Você já sentiu que estava no lugar errado até encontrar a pessoa certa? Essa é a história de uma jovem veterinária que descobriu que o amor verdadeiro não respeita diferenças de idade, julgamentos alheios ou fantasmas do passado. Uma jornada emocionante que vai fazer seu coração acelerar a cada capítulo. Antes de começarmos, me conta de onde você está assistindo.
Deixa nos comentários. E se você gosta de histórias que tocam a alma, se inscreve no canal e deixa aquele like para fortalecer. Agora, prepare-se para conhecer Carolina e Roberto e uma história de amor que vai transformar tudo o que você pensa sobre recomeços. Vamos lá. O sol de março queimava impiedoso sobre a estrada de Terra Vermelha, quando Carolina Silva avistou pela primeira vez os portões da fazenda Boa Vista.
Suas mãos suavam no volante do Fiat no branco enquanto lia a placa de madeira entalhada. Fazenda Boa Vista, pecuária de excelência desde 1987. Aos 24 anos, recém formada em medicina veterinária pela Universidade Federal do Paraná, ela estava prestes a começar seu primeiro emprego de verdade, longe do conforto do interior paranaense, onde crescera.
A propriedade se estendia até onde seus olhos conseguiam alcançar. 12.000 hectares de pastagens verdejantes, currais modernos e instalações que pareciam saídas de uma revista de agronegócio. Carolina engoliu em seco. Aquilo era muito maior do que imaginara quando aceitou a vaga por telefone.
“Você consegue, Carol?”, murmurou para si mesma, ajeitando os óculos de grau no rosto. “Não estudou seis anos para ter medo agora. O carro avançou pela estrada interna, levantando uma nuvem de poeira alaranjada. Ao longe, a casa sede se revelava gradualmente. Uma construção imponente de arquitetura contemporânea, com grandes janelas de vidro, madeira de demolição nas paredes externas e um jardim meticulosamente cuidado. Carolina sentiu um frio na barriga.
Aquilo não era apenas uma fazenda, era um império. Estacionou próximo ao que parecia ser o escritório veterinário, um prédio anexo com telhado verde e paredes brancas impecáveis. Antes que pudesse descer do carro, um homem de aproximadamente 50 anos, pele curtida pelo sol e chapéu de couro na cabeça, aproximou-se com um sorriso largo. A senhorita deve ser a Dra. Carolina.
Sou o José Capataz da fazenda. Seja muito bem-vinda. A voz era calorosa, o sotaque carregado do Centro-Oeste. Carolina desceu do carro, alisando nervosamente a calça jeans e a camisa xadrez que escolhera para o primeiro dia. “Por favor, pode me chamar só de Carol? Doutora me faz sentir velha demais.” Sorriu, tentando disfarçar o nervosismo.
Carol, então, seu José pegou a mala dela com gentileza. O patrão está terminando uma reunião, mas deixou tudo preparado para sua chegada. Vou mostrar o alojamento primeiro, depois fazemos um tour pela propriedade. Que tal? Enquanto caminhavam, Carolina não conseguia parar de observar cada detalhe. Os currais de contenção eram equipados com tecnologia de última geração. As balanças eletrônicas brilhavam ao sol.
Funcionários cumprimentavam seu José com respeito genuíno e ele retribuía cada aceno conhecendo todos pelos nomes. Aqui cuidamos de 400.000 cabeças de gado de corte. explicava o capataz com orgulho evidente. É uma operação grande, mas o Dr. Roberto faz questão de manter padrões de bem-estar animal impecáveis.
Por isso, procurava uma veterinária dedicada. 400.000. Carolina arregalou os olhos. Eu nunca trabalhei em uma escala tão grande. Não se preocupe, mocinha. Temos uma equipe boa. Você vai se adaptar rápido. Seu José parou em frente a uma casa pequena, mas charmosa, com varandinha e jardim de flores silvestres. Esse aqui vai ser seu cantinho.
A dona Rosa, nossa governanta, deixou tudo arrumado. Qualquer coisa que precisar é só chamar. O interior era aconchegante. Sala simples com sofá bege, cozinha compacta, um quarto com cama de casal e colouxa de retalhos coloridos. Carolina sentiu uma pontada de saudade da casa dos pais, mas afastou o sentimento. Aquilo era uma oportunidade única. Descanse um pouco, tome um banho.
Daqui a uma hora venho buscar para conhecer as instalações veterinárias. E seu José hesitou como se escolhesse as palavras com cuidado, e apresentá-la ao Dr. Roberto. Havia algo no tom dele, uma reverência misturada com preocupação. Carolina não soube identificar, mas acenou concordando. Quando ficou sozinha, deixou-se cair na cama, o coração ainda acelerado.
Uma hora depois, vestindo um jaleco branco sobre a roupa e com os cabelos castanhos presos em um rabo de cavalo, Carolina seguia Seu José pelo caminho que levava ao escritório veterinário. O sol já começava a declinar, pintando o céu de tons alaranjados e rosados típicos do fim de tarde no Centro-Oeste. “O Dr.
Roberto é, como posso dizer, um homem de poucas palavras.” Seu José começou enquanto caminhavam. Desde que perdeu a esposa já há três anos, ele meio que se fechou para o mundo, mas é justo, trabalhador e se preocupa de verdade com a fazenda e com as pessoas aqui. Carolina quis perguntar mais, mas chegaram à porta do escritório antes que pudesse formular as palavras.
Seu José bateu duas vezes e uma voz grave respondeu de dentro: “Entre”. O que Carolina viu quando a porta se abriu a deixou completamente despreparada. Roberto Almeida estava de pé atrás de uma mesa de madeira maciça, estudando papéis sob a luz dourada que entrava pelas janelas amplas. Tinha 40 anos, mas aparentava menos.
Alto, ombros largos, cabelos negros, com alguns fios grisalhos nas têmporas, mandíbula forte marcada por uma barba por fazer de alguns dias. Vestia uma camisa social azul com as mangas dobradas até os cotovelos, revelando antebraços bronzeados e musculosos. Mas foram os olhos que a capturaram, escuros, profundos, carregando um peso que ela não soube nomear imediatamente.
Quando ele ergueu o olhar e seus olhos se encontraram, Carolina sentiu como se o ar tivesse sido sugado da sala. “Dr. Roberto, esta é a Dra. Carolina Silva, apresentou seu José, alheio à eletricidade que pareceu preencher o ambiente. Roberto ficou paralisado por uma fração de segundo, tão breve que talvez apenas Carolina tivesse notado.
Então ele piscou e uma máscara de profissionalismo desceu sobre suas feições. Dout. Carolina. Sua voz era ainda mais grave de perto, carregada de uma formalidade que contrastava com o calor em seus olhos. Seja bem-vinda à Fazenda Boa Vista. Espero que sua viagem tenha sido tranquila. Ele não ofereceu a mão para cumprimentá-la.
Manteve-se atrás da mesa como se precisasse daquela barreira física entre eles. Foi sim. Obrigada, Senr. Almeida. Carolina forçou o profissionalismo na própria voz, embora seu coração batesse descompassado. Estou ansiosa para começar o trabalho. Vejo que seu José já lhe mostrou o alojamento. Roberto finalmente contornou a mesa, mas manteve uma distância respeitosa.
De perto, Carolina percebeu detalhes que a afetaram mais do que deveria. A forma como ele segurava os papéis com mãos grandes e calejadas, a maneira como uma pequena cicatriz cortava sua sobrancelha esquerda, o cheiro sutil de madeira e terra que emanava dele. Amanhã, às 6 da manhã, começamos com a inspeção do gado do setor norte. Teremos um parto complicado para acompanhar também.
Consegue lidar com horários difíceis? Não seria veterinária se não conseguisse, senhor. As palavras saíram com mais confiança do que Carolina sentia. Pela primeira vez, algo pareceu se suavizar no rosto de Roberto. Não chegou a ser um sorriso, mas o canto de sua boca se curvou levemente. Bem respondido, ele voltou para trás da mesa, claramente encerrando a reunião.
Seu José, acompanha a doutora até o refeitório. Dona Rosa preparou o jantar. Sim, senhor. O capataz fez um gesto para Carolina. Vamos, menina. Mas antes de sair, Carolina olhou para trás uma última vez. Roberto estava de costas. olhando pela janela para as pastagens que se estendiam infinitas.
A postura dele era de solidão tão profunda que ela sentiu vontade de dizer algo, qualquer coisa, para quebrar aquele silêncio pesado. Não disse nada, apenas fechou a porta com delicadeza. Naquela noite, deitada em sua nova cama, Carolina não conseguiu dormir. Cada vez que fechava os olhos, via aqueles olhos escuros carregados de dor. Via a forma como Roberto mantivera distância, como se tivesse medo de que qualquer proximidade pudesse quebrar algo dentro dele.
“O que aconteceu com você?”, sussurrou ela para o escuro do quarto, sabendo que a resposta talvez mudasse tudo. E enquanto a lua cheia iluminava as pastagens da fazenda Boa Vista em algum lugar da casa sede, Roberto Almeida também estava acordado lutando contra pensamentos sobre uma jovem veterinária de olhos castanhos que, sem saber, acabara de abalar as paredes que ele construíra ao redor de seu coração nos últimos três anos.
Como Carolina lidaria com os sentimentos inesperados e que segredos o passado de Roberto escondia. Os primeiros dias de Carolina na fazenda Boa Vista foram uma mistura de fascinação profissional e confusão emocional. O trabalho era exatamente o que ela sonhara, desafiador, significativo, fazendo diferença real na vida dos animais.
Mas Roberto Almeida era um enigma que a perturbava mais do que deveria. Ele era presente, mas distante. Aparecia durante os procedimentos veterinários, fazendo perguntas técnicas precisas, demonstrando conhecimento impressionante sobre o manejo do gado, mas nunca se aproximava demais, nunca deixava que conversas se tornassem pessoais, mantinha sempre aquela distância respeitosa que Carolina começava a achar frustrante. “Ele sempre foi assim?”, perguntou ela a seu José numa tarde de quinta-feira, enquanto inspecionavam um
lote de bezerros recém-nascidos. O capataz limpou o suor da testa com um lenço vermelho. Antes não. Dr. Roberto era diferente quando a dona Fernanda era viva, sorridente, brincalhão até. Mas depois do acidente, sua voz se perdeu carregada de tristeza. A culpa comeu ele por dentro, sabe? Acho que ele decidiu que não merece mais ser feliz.
Culpa? Carolina sentiu o coração apertar. Mas o acidente não foi culpa dele, foi? Não no sentido real, mas na cabeça dele. Seu José balançou a cabeça. Foi há 3 anos na BR163. Estavam voltando de São Paulo. O doutor tinha bebido em um jantar de negócios. Então a dona Fernanda dirigiu. Chovendo forte, um caminhão perdeu o controle e bateu de frente. Ela morreu na hora.
Ele saiu só com arranhões. O homem mais velho limpou os olhos discretamente. Desde então, ele trabalha de sol a sol, como se pudesse se punir pelo que aconteceu. Carolina ficou em silêncio, processando a informação. Explicava tanto.
A solidão que emanava de Roberto, a forma como ele evitava qualquer conexão pessoal, o peso que carregava nos olhos. Naquela noite, o céu começou a escurecer mais cedo do que o normal. Nuvens negras se acumulavam no horizonte e o ar ficou carregado de eletricidade estática. Carolina estava no curral oeste, auxiliando no parto complicado de uma vaca quando as primeiras gotas pesadas começaram a cair.
Tempestade chegando avisou seu José, olhando preocupado para o céu. E vai ser forte. Essas tempestades de março no centro-Oeste não são brincadeira. Ele estava certo. Em minutos, a chuva transformou-se em dilúvio. Trovões explodiam no céu com força ensurdecedora, e relâmpagos rasgavam as trevas com clarões brancos e violentos. Carolina estava completamente encharcada, mas não podia parar.
A vaca estava tendo dificuldades e o bezerro precisava sair logo, ou ambos estariam em risco. “Vá buscar ajuda!”, gritou ela para seu José por sobre o barulho da tempestade. Preciso de mais mãos aqui. O capataz correu sob a chuva torrencial. Carolina trabalhou sozinha.
Suas mãos habilidosas, mas trêmulas de frio e esforço. A vaca mugia em sofrimento e Carolina murmurava palavras tranquilizadoras que mal podiam ser ouvidas sobre o rugido da tempestade. Não ouviu quando a caminhonete parou no curral. não percebeu a presença, até que uma voz grave falou atrás dela. O que precisa que eu faça? Carolina virou-se bruscamente. Roberto estava ali tão encharcado quanto ela.
Camisa colada ao corpo, definindo músculos que ela tentou não notar, cabelo preto grudado na testa, mas foi o olhar dele que a surpreendeu. Focado, preocupado, completamente presente. “Preciso que segure aqui”, instruiu ela rapidamente, voltando ao modo profissional. Vou reposicionar o bezerro. A cabeça está virada.
No meu sinal, você puxa com firmeza, mas cuidado. Entendeu? Entendido. Eles trabalharam em sincronia perfeita. Carolina guiava, Roberto executava. Suas mãos se tocaram várias vezes durante o processo. Contatos breves, funcionais, mas que pareciam deixar marcas de calor mesmo sob a chuva gelada.
Depois de 20 minutos de esforço intenso, o bezerro finalmente deslizou para fora, molhado e tremendo, mas vivo. “Conseguimos!”, ofegou Carolina, limpando o nariz e boca do animal com movimentos rápidos e precisos. O bezerro deu sua primeira respiração trêmula e a mãe imediatamente começou a lambê-lo com dedicação instintiva.
Roberto estava ajoelhado na lama ao lado de Carolina, respirando pesado. Pela primeira vez desde que ela chegara, não havia distância entre eles. Seus ombros quase se tocavam. Carolina virou o rosto e encontrou Roberto já olhando para ela. O momento se estendeu. A chuva continuava caindo, mas parecia distante.
Carolina viu algo desmoronar nos olhos dele, como se aquelas paredes cuidadosamente construídas tivessem desenvolvido rachaduras. Você é muito boa no que faz”, disse Roberto, a voz baixa, quase íntima. “Obrigado por salvar os dois. É meu trabalho”, respondeu Carolina, mas sua voz saiu rouca, afetada. “Não é mais que isso. Você se importa de verdade.” Ele hesitou e então fez algo completamente inesperado.
Estendeu a mão e limpou uma mancha de lama da bochecha dela com o polegar. O gesto foi suave, quase reverente. Carolina congelou. Seu coração disparando. O toque era simples, durara apenas segundos, mas sentiu-se como se algo fundamental tivesse mudado entre eles. Roberto pareceu perceber a intimidade do gesto e recuou bruscamente, voltando à formalidade.
Você não pode voltar para o alojamento nessa tempestade. A estrada está perigosa. Venha para a casa sede. Dona Rosa preparará um quarto. Não era um convite, era uma declaração prática, lógica. Mas a forma como ele desviou o olhar traiu que havia mais naquele convite do que simples hospitalidade. A casa sede era ainda mais impressionante por dentro.
Pé direito alto, decoração que misturava rústico e contemporâneo com gosto refinado, obras de arte nas paredes. Dona Rosa, uma senhora robusta de cabelos grisalhos e sorriso caloroso, recebeu Carolina com toalhas limpas e palavras reconfortantes. Meu Deus, menina, você está congelando. Vem, vem. Vou preparar um banho quente e separar roupas secas para você.
Roberto desapareceu para seu próprio quarto, mas não antes de lançar um último olhar para Carolina, um olhar tão carregado de coisas não ditas que ela sentiu suas pernas bambas. 40 minutos depois, limpa e vestindo roupas femininas emprestadas, uma calça de moletom cinza e uma blusa de manga comprida azul marinho que cheiravam levemente a perfume floral.
Carolina desceu para o jantar que dona Rosa insistiu em preparar. Essas roupas eram da dona Fernanda”, comentou a governanta com carinho enquanto servia sopado quente. “Ela quase o seu tamanho. Tenho certeza que ela não se importaria que você usasse.” Carolina sentiu um frio estranho.
Estava usando as roupas da falecida esposa de Roberto. Era íntimo demais, invasivo. Quis dizer algo, mas Roberto entrou na sala de jantar naquele momento. Ele parou no limiar quando a viu. Seus olhos varreram Carolina das roupas ao rosto, e algo doloroso passou por suas feições, reconhecimento, talvez, saudade, mas ele se recompôs rapidamente e sentou-se à mesa.
O jantar foi silencioso nos primeiros minutos, apenas o som dos talheres e da chuva que continuava caindo do lado de fora. Então, Roberto falou surpreendendo a ambos. Você é de onde, Carolina? Era a primeira vez que ele usava seu nome sem o título de doutora. Soou diferente na voz dele, íntimo pessoal. Interior do Paraná, cidade pequena chamada Castro. Meu pai tem um sítio pequeno, apenas algumas cabeças de gado de leite. Ela tomou coragem.
E você? Sempre morou aqui em Mato Grosso do Sul? Nasci em Campo Grande. Meu pai comprou essas terras quando eu era adolescente. Construímos a fazenda juntos. Sua voz carregava orgulho e melancolia. Ele morreu há 10 anos, deixou tudo para mim. Sinto muito, faz parte da vida. Roberto tomou um gole de vinho tinto, os olhos distantes.
Perdas fazem parte. O peso daquelas palavras pairou sobre a mesa. Carolina sentiu que ele não estava falando apenas do pai. Seu José me contou”, ela disse suavemente sobre Fernanda, sobre o acidente. “Sinto muito, Roberto.
Era a primeira vez que usava apenas seu nome, sem formalidade, e o impacto foi visível nele. A mandíbula tensionou, os dedos apertaram o copo com força. Não é algo sobre o que eu goste de falar, eu entendo. Mas Carolina respirou fundo, decidindo ser corajosa. Carregar culpa por algo que não foi sua responsabilidade vai apenas destruir você por dentro. Você sabe disso, não sabe? Roberto ergueu os olhos e o que ela viu ali a abalou.
Dor crua, vulnerabilidade, um homem à beira de um abismo emocional. “Você não entende”, disse ele, a voz tensa. “Fui eu quem insistiu que ela fosse. Fui eu quem bebeu demais para poder dirigir. Foi por minha causa que ela estava naquele carro, naquela estrada, naquela noite. Como posso não me culpar? Porque acidentes acontecem, porque a vida é imprevisível e injusta.
Porque se punir não vai trazê-la de volta. Carolina estendeu a mão por cima da mesa, quase tocando a dele, mas não completamente. Fernanda gostaria de ver você assim, trancado em sua própria culpa? Roberto fechou os olhos, a respiração pesada. Quando os abriu novamente, havia algo diferente ali, como se uma comporta tivesse sido aberta, deixando escapar emoções a muito represadas.
Ela sempre dizia que eu pensava demais, que me cobrava demais. Um sorriso triste tocou seus lábios. Tinha um projeto que planejávamos juntos, construir uma escola rural para filhos de funcionários e pequenos produtores da região, no distrito de Santa Rita, a 15 km daqui. Compramos o terreno, fizemos os projetos, mas depois que ela, sua voz falhou, não consegui mais tocar naquilo.
Está tudo parado. Talvez seja a hora de recomeçar. sugeriu Carolina gentilmente, não como um memorial de dor, mas como uma homenagem ao sonho de vocês. Roberto olhou para ela longamente, como se realmente a estivesse vendo pela primeira vez, não apenas como a veterinária contratada, mas como uma pessoa que, de alguma forma impossível parecia entender pedaços dele que nem ele mesmo compreendia. “Por que você se importa?”, perguntou ele. Voz rouca.
A pergunta pairou no ar. Carolina não tinha uma resposta racional. Porque se importava com a dor de um homem que mal conhecia, porque sentia aquela necessidade quase física de aliviar o peso que ele carregava? Porque reconheço alguém que merece ser feliz novamente?”, respondeu ela honestamente.
E por que, de alguma forma que não sei explicar, sinto que nossos caminhos se cruzaram por algum motivo. O silêncio que se seguiu era carregado de possibilidades. Do lado de fora, a tempestade começava a amainar, mas dentro daquela sala de jantar, outra tempestade de emoções, de atração não admitida, de conexões improváveis, apenas começava a se formar.
Roberto se levantou abruptamente, a cadeira raspando no chão. É tarde, você deve estar cansada. Dona Rosa preparou o quarto de hóspedes. Ele não olhou para ela enquanto falava. Boa noite, Carolina. E saiu da sala antes que ela pudesse responder, deixando-a sozinha, com o coração acelerado, e perguntas sem resposta, ecoando em sua mente. O que aquela noite significaria para ambos? E como enfrentariam os sentimentos que começavam a florescer entre eles? Os dias após a tempestade, trouxeram uma mudança sutil, mas perceptível na dinâmica entre Carolina e Roberto. Ele continuava profissional durante o trabalho, mas ocasionalmente permitia
momentos de conversa genuína, uma pergunta sobre sua formação aqui, um comentário sobre técnicas veterinárias ali, pequenas aberturas nas paredes que ele construíra. Carolina se via pensando nele em momentos inadequados. Quando acordava de manhã e via o sol nascendo sobre as pastagens, imaginava Roberto já acordado, percorrendo a fazenda antes de todos os outros.
Durante os almoços no refeitório com os funcionários, procurava involuntariamente por ele, e seu coração pulava quando o encontrava. “Você está gostando daqui, menina?”, perguntou dona Rosa numa tarde, enquanto Carolina ajudava a descascar batatas na cozinha da casa sede. A governanta insistira que ela viesse jantar. com mais frequência e Carolina não conseguira recusar a hospitalidade calorosa. Estou amando respondeu Carolina sinceramente.
O trabalho é desafiador, mas gratificante. E todos aqui são tão acolhedores? Dona Rosa sorriu, mas havia algo perspicaz em seus olhos. E o Dr. Roberto, como está o trabalho com ele? Carolina sentiu o rosto esquentar. Ele é profissional, conhecedor, um pouco distante, mas justo. Hum. A governanta não pareceu convencida, sabe? Em três anos você é a primeira pessoa que conseguiu fazer ele falar sobre a dona Fernanda.
Seu José me contou sobre aquela noite na tempestade. Ele ainda está sofrendo muito disse Carolina suavemente. Sim, mas pela primeira vez desde o acidente vejo algo diferente nele. Uma luz que pensei que tinha se apagado para sempre. Dona Rosa pousou uma mão maternal no ombro de Carolina.
Seja paciente com ele, minha filha. O coração dele está machucado, mas ainda funciona. Só precisa do tempo certo e da pessoa certa. As palavras da governanta ecoaram na mente de Carolina pelo resto da tarde. Seria ela a pessoa certa? A ideia era absurda. Mal se conheciam. Havia 16 anos de diferença entre eles.
Ela era apenas uma funcionária, mas o coração não ligava para a lógica. Dois dias depois, Roberto apareceu no escritório veterinário no fim da tarde, quando Carolina organizava relatórios. “Tem um minuto?”, perguntou ele, apoiado no batente da porta, as mãos nos bolsos da calça jeans de forma descontraída. Algo raro nele. “Claro.” Carolina salvou o arquivo no computador. “Aceu algo?” “Não, eu”va pensando.
Ele entrou na sala e Carolina percebeu que ele parecia nervoso, outro estado em comum. Você mencionou aquele projeto da escola e eu, bem, comecei a olhar os planos novamente. Pensei que talvez você quisesse ver o terreno, os projetos. Se tiver interesse, claro, não é obrigação. As palavras saíram rápidas demais, tropeçando umas nas outras.
Roberto estava se oferecendo para compartilhar algo profundamente pessoal, e a vulnerabilidade daquilo tocou Carolina profundamente. “Eu adoraria”, disse ela sorrindo. “Quando? Amanhã à tarde podemos ir depois que você terminar a inspeção do setor sul.” Perfeito. Um sorriso pequeno, mas genuíno, curvou os lábios de Roberto. Foi como ver o sol aparecendo depois de dias nublados. Então está combinado.
No dia seguinte, Carolina se preparou com um cuidado que reconhecia ser excessivo para uma simples visita a um terreno. Escolheu uma calça jeans que a favorecia, uma blusa branca simples, mas bonita. Passou um batom rosa claro e soltou os cabelos dos eternos rabos de cavalo, deixando-os caírem sobre os ombros em ondas naturais.
Quando Roberto veio buscá-la na caminhonete, ela notou que ele também parecia ter se arrumado. Camisa cinza que realçava seus olhos escuros, barba aparada, cabelo penteado. Seus olhos se demoraram nela quando entrou no veículo e algo passou pelo rosto dele. Admiração, talvez. A viagem até Santa Rita levou 20 minutos.
Eles conversaram sobre coisas leves, o clima, um bezerro que nascera de manhã, as plantações de soja nas propriedades vizinhas, mas havia uma consciência palpável entre eles, uma tensão que não era desconfortável, apenas presente. O terreno era perfeito. 5 hactares de terra plana, com algumas árvores nativas ao redor, próximo o suficiente da estrada principal para ser acessível, mas distante o suficiente para ter paz. Roberto parou a caminhonete e desceram.
Era aqui disse ele, a voz carregada de emoção. Fernanda queria que a entrada principal ficasse voltada para o nascente. Dizia que as crianças mereciam começar o dia vendo o sol entrar pelas janelas. Carolina caminhou pelo terreno, imaginando o projeto tomando forma. Quantas salas de aula? Oito. Para atender do infantil ao fundamental.
Uma biblioteca, refeitório, quadra coberta. Roberto tirou uma pasta do carro com os projetos arquitetônicos, abriu sobre o capô e Carolina se aproximou para ver. Enquanto ele explicava cada detalhe, com uma paixão que não demonstrava ao falar de mais nada, Carolina o observava. Via como seus olhos se iluminavam ao descrever o playground que haviam planejado, a horta comunitária que envolveria as famílias, o auditório para eventos culturais.
“É lindo, Roberto”, disse ela honestamente quando ele terminou. Por que você parou? Ele ficou em silêncio por um longo momento, olhando para o projeto. Porque fazer isso sem ela parecia uma traição, como se eu estivesse seguindo em frente e ela ficasse para trás, esquecida. Carolina tocou suavemente seu braço. Realizar o sonho de vocês não é esquecer, é honrar.
É dar significado à perda. É transformar dor em algo bom. Roberto cobriu a mão dela com a sua, um gesto simples, mas íntimo. Seus dedos eram ásperos, grandes, completamente envolvendoos dela. E naquele momento, com o sol da tarde iluminando o terreno vazio, que um dia seria uma escola, Carolina sentiu que algo fundamental estava mudando entre eles.
“Você me faz querer acreditar nisso”, disse ele baixinho, virando-se para encará-la. “Você me faz querer acreditar que ainda há coisas boas possíveis. Eles estavam perto demais. Carolina podia sentir o calor do corpo dele, ver as pequenas linhas ao redor de seus olhos, contar os fios grisalhos em sua têmpora. Seu coração martelava tão forte que ela tinha certeza de que ele podia ouvir.
Roberto ergueu a mão livre e com delicadeza infinita afastou uma mecha de cabelo do rosto dela. Seus dedos se demoraram na bochecha dela, o toque quente como brasa. Carolina”, murmurou ele, “e havia tantas coisas naquele nome. Desejo, medo, esperança, conflito.” “Sim”, sussurrou ela, mal conseguindo respirar. Ele se inclinou. Apenas alguns centímetros o separavam. Carolina podia sentir o hálito dele mesclando-se ao seu. Fechou os olhos antecipando.
Roberto recuou bruscamente, largando sua mão como se queimasse. Não, não posso. Ele passou as mãos pelo cabelo, claramente perturbado. Isso seria inadequado. Você trabalha para mim. Há uma diferença de idade e eu eu não estou pronto para isso. A rejeição doeu mais do que Carolina esperava. sentiu lágrimas ameaçando, mas piscou para afastá-las. “Eu entendo.
” “Não, você não entende.” Roberto virou-se para encará-la novamente, e a agonia em seu rosto era visceral. “Se eu permitir isso, se eu abrir essa porta, vou magoar você, porque ainda estou quebrado, Carolina. E homens quebrados não tm nada de bom para oferecer. E se eu estiver disposta a correr esse risco, eu não estou.
” Sua voz era firme, mas seus olhos contavam uma história diferente. Vamos voltar. A viagem de retorno foi silenciosa, pesada. Carolina olhava pela janela, lutando contra a decepção e a compreensão misturadas em seu peito. Roberto mantinha os olhos fixos na estrada, a mandíbula tensa. Quando chegaram à fazenda, ele parou em frente ao alojamento dela em vez da casa sede.
Carolina, ele não a deixou sair imediatamente. Eu sinto muito por ter criado falsas expectativas, por ser um covarde. Você não é covarde, disse ela suavemente. Você está machucado, é diferente. Talvez. Ele finalmente a encarou e havia tanto pesar ali. Mas o resultado é o mesmo. Não posso dar a você o que você merece.
Carolina desceu da caminhonete, mas antes de fechar a porta, virou-se de volta. Quando estiver pronto, se algum dia estiver, eu ainda estarei aqui, porque o que sinto por você não vai embora, só porque você tem medo. Fechou a porta antes que ele pudesse responder e entrou em seu alojamento sem olhar para trás. embora cada fibra do seu ser quisesse fazê-lo.
Deitada na cama aquela noite, Carolina tocou os próprios lábios, imaginando como teria sido aquele beijo que quase aconteceu. E em algum lugar da casa sede, Roberto fazia a mesma coisa, lutando contra a vontade de correr até ela e terminar o que começaram, aterrorizado pelas emoções que aquela jovem veterinária despertara em seu coração, cuidadosamente protegido, como os dois lidariam com sentimentos que não podiam mais negar e quanto tempo Roberto conseguiria resistir ao que seu coração já sabia ser verdade. Duas semanas
seguintes foram uma tortura doce para ambos. Roberto continuava profissional durante o trabalho, mas Carolina percebia os olhares dele quando pensava que ela não estava vendo. Surpreendia-se com ele a observando durante reuniões, seus olhos traçando as linhas do seu rosto, como se estivesse memorizando cada detalhe. e ela não estava melhor. Qualquer desculpa para estar perto dele parecia boa.
Voluntariava-se para relatórios extras que exigiam discussões com ele. Aceitava todo o convite de dona Rosa para jantar na casa sede apenas pela possibilidade de vê-lo. Era seu José quem finalmente confrontou Roberto numa tarde enquanto inspecionavam cercas no setor leste. Patrão, posso falar uma verdade? Roberto olhou para o capatá e sobrancelha erguida.
Quando isso alguma vez te impediu, José? O homem mais velho sorriu. Você está apaixonado pela menina. Roberto ficou paralisado. A ferramenta que segurava caindo no chão. Eu tao é óbvio para todo mundo, exceto vocês dois. E sabe o que mais é óbvio? Ela sente o mesmo. Seu José se aproximou, pousando uma mão no ombro de Roberto. Doutor, eu vi o senhor morrer um pouco todo dia nos últimos três anos. Vi a culpa corroer sua alma.
E eu entendo, amava a dona Fernanda também. Todos nós amávamos. Mas ela não iria querer isso para o Senhor. Como você pode saber o que ela quereria? Porque no último dia, antes da viagem, ela me disse, disse que se preocupava com o senhor, que trabalhava demais, que precisava aprender a ser feliz novamente. Disse que se algo acontecesse com ela, esperava que o Senhor não desperdiçasse o resto da vida em culpa.
Os olhos do capataz estavam marejados. E aqui estou eu trs anos depois, vendo uma moça boa que claramente se importa com o senhor e vendo o senhor desperdiçar a chance de ser feliz por se achar indigno. Isso não é honrar a memória da dona Fernanda, é desperdiçar o presente que a vida está oferecendo. As palavras atingiram Roberto como um soco no estômago.
Ele sentou-se pesadamente em uma cerca, a cabeça entre as mãos. Tenho 16 anos a mais que ela, José. Sou viúvo, carregado de bagagem. Ela merece alguém melhor, alguém inteiro. Ela merece escolher o que é melhor para ela. E parece que ela já escolheu. Escolheu você. Seu José sentou-se ao lado dele. A questão não é se você é bom o suficiente.
A questão é se você vai ter coragem de aceitar o que está sendo oferecido. Naquela noite, Roberto ficou na biblioteca da casa sede até tarde, olhando para a foto de casamento dele e Fernanda, que mantinha na estante. Ela estava linda, sorrindo radiante de felicidade e ele ao lado dela também sorrindo, ainda não sabendo da tragédia que viria. Não sei o que fazer”, murmurou para a foto.
“Sinto como se te traíse seguir em frente, mas também sinto que estou traindo a mim mesmo ao me negar essa chance.” Obviamente não houve resposta, mas enquanto olhava para a foto, Roberto se lembrou de algo que Fernanda dissera uma vez depois que um amigo deles ficara viúvo, jovem. “Se algo acontecer comigo, não quero que você se enterre com minhas memórias.
Quero que você viva, que seja feliz, que ame novamente, porque o amor não diminui quando compartilhado, ele multiplica. As lágrimas que Roberto vinha segurando por três anos finalmente caíram. Ele chorou pela esposa que perdera, pela culpa que carregara, pelo tempo desperdiçado em autopunição.
E quando não havia mais lágrimas, sentiu algo que não sentia há muito tempo, permissão para seguir em frente. Na manhã seguinte, Carolina estava no escritório veterinário quando Roberto entrou. Ela ergueu os olhos dos relatórios, surpresa pela visita não anunciada. Carolina, preciso falar com você. O tom dele era sério e o coração dela disparou em apreensão.
Aconteceu algo? Algum problema com meu trabalho? Não. Seu trabalho é impecável. É sobre Ele respirou fundo. É sobre nós. Carolina se levantou lentamente. Nós Roberto se aproximou e pela primeira vez não manteve a distância profissional. parou bem à frente dela, perto o suficiente para que ela sentisse o calor dele.
Passei as últimas semanas tentando me convencer de que o que sinto por você é inadequado, impossível, errado. Mas a verdade é que você me faz sentir vivo pela primeira vez em três anos. Você me faz querer acordar de manhã. Você me faz querer ser melhor. O coração de Carolina estava tão acelerado que ela mal conseguia ouvir as próprias palavras. Roberto, me deixa terminar, por favor.
Ele tocou seu rosto com ambas as mãos, um gesto de ternura infinita. Eu não sei se posso ser o que você merece. Ainda estou lidando com meus demônios, mas sei que não quero passar mais um dia fingindo que você não importa, fingindo que não penso em você toda a noite antes de dormir, fingindo que não quero isso.
Ele se inclinou lentamente, dando a ela tempo para se afastar, se quisesse. Mas Carolina não queria se afastar. queria exatamente aquilo. Quando os lábios deles finalmente se encontraram, foi como se o mundo parasse. O beijo começou suave, exitante, quase tímido, mas então algo se quebrou entre eles. Semanas de tensão acumulada, de desejo reprimido, e aprofundou-se em algo mais urgente, mais apaixonado. As mãos de Roberto se entrelaçaram nos cabelos dela enquanto a puxava para mais perto.
Carolina segurou a camisa dele, sentindo os músculos tensos sobus dedos. O beijo era tudo que ela imaginara e mais. Era promessa e rendição, era esperança e cura. Quando finalmente se separaram, ambos respiravam pesado. Roberto apoiou a testa na dela, os olhos ainda fechados. “Eu quero fazer isso direito”, disse ele, voz rouca.
“Quero te cortejar adequadamente, jantares, passeios, conversas. Quero construir algo real contigo, Carolina. Algo que mereça o risco que você está correndo ao se envolver comigo. Não é um risco, se é o que meu coração quer”, respondeu ela suavemente, traçando a linha da mandíbula dele com os dedos. Roberto abriu os olhos e o que ela viu ali a fez respirar fundo. Amor ainda assustado, ainda aprendendo a se reconhecer, mas inegavelmente presente.
“Há algo que preciso te contar”, disse ele. “Algo que você merece saber antes de decidir se quer isso.” Eles se sentaram no sofá do escritório, mãos entrelaçadas, e Roberto começou a falar sobre Fernanda, sobre o acidente em detalhes que nunca compartilhara com ninguém, sobre a culpa esmagadora que o consumira, sobre as noites sem dormir, sobre como aprendera a apenas existir sem realmente viver.
Carolina ouviu tudo sem interromper, apertando a mão dele quando a voz falhava, oferecendo apoio silencioso. Quando ele terminou, ela disse: “Obrigada por confiar em mim com isso e quero que saiba, não estou tentando substituir Fernanda, nunca tentaria. Ela foi importante para você e sempre será parte da sua história. Mas talvez possamos escrever um novo capítulo juntos.
Um que honre o passado, mas não seja definido por ele. Roberto a puxou para um abraço apertado, enterrando o rosto no cabelo dela. Como você consegue ser tão sábia com apenas 24 anos? Não sou sábia. Apenas sei reconhecer algo especial quando encontro. Ela se afastou para olhá-lo nos olhos. E você, Roberto Almeida? é muito especial. O sorriso que ele lhe deu foi genuíno, transformando completamente seu rosto.
Carolina percebeu que era a primeira vez que o via realmente sorrir e a beleza disso a deixou sem fôlego. Jantar comigo hoje na varanda da casa sede, só nós dois, sem dona Rosa servindo e interrompendo. Ele tinha um brilho travesso nos olhos que ela nunca vira antes.
Achei que você tinha dito que queria fazer as coisas direito provocou ela. vou fazer. Mas dentro das circunstâncias, considerando que trabalhamos e moramos na mesma propriedade, improvisação criativa será necessária. Carolina riu e o som fez o coração de Roberto se apertar de uma forma boa. Então, sim, jantar na varanda soa perfeito.
Aquela noite, sob um céu estrelado típico do interior, Carolina e Roberto jantaram juntos pela primeira vez como o que exatamente? Namorados. A palavra parecia juvenil demais, mas havia compromisso ali, uma promessa tácita de que estavam entrando em algo real. “Conte-me mais sobre você”, pediu Roberto enquanto serviam vinho.
“Quero saber tudo, sua família, sua infância, seus sonhos.” E Carolina falou sobre crescer no sítio em Castro, ajudando o pai com o gado desde pequena, sobre a decisão de estudar veterinária, mesmo quando todos diziam que não era profissão para mulher. sobre a solidão dos anos de faculdade. Sempre estudando, nunca namorando, porque nunca encontraram ninguém que fizesse valer a pena. Nunca. Roberto pareceu surpreso.
Carolina corou. Nunca tive um namorado de verdade. Algumas paqueras bobas no ensino médio, mas nada sério. Sempre fui meio deslocada, nerd demais, séria demais. Os garotos da minha idade sempre pareceram tão imatura, ainda acha que sou maduro demais para você? Havia insegurança real na pergunta.
Agora acho que você é perfeito para mim, respondeu ela honestamente. A diferença de idade não importa quando duas almas se conectam. Roberto segurou a mão dela por cima da mesa. Eu também nunca pensei que sentiria isso de novo. Depois de Fernanda, pensei que essa parte de mim tinha morrido. Mas você você me acordou.
assusta e alivia ao mesmo tempo. Eles conversaram até tarde da noite, compartilhando histórias, sonhos, medos. E quando Roberto finalmente a acompanhou até a porta do alojamento, ele a beijou mais uma vez, devagar, profundamente, como se tivesse todo o tempo do mundo. “Boa noite, Carolina”, murmurou ele contra os lábios dela.
“Boa noite, Roberto!” Ela entrou flutuando e ele caminhou de volta para a casa sede com um sorriso no rosto que dona Rosa notou na manhã seguinte, exclamando: “Graças a Deus! Finalmente!” Mas enquanto o amor florescia entre eles, os desafios do mundo exterior estavam apenas começando a se revelar. Os dois meses seguintes foram os mais felizes que Carolina experimentara em toda sua vida.
Roberto era um namorado atencioso de formas que ela não esperava. Romântico, mas respeitoso, apaixonado, mas cuidadoso. Eles encontravam momentos roubados durante o dia, um beijo rápido atrás do estábulo, mãos que se tocavam durante inspeções, olhares carregados através de salas cheias, mas eram as noites que Carolina mais amava.
Jantares íntimos na varanda, caminhadas ao pôr do sol pelas pastagens, conversas profundas na biblioteca enquanto ele mostrava seus livros favoritos. Roberto revelava camadas de si mesmo gradualmente. Sua paixão por literatura brasileira, seu amor por música clássica, seu humor sutil que aparecia em momentos inesperados. “Você me surpreende todos os dias”, disse Carolina numa tarde de maio, enquanto cavalgavam juntos pelo setor norte.
A habilidade dele com cavalos era impressionante e ele ensinava a ela com paciência infinita: “Surpresas são boas ou ruins? Ele a olhou de lado, um sorriso brincando em seus lábios muito boas. Ela guiou seu cavalo para mais perto, suas pernas quase se tocando. Especialmente quando você sorri assim, devia fazer mais. Só tenho razões para sorrir quando estou com você. Frases como essa, simples, mas profundas, eram típicas de Roberto.
Ele não era florido com palavras, mas quando falava, cada palavra carregava peso e verdade. Foi durante uma dessas noites na varanda que Roberto trouxe os planos da escola novamente. Estava pensando, começou ele, desenvolvendo os projetos arquitetônicos sobre a mesa em retomar a construção. Mas não sozinho.
Gostaria que você fizesse parte disso, suas ideias, sua visão. Quero que seja nosso projeto, não apenas meu. O coração de Carolina se apertou. Ele estava incluindo-a não apenas em sua vida, mas em algo profundamente significativo, o legado que planejara com Fernanda. Tem certeza? Isso é tão importante, tão pessoal? Exatamente por isso.
Você me ajudou a ver que posso honrar o passado enquanto construo um futuro e quero construir esse futuro com você. Ele tomou as mãos dela. O nome ainda será Escola Rural Fernanda Almeida. Isso não muda, mas você estará ao meu lado, tornando-o realidade. Eles começaram a trabalhar no projeto juntos. Carolina sugeria melhorias.
Uma sala especial para ciências naturais, onde as crianças pudessem aprender sobre animais e agricultura. Um espaço para a horta comunitária ampliada, play como acessível para todas as crianças. Roberto ouvia cada sugestão com atenção, implementando muitas delas. Visitavam o terreno em Santa Rita toda semana, agora com empreiteiros e engenheiros. Ver o sonho tomando forma física era emocionante.
As fundações foram cavadas, paredes começaram a subir e a cada visita a escola parecia mais real. Foi durante uma dessas visitas, num sábado ensolarado, que aconteceu o primeiro grande passo na intimidade deles. Estavam sozinhos no terreno, os trabalhadores tendo ido embora mais cedo.
Carolina e Roberto caminhavam pela estrutura parcialmente construída, imaginando as crianças que um dia encheriam aqueles corredores de riso. “Aqui vai ser a biblioteca”, disse Roberto, parando no que seria uma sala espaçosa com grandes janelas. Fernanda dizia que livros eram passaportes para mundos impossíveis. Queria que cada criança tivesse acesso a isso. Carolina se aproximou, abraçando-o por trás.
É lindo. Ela seria muito orgulhosa do que você está fazendo. Roberto virou-se nos braços dela e a intensidade em seus olhos a fez prender a respiração. Você sabe que te amo, não sabe? Era a primeira vez que ele dizia aquelas palavras. Carolina sentiu lágrimas enchendo seus olhos. Eu também te amo”, sussurrou ela, tanto que às vezes assusta.
Eles se beijaram ali na futura biblioteca, rodeados por paredes inacabadas e sonhos tomando forma. O beijo aprofundou-se, tornando-se mais urgente. As mãos de Roberto traçaram as curvas do corpo dela por cima da roupa e Carolina sentiu um calor se espalhando por todo o seu corpo. Desejo que era novo e assustador e maravilhoso. Carolina, respirou Roberto contra os lábios dela. Voz rouca. Preciso te falar uma coisa, algo importante.
Eles se separaram ligeiramente, ainda nos braços um do outro. O que é? Ele parecia nervoso, vulnerável. Eu sei que você nunca que nunca esteve com ninguém dessa forma e quero que saiba que não há pressa. Não espero nada. Vamos no seu tempo. Carolina sentiu o rosto esquentar ao entender sobre o que ele falava, mas também sentiu uma onda de amor por sua consideração.
Eu sei e agradeço você ser tão paciente. Ela tocou o rosto dele suavemente. Mas não quero esperar para sempre. Quero isso com você. Quero tudo com você. Só não sei como quando você estiver pronta, vamos descobrir juntos. Roberto beijou sua testa com ternura infinita. E eu prometo, vou ser gentil e vou devagar. Aquelas palavras, “Vou ser gentil e vou devagar”.
Pareciam encher o espaço entre eles com uma promessa que ia além do físico. Era sobre respeito, cuidado, amor demonstrado em ações. “Talvez em breve”, disse Carolina, reunindo coragem. “Quando me sentir pronta, vou te dizer. Estarei esperando, sempre esperando por você”. Nas semanas seguintes, a antecipação entre eles cresceu.
Carolina sentia-se pronta, mas também nervosa, não por medo de Roberto, mas pelo desconhecido, pela vulnerabilidade que aquele passo representaria. Foi dona Rosa quem, com sua intuição materna, percebeu o que estava acontecendo. Menina, chamou ela numa tarde quando Carolina ajudava na cozinha. Posso dar um conselho não solicitado? Sempre. Sorriu Carolina. Você e o Dr.
Roberto estão felizes juntos. Qualquer um pode ver. A governanta parou de picar legumes para olhar diretamente para Carolina. E sei que as coisas estão ficando mais sérias. Apenas quero que saiba. Seja honesta sobre seus sentimentos, seus medos, seus desejos.
A comunicação é o que faz um relacionamento funcionar, especialmente quando há diferenças de experiência. Carolina corou profundamente. Como você, minha filha, tenho 55 anos e criei quatro filhos. Reconheço aquele olhar. Dona Rosa sorriu com carinho. E só quero que saiba que você merece felicidade. Ambos merecem. Não deixe o medo te impedir de viver plenamente. Aquela conversa ficou com Carolina.
Naquela noite, quando Roberto a convidou para jantar na casa sede, apenas eles dois, dona Rosa, tendo ido visitar a família na cidade, Carolina soube que era o momento. Ela se arrumou com cuidado, vestindo um vestido azul simples, mas bonito, que comprara em Campo Grande semanas atrás, pensando exatamente nessa ocasião. Soltou os cabelos, passou um perfume suave.
Quando se olhou no espelho, viu uma mulher apaixonada e pronta. Roberto a esperava na varanda. E quando a viu, seus olhos se arregalaram. Carolina, você está linda. Obrigada. Ela aceitou a mão que ele ofereceu. Você também está muito bonito. Ele vestia uma camisa branca que realçava seu bronzeado, calça social escura. Havia preparado um jantar caprichado.
File mininhon com molho madeira, purê de batatas, salada verde, vinho tinto. Você cozinhou tudo isso? Perguntou Carolina impressionada. Com alguma ajuda das instruções da dona Rosa por telefone”, admitiu ele com um sorriso envergonhado. “quis fazer algo especial.
Durante o jantar, conversaram como sempre, mas havia uma consciência diferente no ar, uma promessa não verbalizada do que poderia vir depois. Quando terminaram de comer, Roberto colocou uma música suave: “Bossa, nova, João Gilberto” estendeu a mão. “Dança comigo!” Carolina aceitou e ele a puxou para perto na varanda iluminada apenas por velas e luar. Dançaram devagar, colados.
Carolina sentindo cada músculo do corpo dele contra o seu, o coração dele batendo firme sob sua palma. “Roberto”, murmurou ela contra o peito dele. “Sim?” Ela ergueu o rosto para olhá-lo. “Estou pronta, se você estiver.” O entendimento brilhou nos olhos dele. Surpresa, desejo, mas acima de tudo amor e cuidado. Tem certeza absoluta? Sua voz era rouca. Não quero que se sinta pressionada. Tenho certeza. Quero isso.
Quero você. Roberto pegou o rosto dela entre as mãos, beijando-a profundamente. Quando se separaram, disse: “Então vem comigo”. Ele a guiou para dentro da casa, subindo as escadas até o quarto dele, um espaço que ela nunca entrara antes. Era masculino, mas aconchegante, com móveis de madeira escura e roupa de cama em tons terrosos.
O que se seguiu foi revelado apenas pelas emoções que transpareceram. Roberto manteve sua promessa, foi gentil, foi devagar, guiando Carolina com paciência infinita, garantindo que cada momento fosse sobre conforto e prazer compartilhado. Ele sussurrava palavras de amor e encorajamento, lia seu corpo com atenção, ajustava-se às suas necessidades.
E quando finalmente se tornaram um de todas as formas, Carolina entendeu que aquilo era muito mais que físico, era comunhão de almas, era confiança absoluta, era amor manifestado na forma mais íntima possível. Depois, deitados juntos sob, Carolina, aninhada contra o peito de Roberto, enquanto ele traçava padrões preguiçosos em seus ombros, ela sussurrou: “Obrigada por ser tão cuidadoso, por fazer isso ser perfeito.
Você que tornou perfeito”, respondeu ele, beijando seu cabelo. Carolina Silva, você mudou minha vida completamente e você, a minha. Eles dormiram juntos pela primeira vez, entrelaçados, em paz. Carolina acordou de madrugada e observou Roberto dormindo, as linhas suaves de seu rosto relaxado, os cabelos despenteados, a forma como ele assegurava mesmo inconsciente, como se temesse que ela desaparecesse.
“Eu te amo”, sussurrou ela para o silêncio do quarto. “E vou passar o resto da minha vida provando isso para você”. Na manhã seguinte, quando desceram juntos para o café da manhã, mãos dadas, algo fundamental havia mudado. Não eram mais dois indivíduos se conhecendo. Era um casal, unidos de todas as formas possíveis. Mas enquanto seu amor se aprofundava dentro da proteção da fazenda Boa Vista, o mundo exterior aguardava com seus julgamentos e desafios.
Carolina oficialmente se mudou para a casa sede duas semanas depois daquela primeira noite juntos. Foi uma transição natural. Ela já passava a maior parte do tempo lá mesmo e manter o alojamento separado parecia apenas uma formalidade desnecessária.
Dona Rosa recebeu a notícia com alegria genuína, já preparando o quarto de hóspedes que havia sido de Carolina para outros usos. Já estava na hora”, exclamou a governanta, abraçando a jovem com força. “Vocês dois são perfeitos juntos. Seu José e os funcionários da fazenda também pareciam aprovar. Havia sorrisos conhecedores quando Roberto e Carolina apareciam juntos, mas todos eram respeitosos. A fazenda parecia celebrar o fato de seu patrão finalmente ter encontrado felicidade novamente.
Foi quando saíram dos limites da fazenda Boa Vista que os problemas começaram. A primeira vez foi numa ida a Campo Grande para comprar materiais de construção para a escola. Roberto e Carolina entraram em uma loja de ferragens de mãos dadas e Carolina percebeu imediatamente os olhares curiosos, julgadores, alguns até maliciosos.
Uma mulher mais velha que Roberto cumprimentou como conhecida de longa data, olhou Carolina de cima a baixo com desdém disfarçado. Roberto querido, não sabia que tinha companhia. A pausa antes de companhia foi carregada de significado. Tão jovem? Sua sobrinha? Não”, respondeu Roberto firmemente, passando o braço pela cintura de Carolina em um gesto claramente possessivo. “Esta é Carolina Silva, minha namorada.
” “Colina, essa é dona Marta, velha amiga da família. O choque no rosto da mulher seria cômico se não fosse tão ofensivo. Ah, que moderno. Bem, espero que saiba no que está se metendo, querida. Viúvos recentes podem ser complicados. Elas seguiram pela loja depois disso, mas Carolina sentia os olhares queimando suas costas. Ouvia sussurros mal disfarçados.
Mal a Fernanda esfriou no túmulo. Deve ser metade da idade dele, claramente interesseira. Roberto percebeu seu desconforto. Apertou sua mão com força. Ignore. Pessoas entediadas vivem para fofocar sobre vidas alheias. Mas as palavras machucavam mesmo assim. Carolina nunca se importara muito com opiniões alheias antes, mas agora cada olhar julgador parecia questionar algo que era precioso para ela.
A situação piorou quando visitaram Santa Rita para verificar o progresso da escola numa sexta-feira à tarde. O distrito pequeno funcionava no típico sistema onde todos conheciam todos. E a notícia do novo relacionamento de Roberto claramente já havia chegado. Um grupo de mulheres mais velhas parou de conversar quando os viram chegar. Olhares frios e desaprovadores fixos em Carolina.
Um dos homens no bar local gritou algo que ela não conseguiu ouvir claramente, mas o tom era de zombaria. “Será que deveríamos ter vindo?”, sussurrou Carolina enquanto caminhavam pelo canteiro de obras. Não vou deixar fofoca nos impedir de viver nossas vidas”, respondeu Roberto, mas ela havia atenção em sua mandíbula. Isso também o afetava. O engenheiro responsável pela obra, Um homem de meia idade chamado Paulo, foi cordial, mas Carolina notou como ele evitava olhar diretamente para ela, como se sua presença o deixasse desconfortável. Durante a reunião sobre
cronograma e orçamento, Paulo se dirigia apenas a Roberto, mesmo quando Carolina fazia perguntas sobre as adaptações que sugeriria para a sala de ciências. “Com todo respeito, senhorita”, disse Paulo eventualmente com um sorriso condescendente. “Essas são decisões técnicas complexas. Talvez seja melhor deixar para os profissionais.
” Carolina sentiu o rosto esquentar de raiva e humilhação. “Eu sou veterinária formada. Entendo bastante sobre estrutura e funcionalidade de espaços dedicados a animais e laboratórios. Minhas sugestões não são decorativas, são práticas. Um silêncio desconfortável caiu sobre o grupo.
Roberto se posicionou mais perto de Carolina, seu apoio silencioso, mas presente. “Paulo,” disse ele, voz fria e firme. Carolina é parte integral deste projeto. Suas opiniões não apenas serão ouvidas, como serão implementadas. Se isso é um problema para você, posso facilmente encontrar outro engenheiro. O homem recuou imediatamente. Não, não, claro que não. Peço desculpas se fui mal entendido, mas o dano estava feito.
Carolina sentia-se pequena, julgada, inadequada. No caminho de volta para a fazenda, ela ficou silenciosa, olhando pela janela da caminhonete, sem realmente ver a paisagem. “Fala comigo”, pediu Roberto gentilmente. “Sei que está chateada. É só que Carolina lutou para encontrar palavras. Nunca me importei com o que as pessoas pensavam antes, mas agora cada olhar julgador parece questionar se mereço você, se sou boa o suficiente, se não sou apenas uma uma oportunista que se aproveitou de um momento de fraqueza seu. Roberto parou a caminhonete à beira da estrada, virando-se completamente para encará-la.
Olha para mim. Quando ela obedeceu, ele tomou suas mãos. Eu não tive um momento de fraqueza, tive um momento de clareza. Você não se aproveitou de nada. Você me salvou, me trouxe de volta à vida. E qualquer pessoa que não consegue ver quão incrível você é, quão sortudo eu sou por ter você, não merece um segundo do nosso tempo ou pensamento.
Mas a diferença de idade, o que as pessoas vão pensar, temos 16 anos de diferença. E daí? Você é madura, inteligente, compassiva. Eu me sinto mais vivo com você do que me senti em anos. Isso é o que importa. Ele beijou suas mãos. Sei que é difícil. Sei que você vai ouvir coisas que vão machucar, mas preciso que acredite em nós, em mim, porque eu acredito em você.
Carolina deixou as lágrimas caírem. Eu acredito. É só que às vezes me pergunto se você não seria mais feliz com alguém da sua idade, alguém com mais experiência de vida, alguém que não cause todos esses comentários. Ouve o que estou dizendo, Carolina Silva. Roberto esperou até ter a atenção completa dela. Eu não quero outra pessoa. Não quero alguém da minha idade. Não quero alguém com mais experiência.
Quero você, exatamente como você é, e vou passar quanto tempo for necessário provando isso. Eles se abraçaram no banco da caminhonete e Carolina permitiu-se acreditar. Mas uma semente de dúvida havia sido plantada e ela sabia que cresceria cada vez que enfrentassem o julgamento do mundo exterior. Nos dias seguintes, Carolina tentou ignorar os olhares e comentários, mas eles persistiam.
Uma ida ao supermercado em Campo Grande resultou em mulheres rindo atrás dela no corredor. Uma visita à agropecuária local terminou com um vendedor fazendo um comentário inocente sobre como Roberto gostava de coisas novas e jovens. O pior foi quando encontraram com um grupo de amigos de longa data de Roberto em um restaurante na cidade.
Eles foram educados, mas Carolina via a desaprovação mal disfarçada, especialmente das mulheres. Uma delas, Márcia, que Roberto apresentou como amiga de infância, foi particularmente fria. “Você deve ser muito madura para sua idade”, disse Márcia com um sorriso que não alcançava os olhos. Relacionamentos com essa dinâmica. Podem ser desafiadores.
Estamos muito felizes”, respondeu Carolina, forçando firmeza na voz. Por agora. Mas espere até as diferenças de vida realmente aparecerem. Ele já viveu tanto, experimentou tanto. E você, bem, ainda está começando. Márcia tomou um gole de vinho, apenas dizendo: “De mulher para mulher: “Não queremos ver nem você, nem Roberto se machucarem.
” Roberto interveio claramente irritado, mas o comentário já havia afetado Carolina na privacidade da caminhonete mais tarde, ela finalmente desabou. “Talvez eles tenham razão”, disse ela, voz quebrando. “Talvez eu seja ingênua. Talvez não esteja vendo as dificuldades reais que vamos enfrentar. E se E se eu não for suficiente para você a longo prazo, Carolina?” Não.
Roberto parou o carro novamente. Estava se tornando um hábito. Você é mais que suficiente. Você é tudo. Mas e se em alguns anos você perceber que quer alguém que possa conversar sobre coisas que você viveu? Alguém que entenda suas referências culturais, que tenha memórias da mesma época? Alguém que não seja vista como uma criança por seus amigos? Meus verdadeiros amigos vão te aceitar.
E os que não aceitarem não eram verdadeiros amigos para começo de conversa. Ele puxou-a para seus braços. Quanto a referências e experiências, construímos novas juntos. Esse é o ponto. Não estou procurando reviver meu passado. Estou construindo meu futuro contigo. Carolina queria acreditar, mas cada saída, cada olhar julgador, cada comentário venenoso cobrava seu preço.
Ela começou a se sentir autoconsciente sobre tudo. Sua roupa estava madura demais ou jovem demais. Suas opiniões pareciam infantis. estava embaraçando Roberto ao estar com ele. Uma noite, deitados na cama após fazerem amor. Roberto traçava padrões preguiçosos em suas costas quando ela sussurrou.
Você tem certeza sobre nós? Absoluta certeza. Ele parou, fazendo-a virar para encará-lo. O que está acontecendo na sua cabeça, amor? É só que ouço tanto julgamento e começo a me perguntar se eles não têm razão, se não estamos nos enganando, achando que isso pode funcionar. Carolina, sua voz era firme. Olha para mim. Você é a melhor coisa que me aconteceu em anos.
Você me fez querer viver novamente e não vou deixar a opinião de pessoas amarguradas destruir o que temos. Mas ele hesitou. Preciso saber se você realmente acredita em nós. Porque se não acredita, se a dúvida é forte demais, então talvez precisemos reavaliar. O medo que atravessou Carolina foi visal. Perder Roberto? A ideia era insuportável. Eu acredito disse ela rapidamente.
Eu acredito em nós. É só difícil às vezes ignorar tudo. Eu sei, acredite. Sei muito bem. Ele a puxou para mais perto, mas temos que ser uma equipe, você e eu, contra o mundo, se necessário. Pode fazer isso? Ser forte comigo? Posso. Vou tentar. É tudo que peço.
Mas na escuridão do quarto, ambos sabiam que a pressão externa estava criando fissuras, fissuras pequenas ainda, mas presentes. E se não tivessem cuidado, essas fissuras poderiam se transformar em rachaduras que destruiriam tudo que construíram. Quanto peso Carolina conseguiria carregar antes de quebrar e o amor dele seria forte o suficiente para sobreviver aos julgamentos implacáveis do mundo. Agosto chegou trazendo o clima seco típico do Centro-Oeste.
As pastagens perderam parte de seu verde vibrante e a poeira vermelha parecia cobrir tudo. Mas era uma aridez diferente que preocupava a Carolina, a que começava a se instalar entre ela e Roberto. Não era que o amor tivesse diminuído se algo intensificara-se, mas cada saída pública, cada comentário maldoso, cada olhar de desaprovação adicionava mais uma camada de insegurança sobre Carolina.
Ela começou a se retrair, evitando situações onde pudesse envergonhar Roberto ou ser julgada. “Você vai à inauguração parcial da escola no próximo sábado, não vai?”, perguntou Roberto uma manhã durante o café. Eles haviam decidido abrir a biblioteca e duas salas de aula antes da construção completa para começar a atender algumas crianças da comunidade. Carolina mexeu no café, evitando seus olhos.
Na verdade, estava pensando, talvez fosse melhor eu não ir. É um momento importante para você e para a memória de Fernanda. Não quero que minha presença cause constrangimento ou desvia a atenção. Roberto baixou a xícara com força suficiente para fazer barulho. Constrangimento, Carolina, você é parte fundamental desse projeto. Metade das ideias implementadas foram suas.
Mas as pessoas não sabem disso. Elas só vão ver a namorada jovem demais tentando se inserir onde não pertence. Sua voz estava amarga, cansada. Isso é ridículo. Você pertence exatamente onde eu estou. Sempre. Ele estendeu a mão por cima da mesa, mas Carolina não a pegou. Roberto, pensa racionalmente.
A inauguração vai ter autoridades locais, imprensa, pessoas que conheceram Fernanda. Minha presença vai gerar comentários e especulações. Vai tirar o foco do que realmente importa. A escola. O que realmente importa é que eu quero você ao meu lado em todos os momentos importantes. A frustração era clara em sua voz. Quando você vai parar de deixar que pessoas mesquinhas ditem como vivemos nossas vidas? Quando parar de me sentir como uma intrusa na sua vida.
As palavras explodiram antes que Carolina pudesse contê-las. Quando parar de sentir que cada pessoa que olha para nós está pensando, coitado do Roberto, caiu na conversa de uma garota interesseira. Quando parar de me perguntar se você não estaria melhor com alguém que realmente pertence ao seu mundo. O silêncio que seguiu era insurdecedor.
Roberto parecia ter sido esbofeteado. Então é isso? Você realmente acredita nisso? Depois de tudo que vivemos, ainda acha que é sobre interesse que você não pertence? Carolina sentiu lágrimas queimando. Não sei mais no que acreditar. Só sei que estou cansada, Roberto. Cansada de lutar contra o mundo inteiro.
Cansada de me sentir inadequada, cansada de ver você ter que me defender constantemente. Eu defendo você porque te amo, porque você vale a pena. Ele se levantou claramente perturbado. Mas não posso fazer você acreditar nisso. Tem que vir de dentro de você. Ele saiu da cozinha e Carolina deixou as lágrimas caírem livremente. Dona Rosa, que testemunha tudo em silêncio enquanto preparava o almoço, aproximou-se e sentou-se ao lado dela.
Menina, posso falar uma verdade dura? Carolina acenou, limpando o rosto com as costas da mão. Você está deixando que o medo destrua algo lindo. O Dr. Roberto te ama de verdade. Qualquer pessoa com olhos consegue ver isso. Mas o amor não sobrevive se apenas uma pessoa está lutando por ele.
Você precisa decidir se vai lutar ou fugir. A governanta tomou as mãos de Carolina. E se escolher fugir, não culpe o mundo lá fora. Essa será uma escolha sua. As palavras ficaram com Carolina pelo resto da semana. Ela sabia que dona Rosa tinha razão, mas o peso das inseguranças parecia esmagador.
E a cada dia que passava, sem ela confirmar presença na inauguração, a distância entre ela e Roberto crescia. Eles ainda dividiam a cama, ainda faziam amor, mas havia uma parede invisível entre eles agora. Conversas eram superficiais, sorrisos não alcançavam os olhos. Roberto estava claramente magoado e Carolina estava presa em um ciclo de autossabotagem. que não sabia como quebrar.
Na quinta-feira antes da inauguração, Carolina tomou uma decisão. Estava na biblioteca da casa sede, olhando para as fotos de Fernanda que Roberto mantinha. Uma mulher linda, madura, elegante, que claramente pertencia à aquele mundo de fazendeiros e negócios rurais. “Nunca vou ser como ela”, sussurrou Carolina para a foto.
“Nunca vou ter essa confiança, essa pertença natural”. Não, você nunca vai ser como ela. A voz de Roberto atrás dela a fez pular. Ela não o tinha ouvido entrar. Porque você é você e é exatamente quem eu quero. Carolina virou-se e viu que ele segurava uma pequena caixa de veludo. Seu coração parou. Estava guardando isso para depois da inauguração.
Planejava um momento especial, romântico, mas acho que precisa ver agora. Ele abriu a caixa revelando um anel delicado com uma pedra azul cercada de pequenos diamantes. É um topázio, sua pedra de nascimento, novembro. Mandei fazer especialmente para você. Carolina olhou para o anel, depois para Roberto, confusão e medo brigando em seu peito.
Isso é é uma promessa de que pretendo passar o resto da minha vida contigo, de que quando você estiver pronta, quando ambos estivermos prontos, vou te pedir em casamento oficialmente. Mas por agora é uma promessa de que você é minha escolha. Sempre. Ele tirou o anel da caixa. Então, Carolina Silva, aceita essa promessa? Aceita acreditar em nós o suficiente para usar isso? As lágrimas voltaram, mas dessa vez eram diferentes. Roberto, eu não sei se mereço isso.
Não sei se sou forte o suficiente. Você é a pessoa mais forte que conheço. Está apenas esquecida disso no momento. Ele deu um passo mais perto. Mas não posso forçar você a aceitar. Tem que ser sua escolha. Escolhe nós, Carolina. Escolhe lutar por isso, escolhe acreditar que o que temos vale mais que qualquer julgamento externo.
Carolina olhou para o anel, depois para o homem que amava mais que tudo. Via a vulnerabilidade em seus olhos, o medo de rejeição, mas também o amor inabalável, e soube que chegara a um ponto de decisão. ou pulava com ambos os pés, confiava completamente, lutava contra tudo e todos pelo amor deles, ou recuava, protegia seu coração e, inevitavelmente, perderia o melhor homem que já conhecera.
Eu preciso de tempo”, sussurrou ela finalmente e viu a dor atravessar o rosto dele. “Não é que eu não te ame, não é que não queira isso, mas preciso resolver minhas próprias inseguranças antes de poder aceitar qualquer promessa. Seria injusto com você se eu aceitasse agora, me sentindo assim.” Roberto fechou a caixa lentamente, guardando-a no bolso.
Quanto tempo? Não sei. Só sei que se aceitar agora, as dúvidas vão me corroer e acabar destruindo tudo mesmo assim. Preciso encontrar força em mim mesma, não apenas em você. Então, o que está dizendo? Que quer terminar?” A voz dele estava controlada, mas Carolina ouvia o pânico subjacente.
Não terminar, apenas um tempo para pensar, para descobrir quem sou sem estar definida por você ou por nós. As palavras machucavam mesmo saindo de sua própria boca. “Talvez eu devesse considerar aquela oferta de trabalho em Londrina que recebi semana passada. Londrina, você recebeu uma oferta e não me contou porque não queria que parecesse que estava considerando.
Mas talvez, talvez seja o que eu preciso. Distância, perspectiva. Roberto ficou em silêncio por um longo momento. Quando falou, sua voz estava vazia de emoção. Um mecanismo de defesa que Carolina reconhecia dele. Se é isso que precisa, não vou te impedir. Nunca te prenderia contra a sua vontade.
Vou providenciar cartas de recomendação, referências e seu pagamento final incluirá um bônus generoso. Roberto não é sobre dinheiro. Eu sei. Ele acortou, a voz ainda mecânica, mas é o mínimo que posso fazer. Você trouxe excelência ao seu trabalho aqui e merece ser compensada adequadamente. Eles se olharam através da biblioteca e Carolina sentiu como se uma fenda tivesse se aberto entre eles.
Pequena ainda, mas com potencial de se tornar um abismo intransponível. “Vou sentir sua falta”, disse ela, voz quebrando. “Também vou.” Ele virou-se para sair, mas parou no batente da porta. A inauguração é sábado. Mesmo que você não vá, gostaria que ao menos pensasse nisso.
Tudo que construímos juntos, tudo que poderíamos ainda construir se você escolhesse ficar. Depois que ele saiu, Carolina desabou no sofá, abraçando os joelhos contra o peito. Havia tomado a decisão, mas por que parecia tão errada? Porque sentia como se tivesse acabado de cometer o maior erro de sua vida. No andar de cima, Roberto trancou-se em seu quarto, tirando a caixa com o anel do bolso.
Abriu-a, olhando para a promessa física que Carolina não conseguira aceitar. E pela primeira vez, desde o acidente de Fernanda, Roberto se permitiu chorar, não pelo passado dessa vez, mas pelo futuro que parecia estar escorregando por entre seus dedos. A separação estava chegando, mas seria permanente ou o amor deles provaria ser mais forte que o medo. Os dois dias seguintes foram os mais dolorosos que Carolina experimentara.
Ela começou a arrumar suas coisas, fazendo ligações para Londrina, confirmando a aceitação da vaga na fazenda menor, que a havia contatado semanas atrás. Cada objeto colocado na mala parecia arrancar um pedaço de seu coração. Roberto mantinha distância profissional. Quando precisavam interagir por causa do trabalho, ele era corto. As noites eram as piores.
Carolina dormia no quarto de hóspedes novamente e conseguia ouvir Roberto andando pelo corredor tarde da noite, claramente sem conseguir dormir também. Dona Rosa não escondia sua desaprovação. “Você está cometendo um erro, menina”, disse ela na sexta-feira de manhã. “Está deixando o medo ganhar.
Estou fazendo o que preciso fazer para ser saudável”, respondeu Carolina. Mas as palavras soavam ocas até para ela mesma. Está fugindo. É diferente. Talvez dona Rosa estivesse certa, mas Carolina já havia tomado a decisão e orgulho demais a impedia de voltar atrás.
Sábado amanheceu claro e bonito, o dia perfeito para a inauguração parcial da escola rural Fernanda Almeida. Carolina acordou cedo, observando pela janela enquanto Roberto se preparava para sair. Ele vestia terno escuro. Ela nunca o vira de terno antes. Estava devastadoramente bonito e completamente fora de alcance. Um carro chegou para buscá-lo. Seu José dirigindo. Roberto entrou sem olhar para a casa, sem procurá-la. uma última vez.
E Carolina sentiu o coração se partir um pouco mais. Passou o dia arrumando as últimas coisas, finalizando relatórios veterinários, garantindo que a transição seria suave para seu substituto. Dona Rosa tinha ido para a inauguração. Então a casa estava silenciosa, vazia, pesada, de arrependimento.
Por volta das 5 da tarde, incapaz de aguentar mais, Carolina foi até o escritório veterinário, sentou-se na mesa onde passara tantas horas. onde Roberto a visitara tantas vezes, onde eles haviam se beijado pela primeira vez depois dele declarar seus sentimentos. Encontrou uma foto que não sabia que existia dela e Roberto no terreno da escola, ambos sorrindo para a câmera que seu José devia ter segurado. Pareciam tão felizes, tão certos.
O que havia acontecido com aquela certeza? Porque você deixou o medo ganhar? Disse para seu reflexo na janela. Porque foi covarde demais para lutar. Naquele momento, como uma epifania dolorosa, Carolina percebeu a verdade. Não eram os outros que a faziam se sentir inadequada, era ela mesma. Toda insegurança, toda dúvida vinha de dentro. E, fugindo para Londrina, não estava resolvendo nada.
Estava apenas levando os mesmos problemas para um lugar diferente. “O que eu fiz?”, sussurrou ela, horror e arrependimento inundando seu peito. “O que eu fiz?” Ela havia rejeitado o homem que a amava genuinamente. Havia desistido do relacionamento mais significativo de sua vida por medo de não ser boa o suficiente.
Havia deixado opiniões de estranhos destruírem algo precioso. Carolina correu de volta para a casa, pegando as chaves do seu carro. Precisava ir até Santa Rita, até a inauguração. Precisava ver Roberto se desculpar e implorar por outra chance, se necessário. Não importava se haveria julgamentos. importava apenas que o amava e não podia deixá-lo ir sem lutar.
A estrada até Santa Rita nunca parecera tão longa. Carolina dirigia rápido demais, o coração trovejando, mão suando no volante. “Por favor, ainda tenha tempo”, rezava ela. “Por favor, me dê chance de consertar isso.” Quando chegou, a cerimônia estava terminando. Carros começavam a partir, pessoas se despedindo. Carolina estacionou apressadamente e correu até a escola.
Seus olhos procurando desesperadamente por Roberto na multidão que se dispersava. Encontrou seu José perto da entrada. “Onde está o Roberto?”, perguntou ela ofegante. O capataz olhou para ela com surpresa e algo parecido com pena. Foi embora há cerca de 15 minutos. Disse que queria estar sozinho. Acho que foi para a fazenda, mas não tenho certeza. Carolina sentiu vontade de chorar.
Como foi a inauguração? bonita, emocionante. Mas seu José hesitou. O patrão estava vazio, fez o discurso, cortou a fita, agradeceu a todos, mas qualquer um que o conhece bem podia ver que ele estava apenas indo através dos movimentos. O coração dele não estava lá. Por que eu não estava lá? Sussurrou Carolina. A culpa pesando como chumbo. Foi minha culpa, menina.
Não é tarde demais. Vá atrás dele, converse. Lutem por isso. O homem mais velho tocou seu ombro com gentileza. Todos podemos ver que vocês se amam. Não deixem orgulho ou medo destruir isso. Carolina voltou correndo para o carro. De volta à fazenda Boa Vista, correu para a casa sede. Roberto chamou, subindo as escadas. Roberto, preciso falar com você.
encontrou-o no quarto, ainda de terno, mas com a gravata afrouxada, sentado na beira da cama com a caixa do anel nas mãos. Ele ergueu os olhos quando ela entrou, surpresa e dor misturadas em suas feições. Carolina, o que você está fazendo aqui? Pensei que estivesse terminando de arrumar para partir amanhã. Estava, mas então percebi algo. Ela entrou no quarto, fechando a porta atrás de si.
Percebi que sou uma idiota, uma covarde e que estava cometendo o maior erro da minha vida. Roberto ficou de pé, cauteloso. Do que está falando? Estou falando sobre nós, sobre como deixei meu próprio medo e insegurança destruir a melhor coisa que já tive. As lágrimas começaram a cair, mas Carolina não as conteve. Você tinha razão.
Eu estava deixando que pessoas mesquinhas ditassem nossa vida. Estava me escondendo atrás de desculpas quando a verdade real é que tinha medo. Medo de não ser boa o suficiente, medo de te decepcionar, medo de que você eventualmente percebesse que cometeu um erro comigo. Carolina, me deixa terminar, por favor. Ela respirou fundo.
Mas o que percebi hoje é que esses medos são meus, não tem nada a ver com você ou com o que os outros pensam. E fugir para Londrina não ia resolver nada, porque eu ia levar esses mesmos medos comigo. A única diferença é que lá eu estaria sem você. E uma vida sem você não é uma vida que eu quero viver. O silêncio se estendeu.
Roberto olhava para ela com uma intensidade que a deixava exposta, vulnerável, mas dessa vez Carolina não recuou. Eu deveria ter ido à inauguração”, continuou ela, a voz quebrando. “Deveria ter estado ao seu lado, onde pertenço. Deveria ter te apoiado em algo tão importante.” “E sinto muito, Roberto. Sinto muito por ter sido tão fraca, tão estúpida?” “Você não é nem fraca, nem estúpida”, disse ele finalmente, a voz rouca.
“Você é humana e assustada. E talvez, talvez eu tenha pressionado demais, rápido demais.” Ele olhou para a caixa em suas mãos. Talvez eu tenha tentado forçar algo que você genuinamente não estava pronta para aceitar, mas eu estava pronta. Eu estou pronta. Carolina se aproximou. O problema não era você ou o timing, era eu não acreditando em mim mesma.
Mas agora, agora eu escolho acreditar, escolho lutar, escolho nós. Carolina, você não pode mudar de ideia assim tão rápido, esse tipo de decisão. Não mudei de ideia rápido. Passei dois dias miseráveis me questionando. E então, quando estava prestes a te perder completamente, finalmente enxerguei claro. Ela segurou as mãos dele. Te amo, Roberto, e sei que você me ama.
E isso tem que ser suficiente. Tem que ser mais forte que qualquer julgamento, qualquer medo, qualquer obstáculo. Roberto a estudou longamente. E Londrina, a vaga que aceitou? Vou recusar. Meu lugar é aqui com você na fazenda, trabalhando nos nossos projetos, construindo uma vida juntos. Ela apertou as mãos dele.
Se você ainda me quiser, se eu não destruir tudo completamente por um momento terrível, Carolina pensou que talvez tivesse ido longe demais, que talvez ele a rejeitasse como ela o havia rejeitado. Mas então, Roberto puxou-a para seus braços com tanta força que ela perdeu o ar, enterrando o rosto no cabelo dela. “Claro que ainda te quero”, murmurou ele contra seu cabelo.
Nunca parei de te querer. Mesmo quando doía, mesmo quando achei que ia te perder, ainda te queria. Sempre vou querer você. Eles se beijaram com desespero e alívio, como sobreviventes de um naufrágio, finalmente encontrando terra firme. Carolina saboreou cada segundo, agradecida por mais uma chance, determinada a não desperdiçá-la.
Quando se separaram, Roberto abriu a caixa novamente. Então, vamos tentar isso de novo. Sem pressão, sem expectativas. Além do que está pronta para dar. Carolina Silva aceita essa promessa? Aceita ficar e construir algo real comigo no seu ritmo? Dessa vez Carolina não hesitou. Sim, aceito tudo. A promessa, o ritmo, os desafios. Aceito nós. Ele deslizou o anel em seu dedo.
Cabia perfeitamente. E quando Carolina olhou para a pedra azul brilhando, não viu um símbolo de pressão ou expectativa. Viu esperança, compromisso e amor que escolhera lutar para manter. Mas tem condições disse Roberto. Sério agora, sem mais fugir quando as coisas ficarem difíceis, sem mais deixar que pessoas externas definam nosso valor.
Conversamos, lutamos juntos, enfrentamos os problemas de frente. Consegue fazer isso? Consigo e vou fazer. Ela tocou o rosto dele. Prometo que vou ser mais forte. Vou lutar por nós. Nós lutamos juntos, sempre juntos. Eles se deitaram na cama, vestidos, apenas se abraçando. E, pela primeira vez em dias, ambos sentiram paz.
Sabe”, disse Carolina depois de um tempo. “Ainda vai ter gente julgando, ainda vai ter comentários e olhares, eu sei, mas dessa vez vamos enfrentar juntos e eventualmente eles vão se cansar e encontrar outra coisa para fofocar”. Roberto beijou sua testa. E mesmo que não se cansem, não importa, porque o que temos é real, é nosso e mais ninguém tem direito de opinar sobre isso.
Carolina aninhava-se mais perto, sentindo o anel estranho, mas reconfortante em seu dedo. Quase havia perdido tudo por medo e insegurança, mas o amor deles havia provado ser mais forte e agora, com lições aprendidas e compromisso renovado, estavam prontos para realmente começar a construir seu futuro juntos. Mas a jornada ainda não estava completa. Como eles reconstruiriam a confiança quebrada e que surpresas o futuro ainda guardava.
Os dias após a quase separação, foram como aprender a andar novamente. Carolina e Roberto eram cuidadosos um com o outro. Gentis demais, talvez, como se temessem que um movimento brusco pudesse quebrar a frágil reconciliação. Carolina ligou para Londrina na segunda-feira, declinando educadamente a oferta.
A decepção do fazendeiro era palpável, mas ela estava em paz com sua decisão. Seu lugar era ali, na fazenda Boa Vista, ao lado de Roberto. “Vamos devagar”, disse Roberto naquela noite, enquanto jantavam na varanda. “Reconstruir confiança leva tempo. Não há pressa.” E devagar foi exatamente como fizeram. O primeiro mês foi sobre reaprender um ao outro, conversas longas e honestas sobre medos, expectativas e feridas.
Carolina foi transparente sobre suas inseguranças e Roberto foi vulnerável sobre seu próprio medo de perder alguém que amava novamente. Eles decidiram estabelecer algumas regras. Comunicação absoluta! Disse Carolina, segurando a mão dele durante uma de suas conversas noturnas. Se algo me incomodar, vou falar imediatamente em vez de deixar acumular e eu vou verificar regularmente se você está bem. Não apenas assumir que está.
” Roberto beijou seus dedos. sem mais deixar problemas crescerem no silêncio. “E quanto ao mundo lá fora?”, perguntou ela. “us julgamentos enfrentamos juntos, mas também talvez possamos ser mais seletivos sobre onde vamos e com quem passamos tempo. Não precisamos nos expor desnecessariamente a pessoas tóxicas. Foi uma abordagem balanceada, nem fugir completamente, nem se forçar a situações prejudiciais. O segundo mês trouxe mais intimidade física.
Carolina percebeu que havia se retraído naquele aspecto durante o período de crise e Roberto respeitara o espaço. Mas agora, lentamente, eles voltavam a se conectar daquela forma também. Uma noite, após fazerem amor com ternura, que parecia curar feridas invisíveis, Carolina traçou os contornos do rosto de Roberto na penumbra do quarto. “Eu realmente quase perdi você”, sussurrou ela.
“Quase joguei tudo fora.” “Mas não jogou. voltou, lutou por nós. Ele capturou sua mão, beijando a palma. Isso é o que importa. Ainda me sinto culpada às vezes pelo que coloquei você para passar e eu me sinto culpado por não ter percebido o quanto você estava lutando. Roberto a puxou para mais perto, mas culpa não constrói futuros.
Apenas presente e escolhas conscientes fazem isso. E escolho você todo dia, mesmo nos dias difíceis. Eu também escolho você. todo dia. O terceiro mês trouxe um teste real. Havia uma feira de agronegócio em Campo Grande e Roberto precisava comparecer. Era um evento importante, com compradores, fornecedores e toda a elite rural da região.
Inevitavelmente, pessoas que os julgavam estariam lá. “Você quer que eu vá com você?”, perguntou Carolina, tentando manter a voz firme, apesar do nervosismo. Roberto a encarou seriamente. Quero muito, mas apenas se você estiver realmente confortável, não vou te forçar. Carolina respirou fundo. Estou pronta. Vamos enfrentar isso juntos, como prometemos.
Passaram dias se preparando, não apenas as roupas, mas mentalmente. Praticaram possíveis cenários como responder a comentários incômodos, como se apoiar mutuamente. Se ficar demais, apertamos minha mão três vezes, sugeriu Roberto. É nosso código para preciso sair daqui. E se eu apertar a sua três vezes, saímos imediatamente, sem perguntas, sem julgamentos. Chegou o dia.
Carolina vestiu um vestido azul marinho, elegante, mas não ostensivo, cabelos presos em um coque sofisticado. Roberto usava terno carvão que o fazia parecer devastadoramente bonito. Ele a olhou como se ela fosse a coisa mais preciosa do mundo. Você está linda e forte. Lembra disso? Você é forte. Nós somos fortes juntos.
A feira era exatamente o que Carolina esperava. grande, movimentada, cheia de pessoas que os conheciam ou conheciam de Roberto. Os olhares começaram imediatamente, os sussurros mal disfarçados, mas dessa vez foi diferente. Sempre que Carolina sentia o peso dos julgamentos, Roberto estava lá, uma mão nas costas, um aperto reconfortante em sua mão, uma apresentação orgulhosa.
Esta é Carolina Silva, minha namorada e brilhante veterinária. E Carolina se manteve firme. Quando Márcia, aquela amiga de infância de Roberto, fez um comentário passivo agressivo sobre como era corajosa para sua idade lidar com relacionamentos complexos, Carolina respondeu com graça: “Na verdade, descobri que idade tem pouco a ver com maturidade emocional.
O que importa é compatibilidade, respeito mútuo e amor genuíno. E tenho tudo isso com Roberto. A resposta silenciou Márcia e Roberto apertou a mão de Carolina três vezes, mas não como código de saída, como código de Estou orgulhoso de você. Houve momentos difíceis, certamente. Um grupo de mulheres mais velhas que claramente desaprovavam.
Um homem que fez um comentário de que Roberto estava passando por uma crise de meia idade, mas cada vez Carolina e Roberto apresentavam frente unida. “Sabe o que é libertador?”, disse Carolina no caminho de volta, cansada, mas triunfante. Perceber que as opiniões deles realmente não importam. Podem julgar o quanto quiserem, mas não mudam o que temos.
Não tocam no que é real entre nós. Você foi incrível hoje, disse Roberto. Orgulho evidente em sua voz. Vi a mulher forte que sempre soube que você era. Só consegui porque você estava ao meu lado, mas também porque finalmente acredito, realmente acredito que mereço isso. Mereço você. Mereço felicidade.
Aquela noite marcou uma virada. Carolina havia enfrentado seus medos de frente e saído vitoriosa. E Roberto havia demonstrado mais uma vez que era um parceiro em quem ela podia confiar completamente. Nas semanas seguintes, eles voltaram a ser como antes, mas melhor, mais profundos, mais conectados.
As cicatrizes da quase separação ainda estavam lá, mas serviam como lembretes do que poderiam perder se deixassem de valorizar o que tinham. A escola rural Fernanda Almeida continuava progredindo. Carolina se envolveu completamente e sua contribuição foi reconhecida mesmo pelos mais céticos. As crianças que já frequentavam a biblioteca e as salas parcialmente abertas a adoravam, especialmente quando ela trazia filhotes de animais da fazenda para demonstrações educativas.
Você é uma professora natural”, comentou Roberto, observando-a explicar sobre o ciclo de vida das vacas para um grupo de crianças fascinadas. Já pensou em fazer isso mais regularmente? Talvez dar aulas sobre animais na escola quando estiver completamente pronta. A ideia plantou uma semente na mente de Carolina. Talvez seu futuro não fosse apenas sobre veterinária de produção, mas também sobre educação, sobre inspirar a próxima geração a respeitar e cuidar dos animais.
“Poderia ser incrível”, disse ela, os olhos brilhando com possibilidades. Aulas de ciências práticas, ensinando as crianças sobre ecossistemas, agricultura sustentável, bem-estar animal. Então vamos incluir isso no planejamento. Uma sala especial, talvez até um mini zoológico educativo com animais da fazenda. Roberto a puxou para um abraço.
Adoro quando seus olhos brilham assim quando você está animada sobre algo. É porque finalmente me sinto livre para sonhar”, confessou ela, não mais presa por inseguranças ou medos, apenas livre. E era verdade. Mês após mês, Carolina sentia as correntes de suas próprias inseguranças se quebrando. Ela não era mais a jovem veterinária assustada que chegara à fazenda Boa Vista.
Era uma mulher confiante em um relacionamento maduro, construindo um futuro que a emocionava. Dona Rosa observava tudo com satisfação maternal. “Sempre soube que vocês dariam certo”, disse ela numa tarde enquanto tomavam café na cozinha. Apenas precisavam passar pela tempestade para apreciar a calmaria. Foi uma tempestade bem assustadora, admitiu Carolina.
As melhores histórias de amor sempre tem. O que importa é que vocês não desistiram. Três meses após a reconciliação, Roberto levou Carolina de volta ao terreno da escola, agora quase completa, faltando apenas os toques finais. Eles caminharam pelo espaço transformado, maravilhados com sonhos em papel haviam se tornado realidade física.
“Você fez isso acontecer?”, disse Carolina, admirando a biblioteca que ele havia mencionado naquele primeiro dia. “Transformou dor em algo belo. Nós fizemos isso acontecer”, corrigiu Roberto. “E não foi apenas a escola, Carolina. Você me transformou. me deu razão para acreditar em futuros, não apenas sobreviver no presente.
Ele tirou algo do bolso, uma cópia das plantas originais da escola, as mesmas que havia mostrado no primeiro dia no terreno. “Olha aqui,” apontou para uma nota manuscrita no canto em uma caligrafia que não era dele. Fernanda escreveu isso. Que este espaço seja preenchido com risadas de crianças e que quem o completar seja abençoado com amor. Acredito que ela estava falando sobre você, Carolina.
Mesmo sem saber, ela estava te trazendo para minha vida. Lágrimas encheram os olhos de Carolina. Você acha? Tenho certeza. E sei que ela aprovaria. Aprovaria de você, de nós, de como você me ajudou a honrar a memória dela de uma forma saudável. Roberto abraçou Carolina por trás, ambos olhando para a escola. Você não está competindo com um fantasma, amor.
Você está completando uma história que precisava de um novo capítulo. Carolina virou-se nos braços dele. Eu te amo tanto, tanto que às vezes ainda assusta um pouco, mas é um susto bom agora, excitante, não aterrorizante. Também te amo e prometo passar todos os dias provando isso. Eles se beijaram ali no local onde quase haviam se beijado pela primeira vez meses atrás, onde tantas promessas haviam sido feitas e renovadas.
E Carolina soube, com uma certeza que vinha do fundo de sua alma, que havia finalmente encontrado o seu lugar. Não apenas na fazenda, não apenas ao lado de Roberto, mas dentro de si mesma. Ela era suficiente, sempre fora. Apenas precisara aprender a acreditar nisso. Mas o universo ainda tinha surpresas guardadas para eles, e o maior capítulo de suas vidas estava prestes a começar.
Dezembro chegou trazendo o calor intenso e as chuvas esporádicas típicas do início do verão no Centro-Oeste. A escola rural Fernanda Almeida estava programada para a inauguração completa em fevereiro e Carolina se via cada vez mais envolvida no projeto, especialmente na criação do programa educacional sobre animais que ela propusera.
Foi numa manhã de quinta-feira, quando Carolina estava catalogando equipamentos veterinários, que sentiu uma tontura súbita. segurou-se na mesa esperando passar, mas uma náusea intensa a atingiu. Correu para o banheiro do escritório, chegando a tempo de vomitar. “Deve ter sido algo que comi”, murmurou, limpando o rosto. Mas uma parte de sua mente, treinada em biologia e ciência começou a fazer cálculos.
Quando foi sua última menstruação? Semanas atrás, mais que semanas, ela sempre fora irregular, então não prestara muita atenção, mas o coração de Carolina começou a acelerar. Não, não podia ser. Eles eram cuidadosos na maioria das vezes, exceto naquela noite da reconciliação, quando emoções eram tão intensas que cuidado foi esquecido, e talvez mais algumas vezes depois.
Calma”, disse para seu reflexo no espelho. “Pode ser apenas estresse ou um vírus, não precisa ser, mas ela precisava saber”. Na hora do almoço, dirigiu até Campo Grande, discretamente, parando numa farmácia, longe de qualquer lugar que pudesse encontrar conhecidos. Comprou três testes de gravidez diferentes, as mãos tremendo enquanto pagava.
De volta à fazenda, trancou-se no banheiro do alojamento. Ainda mantinha as chaves, mesmo não morando mais lá. Fez os três testes com mãos trêmulas, seguindo as instruções meticulosamente. 3 minutos nunca pareceram tão longos. Quando os timers apitaram, Carolina forçou-se a olhar positivo. Os três inequivocamente positivos. Ela estava grávida.
Carolina sentou-se no chão do banheiro, abraçando os joelhos, tentando processar. Um bebê. Ela e Roberto iam ter um bebê. A ideia era aterrorizante e maravilhosa ao mesmo tempo. Como ele reagiria? Já haviam falado sobre filhos genericamente algum dia no futuro distante, quando estivessem mais estáveis. Mas agora, quando ainda estavam reconstruindo confiança, quando ela ainda estava encontrando sua própria estabilidade emocional, você consegue, disse para si mesma. Seja o que for que aconteça, você consegue.
Mas primeiro precisava contar a Roberto. Naquela noite, Carolina preparou um jantar especial na casa sede. Dona Rosa estranhara o pedido de que ela tirasse a noite de folga, mas concordara com um sorriso conhecedor que fez Carolina se perguntar se a governanta já suspeitava de algo.
Quando Roberto chegou do trabalho, encontrou a mesa posta romanticamente, velas acesas e Carolina nervosa, remexendo o molho de uma massa caseira. “O que é a ocasião?”, perguntou ele, beijando sua têmpora. “Não que esteja reclamando, apenas curioso. Não pode um woman querer fazer algo especial para o homem que ama?” Ela forçou leveza na voz.
Pode, mas te conheço bem o suficiente para saber quando está nervosa. O que está acontecendo, Carolina? Ela suspirou. Roberto a conhecia bem demais. Vamos jantar primeiro. Preciso de coragem líquida para o que tenho que te contar. A preocupação atravessou o rosto dele. Está tudo bem? Você está bem? Estou ótima, prometo. É só grande. A notícia é grande.
Eles jantaram, mas Carolina mal conseguiu comer, o estômago revirando de nervosismo. Roberto também parecia distraído, claramente preocupado com o que ela tinha a dizer. Quando terminaram, Carolina levou-o para a varanda, onde a brisa noturna era mais fresca. Roberto, começou ela, segurando as mãos dele. Você me ama? Você sabe que sim, com cada fibra do meu ser. e confia em mim, em nós completamente.
Carolina, você está me assustando. O que está acontecendo? Ela respirou fundo. Não havia forma suave de dizer isso. Estou grávida. O silêncio que seguiu parecia se estender por uma eternidade. Roberto ficou completamente imóvel, olhos arregalados processando as palavras. Você nós um bebê? Sua voz era quase um sussurro. Sim, fiz três testes hoje, todos positivos.
Eu sei que não planejamos, que é mais cedo do que gostaríamos e entendo se você. Roberto a puxou para um abraço tão apertado que ela mal conseguia respirar. Quando ele se afastou, havia lágrimas em seus olhos. “Um bebê”, repetiu ele, voz cheia de reverência e emoção. “Nós vamos ter um bebê. Você não está bravo ou assustado?” “Assustado? Estou aterrorizado. Ele riu.
Um som entre alegria e pânico. Mas bravo, Carolina, você está me dando o presente mais incrível, uma família, algo que pensei que nunca teria novamente. As lágrimas que Carolina vinha segurando finalmente caíram. Eu também estou assustada. Não sei se estou pronta para ser mãe. Mal estou começando minha carreira, ainda estou descobrindo quem sou. Vamos descobrir juntos como fazemos com tudo.
Roberto colocou a mão no abdômen dela ainda plano. Tem uma vida aqui. Nossa vida. Parte de você e parte de mim. Como isso poderia ser anything menos que milagroso? Carolina cobriu a mão dele com a sua. Então você está feliz de verdade? Mais feliz do que me permiti ser em muito tempo.
Ele a beijou suave e profundamente. Temos muito para planejar. Precisamos de um médico. Você precisa começar o pré-natal. Temos que preparar um quarto. Roberto. Ela riu através das lágrimas. Um passo de cada vez. Primeiro vamos apenas absorver a notícia. Eles se sentaram na varanda, abraçados, vendo as estrelas e imaginando o futuro que estava se formando.
“Você acha que Fernanda aprovaria?”, perguntou Carolina suavemente. Roberto ficou em silêncio por um momento. Acho que ela ficaria feliz por mim, por nós. Ela sempre quis que eu fosse pai. Dizia que eu seria ótimo nisso. Sua voz ficou embargada. E sei que ela teria amado você, Carolina, como uma irmã, uma amiga.
Ela tinha esse coração enorme que cabia a todo mundo. Espero ser metade da mulher que ela era. Você é incrível, exatamente como é. Nossa criança terá muita sorte. Nos dias seguintes, a notícia se espalhou pela fazenda. Dona Rosa chorou de alegria, abraçando Carolina como se fosse sua própria filha.
Seu José apertou a mão de Roberto vigorosamente, os olhos brilhando com emoção. “Vida nova na fazenda”, disse o capataz. “É um bom presságio, patrão. Mas, como esperado, o mundo exterior teve reações mistas. Quando foram a primeira consulta pré-natal em Campo Grande, Carolina percebeu olhares e sussurros. tão nova e já engravidando. Aposto que foi proposital para prender ele, coitada ou esperta. Difícil saber.
Dessa vez, porém, os comentários ricochetearam em Carolina sem penetrar. Ela tinha algo mais importante para focar, a vida crescendo dentro dela, o homem que amava ao seu lado e um futuro para construir. “Não vou mentir”, disse ela ao médico durante a consulta, quando ele perguntou sobre seu estado emocional.
Estou nervosa, mas também estou emocionada e tenho um sistema de apoio incrível. Roberto apertou sua mão, orgulho evidente em seu rosto. O médico sorriu. Isso é tudo que importa. Vocês vão se sair muito bem. Naquela noite, deitados na cama, Roberto traçava círculos suaves no abdômen de Carolina. “Você sabe o que isso significa? Não sabe?”, disse ele.
“O quê? Temos que casar antes do bebê nascer.” Carolina se apoiou no cotovelo para olhá-lo. Roberto Almeida, isso foi um pedido de casamento? Ele sorriu aquele sorriso raro que transformava completamente seu rosto. Foi um pedido terrível, não foi? O pior de todos os tempos. Então, deixa eu fazer direito. Ele saiu da cama pegando algo na gaveta da mesinha de cabeceira.
Era um anel diferente do anel de promessa que Carolina já usava. Este era um solitário delicado, com um diamante que brilhava mesmo na pouca luz do quarto. “Comprei isso meses atrás”, disse Roberto, ajoelhando-se ao lado da cama. Estava esperando o momento perfeito e percebi que não existe momento perfeito, apenas o momento certo. “E este é nosso momento certo.
” Carolina sentou-se na cama, o coração trovejando. Carolina Silva, você iluminou minha vida quando eu estava nas trevas. Me deu razão para sorrir, para sonhar, para acreditar em amanhãs. Agora está me dando uma família. Você é tudo que eu nunca soube que precisava e tudo que sempre quis. Casa comigo oficialmente perante todos.
Não porque temos que, mas porque eu quero passar o resto da minha vida mostrando quanto te amo. As lágrimas corriam livremente pelo rosto de Carolina. Sim, soluçou ela. Sim, sim, sim. Ele deslizou o anel em seu dedo ao lado do anel de promessa e Carolina olhou para ambos, símbolos de uma jornada que começara com incerteza, mas estava florescendo em algo lindo. Quando? Perguntou ela. Quando você quiser. Amanhã se pudéssemos.
Mas entendo. Se quiser algo maior, mais planejado. Não, não precisa ser grande, apenas íntimo. Pessoas que realmente nos amam. Carolina pensou por um momento: “Que tal em janeiro na escola antes da inauguração oficial? Seria um novo começo perfeito? Perfeito”, concordou Roberto, subindo de volta para a cama e puxando-a para seus braços. “Tudo com você é perfeito.
” Enquanto adormeciam juntos, Carolina colocou a mão sobre seu abdômen, sentindo conexão com a vida que ainda não podia sentir fisicamente, mas sabia estar lá. Um bebê, um casamento, uma família. Meses atrás, ela era apenas uma veterinária assustada chegando a uma fazenda nova. Agora era uma mulher prestes a se casar com o amor de sua vida e se tornar mãe.
A vida tinha uma forma engraçada de surpreender você com exatamente o que você precisava, exatamente quando precisava. Mas enquanto a felicidade os envolvia, o destino ainda tinha uma última provação reservada para testar a força do amor deles. Janeiro começou quente e cheio de promessas. O casamento estava marcado para o dia 25, uma cerimônia íntima na escola rural Fernanda Almeida.
Carolina estava com quase três meses de gravidez, ainda sem mostrar muito, mas os enjoos matinais eram constantes e intensos. “Você tem certeza que quer fazer isso agora?”, perguntou dona Rosa pela terceira vez enquanto Carolina provava o vestido simples, mas elegante que haviam escolhido.
“Podemos remarcar para quando você estiver se sentindo melhor?” Não quero me casar com ele o quanto antes. Carolina admirou seu reflexo. O vestido branco de tecido leve caía perfeitamente sobre seu corpo, discreto, mas lindo. Já esperamos tempo demais. Roberto estava igualmente ansioso. Ele planejava cada detalhe com cuidado. Flores silvestres decorando a biblioteca da escola, um pequeno jantar na fazenda, depois música ao vivo tocada por um violonista local.
seria perfeito. Mas o universo, como sempre, tinha outros planos. Dois dias antes do casamento, Carolina estava no escritório veterinário organizando documentos. Queria deixar tudo em ordem antes de tirar uma semana de lua de mel, quando sentiu uma cólica forte e aguda, tão forte, que a fez dobrar ao meio, ofegante.
“Não, não, não!”, sussurrou ela, medo imediato inundando seu peito. Cólicas não eram normais, não daquele jeito. Foi ao banheiro e seu coração parou. Sangramento, não muito, mas o suficiente para aterrorizar. Com mãos trêmulas, ligou para Roberto. Você pode vir aqui agora? Eu preciso ir ao hospital. Ele não fez perguntas.
Em 5 minutos estava ali, o rosto pálido quando ela explicou. 20 minutos depois estavam na emergência do hospital em Campo Grande. As horas seguintes foram as mais longas da vida de Carolina. Exames, ultrassom, médicos com rostos sérios demais. Roberto não largou sua mão nem por um segundo, mas ela via terror em seus olhos, o terror de quem já havia perdido demais.
Finalmente, a médica entrou no quarto com uma expressão que não era completamente sombria e Carolina respirou pela primeira vez em horas. O bebê está bem”, disse a doutora, e ambos desmoronaram em alívio. “Mas você tem um descolamento de placenta pequeno. Não é grave ainda, mas significa repouso absoluto. Nada de esforço, nada de estresse, apenas descanso.
” “Mas o casamento,” começou Carolina e então parou. Bebê versus casamento. Não havia escolha real ali. “Adiamos”, disse Roberto firmemente. “O bebê é prioridade. Quanto tempo de repouso?”, perguntou Carolina à médica. Pelo menos até o final do primeiro trimestre. Vamos monitorar semanalmente. Se o descolamento não piorar, você pode retomar atividades gradualmente no segundo trimestre.
Mas por agora repouso é essencial. De volta à fazenda naquela noite, Carolina estava devastada. Estraguei tudo chorou ela nos braços de Roberto. Nosso casamento, nossos planos. Você não estragou nada. Essas coisas acontecem. E rei, olha para mim. Ele esperou até que ela erguesse os olhos marejados. Um casamento é um dia.
Nosso bebê é uma vida. Sei qual escolher, mas você tinha planejado tudo tão perfeitamente. E vamos fazer tudo isso ainda, apenas alguns meses mais tarde. Talvez até possamos ter um casamento quando você estiver visivelmente grávida, mostrando nossa família para o mundo. Ele colocou a mão no abdômen dela com ternura infinita.
Isso aqui é o que importa. Dona Rosa transformou o quarto deles em um santuário de conforto. Livros empilhados, laptop para Carolina trabalhar remotamente no que pudesse, travesseiros extras e vigilância constante. “Você não vai levantar nem para pegar um copo de água”, declarou a governanta. “Estou de serviço. Os dias se arrastavam.
Carolina, acostumada a ser ativa e independente, lutava com o confinamento forçado, mas cada vez que a frustração ameaçava consumi-la, ela pensava no bebê e encontrava paciência. Roberto foi incrível. Trabalhou de casa sempre que possível, ficando no quarto com ela. Liam juntos, assistiam filmes, conversavam sobre tudo e nada.
Ele descrevia o progresso da escola em detalhes vívidos, fazia piadas ruins para fazê-la rir. Massage pés quando inchavam. “Você não tem que fazer tudo isso”, disse ela uma noite. “Sei que tem trabalho, responsabilidades. Você é minha responsabilidade mais importante. Você e nosso bebê.” Ele beijou sua testa. Além do mais, estou gostando. É uma desculpa para estar perto de você sem interrupções.
As visitas semanais ao médico eram estressantes, mas gradualmente trouxeram boas notícias. O descolamento não estava piorando. O bebê crescia forte e saudável. No final do primeiro trimestre, a médica finalmente deu um sorriso real. Você passou pela parte crítica. O descolamento está se resolvendo. Pode começar a retomar atividades, mas ainda com cuidado. Nada de esforço físico intenso.
Carolina chorou de alívio. Três longos meses de repouso, mas valera a pena. “Podemos remarcar o casamento?”, perguntou ela a Roberto no caminho de volta. “Você tem certeza que está pronta?” “Sem pressa?” “Tenho. Quero me casar com você. Quero ser sua esposa antes de nosso bebê nascer.” Eles marcaram para abril.
Um mês moderado, antes do frio do inverno começar realmente. Carolina estava com 5 meses, a barriga finalmente começando a mostrar de forma innegável. Ela adorava aquilo, a evidência física da vida que carregavam. A segunda tentativa de planejar o casamento foi mais calma, menos estressante. Mantiveram simples.
Cerimônia na escola, apenas familiares próximos e funcionários da fazenda. Jantar íntimo depois. Nada elaborado, apenas significativo. Mas três dias antes da nova data, outra tempestade literal e figurativa atingiu. Uma forte tempestade danificou parte do telhado da escola, justamente sobre a biblioteca, onde planejavam fazer a cerimônia.
Reparos urgentes eram necessários, mas não ficariam prontos a tempo. “Não acredito nisso”, disse Carolina, olhando os relatórios que Roberto trouxe. “É como se o universo não quisesse que nos casássemos ou está testando nossa determinação.” Roberto tinha aquele brilho nos olhos que ela aprendera a reconhecer. Ele tinha uma ideia.
Que tal nos casarmos mesmo assim? Não na escola, mas aqui na fazenda, na varanda, de frente para as pastagens, onde realmente começou nossa história. Carolina considerou a varanda onde haviam jantado pela primeira vez como casal, onde ele a pedira em casamento, onde haviam passado tantas noites conversando sobre sonhos e futuro. É perfeito, concordou ela.
Mas só se não causar mais estress ou trabalho. Simples, lembra? Simples,” prometeu ele. E foi exatamente isso. Na tarde de 28 de abril, sob um céu azul impecável, Carolina Silva casou-se com Roberto Almeida.
Ela usava um vestido branco simples que acomodava sua barriga de 5 meses, cabelos soltos com flores silvestres entrelaçadas. Roberto usava terno leve em tom bege, os olhos nunca saindo dela. Seu José serviu como testemunha. Dona Rosa chorou copiosamente e os poucos funcionários e familiares presentes testemunharam votos que fizeram até os mais duros emocionarem. Carolina”, disse Roberto quando chegou sua vez, voz firme, mas carregada de emoção.
Você entrou na minha vida quando eu estava apenas sobrevivendo, não vivendo. Me ensinou que é possível honrar o passado enquanto abraça o futuro. Me mostrou que amor não é finito. Multiplica quando compartilhado. Prometo te amar em todos os dias que nos restam, nos fáceis e nos difíceis, nas tempestades e nas calmarias. Prometo ser o parceiro que você merece e o pai que nossa criança precisa.
E prometo sempre ser gentil e ir devagar quando necessário. A última linha, sua promessa desde o começo, fez Carolina chorar. Roberto, ela começou limpando lágrimas antes de continuar. Você me ensinou que sou mais forte do que pensava, que mereço felicidade tanto quanto qualquer um, que amor verdadeiro não julga, não compara, apenas aceita e nutre.
Você me deu lar quando me sentia perdida, esperança quando estava insegura e uma família quando nem sabia que era o que mais queria. Prometo te amar com a mesma intensidade que você me ama. Prometo lutar por nós quando as coisas ficarem difíceis. E prometo criar nosso filho com todo o amor e valores que você me mostrou. Você é meu lar, meu parceiro, meu amor.
Sempre quando o juiz os declarou marido e mulher, Roberto beijou Carolina com tanta ternura que todos presentes suspiraram coletivamente. “Finalmente”, sussurrou ele contra os lábios dela. “Minha esposa, seu esposa”, repetiu ela, saboreando as palavras. “Soa perfeito”. O jantar foi exatamente como imaginaram, íntimo, cheio de risadas, histórias compartilhadas e amor palpável.
Dona Rosa preparara um banquete e todos comeram até não aguentar mais. Quando a noite caiu e os convidados se foram, Roberto pegou Carolina no colo, cuidadosamente consciente da gravidez, e a levou para o quarto. “Bem-vinda à família Almeida”, disse ele, colocando-a gentilmente na cama. Carolina Almeida. testou ela.
Ou Carolina Silva Almeida, ainda não decidi. Qualquer um fica perfeito porque você é perfeita. Fizeram amor naquela noite com cuidado e ternura, celebrando não apenas a união oficial, mas tudo que haviam superado para chegar ali. Cada toque era promessa, cada beijo era gratidão. Depois, deitados abraçados, Carolina com a cabeça no peito de Roberto, ela sussurrou: “Valeu a pena.
Cada obstáculo, cada desafio, cada momento de dúvida, tudo valeu a pena para chegar aqui. Ainda vamos ter desafios, disse Roberto realisticamente. Criar um filho não é fácil. Vamos ter noite sem dormir, preocupações, medos, eu sei, mas enfrentaremos juntos, como sempre. Como sempre, concordou ele, beijando o topo de sua cabeça. Do lado de fora, a fazenda Boa Vista dormia sob um manto de estrelas, e, dentro da casa sede, dois corações batiam como um preparando-se para o próximo capítulo de suas vidas.
Um capítulo que incluiria risadas de bebê, choro de madrugada, amor multiplicado e todos os desafios e alegrias que parentalidade traz. Mas eles estavam prontos, porque tinham um ao outro. e isso sempre seria suficiente. A jornada estava longe de terminar, mas os maiores desafios haviam sido superados e o futuro brilhava à frente com possibilidades infinitas.
Os meses seguintes foram uma mistura de antecipação e preparação. A barriga de Carolina crescia constante e com ela, a realidade de que seriam pais em breve. transformaram um dos quartos de hóspedes em um lindo quarto de bebê, com paredes amarelas suaves e decoração neutra. Haviam decidido esperar para descobrir o sexo no nascimento.
“Surpresas são boas”, dissera Carolina quando Roberto perguntara se ela queria saber. Já sabemos o mais importante, que é saudável e amado. A escola rural Fernanda Almeida finalmente abriu completamente em maio, com cerimônia de inauguração que Carolina, agora com se meses e visivelmente grávida, ajudou a organizar. Os comentários ainda existiam, mas tinham mudado de tom.
“Que lindo ver vida nova começando enquanto a escola também começa”, comentou uma das professoras contratadas. O Dr. Roberto merece essa felicidade”, disse outra pessoa da comunidade. Não todos eram gentis. Ainda havia aqueles que julgavam que faziam comentários maldosos. Mas Carolina descobrira algo poderoso. Quando você é genuinamente feliz, as opiniões alheias perdem seu poder de machucar. “Viram aquela mulher me olhando torto?”, comentou ela a Roberto depois da inauguração rindo.
Há um ano teria me devastado hoje. Apenas sinto pena dela, que tem tempo para julgar vidas alheias em vez de viver a própria. Roberto a puxou para um beijo, cuidadoso com a barriga entre eles. Essa confiança é sexy em você, sabia? Tudo é sexy para você quando você está grávida a hormônios provocou ela, mas estava corando, satisfeita.
Os enjoos haviam passado, substituídos por energia renovada no segundo trimestre. Carolina voltou ao trabalho veterinário em meio período, focando em casos menos fisicamente exigentes. Também começou a dar aulas semanais na escola sobre animais e natureza e descobriu que amava ensinar. “Você é uma professora nata.” Roberto comentava sempre que a assistia com as crianças. “Eles te adoram. é recíproco.
E pensando, talvez depois que o bebê nascer e eu tiver ajustado, possa fazer ambos, veterinária e educação. Não tem que ser apenas um ou outro. Gosta de fazer as duas coisas, seu apenas limitar. A gravidez também aproximou Carolina de dona Rosa de formas inesperadas.
A governanta se tornara uma figura materna, compartilhando sabedoria sobre maternidade, ajudando a preparar o quarto do bebê, aconselhando sobre medos e ansiedades. “É normal estar assustada”, disse dona Rosa numa tarde, enquanto dobravam roupinhas minúsculas de bebê. “Toda mãe de primeira viagem está, mas o amor vem naturalmente e você não está sozinha. Tem o Roberto, tem eu, tem todos nós aqui.
E se eu não for boa nisso? Se eu estragar algo importante, então você conserta. Parentalidade é about tentar, falhar some times, aprender e continuar tentando. Ninguém é perfeito. A governanta tocou a barriga de Carolina gentilmente, mas esse bebê vai ter amor abundante e isso é o mais importante. Roberto estava igualmente nervoso e emocionado.
Comprou livro sobre paternidade, instalou o bebê conforto no carro semanas antes do necessário, verificava compulsivamente se tinham tudo que precisavam. Amor, temos fraldas suficientes para um ano.” Carolina apontou, rindo quando ele chegou com mais três pacotes. Nunca se sabe. E se houver uma tempestade e não conseguirmos sair, então o bebê vai ter as bundas mais limpas do estado.
A leveza entre eles era nova e preciosa. Haviam passado, por tanto, inseguranças, separação quase permanente, gravidez complicada, casamento adiado, mas tudo isso os tornara mais fortes, mais conectados. Uma noite de julho, quando Carolina estava com 8 meses, eles estavam na varanda observando o pô do sol, uma tradição que mantinham sempre que possível.
“Você está pronto para isso?”, perguntou Carolina, uma mão em sua barriga enorme, onde o bebê chutava vigorosamente. Assustado, mas pronto. E você? Mesma coisa, mas também emocionada. Tão emocionada? Ela olhou para ele. Sabe o que percebi outro dia? Há um ano. Eu tinha acabado de chegar aqui. Insegura, jovem demais, sem ideia de que minha vida estava prestes a mudar completamente. “Você mudou minha vida também?”, disse Roberto. Salvou-me.
Na verdade, nós salvamos um ao outro. Acho que era supposed to be. Dois broken people encontrando cura together. Não estamos mais quebrados, ele observou. Não, somos inteiros. Juntos somos inteiros. O bebê chutou particularmente forte, fazendo Carolina fazer careta. Roberto colocou a mão ao lado da dela, sentindo o movimento. Ativo.
Vai ser uma criança cheia de energia ou apenas takes after o pai que nunca para quieto. Eu sou perfeitamente calmo. Carolina riu. Você reorganizou o quarto do bebê três vezes na última semana. Estava otimizando o espaço. Momentos como esses, leves, brincalhões, cheios de antecipação amorosa, preenchiam seus dias. Mas também havia momentos sérios.
conversas profundas sobre o tipo de pais que queriam ser. Quero que nosso filho saiba sobre Fernanda”, disse Roberto uma noite, “Não como um assunto tabu, mas naturalmente. Ela foi importante parte da minha história e essa criança merece conhecer sua história completa.” Carolina concordou imediatamente.
E quero que saiba também que família vem em muitas formas, que amor não diminui quando compartilhado multiplica. “Vamos dar a essa criança tudo que não tivemos”, prometeu Roberto. Segurança, amor incondicional. liberdade para ser quem é e vamos cometer erros”, acrescentou Carolina realisticamente.
“Porque somos humanos, mas vamos aprender e crescer juntos”. Agosto chegou trazendo a reta final da gravidez. Carolina estava enorme, desconfortável e impacientemente esperando pelo nascimento. Cada contração de Braxton Hicks a fazia pular, pensando que era hora apenas para ser um alarme falso. “Esse bebê vai ficar aí para sempre.
” reclamou ela uma manhã, sentada com dificuldade. Mais algumas semanas, amor. Paciência. Fácil para você dizer. Você não está carregando uma melancia no abdômen. Roberto sabiamente não respondeu, apenas a ajudou a se levantar e massageou suas costas doloridas. A mala para o hospital estava pronta há semanas. O quarto do bebê estava perfeito.
Todos na fazenda estavam em alerta, prontos para ajudar quando chegasse a hora. E então, numa noite de lua cheia em meados de agosto, Carolina acordou com uma sensação diferente. Não as contrações falsas que tinha se acostumado. Essas eram reais, regulares, intensificando. Roberto, sacudiu ela seu marido gentilmente. Amor, acorda. Acho que é hora.
Ele sentou na cama instantaneamente, completamente alerta. Tem certeza? Pode ser outro alarme falso. Outra contração a atingiu mais forte dessa vez e ela agarrou sua mão. Não é falso. Nosso bebê está vindo. O que seguiu foi uma mistura de pânico organizado. Roberto pegou a mala, ajudou Carolina a descer, acordou dona Rosa para avisá-la.
A drive até o hospital em Campo Grande pareceu durar eternidades, cada buraco na estrada fazendo Carolina gemer de desconforto. Estamos quase lá. Roberto continuava dizendo, uma mão no volante e outra segurando a dela. Você está indo tão bem. Nunca mais vou fazer isso declarou Carolina entre contrações. Um filho, apenas um, isso é suficiente. Roberto sabiamente não apontou que ela provavelmente mudaria de ideia depois.
No hospital, eles foram recebidos pela equipe médica que acompanhara a Carolina durante toda a gravidez. A obstetra, Dra. Márcia sorriu ao vê-los. Chegou o grande dia. Vamos trazer esse bebê ao mundo. O momento mais importante de suas vidas havia chegado. Em breve seriam três e nada nunca seria o mesmo novamente. O trabalho de parto foi longo e intenso.
18 horas de contrações crescentes, de Carolina apertando a mão de Roberto com tanta força que ela tinha certeza que estava quebrando seus ossos de suor e lágrimas e palavras de encorajamento que pareciam vazias no meio da dor. “Você consegue”, Roberto continuava dizendo, limpando seu rosto com um pano úmido. “Você é a mulher mais forte que conheço. Só mais um pouco.
Se você me dizer só mais um pouco mais uma vez, eu juro que uma contração cortou suas palavras, arrancando um grito de sua garganta. Dra. Márcia apareceu para verificar a dilatação. 10 cm. Está na hora. Vamos ter esse bebê. O que seguiu foi um borrão de instruções. Empurre, respire, descanse, empurre novamente.
Carolina nunca soube que dor assim existia, mas também nunca soube que poderia ser tão forte. com Roberto ao seu lado, sussurrando encorajamentos, ela encontrou forças que não sabia possuir e então, depois de um empurrão final que pareceu tirar toda a energia restante de seu corpo, um choro penetrante preencheu a sala.
“É um menino”, anunciou doutora Márcia, levantando um pequeno ser coberto de verniz e gritando com pulmões impressionantes. “Um menino lindo e saudável!” Carolina desabou na cama, exausta e eufórica ao mesmo tempo. Roberto tinha lágrimas escorrendo pelo rosto enquanto cortava o cordão umbilical com mãos trêmulas.
Depois de limparem e verificarem o bebê, a enfermeira o colocou no peito de Carolina. Ele era minúsculo, perfeito, com uma cabeleira escura já evidente e olhos apertados contra a luz do mundo novo. “Olá, meu amor”, sussurrou Carolina, tocando o rostinho dele com dedos trêmulos. Nós te esperamos tanto. Roberto estava ao lado dela, um braço ao redor de seus ombros, olhando para o filho deles com reverência absoluta. “Ele é perfeito”, disse ele.
Voz rouca de emoção. Absolutamente perfeito. O bebê parou de chorar ao ouvir suas vozes, como se as reconhecesse dos meses no útero. Seus pequenos dedos se enrolaram ao redor do dedo indicador de Roberto e o homem perdeu completamente a compostura, chorando abertamente.
Eu te amo”, disse ele, não ficando claro se falava com Carolina ou com o bebê. “Talvez ambos. Te amo tanto.” Eles o chamaram de Lucas, um nome que significava luminoso, porque ele trouxera luz para vidas que haviam conhecido muita escuridão. Lucas Roberto Almeida. Um nome que carregava história, mas também promessa de futuro. As horas no hospital passaram em um trans.
Enfermeiras ensinavam Carolina como amamentar. Uma experiência desconfortável inicialmente, mas que rapidamente se tornou natural. Roberto se recusava a largar Lucas, segurando-o com cuidado extremo, como se o bebê fosse quebrar ao menor movimento brusco. “Você pode relaxar um pouco?”, disse Carolina divertida. “Ele não vai quebrar. Ele é tão pequeno.
Como algo tão pequeno pode existir?” Bem, meses atrás ele era microscópico. Esse é um upgrade. Quando finalmente ficaram sozinhos, visitantes mandados embora, enfermeiras dando-lhes um momento de privacidade, Carolina observou Roberto com Lucas. Ele estava sentado na cadeira ao lado da cama, o filho dormindo contra seu peito e cantarolava baixinho uma música que ela não reconheceu. “O que você está cantando?”, perguntou ela suavemente. Não sei.
Algo que minha mãe cantava para mim quando eu era criança. Nem lembrava que sabia até começar. Ele olhou para ela e seus olhos estavam vermelhos, mas felizes. Ele é real, Carolina. Nosso filho é real, muito real e muito alto quando quer. Mas ela estava sorrindo.
Naquela noite, quando Lucas dormia no berço ao lado da cama do hospital e Carolina finalmente conseguia descansar um pouco, Roberto ficou acordado, apenas observando os dois, sua esposa e seu filho, sua família. pensou em Fernanda inevitavelmente. Imaginou o que ela diria se pudesse vê-lo agora. Provavelmente algo sobre como ele precisava dormir, porque bebês não deixavam ninguém dormir. Ela sempre foi prática assim.
“Obrigado”, sussurrou ele no escuro do quarto, não sabendo exatamente para quem agradecia. Fernanda por liberá-lo para amar novamente. O universo, por trazer Carolina até ele, Deus, em quem nem tinha certeza se acreditava. Obrigado por isso, por eles, por me dar outra chance. Na manhã seguinte, trouxeram Lucas para casa.
Dona Rosa os esperava com a casa decorada, com balões azuis e um banner, dizendo: “Bem-vindo, Lucas!” A governanta chorou ao segurar o bebê pela primeira vez. Ele é a cara do pai”, declarou ela. E era verdade. Lucas já tinha as feições escuras de Roberto, embora seus olhos ainda fossem aquele azul indefinido de recém-nascido. Seu José e outros funcionários passaram para conhecer o novo membro da fazenda. Todos trouxeram presentes, conselhos não solicitados e muita alegria genuína.
“Vida nova na fazenda Boa Vista”, disse seu José, repetindo o que havia dito quando souberam da gravidez. É um novo começo, patrão. E era as primeiras semanas com Lucas foram uma adaptação brutal. Noite sem dormir, fraldas constantes, choros que pareciam não ter fim, mas também eram mágicas.
O primeiro sorriso, provavelmente gases, mas eles fingiram que era real. A forma como ele se acalmava instantaneamente nos braços de Roberto, o cheiro único de bebê que Carolina não cansava de inalar. Ninguém nos avisou que seria assim”, reclamou Carolina uma madrugada depois de três horas tentando fazer Lucas voltar a dormir. “Avisaram.
Nós apenas não acreditamos”, respondeu Roberto, ele mesmo, exausto, mas pegando o bebê dela. “Vá dormir. Eu fico com ele. Você tem reunião cedo amanhã e você não dormiu em 36 horas. Eu consigo funcionar com pouco sono. Vai, dorme. Essa era a realidade de parentalidade que ninguém realmente explica.
O cansaço esmagador, mas também o amor tão intenso que você funcionava mesmo quando seu corpo implorava por descanso. Lucas crescia rápido, muito rápido para conforto de Carolina. Cada dia trazia algo novo, um som diferente, um movimento que não fazia antes, um desenvolvimento que a literatura dizia vir semanas depois. Ele é avançado”, declarou Carolina com orgulho maternal não disfarçado.
“Ou bebês desenvolvem nessa velocidade e cada pai acha que o seu é um gênio.” Provocou Roberto. Mas ele também tinha aquele olhar de orgulho quando Lucas fazia literalmente qualquer coisa. Com três meses, Lucas já sorria de verdade, fazendo aqueles sons gorgolejantes que derretiam corações.
Quando Roberto chegava do trabalho, o rostinho do bebê se iluminava de reconhecimento e alegria. “Ele te adora”, disse Carolina, assistindo pai e filho brincarem no chão da sala. O sentimento é completamente mútuo. Roberto levantou Lucas acima de sua cabeça, fazendo o bebê rir. Não é, campeão? Foram esses meses de adaptação que testaram realmente o relacionamento deles. Privação de sono levava a discussões bobas.
Quem trocou a última fralda? Quem esqueceu de comprar mais lenços? Quem deixou a mamadeira na geladeira sem aquecer? Mas também os aproximou de formas inesperadas. Havia intimidade em trabalhar juntos para cuidar de uma vida tão dependente. Havia beleza em ver seu parceiro como pai descobrindo uma faceta completamente nova dele.
“Às vezes olho para você segurando Lucas”, disse Carolina uma noite enquanto amamentava o bebê. “E meu coração apenas expande, fica maior. Não sei como explicar. Eu sei exatamente o que quer dizer.” Roberto beijou sua cabeça. É como se eu não soubesse que amor podia ser tão multiplicativo. Pensei que amar você era o máximo que meu coração aguentava.
Mas então Lucas chegou e descobri que há sempre mais espaço, sempre mais amor. Aquela percepção de que amor não é finito, mas infinito mudou tudo para ambos. Carolina finalmente entendeu que amar Roberto não significava que ele amava menos Fernanda, assim como amar Lucas não diminuía o amor deles um pelo outro. Amor apenas crescia, multiplicava, expandia.
Quando Lucas completou 6 meses, eles fizeram uma pequena festa na fazenda. Família, amigos próximos, funcionários, todos vieram celebrar. E pela primeira vez desde que começaram como casal, Carolina não sentiu nenhum pingo de insegurança com olhares ou comentários externos. Porque quando você está firmemente plantado em sua própria felicidade, opiniões alheias não encontram raiz para crescer.
Olha para nós”, disse ela a Roberto enquanto observavam Lucas sentado com apoio no colo de dona Rosa, rodeado de pessoas que o amavam. Somos uma família de verdade. Sempre fomos, desde o momento que decidiu ficar. Você acha que vai ser assim para sempre? Felizes? Não sempre. Haverá desafios. Lucas crescendo, rebeldia adolescente, preocupações de pais, mas vamos enfrentar juntos. Como sempre.
Carolina se recostou contra ele, segura em sua certeza. haviam passado por tanto, dúvida, medo, quase perdas, mas emergiram do outro lado mais fortes, mais conectados, mais certos. E enquanto o sol se punha sobre a fazenda Boa Vista, pintando o céu em tons de laranja e rosa, três corações batiam em sincronia, dois grandes, um pequeno, uma família imperfeita, mas real, desafiando ods, superando julgamentos, construindo amor a cada dia.
O futuro ainda guardava mistérios e desafios, mas com amor como foundation, eles estavam prontos para qualquer coisa. Três anos depois, Carolina estava na varanda da casa sede, observando Lucas, agora com três anos, cheio de energia e curiosidade insaciável, correr pelo jardim, perseguindo borboletas.
Seu cabelo escuro estava despenteado, bochechas rosadas de esforço, risada ecoando pela propriedade. “Mamãe, mamãe, olha!”, ele apontava para uma borboleta particularmente grande que pousara em uma flor próxima. “Estou vendo, amor? Que linda! 3 anos. Parecia simultaneamente uma eternidade. E apenas um dia, desde que o segurara pela primeira vez no hospital.
Ele crescera tão rápido, falante, inteligente, com personalidade forte, que era uma mistura perfeita de ambos os pais. Roberto apareceu atrás dela, passando os braços ao redor de sua cintura e pousando o queixo em seu ombro. Ele nunca para, não é? Assim como o pai. Carolina se recostou contra ele, confortável e segura, assim como a mãe também.
Você viu sua agenda essa semana? Entre trabalho veterinário, aulas na escola e aquele novo programa de sustentabilidade que está implementando? Falou o homem que está expandindo operações para mais duas propriedades vizinhas. Eles riram juntos, confortáveis em seus próprios sucessos. A fazenda Boa Vista prosperava mais do que nunca.
A escola rural Fernanda Almeida era referência na região com lista de espera para matrícula. O programa educacional de Carolina sobre bem-estar animal havia sido adaptado por outras escolas rurais e Lucas. Lucas era seu maior sucesso. Papai, vem brincar. O menino gritou, já esquecido das borboletas e agora interessado em um trator de brinquedo que seu José havia dado a ele. Devo? perguntou Roberto, mas já estava descendo os degraus da varanda.
Carolina observou pai e filho brincarem, coração cheio de um contentamento tão completo que às vezes a assustava. Como chegara aqui? Da jovem veterinária insegura para essa mulher, esposa, mãe, profissional realizada, confiante em sua própria pele. Pensando em quê? Perguntou dona Rosa, aparecendo com limonada fresca.
Em como a vida mudou? Carolina aceitou o copo. 4 anos atrás, eu estava chegando aqui aterrorizada, sem ideia do que esperar. E agora? Agora sei exatamente onde pertenço, quem sou, o que importa? Dona Rosa sorriu sabiamente. Foi uma jornada bonita de assistir. Vocês dois cresceram tanto. Era verdade. Roberto não era mais o homem fechado, consumido por culpa que ela conhecera. Ele sorria facilmente agora.
ria com frequência, vivia completamente. Ainda tinha dias difíceis, dias quando sentia a falta de Fernanda, quando a perda te atingia inesperadamente, mas aprendera a carregar aquela dor como parte dele, não como tudo dele. E Carolina, ela não era mais aquela moça que deixava inseguranças de estar em suas ações.
Aprendera que força vem de dentro, que seu valor não dependia de aprovação externa, que amor próprio era a foundation para todo outro amor. “Mamãe, papai diz que podemos visitar os bezerros novos”. Lucas correu até ela, respirando pesado. “Posso? Posso?” “Pode. Mas primeiro precisa lavar as mãos e colocar botas.” “Sim.” Ele correu para dentro. Energia infinita. Roberto subiu de volta para a varanda.
Suado e feliz. Ele quer ser veterinário como a mãe hoje. Ontem queria ser astronauta. Amanhã provavelmente será bombeiro ou todas as três coisas. Esse menino sonha grande porque aprendeu com os pais. Carolina beijou-o brevemente, que nunca pararam de sonhar. Naquela tarde, os três visitaram o setor onde novos bezerros haviam nascido.
Lucas estava fascinado, fazendo mil perguntas, assim como Carolina fizera com seu próprio pai anos atrás. O ciclo continuava. Por que as vacas fazem mu? Como os bezerros sabem que aquela é a mãe deles? Posso ter um bezerro de estimação? Roberto respondia cada pergunta com paciência, explicando em termos que a criança entendia. E Carolina via tanto de si mesma naquele momento.
O amor por animais, a curiosidade insaciável, a conexão com a terra. Quando voltaram a casa ao pôr do sol, Lucas adormecera nos braços de Roberto, exausto de um dia cheio. Eles o colocaram na cama cuidadosamente, beijando sua testa before sair do quarto. Na privacidade de seu próprio quarto, Carolina e Roberto finalmente tinham um momento sozinhos. “Cansativo, mas bom dia”, disse Roberto, tirando as botas.
Todo dia com ele é assim, exaustivo e maravilhoso. Carolina sentou na cama. Roberto, posso te fazer uma pergunta? Sempre. Você é feliz de verdade? Ele parou o que estava fazendo, voltando-se completamente para ela. Por que pergunta? Porque às vezes estiu me pego perguntando se você sente falta de como era antes.
Se sente que a vida ficou pequena demais, rotina doméstica, responsabilidades de pai, menos liberdade. Roberto sentou ao lado dela pegando suas mãos. Carolina Almeida, olha para mim. Ela obedeceu, encontrando seus olhos escuros, cheios de certeza. Eu sou a pessoa mais feliz do mundo. Tenho uma esposa incrível que continua me surpreendendo todo dia. Tenho um filho que é literal luz da minha vida.
Tenho uma fazenda próspera, projetos significativos e uma comunidade que importa. Minha vida não ficou menor, ficou maior, mais rica, mais cheia de propósito. Você tem certeza? Porque sei que às vezes, às vezes sinto falta de Fernanda. É verdade. Sempre vou sentir. Mas saber disso não diminui meu amor por você. Apenas significa que meu coração é grande e enough para carregar múltiplas verdades.
Ele tocou seu rosto gentilmente. Você me deu uma segunda chance de vida, Carolina. Por que duvidaria de minha felicidade? Medo residual. Acho de que um dia você acorde e perceba que cometeu um erro. O único erro que cometi foi quase deixar Youo, mas até isso nos fortaleceu no final. Ele a beijou suave, mas profundamente. Você é minha escolha.
Todo dia, em cada momento, sempre. As palavras dissolveram as últimas sombras de dúvida que Carolina nem sabia que ainda carregava. Ela retribuiu o beijo e o que começou Gentle rapidamente se aprofundou em algo mais urgente. Fizeram amor naquela noite com a paixão de amantes novos.
Mas a intimidade de parceiros de longa data conheciam os corpos um do outro perfeitamente n. Sabiam exactly como dar e receber prazer. Era familiar e emocionante ao mesmo tempo. Depois, deitados, entrelaçados, Carolina traçou padrões preguiçosos no peito de Roberto. “Sabe o que percebi?”, disse ela suavemente. “Hum, que aquela frase, “Vou ser gentil e vou devagar”, acabou significando muito mais do que apenas aquela primeira vez.
Roberto abriu os olhos interessado. Como assim? Foi sobre paciência quando eu estava insegura. Foi sobre reconstruir confiança depois da quase separação. Foi sobre cuidado durante a gravidez. É sobre como você é com Lucas, gentil, mas firme, indo no ritmo dele. Carolina o encarou. Era uma promessa de como você seria em tudo, não apenas naquele momento específico. Os olhos de Roberto se encheram de emoção.
Nunca pensei nisso dessa forma. Mas você está certa. É como escolho amar completamente, mas com cuidado, intensamente, mas com ternura. E é exatamente o tipo de amor que sempre precisei. Eles adormeceram juntos, seguros em seu amor, em sua família, em todo o caminho percorrido. Os meses seguintes trouxeram mais crescimento.
A escola Fernanda Almeida expandiu, adicionando mais séries. Carolina foi convidada para palestrar em universidades sobre educação rural. sustentável. Roberto foi reconhecido como um dos fazendeiros mais inovadores do estado e Lucas. Lucas continuava sendo uma força da natureza, aprendendo, crescendo, preenchendo suas vidas com risadas e amor incondicional.
Num dia de setembro, exatamente 4 anos depois que Carolina chegara na fazenda pela primeira vez, eles fizeram um piquenique no mesmo terreno where a escola now stood. Sentados na grama, Lucas brincando nearby com seus brinquedos, Carolina e Roberto refletiram sobre a jornada. 4 anos disse Carolina. Parece simultaneamente uma vida inteira e ontem. Tanto mudou.
Nós mudamos para melhor. Definitivamente para melhor. Lucas correu até eles, jogando-se no colo de Carolina. Mamãe, papai, eu amo vocês. Nós também te amamos, pequeno? responderam em unísono. E naquele momento simples, os três juntos sob o céu azul infinito, cercados por evidências físicas de sonhos realizados, Carolina sentiu um clique final, aquela sensação de que tudo finalmente, verdadeiramente, estava exatamente ondeia estar. “Obrigada”, sussurrou ela para Roberto.
“Por quê? por não desistir de mim quando eu estava desistindo de nós, por lutar por isso, por ser gentil e ir devagar, exactly quando eu precisava. Roberto beijou sua cabeça, abraçando esposa e filho ao mesmo tempo. Obrigado você por voltar, por escolher nós, por me ensinar que recomeços são possíveis.
O sol começava a declinar, pintando o céu em tons de dourado e rosa. A escola Fernanda Almeida Behindam representava honra ao passado. Lucas representava esperança para o futuro. E eles, Carolina e Roberto, representavam a força do presente, do agora, do amor que constrói pontes entre o que foi e o que será.
Anos depois, quando as pessoas perguntavam como eles se conheceram, Carolina sempre contava a mesma história. Eu cheguei perdida. Ele estava preso no passado. E de alguma forma, ao nos encontrarmos, aprendemos a nos perder e encontrar novamente juntos. Não foi fácil, não foi sem dor, mas foi real. E vale cada segundo de dúvida, cada lágrima derramada, cada medo enfrentado. E Roberto sempre complementava.
Ela me ensinou que amar novamente não é trair o passado, é honrar o presente e construir um futuro que vale ser vivido. Porque no final, amor verdadeiro não é sobre encontrar alguém perfeito, é sobre encontrar alguém imperfeito e construir algo perfeito juntos. É sobre escolher todo dia, ser gentil e ir devagar. É sobre paciência, perdão, crescimento mútuo.
É sobre duas almas que se encontram exatamente quando ambas precisam e decidem contra todas as odes que juntas podem enfrentar qualquer coisa. E eles poderiam, eles sempre poderiam. M.