ela observava pela enésima vez os documentos espalhados à sua frente, números vermelhos que pareciam gritar do papel, uma dívida de Rhão.
Que crescia a cada dia de juros. Mônica passou os dedos pelos cabelos castanhos, sentindo o peso dos seus 20 anos como se fossem 40. Seus olhos verdes, normalmente brilhantes com a curiosidade típica de uma estudante de arquitetura da UFRGS, agora refletiam uma preocupação madura demais para sua idade.
“Papai”, murmurou para si mesma, olhando para a foto desbotada do homem que criara sozinho ela e os dois irmãos menores após a morte da esposa. José Becker havia sido um homem honesto, trabalhador, mas as últimas safras tinham sido desastrosas. A seca, os preços baixos dos grãos e uma sequência de decisões desesperadas o levaram a se endividar profundamente com a cooperativa Machado, uma das maiores do Rio Grande do Sul. O telefone tocou, fazendo-a saltar.
A voz do outro lado era firme, educada, mas implacável. Senorita Becker, aqui é do escritório da Cooperativa Machado. Precisamos resolver a situação da dívida pendente. O senhor Orlando Machado gostaria de encontrá-la pessoalmente para discutir as opções disponíveis. Mônica sentiu o coração acelerar.
Orlando Machado, o nome que assombrava suas noites insis, o homem que controlava o destino financeiro de sua família. Ela havia pesquisado sobre ele, 38 anos bem-sucedido, respeitado no agronegócio gaúcho, um império construído com trabalho duro desde que assumira os negócios do pai ainda jovem. “Quando?”, ela perguntou, sua voz saindo mais frágil que pretendia.
Amanhã, às 2 da tarde, rua Padre Chagas, 312, sala 150, bairro Moinhos de Vento. Mônica anotou o endereço com mãos trêmulas. Moinhos de vento, um dos bairros mais elegantes de Porto Alegre, um mundo completamente diferente do dela. Após desligar, ela caminhou até a janela e olhou para as ruas movimentadas da cidade baixa. Estudantes corriam para as aulas. Ambulantes vendiam seus produtos.
A vida seguia seu ritmo acelerado, mas para Mônica, tudo parecia ter parado. Ela pensou nos irmãos, Lucas, de 16 anos, sonhando em ser veterinário, e Bruna, de 14, talentosa no desenho. Como explicaria que talvez tivessem que abandonar a escola? Como diria que a casa onde cresceram poderia ser perdida? Eu vou resolver isso disse para si mesma, observando seu reflexo no vidro da janela. De alguma forma, eu vou encontrar uma saída.
Mônica não sabia que suas próximas palavras se tornariam proféticas de maneiras que jamais poderia imaginar. Mas uma pergunta martelava em sua mente. O que exatamente Orlando Machado queria dela? A rua Padre Chagas fervilhava com o movimento típico de uma tarde de terça-feira.
Mônica observou os prédios elegantes, as lojas sofisticadas e os carros importados que passavam enquanto caminhava em direção ao número 312. Suas sapatilhas simples faziam pouco ruído no asfalto, contrastando com o som dos saltos altos das executivas que cruzavam seu caminho. O edifício da Cooperativa Machado era imponente, vidro e aço se erguendo em direção ao céu cinzento de Porto Alegre.
No lobby, o mármore brilhava sob as luzes LED e Mônica sentiu-se deslocada em sua calça jeans e blusa simples de algodão. 15º andar, murmurou para si mesma no elevador, observando os números acenderem um a um. A cada andar que subia, sentia o estômago mais apertado. A recepcionista, uma mulher elegante de meia idade, a recebeu com um sorriso profissional. Senrita Becker, o Sr.
Orlando a está esperando. Mônica foi conduzida por um corredor decorado com fotografias de plantações e troféus do agronegócio até uma porta de madeira escura. A recepcionista bateu suavemente. “Entre”. Uma voz masculina respondeu do outro lado. O escritório era amplo, com janelas que ofereciam uma vista privilegiada da cidade.
Estantes repletas de livros técnicos e legislação agrícola ocupavam uma parede inteira, mas foi o homem atrás da mesa de vidro que capturou toda a atenção de Mônica. Orlando Machado se levantou quando ela entrou, alto com cerca de 1,85 m, cabelos castanhos com fios grisalhos nas têmporas que lhe davam ar distinguido.
Vestia um terno azul marinho impecável, mas era seu rosto que mais impressionava: traços marcantes, olhos castanhos intensos e uma expressão que misturava seriedade com algo que Mônica não conseguiu identificar imediatamente. “Senrita Becker”, ele disse estendendo a mão. “Obrigado por vir. O aperto de mão foi firme, mas não intimidador.
Mônica notou que ele aguardou que ela se sentasse antes de retornar à sua cadeira, um gesto de educação que a surpreendeu. Imagino que esta não seja uma situação fácil para a senhorita Orlando começou, sua voz carregando um sotaque gaúcho sutil. Perder um pai é sempre difícil, mas herdar dívidas torna tudo mais complicado. Mônica assentiu, engolindo o nó na garganta.
Senhor Machado, eu sei que a dívida é grande, mas ela começou, mas ele a interrompeu com um gesto gentil. Por favor, me chame de Orlando. E pode ficar tranquila. Não vim aqui para ameaçar ou pressionar. Vim para entender sua situação e ver como podemos resolver isso da melhor forma possível.
Havia algo na maneira como ele falava, que fazia Mônica se sentir menos tensa. Não era a postura de um homem de negócios implacável, mas de alguém genuinamente interessado em ajudar. A verdade é que não tenho como pagar, Mônica admitiu, suas palavras saindo em um sussurro. Meus irmãos ainda estudam. Eu estou na faculdade. Não temos bens suficientes para cobrir nem metade da dívida.
Orlando inclinou-se ligeiramente para a frente, observando-a com atenção. Mônica sentiu que ele não estava apenas ouvindo suas palavras, mas tentando compreender sua situação de forma genuína. “E o que a senhorita está disposta a fazer para resolver essa situação?”, perguntou ele. A pergunta pairou no arre. Mônica sentiu seu coração acelerar. Era a pergunta que ela temia, mas sabia que chegaria.
Qualquer coisa”, respondeu, olhando diretamente nos olhos dele. “Eu faria qualquer coisa para proteger minha família”. Orlando ficou em silêncio por um longo momento, estudando seu rosto. Mônica viu algo mudar em sua expressão, como se uma decisão importante estivesse sendo tomada.
“Qualquer coisa é uma palavra muito forte, Mônica,”, ele disse, usando seu nome pela primeira vez. “Tem certeza do que está dizendo?” Mônica assentiu, mesmo sentindo as mãos tremerem levemente. Então, Orlando disse, recostando-se na cadeira: “Que tal jantarmos hoje à noite em meu apartamento? Podemos discutir alternativas?” A proposta ficou suspensa no ar como uma pergunta não formulada.
Mônica compreendeu imediatamente o que estava sendo sugerido e, por um momento tudo pareceu ficar em silêncio absoluto, mas quando olhou novamente nos olhos de Orlando, viu algo inesperado. Não havia malícia ali, nem aproveitamento. Havia interesse genuíno. Tudo bem. Ela respondeu sua voz mais firme do que esperava. Orlando sorriu. O primeiro sorriso verdadeiro desde que ela entrara na sala.
às 8 horas, rua Mostardeiro, 500, cobertura e Mônica, ele fez uma pausa. Não se preocupe, serei completamente respeitoso. Quando Mônica saiu do escritório, sua mente fervilhava com questões. O que exatamente havia acabado de acontecer? E por, apesar de toda a incerteza, ela se sentia estranhamente confiante em Orlando Machado. Mônica passou o resto da tarde em um estado de nervosismo controlado.
De volta ao apartamento na cidade baixa, ela olhou para seu guarda-roupa com desespero. Que tipo de roupa se usa para um jantar que pode mudar o destino de uma família? Seus irmãos notaram sua inquietação. Mana, tu tá estranha hoje, comentou Lucas, olhando por cima do livro de biologia. Aconteceu alguma coisa? Só coisas da faculdade.
Mônica mentiu, forçando um sorriso. Não podia contar a ele sobre a dívida, muito menos sobre o encontro marcado. Bruna, mais observadora, estreitou os olhos. Tu tá se arrumando muito bonita para coisas da faculdade”, disse vendo Mônica experimentar pela terceira vez um vestido azul marinho, simples, mas elegante.
“Tenho um trabalho importante hoje à noite”, Mônica respondeu, o que tecnicamente não era mentira. Às 7:30, ela estava pronta. O vestido azul marinho realçava seus olhos verdes e ela havia prendido os cabelos em um coque baixo, deixando algumas mechas soltas ao redor do rosto. Maquiagem sutil, apenas um batom rosado e um pouco de rímel, simples, mas bonita.
O endereço que Orlando havia dado ficava no bairro Monserrá, uma das áreas mais nobres de Porto Alegre. Quando o táxi parou em frente ao prédio, Mônica sentiu um frio na barriga. Era um edifício residencial. luxuoso, com portaria elegante e jardins cuidados. Cobertura informou ao porteiro que a direcionou para um elevador privativo.
Durante a subida, Mônica tentou controlar os nervos. Lembrou-se das palavras de Orlando: “Serei completamente respeitoso. Havia algo na maneira como ele dissera isso que a tranquilizara. A porta do elevador se abriu diretamente no hall de entrada da cobertura. Orlando a esperava e Mônica ficou surpresa com a mudança em sua aparência.
Ele havia trocado o terno formal por uma calça de linho bege e uma camisa branca de algodão com as mangas dobradas até os cotovelos. Parecia mais jovem, mais acessível. Mônica,” ele disse, sorrindo, “vo está linda. O cumprimento foi sincero, sem segundas intenções aparentes. Ele lhe ofereceu o braço. Deixa eu te mostrar o apartamento. A cobertura era deslumbrante, mas não ostentosa. Decoração em tons neutros, madeira clara, plantas nas janelas.
O que mais impressionava era a vista. Através das amplas janelas, toda Porto Alegre se estendia com o rio Guaíba brilhando sob as luzes da cidade. É. Incrível, Mônica murmurou, aproximando-se da janela. É meu lugar favorito para pensar, Orlando disse, posicionando-se ao lado dela, especialmente ao pôr do sol, quando o guaíba fica dourado.
Havia uma varanda ampla com uma churrasqueira e uma pequena horta de temperos. O cheiro de carne assando chegou até Mônica. Espero que goste de churrasco”, Orlando disse. “Não confio em mais ninguém para preparar um bom assado gaúcho.” A naturalidade com que ele falava estava desarmando as defesas de Mônica.
Este não era o ambiente frio e calculista que ela esperava. “Posso ajudar?”, ofereceu ela. Claro, você pode preparar o chimarrão enquanto eu cuido da carne. Na cozinha, Orlando mostrou onde ficavam as ervas e explicou como ele gostava do chimarrão. Erva forte, água na temperatura certa, bomba bem posicionada. Mônica observou suas mãos enquanto ele falava.
Mãos grandes, mas cuidadosas, de alguém acostumado a trabalhar com precisão. “Você aprendeu isso com seu pai?”, perguntou Mônica, preparando a cuia. com meu avô. Na verdade, meu pai era mais voltado para os negócios. O velho João me ensinou as tradições de verdade, como tratar a terra, os animais, as pessoas.
Havia carinho na voz de Orlando quando falava do avô. Mônica percebeu que estava vendo um lado dele que provavelmente poucos conheciam. Durante o jantar na varanda sob um céu estrelado, eles conversaram sobre assuntos diversos: faculdade de Mônica, os planos de Orlando para expandir a cooperativa, histórias da infância no interior.
A tensão inicial havia dado lugar a uma conversa natural, quase íntima. “Você é diferente do que eu imaginava.” Mônica admitiu, aceitando mais um copo de vinho. “E, como você me imaginava, como um empresário frio, interessado apenas em números e lucros. Orlando Riu. Um som genuíno e caloroso. Bem, os números são importantes, mas sem pessoas, sem relações verdadeiras, os negócios não fazem sentido.
Ele a olhou diretamente nos olhos. Mônica, eu quero que você saiba que, independente do que acontecer esta noite, a dívida está perdoada. Mônica quase derrubou o copo de vinho. Como assim? Você já fez mais do que suficiente ao vir aqui ao se preocupar com sua família dessa forma. Sua coragem me impressiona.
Mas então, por que? Ela começou confusa? Porque eu queria conhecê-la melhor? Porque desde que você entrou no meu escritório hoje, não consegui parar de pensar em você. A honestidade na voz dele fez o coração de Mônica acelerar. Esta era uma confissão que ela não esperava. E agora? Perguntou ela. Sua voz quase um sussurro.
Orlando estendeu a mão para ela. Agora, se você quiser, vamos descobrir juntos o que isso tudo significa. Mônica olhou para a mão estendida. Uma escolha, um momento que mudaria tudo. Ela pegou a mão dele. A mão de Orlando era quente e firme, transmitindo uma segurança que Mônica não esperava sentir.
Ele a conduziu para dentro da cobertura, caminhando lentamente, como se também estivesse processando a magnitude do momento. No quarto, uma suí ampla, com janelas que ofereciam uma vista panorâmica de Porto Alegre. Velas aromáticas criavam uma atmosfera suave. Mônica notou os detalhes. Flores campestres em um vaso sobre a cômoda, música instrumental baixa, lençóis de algodão que pareciam macios ao toque.
“Mônica”, Orlando disse, parando e se virando para ela. “Tem certeza?” A pergunta era carregada de significado. Não era apenas sobre o que estava prestes a acontecer, mas sobre tudo. Sobre confiar nele, sobre dar este passo, sobre permitir que suas vidas se entrelaçassem de uma forma irreversível.
Mônica observou o rosto dele. Vi a preocupação genuína ali. Cuidado, até mesmo vulnerabilidade. Este homem poderoso que controlava milhões em negócios estava nervoso. Tenho ela respondeu e percebeu que era verdade. Mas, mas eu nunca, quer dizer, não tenho muita experiência. Orlando sorriu com ternura e tocou gentilmente seu rosto. Não te preocupes, Prenda.
Serei gentil e vou ir com calma. A palavra prenda, o carinhoso tratamento gaúcho para uma mulher amada, saiu naturalmente de seus lábios e Mônica sentiu algo se mover em seu peito. O que se seguiu foi muito diferente do que Mônica havia imaginado. Orlando cumpriu sua promessa completamente. Cada toque era cuidadoso, cada beijo deliberado.
Ele parecia ter todo o tempo do mundo, dedicado inteiramente a fazê-la se sentir segura e desejada. Tu és linda”, ele murmurou contra seus cabelos, usando o tu carinhoso típico do Rio Grande do Sul. Mônica se surpreendeu com suas próprias reações. O nervosismo inicial deu lugar a uma curiosidade, depois a um desejo que ela não sabia que possuía. Na intimidade, Orlando revelou-se ainda mais gentil do que em público, atencioso, paciente, quase reverente na maneira como a tocava.
“Está tudo bem?”, Ele perguntava constantemente e Mônica percebia que a resposta dela realmente importava para ele. Quando finalmente se entregaram completamente um ao outro, foi com uma ternura que surpreendeu ambos. Não foi apenas físico. Havia uma conexão emocional que nenhum dos dois havia antecipado.
Mais tarde, deitados abraçados, observando as luzes da cidade através da janela, Mônica se sentia transformada, não apenas pela intimidade que haviam compartilhado, mas pela descoberta de que era possível se sentir tão segura e cuidada nos braços de alguém que conhecera há apenas algumas horas. Orlando ela disse baixinho.
Hum, obrigada. Ele se afastou ligeiramente para olhar para ela. Obrigada. Por quê? Por ter sido exatamente como prometeu. Gentil, respeitoso. Orlando beijou sua testa. Obrigado por confiar em mim. Eles ficaram em silêncio por um tempo, simplesmente apreciando a companhia um do outro.
Mônica sentia-se diferente, como se uma parte de si que estava adormecida tivesse finalmente despertado. Mônica, Orlando disse depois de um tempo. Sim, eu sei que esta situação é complicada. Começou com negócios com uma dívida, mas quero que saiba que o que sinto por você vai muito além disso. Mônica se apoiou no cotovelo para olhá-lo melhor.
O que você sente por mim? Orlando hesitou como se as palavras fossem importantes demais para serem ditas. levianamente. Acho que estou me apaixonando por você. A confissão ficou suspensa no arre. Mônica sentiu seu coração acelerar. Isso é loucura, ela sussurrou. Nos conhecemos hoje. Eu sei. Não faz sentido, mas é o que sinto. Mônica estudou seu rosto na penumbra do quarto.
Via sinceridade ali, vulnerabilidade. Este homem de sucesso estava se expondo para ela de uma forma que provavelmente não fazia com muitas pessoas. Orlando, ela disse finalmente. Eu também sinto algo. Não sei exatamente o que é, mas mas é real. Ele sorriu. Aquele sorriso genuíno que ela havia visto pela primeira vez no escritório. Então vamos descobrir juntos onde isso nos leva.
Mônica assentiu, sentindo que estava embarcando em uma aventura que mudaria sua vida para sempre. Do lado de fora, Porto Alegre continuava sua vida noturna, mas dentro daquele quarto, dois corações haviam encontrado algo inesperado, o início de um amor verdadeiro.
Mas Mônica ainda não sabia que esta seria apenas a primeira de muitas descobertas sobre si mesma e sobre o homem que segurava em seus braços. Mônica acordou com o cheiro de café fresco e o som suave de música gaúcha vindo da cozinha. Por um momento, não soube onde estava. A cama era mais macia que a sua. Os lençóis tinham um perfume diferente e a luz que entrava pelas janelas era mais intensa do que em seu apartamento na cidade baixa.
Então, as lembranças da noite anterior vieram como ondas. O jantar na varanda, a conversa íntima, os braços de Orlando envolvendo-a com cuidado, os sussurros carinhosos em seu ouvido. Ela se sentou na cama, puxando o lençol para cobrir-se, e olhou ao redor. O quarto de Orlando era masculino, mas acolhedor. Fotografias de paisagens rurais decoravam as paredes e uma estante tinha livros sobre agronegócio misturados com literatura gaúcha. Mônica, a voz de Orlando veio da porta.
Você acordou? Ele apareceu na entrada, vestindo apenas uma bermuda de algodão, carregando uma bandeja com café, pães, frutas, e ela sorriu ao ver uma cuia de chimarrão já preparada. “Bom dia, prenda”, disse ele, usando novamente o carinhoso termo gaúcho. “Dormir bem?” A preocupação em seus olhos era genuína. Mônica percebeu que ele estava tão nervoso quanto ela sobre como seria este encontro matinal.
Muito bem”, ela respondeu. E era verdade. Havia dormido melhor do que em semanas. Orlando colocou a bandeja na mesinha de cabeceira e se sentou na beira da cama. Pensei que poderíamos tomar café da manhã na varanda. A vista do Guaíba está linda esta manhã. Mônica a sentiu ainda processando a naturalidade com que ele cuidava dela.
Não havia pressa, não havia desconforto, apenas uma atenção carinhosa que a fazia se sentir especial. Orlando”, ela disse hesitante sobre ontem à noite. Ele imediatamente ficou atento, como se esperasse que ela expressasse arrependimento. “Não me arrependo.” Ela continuou rapidamente vendo o alívio no rosto dele. “Mas preciso entender o que acontece agora.” Orlando pegou sua mão.
“O que você gostaria que acontecesse?” Era típico dele, percebeu Mônica, responder uma pergunta com outra, colocando o controle nas mãos dela. “Eu gostaria de conhecê-lo melhor”, ela admitiu. “De verdade. Não por causa da dívida ou de obrigações, mas porque por quê? Porque você me fez sentir coisas que eu não sabia que podia sentir.
O sorriso que se espalhou pelo rosto de Orlando foi radiante. Então vamos fazer isso direito? Ele disse, “Vamos nos conhecer de verdade, sem pressão, sem pressa.” Eles tomaram café na varanda com o sol matinal pintando o guaíba de dourado. Mônica observava Orlando enquanto ele preparava o chimarrão.
Os movimentos precisos, a atenção aos detalhes, o cuidado com que serviu a ela primeiro. “Conta para mim sobre sua família”, pediu Mônica. Orlando recostou-se na cadeira, olhando para o horizonte. Meus pais morreram quando eu tinha 25 anos. Acidente de carro numa estrada rural. Herdei a cooperativa muito novo. Tive que aprender tudo na prática.
Havia tristeza em sua voz, mas também determinação. Foi difícil? muito, especialmente porque muita gente duvidava que eu conseguiria manter o negócio funcionando. Era jovem demais, inexperiente demais, mas conseguiu com muito trabalho e alguns erros pelo caminho. Aprendi que no agronegócio confiança é tudo. Uma palavra empenhada vale mais que qualquer contrato.
Mônica pensou na dívida de seu pai e em como Orlando havia simplesmente a perdoado. É por isso que você cancelou a dívida da minha família? Orlando a olhou diretamente nos olhos. Cancelei porque percebi que vocês são pessoas honradas que passaram por uma situação difícil. E também porque, por quê? Porque eu queria que qualquer coisa que acontecesse entre nós fosse por escolha, não por obrigação.
A honestidade dele continuava a surpreender Mônica. Ela estava acostumada com jogos, com segundas intenções, mas Orlando era direto de uma forma refrescante. “E você?”, ele perguntou. Conta para mim sobre seus sonhos. Mônica sorriu, sentindo-se à vontade para compartilhar.
Quero me formar em arquitetura e projetar casas sustentáveis para o interior do Rio Grande do Sul. Casas que respeitem o ambiente, mas que sejam modernas e funcionais. Interessante. Você já pensou em projetos para propriedades rurais? Na verdade, sim. Acho que há muito espaço para inovação na arquitetura rural. Os olhos de Orlando brilharam. A cooperativa está sempre construindo novas instalações. Talvez quando você se formar, você me daria uma oportunidade.
Eu te daria todas as oportunidades do mundo. A seriedade com que disse isso fez o coração de Mônica acelerar. Havia promessas não ditas nessas palavras. Eles passaram a manhã conversando, rindo, compartilhando histórias. Mônica descobriu que Orlando tinha senso de humor, que adorava música nativista, que cozinhava como hobby e que tinha um carinho especial por animais. Mantinha três cavalos criou-los em sua propriedade na região da campanha.
“Você montaria comigo algum dia?”, perguntou ele. “Eu nunca montei um cavalo, Mônica admitiu. Então eu te ensino com calma, sem pressa.” “Sempre com calma e sem pressa?”, Ela perguntou, fazendo referência às palavras dele na noite anterior. Orlando sorriu e segurou sua mão.
Sempre prenda, pelo menos quando se trata de coisas importantes. Quando Mônica finalmente se preparou para ir embora, já passava do meio-dia. Orlando insistiu em levá-la para casa. “Posso te ver novamente?”, perguntou ele quando pararam em frente ao prédio dela na cidade baixa. “Gostaria muito”, ela respondeu. “Amanhã à noite jantar no mercado público?” Mônica assentiu, sentindo uma euforia que não conseguia disfarçar.
Orlando beijou sua mão antes que ela saísse do carro, um gesto antiquado, mas que a fez se sentir como uma princesa. Quando entrou em casa, seus irmãos imediatamente notaram a mudança nela. “Mana, tu tá diferente”, comentou Bruna. Mais sei lá, mais brilhante. Mônica sorriu, tocando inconscientemente os lábios onde ainda sentia o gosto dos beijos de Orlando.
“Talvez eu esteja”, murmurou para si mesma, mas uma parte dela se perguntava: “Seria possível que um amor que começara de forma tão incomum pudesse realmente dar certo.” Na manhã seguinte, Mônica foi acordada pela campainha. Quando abriu a porta, encontrou um entregador com um buquê deslumbrante de flores campestres, margaridas brancas, lavandas e pequenas rosas silvestres arrumadas com simplicidade elegante.
“Para Mônica Becker”, disse o rapaz, entregando também um cartão. Com o coração acelerado, Mônica abriu o envelope. A caligrafia de Orlando era firme e masculina. “Bom dia, prenda. Estas flores me lembraram você. Simples, mas extraordinariamente belas. Mal posso esperar para vê-la hoje à noite. Orlando. Bruna apareceu na sala ainda de pijama, com os olhos arregalados. Mana, quem mandou isso? Mônica tentou disfarçar o sorriso, mas era impossível.
Um amigo? Que amigo é esse que manda flores campestres às 8 da manhã? Bruna insistiu com o olhar esperto típico de uma adolescente curiosa. Alguém especial. Mônica admitiu. Lucas apareceu na cozinha, atraído pela conversa. A mana arrumou um namorado? Anunciou Bruna. Não é namorado. Mônica protestou, embora não tivesse certeza do que exatamente Orlando era para ela. Então, o que é? Lucas, perguntou sorrindo.
Mônica olhou para os irmãos, duas pessoas que eram sua responsabilidade, sua família, sua prioridade. Como explicar que conhecer um homem que poderia mudar tudo em suas vidas? É complicado”, disse finalmente. Durante o dia na UFRGS, Mônica teve dificuldade para se concentrar nas aulas.
Seus pensamentos voltavam constantemente para Orlando. A maneira como seus olhos brilhavam quando ria, o cuidado com que preparava o chimarrão, a segurança que sentia em seus braços. Sua melhor amiga, Carla, notou sua distração. “Tu tá nas nuvens hoje, aconteceu alguma coisa? Conheci alguém.” Mônica admitiu.
Ah, e como ele é? Mônica hesitou. Como descrever Orlando sem suar louca? Mais velho, maduro, gentil. Quanto mais velho? 18 anos. Carla quase engasgou com o refrigerante. Mônica, 18 anos. Ele tem quantos anos? 38. Cara, e o que ele faz? é empresário. Carla a olhou com preocupação. Mônica, cuidado. Homens mais velhos com dinheiro podem ser. Não é assim. Mônica interrompeu.
Ele é diferente. Mas as palavras de Carla plantaram uma semente de dúvida. Seria Orlando realmente diferente ou ela estava sendo ingênua? À tarde, outro presente chegou. Não flores, desta vez, mas livros. três volumes sobre arquitetura sustentável e um sobre construções rurais no sul do Brasil. O cartão dizia: “Pensei que isso poderia interessar você, Orlando”.
Mônica ficou tocada. Orlando havia prestado atenção em sua conversa sobre arquitetura sustentável e se dado ao trabalho de encontrar livros específicos sobre o assunto. Às 7 da noite, ela estava pronta para o encontro. havia escolhido um vestido verde esmeralda que realçava seus olhos e prendido os cabelos em um coque baixo desalinhado propositalmente.
Orlando a esperava na entrada do mercado público e o sorriso que iluminou seu rosto quando a viu fez todas as dúvidas de Mônica desaparecerem momentaneamente. “Você está deslumbrante”, disse ele, oferecendo o braço. O mercado público à noite tinha um charme especial. As luzes amarelas criavam uma atmosfera aconchegante e o movimento dos trabalhadores que terminavam o expediente dava vida ao lugar.
Orlando a levou para uma pequena casa de vinhos no segundo andar, um lugar íntimo com mesas de madeira e decoração rústica. “Como soube deste lugar?”, Mônica perguntou. “Venho aqui desde criança com meu avô. Ele dizia que a melhor comida gaúcha não estava nos restaurantes caros, mas nos lugares onde o povo trabalhador come. Eles pediram uma tábua de queijos e embutidos regionais, acompanhada de um vinho tinto da Serra Gaúcha.
A conversa fluía naturalmente. Orlando contou histórias engraçadas de sua infância no interior e Mônica compartilhou memórias dos tempos em que o pai ainda era vivo. Ele teria gostado de você, Mônica disse, referindo-se ao pai. Por quê? Porque você tem valores parecidos com os dele.
Honestidade, trabalho duro, cuidado com a família. Orlando pegou sua mão por cima da mesa. Mônica, eu preciso ser honesto com você sobre uma coisa. O coração dela acelerou. Lá vinha a decepção, a revelação que mostraria que Carla estava certa. O quê? Eu nunca senti isso por ninguém. Nunca me interessei por relacionamentos sérios. Nunca pensei em compromisso de longo prazo. Mônica sentiu o estômago apertar.
E agora? Orlando olhou profundamente em seus olhos. Agora não consigo parar de pensar em você, em ter você na minha vida, em construir algo real e duradouro. A sinceridade na voz dele era innegável. Orlando, eu sei que é cedo para falar sobre isso. Sei que pode parecer loucura, mas quero que saiba que minhas intenções com você são sérias. Mônica sentiu lágrimas ameaçar em seus olhos.
Ninguém nunca havia falado com ela daquela maneira com tanto cuidado, tanto respeito. As minhas também, ela sussurrou. Orlando levou a mão dela aos lábios e a beijou suavemente. Então vamos ver onde isso nos leva. Sem pressa, mas com seriedade. Quando saíram do mercado público, caminharam de mãos dadas pelas ruas do centro histórico de Porto Alegre.
A noite estava amena e Mônica se sentia como se estivesse flutuando, “Hurlando,” ela disse quando chegaram ao carro dele. “Posso te fazer uma pergunta? Qualquer uma. Por que eu? Você deve conhecer mulheres mais sofisticadas, mais da sua idade.” Orlando parou e se virou para ela, segurando seu rosto entre as mãos. Porque você é real, Mônica. Porque tem coragem, determinação e um coração puro.
Porque quando olho para você, vejo não apenas quem você é, mas quem pode se tornar. Ele a beijou ali mesmo na calçada, sob a luz dos postes antigos. E Mônica soube com absoluta certeza que estava se apaixonando perdidamente por aquele homem. Mas uma pergunta ainda martelava em sua mente. Será que um amor que começara de forma tão incomum poderia sobreviver ao julgamento do mundo? Duas semanas se passaram desde aquele primeiro encontro no mercado público.
Mônica se via em uma rotina deliciosa, aulas na UFRGS pela manhã, estudos à tarde e encontros regulares com Orlando. Ele respeitava seus horários acadêmicos com um cuidado que a surpreendeu, nunca interferindo em seus compromissos, mas sempre encontrando formas criativas de estar presente. Na segunda-feira, ela encontrou um bilhete colado no para-brisa de sua bicicleta no campus. Boa sorte na prova de cálculo.
Você vai arrasar. Tes. Na quarta-feira, um café duplo apareceu em sua mesa na biblioteca, entregue por uma funcionária que disse apenas de um admirador secreto. Na sexta, quando saiu da aula de projeto arquitetônico, Orlando a esperava encostado em seu carro, vestindo jeans e uma camiseta Polo azul, muito diferente do empresário formal que conhecera inicialmente. “Surpresa”, disse ele sorrindo. “Pensei que poderíamos fazer algo diferente hoje.
O que você tem em mente? Confia em mim? Mônica riu. Nos últimos dias havia aprendido a confiar nele de uma forma que a surpreendia. Sempre. Orlando a levou para fora da cidade, pelas estradas rurais que cortavam a região metropolitana de Porto Alegre. A música gaúcha tocava baixinho no rádio e Mônica observava a paisagem mudar gradualmente, prédios dando lugar a casas menores, depois a propriedades rurais com porteiras de madeira e campos verdes se estendendo até o horizonte.
Para onde estamos indo? Para a minha propriedade. Quero te mostrar de onde venho de verdade. A estância da família Machado ficava a cerca de uma hora da capital. Quando passaram pela porteira principal, Mônica viu uma placa em ferro. forjado. Estância São João, Steam 1923. A casa sede era uma construção tradicional gaúcha.
Paredes de pedra, telhado de barro, varandas amplas com colunas de madeira. Não era ostentosa, mas tinha uma solidez e uma elegância que falavam de tradição e bom gosto. “Meu bisavô construiu essa casa quando chegou da Itália”, Orlando explicou enquanto caminhavam pela varanda. Cada geração acrescentou algo, mas sempre respeitando o estilo original. Mônica observava tudo com olhos de arquiteta.
A harmonia entre a construção e a paisagem era perfeita, como se a casa tivesse crescido naturalmente do solo. “É linda”, disse ela sinceramente. “A integração com o ambiente é perfeita”. “Você tem olho de profissional.” Orlando observou com carinho. Eles caminharam pelos jardins, visitaram os estábulos onde três cavalos crioulos os receberam com relinchos curiosos. Orlando apresentou cada animal pelo nome: tempestade, luar e coragem.
E Mônica viu como ele se transformava quando estava com eles. Havia uma naturalidade, uma paz que ela não vira antes. “Este é o meu lugar de verdade”, ele disse, acariciando o pescoço de luar. Quando as coisas ficam complicadas na cidade, venho para cá. E agora? Está complicado. Orlando se virou para ela.
Agora está diferente. Complicado de uma forma boa. Mônica sentiu o coração acelerar. Ela se aproximou dele e Orlando a ergueu para que pudesse acariciar o ar também. “Ele gosta de você”, disse Orlando, observando como o cavalo respondia gentilmente ao toque de Mônica. “Como você sabe? Luar é desconfiado com estranhos, mas contigo ele está calmo.
Havia algo simbólico naquele momento. Se os cavalos de Orlando aceitavam Mônica, talvez fosse um sinal de que ela realmente pertencia à aquele mundo. Mais tarde, sentados na varanda da casa, compartilhando o chimarrão e observando o pôr do sol pintar os campos de dourado, Mônica se sentiu mais relaxada do que em muito tempo. Orlando ela disse hesitante. Posso te perguntar sobre outras mulheres? do seu passado.
Ele não pareceu surpreso com a pergunta. Houve algumas, mas nada sério. Relacionamentos superficiais, mais por conveniência social do que por sentimento real, porque nunca se casou. Orlando ficou em silêncio por um momento, pensando na resposta. Porque nunca encontrei alguém que me fizesse querer mudar minha vida.
Até agora a implicação nas palavras dele era clara. Mônica sentiu uma mistura de alegria e medo. Orlando, temos vidas muito diferentes. Eu ainda estou na faculdade. Tenho irmãos para cuidar e eu admiro isso em você. Ele interrompeu. Sua responsabilidade, sua dedicação à família.
Mas e as pessoas? O que vão dizer sobre nós? Orlando se virou para olhá-la diretamente. Mônica, eu aprendi que na vida temos duas escolhas. Viver para agradar os outros ou viver para ser feliz. Eu escolhi ser feliz e você me faz feliz. A simplicidade da declaração tocou Mônica profundamente. Você me faz feliz também, ela admitiu. Então isso é o que importa.
Quando a noite chegou, Orlando a levou de volta para Porto Alegre. Durante o trajeto, Mônica refletiu sobre as mudanças que sentia em si mesma. estava mais confiante, mais segura do próprio valor. Orlando a fazia se sentir especial de uma forma que ela nunca experimentara.
Quando pararam em frente ao prédio dela, Orlando pegou sua mão. Mônica, quero te fazer uma proposta. Que tipo de proposta? A cooperativa está iniciando um projeto de construção de novas instalações. Precisamos de alguém com visão arquitetônica sustentável. Que tal fazer um estágio conosco? Seria uma oportunidade de aplicar seus conhecimentos e ganhar experiência prática. Mônica ficou em silêncio, processando a oferta.
Você está me oferecendo trabalho? Estou oferecendo uma oportunidade. Se você aceitar, será pelos seus méritos, não por nosso relacionamento. A diferença era importante e Mônica apreciou que ele deixasse isso claro. “Preciso pensar”, disse ela. “Claro, sem pressão.” Orlando a beijou suavemente antes que ela saísse do carro.
Em casa, Mônica encontrou seus irmãos assistindo televisão na sala. “E aí, mana? Como foi o encontro com o príncipe encantado?”, perguntou Bruna, fazendo referência às flores que continuavam chegando regularmente. Mônica sentou-se entre eles no sofá. “Crianças, preciso contar uma coisa para vocês.” Lucas e Bruna a olharam com atenção.
“Lembram da dívida que papai deixou com a cooperativa?” Eles a sentiram, a preocupação voltando aos seus rostos. Ela foi perdoada. Como assim? Lucas perguntou. O dono da cooperativa Orlando, cancelou a dívida. E o que ele quer em troca? Bruna perguntou sempre desconfiada. Mônica sorriu. Ele quer me namorar. O silêncio que se seguiu foi quebrado pela risada de Lucas. Cara, mana, tu arrumou um Sugar Daddy.
Lucas? Mônica protestou, mas estava rindo também. Ele é legal? Bruna perguntou mais séria. Mônica pensou na pergunta por um momento. Ele é gentil. respeitoso e me faz sentir especial. E vocês são importantes para ele porque são importantes para mim. Então, tá aprovado. Lucas disse, qualquer cara que tire a dívida da nossa cabeça e deixa a mana feliz, está aprovado.
Mônica abraçou os dois irmãos, sentindo que sua família estava finalmente completa novamente. Mas uma parte dela ainda se perguntava: “Estava realmente pronta para o que um relacionamento com Orlando poderia significar?” A primeira segunda-feira de Mônica como estagiária na cooperativa Machado chegou com nervosismo e expectativa.
Ela havia aceito a proposta de Orlando, mas fizera questão de estabelecer regras claras. No ambiente profissional, eles manteriam suas relações estritamente formais. “Nada tratamento especial”, disse ela durante o jantar no domingo anterior. “Quero provar meu valor pelos meus méritos”. Orlando havia concordado, mas ela via em seus olhos a dificuldade que seria para ele separar o homem apaixonado do chefe profissional.
O escritório da cooperativa fervilhava de atividade na manhã quando Mônica chegou. A recepcionista, a mesma que a havia recebido naquele primeiro dia nervoso, sorriu calorosamente. Senrita Becker, seja bem-vinda à equipe. O Sr. Orlando pediu para levá-la ao departamento de projetos. Mônica foi apresentada a Márcia Santos, uma arquiteta de 40 anos que coordenava todos os projetos de construção da cooperativa.
Mulher séria com cabelos grisalhos presos em um coque rigoroso, Márcia a recebeu com profissionalismo cort, mas Mônica detectou uma pitada de ceticismo em seus olhos. Então você é a nova estagiária”, disse Márcia foliando o currículo de Mônica, estudante da UFRGS, quinto semestre, interessada em arquitetura sustentável. Sim, senhora. Estou ansiosa para aprender e contribuir.
Márcia a levou para uma mesa em um canto da sala, onde pilhas de projetos aguardavam revisão. Vamos começar com o básico. Preciso que você analise estes projetos de armazéns e identifique possíveis melhorias em eficiência energética. Durante as primeiras horas, Mônica mergulhou no trabalho. Os projetos eram técnicos, complexos, mas ela descobriu que conseguia aplicar muito do que havia aprendido na faculdade. Suas sugestões eram bem fundamentadas e práticas.
Por volta das 10 da manhã, Orlando passou pelo departamento. Mônica sentiu sua presença antes mesmo de vê-lo e, quando levantou os olhos, encontrou o olhar dele sobre ela. Por um breve momento, o mundo pareceu parar. Ele sorriu quase imperceptivelmente e ela sentiu o coração acelerar. “Bom dia, equipe”, ele disse em tom profissional.
“Como está o progresso dos projetos da nova unidade de pelotas?” Márcia começou a explicar os detalhes, mas Mônica percebeu que Orlando ocasionalmente olhava em sua direção. Ela forçou-se a concentrar-se nos desenhos, mantendo a expressão neutra.
E nossa nova estagiária, Orlando, perguntou casualmente, como está se adaptando? Mônica está sendo muito meticulosa. Márcia respondeu. Já identificou três pontos de melhoria no projeto do armazém principal. Mônica viu a provação genuína nos olhos de Orlando e isso a fez sentir orgulhosa de uma forma diferente de quando ele elogiava sua beleza ou sua personalidade. Na hora do almoço, Mônica estava comendo um sanduíche na pequena Copa quando Orlando apareceu.
“Como está sendo o primeiro dia?”, perguntou ele, servindo-se de café. Desafiador, “Mas interessante”, ela respondeu, mantendo o tom profissional. Márcia é exigente, mas é uma das melhores arquitetas que conheço. Você pode aprender muito com ela. É a impressão que tenho. Eles ficaram em silêncio por um momento. Mônica podia sentir a tensão entre eles, o esforço para manter as coisas profissionais quando tudo que queriam era se comportar como um casal.
Mônica Orlando disse baixinho, verificando se não havia ninguém por perto. Você está linda hoje. Ela sorriu apesar de si mesma. Orlando, lembra das regras? Lembro, mas não posso evitar pensar que a mulher mais bonita do escritório é minha namorada. Sua namorada? Mônica repetiu, sentindo uma euforia súbita. Era a primeira vez que ele usava esse termo. Orlando percebeu o que havia dito e sorriu.
É o que você é, não é? Antes que Mônica pudesse responder, Márcia entrou na Copa. Mônica, preciso de você. Temos uma reunião com o cliente de Bagé em 20 minutos. A tarde passou rapidamente. Mônica participou da reunião como observadora, mas Márcia ocasionalmente pedia sua opinião sobre aspectos sustentáveis dos projetos.
Para a surpresa dela, suas contribuições foram bem recebidas pelo cliente. “Você tem boas ideias”, Márcia comentou quando voltaram para a sala. Diferentes das convencionais, mas interessantes. Era o primeiro elogio direto que recebia da supervisora. E Mônica sentiu uma satisfação profissional genuína. No final do dia, quando a maioria dos funcionários já havia saído, Mônica estava organizando sua mesa quando Orlando se aproximou. Pronta para ir para casa. Quase, ela disse, guardando os últimos desenhos. Quer que eu te
leve? Mônica olhou ao redor. Márcia havia saído, mas outros funcionários ainda estavam no andar. Não acha melhor evitar? Orlando seguiu seu olhar e compreendeu. Você tem razão. Que tal nos encontrarmos no estacionamento do parcão em meia hora? Mônica assentiu. O parque da redenção era a meio caminho entre o escritório e sua casa, neutro o suficiente para não levantar suspeitas.
30 minutos depois, ela o encontrou sentado em um banco próximo ao lago com duas cuias de chimarrão. “Pensei que poderíamos conversar sobre seu primeiro dia”, disse ele, oferecendo uma cuia. Mônica se sentou ao lado dele, mantendo uma distância respeitosa. Foi bom, desafiador, mas bom. E como foi trabalhar no mesmo lugar que eu? Mônica riu. Estranho. Difícil fingir que você é apenas meu chefe quando tudo que quero é beijá-lo. Orlando quase derrubou a cuia.
Mônica, mas acho que conseguimos manter o profissionalismo por enquanto, mas não sei se vou conseguir fazer isso por muito tempo. Mônica olhou para ele com curiosidade. Por quê? Porque é difícil ver você todos os dias, ver como você é inteligente e dedicada e não poder demonstrar publicamente como me sinto orgulhoso de você. A sinceridade dele a tocou.
Orlando, o que as pessoas do escritório sabem sobre nós? Oficialmente nada. Mas Márcia é esperta. Acho que ela suspeita. Como se houvesse sido invocada, o telefone de Mônica tocou. Era uma mensagem de número desconhecido. Cuidado com os jogos de poder no escritório. Nem todos aprovam favoritismo. Mônica mostrou a mensagem para Orlando, que franziu o senho. Alguém está de olho em nós ela disse, preocupada. Não se preocupe.
Provavelmente é só fofoca de escritório. Mas Mônica viu tensão no rosto dele. Havia algo que ele não estava contando. Orlando, existe algo que eu deveria saber sobre trabalhar na cooperativa? Ele hesitou. Mônica, nem todas as pessoas que trabalham lá são simpáticas. Algumas podem tentar usar nosso relacionamento contra nós. Que tipo de pessoas? Pessoas que acham que você só conseguiu o estágio por causa de mim.
Mônica sentiu um frio na barriga. Era exatamente o que temia. E se for verdade? Ela perguntou baixinho. Não é verdade? Orlando disse firmemente. Você tem talento real. Márcia me confirmou isso hoje, mas enquanto caminhavam de volta aos carros, Mônica não conseguia se livrar da sensação de que sua vida estava prestes a ficar muito mais complicada.
A mensagem anônima havia plantado uma semente de dúvida que cresceria nos próximos dias. Será que conseguiria provar seu valor profissional ou sempre seria vista apenas como a namorada do chefe? A semana seguinte, trouxe uma série de pequenos incidentes que isoladamente poderiam parecer coincidências. mas juntos formavam um padrão preocupante. Mônica encontrava documentos perdidos em sua mesa, recebia informações erradas sobre horários de reunião e percebia olhares e sussurros quando passava pelos corredores.
Na quarta-feira, a situação chegou ao limite. Mônica estava na Copa preparando café quando ouviu duas funcionárias conversando no corredor, sem saber que ela estava ali. É óbvio que ela só conseguiu o estágio porque está dormindo com o Orlando”, disse uma voz que Mônica reconheceu como sendo de Patrícia da Contabilidade.
Coitada da Márcia tendo que treinar a namoradinha do chefe, respondeu a outra. Aposto que ela nem sabe segurar uma régua direito. Mônica sentiu o sangue ferver. Saiu da copa com a xícara de café tremendo em suas mãos e encontrou as duas mulheres no corredor. Elas ficaram visivelmente constrangidas ao vê-la. Desculpem.
interromper”, disse Mônica, mantendo a voz controlada. “Mas gostaria de esclarecer uma coisa: “Consegui este estágio pelos meus méritos acadêmicos e porque tenho projetos aprovados na UFRGS. Se querem questionar minha competência, façam isso com base no meu trabalho, não em fofocas.” As duas mulheres ficaram em silêncio, claramente envergonhadas por terem sido ouvidas.
Mônica voltou para sua mesa, mas suas mãos ainda tremiam. Márcia, que havia presenciado parte da cena, se aproximou. Mônica, posso falar com você? Elas caminharam para uma sala de reuniões vazia. Escutei o que aconteceu ali fora Márcia disse fechando a porta. Ah, é preciso te dizer uma coisa. Fofoca de escritório faz parte da vida corporativa, mas você lidou bem com a situação.
Mônica a sentiu, ainda processando a raiva que sentia. Márcia, posso te fazer uma pergunta direta? Claro. Você acha que consegui este estágio apenas por causa do Orlando? Márcia ficou em silêncio por um longo momento, estudando o rosto de Mônica. Mônica, trabalho nesta empresa há 15 anos. Já vi Orlando contratar muita gente, homens e mulheres.
Ele nunca misturou relacionamentos pessoais com profissionais. Se você está aqui, é porque ele viu potencial real. Mas e as pessoas? Como posso provar que mereço estar aqui com trabalho? Muito trabalho e você tem sorte. Amanhã temos uma apresentação importante para um cliente de Santa Maria. É sua chance de mostrar do que é capaz. Naquela noite, Mônica chegou em casa exausta emocionalmente.
Seus irmãos imediatamente perceberam sua atenção. “Que cara é essa, mana?”, perguntou Bruna. Mônica se jogou no sofá entre eles. “Dia difícil no trabalho. Problemas com o príncipe?”, Lucas perguntou. Não com ele, com outras pessoas que acham que estou aproveitando do relacionamento. Bruna fez uma careta. Que inveja desgraçada.
Tu é inteligente para caramba, mana. Sempre foi a melhor aluna da turma. É diferente no mundo profissional, Bruna. As pessoas julgam muito. Lucas se levantou e voltou com um dos livros de arquitetura que Orlando havia dado para Mônica. “Olha isso aqui”, disse abrindo o livro numa página marcada.
Tu anotou um monte de coisas, fez esquemas, desenhos. Isso não é coisa de alguém que não sabe o que está fazendo. Mônica olhou para suas próprias anotações. Realmente havia transformado os livros em verdadeiros manuais de estudo. “Obrigada”, disse abraçando os dois. “Precisava ouvir isso. Mais tarde, Orlando ligou. Como foi o resto do dia?”, perguntou ele. Mônica hesitou, depois decidiu ser honesta. complicado.
Algumas pessoas no escritório acham que não mereço estar lá. Mônica, não, deixa eu terminar. Márcia disse que amanhã tenho uma chance de provar meu valor numa apresentação importante. Preciso me preparar bem. Quer ajuda? Não, preciso fazer isso sozinha. Orlando ficou em silêncio por um momento. Eu entendo, mas quero que saiba que acredito em você completamente.
Eu sei e isso significa muito para mim. Mônica. Sim. Independente do que aconteça amanhã, você já provou seu valor para mim de tantas formas. A voz dele estava carregada de emoção e Mônica sentiu lágrimas nos olhos. Orlando, eu te amo. As palavras saíram antes que ela pudesse pensá-las. Houve um silêncio do outro lado da linha.
Você o que disse? Eu te amo. Mônica repetiu. Desta vez com mais certeza. Não sei quando aconteceu exatamente, mas é verdade. Mônica, eu também te amo. Há semanas quero dizer isso, mas tinha medo de te assustar. Eles ficaram em silêncio, cada um processando a magnitude da confissão. Vamos dar certo, Orlando disse finalmente. Não importa o que digam no escritório, não importa os desafios, vamos dar certo. Tenho medo.
Mônica admitiu. De quê? De não ser boa o suficiente. De decepcionar você. Mônica, escuta aqui. Você é a mulher mais corajosa que conheço. Assumiu a responsabilidade pela família aos 20 anos. Está se formando em uma das melhores universidades do país e ainda encontrou forças para se apaixonar. Se isso não é ser boa o suficiente, eu não sei o que é. Quando desligaram, Mônica se sentiu renovada.
Tinha o amor de um homem extraordinário, o apoio de seus irmãos e uma chance de provar seu valor profissional. passou a noite toda preparando-se para a apresentação, revisando cada detalhe dos projetos sustentáveis que proporia. Quando finalmente foi dormir, às 3 da manhã, estava confiante de que daria tudo de si.
Mas Mônica não sabia que sua declaração de amor havia sido apenas o primeiro passo de uma jornada que testaria ambos de maneiras que não poderiam imaginar. A apresentação de amanhã mudaria tudo. A sala de reuniões da Cooperativa Machado estava impecavelmente preparada para a apresentação. Os representantes da agropecuária Santa Maria, três homens de meia idade vestindo ternos escuros, ocupavam um lado da mesa de Mógno, enquanto a equipe da cooperativa se posicionava do lado oposto.
Mônica, com um conjunto azul marinho que emprestara de Márcia, sentia o coração batendo acelerado. Orlando ocupava a cabeceira da mesa, mantendo uma expressão profissional impecável, mas Mônica captava os olhares de encorajamento que ele lhe dirigia discretamente.
“Senhores, começou Márcia, hoje apresentaremos nosso projeto para o novo complexo de armazenagem de Santa Maria. Temos algumas inovações interessantes que acredito serem do interesse de vocês. Márcia conduziu a primeira parte da apresentação com maestria, explicando os aspectos técnicos e financeiros do projeto. Mônica acompanhava atentamente, aguardando sua vez.
E agora, disse Márcia, nossa estagiária Mônica Becker irá apresentar as soluções sustentáveis integradas ao projeto. Mônica se levantou, sentindo todos os olhares sobre ela, respirou fundo e começou: “Senhores, sabemos que a sustentabilidade não é mais apenas uma preocupação ambiental, mas também uma necessidade econômica”, iniciou, sua voz ganhando firmeza a cada palavra.
O projeto que desenvolvemos para vocês incorpora tecnologias que reduzirão os custos operacionais em até 30% nos primeiros 5 anos. Ela caminhou até o projetor e começou a mostrar os desenhos que havia trabalhado durante toda a semana. Primeiro, o sistema de captação e reaproveitamento de água da chuva.
Com o volume pluviométrico médio da região, estimamos uma economia de R$ 40.000 anuais apenas em conta de água. Um dos clientes, o senhor Ferreira, se inclinou para a frente com interesse. “Como isso funcionaria na prática?”, perguntou Mônica. Estava preparada para essa pergunta.
explicou detalhadamente o sistema de calhas, reservatórios e filtros usando diagramas que ela mesma havia desenhado, via aprovação crescente nos rostos dos clientes. Segundo, continuou, o sistema de painéis solares integrados à cobertura dos armazéns. Diferente dos painéis convencionais, estes foram projetados para se mimetizar com a arquitetura rural, mantendo a estética tradicional que sabemos ser importante para vocês.
mostrou renderizações 3D que havia criado, mostrando como os armazéns ficariam visualmente. Os clientes trocaram olhares impressionados. Terceiro, o sistema de ventilação natural inteligente. Utilizando princípios de termodinâmica aplicados à arquitetura rural, desenvolvemos um sistema que mantém a temperatura interna estável, sem uso de energia elétrica para refrigeração. O Senr.
Ferreira fez várias perguntas técnicas e Mônica respondeu a todas com precisão e confiança. Ela havia estudado tanto que sabia cada detalhe do projeto. Por último, disse ela, chegando ao ponto que considerava mais inovador, a integração paisagística. Em vez de simplesmente construir os armazéns, propomos que eles façam parte de um ecossistema que beneficie toda a propriedade.
Mostrou desenhos de como pequenas áreas verdes ao redor dos armazéns poderiam servir como quebra-ventos naturais, habitate para insetos benéficos às plantações e até mesmo áreas de pastagem para pequenos animais. Isso é interessante”, disse o senhor Ferreira. “Nunca vimos uma abordagem tão integrada”. Mônica sentiu uma onda de satisfação.
Estava funcionando. “Quanto ao custo adicional?”, perguntou outro cliente. “Na verdade,” Mônica, sorriu, nossos cálculos mostram que o investimento inicial adicional é de apenas 12%. Mas o retorno se dá em menos de 3 anos, considerando as economias operacionais. Quando terminou a apresentação, o silêncio na sala durou alguns segundos. Então o Sr.
Ferreira começou a aplaudir, seguido pelos outros. “Senorita Becker”, disse ele. “Em 30 anos de agronegócio, raramente vi uma apresentação tão bem fundamentada e inovadora. Vocês têm nosso interesse.” Mônica sentiu as pernas ficarem bambas de alívio e alegria. Olhou para Orlando e viu orgulho genuíno em seus olhos. Após os clientes saírem, prometendo uma resposta em poucos dias, a equipe se reuniu para debriefing.
“Mônica,” disse Márcia, “foi uma apresentação excepcional. Você demonstrou domínio técnico e capacidade de inovação. Obrigada pela oportunidade”, Mônica, respondeu. Orlando se aproximou, mantendo o tom profissional. Parabéns a toda a equipe. Foi um trabalho exemplar, mas quando os olhares se cruzaram, Mônica viu algo mais profundo. Admiração, amor, orgulho.
Mais tarde, quando a maioria dos funcionários já havia saído, Orlando apareceu na mesa de Mônica, pronta para ir embora. Quase, ela disse, organizando os materiais da apresentação. Mônica, ele disse baixinho. Você foi incrível hoje. Não como minha namorada, mas como profissional.
Sério? Sério? Você provou para todos naquela sala que está aqui por mérito próprio? Mônica sorriu, sentindo-se completa de uma forma nova. Orlando, posso te falar uma coisa? Claro, pela primeira vez desde que nos conhecemos, me sinto totalmente igual a você. Como assim? Como duas pessoas competentes que se amam e se respeitam? Não como alguém que precisa de proteção ou favor.
Orlando sorriu e, verificando que estavam sozinhos, beijou suavemente sua testa. É assim que sempre te vi, prenda. Agora você também se vê assim. Quando saíram juntos do escritório naquela noite, Mônica sentia que havia cruzado uma linha importante. Não era mais a jovem insegura que entrara no escritório de Orlando semanas atrás.
Era uma mulher capaz, apaixonada e pronta para enfrentar qualquer desafio. Mas ela não sabia que o maior teste do relacionamento deles estava apenas começando. Três dias após a apresentação bem-sucedida, Mônica estava em sua mesa revisando projetos quando recebeu uma ligação inesperada. Mônica Becker.
A voz do outro lado era feminina, educada, mas com uma frieza que imediatamente a deixou alerta. Sim. Quem fala? Meu nome é Valentina Rossi. Sou uma antiga amiga de Orlando. Gostaria de conversar com você. Mônica sentiu um frio na barriga. O tom da mulher não era amigável, apesar da cortesia. Sobre o quê? Sobre Orlando e sobre você? Que tal nos encontrarmos para um café? Digamos hoje às 5 na confeitaria Roco? Mônica hesitou.
Tudo em sua intuição dizia para recusar, mas a curiosidade era mais forte. Tudo bem. Como vou reconhecê-la? Ó, querida, você não terá dificuldade. Estarei na mesa do fundo de vermelho. A ligação foi encerrada, deixando Mônica com uma sensação de inquietação que persistiu o resto do dia. Faz cinco em ponto.
Mônica entrou na tradicional confeitaria do centro de Porto Alegre, procurou com os olhos e imediatamente identificou Valentina Rossi, uma mulher deslumbrante de cerca de 35 anos, cabelos loiros impecavelmente arrumados, vestindo um blazer vermelho que realçava sua figura elegante. Tudo nela gritava sofisticação e dinheiro. “Mônica!” Valentina se levantou com um sorriso que não chegava aos olhos.
Que bom te conhecer, finalmente. Elas se cumprimentaram formalmente e se sentaram. Mônica observou que Valentina a analisava de cima a baixo, como se estivesse catalogando cada detalhe. “Então você é a famosa Mônica”, disse Valentina, mexendo o açúcar em seu café. Orlando fala tanto de você. “Vocês conversam com frequência?” Mônica perguntou diretamente.
Valentina sorriu, um sorriso felino que fez Mônica se arrepiar. Ohó, sim. Orlando e eu temos história, muito história. Mônica manteve a expressão neutra, mas sentia a tensão crescente. E o que você queria conversar comigo? Bem, querida, achei que você deveria saber algumas coisas sobre o homem por quem está apaixonada. Valentina abriu a bolsa e tirou um envelope.
Por exemplo, você sabia que Orlando e eu estivemos juntos por três anos? Que chegamos a ficar noivos? Mônica sentiu como se tivesse levado um soco no estômago. Orlando nunca havia mencionado uma noivado. Quando? Perguntou, tentando manter a voz firme. Terminou há apenas 8 meses. Bem recente, não acha? Valentina deslizou algumas fotos pela mesa. Eram imagens de Orlando e ela em eventos sociais.
Ele de smoking, ela deslumbrante em vestidos de gala. Pareciam um casal perfeito da alta sociedade gaúcha. Vocês formavam um belo casal. Mônica comentou, forçando indiferença. Formávamos, não é? E o interessante é que sempre voltamos um para o outro. Orlando tem, digamos, necessidades específicas.
Precisa de uma mulher que entenda seu mundo, seus negócios, sua posição social. Mônica sentiu a provocação, mas não mordeu a isca. E por que terminaram? Ohó, questões familiares. A família dele achava que eu era independente demais para ser uma esposa tradicional, mas essas coisas se resolvem com o tempo. Valentina se inclinou para a frente.
O que me preocupa, querida, é que Orlando pode estar passando por uma fase, sabe como são os homens da idade dele? Às vezes se sentem atraídos por mulheres mais jovens, por uma fantasia de recomeçar. E você acha que sou apenas uma fase? Mônica perguntou, mantendo o controle. Bem, vamos ser honestas. Você tem 20 anos, está na faculdade, vem de uma família com problemas financeiros. É exatamente o tipo de situação que desperta o instinto protetor dele.
Cada palavra era calculada para ferir. Mas Mônica percebeu que Valentina estava sendo cuidadosa. Não fazia acusações diretas, apenas plantava dúvidas. Valentina, Mônica disse calmamente, obrigada por compartilhar essas informações. Mas Orlando é um homem adulto capaz de tomar suas próprias decisões. Claro, claro.
Só achei que você deveria saber que, bem, quando esta fase passar, eu estarei aqui, como sempre estive. Valentina se levantou com elegância. Foi um prazer conhecê-la, Mônica. Espero que possamos ser amigas. Afinal, no mundo de Orlando, todos acabamos nos encontrando. Depois que Valentina saiu, Mônica ficou sozinha na confeitaria, olhando para as fotos que ainda estavam sobre a mesa.
Em todas elas, Orlando sorria genuinamente, parecendo feliz e confortável ao lado de Valentina. Dúvidas começaram a fervilhar em sua mente. Por que Orlando nunca havia mencionado um relacionamento tão sério? Por que não falara sobre o noivado? E se Valentina estivesse certa sobre ela? ser apenas uma fase. Mônica guardou as fotos na bolsa e saiu da confeitaria com o coração pesado.
Naquela noite, quando Orlando ligou, como de costume, sua voz pareceu diferente para Mônica, mais distante, mais formal. “Como foi seu dia?”, perguntou ele. Mônica hesitou. “Deveria confrontá-lo sobre Valentina imediatamente ou investigar mais? Normal e o seu reuniões o dia todo. Escuta, Mônica, preciso viajar para São Paulo amanhã. Negócios. Fico fora por três dias.
Ah, Mônica sentiu uma decepção desproporcional. Tudo bem. Tudo bem. Você parece diferente, só cansada. Houve um silêncio desconfortável. Mônica, aconteceu alguma coisa? Ela quase contou sobre Valentina, mas algo a impediu. Não, está tudo normal, tenho certeza. Tenho. Mas quando desligaram, Mônica sabia que nada estava normal. As sementes de dúvida plantadas por Valentina estavam germinando e ela não sabia como lidar com elas.
Pegou uma das fotos e olhou novamente para Orlando, sorrindo ao lado de Valentina. Eles realmente pareciam perfeitos juntos. Pela primeira vez desde que se conheceram, Mônica se perguntou se Orlando seria realmente seu ou se estava apenas brincando com sentimentos que não compreendia. completamente.
Os três dias de viagem de Orlando se transformaram em uma eternidade para Mônica. Cada mensagem dele parecia formal demais, cada ligação curta demais. As dúvidas plantadas por Valentina cresciam como erva da ninha, alimentadas pela distância e pela incerteza. No segundo dia, Mônica não aguentou mais. estava na biblioteca da UFRGS quando decidiu fazer sua própria investigação.
Uma busca rápida no Google revelou mais do que esperava: fotos de Orlando e Valentina em colunas sociais dos últimos anos, artigos mencionando o poderoso casal do agronegócio gaúcho e uma nota de apenas seis meses atrás sobre o fim do relacionamento que durou 3 anos. Mônica se sentia enganada, não pela existência de Valentina, todos têm passado, mas pelo fato de Orlando nunca ter mencionado um relacionamento tão significativo e recente.
Quando Orlando finalmente voltou de São Paulo na quinta-feira à noite, Mônica concordou em encontrá-lo em seu apartamento, mas estava tensa e defensiva. “Prenda”, ele disse ao abrir a porta, tentando abraçá-la. Senti tanto sua falta. Mônica se esquivou do abraço de forma sutil. Mas Orlando percebeu imediatamente.
“O que houve?”, perguntou, fechando a porta e estudando o seu rosto. “Precisamos conversar”, Mônica disse, permanecendo de pé na sala em vez de se sentar no sofá como fazia normalmente. Orlando franziu o senho. Sobre o quê? Sobre Valentina Rossi. A reação de Orlando foi imediata. Seu rosto ficou tenso e Mônica viu algo que nunca havia visto antes.
Culpa? Como você? O que você sabe sobre Valentina? Sei que vocês namoraram por três anos. Sei que chegaram a ficar noivos. Sei que terminaram há apenas oito meses. Mônica tirou as fotos da bolsa e as colocou sobre a mesa de centro. E sei que você nunca me contou nada disso. Orlando olhou para as fotos e suspirou profundamente. Mônica, por que não me contou, Orlando? Por que mentiu sobre seu passado? Eu não menti, só não achei relevante.
Não achou relevante? Mônica interrompeu, sua voz subindo um tom. Um noivado de três anos não é relevante. Orlando passou a mão pelos cabelos claramente desconfortável. Senta, por favor, deixa eu explicar. Mônica hesitou, depois se sentou na ponta do sofá, mantendo distância. Valentina e eu realmente tivemos um relacionamento sério começou Orlando.
Foi adequado. Nossas famílias se conheciam. Tínhamos interesses em comum. Ela entendia o mundo dos negócios. Adequado, Mônica repetiu. Que palavra interessante para descrever um noivado. É exatamente isso. Era adequado, mas não era amor. Pelo menos não o que sinto por você.
E como posso saber se não está apenas me dizendo o que quero ouvir? Orlando se levantou e caminhou até a janela, de costas para ela. Porque se fosse isso, eu teria ficado com Valentina. Era mais fácil, mais simples. Não haveria questionamentos da sociedade, não haveria diferença de idade, não haveria Ele se virou para Mônica. Não haveria você me fazendo querer ser um homem melhor do que sou.
Apesar da raiva, Mônica sentiu seu coração acelerar com as palavras dele. Orlando, como posso confiar em você se esconde coisas importantes de mim? Porque tenho medo, ele admitiu, medo de que você se assuste com o meu passado, com as expectativas que existem sobre mim, com o que um relacionamento comigo realmente significa.
Mônica se levantou e caminhou até ele. E o que significa? Significa que você vai ser julgada constantemente. Significa que pessoas como Valentina vão tentar te desestabilizar. Significa que sempre haverá quem diga que você não é boa o suficiente para mim. E você acha que não sou? Orlando segurou seu rosto entre as mãos. Mônica, você é muito melhor do que mereço.
É mais corajosa, mais autêntica, mais real do que qualquer mulher que já conheci. Mas mas às vezes tenho medo de estar sendo egoísta ao te manter nesta vida. Mônica estudou seus olhos, procurando sinais de mentira. Orlando, o que você sente por Valentina agora? Nada, absolutamente nada além de uma leve irritação por ela ter te procurado.
Ela disse que vocês sempre voltam um para o outro. Orlando riu amargamente. Valentina tem dificuldade para aceitar não como resposta. Sempre foi assim. E se ela estiver certa, se eu for apenas uma fase? Orlando a puxou para mais perto. Mônica, você quer saber a diferença entre você e Valentina? Com ela, eu era quem todo mundo esperava que eu fosse. Com você, sou quem eu realmente sou. Ele beijou sua testa.
Se isso é uma fase, então espero que dure para sempre. Mônica sentiu suas defesas começarem a se dissolver, mas ainda havia dúvidas. Orlando, preciso de honestidade total, sem omissões, sem proteção. Se vamos dar certo, preciso conhecer tudo. Você está certa, me perdoa. Mônica o estudou por um longo momento.
Desta vez, sim, mas não pode haver uma próxima vez. Orlando a beijou e desta vez Mônica correspondeu plenamente. Eu te amo ele sussurrou contra seus lábios. Só você. Eu também te amo, Mônica respondeu. Mas amor não é suficiente se não houver confiança. Então vamos construir confiança. Juntos. Enquanto se abraçavam, Mônica sentia que haviam passado por seu primeiro teste real como casal.
Mas uma parte dela se perguntava quantos outros segredos Orlando ainda guardava? E seria ela forte o suficiente para enfrentar todos eles? Seis meses haviam-se passado desde o primeiro encontro entre Mônica e Orlando. O relacionamento havia se fortalecido após o episódio com Valentina, mas Mônica sentia que algo estava mudando.
Orlando parecia mais pensativo ultimamente, mais carinhoso, mas também mais nervoso, como se guardasse um segredo importante. Era um sábado de dezembro e o calor do verão gaúcho estava no auge. Orlando havia convidado Mônica para passar o final de semana na estância, prometendo uma surpresa especial. Que tipo de surpresa? Mônica perguntara, mas ele apenas sorria misteriosamente. Você vai ver, prenda.
Só posso dizer que é algo que mudará nossas vidas. Mônica chegou à estância no início da tarde. A propriedade estava mais movimentada que o usual. Havia pessoas que ela não conhecia circulando pela casa e notou decorações especiais no jardim. Orlando ela chamou entrando na casa pela varanda. Aqui a voz dele veio da cozinha.
Ela o encontrou preparando o churrasco, mas vestido de forma mais elegante que o normal para um dia de campo. Calça social bege e camisa branca impecavelmente passada. Você está muito elegante para cuidar do gado”, comentou Mônica beijando-o no rosto. “É que hoje é um dia especial”, ele respondeu, mas havia nervosismo em sua voz. Orlando, está tudo bem? Você parece ansioso. Estou, mas é uma ansiedade boa.
Durante o almoço na varanda, com vista para os campos dourados pelo sol, Mônica notou que Orlando mal tocava na comida. Ele conversava normalmente, mas suas mãos tremiam ligeiramente quando pegava o copo de vinho. “Prenda”, disse ele de repente, interrompendo uma conversa sobre os projetos da cooperativa. “Sim, você é feliz comigo?”, a pergunta apegou de surpresa. “Claro que sou.
Por que pergunta isso? E consegue-se imaginar sendo feliz comigo para sempre? Mônica sentiu seu coração acelerar. Havia algo na maneira como ele fazia a pergunta, que sugeria muito mais do que palavras casuais. Orlando, aonde você quer chegar? Ele se levantou da cadeira, claramente nervoso. Mônica, estes seis meses foram os melhores da minha vida. Você me transformou de maneiras que eu nem sabia que eram possíveis.
Mônica também se levantou, pressentindo o que estava por vir. Você me fez querer ser um homem melhor, um parceiro melhor, alguém digno do seu amor. Orlando pegou suas mãos. Eu sei que nossa história começou de forma pouco convencional. Sei que enfrentamos desafios por causa da diferença de idade, de posição social, mas também sei que o que sentimos é real e verdadeiro.
Ele se ajoelhou diante dela e Mônica sentiu lágrimas começarem a se formar em seus olhos. Mônica Becker, você aceita se casar comigo? Orlando tirou do bolso uma pequena caixa de veludo. Dentro, um anel de diamante simples e elegante brilhava sob a luz do sol. Mônica ficou sem palavras. Olhou para o homem ajoelhado à sua frente, o homem que havia mudado sua vida de tantas maneiras, que a amava com uma intensidade que a surpreendia todos os dias, que a respeitava e a apoiava em todos os seus sonhos.
Orlando, ela começou, mas a voz falhou. Sei que é cedo. Ele continuou rapidamente. Sei que você ainda está terminando a faculdade, que tem planos, sonhos. Não estou pedindo para mudar nada disso. Só estou pedindo para fazermos juntos. Mônica olhou ao redor e percebeu que as pessoas que havia visto circulando pela estância estavam agora nas bordas do jardim, funcionários da propriedade, alguns amigos de Orlando e seus irmãos.
Lucas e Bruna estavam ali sorrindo e fazendo gestos de encorajamento. “Você trouxe meus irmãos?”, perguntou emocionada. “Claro, eles são sua família. Pedi a bênção deles antes de pedir a sua mão.” “E o que eles disseram?” Orlando sorriu. Lucas disse que qualquer cara que paga as contas e faz a irmã feliz tem aprovação total. Bruna foi mais exigente.
Disse que eu tinha que prometer cuidar de você para sempre. E você prometeu? Prometi. E prometo novamente para você. Vou te amar, te respeitar e te apoiar em todos os seus sonhos para sempre. Mônica olhou novamente para o anel, depois para o rosto de Orlando. Via amor incondicional ali, certeza, e também vulnerabilidade. Ele estava se expondo completamente, arriscando tudo.
Orlando, ela disse finalmente, há seis meses, eu pensei que estava perdendo tudo. Minha família estava endividada. Eu não sabia como seguir em frente. Ele a olhava intensamente. Mas você apareceu na minha vida e não apenas resolveu nossos problemas financeiros. Você me mostrou que eu podia ser mais forte, mais corajosa, mais completa do que jamais imaginei. Orlando segurava a respiração.
Você me fez descobrir quem eu realmente sou e quem eu sou é alguém que te ama completamente. Mônica estendeu a mão esquerda. Sim, Orlando. Sim. Eu aceito me casar com você. O grito de alegria que se ouviu do jardim veio de Lucas. Mas Orlando não tirou os olhos de Mônica enquanto deslizava o anel em seu dedo.
Encaixa perfeitamente, ele disse, se levantando e a tomando nos braços. Como você sabia meu número? Pedi para a Bruna descobrir discretamente.” Ele admitiu, beijando-a. Os irmãos de Mônica correram para abraçá-los, seguidos pelos funcionários e amigos, que começaram a aparecer de todos os cantos da propriedade. Havia música, chimarrão e uma mesa farta que apareceu como se por mágica.
“Você planejou uma festa inteira”, Mônica exclamou. “Planejei pensando positivo, Orlando riu. Mas estava preparado para uma festa bem menor se você dissesse não. Nunca diria não para você. Mônica sussurrou em seu ouvido. Mais tarde, quando a celebração improvisada chegava ao fim e os convidados começavam a se despedir, Mônica e Orlando se encontraram sozinhos na varanda, observando o pô do sol pintar o céu de laranja e rosa.
Orlando Mônica disse brincando com o anel no dedo. Tenho uma confissão. Qual? Quando te conheci, pensei que você seria apenas uma solução temporária para nossos problemas. Orlando riu. E agora? Agora sei que você é a solução permanente para uma vida que nem sabia que queria. Ele a beijou suavemente. Mônica Machado. Gosto de como soa. Eu também, ela sussurrou.
Enquanto observavam o sol se pôr sobre os campos da estância, onde em breve seria sua casa também, Mônica refletiu sobre a jornada incrível que os havia levado até ali, do desespero de uma dívida impagável ao amor verdadeiro, da insegurança de uma jovem universitária, a confiança de uma mulher pronta para construir uma vida ao lado do homem que amava.
Mas Mônica não sabia que o maior teste de seu amor ainda estava por vir. Um teste que determinaria se realmente estavam prontos para uma vida juntos. Um ano depois, a Igreja do Rosário no centro histórico de Porto Alegre nunca havia parecido tão linda. Arranjos de flores campestres, as mesmas que Orlando enviava para Mônica desde seus primeiros encontros, decoravam os bancos e o altar.
O sol de março entrava pelas antigas janelas de vidro colorido, criando um mosaico de luz que dançava sobre os convidados. Mônica estava no pequeno anexo da igreja, ajustando o vestido pela última vez. Era um modelo simples e elegante, com renda delicada e cauda discreta, exatamente o que havia sonhado.
Suas mãos tremiam ligeiramente, enquanto Bruna, agora com 15 anos e já com á de mocinha, arrumava o véu. “Mana, tu tá linda demais”, disse Bruna com lágrimas nos olhos. “Papai ficaria orgulhoso”. Mônica segurou a mão da irmã. Ele estaria aqui de alguma forma e estaria feliz porque nossa família está completa de novo.
Lucas entrou no anexo impecável em seu terno alugado. Aos 17 anos, havia crescido bastante no último ano, assumindo mais responsabilidades e se preparando para o vestibular de veterinária. Pronta, mana? perguntou, oferecendo o braço. Orlando tá lá na frente, parecendo que vai desmaiar de nervoso.
Mônica riu, imaginando o homem geralmente confiante, se sentindo vulnerável em um momento tão importante, mais do que pronta. A caminhada até o altar foi um borrão de rostos sorridentes. Mônica reconheceu colegas da UFRGS, funcionários da cooperativa, amigos de Orlando, vizinhos da cidade baixa que acompanhavam sua família há anos.
Mas quando seus olhos encontraram os de Orlando, tudo o mais desapareceu. Ele estava deslumbrante em seu terno escuro, mas eram seus olhos que capturavam toda a atenção de Mônica. Havia tanto amor ali, tanta certeza, que ela se sentiu como se estivesse flutuando até ele. Quando chegou ao altar, Orlando tomou sua mão de Lucas com reverência. Cuida bem dela, Lucas disse baixinho, mas com seriedade.
Com minha vida. Orlando respondeu. A cerimônia foi simples e tocante. Eles haviam escolhido votos pessoais. E quando chegou a hora de Mônica falar, sua voz estava firme e clara. Orlando, há pouco mais de um ano você entrou na minha vida quando eu mais precisava. Mas você não veio apenas com soluções, veio com amor, respeito e a visão de quem eu poderia me tornar.
Você me ensinou que o amor verdadeiro não diminui uma pessoa, mas a faz crescer. Prometo te amar com toda a força do meu coração, te apoiar em todos os seus sonhos e construir ao seu lado uma família baseada nos valores gaúchos que tanto prezamos. Honestidade, trabalho e cuidado mútuo. Você transformou uma jovem insegura na mulher confiante que está aqui hoje.
Serei sua companheira para sempre, meu amor. Orlando limpou discretamente uma lágrima antes de fazer seus votos. Mônica, quando você entrou no meu escritório naquele dia, achei que estava recebendo mais uma negociação de negócios. Não sabia que estava prestes a conhecer a mulher que mudaria minha vida completamente.
Você me mostrou que sucesso sem amor é vazio, que riqueza sem companheirismo é solidão. Sua coragem, sua dedicação à família, sua inteligência e seu coração puro me fizeram querer ser digno de você. Prometo te honrar como esposa, apoiar seus sonhos profissionais, amar seus irmãos como se fossem meus e te fazer feliz todos os dias da nossa vida.
Você é meu presente mais precioso, prenda, e serei grato por você para sempre. Quando o padre os declarou marido e mulher, o beijo que trocaram selou não apenas uma união, mas uma transformação completa de duas vidas que se encontraram no momento certo.
A festa foi realizada na própria estância, em uma tenda armada no jardim com vista para os campos dourados. A decoração simples, mas elegante refletia a personalidade do casal: flores campestres, luzes suaves, música gaúcha ao vivo e um churrasco tradicional. Preparado pelos próprios amigos de Orlando. Durante a valça dos noivos, Mônica observava os rostos ao redor.
Márcia estava ali sorrindo orgulhosa de sua ex-estagiária, que agora tinha sua própria empresa de arquitetura sustentável. Os funcionários da cooperativa pareciam genuinamente felizes pelo patrão que havia encontrado o amor. Seus irmãos dançavam e riam, finalmente despreocupados com o futuro financeiro da família. No está pensando, Senra. Machado?”, perguntou Orlando, fazendo-a girar suavemente.
“Estou pensando em como a vida pode mudar completamente em pouco tempo. Há um ano, eu era uma universitária desesperada com dívidas. Hoje sou uma arquiteta casada com o homem mais maravilhoso do Rio Grande do Sul e ainda tem muito pela frente. Orlando sussurrou em seu ouvido.
Nossa lua de mel na Serra Gaúcha, nossa casa nova na cidade, os projetos que vamos desenvolver juntos na cooperativa e talvez no futuro filhos correndo por estes campos. Orlando parou de dançar por um segundo, olhando profundamente em seus olhos. Você gostaria disso? muito. Quero uma família grande, cheia de amor e risadas. Então é isso que teremos, prenda, tudo que você quiser.
Mais tarde, quando a festa chegava ao fim e os convidados começavam a se despedir, Mônica se encontrou sozinha na varanda casa sede, observando as estrelas no céu limpo do interior. Orlando se aproximou, já tendo trocado o terno por uma roupa mais confortável. Arrependida?”, perguntou brincando. Mônica riu, mostrando a aliança que agora decorava seu dedo junto com o anel de noivado.
“Jamais.” “Que você? Só de não ter conhecido antes.” Eles ficaram em silêncio, apreciando a paz da noite gaúcha. No horizonte, as luzes de Porto Alegre brilhavam discretamente, lembrando-os do mundo lá fora. Mas ali, naquele momento, eram apenas duas pessoas que haviam encontrado no amor a resposta para todas as perguntas. Orlando, Mônica, disse suavemente.
Obrigada. Por quê? por ter-me visto, por ter acreditado em mim quando eu mesma não acreditava, por terme amado por quem eu era e me ajudado a me tornar quem sou hoje. Orlando a puxou para mais perto. Mônica, você salvou minha vida tanto quanto eu salvei a sua. Antes de você, eu apenas existia. Agora eu vivo.
O primeiro beijo como marido e mulher sob o céu estrelado da estância foi diferente de todos os outros, carregado de promessas cumpridas e sonhos por realizar. Tr anos depois, Mônica Machado, formada em arquitetura com especialização em construções sustentáveis, inauguraria seu próprio escritório no centro de Porto Alegre.
5 anos depois, o primeiro filho do casal, João Orlando, correria pelos campos da Estância, seguido dois anos mais tarde pela pequena Maria Esperança. A cooperativa cresceria ainda mais sob a gestão conjunta de Orlando e Mônica, tornando-se referência em desenvolvimento rural sustentável no sul do Brasil. Mas na noite daquele casamento, enquanto observavam as estrelas e planejavam o futuro, Mônica e Orlando sabiam apenas uma coisa com certeza, que haviam encontrado no amor verdadeiro a força para superar qualquer obstáculo e a coragem para construir
juntos uma vida extraordinária. Lucas se tornaria veterinário como sonhava, especializando-se no cuidado de cavalos criouos. Bruna descobriria sua vocação para o design gráfico, criando a identidade visual da empresa de arquitetura da irmã. A família que quase se desfez por uma dívida se tornou mais unida do que jamais havia sido.
“Sabes o que mais me impressiona nessa nossa história?”, Mônica perguntou, apoiando a cabeça no ombro de Orlando. “O quê? Como algo que começou com desespero se transformou na maior bênção das nossas vidas?” Orlando beijou seus cabelos. Talvez seja assim com todos os grandes amores. Prenda.
Eles chegam quando menos esperamos, da forma menos óbvia, e transformam tudo. Mônica sorriu pensando na jovem de 20 anos, que entrara nervosa no escritório de Orlando há mais de um ano. Aquela menina insegura havia se transformado em uma mulher confiante, realizada e profundamente amada. Orlando Machado! Ela disse, olhando nos olhos do homem que era agora seu companheiro para toda a vida.
Obrigada por me ensinar que o amor verdadeiro não tem idade, não tem regras e não tem limites. E obrigado você, Mônica Machado, por me mostrar que a vida só vale a pena quando temos alguém especial para dividi-la. Sob as estrelas do Rio Grande do Sul, cercados pelo silêncio pacífico da campanha gaúcha, duas almas que se encontraram nas circunstâncias mais improváveis celebraram não apenas o fim de uma cerimônia, mas o verdadeiro começo de tudo.