Imagine um bilionário que controla um império do agronegócio, descobrindo que o amor verdadeiro vale mais que toda a sua fortuna. Uma história que vai mexer com seu coração e mostrar que às vezes precisamos perder tudo para encontrar o que realmente importa.
Antes de começarmos, me conta aí nos comentários de que cidade você está assistindo. E não esquece de se inscrever no canal e deixar aquele like para me ajudar a trazer mais histórias incríveis como essa. Agora vem comigo para as terras douradas de Minas Gerais. O SUV preto percorria a estrada de terra batida, levantando uma nuvem dourada de poeira.
Gustavo Santana ajustou os óculos escuros e respirou fundo, sentindo o cheiro familiar da terra mineira entrar pelas janelas abertas. Dois anos, dois longos anos desde que havia pisado na fazenda São Rafael a propriedade de 50.000 1 hectares, que era o coração do império familiar há quatro gerações. Aos 38 anos, Gustavo controlava um conglomerado que se estendia por três países, mas naquele momento sentia-se como um homem derrotado, fugindo de suas próprias memórias.
O rompimento com Valentina Moreira havia deixado cicatrizes profundas, não apenas em seu coração, mas em sua capacidade de confiar em qualquer relacionamento genuíno. A casa sede surgiu à frente, majestosa com suas colunas brancas e varanda ampla, contrastando com o verde intenso dos pastos que se perdiam no horizonte.
Gustavo estacionou e desceu do veículo, sendo imediatamente envolvido pelo silêncio reconfortante do campo, quebrado apenas pelo mugido distante do gado e pelo canto dos Bentevis. Seu Gustavo! A voz calorosa de dona Carmen ecoou da varanda. A governanta, que cuidava da fazenda há mais de 30 anos, descia os degraus com os braços abertos e o sorriso que ele lembrava da infância. Dona Carmen.
Gustavo abraçou a mulher que havia sido como uma segunda mãe. Como você está? Melhor agora que o menino voltou para casa. Ela segurou seu rosto com as mãos calejadas. Mas esses olhos estão tristes demais. A fazenda vai curar essa alma ferida, pode ter certeza. Enquanto carregavam as bagagens, Joaquim Costa apareceu montado em um cavalo a laazão.
O capataz, homem de 55 anos, com cabelos grisalhos e mãos fortes de quem trabalha a vida inteira com a terra, desmontou com a agilidade de alguém muito mais jovem. Patrão. Joaquim estendeu a mão com um sorriso genuíno. Que bom ter o senhor de volta. A fazenda não é a mesma sem sua presença.
Joaquim, meu amigo, como estão as coisas por aqui? Tudo nos conformes. A safra de milho foi excelente. O gado está sadio e estamos implementando aquelas técnicas sustentáveis que o senhor sugeriu antes de viajar. Gustavo assentiu observando os campos ao redor. Era reconfortante estar em um lugar onde sua presença realmente fazia diferença, onde cada decisão impactava diretamente a vida de centenas de famílias que dependiam da fazenda.
Joaquim, sua filha, Júlia, não é? Lembro dela como uma garotinha tímida que se escondia atrás de você. O rosto de Joaquim se iluminou de orgulho. Ah, sim. A Júlia está fazendo estágio aqui mesmo na fazenda, formando em veterinária pela UFV, graças à bolsa de estudos que o senhor criou anos atrás. Uma moça muito dedicada e inteligente. Veterinária. Gustavo ergueu as sobrancelhas impressionado.
A garotinha tímida virou doutora dos animais e das melhores que já vi por aqui. Quer que eu a chame? Antes que Gustavo pudesse responder, um ruído de motor chamou sua atenção. Uma caminhonete branca se aproximava em alta velocidade, freando bruscamente próximo ao estábulo. De dentro saltou uma jovem de cabelos castanhos, presos em um rabo de cavalo, vestindo uma camisa azul suja de terra e calças jeans gastas. Seu Joaquim! A voz dela ecoou com urgência.
A égua Estrela está com complicações no parto. Precisamos agir rápido. A jovem correu em direção ao estábulo, carregando uma maleta veterinária, e Gustavo sentiu algo estranho em seu peito. Aquela não era mais a garotinha tímida de suas lembranças. Júlia Costa havia se transformado em uma mulher determinada, cujos olhos verdes brilhavam com uma paixão que ele havia esquecido que existia. Essa é minha Júlia.
Joaquim sussurrou com orgulho, mas Gustavo já estava caminhando em direção ao estábulo, inexplicavelmente atraído por aquela energia vibrante. Dentro do estábulo, Júlia trabalhava com movimentos precisos e confiantes, murmurando palavras tranquilizadoras para a égua em trabalho de parto. Suas mãos delicadas, mas firmes, examinavam o animal com expertize profissional.
E Gustavo ficou hipnotizado pela dedicação absoluta que ela demonstrava. Tudo bem, Estrela. Vou te ajudar, minha linda. A voz de Júlia era suave, mas determinada. Você vai ser uma mamãe maravilhosa. Foi nesse momento que ela percebeu sua presença. Seus olhos verdes encontraram os dele e, por um instante que pareceu eterno, o mundo ao redor desapareceu.
Júlia piscou confusa, como se estivesse vendo um fantasma. Gustavo, Gustavo Santana, ela murmurou sem conseguir esconder a surpresa. Eu eu não sabia que você havia voltado. Acabei de chegar. Ele se aproximou fascinado pela transformação dela. Posso ajudar em alguma coisa? Júlia hesitou por um momento, estudando seu rosto.
Então, como se uma decisão tivesse sido tomada, ela acenou com a cabeça. Segure a cabeça da estrela e continue falando com ela. Sua voz vai acalmá-la. Gustavo obedeceu, colocando as mãos no pescoço da égua e sussurrando palavras de encorajamento. Enquanto isso, Júlia trabalhava com uma concentração absoluta, suas mãos hábeis guiando o nascimento com cuidado excepcional. Pronto.
Júlia exclamou com alívio quando o potro finalmente nasceu. Um macho lindo e saudável. O pequeno animal tentou se levantar nas pernas trêmulas e Gustavo sentiu uma emoção inesperada ao testemunhar aquele milagre da vida. Quando olhou para Júlia, ela estava sorrindo com uma alegria pura que o atingiu como um raio.
“Obrigada pela ajuda”, ela disse limpando as mãos em uma toalha. Estrela ficou muito mais calma com você aqui. Foi incrível, Gustavo murmurou, ainda processando a experiência. Você tem um dom especial com os animais. Júlia corou levemente, baixando os olhos. É minha paixão desde criança. Sempre sonhei em ser veterinária e realizou seu sonho. Graças à bolsa de estudos que você criou. Ela o encarou diretamente e Gustavo viu gratidão genuína em seus olhos.
mudou minha vida completamente. Um silêncio confortável se estabeleceu entre eles, quebrado apenas pelos ruídos suaves da égua cuidando de seu filhote. Gustavo percebeu que não sentia aquela paz há muito tempo. Júlia, ele começou, mas foi interrompido pela chegada de Joaquim. Como está a estrela? O capataz perguntou ansioso.
Mãe e filhote estão perfeitos, pai. Júlia respondeu, mas seus olhos permaneceram em Gustavo por mais alguns segundos antes de se voltarem para Joaquim. Excelente. Júlia, por que não convida o patrão para jantar em casa hoje? Sua mãe ficaria honrada em recebê-lo. Gustavo viu a hesitação nos olhos de Júlia e algo em seu interior se agitou.
Havia muito tempo que ninguém o fazia sentir-se nervoso. Se não for incômodo ele disse suavemente. Claro que não. Júlia respondeu rapidamente e então corou novamente. Digo, seria um prazer tê-lo em nossa casa. Enquanto caminhavam para fora do estábulo, Gustavo não conseguia tirar os olhos daquela jovem mulher que havia aparecido em sua vida como uma rajada de vento fresco.
Algo estava mudando dentro dele, algo que não compreendia completamente. Mas uma coisa era certa, sua volta à Fazenda São Rafael seria muito diferente do que havia imaginado. A casa da família Costa era simples, mas acolhedora, com jardim bem cuidado e o cheiro de comida caseira flutuando pela varanda.
Gustavo se sentia deslocado ali, acostumado que estava com jantares formais em restaurantes caros e apartamentos luxuosos, mas havia algo profundamente reconfortante naquela simplicidade. Maria Costa, mãe de Júlia, era uma mulher de sorriso caloroso e mãos sempre ocupadas. Ela havia preparado um banquete digno de festa: frango caipira, arroz com pequi, feijão tropeiro, couve refogada e um doce de leite caseiro que fazia os olhos de Gustavo brilharem de antecipação. “Dona Maria, a senhora se superou.
” Gustavo elogiou sinceramente, saboreando cada garfada. Fazia anos que não comia uma refeição tão deliciosa. Imagine, seu Gustavo. É uma honra tê-lo em nossa mesa. Maria sorriu visivelmente emocionada. Júlia falou tanto sobre seu retorno hoje. Mãe Júlia protestou corando intensamente o que arrancou risos de Joaquim.
Nossa filha sempre foi estudiosa Joaquim disse com orgulho. Mas desde pequena também tinha esse jeito especial com os bichos. Lembro que ela chorava quando via algum animal machucado e não descansava até que estivesse curado. Gustavo observou Júlia enquanto seu pai falava. Ela brincava nervosamente com o garfo, mas seus olhos brilhavam toda vez que a conversa se voltava para os animais.
Havia uma paixão genuína ali que o fascinava. E a faculdade? Gustavo perguntou diretamente para ela. Como tem sido a experiência? Desafiadora, mas maravilhosa, Júlia, respondeu, animando-se. Estou no último ano focando em grandes animais. Quero me especializar em reprodução bovina, uma área muito importante para o agronegócio moderno. Gustavo se inclinou ligeiramente para a frente, interessado.
Quais são suas perspectivas para o futuro da pecuária? Os olhos de Júlia se iluminaram e ela começou a falar com uma paixão contagiante sobre sustentabilidade, bemestar animal e técnicas inovadoras de manejo. Gustavo ficou impressionado com o conhecimento técnico dela, mas mais ainda com a forma como ela via a profissão como uma missão, não apenas um trabalho.
Desculpe se estou falando demais”, Júlia disse de repente, percebendo que havia monopolizado a conversa por alguns minutos. “Pelo contrário, Gustavo sorriu genuinamente. É refrescante conversar com alguém que tem tanta paixão pelo que faz. No mundo dos negócios, essa autenticidade é rara.” “E senhor?” Júlia perguntou com coragem: “O que o trouxe de volta à fazenda depois de tanto tempo?” A pergunta pegou Gustavo desprevenido.
Ele hesitou, não sabendo como explicar que estava fugindo de um relacionamento fracassado e de um mundo que subitamente parecia vazio e artificial. Precisava reconectar com minhas raízes”, ele respondeu finalmente. “Às vezes perdemos o rumo quando ficamos muito tempo longe de casa.
” Júlia o estudou com aqueles olhos verdes penetrantes e Gustavo teve a sensação de que ela conseguia ver além de suas palavras cuidadosamente escolhidas. “A fazenda tem esse poder”, ela disse suavemente, de nos curar por dentro. A conversa foi interrompida por Maria, que insistiu em servir o doce de leite. Mas Gustavo não conseguia parar de pensar nas palavras de Júlia. Havia uma sabedoria nela que ia além de seus 22 anos.
Depois do jantar, Joaquim sugeriu que mostrassem a Júlia os novos projetos da fazenda. Eles caminharam pelos jardins sob a luz da lua cheia, e Gustavo ficou surpreso com o conhecimento que ela demonstrava sobre cada aspecto da propriedade. “Você realmente conhece cada canto deste lugar?”, ele observou. “Cresci aqui.” Júlia sorriu, parando próximo a uma cerca para observar o gado que pastava sob o luar.
Meu pai sempre me trouxe para o trabalho quando eu era pequena. Acho que aprendi a amar esta terra antes mesmo de saber caminhar direito. E nunca pensou em ir embora, explorar o mundo. Júlia ficou quieta por um momento, contemplando a paisagem noturna. Pensei, ela admitiu, mas depois percebi que o mundo é muito grande e eu queria fazer a diferença em um lugar específico.
Aqui é onde posso causar o maior impacto. Gustavo sentiu algo se mexer em seu peito. Quando foi a última vez que ele havia pensado em causar impacto em algo além de planilhas financeiras? E você? Júlia perguntou, virando-se para encará-lo. É feliz com sua vida na cidade grande, com todos os negócios e compromissos? A pergunta era simples, mas cortou Gustavo como uma lâmina.
Ele percebeu que não conseguia lembrar da última vez que havia se sentido verdadeiramente feliz. “É complicado”, ele murmurou. “Não deveria ser.” Júlia disse com uma simplicidade desconcertante. Felicidade deveria ser simples. Eles continuaram caminhando em silêncio e Gustavo se deu conta de que não se sentia pressionado a impressionar ou entreter.
Júlia parecia confortável com o silêncio, apreciando simplesmente a companhia e a beleza da noite. Quando chegaram de volta à casa, Joaquim e Maria já haviam se recolhido. Júlia acompanhou Gustavo até seu carro e eles ficaram parados ali por alguns momentos. Nenhum dos dois querendo encerrar a noite. “Obrigado pelo jantar e pela companhia”, Gustavo disse.
Fazia muito tempo que não passava uma noite tão tranquila. Volte sempre que quiser. Júlia respondeu e havia uma sinceridade em sua voz que o tocou profundamente. A fazenda é sua casa. E bem, você é sempre bem-vindo em nossa mesa também. Gustavo entrou no carro e dirigiu de volta à casa sede, mas sua mente permanecia na conversa com Júlia. Havia algo nela que despertava partes de si mesmo que ele havia esquecido que existiam.
Uma simplicidade, uma autenticidade que contrastava drasticamente com o mundo artificial em que havia se perdido. Naquela noite, pela primeira vez em dois anos, Gustavo dormiu profundamente, sem pesadelo sobre Valentina ou ansiedade sobre negócios. E em seus sonhos via olhos verdes brilhando sob o luar e uma voz suave falando sobre felicidade simples.
Mas o que ele não sabia era que Júlia também não conseguiu dormir facilmente. Ela ficou na varanda de casa até tarde, olhando na direção da casa sede e se perguntando o que estava acontecendo com seu coração. Havia algo no olhar triste de Gustavo Santana, que despertava nela um desejo inexplicável de curá-lo, assim como fazia com os animais feridos que encontrava.
E pela primeira vez na vida, Júlia Costa se perguntava se seria possível curar um coração humano quebrado, da mesma forma que curava uma asa de pássaro ferida. O despertador tocou às 5 da manhã, mas Gustavo já estava acordado há mais de uma hora, observando o nascer do sol pela janela de seu quarto. Havia algo hipnótico na forma como a luz dourada se espalhava pelos campos, pintando a paisagem com tons quentes que nunca havia de sua cobertura em São Paulo.
Decidiu dar uma caminhada matinal pelos pastos, algo que não fazia desde a adolescência. O ar fresco da manhã carregava o perfume da terra úmida e do capim. Uma combinação que despertava memórias profundas de quando passava férias na fazenda com seu avô. Estava perdido em pensamentos quando avistou uma figura familiar próxima ao curral dos bezerros.
Júlia estava agachada ao lado de um bezerrinho que parecia estar com dificuldades para se levantar, suas mãos delicadas examinando o animal com cuidado profissional. Problemas? Gustavo perguntou, aproximando-se. Júlia olhou para cima, surpresa por vê-lo tão cedo. Havia algo diferente em seu rosto na luz suave da manhã, uma vulnerabilidade que ela escondia durante o dia.
Este pequeno nasceu ontem à noite com uma pequena deformidade na pata traseira”, ela explicou, voltando sua atenção para o animal. “Nada grave, mas precisa de cuidados especiais nos primeiros dias.” Gustavo observou enquanto ela aplicava uma bandagem especializada com movimentos precisos e gentis. O bezerrinho se acalmava com sua voz, como se entendesse que ela estava ali para ajudar.
“Você sempre acorda tão cedo?”, ele perguntou. “Sempre.” Júlia sorriu terminando o curativo. Os animais não conhecem o horário comercial. E, por, bem, é minha parte favorita do dia. Tudo é mais tranquilo, mais puro de manhã. Eu havia esquecido como era. Gustavo murmurou, observando o sol se elevar completamente sobre o horizonte. Na cidade você perde essa conexão com os ciclos naturais.
Por que parou de vir à fazenda? A pergunta saiu de forma espontânea e Júlia imediatamente corou. Desculpe, não é da minha conta. Não, tudo bem. Gustavo se apoiou na cerca, considerando como responder. Me perdi em um mundo que achei que era o que eu queria. Levou dois anos para perceber que estava vazio. Júlia terminou de cuidar do bezerrinho e se levantou limpando as mãos em uma toalha.
Ela o estudou com aqueles olhos verdes que pareciam ver além da superfície. “E o que você realmente quer?” A pergunta era simples, mas Gustavo se deu conta de que não sabia responder. Havia passado tanto tempo focado no que deveria querer, sucesso, poder, reconhecimento, que havia perdido contato com seus desejos genuínos.
“Não sei”, ele admitiu com uma honestidade que o surpreendeu. “Talvez seja isso que vim procurar aqui.” Eles caminharam juntos em direção ao lago que ficava no coração da propriedade. A água espelhava o céu azul. E patos selvagens nadavam tranquilamente na superfície. Era um lugar que Gustavo amava na infância, mas que havia esquecido completamente.
“Meu pai sempre diz que a terra ensina tudo que precisamos saber sobre a vida”, Júlia disse, sentando-se na grama à beira do lago. Paciência, perseverança, humildade e que às vezes é preciso deixar algo morrer para que algo novo possa nascer. Gustavo se sentou ao lado dela, mantendo uma distância respeitosa. Sabedoria de capataz.
Sabedoria de homem que trabalha com a Terra há 30 anos. Júlia riu suavemente. Ele pode não ter diploma universitário, mas entende da vida de uma forma que muita gente instruída não consegue. Como você? Gustavo observou. Ainda estou aprendendo, ela admitiu, mas a veterinária me ensinou que cada vida tem valor, cada criatura merece cuidado e respeito, e que às vezes a cura mais importante não é a que você vê, mas a que acontece por dentro.
Eles ficaram em silêncio por alguns minutos, observando os patos e ouvindo o som suave da água batendo na margem. Gustavo não conseguia lembrar da última vez que havia se sentido tão em paz. Posso fazer uma pergunta pessoal? Júlia disse hesitante. Claro, porque nunca se casou. Quero dizer, um homem como você? Gustavo riu amargamente.
Um homem como eu? O que isso significa? Bem, Júlia ficou vermelha. Você é bem-sucedido, inteligente, bonito. Deve ter tido muitas oportunidades. Tive uma noiva. Gustavo disse depois de uma pausa. Valentina, pensávamos que éramos perfeitos. um para o outro. Mesmo background social, mesmos círculos, mesmas ambições. O que aconteceu? Descobri que ela estava mais interessada no que eu representava do que em quem eu realmente era.
Gustavo pegou uma pedra e a atirou no lago, observando os círculos se expandirem na água. E percebi que eu também não a conhecia realmente. Estávamos representando papéis um para o outro. Júlia processou suas palavras em silêncio. Deve ter sido doloroso. Foi. Mas talvez tenha sido necessário. Gustavo a olhou diretamente.
E você? Algum namorado esperando você se formar? Não. Júlia respondeu rapidamente e então riu de si mesma. Acho que foco tanto nos estudos e no trabalho que não sobra muito tempo para relacionamentos. Ou talvez você ainda não tenha encontrado alguém que vale a pena desistir do seu foco”, Gustavo sugeriu. Seus olhos se encontraram e, por um momento, o arreceu carregado de eletricidade.
Júlia foi a primeira a desviar o olhar, mas Gustavo viu o rubor em suas bochechas. “Deveria voltar?”, Ela murmurou, levantando-se. Tenho que verificar os outros animais antes que o Dr. Henrique chegue. Claro. Gustavo se levantou também, mas não queria que o momento terminasse. Júlia? Sim. Obrigado pela conversa. Fazia muito tempo que não falava tão abertamente com alguém.
O sorriso que ela lhe deu foi tão radiante que Gustavo sentiu algo aquecer em seu peito. Sempre que quiser ela disse suavemente. As estrelas e o lago sempre estarão aqui. Enquanto caminhava de volta para a casa sede, Gustavo se deu conta de que havia algo mudando dentro dele. Júlia Costa não era apenas uma jovem veterinária bonita e inteligente.
Ela possuía uma profundidade e uma sabedoria que o intrigavam, uma capacidade de ver beleza nas coisas simples que ele havia perdido há muito tempo. E pela primeira vez desde o rompimento com Valentina, Gustavo Santana estava genuinamente interessado em conhecer melhor outra pessoa. Mas o que ele não sabia era que do outro lado da fazenda, Júlia caminhava com o coração disparado, perguntando-se como um homem que mal conhecia conseguia mexer tanto com seus sentimentos.
Havia algo nos olhos tristes de Gustavo que despertava nela um desejo de mostrar-lhe que a vida podia ser bela novamente. E enquanto ela checava cada animal sob, Júlia não conseguia parar de pensar na forma como ele havia dito ainda não tenha encontrado alguém que valha a pena.
Será que ele poderia ser esse alguém? Os dias seguintes estabeleceram uma rotina que ambos aguardavam ansiosamente. Gustavo começou a acordar cada vez mais cedo, encontrando desculpas para estar nos locais onde sabia que encontraria a Júlia trabalhando. Ela, por sua vez, estendia suas rondas matinais, visitando animais que não necessariamente precisavam de atenção urgente.
Era uma dança delicada e não declarada. Duas pessoas orbitando uma ao redor da outra, criando sua própria gravidade emocional. Na quinta-feira, Gustavo a encontrou no piquete dos cavalos, escovando uma égua castanha com movimentos longos e ritmados. O sol da manhã criava reflexos dourados em seus cabelos e ele ficou hipnotizado pela imagem serena e acolhedora que ela projetava.
“Bom dia”, ele disse suavemente, não querendo assustá-la. Bom dia. Júlia sorriu e Gustavo notou que seu sorriso havia se tornado mais caloroso a cada encontro. Estava esperando que aparecesse. Esperando? Queria mostrar algo especial hoje. Ela terminou de escovar a égua e se aproximou dele.
Pode me acompanhar? Eles caminharam por uma trilha que Gustavo não se lembrava de ter visto antes, serpenteando entre eucaliptos altos até chegarem a uma clareira, onde centenas de giraçóis se estendiam em fileiras perfeitas. A visão era de tirar o fôlego, um mar dourado brilhando sob o sol da manhã, as flores grandes voltadas para o leste, como soldados em formação.
“Meu Deus!”, Gustavo murmurou genuinamente impressionado. “Quando isso foi plantado? Seu pai começou essa plantação anos atrás, mas ela foi abandonada depois que ele faleceu. Júlia explicou caminhando entre as fileiras. Joaquim e eu decidimos revitalizá-la como uma surpresa para sua volta. Gustavo sentiu emoção apertar sua garganta.
Seu pai havia mencionado vagamente um projeto com giraçóis, mas ele estava muito ocupado com expansões internacionais para dar atenção. Ele sempre disse que giraçóis representavam otimismo e força. Júlia continuou tocando delicadamente uma das flores. Que não importa o quão escura seja a noite, eles sempre encontram o sol. Por que fez isso? Gustavo perguntou. Sua voz mais rouca do que pretendia. Júlia parou e se virou para encará-lo.
Havia uma vulnerabilidade em seus olhos que ele não havia visto antes. “Porque quando você chegou, vi algo nos seus olhos que reconheci”, ela disse suavemente. A mesma expressão que os animais machucados têm quando chegam até mim. E pensei que talvez você precisasse de cura tanto quanto eles. A honestidade brutal de suas palavras atingiu Gustavo como um soco no peito.
Ninguém nunca havia lido suas emoções com tanta clareza. Ninguém havia se importado o suficiente para tentar curá-lo. Júlia, ele começou, mas ela continuou falando como se precisasse expor tudo antes que perdesse a coragem. Sei que talvez seja presunção minha. Você mal me conhece e eu sou apenas a filha do Capataz.
Mas há algo entre nós, não há? Alguma conexão que não consigo explicar?” Gustavo se aproximou dela, seus olhos fixos nos dela. O mundo ao redor parecia ter desaparecido, deixando apenas os dois no meio daquele mar de giraçóis. “Ah, sim.” Ele admitiu sua voz baixa e intensa. “E está me assustando porque não sei como lidar com isso.
Por que está assustado? Porque você é real”, Gustavo disse, levantando a mão para tocar delicadamente o rosto dela. “Você é genuína e pura e eu tenho medo de contaminar isso com meu mundo complicado.” Júlia fechou os olhos por um momento, sentindo o toque dele em sua pele. Quando os abriu novamente, havia uma determinação feroz ali. “E se eu não me importar com seu mundo complicado? E se eu quiser conhecer o homem por trás de todas essas complicações?” A pergunta pairou no ar entre eles, carregada de possibilidades e promessas.
Gustavo estudou seu rosto, procurando sinais de hesitação ou dúvida, mas encontrou apenas sinceridade absoluta. Júlia, eu Ele parou tentando encontrar as palavras certas. Estou me apaixonando por você e isso é terrível e maravilhoso ao mesmo tempo. O sorriso que iluminou o rosto dela foi como o nascer do sol.
Por que terrível? Porque eu poderia magoá-la. Minha vida é complicada, cheia de pressões e obrigações que você não pode imaginar. E você merece alguém simples, alguém que possa dar-lhe a paz que encontra aqui. Júlia se aproximou mais até que seus corpos quase se tocavam.
E se eu não quiser, simples? E se eu quiser você, complicações e tudo mais? Gustavo sentiu suas defesas desmoronando uma por uma. havia passado dois anos construindo muros ao redor de seu coração e Júlia estava os derrubando com uma facilidade desconcertante. “Você não sabe no que está se metendo”, ele sussurrou. Então me ensine”, ela respondeu, colocando a mão sobre o peito dele, sentindo os batimentos acelerados de seu coração. “Me deixe decidir se vale a pena correr o risco.
” O controle que Gustavo havia mantido sobre si mesmo nos últimos dias finalmente se rompeu. Ele envolveu Júlia em seus braços, puxando-a contra seu peito, e ela se encaixou ali como se tivesse sido feita para aquele lugar. “Não posso prometer que será fácil.” Ele murmurou contra seus cabelos. Nada que vale a pena é fácil.
Júlia respondeu, olhando para cima e encontrando seus olhos. Mas pode prometer que será verdadeiro? Posso Gustavo disse e pela primeira vez em anos sentiu que estava fazendo uma promessa que poderia cumprir. Eles ficaram ali abraçados no meio dos giraçóis, dois corações encontrando um ao outro sob o sol da manhã. E enquanto o mundo continuava girando ao redor deles, Gustavo e Júlia descobriam que às vezes o amor aparece quando menos esperamos, crescendo entre nós como flores douradas que sempre encontram a luz. Mas nem tudo são flores em
histórias de amor. E enquanto eles se perdiam na magia daquele momento, nenhum dos dois imaginava que forças poderosas já começavam a se mover para separá-los. No escritório de uma mansão em Belo Horizonte, Valentina Moreira fechava o telefone com um sorriso frio. Seus contatos haviam confirmado.
Gustavo Santana estava de volta à fazenda da família e, segundo os relatos, não estava sozinho. “Veremos isso, meu querido”, ela murmurou, já planejando sua próxima jogada. “Veremos isso.” O clima na fazenda havia mudado sutilmente desde a confissão no campo de giraçóis. Gustavo e Júlia não haviam definido exatamente o que eram um para o outro, mas havia uma intimidade nova entre eles, uma proximidade que todos na fazenda começaram a notar.
Dona Carmen sorria secretamente quando os via conversando na varanda. Joaquim observava as interações com uma mistura de orgulho paternal e preocupação natural. Maria Costa ficava radiante toda vez que Gustavo aparecia para o jantar, que se havia tornado um ritual quase diário. Era sexta-feira quando Júlia terminou de examinar o último animal de sua lista do dia.
O sol estava se pondo, pintando o céu com tons de laranja e rosa, e ela decidiu caminhar até o lago onde havia encontrado Gustavo nas primeiras manhãs. Ele já estava lá sentado na grama, contemplando a água que refletia as cores do entardecer. Havia algo pensativo em sua postura que fez Júlia hesitar por um momento antes de se aproximar. “Posso fazer companhia?”, ela perguntou suavemente.
Gustavo olhou para cima e seu rosto se iluminou ao vê-la. Sempre. Júlia se sentou ao lado dele, próxima o suficiente para sentir o calor de seu corpo, mas sem se tocar. Havia uma energia entre eles que tornava cada proximidade física carregada de significado. “No que está pensando?”, ela perguntou. “Em como minha vida mudou em uma semana?” Gustavo respondeu honestamente.
Há sete dias eu era um homem diferente, com objetivos diferentes, prioridades diferentes. “E agora? Agora não tenho certeza de mais nada.” Ele riu baixinho. “E exceto que quero estar aqui com você”. Júlia sentiu borboletas em seu estômago. Havia algo na forma como ele falava, uma intensidade contida que a fazia se sentir preciosa e desejada.
Gustavo? Ela começou, mas ele a interrompeu. Preciso te contar algo. Sua voz ficou séria. Sobre minha vida fora daqui, as pressões, as expectativas. Não quero que você entre nisso sem saber com o que está lidando. Júlia se virou para encará-lo completamente. Então me conte. Gustavo respirou fundo e começou a falar sobre seu mundo, os negócios internacionais, as pressões de investidores, as expectativas sociais, o peso do nome da família.
falou sobre Valentina e como aquele relacionamento havia sido mais uma fusão de impérios do que uma união de corações. “Minha vida é um jogo de xadrez constante”, ele concluiu. “Cada movimento calculado, cada relacionamento analisado por seu valor estratégico até agora”. “Até?” Júlia repetiu suavemente.
“Com você não consigo calcular. Não quero calcular”. Gustavo se virou para ela, seus olhos intensos na luz dourada do entardecer. Você me faz querer ser impulsivo, espontâneo. Me faz querer ser apenas eu mesmo. E quem é você mesmo? Júlia perguntou se aproximando inconscientemente. Não sei. Faz tanto tempo que represento o papel de magnata bem-sucedido, que esqueci quem sou por baixo de tudo isso.
Gustavo estendeu a mão e tocou o rosto dela delicadamente. Mas com você, tenho vontade de descobrir. O toque dele enviou ondas de eletricidade através da pele de Júlia. Ela havia sido beijada antes, mas nunca havia sentido essa antecipação, essa necessidade ardente que começava em seu peito e se espalhava por todo o corpo.
“Talvez”, ela sussurrou, colocando a mão sobre a dele. “Talvez eu possa ajudar você a se encontrar. E se eu te magoar no processo?” “E se você não magoar?” Júlia contra-atacou, seus olhos brilhando com determinação. “E se isso for exatamente o que nós dois precisamos? A distância entre eles foi diminuindo gradualmente, como se fossem atraídos por uma força magnética.
Gustavo podia sentir a respiração dela em seu rosto, ver as pequenas manchas douradas em seus olhos verdes. “Júlia”, ele murmurou, mas ela colocou um dedo sobre seus lábios. “Pare de pensar tanto”, ela sussurrou. “Apenas sinta”. Foi ela quem fechou a distância final entre eles, pressionando seus lábios contra os dele em um beijo suave e hesitante.
Gustavo ficou imóvel por um segundo, surpreso pela iniciativa dela, antes de responder com uma ternura que a fez derreter completamente. O beijo começou doce e exploratório, mas rapidamente se aprofundou quando anos de solidão e cautela se dissolveram entre eles. Gustavo envolveu Júlia em seus braços, puxando-a mais perto, enquanto ela entrelaçava os dedos em seus cabelos.
Quando finalmente se separaram, ambos estavam sem fôlego e com os corações disparados. Júlia tocou os próprios lábios, como se não conseguisse acreditar no que havia acontecido. Esse foi ela começou. Seu primeiro beijo? Gustavo perguntou suavemente, notando a expressão de espanto em seu rosto. Júlia corou intensamente. Como você soube? Pela forma como você está me olhando agora.
Ele sorriu tocando delicadamente seu rosto, como se eu tivesse acabado de mostrar-lhe um mundo novo. Não foi meu primeiro beijo, Júlia se defendeu. Mas foi o primeiro que que significou alguma coisa. A confissão tocou Gustavo profundamente. Ele puxou Júlia para mais perto, abraçando-a contra seu peito, enquanto observavam o sol finalmente desaparecer no horizonte.
“Para mim também”, ele murmurou contra seus cabelos. “Para mim também.” Eles ficaram ali abraçados enquanto as primeiras estrelas apareciam no céu, cada um processando o que havia acontecido. Algo fundamental havia mudado entre eles. Uma linha havia sido cruzada que não poderia ser desfeita. “O que fazemos agora?”, Júlia perguntou suavemente.
“Não sei, Gustavo admitiu, mas quero descobrir com você”. Era uma resposta simples, mas carregada de promessas. E enquanto caminhavam de volta para a casa sede, mãos entrelaçadas pela primeira vez, nenhum dos dois imaginava que em uma estrada há poucos quilômetros dali, um carro de luxo se aproximava da fazenda.
Valentina Moreira havia decidido que era hora de uma visitinha ao ex-noivo. E ela não estava vindo apenas para uma conversa amigável. O sábado amanheceu com nuvens escuras se acumulando no horizonte. O ar estava carregado com a eletricidade que precede as grandes tempestades de verão, e os animais demonstravam inquietação, como se sentissem a mudança no tempo.
Júlia havia acordado com o coração ainda acelerado, tocando os lábios frequentemente enquanto recordava o beijo da noite anterior. Tudo parecia diferente, as cores mais vivas, os sons mais claros, como se o mundo tivesse ganhado uma nova dimensão. Gustavo também havia passado uma noite agitada, alternando entre euforia e ansiedade.
Por um lado, nunca havia se sentido tão conectado com alguém. Por outro, uma voz em sua cabeça sussurrava advertências sobre as complicações que viriam. Eles se encontraram na coxeira por volta das 9 da manhã e a timidez súbita entre eles era quase palpável. O beijo havia mudado tudo, criando uma intimidade que nenhum dos dois sabia como navegar.
Bom dia, Gustavo disse suavemente, seus olhos procurando-os dela. Bom dia, Júlia, respondeu corando levemente. A tempestade está chegando. Sim, posso sentir. Ele se aproximou um passo. Júlia, sobre ontem à noite. Não se arrependa. Ela disse rapidamente a vulnerabilidade evidente em sua voz. Por favor, não se arrependa. Arrepender? Gustavo sorriu, estendendo a mão para tocar o rosto dela. É a última coisa de que me arrependeria.
O alívio no rosto de Júlia foi tão evidente que Gustavo sentiu seu coração apertar. Ele se inclinou e a beijou delicadamente, um beijo suave, que confirmava que nada havia mudado entre eles para pior. “Na verdade”, ele murmurou contra os lábios dela. “Gostaria de repetir a experiência.” O sorriso que iluminou o rosto de Júlia foi radiante, talvez mais tarde.
Agora preciso verificar os animais antes da chuva chegar. Eles trabalharam juntos durante a manhã, Gustavo seguindo Júlia em suas rondas e aprendendo sobre os cuidados necessários antes de uma tempestade. Havia algo profundamente satisfatório em trabalhar com as mãos, em ter um propósito tangível e imediato. Por volta do meio-dia, os primeiros trovões ecoaram à distância e Júlia decidiu fazer uma última verificação no pasto mais distante, onde algumas éguas prenhas pastavam. Vou com você.
Gustavo disse quando ela anunciou seus planos. Não precisa, vai se molhar. Não me importo. Ele sorriu. Além disso, você pode precisar de ajuda. Eles montaram em cavalos e galoparam em direção ao pasto distante. O vento havia se intensificado, trazendo o cheiro úmido da chuva que se aproximava.
As éguas estavam agitadas, mas todas pareciam saudáveis e seguras. Foi quando começaram a voltar que a tempestade finalmente chegou. As primeiras gotas grossas foram seguidas rapidamente por uma chuva torrencial que transformou o mundo em um borrão cinza e molhado. “Ali!” Júlia gritou sobre o barulho da chuva, apontando para uma construção de pedra no meio do caminho.
“O moinho antigo!” Eles esporearam os cavalos e chegaram ao abrigo pouco antes de um raio iluminar o céu com força cegante. O moinho era uma relíquia dos primeiros tempos da fazenda, com paredes grossas de pedra e um telhado sólido que os protegia do temporal.
Dentro do moinho, ofegantes e encharcados, eles se olharam e começaram a rir. A adrenalina da corrida e o alívio de estarem seguros criavam uma euforia contagiante. Estamos completamente molhados. Júlia riu, tentando torcer a água de seus cabelos. completamente. Gustavo concordou, mas seus olhos não mostravam arrependimento.
Pelo contrário, havia algo selvagem e livre em sua expressão que Júlia nunca havia visto antes. A chuva tamborilar no telhado criava uma sinfonia natural que isolava o mundo exterior. Era como se eles estivessem suspensos no tempo, apenas os dois, em um universo à parte. Gustavo tirou a camisa molhada e a estendeu sobre uma viga para secar.
Júlia tentou não olhar para o peito definido dele, mas foi impossível ignorar a forma como a pele bronzeada brilhava na luz difusa que entrava pelas janelas. “Está com frio?”, Ele perguntou, notando que ela tremia ligeiramente. “Um pouco”, ela admitiu. Gustavo se aproximou e a envolveu em seus braços, compartilhando o calor de seu corpo.
Júlia se encostou contra ele, sentindo-se segura e aquecida, mas também intensamente consciente de cada ponto onde seus corpos se tocavam. “Gustavo”, ela sussurrou, olhando para cima e encontrando seus olhos. Sim, eu nunca me senti assim antes. A confissão saiu em um sussurro quase inaudível, como se estivesse descobrindo quem realmente sou.
Eu sei ele respondeu, suas mãos se movendo para enquadrar o rosto dela. É como se você tivesse acordado algo em mim que estava dormindo há anos. A intensidade em seus olhos fez o coração de Júlia acelerar. Havia algo primitivo e poderoso no ar entre eles, amplificado pelo isolamento e pela energia da tempestade. “Me beije”, ela sussurrou.
“Me beije como se não houvesse amanhã. Gustavo não precisou ser convidado duas vezes. Ele a beijou com uma paixão que os consumiu completamente, suas mãos entrelaçadas nos cabelos molhados dela, enquanto Júlia se prendia a ele como se fosse sua única âncora no mundo. Eles se perderam um no outro. explorando essa nova intimidade com uma mistura de ternura e urgência.
O mundo exterior desapareceu completamente. Não havia fazenda, não havia responsabilidades, não havia passado ou futuro, apenas eles dois e o momento perfeito que compartilhavam. “Te amo!”, Gustavo murmurou contra os lábios dela, as palavras saindo antes que pudesse censurá-las. Júlia parou, seus olhos se arregalando com surpresa e alegria. Você, ela começou.
Amo ele repetiu mais firme desta vez. Eu te amo, Júlia Costa, completamente, irrevogavelmente, assustadoramente. As lágrimas que escorreram pelo rosto dela eram de pura felicidade. “Eu também te amo”, ela sussurrou. Achei que era impossível se apaixonar tão rápido, mas mas às vezes o coração sabe antes da mente. Gustavo completou secando suas lágrimas com os polegares.
Eles ficaram abraçados enquanto a tempestade rugia lá fora. Dois corações que haviam encontrado seu lar um no outro. Era um momento de perfeição absoluta, um daqueles momentos raros que ficam gravados na memória para sempre. Mas enquanto eles se declaravam amor no moinho antigo, outros planos estavam sendo postos em movimento.
Na casa sede, dona Carmen recebia uma visita inesperada, uma mulher elegante, de cabelos loiros, que se apresentava como Valentina Moreira e perguntava pelo Senhor Gustavo. E na cidade, um grupo de homens de terno começava a fazer perguntas sobre a nova distração do magnata bilionário. A felicidade perfeita de Gustavo e Júlia estava prestes a enfrentar seu primeiro teste real.
Mas, por enquanto, protegidos pelas paredes do moinho e pelo som da chuva, eles existiam apenas no presente, no amor que haviam encontrado e na promessa de um futuro que construiriam juntos. A tempestade passou durante a tarde, deixando o ar limpo e perfumado com o cheiro de terra molhada. Gustavo e Júlia voltaram para a casa sede de mãos dadas.
Seus corações ainda ecoando as declarações de amor trocadas no moinho antigo. O mundo parecia ter mudado completamente. As cores eram mais vibrantes, os sons mais melódicos, como se o amor tivesse ajustado a sintonia de suas percepções. Eles caminhavam devagar, relutantes em deixar a bolha de intimidade que haviam criado.
“Gustavo,” A voz de dona Carmen ecoou da varanda assim que eles se aproximaram da casa. Havia algo em seu tom que imediatamente alertou os dois. Precisa vir aqui, é urgente. Eles trocaram olhares preocupados e apressaram o passo. Dona Carmen os esperava na varanda, suas mãos torcendo o avental, um sinal claro de nervosismo. O que aconteceu? Gustavo perguntou. A égua Estrela.
Ela está com problemas no trabalho de parto, dona Carmen explicou rapidamente. O doutor Henrique foi chamado em outra fazenda e Joaquim disse que precisamos da Júlia urgentemente. Júlia soltou a mão de Gustavo e correu em direção ao estábulo. Gustavo a seguiu, seu coração apertando ao ver a preocupação em seu rosto. Ele sabia o quanto os animais significavam para ela.
No estábulo, encontraram Joaquim e dois funcionários ao redor da égua, que estava claramente em sofrimento. Estrela, a mesma égua que haviam salvado no primeiro dia de Gustavo na fazenda, estava tentando dar a luz, mas algo estava errado. “O potro está em posição transversal”, Júlia disse imediatamente após examinar rapidamente a égua.
“Preciso reposicioná-lo, mas é arriscado.” “O que posso fazer para ajudar?”, Gustavo perguntou sem hesitar. Júlia o olhou com gratidão. Segure a cabeça dela, converse com ela. Sua voz a acalma. As próximas duas horas foram as mais tensas que qualquer um deles havia vivido.
Júlia trabalhou com uma concentração absoluta, suas mãos delicadas, mas firmes, guiando cuidadosamente o potro para a posição correta. Gustavo permaneceu ao lado da cabeça de Estrela, sussurrando palavras de encorajamento, seus olhos fixos em Júlia, admirando sua expertise e determinação. “Pronto!” Júlia, exclamou finalmente quando o potro finalmente emergiu.
“É uma fêmea!” A pequena égua tentou se levantar imediatamente, suas pernas trêmulas, mas determinadas. Estrela se virou para lamber sua filha e a cena tocou profundamente todos os presentes. “Ela é perfeita”, Gustavo murmurou emocionado pela miracle da vida que havia testemunhado.
“E Estrela sempre produz potros especiais”, Joaquim disse com orgulho, mas seus olhos estavam em Júlia. “E nossa veterinária aqui é ainda mais especial.” Júlia corou com o elogio, mas havia satisfação profunda em seus olhos. Ela havia salvado duas vidas aquela noite e isso significava tudo para ela.
“Como vamos chamá-la?”, Gustavo perguntou, observando a pequena égua dar seus primeiros passos cambaliantes. “Esperança?” Júlia respondeu sem hesitar. Ela nasceu no dia em que ela parou, percebendo que estava prestes a revelar algo muito pessoal na frente de seu pai e os funcionários. No dia em que Joaquim perguntou curioso, Júlia olhou para Gustavo, que a sentiu encorajadoramente.
No dia em que descobriu o que significa amar alguém, ela disse suavemente, seus olhos fixos em Gustavo. O silêncio que se seguiu foi carregado de compreensão. Joaquim olhou entre sua filha e Gustavo, processando o que havia acabado de ouvir. Seus olhos se arregalaram ligeiramente quando a realização chegou. Júlia, ele começou, mas ela o interrompeu. Pai, eu sei o que está pensando, mas isso é real. O que sinto por Gustavo é real.
Gustavo se aproximou de Júlia, colocando a mão em suas costas em um gesto protetor. Senr. Joaquim, ele disse respeitosamente. Sei que isso pode parecer súbito, mas suas feelings por sua filha são genuínos. Ela mudou minha vida. Joaquim estudou ambos por um longo momento. Havia preocupação em seus olhos, mas também o reconhecimento de que sua filha era uma mulher adulta capaz de tomar suas próprias decisões.
Júlia sempre foi uma menina especial, ele disse finalmente. E você, patrão, sempre foi um homem honrado. Se vocês encontraram algo real um no outro, ele parou, escolhendo as palavras cuidadosamente. Então tem minha bênção, mas também tem minha proteção. Que fique claro que se alguém magoar minha filha, terá que responder a mim.
A ameaça velada, embora dita com respeito, foi perfeitamente compreendida por Gustavo. Entendo perfeitamente, senhor, e prometo que nunca darei razão para que use essa proteção. Joaquim assentiu satisfeito com a resposta: “Então vamos celebrar. O nascimento de esperança merece uma festa.
” Eles saíram do estábulo juntos, mas Gustavo segurou Júlia por um momento. Tem certeza de que era isso que você queria? Tornar público nosso relacionamento? Tenho. Ela respondeu sem hesitação. Não quero esconder o que sinto por você. Não quero fingir que somos apenas amigos quando meu coração está cantando a cada vez que você olha para mim.
Gustavo a beijou suavemente ali mesmo no estábulo, com esperança, dando seus primeiros passos de vida ao fundo. “Eu te amo”, ele sussurrou contra os lábios dela. “E eu te amo?” Ela respondeu: “Aconteça o que acontecer”. Era uma declaração profética, porque na casa sede, dona Carmen ainda estava perturbada pela visita que havia recebido mais cedo. Valentina Moreira havia deixado um recado claro.
Estaria de volta no dia seguinte para uma conversa importante com Gustavo. E do lado de fora da fazenda, um carro escuro observava a propriedade através de binóculos, tirando fotografias de cada movimento. O amor de Gustavo e Júlia havia nascido como esperança, pequeno e frágil, mas com uma força surpreendente.
Agora eles precisariam descobrir se esse amor seria forte o suficiente para sobreviver às tempestades que se aproximavam. Mas por enquanto, enquanto caminhavam de volta à casa de mãos dadas, eles existiam apenas na alegria do momento presente e na certeza de que haviam encontrado algo raro e precioso um no outro. O teste real de seu amor estava apenas começando.
O domingo amanheceu claro e ensolarado, como se a tempestade da véspera tivesse lavado toda a negatividade do mundo. Gustavo acordou com um sorriso nos lábios, algo que não acontecia há muito tempo. A lembrança das declarações de amor trocadas com Júlia aquecia seu peito de uma forma que ele nunca havia experimentado.
Depois do café da manhã, eles foram juntos verificar Esperança e sua mãe. A pequena égua estava mais forte, correndo em círculos pequenos ao redor de estrela, testando suas pernas novas. Era um símbolo perfeito de renovação e novos começos. “Ela linda.” Júlia sorriu, apoiando-se na cerca ao lado de Gustavo, forte e saudável, “Como sua veterinária.” Gustavo murmurou, envolvendo-a pelos ombros.
Era quase meio-dia quando o som de um motor potente ecoou pela estrada principal da fazenda. Gustavo e Júlia estavam verificando o sistema de irrigação quando viram um conversível vermelho subindo à colina em direção a casa sede. Gustavo sentiu seu estômago afundar quando reconheceu o carro e quando a mulher loira de óculos escuros desceu do veículo, toda a paz que havia encontrado nos últimos dias evaporou instantaneamente.
“Valentina”, ele murmurou e havia tanto choque quanto ressentimento em sua voz. Júlia seguiu seu olhar e viu uma mulher extraordinariamente bela, vestida com elegância casual, cara. Calças de grife, blusa de seda, sapatos que provavelmente custavam mais que o salário mensal de muitas pessoas.
Tudo nela gritava sofisticação e poder. “Quem é?”, Júlia, perguntou, “bora algo em seu intestino já soubesse a resposta. Minha ex-noiva”, Gustavo disse, sua voz tensa. Valentina Moreira. O mundo de Júlia pareceu inclinar ligeiramente. Ela havia ouvido Gustavo falar sobre seu passado, mas ver Valentina em pessoa era diferente.
A mulher era deslumbrante, o tipo de beleza que aparece em capas de revista e claramente pertencia ao mesmo mundo social de Gustavo. “O que ela está fazendo aqui?”, Júlia perguntou, tentando manter a voz estável. Não sei, mas nada bom. Gustavo pegou a mão dela. Júlia, olhe para mim. Ela obedeceu, encontrando seus olhos. Nada que ela disser ou fizer vai mudar o que sinto por você. Entendeu? Nada.
Júlia a sentiu, mas Gustavo podia ver a insegurança começando a se formar em seus olhos. Ele a beijou rapidamente, uma afirmação pública de seu compromisso antes de eles caminharem em direção à casa sede. Valentina os viu se aproximando e sorriu, um sorriso frio e calculado que não chegava aos olhos. Ela removeu os óculos escuros, revelando olhos azuis como gelo que se fixaram imediatamente em Júlia, com uma avaliação predatória. “Gustavo, querido”, Valentina, exclamou, abrindo os braços, como se esperasse um abraço.
“Que maravilha te ver novamente, Valentina?” Gustavo respondeu friamente, mantendo distância. “O que você está fazendo aqui? Que recepção fria. Ela riu, mas havia uma tensão por baixo da fachada amigável. Não posso visitar um velho amigo? Corte a encenação, Valentina. Nós dois sabemos que você nunca faz nada sem um motivo.
O sorriso dela vacilou por um momento antes de se recompor. Seus olhos se voltaram para Júlia, estudando-a da cabeça aos pés com uma intensidade desconfortável. “E você deve ser?” Ela deixou a frase no ar, claramente esperando uma apresentação. Júlia Costa. Júlia se apresentou, estendendo a mão com uma polidez forçada. Ah, sim. Valentina pegou a mão dela com dedos frios e manicurados.
A filha do capataz. Ouvi dizer que você é veterinária. A forma como ela disse filha do capataz carregava um tom condescendente que fez Gustavo se tensionar. Sim. Júlia respondeu simplesmente, recusando-se a se intimidar. Que charmoso! Valentina sorriu novamente. Gustavo sempre teve um fraco por projetos de caridade.
A frase atingiu Júlia como um tapa, mas foi Gustavo quem explodiu. Chega! Sua voz estava carregada de raiva contida. Não vou tolerar que você desrespeite Júlia em minha presença ou em qualquer outro lugar. Desrespeitar? Valentina fingiu surpresa. Estava apenas fazendo uma observação. Vocês dois são tão diferentes.
Sim, somos Gustavo disse, puxando Júlia para mais perto. Ela é genuína, compassiva e real. Tudo que você nunca foi. O insulto acertou o alvo. O rosto de Valentina endureceu por um momento antes de ela recompor a máscara de elegância. Precisamos conversar, Gustavo. A sós, ela disse, sua voz adquirindo um tom mais sério.
É sobre negócios, assuntos que sua amiga não entenderia. Qualquer coisa que você tenha a dizer, pode dizer na frente de Júlia. Gustavo respondeu firmemente. Tem certeza? Valentina arqueou uma sobrancelha perfeitamente delineada. É sobre seus investidores. Parece que estão preocupados com certas decisões recentes suas. Gustavo sentiu um frio na espinha. Que investidores.
Os seis grandes, querido. Mitchel, Robertson e Amamoto. Você conhece a turma. Valentina sorriu como um gato que havia engolido um canário. Parece que alguém tem acompanhado suas atividades recentes aqui na fazenda e não estão muito felizes com o que viram. Júlia sentiu Gustavo se tensionar ao lado dela. Havia algo na forma como Valentina falava que sugeria conhecimento de informações que ela não deveria ter.
“Do que você está falando?”, Gustavo perguntou, mas sua voz havia perdido parte da confiança. “Fotografias, querido. Muitas fotografias.” Valentina abriu sua bolsa de grife e retirou uma pasta. “De você e sua pequena romance rural. Os investidores estão preocupados que você esteja distraído dos negócios. Ela estendeu a pasta para Gustavo, que a pegou com mãos ligeiramente trêmulas.
Quando ele abriu, Júlia pôde verra deles caminhando juntos, conversando no lago, beijando-se no campo de giraçóis. “Como você conseguiu isso?”, Gustavo perguntou sua voz baixa e perigosa. Os negócios são um mundo pequeno, querido. E quando um magnata bilionário desaparece por semanas para brincar de fazendeiro com uma garota da roça, Valentina deu de ombros elegantemente.
As pessoas começam a fazer perguntas. Júlia sentiu náusea subindo em sua garganta. A realidade do mundo de Gustavo estava se chocando contra ela com força total. Havia pessoas observando, fotografando, julgando cada momento íntimo que haviam compartilhado. “O que eles querem?”, Gustavo perguntou, fechando a pasta bruscamente.
Uma reunião amanhã em Belo Horizonte para discutir seu futuro na empresa. Valentina sorriu triunfante. E, querido, eu sugeriria que você fosse sozinho. O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Júlia podia sentir seu mundo perfeito começando a desmoronar ao redor dela.
Gustavo estava pálido, claramente calculando as implicações do que Valentina havia revelado. “Isso é chantagem”, ele disse finalmente. “Isso são negócios, Valentina corrigiu. “E você sempre foi muito bom em negócios, Gustavo. Não deixe uma paixãozinha de verão destruir tudo que construiu.” Ela se virou para Júlia, seus olhos frios e calculados. “Foi um prazer conhecê-la, querida.
Tenho certeza de que entende que às vezes temos que fazer escolhas difíceis na vida. Valentina voltou para seu carro, mas parou na porta. Ah, e Gustavo, você tem 48 horas para decidir o que realmente importa para você. Escolha sabiamente. Com isso, ela entrou no conversível e partiu, deixando uma nuvem de poeira e duas vidas completamente transformadas.
Júlia e Gustavo ficaram parados em silêncio por vários minutos. Ambos processando o que havia acabado de acontecer. O mundo perfeito que haviam construído juntos havia sido invadido pela realidade e nada seria mais o mesmo. Gustavo! Júlia começou, mas sua voz falhou. Ele se virou para ela e Júlia viu medo genuíno em seus olhos pela primeira vez desde que o conhecera.
“Vamos resolver isso”, ele disse, “mas havia incerteza em sua voz. De alguma forma vamos resolver isso. Mas enquanto eles caminhavam de volta para a casa, ambos sabiam que a fase simples e feliz de seu relacionamento havia chegado ao fim. Agora eles teriam que descobrir se seu amor era forte o suficiente para sobreviver ao mundo real. O jantar na casa dos Costa naquela noite foi tenso.
Gustavo havia contado a Joaquim e Maria sobre a visita de Valentina, omitindo apenas os detalhes mais sórdidos sobre as fotografias e as ameaças dos investidores. Mas Maria, com a intuição de uma mãe experiente, percebeu que havia muito mais na história. Júlia estava quieta demais, mexendo a comida no prato sem realmente comer. Seus olhos tinham perdido o brilho dos últimos dias, substituído por uma preocupação profunda que partia o coração de Gustavo. “Júlia, você mal tocou na comida.” Maria observou suavemente.
“Não estou com fome, mãe”, Júlia respondeu forçando um sorriso. Joaquim colocou o garfo na mesa com mais força do que necessário, o som ecoando pela sala de jantar. “Pronto”, ele disse, sua voz carregada de determinação. Chega de rodeios. Gustavo, preciso falar com você.
A sós Júlia olhou para o pai, então para Gustavo, seus olhos arregalados com ansiedade. Pai, é melhor assim, filha. Joaquim disse gentilmente, mas firmemente. Algumas conversas são entre homens. Gustavo assentiu, percebendo que esse confronto era inevitável. Claro, senor Joaquim. Eles se dirigiram para a varanda, onde a noite estava clara, e as estrelas brilhavam intensamente.
Joaquim acendeu um cigarro de palha, algo que ele raramente fazia, e Gustavo soube que a conversa seria séria. 30 anos. Joaquim começou olhando para os campos escuros. 30 anos eu trabalho nesta fazenda. Vi você crescer, vi você ir embora, vi você se tornar um homem rico e poderoso. Gustavo permaneceu em silêncio, esperando. E em todos esses anos nunca questionei suas decisões.
Você é o patrão. Eu sou o empregado. Simples assim. Joaquim deu uma longa tragada. Mas quando a coisa envolve minha filha, as regras mudam. Entendo. Entende mesmo? Joaquim se virou para encará-lo. Júlia é minha única filha. Gustavo, é a coisa mais preciosa que tenho nesta vida.
Ela é inteligente, dedicada, tem um futuro brilhante pela frente. Eu sei disso, sabe? Joaquim deu um passo em direção a ele, porque hoje vi minha filha chorando no quarto depois que aquela mulher foi embora, chorando por causa de um mundo que ela não conhece, de um jogo que não sabe como jogar. As palavras atingiram Gustavo como socos. A ideia de Júlia chorando por causa dele era insuportável.
Senhor Joaquim, eu nunca quis que ela se machucasse. Mas ela se machucou, não foi? Joaquim jogou o cigarro no chão e o pisou com força. E vai se machucar mais se isso continuar. O que está querendo dizer? Estou dizendo que você precisa tomar uma decisão. Joaquim cruzou os braços.
e precisa tomá-la pensando no que é melhor para Júlia, não no que você quer. Gustavo sentiu raiva subindo em seu peito. Com todo respeito, senhor, mas quem eu amo é uma decisão minha. É. Joaquim riu amargamente. Porque pelo que entendi da visita de hoje, suas decisões não são só suas. Tem um monte de gente rica em São Paulo que também tem opinião sobre sua vida amorosa.
A observação era dolorosamente precisa. Isso é temporário Gustavo disse, mas sua voz soou menos convincente do que pretendia. Vou resolver isso. Como? Joaquim perguntou diretamente, abandonando seus negócios, perdendo tudo que construiu? E depois, o que vai acontecer quando você perceber que abriu mão de tudo por uma paixão de verão? Não é uma paixão de verão.
Gustavo explodiu. Eu amo sua filha. Ama? Joaquim deu um passo mais perto, seus olhos brilhando com intensidade. Então me responda uma coisa. Se realmente a ama, por que está disposto a expô-la a um mundo que vai julgá-la, criticá-la, tentar destruí-la? A pergunta ficou suspensa no ar como uma acusação.
Gustavo abriu a boca para responder, mas percebeu que não tinha uma resposta adequada. Júlia cresceu aqui. Joaquim continuou, sua voz ficando mais suave, mas não menos intensa. Conhece cada animal, cada árvore, cada pessoa nesta comunidade. É amada e respeitada aqui. Tem uma carreira brilhante começando.
Por que ela deveria trocar tudo isso por ser a amiguinha de um bilionário em um mundo que nunca vai aceitá-la completamente? Porque me ama, Gustavo disse, mas até para ele as palavras soaram fracas. O amor dela não está em questão. Joaquim disse gentilmente. A questão é: o seu amor por ela é forte o suficiente para protegê-la do que está por vir? Joaquim se dirigiu em direção à porta, mas parou antes de entrar.
Gustavo, você é um bom homem, sempre foi, mas você vive em um mundo diferente do nosso. E às vezes, quando dois mundos se chocam, alguém se machuca. Ele olhou diretamente nos olhos de Gustavo. Só não deixe que seja minha filha. Com isso, Joaquim entrou na casa, deixando Gustavo sozinho na varanda com seus pensamentos tumultuados.
Dentro da casa, Júlia havia escutado parte da conversa através da janela aberta. As lágrimas escorriam silenciosamente por seu rosto enquanto ela processava as palavras de seu pai. Ele não estava errado. Ela realmente não conhecia o mundo de Gustavo. Não sabia como navegar as complexidades de sua vida.
Mas o que a machucava mais era a possibilidade de que Gustavo pudesse chegar à mesma conclusão que seu pai, que talvez ela fosse apenas uma distração de verão, uma pausa da sua vida real. Quando Gustavo finalmente entrou na casa, ele encontrou Júlia na cozinha lavando pratos que já estavam limpos. “Júlia, meu pai está certo?”, ela perguntou sem se virar. “Sou apenas uma paixão de verão para você?” “Não.
” Gustavo se aproximou dela por trás. Você sabe que não sei. Júlia finalmente se virou e Gustavo viu o medo em seus olhos. Porque hoje percebi que não sei nada sobre sua vida real. Não sei como seu mundo funciona, que tipo de pressões você enfrenta, que escolhas terá que fazer. Então, deixe-me ensinar você.
E se eu não conseguir aprender? A vulnerabilidade em sua voz partiu o coração dele. E se eu não forte o suficiente para o seu mundo? Gustavo a envolveu em seus braços, puxando-a contra seu peito. “Você é a pessoa mais forte que conheço”, ele murmurou contra seus cabelos. “E não quero que mude para se adaptar ao meu mundo. Quero que meu mundo se adapte a você”.
É possível isso? Não sei. Gustavo admitiu honestamente. Mas quero descobrir com você. Júlia se afastou para olhá-lo nos olhos. E se descobrirmos que não é possível? E se tivermos que escolher entre o amor e tudo o mais? Era a pergunta que Gustavo havia evitado fazer para si mesmo. E enquanto olhava nos olhos verdes da mulher que amava, ele percebeu que não tinha certeza da resposta.
“Então descobriremos juntos”, ele disse finalmente, “Seja qual for o resultado.” Mas mesmo enquanto falava, Gustavo sentia o peso das palavras de Joaquim. E pela primeira vez desde que havia se apaixonado por Júlia, ele se perguntou se o amor realmente seria suficiente para superar todas as barreiras que se erguiam entre eles. A noite estava apenas começando, mas para ambos parecia que estava chegando ao fim de algo precioso e frágil.
A segunda-feira chegou com um céu cinzento que espelhava o humor sombrio que havia se instalado na fazenda. Gustavo havia passado a noite em claro, caminhando pelos campos enquanto tentava formular um plano que pudesse proteger tanto seus negócios quanto seu relacionamento com Júlia.
Às 8 da manhã, três carros pretos subiram à estrada da fazenda em formação. Gustavo os observou da janela de seu escritório, sentindo o estômago apertar. Ele reconheceu o Rolls-Royce do meio. Pertencia a Marcos Mitchell, o mais poderoso de seus investidores. Júlia estava no estábulo quando viu os carros.
Através da janela, ela observou seis homens de terno descerem dos veículos, suas expressões sérias e determinadas. Ela não precisava conhecê-los para saber que traziam problemas. Gustavo desceu para encontrá-los na varanda, vestindo seu terno mais formal como uma armadura.
Era hora de voltar a ser o magnata dos negócios, mas a transformação não vinha tão facilmente quanto antes. Cavalheiros. Ele cumprimentou com uma frieza profissional. Marcos Mitchell, um homem de 60 anos com cabelos grisalhos e olhos de aço, subiu os degraus da varanda. Gustavo, sua voz era cortante. Precisamos conversar. Então, conversem. Gustavo cruzou os braços, recusando-se a demonstrar intimidação.
Aqui, Mitel olhou ao redor com desdém funcionários. Esta é minha casa. Gustavo respondeu firmemente. E estes são meus amigos. Se tem algo a dizer, digam aqui. Mitchel trocou olhares com os outros investidores antes de suspirar dramaticamente. Muito bem. Ele abriu uma pasta de couro. Gustavo, nos últimos dois anos você nos confiou mais de 2 bilhões de dólares em investimentos diversos.
Construímos um império juntos e e agora descobrimos que você está comprometendo esse império por causa de uma mulher. Mitchell retirou as fotografias que Valentina havia mostrado no dia anterior. Estas fotos foram tiradas por investigadores profissionais. Você está sendo observado há duas semanas. Gustavo sentiu raiva fervendo em suas veias.
Vocês me espionaram. Protegemos nossos investimentos. Outro homem, Robinson e Yamoto, se manifestou. E você, querido amigo, tornou-se um risco. Como assim um risco? Sua reputação está sendo questionada nos círculos apropriados, Mitchell explicou friamente.
Um magnata bilionário envolvido romanticamente com a filha de um capataz. Os tabloides vão se divertir com isso. E, Gustavo perguntou, embora seu coração estivesse acelerando. E escândalos afetam negócios. Um terceiro homem, Peterson, se juntou à conversa. Nossos clientes investem conosco porque confiamos em você. Se sua credibilidade for questionada, nossos próprios negócios sofrem. Do estábulo.
Júlia observava a confrontação, incapaz de ouvir as palavras, mas lendo perfeitamente a linguagem corporal hostil. Ela viu Gustavo se tensionar, viu os homens de terno o cercarem como predadores. “O que vocês querem?”, Gustavo perguntou diretamente. Mitchel sorriu friamente. “Queremos que você escolha seus negócios ou sua distração rural.
E se eu recusar? Então faremos uma reestruturação hostil.” Mitchell disse calmamente: “Juntos controlamos 67% de suas empresas. Podemos removê-lo de todas as posições executivas e tomar controle operacional.” Gustavo sentiu o chão desaparecer sob. Era verdade. Ao longo dos anos, ele havia dado participações significativas para esses homens em troca de investimentos massivos.
Na época parecera uma decisão inteligente. Agora percebeu que havia entregado o controle de sua vida a eles. Vocês não fariam isso. Faremos. E Amamoto disse sem emoção. A menos que você termine esse relacionamento imediatamente e publicamente e retorne a São Paulo para focar integralmente nos negócios.
E se eu escolher Júlia? Então você perdará tudo Mitel disse simplesmente: “Suas empresas, suas propriedades, seus ativos, ficará com aproximadamente 5% do que possui atualmente.” O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Gustavo processou as implicações. Perder 95% de sua fortuna ver o império que havia construído ser despedaçado. Quanto tempo tenho para decidir? 24 horas. Mitel fechou a pasta.
Amanhã às 8 da manhã queremos sua resposta. Ou volta para São Paulo conosco ou assinará os papéis de transferência. Os homens começaram a caminhar de volta para seus carros, mas Mitel parou. Ah, e Gustavo, não tente ser esperto.
Já temos medidas de segurança para prevenir qualquer tentativa de transferência de ativos ou manipulação legal. Ele sorriu cruelmente. Você nos ensinou bem demais ao longo dos anos. Depois que os carros partiram, Gustavo ficou parado na varanda por vários minutos, processando o que havia acabado de acontecer. Sua vida inteira, tudo que havia construído, estava sendo usada como arma contra ele.
Júlia se aproximou hesitantemente, tendo visto os carros partindo. “O que eles queriam?”, ela perguntou, embora temesse a resposta. Gustavo se virou para ela e Júlia viu desespero em seus olhos pela primeira vez. Queriam me forçar a escolher entre você e tudo que construí na vida. Júlia sentiu náusea subindo. E E o que você disse? Disse que precisava de tempo para pensar. As palavras atingiram Júlia como socos.
Pensar, Júlia? Você não entende. Eles podem tomar tudo, literal tudo. Se eu perder meus negócios, não terei nada para oferecer. Exceto você mesmo, Júlia disse suavemente. Exceto seu coração. Gustavo passou as mãos pelos cabelos, frustrido. Você acha que isso é suficiente? Você acha que o amor paga contas, mantém uma casa, garante um futuro? A pergunta doeu mais do que Júlia estava preparada.
Ela viu algo mudando nos olhos de Gustavo, uma calculadora fria que ela nunca havia visto antes. “Você já decidiu, não é?”, ela sussurrou. Não. Gustavo negou veemente. Ainda não. Mas Júlia precisa entender as implicações. Se eu escolher você, perderei tudo. E então, que tipo de vida posso oferecer? Uma vida real.
Júlia disse, lágrimas começando a escorrer. Uma vida baseada em amor verdadeiro, não em poder e dinheiro. É fácil romantizar a pobreza quando você nunca teve que viver nela, Gustavo disse e imediatamente se arrependeu das palavras duras. Júlia deu um passo para trás, como se tivesse sido esbofeteada. É isso que você realmente pensa de mim? Que sou uma sonhadora ingênua que não entende o mundo real? Não, eu porque se é isso, então talvez eles estejam certos. Júlia se afastou mais.
Talvez eu seja apenas uma distração da sua vida real. Júlia, espere. Mas ela já estava caminhando rapidamente em direção ao estábulo, suas costas eretas, apesar das lágrimas que Gustavo podia ver mesmo à distância. Enquanto a observava partir, Gustavo percebeu que havia acabado de cometer o maior erro de sua vida e agora tinha menos de 24 horas para decidir se tentaria corrigi-lo ou se deixaria o medo e a pressão destruírem a melhor coisa que havia acontecido com ele.
Do alto da colina, um dos carros pretos havia parado e Marcos Mitchell observava a cena através de binóculos, sorrindo com satisfação. A fase um de seu plano havia funcionado perfeitamente. Agora era a hora da fase dois. Júlia passou o resto do dia, evitando qualquer lugar onde pudesse encontrar Gustavo.
Ela se refugiou no trabalho, verificando obsessivamente cada animal da fazenda, aplicando tratamentos desnecessários e reorganizando suprimentos que já estavam perfeitamente organizados. Joaquim a encontrou no final da tarde, sentada no estábulo com esperança, a pequena égua que havia nascido no dia de sua declaração de amor com Gustavo. A ironia da situação não estava perdida para ela.
Filha. Joaquim se sentou ao lado dela na palha. Quer conversar? Você estava certo, pai. Júlia disse, sem tirar os olhos da égua. Eu não pertenço ao mundo dele. Não era isso que eu estava tentando dizer. Não. Júlia finalmente olhou para ele, porque foi exatamente o que entendi. E, aparentemente foi exatamente o que Gustavo entendeu também. Joaquim suspirou profundamente.
Júlia, eu estava tentando proteger você, mas talvez tenha plantado sementes de dúvida onde não deveria. As sementes já estavam lá. Júlia se levantou, escovando a palha de suas roupas. Eu só estava sendo ingênua demais para vê-las. O que aconteceu hoje? Júlia contou sobre os homens de terno, sobre o ultimato, sobre a forma como Gustavo havia hesitado quando ela perguntou o que ele havia decidido.
E agora ele está lá na casa sede, calculando se eu valho do bilhões de dólares. Ela riu amargamente. Aparentemente a resposta é não. Você conversou com ele desde então. O que há para conversar? Júlia se dirigiu para a porta do estábulo. Ele mostrou quem realmente é quando a pressão chegou. E eu mostrei que sou exatamente a garota ingênua da roça que todos pensam que sou. Enquanto isso, na casa sede, Gustavo caminhava pelo escritório como um animal enjaulado.
Papéis estavam espalhados por toda a mesa. Contratos, acordos de investimento, documentos legais que detalhavam exatamente como Mitchell e seus sócios poderiam destruir sua vida financeira. Ele havia passado horas ao telefone com advogados, procurando brechas, alternativas, qualquer forma de escapar da armadilha que havia sido construída ao redor dele. Mas a conclusão era sempre a mesma.
Seus parceiros haviam sido muito espertos. Eles realmente poderiam tomar tudo. Dona Carmen entrou com uma bandeja de café, observando com preocupação o estado de agitação de Gustavo. Menino! Ela disse suavemente. Quando foi a última vez que você comeu alguma coisa? Não me lembro. Gustavo murmurou, não levantando os olhos dos papéis. Isso não resolve nada.
Dona Carmen colocou a bandeja na mesa e se sentou em uma cadeira à frente dele. Passar fome e se desesperar não vai mudar a situação. Dona Carmen, com todo respeito, a senhora não entende a complexidade. Entendo perfeitamente. Ela o interrompeu com autoridade. Entendo que você está com medo. A observação simples atingiu Gustavo como um raio.
Ele parou de caminhar e olhou para a mulher que havia ajudado a criá-lo com medo. com medo de perder o dinheiro, com medo de desapontar as pessoas, com medo de não ser mais o homem poderoso que se acostumou a ser. Dona Carmen se levantou e se aproximou dele, mas principalmente com medo de descobrir se o amor da Júlia é suficiente quando tudo o mais desaparecer. Não é sobre isso. É exatamente sobre isso.
Ela colocou uma mão calejada em seu rosto. Menino, eu vi você crescer. Vi quando perdeu seus pais. Vi quando assumiu os negócios, vi quando se tornou esse homem importante, mas nunca te vi tão vivo quanto nas últimas semanas com Júlia. Gustavo sentiu emoção apertando sua garganta. Mas se eu perder tudo? O que é tudo? Dona Carmen perguntou.
Dinheiro, empresas ou uma mulher que te ama pelo que você é, não pelo que você possui? A pergunta ecoou pelo escritório. Gustavo se sentou pesadamente em sua cadeira. É mais complicado que isso. É. Dona Carmen arqueou uma sobrancelha. Ou você está complicando porque tem medo de que seja simples demais. Ela se dirigiu para a porta, mas parou antes de sair.
Seu avô era um homem simples. Começou esta fazenda do nada, com apenas suas mãos e determinação. E sabe o que ele sempre dizia? Que as únicas riquezas que realmente importam são aquelas que você ainda tem quando tudo mais vai embora. Com isso, ela saiu, deixando Gustavo sozinho com seus pensamentos tumultuados.
As horas passaram lentamente. Gustavo tentou trabalhar, tentou encontrar soluções, tentou calcular cenários alternativos, mas sempre voltava à mesma questão fundamental, o que realmente importava para ele. Por volta da meia-noite, ele não aguentou mais. Saiu da casa e caminhou em direção à casa da família Costa.
As janelas estavam escuras. Mas ele podia ver uma luz fraca no quarto que sabia ser de Júlia. Ele ficou parado do lado de fora, olhando para aquela luz, desejando ter coragem de bater na porta. Mas as palavras que havia dito mais cedo ecoavam em sua mente.
Ele havia magoado Júlia, havia plantado dúvidas sobre a sinceridade de seus sentimentos. No quarto, Júlia também não conseguia dormir. Ela estava sentada na janela, olhando para os campos banhados pela lua, quando viu uma figura familiar parada do lado de fora de sua casa. Por um momento, seu coração se acelerou. Gustavo havia vindo até ela. Talvez quisesse se desculpar. Talvez quisesse lutar pelo que tinham juntos.
Mas então ela o viu apenas ficar parado ali, hesitando, e eventualmente dar meia volta. e caminhar de volta para a casa sede. As lágrimas que Júlia havia segurado durante todo o dia finalmente vieram. Não eram lágrimas de raiva ou frustração, mas de pura tristeza. Ela havia aberto seu coração completamente para um homem que, no final conseguia fazer a mesma coisa por ela.
Na casa sede, Gustavo se sentou em sua cama, segurando uma fotografia que sempre carregava consigo. Seus pais em sua lua de mel, sorridentes e claramente apaixonados. Seu pai havia deixado os negócios da família para trás por dois meses para viajar pelo mundo com sua nova esposa. “O que vocês fariam?”, ele sussurrou para a fotografia.
Como vocês sabiam que valia a pena correr o risco? Mas as únicas respostas que recebia eram de sua própria consciência e ela estava cantando a mesma música que dona Carmen havia cantado. Às vezes, as coisas mais valiosas da vida não podem ser calculadas em planilhas ou protegidas por contratos. Faltavam 8 horas para o ultimato de Mitchell e Gustavo Santana ainda não sabia qual escolha faria.
Mas uma coisa estava ficando clara. Qualquer que fosse sua decisão, mudaria sua vida para sempre. E do outro lado da fazenda, Júlia Costa chegava a mesma conclusão sobre sua própria vida. Às 5 da manhã, Júlia desistiu de tentar dormir. Ela se vestiu silenciosamente e saiu de casa para fazer sua ronda matinal, precisando da rotina familiar para acalmar seus nervos.
O ar estava fresco e o orvalho cobria a grama como diamantes sob a luz pálida da madrugada. Ela estava verificando os bezerros quando ouviu passos na grama molhada. Seu coração se acelerou, pensando que poderia ser Gustavo, mas quando se virou encontrou o Dr. Henrique Almeida, o veterinário principal da fazenda.
Júlia, o que está fazendo aqui tão cedo? Ele perguntou surpreso ao encontrá-la. Não conseguia dormir. Ela respondeu honestamente. E você? Recebi uma ligação de emergência da fazenda Santa Rita. Parto complicado. Dr. Henrique a estudou com olhos experientes. Você parece que passou a noite em claro. Quer conversar? Júlia hesitou. Dr. Henrique era como um tio para ela, um homem sábio que havia sido mentor durante seus estudos.
Talvez uma perspectiva externa pudesse ajudar. É complicado”, ela disse finalmente. “As melhores coisas da vida geralmente são.” Ele se apoiou na cerca do curral. “Tem a ver com o patrão?” Júlia assentiu, incapaz de confiar na voz. Sabe, Júlia, eu trabalho nesta fazenda há 15 anos.
Vi Gustavo crescer de um jovem arrogante para o homem que ele é hoje. E nas últimas semanas vi uma mudança nele que jamais pensei que fosse possível. Que tipo de mudança? Ele descobriu o que significa estar em paz. Dr. Henrique sorriu gentilmente. Nos primeiros anos, quando visitava a fazenda, estava sempre tenso, sempre calculando, sempre pensando no próximo negócio.
Mais recentemente estava relaxado, genuinamente feliz. E agora, agora está enfrentando a escolha mais difícil de sua vida. Dr. Henrique colocou uma mão paternal no ombro dela. Mas, Júlia, lembre-se, às vezes as pessoas precisam quase perder algo para perceber seu verdadeiro valor.
Enquanto isso, Gustavo havia desistido de qualquer pretensão de dormir. Ele estava no escritório desde às 3 da manhã, cercado por papéis e documentos legais, tentando encontrar uma saída que não existia. A mesa estava coberta com contratos que delineavam exatamente como ele perderia controle de suas empresas se recusasse as demandas dos investidores.
Os números eram brutais. De um patrimônio líquido de 2.8 bilhões de dólares, ele ficaria com aproximadamente 140 milhões. Ainda uma fortuna para padrões normais, mas uma fração minúscula do que possuía. Às 6 da manhã, seu telefone tocou. Era Marcos Mitchell. Gustavo. A voz era fria e profissional.
Espero que tenha passado uma noite produtiva refletindo. Mitchel. Gustavo respondeu sec. Estamos chegando à fazenda em duas horas para sua resposta final. Espero que tenha tomado a decisão sensata. E qual seria essa decisão na sua opinião? Você sabe exatamente qual é. Mitel pausou. Gustavo, você é um homem inteligente, construiu um império. Não jogue tudo fora por causa de uma paixão temporária.
E se não for temporária, então você é mais tolo do que imaginei. A linha ficou silenciosa por um momento. 8 da manhã, Gustavo. Não se atrase. A ligação terminou, deixando Gustavo sozinho com o peso da decisão iminente. Ele se levantou e caminhou até a janela, observando os campos dourados que se estendiam até o horizonte.
Era um império diferente do que construíra em São Paulo, um império de terra, tradição e relacionamentos genuínos. Seus olhos se fixaram na casa da família Costa, onde uma luz havia acabado de se acender na cozinha. Maria estava provavelmente preparando o café da manhã para a família.
Era um ritual simples, mas havia algo profundamente reconfortante nessa regularidade, nessa estabilidade emocional que o dinheiro nunca havia conseguido comprar. Às 7 da manhã, Júlia terminou suas rondas matinais e voltou para casa. Encontrou seus pais na cozinha, tomando café em silêncio. A tensão na casa era palpável. “Bom dia”, ela murmurou, servindo-se de café.
Bom dia, filha. Maria respondeu suavemente. Como estão os animais? Todos bem. Júlia se sentou à mesa, mas não tocou na comida que sua mãe havia preparado. Joaquim dobrou o jornal que estava lendo e olhou para a filha. Júlia, preciso te pedir desculpas pelo que disse ontem. Ela levantou os olhos surpresa. Estava tentando protegê-la, mas talvez tenha sido precipitado demais.
Joaquim suspirou. Um pai às vezes vê perigos onde talvez não existam. Pai, deixe-me terminar. Ele estendeu a mão e cobriu a dela. Você é uma mulher forte, inteligente e capaz. Se escolheu amar Gustavo, deve ter suas razões. E se ele escolher você, também terás dele. E se ele não escolher? Então é um idiota. Joaquim disse simplesmente, arrancando um sorriso fraco de Júlia.
Mas até os idiotas às vezes recuperam o juízo. Às 7:45, Gustavo ouviu o som de motor e se aproximando. Pela janela viu os três carros pretos subindo à estrada novamente. Seu coração começou a acelerar, mas não de medo, de uma determinação cristalina que havia se formado em algum momento da noite. Ele desceu para encontrá-los na varanda, mas desta vez não estava vestindo terno.
Em vez disso, usava jeans, camisa simples e botas de couro, a roupa de um fazendeiro, não de um magnata. Mitchell notou a mudança imediatamente e um sorriso frio se formou em seus lábios. “Gustavo,” ele disse, subindo os degraus. “Espero que tenha boas notícias para nós.” “Tenho notícias.” Gustavo respondeu calmamente. “Não sei se vocês vão considerá-las boas.
” Os seis homens se posicionaram em semicírculo na varanda. como juízes aguardando um veredicto. “Bem”, Mitel perguntou impaciente. Gustavo respirou fundo, olhando cada um deles nos olhos. A resposta é não. O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Mitel o piscou várias vezes como se não tivesse ouvido direito. Não, não vou terminar meu relacionamento com Júlia.
Gustavo disse claramente: “Não vou voltar para São Paulo e não vou aceitar ser chantageado por vocês. Gustavo” e a Mamamoto começou, mas foi interrompido. Não terminei. Gustavo continuou, sua voz ganhando força. Vocês querem meus negócios? Fiquem com eles.
Querem meu dinheiro? Levem, mas não levem minha alma junto. Mitel riu, mas era um riso sem humor. Você percebe o que está fazendo? Está jogando fora bilhões de dólares por uma camponesa. A insulto fez Gustavo dar um passo ameaçador em direção a Mitel. Cuidado com suas palavras. Sua voz estava baixa e perigosa. Júlia Costa vale mais que todos vocês juntos. Você enlouqueceu Peterson murmurou.
Pelo contrário, Gustavo sorriu pela primeira vez em dias. Acho que finalmente recuperei a sanidade. Do estábulo, Júlia observava a cena se desenrolar. Ela não conseguia ouvir as palavras, mas podia ler a linguagem corporal. Viu Gustavo se posicionar de forma desafiadora contra os homens de terno. Viu a tensão crescer entre eles.
Seu coração começou a acelerar. Seria possível que muito bem. Mitchel disse friamente, retirando documentos de sua pasta. Aqui estão os papéis de transferência. Assine e isso acabará rapidamente. Gustavo pegou os documentos e os folhe. Era surreal ver sua vida inteira resumida em páginas legais. “Onde assino?”, Ele perguntou calmamente.
Mit o apontou para as linhas relevantes, claramente satisfeito com a vitória. Gustavo pegou uma caneta, olhou uma última vez para os campos que se estendiam ao redor da fazenda e assinou seu nome. “Pronto”, ele disse, devolvendo os papéis. “Agora saiam da minha propriedade.” “Sua propriedade?” Mitel riu. Você acabou de assinar tudo para nós.
Assinei meus negócios, Gustavo corrigiu. Esta fazenda sempre foi propriedade pessoal da família. Vocês não têm participação aqui. A realização chegou aos investidores como um balde de água fria. Eles haviam conseguido tomar seus negócios, mas Gustavo ainda possuía a coisa mais importante para ele. Isso não acabou. Mitel ameaçou.
Para mim acabou”, Gustavo disse serenamente. “Tenham uma boa viagem de volta para São Paulo.” Enquanto os carros se afastavam, Gustavo sentiu um peso enorme sendo retirado de seus ombros. Ele havia perdido bilhões, mas pela primeira vez em anos sentia-se completamente livre. Agora só restava uma coisa a fazer.
Ele precisava encontrar Júlia e descobrir se ela ainda acreditava no amor deles. Júlia viu os carros pretos partirem. e Gustavo ficar sozinho na varanda. Por um momento, ele permaneceu imóvel, olhando para o horizonte, como se estivesse processando algo monumental. Então, para sua surpresa, ele começou a caminhar em direção ao estábulo. Ela se escondeu atrás de uma baia, o coração disparado.
O que havia acontecido? Qual decisão ele havia tomado? Júlia? A voz dele ecuou no estábulo. Sei que está aqui. Vi você observando. Ela emergiu lentamente de seu esconderijo, mantendo distância. Havia algo diferente em Gustavo, uma leveza em seus ombros que ela não havia visto desde antes da visita de Valentina.
O que aconteceu? Ela perguntou cautelosamente. Eu disse não. Gustavo respondeu simplesmente: “Não. Disse que não ia terminar nosso relacionamento, que não ia voltar para São Paulo, que não ia aceitar ser chantageado. Júlia sentiu suas pernas ficarem fracas. Casi eles tomaram tudo.” Gustavo disse, mas havia um sorriso em seus lábios. Meus negócios, minha fortuna, meu império corporativo, tudo.
Gustavo Júlia se aproximou hesitante. Você perdeu bilhões de dólares por minha causa? Não. Ele balançou a cabeça. Perdi bilhões de dólares para salvar minha alma. As lágrimas começaram a escorrer pelo rosto de Júlia. Mas seu trabalho, sua vida, minha vida é você. Gustavo disse, finalmente se aproximando dela.
Levou uma chantagem para eu perceber, mas minha vida real começou no dia em que você me mostrou que existem coisas mais valiosas que dinheiro. Júlia tentou processar o que estava ouvindo, mas como vamos viver? O que vamos fazer? Vamos descobrir juntos. Gustavo sorriu estendendo as mãos para ela. Ainda tenho esta fazenda. Ainda tenho duas mãos e um coração que finalmente sabe onde pertence.
Você tem certeza?”, Júlia perguntou, ainda hesitante. “Não vai se arrepender quando a realidade da situação chegar?” “A única coisa da qual me arrependo,” Gustavo disse, puxando-a para perto, “É de ter demorado tanto para perceber que você é mais valiosa que todos os tesouros do mundo.
” Ele a beijou então suave, mas intensamente, e Júlia sentiu todas as dúvidas e medos dos últimos dias se dissolvendo. Este não era um beijo de despedida ou de incerteza. Era um beijo de compromisso total. Quando se separaram, Júlia colocou as mãos no rosto dele. “Eu te amo”, ela sussurrou. “Mas tenho medo. Medo do quê? De não ser suficiente, de que quando a novidade passar, você perceba que abriu mão de muito por muito pouco.
” Gustavo segurou as mãos dela, olhando profundamente em seus olhos. Júlia Costa, você salvou minha vida. literalmente, não minha vida física, mas minha alma. Eu estava morto por dentro, funcionando como uma máquina, acumulando dinheiro e poder, mas sem propósito real. Ele parou, organizando os pensamentos. Você me mostrou como é acordar ansioso para ver alguém.
Me mostrou como é trabalhar com as mãos e sentir satisfação real. Me mostrou como é amar alguém mais que a si mesmo. Sua voz ficou emocionada. Você não é pouco, Júlia. Você é tudo. As lágrimas escorriam livremente pelo rosto dela agora. Mas e se e se? Gustavo a interrompeu gentilmente. Já passei muito tempo calculando riscos e possibilidades.
Agora quero apenas viver com você. Júlia o abraçou com força, escondendo o rosto em seu peito. Ela podia ouvir os batimentos acelerados de seu coração, sentir a solidez de seu corpo, a realidade de sua presença. “O que vamos fazer agora?”, ela murmurou contra sua camisa. “Agora”, Gustavo disse, beijando o topo de sua cabeça. “Vamos transformar esta fazenda no lugar mais próspero e feliz de Minas Gerais.
Vamos criar um negócio baseado em valores reais, em relacionamentos genuínos. Como? Consultoria em sustentabilidade agrícola. Gustavo sorriu. Vou usar tudo que aprendi nos grandes negócios para ajudar pequenos e médios produtores. E você vai ser minha parceira, não apenas na vida, mas nos negócios também.
Júlia se afastou para olhá-lo nos olhos. Parceira. Igual em tudo. Gustavo disse firmemente. Suas ideias sobre bem-estar animal, sustentabilidade, manejo responsável. Isso é o futuro da agricultura. Juntos podemos fazer a diferença real. A visão que ele pintava era tentadora, mas Júlia ainda tinha uma preocupação.
E seus amigos de São Paulo, sua família social, eles vão aceitar isso? Os que importam vão aceitar. Gustavo deu de ombros. Os que não aceitarem? Bem, talvez nunca tenham sido verdadeiros amigos. E Valentina, o nome da ex-noiva trouxe uma sombra momentânea ao rosto de Gustavo. Valentina fez sua escolha quando escolheu poder em vez de amor. Agora eu fiz a minha. Ele tocou o rosto de Júlia gentilmente.
E minha escolha é você. Sempre será você. Nesse momento, eles ouviram vozes se aproximando. Joaquim e Maria apareceram na entrada do estábulo, seguidos por dona Carmen e vários funcionários da fazenda. É verdade? Joaquim perguntou diretamente, “Você realmente mandou os homens de terno embora?” “É verdade.
” Gustavo confirmou, mantendo o braço ao redor de Júlia. “E perdeu seus negócios por isso, Maria?” Perguntou preocupação evidente em sua voz. “Perdi alguns negócios”, Gustavo corrigiu, “mas ganhei uma vida real.” Dona Carmen se aproximou e estudou ambos cuidadosamente. “E agora?”, ela perguntou com sua franqueza característica.
Agora, Gustavo olhou para Júlia, depois para as pessoas que haviam se tornado sua verdadeira família. Vamos construir algo novo, algo baseado em valores reais. Juntos? Joaquim perguntou, olhando especificamente para sua filha. Juntos. Júlia confirmou, entrelaçando seus dedos com os de Gustavo. O sorriso que se espalhou pelo rosto de Joaquim foi radiante. Ele se aproximou e estendeu a mão para Gustavo.
“Bem-vindo à família”, ele disse simplesmente. Gustavo apertou a mão do homem que havia se tornado mais que um funcionário. Havia se tornado um pai de coração. “Obrigado por me aceitar. Você salvou minha filha de uma vida comum.” Joaquim sorriu. E ela salvou você de uma vida vazia. Parece um acordo justo.
Enquanto o grupo celebrava ao redor deles, Gustavo e Júlia trocaram olhares cheios de promessas. Eles haviam passado pelo fogo e emergido mais fortes. Haviam enfrentado pressões que poderiam ter destruído qualquer relacionamento, mas em vez disso, haviam descoberto que seu amor era mais forte que qualquer força externa.
Mas ainda havia uma conversa importante que precisavam ter, uma conversa sobre o futuro, sobre casamento, sobre os filhos que talvez quisessem ter, sobre os sonhos que agora poderiam compartilhar. E enquanto caminhavam de mãos dadas em direção ao campo de giraçóis, onde tudo havia começado, nenhum dos dois imaginava que, em menos de 24 horas uma surpresa final aguardava que testaria mais uma vez a força de seu amor.
uma surpresa que viria na forma de uma ligação telefônica que mudaria tudo mais uma vez. Seis meses depois, o sol nascia sobre a fazenda São Rafael, pintando o céu com tons de ouro e rosa. Júlia acordou nos braços de Gustavo, como havia feito todas as manhãs desde que se casaram três meses atrás em uma cerimônia simples na capela rural, cercados apenas por família e amigos verdadeiros.
O casamento havia sido exatamente como Júlia sempre sonhara, não grandiose ou extravagante, mas repleto de amor genuíno. Ela usara o vestido de noiva da mãe, uma criação simples, mas elegante, e Gustavo havia chorado quando a viu caminhando pelo corredor da pequena igreja. “Bom dia, senhora Santana.” Gustavo murmurou contra seus cabelos, beijando delicadamente sua têmpora. Bom dia, Sr. Santana.
Júlia respondeu, virando-se em seus braços para encará-lo. Mesmo após todos esses meses, seu coração ainda se acelerava cada manhã ao despertar ao lado dele. “Como estão se sentindo hoje?”, ele perguntou, colocando a mão gentilmente sobre o ventre, ainda pequeno dela. Bem. Júlia sorriu cobrindo a mão dele com a sua. Acho que nosso bebê gosta das manhãs tranquilas tanto quanto nós.
A descoberta da gravidez, duas semanas após o casamento, havia sido uma surpresa maravilhosa. Eles haviam planejado esperar um pouco mais, mas a vida tinha seus próprios planos. E quando Júlia viu os dois risquinhos no teste de gravidez, soube imediatamente que não poderia estar mais feliz. Tenho uma reunião importante hoje”, Gustavo disse, se levantando e estendendo a mão para ajudá-la com os produtores de café da região. “Não.” Gustavo sorriu misteriosamente. “Esta é especial.
Você vai descobrir na hora certa.” Júlia arqueou uma sobrancelha curiosa, mas conhecia aquele olhar. Gustavo estava planejando algo e ela havia aprendido a confiar em suas surpresas. Eles se vestiram e desceram para o café da manhã. A casa sede havia passado por reformas nos últimos meses, não para torná-la mais luxuosa, mas para torná-la mais acolhedora.
Gustavo havia convertido um dos quartos em escritório para a empresa de consultoria, que haviam fundado juntos, e outro em um espaço de trabalho veterinário para Júlia. A empresa Terra em Coração, consultoria em Agricultura Sustentável, havia crescido além de suas expectativas mais otimistas.
Combinando a expertise em negócios de Gustavo com o conhecimento técnico e a paixão pela terra de Júlia, eles estavam ajudando dezenas de pequenos e médios produtores a implementar práticas mais sustentáveis e lucrativas. Bom dia, meninos. Dona Carmen os cumprimentou na cozinha preparando o café da manhã, como sempre fazia. Ela havia se recusado categoricamente a se aposentar, alegando que família não abandona família.
Bom dia, dona Carmen. Júlia a beijou na bochecha. Como estão as galinhas novas? Botando ovos como rainhas. A governanta riu. E Esperança está com ciúmes da atenção que você está dando para elas. Júlia riu. A pequena égua que nascera no dia de sua declaração de amor havia se tornado seu animal favorito, seguindo-a pelos campos como um cachorro grande.
Vou visitá-la depois do café. Enquanto comiam, Gustavo observava Júlia discretamente. Nos últimos meses, ela havia florescido de uma forma que o deixava sem fôlego. A confiança que havia ganhado como empresária, combinada com o brilho da gravidez, a tornava mais radiante a cada dia. “Em que está pensando?”, Júlia perguntou, notando seu olhar.
“Em como sou sortudo, Gustavo respondeu honestamente. Em como minha vida era vazia antes de você.” Não era vazia. Júlia corrigiu gentilmente. Era apenas incompleta. Era uma distinção que ela sempre fazia. Júlia nunca desvalorizava o que Gustavo havia construído antes dela, mas sempre o lembrava de que agora eles estavam construindo algo ainda melhor juntos.
Às 9 da manhã, um carro familiar subiu à estrada da fazenda. Júlia reconheceu imediatamente o veículo oficial da prefeitura de Pouso Alegre. O que o prefeito está fazendo aqui? Ela perguntou confusa. Você vai descobrir. Gustavo sorriu se levantando. Vamos recebê-lo.
Do carro desceram não apenas o prefeito Antônio Silva, mas também o secretário de agricultura do estado e duas outras pessoas que Júlia não reconheceu imediatamente. Gustavo, Júlia. O prefeito os cumprimentou calorosamente. Que alegria vê-los, prefeito Silva. Gustavo apertou sua mão. Obrigado por vir. Não perderia essa oportunidade por nada. O prefeito se virou para Júlia.
Doutora Júlia, é uma honra conhecê-la pessoalmente, finalmente. Júlia olhou confusa entre Gustavo e o prefeito. Desculpe, mas não entendo. Permita-me explicar. O secretário de agricultura se adiantou. Dout. Júlia, sua empresa recebeu uma proposta muito especial. Que proposta? Gustavo tomou sua mão e a guiou para mais perto.
O estado de Minas Gerais quer contratar nossa consultoria para desenvolver um programa piloto de agricultura sustentável, ele explicou, seus olhos brilhando de orgulho. Um programa que seria implementado em 50 propriedades rurais da região, servindo como modelo para todo o país. Júlia sentiu suas pernas ficarem fracas. 50 propriedades. Para começar, o secretário sorriu.
Se o programa for bem-sucedido, expandiremos para 500, depois para 5.000. Estamos falando de transformar completamente a agricultura mineira. Mas mas eu sou apenas uma veterinária recém formada. Você é muito mais que isso. Uma das pessoas que Júlia não havia reconhecido se aproximou. Era uma mulher elegante de meia idade. Sou a Dra. Regina Santos da Universidade Federal de Viçosa.
Acompanhei seu trabalho através dos relatórios que o Gustavo nos enviou. Suas inovações em bem-estar animal e sustentabilidade são revolucionárias. Júlia olhou para Gustavo atônita. Você enviou relatórios sobre meu trabalho? Enviei. Gustavo confirmou. Cada técnica nova que você desenvolvia, cada solução criativa que encontrava, cada resultado positivo que obtínhamos, o mundo precisa conhecer seu talento.
E agora no prefeito se juntou à conversa. Queremos que você lidere o maior projeto de agricultura sustentável da história de Minas Gerais. Júlia sentiu lágrimas picando seus olhos. Um ano atrás, ela era apenas uma estudante de veterinária fazendo estágio na fazenda da família. Agora estava sendo convidada para liderar um projeto que poderia impactar milhares de vidas.
Eu eu não sei o que dizer. Diga sim. Gustavo sussurrou ao seu ouvido. Diga sim para mudar o mundo. Mas o bebê, nossa família, o projeto será baseado aqui. A Dra. Regina esclareceu. A Fazenda São Rafael se tornará o centro de pesquisa e treinamento. Você não precisará se mudar ou viajar excessivamente.
Júlia olhou ao redor para os campos dourados que haviam se tornado seu lar, para as pessoas que haviam se tornado sua família, para o homem que havia escolhido o amor em vez do poder. “Sim”, ela disse suavemente, depois mais forte. Sim, aceito. Os aplausos eclodiram e Gustavo a ergueu nos braços, girando-a sob o sol da manhã.
Estou tão orgulhoso de você, ele murmurou quando a colocou de volta no chão. Nós fizemos isso juntos, Júlia corrigiu. Tudo que somos agora construímos juntos. As próximas horas foram um turbilhão de reuniões, contratos e planejamento. Quando finalmente ficaram sozinhos no final da tarde, Júlia e Gustavo caminharam até o campo de giraçóis, onde tudo havia começado.
“Consegue acreditar?”, Júlia? Perguntou, ainda processando tudo. “Em menos de um ano, passamos de um encontro casual para isso?” “Não foi casual”, Gustavo disse, parando no meio das flores douradas. Foi destino. “Você acredita em destino?” Agora acredito. Ele se virou para encará-la. Acredito que eu precisava perder tudo para encontrar o que realmente importava.
Acredito que você apareceu na minha vida exatamente quando eu mais precisava. E acredito que nosso amor foi forte o suficiente para sobreviver a qualquer teste. Júlia tocou gentilmente o rosto dele. E agora? Agora temos o resto de nossas vidas para provar que as melhores coisas realmente valem a pena lutar.
Gustavo a beijou suavemente para criar uma família, construir um legado, fazer a diferença no mundo. Juntos, sempre juntos. Enquanto o sol se punha sobre as terras douradas de Minas Gerais, Gustavo e Júlia permaneceram abraçados no campo de giraçóis, cercados por símbolos de esperança e renovação.
Eles haviam descoberto que o amor verdadeiro não é apenas sobre sentimentos, é sobre escolhas, sacrifícios e o compromisso de construir algo maior que a soma de suas partes individuais. A vida que construíam agora era simples em sua essência, mas rica em propósito. Não era medida em dólares ou posses, mas em impacto, relacionamentos e na alegria de acordar cada dia, sabendo que estavam exatamente onde estar.
“Você sabe qual foi a melhor parte de tudo isso?”, Júlia perguntou, observando as estrelas começarem a aparecer no céu. “Qual descobrir? que às vezes você tem que perder tudo para ganhar o que realmente importa. Gustavo sorriu beijando sua testa, onde a vida que haviam criado juntos crescia. e descobrir que o amor verdadeiro não nos completa, nos multiplica.
Enquanto caminhavam de volta para casa, mãos entrelaçadas e corações unidos, eles sabiam que haviam encontrado algo raro e precioso, não apenas o amor, mas um propósito compartilhado, uma visão comum do futuro e a certeza absoluta de que acontecesse o que acontecesse, enfrentariam tudo juntos.
A fazenda ao redor deles sussurrava histórias de gerações passadas e prometia abrigar as gerações futuras. E no centro de tudo, dois corações que haviam encontrado seu lar um no outro, prontos para escrever um novo capítulo na longa história das terras douradas de Minas Gerais. O amor havia vencido.