O bilionário sussurrou no altar: “Nada será cancelado”, ela congelou. “Já imaginou acordar um dia e descobrir que sua vida inteira foi uma mentira cuidadosamente construída, que cada escolha que você pensou ter feito estava sendo manipulada por alguém nas sombras? Essa é a história de Cristiane, uma professora comum que aceitou um casamento de conveniência e descobriu que havia assinado um contrato completamente diferente. De onde você está assistindo essa história? Comenta aí sua cidade. E se você curte histórias
de reviravolta e emoção, se inscreve no canal e deixa aquele like para fortalecer. Agora, prepare-se para uma jornada onde amor e traição se misturam de formas que você nunca imaginou. O ventilador de teto chiava no pequeno apartamento da zona leste de São Paulo, girando lentamente, como se também estivesse exausto pelo calor de março.
Cristiane Almeida ajustou os óculos de leitura e olhou mais uma vez para a pilha de contas vermelhas espalhadas sobre a mesa da cozinha, aluguel atrasado, conta de luz, água, fiz e a mais pesada de todas. O tratamento de artrite da mãe que o SUS não cobria adequadamente. 28 anos. Professora de literatura em uma escola pública na periferia e afundada em dívidas que pareciam crescer como ervas daninhas depois da chuva, Cristiane passou a mão pelo cabelo castanho bagunçado e suspirou fundo.
Como tinha chegado ali? A resposta era simples e cruel, tentando fazer a coisa certa. Estudara com bolsa parcial, pegara empréstimos estudantis e, quando finalmente se formou, descobriu que o salário de professora mal cobria o básico. Sua mãe, dona Marta, tinha orgulho da filha educadora. “Você está mudando vidas, Cris”, dizia sempre.
Mas naquele momento, olhando para os números vermelhos, Cristiane se perguntava se estava mesmo mudando alguma vida ou apenas afundando lentamente. O celular vibrou na mesa, número desconhecido. Cristiane quase ignorou, provavelmente mais um cobrador, mas algo a fez atender. Alô, senorita Almeida. Meu nome é Márcia Santos. Represento o Sr. Alberto Rodrigues do Grupo Rodrigues.
A voz era profissional, cortante, direta. Gostaria de marcar uma reunião com a senhora amanhã, se possível. É sobre uma proposta de trabalho. Cristiane franziu a testa. Grupo Rodrigues, um dos maiores conglomerados empresariais do Brasil. Aquilo tinha que ser trote. Desculpe, acho que ligou para a pessoa errada. Sou professora de literatura.
Escola estadual Professor Antônio Candido, 28 anos, formada pela USP com laureas acadêmicas. A mulher pausou. Não liguei para a pessoa errada. Senrita Almeida, o Senr. Rodrigue tem uma proposta que pode resolver seus problemas financeiros atuais. O sangue de Cristiane congelou. Como aquela mulher sabia sobre suas dívidas? Quem é você? Como tem essas informações sobre mim? Como disse, represento o Sr. Rodrigues. Ele a conheceu na Bienal do livro de São Paulo se meses atrás.
A senhora estava apresentando um projeto de leitura para crianças carentes. Ele ficou impressionado. Cristiane tentou se lembrar. A Bienal. Ela tinha ido representar a escola, conseguir alguns minutos em um painel de educação pública. Havia tanta gente, tantos rostos. Um homem de terno caro não conseguia resgatar a memória. Olha, eu não sei o que vocês querem, mas R$ 1.500.000.
O silêncio que se seguiu foi absoluto. Até o ventilador pareceu parar de chiar. O quê? Cristiane sussurrou. É o que oferecemos. Em troca de um ano do seu tempo. Os detalhes serão explicados pessoalmente. Café colonial no Jardim Europa. Amanhã 15 horas. Todos os custos pagos, incluindo transporte. Um motorista a buscará. Espera. Eu não.
Boa noite, Senrita Almeida. Até amanhã. A ligação se encerrou. Cristiane ficou parada. O telefone na mão, o coração batendo descompassado, 1 milhão e meio de reais. Era absurdo, era perigoso, era impossível. Era exatamente o que ela precisava. Naquela noite, Cristiane não conseguiu dormir. Revirou-se na cama, imaginando mil cenários.
tráfico de órgãos, prostituição, algum esquema ilegal, mas a voz da mulher tinha sido tão profissional, tão corporativa, e havia mencionado a Bienal, um evento público com seu nome completo e qualificações. Não parecia o modus operande de criminosos. Às 6 da manhã, desistiu de dormir, levantou, fez café e digitou no Google Alberto Rodrigues, Grupo Rodrigues.
As imagens que apareceram a fizeram engasgar com o café. Alberto Rodrigues, 35 anos, herdeiro de um império empresarial que incluia construção, tecnologia e investimentos. Formado em Harvard, cotado pela Forbes como um dos empresários mais influentes do Brasil e pelos padrões de qualquer pessoa com olhos funcionais, absurdamente bonito.
Cabelos negros impecáveis, olhos penetrantes, mandíbula esculpida, sempre internos, que provavelmente custavam mais que o carro de Cristiane. Se ela tivesse um carro, o que um homem como aquele queria com uma professora endividada da zona leste? Às 15 horas do dia seguinte, Cristiane estava em frente ao café colonial, um estabelecimento elegante no Jardim Europa, onde ela tinha certeza uma xícara de café custava mais que sua conta de luz.
O motorista que a buscara tinha sido silencioso, mas gentil, dirigindo um Mercedes que cheirava a couro novo e dinheiro. Ela usava seu melhor vestido, que ainda parecia barato, perto da elegância ao redor e segurava a bolsa como se fosse uma boia salvavidas. Respirou fundo e empurrou a porta. A mulher que a esperava era exatamente como Cristiane imaginou pela voz.
40 e poucos anos, cabelos presos em coque impecável, taur cinza. expressão que não revelava emoção alguma. Márcia Santos se levantou e estendeu a mão. Senrita Almeida, obrigada por vir. Não sei se tive muita escolha depois de ontem. Cristiane respondeu apertando a mão. A mulher tinha um aperto de mão firme, quase masculino. Por favor, sente-se. O Senr. Rodriguees chegará em alguns minutos.
Gostaria de algo para beber? Água, por favor. A boca de Cristiane estava seca. Márcia fez um gesto discreto e um garçom apareceu instantaneamente com água mineral em uma garrafa de vidro cara. Cristiane bebeu, tentando acalmar os nervos. Vou ser direta, senhorita Almeida.
Márcia começou cruzando as mãos sobre a mesa. O Senr. Rodriguees precisa de uma esposa temporariamente por razões legais relacionadas a uma herança. Você foi selecionada como candidata ideal. Cristiane quase cuspiu a água. Esposa, vocês estão loucos? Eu não. Seria um casamento contratual. Um ano.
Você viveria na mansão da família, compareceria a eventos sociais necessários, mas teria sua própria suí, sua privacidade. Após um ano divórcio amigável e o pagamento acordado. Márcia deslizou uma pasta pela mesa. Este é o contrato preliminar. Sugiro que leia com atenção. Isso é insano. Cristiane sussurrou, mas suas mãos já estavam abrindo a pasta.
Os números saltaram da página. R$ 1.500.000. Todas as dívidas pagas imediatamente. Tratamento particulare. Um salário mensal durante o período. Que uma cláusula de confidencialidade que puniria qualquer revelação com multas astronômicas. Por que eu? Cristiane perguntou à mãos tremendo.
Por que não qualquer modelo ou atriz? Alguém do mundo dele? Porque você é real. Uma voz grave respondeu atrás dela. Cristiane se virou e sentiu o ar escapar dos pulmões. Alberto Rodrigues estava ali mais imponente pessoalmente do que em qualquer foto. O terno azul marinho provavelmente custava mais que se meses de seu salário.
Mas foram os olhos que aprenderam cinzentos e intensos, analisando-a como se pudesse ler alma. Ele se sentou na cadeira ao lado de Márcia com a elegância casual de quem nasceu em berço de ouro. “Você não fingia na Bienal.” Alberto continuou. Quando falava das crianças, dos livros, da educação, era genuíno, paixão real. E é exatamente isso que preciso.
Alguém que os advogados da família não possam questionar, alguém sem conexões com o meu mundo corporativo. Alguém? Ele pausou. Incorruptível. Então, por que me corromper com dinheiro? Cristiane retrucou, surpreendendo-se com a própria coragem. Um sorriso mínimo tocou os lábios de Alberto. Touchê. Mas não é corrupção. Se é honesto, você precisa de dinheiro. Eu preciso de uma esposa temporária.
É uma transação de negócios clara, direta. Casamento não é negócio. Esse será. Alberto se inclinou para a frente e Cristiane sentiu o cheiro de uma colônia cara e masculina. Um ano, Cristiane. Posso chamá-la de Cristiane? Um ano e você nunca mais se preocupará com dinheiro. Sua mãe terá o melhor tratamento. Você poderá continuar ensinando, se quiser, ou fazer qualquer outra coisa. Será livre.
Livre? Cristiane riu. Um som amargo. Casada com um estranho por contrato. Isso é o oposto de liberdade. É liberdade financeira. Márcia interveio. E convenhamos, senorita Almeida, você não tem exatamente muitas opções agora. As palavras foram brutais, mas verdadeiras. Cristiane olhou para o contrato, depois para Alberto, depois para suas próprias mãos calejadas de apagar quadros e carregar pilhas de livros didáticos. Preciso pensar.
Tem 48 horas, Alberto disse, levantando-se. Depois disso, a oferta expira. Aqui está meu cartão particular. Qualquer dúvida, ligue. Ele pausou na saída. E Cristiane, eu não sou um monstro. Será tratada com respeito sempre. Então ele saiu, deixando para trás o cheiro de colônia cara e o peso de uma decisão impossível.
Cristiane voltou para casa em transe, 48 horas para decidir seu futuro. Venderia um ano de sua vida? Fingiria ser alguém que não era, entraria no mundo de um bilionário como uma funcionária disfarçada de esposa? Naquela noite, olhando para a mãe dormindo no sofá, porque a artrite não a deixava subir para o quarto, Cristiane soube sua resposta.
ligou para o número no cartão. Aceito. A decisão estava tomada. O que Cristiane não sabia era que havia acabado de cair na teia mais complexa de sua vida e o contrato que assinaria era completamente diferente do que tinha lido. Três semanas. Foi o tempo que Alberto deu para Cristiane se preparar para o casamento.
Três semanas de reuniões com Márcia, de escolher vestidos que custavam mais que seu antigo salário anual, de aprender etiqueta social que fazia sua cabeça rodar, como segurar taça de vinho, como cumprimentar pessoas importantes, como sorrir sem parecer falso. Pense nisso como teatro, Márcia dizia enquanto a ajudava a praticar postura. Você está interpretando um papel, a esposa dedicada de um herdeiro bilionário.
E se eu esquecer minhas falas? Cristiane tinha perguntado meio brincando, meio séria. Então improvise, mas nunca, nunca quebre o personagem em público. O apartamento na zona leste estava vazio agora. Cristiane tinha transferido a mãe para um condomínio novo perto de uma clínica particular, onde o tratamento já havia começado. Dona Marta chorou de alegria quando soube não do casamento.
Cristiane inventara uma história sobre um programa governamental. A mentira pesou, mas a felicidade da mãe compensou. As dívidas saudadas todas. Cristiane ainda lembrava da sensação de ver zeros em vez de números vermelhos. Mas enquanto o dia do casamento se aproximava, uma ansiedade crescente a consumia. Estava fazendo a coisa certa, vendendo-se por dinheiro.
Que tipo de pessoa isso a tornava? Uma pessoa sobrevivente, sussurrou para si mesma no espelho na manhã do casamento. A cerimônia seria nos jardins da mansão Rodrigues, no Jardim Europa. Cristiane tinha visto fotos, mas nada a preparou para a grandiosidade ao vivo.
Colunas gregas, fontes, rosezeiras que pareciam ter sido importadas do Éden. E no centro de tudo, um altar improvisado sob um pergolado coberto de flores brancas. Estava acontecendo de verdade. Márcia a ajudou a vestir o trage de noiva, um vestido elegante, de renda francesa, simples, mas sofisticado, que realçava sua figura sem exageros. “Perfeito”, Márcia murmurou, ajustando o véu.
“Você parece exatamente o que precisa parecer, elegante, refinada, mas ainda você. Não sei se isso é um elogio.” “É”. Márcia segurou seus ombros. Cristiane, escute, eu sei que isso tudo parece absurdo, mas o Senr. Rodrigues, ele não é ruim, duro, sim, criado em um mundo brutal de negócios, mas há descência nele. Você verá se você diz.
Cristiane respirou fundo. Vamos fazer isso antes que eu mude a marcha nupscial começou. Cristiane caminhou sozinha pelo tapete vermelho. Não tinha pai vivo e recusara a oferta de Alberto de contratar alguém para fazer o papel. 50 convidados da Alta Sociedade Paulistana a observavam com curiosidade mal disfarçada.
Quem era aquela desconhecida que havia capturado Alberto Rodrigue? E lá estava ele no altar, devastador em smoking preto, uma rosa branca na lapela? O coração de Cristiane acelerou. Era apenas teatro, lembrou a si mesma. Apenas um papel, um ano de fingimento. Mas quando Alberto estendeu a mão para ela, quando seus olhos se encontraram, algo estranho aconteceu no peito de Cristiane.
Uma faísca, um reconhecimento absurdo, considerando mal o conhecia. O juiz de paz começou a cerimônia. Palavras sobre amor, compromisso, união. Cada frase parecia pesar mais, soar mais irônica, considerando a verdade por trás daquele altar florido.
Se alguém souber de algum impedimento, o juiz disse, fale agora ou cá-se para sempre. Silêncio, apenas o vento nas rosezeiras. Então, Alberto se inclinou, aproximando-se de Cristiane, como se fosse ajustar o véu dela, mas sua voz baixa, apenas para ela, disse algo completamente diferente. Nada será cancelado. Este casamento é real. Cristiane congelou.
O quê? Perdão? Ela sussurrou, o sorriso social ainda no rosto. O contrato foi alterado. Alberto continuou, ainda sorrindo para os convidados como se estivesse dizendo palavras doces. 3 anos, não um, e outras cláusulas adicionais. Foi notificada ontem à noite. Verifique seu e-mail. O mundo de Cristiane balançou. Ontem à noite. Ela estava tão nervosa que nem checara mensagens.
Tr anos, cláusulas adicionais. Aquilo era loucura. Você não pode fazer isso. Ela sibilou, tentando manter a expressão calma. Tínhamos um acordo e agora temos outro. A cerimônia já começou, Cristiane. 50 testemunhas. Se recuar agora, quebrará o contrato original. Nenhum pagamento. Suas dívidas voltam. Sua mãe perde o tratamento. Os olhos dele eram aço.
Mas se continuar, receberá tudo prometido. Apenas por mais tempo. Era uma armadilha. Uma maldita armadilha. Você é um monstro, ela sussurrou. Sou um homem de negócios. Ele respondeu simplesmente. O juiz os olhava esperando. Vamos continuar. Cristiane tinha duas escolhas: explodir ali mesmo na frente de 50 elite paulistana, destruir tudo e voltar para o inferno financeiro, ou engolir a raiva, terminar aquela farça e descobrir depois que diabos estava acontecendo.
Seus olhos encontraram os de Alberto. Havia algo ali. Determinação, desespero, ela não sabia, mas naquele momento entendeu uma coisa. Seja lá o que fosse aquela situação, ia muito além de um simples contrato de casamento de conveniência. “Continue”, ela disse para o juiz, a voz surpreendentemente firme.
As palavras seguiram: votos, promessas que eram mentiras, anéis trocados, o dela, um diamante que provavelmente custava mais que o apartamento onde cresceu. E então o momento final. pode beijar a noiva. Alberto a puxou para perto. Cristiane resistiu o impulso de recuar. Os lábios dele tocaram os dela, suaves, controlados, cálidos. Um beijo para a plateia, mas durou dois segundos a mais que o necessário.
E quando ele se afastou, havia algo em seus olhos que Cristiane não conseguiu decifrar. Aplausos explodiram. Arroz foi jogado. Cristiane sorriu, acenou, interpretou a noiva feliz, enquanto por dentro uma tempestade furiosa crescia. Alberto manteve a mão firme em sua cintura, guiando-a pelo corredor de convidados, sussurrando para ela: “Conversaremos depois. Eu prometo que vai entender.
A única coisa que entendo, ela respondeu entre dentes, sorrindo para uma senhora de diamantes. É que acabei de me casar com um mentiroso. Bem-vinda à alta sociedade, ele murmurou. Aqui todo mundo mente.
A recepção foi um borrão de canapés caros, champanhe que custava mais que carro popular e conversas onde Cristiane tinha que fingir entender referências a Iates, viagens para Alpes suíços e investimentos no mercado asiático. Márcia apareceu ao seu lado várias vezes, sussurrando nomes de convidados importantes, pequenas biografias, alertas sobre quem evitar. Aquela é Patrícia Tavares. Márcia indicou discretamente uma mulher loira de uns 40 anos, elegante, mas com olhos duros. Família rival dos Rodrigues.
Não sei porque foi convidada, mas cuidado. Ela está observando você como Falcão. Cristiane acenou educadamente para a mulher. Patrícia não retribuiu, apenas estudou-a com interesse clínico, como entomologista, observando inseto novo. Quando finalmente a recepção terminou, quando o último convidado saiu, Cristiane arrancou os sapatos de salto que torturavam seus pés e encarou Alberto na sala de estar vazia da mansão. Explique agora.
Alberto afrouchou a gravata, de repente parecendo cansado. Humano, vou te contar tudo, mas primeiro precisa conhecer alguém. Quem? Meu avô. Cristiane acabara de descobrir que o casamento de fachada tinha se tornado uma prisão de três anos, mas os segredos mais sombrios ainda estavam por vir, escondidos na história de uma família que descobriria estava em guerra há décadas.
João Rodrigues tinha 78 anos e presença que preenchia qualquer ambiente, alto de cabelos brancos impecáveis, ternos de alfaiataria inglesa e olhos que tinham visto gerações de negócios, traições e vitórias. Quando Cristiane entrou no escritório dele no segundo andar da mansão, sentiu-se como estudante chamada à sala do diretor.
“Sente-se, menina”, João disse não, indelicadamente. Sua voz era rouca, mas firme. “Alberto, sirva o whisky para ela. Vai precisar.” “Não bebo.” Cristiane começou. Mas Alberto já estava estendendo um copo pesado com líquido hoje bebe, ele disse simplesmente. Cristiane tomou um gole e quase cuspiu.
Aquilo queimava como fogo, mas o calor que espalhou pelo peito trouxe estranhamente coragem. Meu neto te trouxe para essa confusão por minha culpa. João começou indo direto ao ponto. Não dele, minha. E vou te contar porquê. Nas próximas duas horas, Cristiane ouviu uma história que parecia saída de novela, rivalidade familiar, traição romântica, guerra corporativa que atravessava gerações.
50 anos atrás, João narrou, seus olhos distantes. Eu era jovem, ambicioso e apaixonado pela mulher errada, Helena Silveira. Ela estava noiva de Antônio Tavares, meu melhor amigo na época. As famílias Rodrigues e Tavares eram aliadas juntas. Dominávamos a construção civil em São Paulo. João pausou tomando um gole de whisky, mas eu a amava e ela me amava.
Então fugimos, casamos em segredo e destruímos duas famílias no processo. “Meu Deus!” Cristiane sussurrou. Antônio nunca perdoou. Helena morreu dando à luz meu filho, o pai de Alberto. E Antônio viu isso como castigo divino. Nossa amizade virou ódio.
As empresas se separaram e desde então, por cinco décadas, as famílias Rodrigues e Tavares têm sido rivais mortais nos negócios. E o que isso tem a ver comigo? Cristiane perguntou, mas começava a entender. Alberto se inclinou para a frente. Meu pai morreu há 3 anos. deixou o testamento complexo. Para eu receber 30% adicionais das ações com direito a voto do grupo Rodrigues, o suficiente para garantir controle majoritário, preciso estar casado e o casamento deve durar no mínimo 3 anos.
Deixe-me adivinhar, Cristiane disse, a peça do quebra-cabeça se encaixando. Os Tavares estão comprando ações através de laranjas. João confirmou discretamente: “Se Alberto não cumprir a cláusula testamentária, essas ações passam para um conselho curador, onde Antônio tem simpatizantes. Seria a aquisição hostil. O grupo Rodrigues cairia nas mãos dos Tavares.
50 anos de trabalho destruídos.” Cristiane deixou o copo na mesa as mãos tremendo. Então eu sou o quê? Uma peça de xadrez para salvar seu império? É mais que isso, Alberto disse rapidamente. Você foi escolhida especificamente porque não tem conexões com esse mundo.
Os advogados dos Tavares vão investigar nosso casamento, procurar qualquer brecha para provar que é fraude. Se eu tivesse me casado com alguém do circuito social, seria fácil alegar que foi arranjado. Mas você, sou tão desconectada desse universo que parece genuíno. Cristiane completou amargamente. A professora pobre que capturou o coração do bilionário.
História de Cinderela para enganar advogados. Não é só isso, Alberto insistiu. Mas Cristiane levantou-se furiosa. Não é? Então o que é? Vocês me sequestraram para essa farsa. Mudaram o contrato às minhas costas, me transformaram em mentira ambulante e esperam que eu apenas sorria e aceite. Esperamos que você entenda.
João disse calmamente que às vezes as guerras que herdamos não são de nossa escolha, mas lutamos nelas mesmo assim. Essa não é minha guerra, tornou-se no momento em que assinou o primeiro contrato. Alberto cruzou os braços. Olhe, entendo sua raiva, mas o que está feito está feito. Agora temos duas opções. Você rompe tudo, volta para sua vida anterior, sem o dinheiro, aliás, porque quebrou o contrato ao se recusar pós cerimônia, ou nos ajuda a terminar o que começamos. Você é inacreditável.
Cristiane Cuspiu um manipulador de primeira. Sou um homem desesperado tentando salvar o legado de sua família. A voz de Alberto era aço agora. E você, gostando ou não, está dentro disso agora. Trs anos, Cristiane. Depois você está livre, mas se abandonar agora, não terá nada, absolutamente nada. O silêncio que seguiu foi tenso.
João os observava como árbitro silencioso de uma luta, onde ambos eram, em certo sentido, vítimas. Cristiane fechou os olhos, pensou na mãe, no tratamento que já começara, nas dívidas saudadas, no pequeno apartamento novo, onde dona Marta finalmente tinha elevador e não subia escadas com artrite dolorosa, em tudo que aquele dinheiro já havia proporcionado.
Três anos, ela disse finalmente a voz fria. Mas tenho condições. Alberto arqueou uma sobrancelha. Condições? Primeira, continuo ensinando. Não vou me tornar dona de casa decorativa, esperando que essa farça termine. Segunda, minha mãe nunca descobre a verdade. Nunca. Terceira, depois dos três anos, quero o dobro do pagamento acordado.
Vocês mudaram as regras, eu mudo o preço. João deu uma risada rouca. Ela tem coragem. Gosto disso. Aceito. Alberto disse sem hesitar. Alguma outra exigência? Só uma. Nunca mais minta para mim sobre nada. Se há mais segredos nessa guerra familiar de vocês, quero saber agora. Alberto e João trocaram olhares. Havia algo ali, algo que ainda não tinham contado.
Tem mais, não tem? Cristiane sentiu o estômago se contrair. Que outros horrores vocês esconderam? Não é horror, Alberto disse lentamente. É precaução. Os Tavares não vão apenas investigar nosso casamento legalmente. Eles vão tentar nos atacar. publicamente, destruir nossa credibilidade, criar escândalos e e você precisa estar preparada para fotos, para mentiras, para seu rosto em tabloides, sendo associado a coisas que nunca fez. Cristiane sentiu náusea.
Vocês vão me transformar em alvo. Nós vamos te proteger. Alberto corrigiu. Márcia é ex-agente de segurança corporativa. A mansão tem sistema de vigilância de última geração. Você terá motorista, segurança pessoal quando necessário. Não deixaremos que nada aconteça contigo. Mas acontecerá algo. Cristiane disse. Não era a pergunta. O silêncio confirmou. Meu Deus.
Ela voltou a sentar de repente exausta. em que me meti?” João se aproximou, colocando uma mão surpreendentemente gentil em seu ombro. “É uma guerra de ricos, menina, a pior espécie, porque ninguém usa armas, mas as feridas dóem mesmo assim.” Ele suspirou. Mas se serve de consolo, Alberto escolheu bem. “Você tem fogo, vai precisar dele.
” Naquela noite, Cristiane foi levada para aquela que seria sua suí pelos próximos três anos. Era maior que seu antigo apartamento inteiro, cama king size, closet do tamanho de um quarto, banheiro com banheira de mármore, luxo que antes via apenas em revistas. Mas quando se deitou naquela cama macia demais, em lençóis que provavelmente custavam mais que seu guarda-roupa inteiro, Cristiane não sentiu conforto.
Sentiu-se como prisioneira em gaiola de ouro, 3 anos, 1095 dias. E então, finalmente, liberdade tinha que aguentar pelo dinheiro, pela mãe, por todas as razões que a tinham trazido até ali. Mas enquanto o sono finalmente chegava, um pensamento perturbador a assombrou. E se trs anos fossem tempo suficiente para ela esquecer quem realmente era, para a gaiola de ouro se tornar a única casa que conhecia? Casada há apenas 12 horas, Cristiane já estava no centro de uma guerra que não compreendia totalmente.
E o primeiro ataque dos Tavares viria mais rápido e mais brutal que qualquer um poderia prever. As primeiras três semanas, como senora Rodrigues, foram surreais. Cristiane acordava em suí de hotel cinco estrelas disfarçada de quarto, tomava café da manhã em terraço com vista para piscina olímpica e então ia dar aula. insistira nisso. Sua única âncora com a realidade. Os alunos estavam confusos.
“Professora, é verdade que a senhora casou com bilionário?”, perguntou Jéssica, de 16 anos, olhos arregalados. Casei com um homem que eu gosto, Christiane respondia. mentira escorregando mais fácil a cada dia. O dinheiro dele não é importante, mas era era terrivelmente importante, porque a cada dia Cristiane entendia mais profundamente o abismo entre seu mundo e o de Alberto.
Jantares em restaurantes onde o vinho custava R$ 1.000 a garrafa, eventos beneficentes onde doações eram anunciadas em milhões, conversas sobre ações, mercados, aquisições, um idioma que ela não falava. E Alberto. Alberto era enigma, cordial, mas distante. Dormiam em quartos separados, como acordado.
Encontravam-se apenas para eventos públicos, onde interpretavam casal apaixonado, com expertise de atores profissionais, mas nos corredores da mansão eram estranhos educados. “Ra isesso ficará mais fácil.” Márcia garantiu uma tarde enquanto ajudava Cristiane a se preparar para jantar beneficente. Vocês estão se adaptando. Será que ficará? Cristiane olhou para o vestido de grife no espelho.
Não se reconhecia quem era aquela mulher de vestido que custava R$ 20.000. Não era a professora da zona leste? Não, mais. Foi então, naquela tarde de terça-feira que tudo desmoronou. Márcia entrou na suí de Cristiane pálida como papel. Temos um problema. Alberto apareceu segundos depois, o rosto uma máscara de fúria controlada. Os Tavares atacaram. Ele jogou um tablet na cama.
A tela mostrava manchete de site de fofoca popular. Casamento fake do bilionário. Mulher de Alberto Rodriguez flagrada com outro homem. E havia foto. Cristiane em café na Vila Madalena, sorrindo para homem moreno. A legenda sugeria encontro romântico secreto apenas dois meses antes do casamento relâmpago. O sangue de Cristiane congelou.
Que diabos? É montagem, Márcia disse rapidamente. Photoshop de nível profissional. Analisamos. Seu rosto foi digitalmente inserido. A mulher original era completamente diferente. Mas quem vai acreditar nisso? Cristiane sussurrou Scrolling pelos comentários.
Havia milhares, metade chamando-a de interesseira, outra metade especulando sobre caso extraconjugal, seu nome, seu rosto, sua vida, expostos, distorcidos, destruídos com alguns cliques. Os advogados dos Tavares, Alberto disse através de dentes cerrados. Vão usar isso para alegar que nosso casamento é fraude, que você é golpista que me enganou, que a pressa foi para esconder este relacionamento anterior. Mas é mentira.
Mentiras bem contadas são mais poderosas que verdade mal explicada. João Rodrigues entrou no quarto apoiado em bengala. Os Tavares são mestres nisso. Como eles conseguiram essa foto? Cristiane perguntou. Como sabiam sobre o café sobre você estava sendo vigiada? Márcia disse suavemente desde antes da proposta.
Investigadores particulares, fotógrafos. Os Tavares tinham suas suspeitas de que Alberto procurava esposa para cumprir o testamento. Quando você apareceu do nada, eles iniciaram investigação completa. Cristiane sentiu náusea subindo. Estão me espionando? Por quanto tempo? Meses, provavelmente. Alberto se aproximou. Olhe.
Sei que é assustador, mas agora sabemos que eles estão dispostos a jogar sujo. Podemos nos preparar. Se preparar para Photoshop, para mentiras na internet? Como alguém se prepara para ter sua vida destruída digitalmente? Ninguém tinha resposta. Naquela noite, Márcia levou Cristiane para lugar que não sabia que existia na mansão.
Um centro de segurança no subsolo cheio de monitores, computadores e tecnologia que parecia saída de filme de espionagem. Bem-vinda à sala de operações, Márcia disse sem humor. É daqui que monitoramos ameaças. Ameaças? Cristiane olhou para as telas. Uma mostrava a entrada da mansão, outra o portão principal. Havia pelo menos 12 ângulos diferentes.
Os Rodrigues têm inimigos além dos Tavares”, Márcia explicou. “Concorrentes, antigos parceiros de negócio que se sentiram traídos. É parte de ser rico no Brasil. Você é alvo constante.” Ela digitou algo e uma nova tela apareceu. Fotos, documentos, relatórios, todos sobre Cristiane. “Isso é tudo que os Tavares têm sobre você.
” Márcia disse, “Conseguimos hackear os investigadores deles, não muito, mas o suficiente para saber o que sabem.” Cristiane foliou digitalmente sua vida inteira catalogada, onde estudou, onde trabalhou, namorados antigos, poucos, dívidas, transações bancárias, até conversas com a mãe estavam documentadas. “Eles sabem de tudo”, ela sussurrou. Não tudo.
Não sabem da sua força, da sua integridade, e é isso que os pegará de surpresa. Márcia fechou os arquivos. Agora vou te ensinar algo fundamental, como contraatacar. Nas próximas horas, Cristiane aprendeu que guerra corporativa era exatamente isso. Guerra, informação era munição, imagem pública, armadura e cada movimento tinha que ser calculado.
O jantar beneficente no MASP amanhã à noite, Márcia disse, apontando para calendário digital. Patrícia Tavares estará lá. Quer nossa chance? Chance de quê? de provar que vocês são um casal de verdade, de mostrar química, conexão, amor. Márcia pausou, mesmo que seja falso, especialmente porque é falso, Alberto disse entrando na sala. Tinha trocado o terno por jeans e camisa casual.
A primeira vez que Cristiane o via assim, parecia mais jovem, mais humano. “O jantar é em 18 horas”, ele continuou. será na frente de 300 pessoas, elite de São Paulo, imprensa e os Tavares. Então, precisamos de performance impecável. Performance, Cristiane repetiu, sempre volta para isso, não é? Tudo é teatro no meu mundo. Sim.
Alberto cruzou os braços. Mas aqui está a coisa, Cristiane. Para teatro funcionar, atores precisam acreditar no papel, mesmo que temporariamente. Você está pedindo para eu acreditar que amamos um ao outro? Estou pedindo para você tentar. Seus olhos eram intensos. Por algumas horas, finja que esse casamento não é contrato.
Que nos escolhemos? Que significa algo? Por quê? Não podemos apenas aparecer juntos e sorrir? Porque Patrícia Tavares é como tubarão. Márcia interveio. Ela sente sangue na água. Se nossa história parecer falsa mesmo um pouco, ela atacará. Mas se parecer genuína, então ela recua. Cristiane completou. É sempre sobre percepção. Sempre.
Alberto confirmou. Cristiane olhou para ele. Realmente olhou. O rosto anguloso, a mandíbula tensa, os olhos que carregavam peso de império nas costas. E por um segundo, algo estranho aconteceu. Pena. Ela sentiu pena dele. Que vida era aquela, onde cada momento era calculado, onde amor era estratégia e casamento, munição de guerra. Está bem, ela disse. Finalmente.
Amanhã nop eu interpreto a esposa apaixonada, mas depois voltamos para nossos cantos. Acordado. Acordado. Alberto estendeu a mão. Cristiane a apertou. O toque foi breve, profissional, mas quando seus dedos se tocaram, houve aquele choque de novo, aquela faísca estranha que Cristiane não sabia nomear. Atração, impossível. Ela o odiava. Odiava a manipulação, as mentiras, a prisão dourada.
Mas então por quando ele saiu, ela ainda sentia o calor da mão dele na sua? Cuidado, Márcia disse suavemente ao seu lado. É fácil confundir performance com realidade. Não vou confundir, Cristiane respondeu, mas sua voz soou menos convicta que pretendia. Márcia apenas sorriu, um sorriso triste, conhecedor. Todos dizem isso no começo. A armadilha dos Tavares estava montada.
O jantar no MASP seria campo de batalha, onde Cristiane e Alberto teriam que vender a mentira que estavam começando a acreditar. Mas o que nenhum dos dois esperava era que, ao fingir amor, despertariam algo muito real e muito mais perigoso que qualquer ataque corporativo.
O Museu de arte de São Paulo se erguia majestoso na Avenida Paulista, iluminado como joia contra o céu noturno. Cristiane desceu do carro, um Mercedes que brilhava mais que as estrelas, e sentiu o flash das câmeras como ataque físico. Senora Rodrigues, aqui sorria. Verdade sobre o homem no café? O casamento é real ou contrato? Alberto segurou sua cintura, firme, mas gentil, guiando-a através da multidão de repórteres. “Não responda nada”, ele sussurrou. “Apenas sorria.
Cristiane sorriu. Aquele sorriso falso que estava aperfeiçoando, mas por dentro o coração disparava. ali estava no centro do furacão, prestes a entrar em evento, onde seriam julgados por cada olhar, cada gesto, cada palavra. O interior do MP estava transformado.
Mesas elegantes, iluminação suave, garçons circulando com champanhe em bandejas de prata. As telas de arte nas paredes observavam tudo como testemunhas silenciosas de gerações de dramas humanos. “Lá está ela!”, Márcia sussurrou, aparecendo ao lado deles como sombra silenciosa. Três horas, mesa próxima à janela. Cristiane olhou discretamente.
Patrícia Tavares usava vestido verde esmeralda, que provavelmente custava mais que carro importado, cabelos loiros presos em coque elegante, joias que capturavam a luz e aquele mesmo olhar de falcão que Cristiane lembrava do casamento. Ao lado dela, um homem mais velho, tinha que ser Antônio Tavares, ainda bonito aos 70 e poucos anos, porte militar, olhos que avaliavam Alberto com um ódio mal disfarçado.
“Ignore-os, Alberto!” Murmurou. “Vamos trabalhar o salão, cumprimentar pessoas, parecer casal normal em evento beneficente. Normal, como se alguma coisa naquela noite fosse normal. Mas Cristiane interpretou o papel, sorriu para empresários cujos nomes não lembraria no dia seguinte, acenou para socialites que a analisavam como bicho exótico.
E sempre, sempre, a mão de Alberto estava ali em sua cintura, nas costas, segurando-a dela. “Vocês estão se saindo bem”, Márcia sussurrou quando passaram por ela. “Continue assim. O jantar foi servido. Pratos elaborados que eram mais arte que comida, conversas sobre política, economia, mercado. Cristiane contribuía pouco, que poderia dizer sobre flutuações da bolsa.
Mas quando a conversa virou para a educação, ela se animou. O problema não é falta de recursos ela disse para o empresário à sua direita. É distribuição desigual. Escolas na periferia recebem migalhas enquanto particulares nos jardins. Tem laboratórios de última geração. Silêncio na mesa. Alberto olhou para ela surpreso. O empresário piscou desconcertado.
Bem, ele finalmente disse, “Suponho que tenha um ponto. Ela geralmente tem, Alberto disse. E havia o orgulho genuíno em sua voz. Minha esposa é apaixonada por educação. É parte do que me fez me apaixonar por ela. Os olhos dele encontraram os dela. O roteiro dizia que era performance, mas algo no olhar dele fez o coração de Cristiane pular uma batida.
Foco, ela se lembrou. É teatro, apenas teatro. Mas então Patrícia Tavares se aproximou. Senhor e senhora Rodrigues, ela disse, voz doce como mel envenenado. Que casamento inesperado de vocês amor geralmente é inesperado. Alberto respondeu suavemente. Se fosse previsível, seria tédio.
Ah, mas seu amor foi particularmente rápido, não foi? Meses da proposta ao casamento. Quase urgente, diria. Cristiane sentiu as unhas cravarem nas palmas. Aquela mulher estava provocando, testando. Quando você sabe, você sabe, Cristiane disse, forçando leveza na voz. Não vejo razão para esperar quando encontra a pessoa certa. E você é a pessoa certa.
Patrícia olhou para ela como se estivesse avaliando mercadoria. Uma professora do sistema público me disseram que romântico Alberto misturando classes sociais. A condescendência era palpável. Cristiane sentiu raiva subindo, mas antes que pudesse responder, Alberto se adiantou. Cristiane é a mulher mais inteligente, compassiva e autêntica que já conheci. Algo que dinheiro e sobrenome não compram.
Talvez seja conceito estranho para sua família, senrita Tavares, mas algumas coisas não têm preço. O sorriso de Patrícia vacilou apenas por segundo, mas vacilou. Antônio Tavares se aproximou, colocando mão no ombro da filha. Conversas interessantes?”, ele perguntou voz grave, apenas cumprimentando os recém-casados. Patrícia respondeu.
Estava comentando como o casamento foi conveniente. “Conveniente?”, Antônio repetiu, olhando direto para Alberto, especialmente considerando certas cláusulas testamentárias. “Interessante timing, não acha?” O ar ficou tenso. Pessoas nas mesas próximas começaram a prestar atenção. Era confronto aberto, agora disfarçado de conversa educada.
“O timing do meu casamento,” Alberto disse, “Vozada, mas com aço subjacente, foi determinado por amor, não por negócios. Mas entendo que seja difícil para sua família conceber que motivações podem ser puras. Considerando a história de vocês, foi insulto sutil, mas devastador. Antônio empalideceu. Patrícia o fegou. Outros convidados agora definitivamente observavam.
Márcia apareceu como mágica. Desculpem interromper, mas há leilão beneficente. Começando. Senhor e senhora Rodrigues, vocês são esperados no palco para palavras iniciais. Salvamento perfeito. Alberto ofereceu o braço para Cristiane. Eles se afastaram, deixando os Tavares fumegando. Você foi incrível. Alberto sussurrou enquanto caminhavam para o palco. A forma como respondeu a Patrícia, a paixão ao falar de educação.
As pessoas acreditaram. Acreditaram porque era verdadeiro. Cristiane respondeu: “Não fingi a raiva quando ela me tratou como subclasse. Não fingi a paixão pela educação. Eu sei.” Alberto parou antes de subirem ao palco, virando-se para encará-la. E é isso que os torna diferentes. Você é real em mundo de falsidade. Você é genuína. A sinceridade na voz dele apegou desprevenida.
Por um momento, apenas se olharam. O barulho do evento desapareceu. Existia apenas eles dois naquele pequeno espaço entre palco e plateia. “Alberto”, ela começou não sabendo o que diria. Mas então o mestre de cerimônias anunciou: “Senhoras e senhores, nossos anfitriões da noite, senhor e senhora Alberto Rodrigues, aplausos ecoaram. O momento quebrou.
Alberto subiu ao palco, oferecendo mão para ajudar Cristiane. E quando seus dedos se tocaram, aquele choque de novo, mais forte desta vez. O discurso foi roteiro que Márcia preparara. Palavras sobre caridade, educação, responsabilidade social. Mas quando Alberto falou sobre a paixão de Cristiane pelo ensino, quando ela acrescentou sobre crianças merecendo oportunidades, não parecia roteiro, parecia verdadeiro. A plateia a amou.
Doações foram anunciadas. O leilão começou e durante tudo, Cristiane sentia os olhos de Patrícia Tavares sobre ela, analisando, procurando brechas. Após o discurso, Márcia os guiou para o terraço, longe da multidão. Vocês precisam do momento do beijo. Cristiane congelou. Perdão. O beijo. Patrícia está observando. A imprensa está observando.
Vocês precisam de momento genuinamente romântico aqui no terraço com a Paulista ao fundo. Será foto que derruba qualquer suspeita. Mas Cristiane começou. Ela está certa, Alberto disse. É a jogada que sela tudo. Vocês são insanos. Um beijo não prova nada. Prova tudo. Márcia corrigiu. Química, conexão, amor.
Uma foto vale mais que mil contratos, Cristiane. E precisamos dessa foto. O terraço estava vazio, iluminado apenas por luzes da cidade abaixo. A avenida Paulista brilhava como rio de estrelas terrestres. Era romântico. Cristiane admitiu relutantemente. Cenário perfeito para momento perfeito. Mas não era real. Nada disso era real. Vou deixar vocês sozinhos, Márcia disse. Fotógrafo vai passar casualmente em exatos 5 minutos.
Aproveitem. E desapareceu eficiente como sempre. Cristiane ficou parada, braços cruzados, olhando para o Skyline. Sentiu Alberto se aproximar, parar ao seu lado. “Sei que odeia isso”, ele disse suavemente. “A manipulação, os jogos, mas é minha vida, Cristiane. Sempre foi, não precisa ser não.
” Ele riu som amargo. Nasci nisso. Criado para assumir empresa, educado para negociar, manipular, vencer. Nunca tive escolha. Todos temos escolhas. Escolhas têm consequências. Se eu escolhesse vida diferente, centenas de funcionários perderiam empregos. Família perderia tudo que construiu em três gerações. Os Tavares venceriam. Ele pausou.
Algumas jaulas são de ouro, mas continuam sendo jaulas. Cristiane olhou para ele, então realmente olhou e viu não o bilionário manipulador, mas homem cansado de guerra que não escolheu, prisioneiro tanto quanto ela, apenas em cela diferente. Por que eu? Ela perguntou suavemente.
De todas as mulheres em São Paulo, por que escolheu uma professora endividada que claramente odeia seu mundo? Alberto virou-se para encará-la completamente. Porque naquele dia na Bienal, quando você falava das crianças, dos livros, da educação, seus olhos brilhavam. Não era cálculo, não era performance, era amor genuíno por algo maior que você mesma.
Ele respirou fundo. E eu pensei, como é ter isso? Paixão verdadeira por algo? Eu não tinha ideia. E agora? Agora sei que tinha razão. Você é diferente, é real. E eu Ele hesitou. Eu queria um pouco dessa realidade, mesmo que emprestada, mesmo que falsa. O coração de Cristiane acelerou.
Aquilo não era roteiro, não era performance para a audiência, era confissão nua. Alberto, os 5 minutos acabaram. Ele interrompeu, olhando para o relógio. Fotógrafo vai aparecer. Precisamos fazer isso. Fazer o que exatamente? Em vez de responder, Alberto deu um passo para perto, muito perto. Cristiane podia sentir o calor dele, o cheiro da colônia cara, ver as pequenas linhas ao redor de seus olhos que falavam de noite sem dormir e peso de responsabilidades. “Pode confiar em mim?”, ele perguntou.
“Não sei, honesto.” Um sorriso tocou seus lábios. “Então finja por alguns segundos”. E então, antes que Cristiane pudesse processar, Alberto curvou-se e a beijou. Não foi como o beijo no altar. Aquele tinha sido performance, rápido, controlado. Este, este foi diferente. Os lábios dele eram firmes, mas suaves. A mão dele encontrou a nuca dela, segurando-a gentilmente.
E quando Cristiane, por instinto puro, entreabriu os lábios, o beijo aprofundou. O mundo desapareceu. Não havia MASP, não havia Tavares, não havia guerra corporativa ou contratos ou mentiras. Existia apenas o calor dele, o gosto dele, a sensação de estar exatamente onde estar.
Quando finalmente se separaram, ambos estavam respirando pesadamente. Isso foi Cristiane começou. Voz rouca. Performance. Alberto completou rapidamente para a foto, que saiu perfeitamente, aliás. Cristiane olhou para o lado. O fotógrafo casual estava lá, câmera em mãos, acenando agradecido. A foto tinha sido tirada. A munição estava garantida. “Claro”, ela disse, tentando ignorar a decepção que sentiu.
Performance. Mas quando voltaram para o salão, quando enfrentaram os Tavares uma última vez aquela noite, quando pousaram para mais fotos como casal apaixonado, Cristiane não conseguia parar de pensar no beijo. Tinha sido apenas teatro, certo? Então, por que seu coração ainda acelerava quando olhava para Alberto? Por seus lábios ainda formigavam? Por, pela primeira vez em semanas, a prisão dourada parecia um pouco menos sufocante? Perigoso! Uma voz sussurrou em sua mente. Você está confundindo performance com realidade, mas outra voz, mais suave, mais insidiosa,
sussurrou de volta. E se não for confusão? E se talvez, apenas talvez algo real estivesse nascendo desta mentira tão bem contada? O beijo no terraço do MASP mudou tudo. A linha entre fingimento e verdade começava a desfocar. E tanto Cristiane quanto Alberto teriam que enfrentar a questão mais assustadora de todas.
O que fazer quando o coração ignora os contratos que a mente assinou? Os dias seguintes, ao jantar no MASP, foram estranhos. A foto do beijo viralizou. Estava em todos os sites de celebridades, em revistas, em programas de fofoca. O amor verdadeiro vence as fofocas, proclamavam as manchetes. Casal Rodrigues prova que casamento é real. Patrícia Tavares recuara, os ataques diminuíram, a estratégia de Márcia funcionara perfeitamente, mas para Cristiane, a vitória tinha gosto amargo, porque não conseguia parar de pensar no beijo, no calor, na sensação de pertencimento que sentira, mesmo que por segundos. E pior, não conseguia parar de pensar em
Alberto. A forma como ele segurava o café pela manhã, distraído, lendo notícias financeiras. O pequeno vinco entre suas sobrancelhas quando concentrado, a rara risada genuína quando João contava histórias antigas, os pequenos gestos de consideração, como garantir que sempre tivesse seus livros favoritos na biblioteca ou perguntar sobre suas aulas.
“Está se apaixonando por ele, sua melhor amiga Marina”, disse durante almoço raro fora da mansão. “Não seja ridícula, Cristiane retrucou, mas a voz saiu fraca demais. Cris, te conheço há 10 anos. Vejo como fala dele, como seus olhos brilham quando menciona alguma coisa gentil. É só gratidão pelo dinheiro, pela situação da minha mãe. Marina arqueou sobrancelha. Gratidão não faz você corar quando diz o nome dele.
Cristiane tocou as bochechas automaticamente. Estavam quentes. Meu Deus, Marina sussurrou. Você realmente está. Não posso Cristiane disse voz desesperada. Mari, não posso. É contrato, tem data de término. Três anos e acabou. Se eu me apaixonar, se apaixona, você quer dizer, tarde demais para si. Eu vou me destruir.
Cristiane terminou ignorando a correção. Ele não sente o mesmo. Para ele sou parte do plano. Peça de xadrez. Quando os três anos acabarem, ele vai me dispensar e procurar alguém de verdade do mundo dele. Tem certeza disso? Cristiane pensou no beijo, na intensidade, no que sentira, mas então lembrou performance.
Ele mesmo dissera para a foto: “Tenho”, mentiu. Mas naquela noite, quando voltou para a mansão, encontrou Alberto no jardim, sentado sozinho perto da fonte, gravata frouxa, camisa com dois botões abertos, copo de whisky na mão. A luz da lua o banhava em prata. “Noite difícil?”, Christiane perguntou, aproximando-se. Ele levantou os olhos, surpreso. “Poderia dizer isso? Reunião do conselho.
Os Tavares compraram mais ações através de empresas fantasmas. Estamos correndo contra o tempo. Vai conseguir tanta confiança em alguém que basicamente a sequestrou para casamento falso. Não é falso. Cristiane disse sentando ao lado dele. Quer dizer, legalmente é real. E as pessoas acreditam. A foto no MASP garantiu isso. Aquela foto? Alberto tomou um gole de whisky. Foi convincente, não foi? Muito.
O coração de Cristiane acelerou. Você é bom ator e você também, aparentemente. Silêncio. Apenas o som da água na fonte. Cristiane, Alberto disse finalmente, ainda olhando para o copo, se eu tivesse te conhecido em circunstâncias diferentes, se não houvesse contratos, testamentos, Tavares, você acha que Ele parou, balançou a cabeça.
Esqueça, é whisky falando. Mas Cristiane segurou o pulso dele, forçando-o a olhá-la. Termine a frase. Os olhos dele encontraram os dela. Havia vulnerabilidade ali que ela nunca vira antes. Você acha que teríamos alguma chance de algo real? O mundo parou. Era confissão, disfarçada de hipotético, mas confissão mesmo assim. Eu, Cristiane engoliu em seco. Não sei.
Nossos mundos são tão diferentes. Mundos podem colidir, criar algo novo ou se destruir mutuamente. Sempre tão prática. Mas ele sorriu. Aquele sorriso raro que transformava seu rosto inteiro. Alguém tem que ser. Você vive em abstrações de bilhões de reais e você me mantém com os pés no chão. Alberto colocou o copo de lado. É estranho.
Passei a vida inteira rodeado de pessoas, mas me senti sozinho sempre. E então você aparece, forçada por circunstância, odiando cada segundo inicialmente, e de alguma forma me faz sentir menos sozinho. Alberto não precisa dizer nada. Só precisava que soubesse que isso nós pode ter começado como farsa, mas para mim ele tocou o rosto dela gentilmente. Não é mais.
E então ele se levantou e entrou na mansão, deixando Cristiane sozinha no jardim, com o coração disparado e mil perguntas sem resposta. A confissão de Alberto mudara tudo. O que era performance estava se tornando perigosamente real, mas os Tavares não descansavam e o próximo ataque seria direcionado ao ponto mais vulnerável de Cristiane, sua mãe. Dona Marta estava radiante. O tratamento particular funcionava.
A artrite, que antes aprendia em dor constante, agora era controlável. Ela caminhava sem dificuldade, sorria mais, vivia em vez de apenas sobreviver. “Minha filha casou tão bem”, ela dizia para as amigas do condomínio. “Aquele Alberto é anjo, tão atencioso com a sogra”. Alberto tinha de fato visitado dona Marta três vezes. Levava flores, conversava sobre literatura. Ele tinha lido mais do que Cristiane esperava.
fazia a mãe dela rir. E quando saíam, Marta sempre sussurrava: “Esse homem te ama de verdade, Cris. Vejo nos olhos dele. Se ela soubesse a verdade, foi numa tarde de quinta-feira que o mundo desmoronou de novo. Cristiane estava na escola quando Márcia ligou: “Vozensa, preciso que volte para casa. Agora o que aconteceu? Sua mãe, os tavares a contataram. O sangue de Cristiane congelou.
Como assim? Chegue aqui, Alberto te explicará. A mansão estava em modo de crise quando chegou. Alberto no escritório. João furioso caminhando de um lado para outro. Márcia em computadores analisando algo. O que diabos aconteceu? Cristiane exigiu. Alberto virou-se e a expressão dele era culpa pura. Investigadores dos Tavares visitaram sua mãe hoje, disfarçados de jornalistas fazendo matérias sobre Cinderelas modernas. Fizeram perguntas sobre nosso relacionamento, como nos conhecemos quando começamos a namorar.
Detalhes íntimos. Minha mãe não sabe de nada. Cristiane exclamou. O que ela poderia ter dito? Exatamente o problema. Márcia abriu o arquivo no computador. Ela foi honesta. disse que não sabia muito sobre o relacionamento de vocês, porque foi rápido, que você nunca mencionara Alberto antes, que ficou surpresa com o casamento, que é verdade, mas confirma a narrativa dos Tavares.
João disse gravemente, de que foi arranjo de última hora, casamento de conveniência. Cristiane sentiu náusea. Então agora minha mãe é munição contra mim. Não se foi trabalhada corretamente. Alberto se aproximou. Cristiane, precisamos contar a verdade para ela. Não. A resposta foi instantânea, visceral. Não vou quebrar o coração dela assim.
Deixá-la descobrir que seu genro perfeito é é um mentiroso. Alberto completou amargamente. Pode dizer. Não é isso. Cristiane pressionou as têmporas. Ela está tão feliz. Pela primeira vez em anos, sem dor, sem preocupações financeiras. Se descobrir que tudo é mentira, pode matá-la. João disse suavemente. Não literalmente, mas o choque, o estresse na condição dela.
Exatamente. Cristiane olhou para Alberto. Não podemos contar. Então precisa ser convincente, Márcia interveio. Ensaiar história, detalhes de como se conheceram. Primeiro encontro, pedido de casamento, tudo com informações que sua mãe possa confirmar se perguntada novamente. Quer que construamos nosso próprio passado falso? Cristiane perguntou incrédula. Quero que protejam sua mãe, Márcia corrigiu.
E a única forma é tendo história coerente. Então passaram as próximas horas fazendo exatamente isso, criando memórias falsas. Primeiro encontro na Bienal, verdade. Conversas subsequentes por e-mail. Mentira inventada. Encontros secretos em cafés. Mentira com fotos fabricadas. Pedido romântico no Ibirapu era mentira elaborada.
No fim tinham história de amor completa, cronologia, detalhes, pequenos toques que faziam parecer real. Convincente, João avaliou. Quase acredito. E sei que é ficção, porque parte é verdade. Alberto disse, olhando para Cristiane. Os sentimentos, pelo menos para mim, são reais agora. O escritório ficou em silêncio.
Márcia e João trocaram olhares. Preciso de ar”, Christiane murmurou, saindo rapidamente. Ela foi para seu lugar favorito na mansão, a biblioteca no segundo andar, estantes até o teto, escada rolante, cheiro de livros antigos e conhecimento, refúgio. Mas Alberto a seguiu. “Não fuja de mim”, ele disse da porta. “Não estou fugindo, estou processando.
” O que eu disse no escritório foi imprudente, perigoso e complicou tudo ainda mais. Cristiane se virou para encará-lo. Alberto, não pode ter sentimentos reais por mim. Estraga todo o plano. O plano já está estragado. Ele respondeu entrando na biblioteca e fechando a porta. Estava no momento em que te beijei no MASP e percebi que não queria que fosse só performance.
Mas era, é tudo isso é teatro para você. Talvez. Para mim parou de ser há semanas. Ele se aproximou. Cristiane, passa o dia pensando em você. Se suas aulas foram bem, se está feliz, se algum dia vai me olhar sem esse peso de obrigação nos olhos. Alberto, pare. Não posso. Tentei.
Deus sabe que tentei manter distância, seguir o contrato, tratar isso como transação de negócios, mas você Ele tocou o rosto dela. Você é impossível de não sentir algo. Cristiane fechou os olhos ao toque. Cada fibra do corpo gritava para se aproximar, para admitir que sentia o mesmo. Mas a parte racional, a professora prática que sempre fora, resistia.
Em do anos e meio, o contrato acaba”, ela disse, abrindo os olhos. “E então o quê? Voltamos para nossas vidas? Você encontra a esposa de verdade do seu círculo social e eu volto para meu apartamento na zona leste como se nada tivesse acontecido.” Ou Alberto disse suavemente. “Em do anos e meio, quando o contrato acabar, escolhemos ficar.
Não por obrigação, por vontade própria. É fantasia, é possibilidade. Você vive em mundo diferente do meu. Não sobrevivo nele, Alberto. Esta mansão, os jantares, as pessoas, não sou deles, mas é de mim. Ele sussurrou. Se deixar ser. E então, porque palavras falhavam? Porque a tensão era insuportável? Porque ambos estavam cansados de lutar contra o inevitável. Eles se beijaram. Mas não foi como no MP.
Não havia plateia, não havia fotógrafos, era só eles na biblioteca silenciosa com apenas os livros como testemunhas. O beijo foi intenso, desesperado, anos de solidão de Alberto encontrando anos de sobrevivência solitária de Cristiane. Quando finalmente se separaram, ambos estavam tremendo. “Iso é loucura”, Christiane sussurrou contra os lábios dele. “Total.
” Alberto concordou, beijando-a novamente. A linha entre contrato e coração estava completamente apagada, mas os Tavares não descansavam e dona Marta ainda era alvo vulnerável. A próxima jogada exigiria que Cristiane vendesse a mentira mais difícil de todas. Convencer a própria mãe de que seu casamento era amor verdadeiro.
O jantar foi ideia de Alberto convidar dona Marta para a mansão, jantarem os três juntos, solidificar a história do romance. Mas também Cristiane suspeitava dar a mãe dela a tranquilidade de que a filha estava genuinamente feliz. Márcia preparou tudo meticulosamente. Menu que dona Marta amava, flores que ela mencionara gostar numa conversa casual, até fotos falsas de momentos do casal estrategicamente posicionadas pela mansão.
“Vocês são assustadoramente bons nisso,” Christiane murmurou, olhando uma foto montada dela e Alberto em café da Vila Madalena, que nunca aconteceu. Prática?” Márcia respondeu sem emoção. No mundo corporativo, imagem é tudo. Dona Marta chegou pontualmente, radiante em vestido novo que Alberto havia mandado entregar.
Meu genro me manda a sogra, ela brincou, beijando a bochecha dele. O jantar começou leve. Conversa sobre tratamento de dona Marta, sobre os alunos de Cristiane, sobre projeto de fundação educacional que Alberto estava desenvolvendo. Inspirado, ele disse, olhando para Cristiane pela esposa: “Vocês são perfeitos juntos.” Dona Marta observou, sorrindo. “Minha filha está tão diferente, mas leve, feliz.
Culpa perfurou Cristiane. Mãe, é verdade. Sempre te preocupaste tanto. Com dinheiro, comigo, com tudo. Agora finalmente relaxas. E é por causa dele. Ela apontou para Alberto. Você trouxe minha filha de volta à vida. Alberto pegou a mão de Cristiane por baixo da mesa, apertou-o gentilmente.
Suporte ou lembrete para manter o papel? Ela que me trouxe a vida”, ele disse, e algo na voz dele soou verdadeiro demais para ser só performance. Antes de Cristiane, eu apenas existia, funcionava, agora vivo. Dona Marta levou a mão ao peito, emocionada. “Ah, vocês vão me fazer chorar”. Mas então veio a pergunta que estavam esperando. A que sabiam viria.
Cris, minha filha, jornalistas me procuraram fazendo perguntas sobre vocês quando começaram a namorar. Como foi o pedido, essas coisas? Dona Marta olhou entre eles. Percebi que não sei da história completa. Conta para sua mãe. Era o momento. Representação da vida deles. Cristiane olhou para Alberto. Ele a sentiu quase imperceptivelmente. Começou na Bienal do livro. Cristiane iniciou seguindo o script que ensaiaram.
Eu estava no painel de educação. Alberto assistia porque ela olhou para ele porque estava pesquisando projetos para a fundação que queria criar. Alberto continuou suavemente e vi essa mulher no palco falando com tanta paixão sobre literatura, sobre crianças, sobre mudar o mundo um livro por vez.
Fiquei fascinado. Mas eu nem notei você naquele dia. Cristiane disse. Metade verdade, metade mentira. Eu sei. Foi parte do charme. Você não estava impressionada com dinheiro ou status. Estava focada na mensagem. Alberto sorriu. Tive que pedir seu e-mail para a organizadora do evento e começou a me mandar mensagens sobre educação, propostas de parceria para a escola. Cristiane pegou o copo de vinho.
Pensei que fosse só profissional. Era no começo. Alberto olhou nos olhos dela, mais suas respostas, sua inteligência, seu humor, queria conhecer a pessoa por trás dos e-mails. Então me convidou para café e você recusou três vezes. Estava ocupada. Estava com medo. Alberto corrigiu gentilmente. De mim do que eu representava.
Era improvisação agora saindo do script, mas funcionando. Dona Marta pendia para cada palavra absorta. Quarto convite. Finalmente aceitei. Cristiane disse. Um café no Ibirapu era simples, apenas conversar. E conversamos por 4 horas, Néberto acrescentou. Sobretudo livros, política, vida, sonhos. Quando me dei conta, o café estava fechando.
A partir daí, Cristiane pausou e não estava mais interpretando. Estava falando de sentimentos reais, apenas mudando a cronologia. Percebi que havia algo diferente nele. Não era o bilionário, era o homem que escutava verdadeiramente, que se importava com coisas que importavam para mim.
E eu percebi, Alberto disse, voz baixa, que tinha passado a vida inteira esperando por alguém como você, alguém real, autêntico, que me desafiasse, que me fizesse querer ser melhor. O silêncio na sala era carregado. Até João, sentado na cabeceira da mesa, observava com expressão estranha. Então, por que o segredo? Dona Marta perguntou. Por que não me contou, Cris? Porque tinha medo, Cristiane admitiu, e isso era completamente verdadeiro.
Medo de que fosse bom demais para ser verdade, de que acabasse, e não queria quebrar seu coração junto com o meu se não funcionasse. Mas funcionou, dona Marta disse lágrimas nos olhos. Estão casados, felizes. Estamos, Alberto confirmou, olhando intensamente para Cristiane. Muito depois do jantar depois que dona Marta foi embora com o motorista que Alberto insistiu em fornecer, depois que João se recolheu para o quarto, Cristiane e Alberto ficaram sozinhos na sala de estar.
Foi convincente, ele disse. Foi mentira. Parte foi. Cristiane o encarou. Qual parte? Alberto se aproximou parando a centímetros dela, a parte onde disse que te esperava a vida inteira, que você me faz querer ser melhor, que ele tocou o rosto dela, que estou apaixonado por você. O coração de Cristiane parou. Alberto, não precisa dizer de volta. Sei que é complicado.
Sei que começamos tudo errado, mas não posso mais fingir que é só contrato para mim. Não quando cada momento contigo parece certo de uma forma que nada em minha vida jamais pareceu. Você tem ideia de quão injusto isso é? Cristiane sussurrou lágrimas nos olhos agora.
Dizer essas coisas quando tudo entre nós foi construído sobre mentiras? Então construamos algo sobre verdade, começando agora como sendo honestos. Não para sua mãe, não para os Tavares, não para o mundo, apenas entre nós. Ele segurou as mãos dela. Cristiane Almeida, estou apaixonado por você, perdidamente, completamente. E se quer me mandar para o inferno, tudo bem, mas precisava que soubesse.
As lágrimas de Cristiane finalmente caíram. Seu idiota, provavelmente complicando tudo com seus malditos sentimentos reais, culpado, me fazendo sentir coisas que jurei não sentir. Isso é, Alberto pausou esperançoso. Bom, é terrível, Cristiane disse, mas puxou-o para perto, porque estou apaixonada por você também. E não fazia parte do plano, não estava no contrato.
E vou quebrar meu coração daqui dois anos, quando isso tudo acabar. E se não acabar, sempre acaba. Não necessariamente. Alberto a beijou suavemente. Não se não deixarmos. Mas mesmo enquanto se beijavam, enquanto finalmente admitiam o que estavam sentindo, Cristiane não conseguia calar a voz no fundo da mente. Contratos sempre terminam.
E quando este terminasse, a Cinderela voltaria para a cozinha, e o príncipe encontraria alguém mais adequado para seu reino. Não importava o que sentiam agora, o conto de fadas tinha data de validade, ou não. Com o amor finalmente confessado, Cristiane e Alberto enfrentavam um novo desafio, transformar casamento de contrato em relacionamento real.
Mas os Tavares, percebendo a química genuína entre o casal, preparariam seu ataque mais devastador, um que ameaçaria não apenas os negócios, mas o próprio relacionamento que estava florescendo. Os dois meses seguintes foram os mais estranhos e maravilhosos da vida de Cristiane. O casamento, que começara como prisão, transformava-se em algo que não sabia nomear. Não era liberdade completa. Ainda havia regras, aparências, contratos. Mas era escolha.
Ela e Alberto escolhiam passar tempo juntos. Jantares que não eram mais obrigação, mas prazer. Conversas que se estendiam pela madrugada, beijos roubados em corredores vazios. Estou preocupado com você, Márcia disse uma tarde, encontrando Cristiane na biblioteca. Por quê? Porque está feliz. E felicidade pode ser cega. Cristiane fechou o livro que fingia ler.
Você acha que estou sendo ingênua? Acho que está se esquecendo do que isso realmente é. Negócio com um prazo de validade. E se não for mais só negócio? Márcia suspirou sentando ao lado dela. Cristiane, gosto de você genuinamente e é por isso que vou ser brutal. Alberto Rodrigues é bom homem, considerando o mundo em que foi criado, mas ele é produto desse mundo.
Quando os três anos acabarem, quando o controle da empresa estiver garantido, os tavares neutralizados, as pressões familiares do conselho, dos acionistas, eles não vão querer que o herdeiro dos Rodrigues esteja casado com professora de escola pública. As palavras doeram porque Cristiane já pensara nelas.
Nas madrugadas em Sonis, quando Alberto dormia pacificamente ao lado, tinham abandonado os quartos separados três semanas atrás, ela se perguntava quanto tempo até ele perceber o erro, até o encanto da mulher real passar e ele querer alguém adequada, uma herdeira, uma empresária, alguém que entendesse fusões e aquisições. Ele diz que não importa. Todos dizem no começo. Márcia se levantou.
Só estou pedindo que proteja seu coração, porque sei que o dele está protegido por anos de treinamento emocional corporativo, mas o seu está completamente exposto. Cristiane completou suavemente. Eu sei. Mas mesmo sabendo, não conseguia parar. Quando Alberto chegava do trabalho e procurava por ela primeiro, antes de qualquer outra coisa, quando ele cancelava reuniões para assistir a apresentações de seus alunos, quando acordava no meio da noite e a puxava para perto, sussurrando seu nome como oração.
Como proteger o coração quando ele já não pertencia mais a ela. Foi numa sexta à noite que tudo mudou novamente. Alberto tinha reunião importante com o conselho. Os números trimestrais seriam apresentados, estratégias futuras discutidas. João participaria também. Primeira aparição pública desde complicações de saúde menores.
Nada sério, mas preocupante na idade dele. Volto em algumas horas, Alberto disse, beijando Cristiane antes de sair. Depois jantar só nós dois. Perfeito. Mas ele não voltou em algumas horas. Voltou 4 horas depois, pálido, tenso, exalando fúria controlada. O que aconteceu?”, Christiane perguntou, levantando do sofá onde esperava. Os Tavares conseguiram.
Alberto foi direto para o bar, servindo-se dose generosa de whisky. Não sei como, mas conseguiram. Um dos membros do conselho, Carlos Mendes, homem de confiança do meu avô há 20 anos, está na folha de pagamento deles. O quê? Documentos foram vazados, estratégias confidenciais, planos de aquisição e mais. Ele tomou o whisky de uma vez.
Há acusações de que usei fundos da empresa para pagar nosso casamento, que é desvio de dinheiro dos acionistas para propósitos pessoais fraudulentos. Cristiane sentiu o chão desaparecer. Mas isso é mentira. Claro que é. Paguei cada centavo do meu bolso particular, mas a acusação está lá em documentos oficiais que magicamente chegaram à imprensa econômica. Alberto serviu-se de novo.
Segunda-feira estará em todos os jornais. Escândalo, possível investigação por fraude e naturalmente a origem de tudo. Nosso casamento conveniente. Eles não podem provar nada porque não é verdade. Não precisam provar, só precisam criar dúvida. Dúvida suficiente para acionistas pedirem minha cabeça, para o conselho votar minha saída, para as ações dos Tavares se tornarem majoritárias na confusão.
Ele riu, som amargo. Foi jogada brilhante, admito. Então, o que fazemos? Alberto parou, olhando para ela. Fazemos. Você acha que vou apenas ficar parada enquanto destróem você, enquanto usam nosso casamento, nossa vida como munição? Algo mudou na expressão dele. Surpresa, gratidão, amor. Cristiane, se quiser sair agora, entenderia.
Vai ficar feio. Seu nome será arrastado na lama. Professora interesseira que enganou o bilionário. Vão inventar coisas terríveis sobre você. que inventem, não é verdade? Desde quando verdade importa para a imprensa. Então, não damos só verdade, damos história melhor, mais convincente. Cristiane se aproximou pegando o copo das mãos dele. Estão dizendo que nosso casamento é fraude.
Provamos que não é. Como sendo tão publicamente, tão obviamente apaixonados que fica impossível alguém duvidar. Alberto a estudou. Você faria isso expor-se assim por você? Cristiane tocou o rosto dele. Faria porque deixou de ser performance para mim também, Alberto. Estou apaixonada por você, de verdade.
E diabos se levem os Tavares, os contratos ou qualquer outra coisa. Não vou deixar que destruam isso. Os olhos dele brilharam. Você tem ideia de quanto te amo? Menos conversa, mais ação. Como provamos que somos reais? Márcia, que aparecera silenciosamente na porta, respondeu com a jogada mais arriscada de todas. Verdade absoluta. Ambos se viraram para ela. Convocamos coletiva de imprensa.
Márcia continuou entrando na sala, segunda de manhã, antes que o escândalo estoure, e contamos nossa história, a real, como se conheceram, porque o casamento foi rápido e acima de tudo, que é amor genuíno. Cristiane, você será perguntada sobre sua vida antes de Alberto. Preparada para isso? Sim. Vão perguntar sobre o dinheiro. Se casou por interesse. Casei por necessidade. Fiquei por amor. Direi exatamente isso.
Alberto pegou a mão dela. É muito risco. É a única chance. Cristiane respondeu. Honestidade total. Vulnerabilidade completa. É o oposto do que os Tavares fariam e é exatamente por isso que funcionará. João apareceu apoiado na bengala. A menina tem razão. Chega de jogos. Hora de verdade. Vovô.
Você não deveria estar descansando? Alberto começou, mas João acenou dispensivamente. Descanso quando morrer. Agora temos guerra para vencer. E desta vez fazemos do jeito da Cristiane. Com honestidade. A decisão estava tomada. Coletiva de imprensa seria na segunda-feira. Cristiane e Alberto apostariam tudo na verdade, ou pelo menos na versão da verdade que poderiam contar.
Mas enquanto preparavam defesa, os Tavares preparavam um ataque ainda mais pessoal, uma revelação do passado de Cristiane que poderia destruir tudo que construíram. O fim de semana foi turbilhão de preparação. Márcia contratou consultora de mídia. Alberto e Cristiane ensaiaram respostas para perguntas impossíveis.
João supervisionava tudo como general, comandando batalha. Vão perguntar sobre o passado dela. A consultora Rafaela disse: “Namorados, dívidas, por que estava em situação tão precária?” “Digo a verdade”, Cristiane respondeu: “Empréstimos estudantis, mãe doente, salário baixo, sem vergonha disso. Ótimo, humaniza você.” Mas Rafaela hesitou. Se houver qualquer esqueleto no armário, qualquer coisa que possam usar contra você, precisamos saber agora.
Cristiane pensou. Sua vida tinha sido bastante limpa. Estudo, trabalho, cuidar da mãe. Não havia escândalos porque não havia tempo para escândalos. Não há nada, ela disse confiante, mas estava errada. Domingo à noite, véspera da coletiva, o celular de Cristiane tocou. Número desconhecido. Ela atendeu sem pensar.
Cristiane Almeida, voz feminina, suave, mas com fio de aço. Quem é Patrícia Tavares? Acho que devemos conversar. Cristiane quase desligou, mas curiosidade venceu. Sobre sobre Lucas Ferreira, lembra dele? O nome atingiu como soco. Lucas, namorado da faculdade. Relacionamento de do anos que acabara mal, muito mal. O que quer? Cristiane perguntou voz tensa.
Apenas avisar que amanhã, quando fizer sua coletiva tão corajosa, algumas informações interessantes sobre seu passado virão à tona, especificamente sobre como terminou com o pobre Lucas, as acusações que ele fez, que você nunca negou publicamente. O sangue de Cristiane congelou as acusações. Lucas, quando terminaram, tinha espalhado para amigos em comum que ela o usara, que ficara com ele apenas porque ele tinha carro, podia pagar jantares, levá-la a lugares. Quando decidira que não queria casar com ele, terminara friamente e sem remorço.
Eram mentiras. Lucas tinha sido possessivo, controlador. O término foi necessário e, sim, firme, mas não cruel. Ela explicara para os amigos próximos, mas rumores sempre viajam mais rápido que verdades. Isso foi há 7 anos, Cristiane disse. Não importa. Importa quando pintamos imagem de padrão de comportamento. Mulher que usa homens por dinheiro e depois descarta.
Sou um familiar, porque é exatamente a narrativa sobre você e Alberto. Vá para o inferno, provavelmente, mas vou arruinar você primeiro. A menos que a menos que cancele a coletiva, aceite acordo silencioso, divórcio amigável em 6 meses. Você fica com compensação financeira generosa, digamos 5 milhões.
Alberto mantém as ações, mas sem você ao lado, enfraquecendo a imagem dele. Todos ganham. Exceto o amor. Cristiane Cuspiu. Amor, Patrícia Riu. Querida, não seja ingênua. Isso nunca foi sobre amor, foi sobre sobrevivência corporativa. Mas se insistir em ir adiante com esse teatrinho de casal apaixonado, vou destruir sua reputação tão completamente que Alberto não terá escolha se não se distanciar de você para salvar a empresa. A ligação cortou.
Cristiane ficou parada, o telefone na mão tremendo. Lucas, não pensava nele há anos e agora os Tavares iam usá-lo como munição. Cris Alberto entrou no quarto com quem falava. Ela contou tudo, o telefonema, a ameaça, Lucas e as velhas acusações. Alberto ouviu em silêncio. Quando terminou, ele a puxou para seus braços. É o que fazem”, ele disse suavemente. Pegam verdades parciais, distorcem até ficarem irreconhecíveis.
Seu ex era idiota possessivo que mentiu quando foi rejeitado. Qualquer um que te conheça sabe disso. Mas e se não souberem? E se amanhã, quando a imprensa souber, virar evidência de que sou exatamente o que os Tavares dizem? Interesseira que usa homens? Então negamos, explicamos, contamos a verdade e se a verdade não for suficiente, Alberto assegurou pelos ombros, forçando-a a olhá-lo. Cristiane, escute.
Não importa o que digam sobre você, eu sei quem você é. A mulher que sacrificou conforto para cuidar da mãe, que ensina em escola pública porque acredita em fazer diferença, que poderia ter fugido dessa bagunça mil vezes, mas ficou. Não por dinheiro, porque ele sorriu, porque me ama tanto quanto eu a amo.
E se isso não for suficiente para o mundo, então que o mundo vá para o inferno. Enquanto for suficiente para nós, é tudo que importa. Mas naquela noite, deitada ao lado de Alberto, que finalmente dormia, Cristiane não conseguia desligar a mente. E se Patrícia estivesse certa? E se a história com Lucas, devidamente distorcida, destruísse tudo? Pior, e se Alberto, sob pressão do conselho, da família, dos acionistas, decidisse que ela era peso muito grande, que a mala custava caro demais, o sono não veio.
E quando o despertador tocou na segunda-feira, anunciando o dia da coletiva, Cristiane sabia que estava prestes a enfrentar o maior desafio de sua vida, não apenas provar seu amor por Alberto, mas provar para si mesma que merecia esse amor. A coletiva de imprensa seria em 3 horas. As armas dos Tavares estavam carregadas e Cristian teria que decidir recuar para proteger Alberto ou lutar sabendo que a batalha poderia custar tudo que tinha construído.
A verdade estava prestes a ser testada da forma mais brutal possível. O salão do hotel estava lotado. Jornalistas de todas as principais publicações, câmeras, luzes, um mar de rostos ávidos por escândalo. Cristiane sentou ao lado de Alberto na mesa elevada. Microfones à frente, sentindo cada olhar como peso físico. Usava taer simples, mas elegante. Escolha estratégica de Márcia, profissional, mas acessível, tinha dito.
Alberto pegou sua mão por baixo da mesa, apertou gentilmente, força silenciosa. Bom dia, Alberto. Começou voz firme. Obrigado por virem. Convocamos esta coletiva para esclarecer recentes especulações sobre meu casamento e sobre alegações de má conduta financeira, murmúrio entre os jornalistas, canetas preparadas, gravadores ligados.
Primeiro sobre as finanças. Todas as transações relacionadas ao meu casamento foram feitas com recursos pessoais. Não, um centavo de fundos corporativos foi usado. Temos documentação completa disponível para auditoria independente. Isso era parte fácil. Números provavam números. Segundo Alberto continuou, e sua voz suavizou sobre meu casamento, especificamente sobre alegações de que foi arranjado, conveniente, fraudulento. Ele olhou para Cristiane.
Quero esclarecer de uma vez por todas. Meu casamento com Cristiane é real, baseado em amor genuíno, e qualquer insinuação contrária é não apenas falsa, mas profundamente ofensiva para ambos. Mãos levantaram imediatamente, perguntas voaram: “Senr Rodrigues, é verdade que conheceu sua esposa apenas meses antes do casamento?” “Sim”, Alberto respondeu calmamente.
“Nos conhecemos na Bienal do Livro. Ela estava falando sobre educação. Fiquei impressionado. Começamos a conversar e em algum momento conversas viraram encontros. Encontros viraram sentimentos. Mas o casamento foi muito rápido, apenas três meses depois. Quando você sabe, você sabe. Alberto sorriu. Meu avô costuma dizer que esperou muito tempo para casar com o amor da vida dele.
Prometeu nunca cometer o mesmo erro. Aprendi com ele. Senora Rodrigues. Uma jornalista se adiantou. É verdade que estava em dificuldades financeiras severas antes de se casar? Dívidas, aluguel atrasado. Era o momento. Cristiane respirou fundo. Sim. Ela disse, voz clara. É verdade. Eu tinha dívidas de empréstimos estudantis. Minha mãe precisava de tratamento médico que não podia pagar.
Trabalhava como professora em escola pública com salário que mal cobria o básico. Ela pausou. Não tenho vergonha disso. Tenho orgulho porque lutei, sobrevivi e sim, quando Alberto ofereceu ajuda, aceitei porque amava minha mãe mais que meu orgulho. Então, casou por dinheiro, casei por amor. O dinheiro foi complicação feliz.
Cristiane sorriu ligeiramente. Olhem, não vou fingir que foi conto de fadas desde o início. Conheci Homem Rico. Ele resolveu meus problemas financeiros. Parece história clássica de interesse, certo? Mas a verdade é mais nuançada. Ela olhou para Alberto, depois de volta para os jornalistas.
Sim, o dinheiro ajudou, salvou minha mãe, aliviou o peso que carregava há anos. Mas o que me fez ficar, o que me fez amar este homem não foi a conta bancária, foi a forma como escuta meus alunos quando conto histórias deles. Como criou fundação educacional porque acreditou na minha visão. Como trata minha mãe com respeito genuíno. Como a voz dela vacilou.
Como me faz sentir que sou suficiente, exatamente como sou. O salão estava silencioso agora. Canetas pararam, todos pendiam para cada palavra. Então, sim, Cristiane continuou. Comecei esse relacionamento com dificuldades financeiras, mas fiquei por amor. E qualquer um que reduza isso à interesseira caça dinheiro não entende nada sobre por pessoas realmente ficam juntas. Foi quando aconteceu.
A porta do salão se abriu. Lucas Ferreira entrou acompanhado por repórter conhecido de tabloides. Mentira, Lucas gritou. Ela é mentirosa profissional. Fez a mesma coisa comigo na faculdade. Me usou e depois descartou quando não servi mais. O caos explodiu. Câmeras viraram, perguntas voaram. Cristiane ficou pálida, mas Alberto se levantou.
Voz trovejando. Segurança. Esse homem não foi convidado. Removam-no. Não. Cristiane se levantou também. Deixe-o ficar. Deixe-o dizer o que veio dizer. Alberto a olhou surpreso. Ela a sentiu firmemente. Lucas se aproximou. Expressão triunfante. Conte para eles, Cris, como namoro comigo porque tinha carro, porque podia pagar coisas.
E quando decidi que queria casar, você terminou friamente, sem explicação. Me usou. Você quer explicação? Cristiane desceu da plataforma, encarando-o diretamente. Aqui vai. Terminei contigo porque eras possessivo, controlador. Querias que abandonasse sonhos de ser professora para ser esposa adequada. Dizias que meu trabalho era perda de tempo, porque não pagava bem.
E quando recusei, quando disse que minha carreira importava, me chamaste de ingrata. Eu te amava. Não amavas ideia de mim que criaste. A mulher quieta que ficaria em casa e seria grata por qualquer migalha de afeto que a tirasses. Cristiane cruzou os braços. E sim, Lucas. Aproveitei quando tinhas carro e podias pagar jantares porque era estudante pobre, mas nunca fingi sentimentos, nunca menti sobre amar. E quando percebi que não era amor, terminei firme.
Sim, cruel. Não. Ela virou-se para os jornalistas. É isso que os Tavares querem pintar. Que porque terminei relacionamento tóxico na faculdade, sou interesseira, manipuladora, que por aceitei ajuda de homem que amava, sou golpista? Sua voz cresceu. Venho de família pobre. Trabalhei duro toda a minha vida.
E quando encontrei alguém que me amava pelo que sou, não pelo que deveria ser, agarrei essa chance. Julguem-me por isso, se quiserem. Mas não venham me dizer que amor só é válido quando as finanças estão equilibradas. O silêncio era absoluto. Até Lucas parecia chocado pela defesa apaixonada. Alberto desceu e ficou ao lado dela. Minha esposa ele disse, é a pessoa mais autêntica que já conheci.
Ela não fingiu amor por dinheiro. Ela aceitou amor apesar do dinheiro. Porque nesse mundo onde nasci, onde todos querem algo, ela apenas queria eu, o homem, não o herdeiro. Ele olhou diretamente para câmeras. Patrícia Tavares, sei que está assistindo. Você e seu pai gastaram meses tentando destruir meu casamento.
Investigadores, fotos falsas, vazamentos estratégicos. E agora isso? Trazer ex-namorado amargo para manchar reputação da minha esposa. Sua voz era gelo, mas falhou. Porque não pode destruir o que é genuíno. Não pode fabricar escândalo onde há apenas amor. A porta se abriu novamente.
Desta vez, para a surpresa de todos, era João Rodriguez, apoiado em bengala, acompanhado por Márcia. Desculpem o atraso, João disse. Voz rouca, mas firme. Problemas de saúde na idade. Ele se aproximou da plataforma, mas precisava estar aqui para dizer algo importante. Ele olhou para Cristiane e Alberto. Há 50 anos roubei a noiva de meu melhor amigo. Antônio Tavares nunca perdoou. Criamos geração de ódio, de vingança, de guerras corporativas que destruíram famílias, carreiras, vidas.
João pausou, emoção quebrando a voz. E meu neto Alberto estava preso nessa guerra. Casou-se inicialmente para cumprir testamento que criei para proteger a empresa. Manipulei situação porque achei que era necessário. Murmúrio entre os presentes. Mas algo inesperado aconteceu. João continuou. Alberto se apaixonou de verdade, por mulher que nem sabia de batalhas corporativas, de rivalidades antigas, de jogos de poder. E essa mulher Cristiane se apaixonou de volta.
Não pela empresa, não pelas ações, pelo homem. Ele olhou para as câmeras. Acabou. A guerra com os Tavares acabou. Antônio, sei que está assistindo. Venceu. Conseguiu sua vingança. Meu neto quase perdeu a felicidade por causa da nossa briga antiga, mas não mais.
Estou me afastando da empresa, transferindo todas as minhas ações para Alberto, sem condições, sem cláusulas de casamento, sem manipulações. Lágrimas escorriam pelo rosto velho, porque aprendi tarde demais, que nenhuma empresa vale perder amor. O salão explodiu em perguntas, mas João levantou a mão. Termino dizendo isto. Cristiane Almeida Rodrigues é a melhor coisa que aconteceu a esta família. Ela nos lembrou do que importa.
Não lucros, não controle acionário, mas amor, família, humanidade. Ele olhou para a neta por afinidade. Obrigado, menina, por salvar meu neto e por me salvar também. A coletiva terminou em caos de emoção. Jornalistas escreviam freneticamente. Câmeras capturavam cada segundo. E no centro de tudo, Cristiane e Alberto se abraçavam enquanto João sorria através das lágrimas. A verdade tinha sido dita.
Os tavares tinham sido confrontados publicamente e algo inesperado acontecera. O sacrifício de João mudara o jogo completamente, mas a verdadeira vitória não seria nas manchetes ou nos mercados, seria no que aconteceria naquela noite, quando Cristiane e Alberto finalmente ficassem sozinhos para processar tudo que havia mudado. A mansão estava silenciosa quando voltaram. Márcia dispensara a equipe por algumas horas.
João recolhera-se para descansar, exausto emocionalmente. Era apenas Cristiane e Alberto sentados na sala de estar, o peso do dia entre eles. Seu avô abriu mão de tudo. Cristiane disse finalmente: “Por nós! Não por nós”. Alberto corrigiu suavemente: “Por ele para finalmente terminar guerra que o consumiu por 50 anos. Ele suspirou.
Mas sim, por nós também. O que acontece agora?” “Agora?” Alberto sorriu cansado. Agora reconstruímos a empresa, nossa imagem, tudo. Sem cláusulas testamentárias, sem pressão de casamento obrigatório. Apenas nós. Apenas nós. Cristiane repetiu. E então o peso de suas próprias palavras a atingiu. Espera.
Sem cláusulas significa significa que você é livre. Alberto a encarou. O contrato original está nulo. As obrigações acabaram. Pode ficar ou ir. Escolha sua. O coração de Cristiane disparou. Liberdade, a coisa que desejara desesperadamente nos primeiros meses. A gaiola de ouro estava aberta, mas quando olhou para Alberto, para o homem que amava, não sentiu alívio, sentiu terror.
“Você quer que eu vá?”, ela sussurrou. Deus não. Alberto pegou as mãos dela. “Mas preciso que fique por vontade própria, não por contrato, não por obrigação. Cristiane, quando te pedi para casar foi mentira. manipulação, mas agora, hoje, sem câmeras ou contratos ou guerras corporativas, ele se ajoelhou na frente dela.
Casa comigo de verdade, não por três anos, por lágrimas vieram instantaneamente. Alberto, não precisa responder agora. Entendo, se quiser tempo, se quiser voltar para sua vida, ser professora sem todo esse circo, eu esperaria para sempre, se necessário, seu idiota.
Cristiane disse através das lágrimas: “Acha que depois de tudo isso, de me apaixonar por você, de lutar ao seu lado, eu iria embora?” Então, sim. Ela puxou para cima, beijando-o profundamente. Sim, caso com você, de verdade, desta vez, sem contratos, sem datas de validade, apenas nós. O beijo que seguiu foi diferente de todos os anteriores. Não havia performance, não havia plateia. Era apenas amor bruto, honesto, finalmente livre.
Quando finalmente se separaram, Alberto tirou algo do bolso, uma caixa de veludo. Isto é para você, independente da resposta que daria. Cristiane abriu. Dentro estava Nel, não o diamante extravagante que usava do casamento contratual, mas algo mais simples.
Mas ela, safira azul rodeada de pequenos diamantes, pertenceu à minha avó Helena, Alberto, explicou, a mulher que meu avô amou tanto que desafiou o mundo inteiro. Ele guardou por décadas. Me deu ontem, disse que era para mulher que eu realmente amasse. Não por obrigação, por escolha. Cristiane mal conseguia ver através das lágrimas. É perfeito.
Ele colocou no dedo dela ao lado da aliança de casamento que já usava. Dois anéis, dois compromissos, um falso transformado em verdadeiro. E agora? Cristiane perguntou com os Tavares, com a empresa, com tudo. Agora reconstruímos juntos. Alberto a puxou para seu colo. Márcia diz que a reação à coletiva está sendo positiva.
Pessoas adoraram a honestidade, a vulnerabilidade e a fala de meu avô está viralizando. Nenhuma empresa vale perder amor. Estão chamando de momento mais humano da história corporativa brasileira. E os Tavares? Silêncio total. Patrícia não deu entrevistas. Antônio também não. Acho que Alberto pausou. Acho que finalmente perceberam que perderam. Não, os negócios, a guerra, a vingança, tudo.
Naquela noite, deitados juntos na cama, que agora era oficialmente deles, não dele com ela como convidada, Cristiane traçou os contornos do rosto de Alberto. “Tem medo?”, ela perguntou. “De quê?” “De que seja bom demais. Que acabe, que eu acorde e perceba que sou Cinderela que devia ter voltado para casa antes da meia-noite. Alberto segurou a mão dela contra o peito, sobre o coração. Sente isso? Bate por você. Apenas você.
Não por contratos ou empresas ou legados familiares. Por você, Cristiane Almeida. E se isso é conto de fadas, então que seja eterno. Contos de fadas não são reais. Este é. E pela primeira vez, Cristiane acreditou. Com a liberdade conquistada e o amor confirmado, Cristiane e Alberto enfrentavam um novo capítulo. Mas a vida raramente permite finais simples.
Um último desafio os esperava, um que testaria não sua capacidade de fingir amor, mas de construir vida real juntos, com todas as complicações, alegrias e surpresas que amor verdadeiro traz. Três meses se passaram desde a coletiva. A vida encontrou novo ritmo. Cristiane continuava ensinando, agora com fundação educacional que Alberto criara ao lado. João se aposentara oficialmente, passando dias com velhos amigos, finalmente em paz, e os Tavares desapareceram das notícias. É estranho. Cristiane comentou uma manhã no café.
Esperava mais resistência. Antônio está velho, João disse, visitando para o café semanal que virou tradição, cansado. Acho que minha fala na coletiva o pegou. Perdemos 50 anos em guerra. Para quê? No fim, ambos ficamos sozinhos. Ele sem a mulher que amou, eu sem o amigo que perdi.
Sente falta dele? Cristiane perguntou gentilmente todos os dias. João sorriu tristemente. Mas algumas pontes quando queimadas viram cinzas, não madeira recuperável. Foi então que o telefone de Alberto tocou, número desconhecido. Ele atendeu com cautela. Alô, Alberto Rodrigues, voz desconhecida. Aqui é Dr. Mendes, do Hospital Sírio Libanês.
Sua esposa fez exames conosco semana passada. Cristiane congelou. Os exames, a tontura que teve. Alberto insistira em checkup completo. Sim. Alberto disse, olhando para ela com preocupação. Algum problema? Não, exatamente problema. Mas precisamos que venham ao hospital hoje, se possível, para discutir resultados. A ligação terminou.
Cristiane e Alberto se olharam. É sério? Ela sussurrou. Só há uma forma de descobrir. Duas horas depois, estavam no consultório médico, mãos entrelaçadas, corações disparados. Dr. Mendes entrou com pasta de arquivos, sentou-se, sorrindo gentilmente. Primeiramente, Senora Rodrigues, não há nada para se preocupar. Seus exames estão, em sua maioria perfeitos.
Em sua maioria, Alberto, se adiantou, há uma condição, não é doença, mas explica os sintomas recentes, a tontura, o cansaço, as mudanças de humor. “Que condição?”, Christiane perguntou a voz tremendo. Dr. Mendes sorriu completamente agora. “Senora Rodrigues, a senhora está grávida aproximadamente oito semanas.” O mundo parou.
Cristiane ouviu as palavras, mas não processou. Grávida. Um bebê dela e Alberto. Tem certeza? Alberto sussurrou completamente pálido. Absolutamente. Fizemos todos os testes. Parabéns a ambos. O resto da consulta foi borrão. Informações sobre pré-natal, vitaminas, cuidados. Cristiane respondia automaticamente, mas a mente estava distante. Um bebê.
No carro voltando para casa, o silêncio era pesado. Diga algo. Alberto finalmente pediu. Não sei o que dizer. É inesperado, mas é, ele pausou. Bom, Christiane olhou para ele, viu esperança misturada com terror nos olhos dele. É assustador, ela disse honestamente. Não planejamos, nem discutimos filhos. Eu sei, mas lágrimas subiram. Alberto, é nosso bebê.
Não de contrato, não de obrigação. Nosso. O sorriso que iluminou o rosto dele foi como o sol atravessando nuvens. Nosso, ele repetiu maravilhado e então, sem aviso, parou o carro, felizmente em rua residencial calma, virou-se e a beijou com intensidade, que tirou o fôlego dela. Quando se separaram, ambos estavam chorando.
“Vamos ser pais”, Christiane disse, rindo através das lágrimas. “Meu Deus, vamos ser pais. Vamos estragar tudo”, Alberto disse. Mas estava rindo também, completamente, mas juntos. A notícia foi recebida com festa na mansão. João chorou abertamente. Algo que Cristiane nunca ouvira fazer. Bisneto! Ele sussurrou, abraçando-a. Vou conhecer meu bisneto.
Dona Marta, quando soube, praticamente gritou de alegria. Sabia? Eu sabia que vocês eram especiais. Um bebê. Cristiane, minha filha, que bção. Márcia, sempre profissional, apenas sorriu, mas Cristiane viu as lágrimas nos olhos dela. Sabia desde o começo que você mudaria tudo, ela disse.
Mas nunca imaginei que seria assim, literalmente criando novo futuro. Semanas seguintes foram turbilhão de emoções, enjoos matinais, preparação de quarto de bebê, discussões sobre nomes e, surpreendentemente ligação de Patrícia Tavares. Parabéns pela gravidez, ela disse. Voz estranhamente sincera. Meu pai viu a notícia, pediu que ligasse. Por quê? Cristiane perguntou desconfiada.
Porque ele se lembrou de algo, de quando minha mãe estava grávida de mim, de como João Rodrigues, apesar da inimizade, enviou flores e parabéns. Porque ódio meu pai percebeu tarde demais. Não deveria se estender a crianças inocentes. Patrícia pausou. Então, de nossa parte, sinceramente, parabéns e desculpas por tudo. A ligação terminou. Cristiane ficou parada, processando desculpas de uma Tavares.
Quem diria, o bebê já está fazendo milagres. Alberto brincou quando contou a ele, ou revelando que até em guerras mais amargas, a humanidade esperando para ressurgir. A gravidez progrediu, Cristiane crescia, não apenas a barriga, mas todo ela. Ganhava confiança, alegria, propósito novo.
“Vou ser mãe”, ela disse uma noite, as mãos sobre a barriga de 5 meses onde o bebê chutava ativamente. E eu vou ser pai. Alberto respondeu, colocando as mãos sobre as dela, de pequeno humano que vai ter seus olhos e esperançosamente sua bondade e sua teimosia. Cristiane acrescentou e seu coração. O bebê chutou forte como concordando. Ambos riram.
Mas então Alberto ficou sério. Cristiane, preciso te perguntar algo. O quê? Quando tudo começou quando propus o casamento de contrato, se soubesse que levaria isto, amor real, bebê, vida juntos. teria aceitado mesmo assim. Cristiane pensou nas dívidas, no desespero, na raiva inicial, em todos os obstáculos e mentiras e jogos corporativos.
“Sim”, ela disse finalmente, “Porque no fim todas aquelas dificuldades nos trouxeram aqui. E aqui ela olhou ao redor da biblioteca onde estavam, depois para o homem que amava, depois para a barriga onde seu filho crescia. Aqui é exatamente onde devo estar, mesmo que tenha começado com mentira, especialmente porque começou com mentira, porque prova que até dos começos mais impossíveis pode nascer algo real, algo verdadeiro, algo, ela sorriu eterno.
Alberto a beijou gentilmente, reverentemente, e na barriga entre eles, o bebê chutou de novo como selando a promessa. A revelação da gravidez mudou tudo. o que começara como transação fria se transformara em família. Mas um último capítulo aguardava o nascimento do bebê e a consolidação final de que o amor que construíram era indestrutível. Meso da coletiva fatídica, numa madrugada de dezembro, Cristiane acordou com contrações.
“Alberto”, ela sussurrou, sacudindo-o. “É hora!” Ele pulou da cama tão rápido que tropeçou nos próprios pés. Agora já a bolsa rompeu. Respiração está normal. Cadê a bolsa do hospital? Alberto, Christiane disse entre risada e contração. Respire. Está mais nervoso que eu. Desculpe. É só que ele parou, olhando para ela com aquela mistura de amor e terror. Vamos
conhecer nosso filho. Vamos. O caminho para o hospital sírio libanês foi um borrão. Alberto dirigia com cuidado excessivo, parando completamente em cada sinal amarelo. Márcia já estava lá esperando, eficiente como sempre. João chegou minutos depois, apoiado na bengala, mas com energia de homem muito mais jovem. As horas seguintes foram intensas. contrações. Epidural, médicos entrando e saindo.
Alberto ao lado dela o tempo todo, segurando sua mão, sussurrando encorajamentos. Você consegue. Você é a mulher mais forte que conheço. Fácil para você dizer, Christiane respondeu entre dentes. Você não está parindo uma melancia. Ele riu, beijando sua testa. Verdade. Mas estou aqui cada segundo.
E estava quando a dor ficava insuportável, quando Cristiane gritava que não aguentava mais. Quando pensava em desistir, a voz dele estava ali, âncora na tempestade. Até que, finalmente, após 8 horas de trabalho de parto, o choro cortou o ar. É menino! A médica anunciou levantando o bebê coberto de verniix e chorando aos pulmões. Cristiane caiu para trás, exausta.
Mas o som do choro do filho era a música mais bonita que já ouvira. “Quer cortar o cordão, papai?”, A enfermeira perguntou a Alberto. Ele assentiu, mudo de emoção, e, com mãos tremendo cortou o cordão umbilical que conectava mãe e filho por 9 meses. Então, o bebê foi colocado no peito de Cristiane, olhos azuis minúsculos, punhos cerrados, boca procurando instintivamente: “Perfeito, absolutamente perfeito.” “Oi, Miguel”, Christiane sussurrou, lágrimas escorrendo livremente.
tinham escolhido o nome semanas atrás, homenagem ao bisavô de Alberto. Bem-vindo ao mundo, meu amor. Alberto se ajoelhou ao lado da cama, tocando delicadamente a cabecinha do filho. Miguel Rodrigues Almeida, ele disse, voz quebrada de emoção. Nosso filho, nosso milagre. Cristiane corrigiu olhando para ele, e naquele momento com o bebê entre eles, não havia contratos, não havia Tavares ou Rodrigues ou guerras corporativas, apenas amor, puro, simples, eterno. João entrou no quarto com permissão dos médicos. Quando viu o
bisneto, o velho homem que tinha construído o império, que tinha lutado guerras, que tinha perdido amor e encontrado redenção, chorou como criança. “Ele é lindo”, João sussurrou tocando a mãozinha de Miguel. Igualzinho a você era, Alberto. E aos olhos ele olhou para Cristiane. Tem os olhos da mãe misericordiosos.
Dona Marta chegou minutos depois, praticamente correndo pelos corredores, apesar da artrite. Meu neto, deixa eu ver, meu neto. As horas seguintes foram família, fotos, lágrimas, risadas. Márcia apareceu brevemente, trouxe flores e saiu discretamente. “Isto é momento de vocês”, ela disse. Quando finalmente ficaram sozinhos, Cristiane, Alberto e Miguel, a realidade do momento os atingiu. Somos pais.
Cristiane disse maravilhada, observando Miguel dormir em seus braços. Somos Alberto concordou sentado na beirada da cama hospitalar. E vou estragar tudo às vezes. Eu também, mas faremos juntos, sempre juntos. Miguel mexeu no sono, pequena mão agarrando o dedo de Alberto. O gesto simples quebrou a última parede de Alberto. Ele soluçou todo o peso dos últimos meses, anos, finalmente liberado. “Obrigado”, ele sussurrou.
“Por ficar, por lutar, por me dar isto, nos dar.” Cristiane corrigiu. Ele é nosso, produto de tudo que passamos, do contrato que virou amor, da mentira que virou verdade mais bonita. Naquela noite, quando Miguel dormia no berço ao lado da cama, quando a equipe médica fazia rondas finais, Alberto pegou a mão de Cristiane.
Lembra quando perguntei se você se arrependia de ter aceitado a proposta inicial? Lembro. E agora, depois de tudo, a manipulação, os tavares, as mentiras, Cristiane olhou para o filho dormindo, para o homem que amava, para a família que construíram de fundação mais improvável. faria tudo de novo.
Ela disse: “Cada mentira, cada contrato, cada momento difícil, porque me trouxe aqui a vocês dois, mesmo que tenha começado falso, especialmente porque começou falso, prova que amor verdadeiro pode nascer de qualquer lugar, até de contrato de casamento de conveniência.” Alberto sorriu. Quem diria que Cinderela brasileira e o príncipe bilionário teria um final feliz de verdade, com revisões dramáticas no roteiro, Cristiane acrescentou, as melhores histórias sempre tem.
Um ano depois, no primeiro aniversário de Miguel, a família Rodrigues organizou festa no Jardim da Mansão. Não evento extravagante da alta sociedade, apenas família próxima, amigos verdadeiros e, surpreendentemente, Antônio e Patrícia Tavares. “Espero que não se importem”, Antônio disse, aproximando-se de Cristiane timidamente. Patrícia insistiu e eu queria conhecer o menino, se me permite. Cristiane olhou para Alberto, que assentiu.
Claro”, ela disse, pegando Miguel, que brincava no gramado. “Miguel, este é o Senr. Tavares?” Antônio olhou para o bebê e algo em seu rosto rachado. “Ele tem os olhos de Helena”, ele sussurrou. “A mulher que que João amou.” “Senhor?” Cristiane perguntou gentilmente, “Gastei 50 anos odiando João por roubá-la de mim, mas olhando este menino fruto de tudo que aconteceu, percebo, talvez tudo tenha sido como deveria.
Talvez Helena escolheu certo, porque levou a isto, a vida, a amor, a recomeço. Ele olhou para Cristiane. Obrigado por me lembrar que ódio desperdiça tempo que deveria ser gasto amando. A festa continuou, crianças corriam, adultos conversavam e, pela primeira vez em 50 anos, Rodrigues e Tavares compartilhavam espaço sem guerra.
“Quem diria?”, João murmurou para Cristiane, observando Antônio brincar com Miguel. Um bebê fazendo o que décadas de negociação não conseguiu. Amor, faz isso? Cristiane respondeu: “Cura coisas que pensávamos incuráveis. Naquela noite, depois que convidados saíram, depois que Miguel dormiu exausto de tanto brincar, Cristiane e Alberto ficaram no jardim sob as estrelas. Pensando em quê?”, Alberto perguntou, abraçando-a por trás.
“Em como tudo mudou? Há um ano estava aterrorizada no hospital. há dois anos estava aceitando o contrato de casamento falso e agora ela se virou para encará-lo. Agora estou mais feliz do que jamais imaginei possível. Mesmo com todos os desafios, por causa dos desafios, eles nos moldaram, nos fizeram isto.
Ela gesticulou para a mansão, para o quarto onde Miguel dormia para eles dois. Família real, não perfeita, mas real. Alberto a beijou suavemente. Te amo, mais hoje que ontem e menos que amanhã. Piegas, Christiane brincou. Verdadeiro. Ele corrigiu. E era cada palavra, porque aquele casamento que começara como transação fria, como manipulação corporativa, como mentira necessária, tinha se transformado na verdade mais linda que qualquer um deles poderia ter imaginado.
O contrato tinha acabado, mas o amor, o amor era para sempre. E enquanto Miguel dormia pacificamente, sonhando sonhos de bebê, enquanto João finalmente descansava em paz com o passado, enquanto até os Tavares encontravam redenção, Cristiane e Alberto sabiam uma coisa com absoluta certeza. Às vezes, os finais mais improváveis são os únicos que fazem sentido, porque é nas jornadas impossíveis que encontramos nosso verdadeiro destino.
E o deles começara com uma mentira que se tornara a verdade mais sagrada de suas vidas. Para sempre. Cristiane sussurrou contra o peito de Alberto. Para sempre. Ele concordou, segurando-a mais perto. E soube as estrelas de São Paulo, na mansão que deixara de ser prisão para se tornar lar, o amor triunfou, não porque era fácil, mas porque era real. M.
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