E se eu te dissesse que às vezes o amor mais verdadeiro nasce dos casamentos mais falsos, que a maior traição pode revelar o sentimento mais puro? Esta é a história de Cristiano e Gabriela, um casal que descobriu que nem todo ouro que reluz é interesse e nem toda frieza esconde indiferença.
De onde você está assistindo? Comenta aí sua cidade e não esquece de se inscrever no canal e deixar aquele like, porque esta história vai mexer com seu coração de um jeito que você não imagina. A chuva batia contra as janelas da mansão Almeida na Barra da Tijuca, como lágrimas de um céu inconsolável.
Cristiano observava o movimento pela vidraça do seu escritório, as mãos firmemente apoiadas na mesa de Mogno, enquanto o peso da decisão que mudaria sua vida para sempre pressionava seus ombros como uma lápide. “Você não tem escolha, filho.” A voz de Eduardo Almeida cortou o silêncio como uma lâmina afiada. “O grupo está à beira da falência.
A fusão com a costa logística é nossa única salvação.” Cristiano cerrou os punhos. aos 29 anos, havia construído uma reputação sólida como CEO, formado na FGV com MBA no exterior, sempre mantendo o coração longe dos negócios. Agora, ironicamente, seu coração estava sendo negociado como uma commodity. E eu preciso me casar com ela.
Por que exatamente? A frieza em sua voz mascarava a fúria que borbulhava em seu peito. Porque Luís Costa só aceita a fusão se você se casar com a filha dele? É uma questão de confiança. Eduardo ajustou a gravata, evitando o olhar penetrante do filho. Gabriela Costa, 23 anos, formada em letras, uma moça de família. Cristiano soltou uma risada amarga.
De família falida, você quer dizer interesseira como todas as outras. Três dias depois, na igreja da Candelária, Cristiano aguardava no altar. O terno Georgio Armani parecia uma camisa de força e sua gravata uma corda. Quando as portas se abriram e Gabriela apareceu, um silêncio sepulcral tomou conta da igreja. Ela caminhava lentamente, o vestido de renda francesa contrastando com a palidez de seu rosto.
Seus olhos castanhos evitavam o olhar dele, mas Cristiano pôde perceber que suas mãos tremiam, segurando o bouquê de orquídeas brancas. “Parece que nenhum de nós quer estar aqui”, murmurou ele quando ela chegou ao altar. Gabriela o encarou pela primeira vez e Cristiano viu algo em seus olhos que não esperava.
Não era ganância, mas uma tristeza profunda, quase resignada. Aceita Cristiano Almeida receber Gabriela Costa como esposa? O padre parecia uma miragem distante. Aceito. As palavras saíram como vidro moído. Aceita Gabriela Costa receber Cristiano Almeida como esposo? Uma pausa, um silêncio eterno. Então quase inaudível. Aceito.
O beijo foi protocolar, frio, uma assinatura em um contrato que nenhum dos dois havia lido por completo. Na festa, no Copacabana Palace, Cristiano observava Gabriela de longe. Ela sorria educadamente para os convidados, mas seus olhos permaneciam distantes, como se sua alma estivesse em outro lugar. Parabéns, querido.
Patrícia Mendonça apareceu ao seu lado, seus lábios vermelhos curvados em um sorriso que não chegava aos olhos. Que casamento estratégico, Patrícia. Cristiano manteve o tom neutro, embora cada palavra dela fosse como sal em uma ferida aberta. Espero que você seja feliz com sua nova aquisição. Ela deu uma risadinha maldosa.
Dizem que ela é muito jovem e ambiciosa. Cristiano apertou o copo de whisky. A ex-namorada sempre soubera onde acertar para causar dor. Mais tarde, na limousine que os levava de volta à mansão, o silêncio entre eles era ensurdecedor. Gabriela olhava pela janela, as luzes da cidade refletindo em suas lágrimas não derramadas. Então, Cristiano quebrou o silêncio.
Como pretende conduzir essa parceria? Ela o encarou e ele viu um lampejo de algo que poderia ser desafio. Eu não escolhi isso mais do que você, Cristiano, mas já que estamos presos um ao outro, ela respirou fundo. Podemos pelo menos tentar ser civilizados. A limusine parou em frente à mansão. Cristiano saiu primeiro e estendeu a mão para ajudá-la.
Por um momento, quando seus dedos se tocaram, uma estranha corrente elétrica passou entre eles. Dona Rosa, a governanta que havia criado Cristiano após a morte de sua mãe, os aguardava na porta. Seus olhos bondosos estavam úmidos. Bem-vindos, meus queridos. Sua voz embargada quebrou um pouco o gelo. Cristiano conduziu Gabriela até o quarto principal.
A tensão era palpável, como o ar antes de uma tempestade. Quando a porta se fechou atrás deles, Gabriela parecia uma serva acuada. Cristiano a observou por um momento e algo, em sua vulnerabilidade o fez hesitar, mas a amargura falou mais alto. Bem, conseguiu o que queria: A mansão, o dinheiro, o nome. Sua voz era cortante como uma navalha. Espero que tenha valido a pena vender sua dignidade.
As palavras de Cristiano ecoaram no quarto como tiros em uma catedral. Gabriela recuou um passo, seus olhos se arregalando, não de medo, mas de indignação. Como você se atreve? Sua voz tremeu, mas não de submissão. Você não me conhece, não sabe nada sobre mim. Sei o suficiente. Cristiano afrouxou a gravata, sua postura intimidadora. Sei que sua família estava falida.
Sei que você precisava de um salvador milionário. Sei que armaram tudo isso perfeitamente. Gabriela puxou os brincos de diamante, jogando-o sobre a cômoda com força. Você quer saber a verdade? Eu não queria isso. Sua voz subiu uma oitava. Eu queria terminar minha pós-graduação. Queria ser professora. Queria escolher com quem me casar.
A confissão crua parou, Cristiano. Havia algo em sua fúria que parecia genuína. Mas você aceitou. Ele rebateu, mas com menos convicção, porque meu pai disse que se eu não aceitasse, 200 famílias ficariam desempregadas quando a costa logística falhisse. Lágrimas finalmente escorreram por seu rosto. Porque às vezes não temos escolha, Cristiano.
Às vezes temos que sacrificar nossa felicidade pela de outros. O silêncio que se seguiu foi carregado de algo que nenhum dos dois conseguia nomear. Cristiano a observava chorar e pela primeira vez em anos sentiu algo além de frieza. Eu Ele começou, mas parou. Eu nunca quis me casar com ninguém. Eu sei. Gabriela limpou o rosto com as costas da mão. Vi seus olhos no altar. Você parecia um condenado e você parecia uma mártir.
Eles se encararam duas almas feridas, reconhecendo a dor da outra. Olha, Gabriela suspirou. Eu sei que você me odeia e talvez tenha razões para isso, mas nós dois estamos presos nessa situação. Podemos tornar isso um inferno mútuo ou podemos encontrar uma forma de conviver? Cristiano sentou na poltrona próxima à janela, de repente sentindo o peso de todo o dia.
Que tipo de convivência você tem em mente? Civilizada, respeitosa, ela hesitou. Como colegas de casa. Colegas de casa. Ele repetiu uma ironia amarga na voz. Em um casamento? Você tem uma ideia melhor? Cristiano a estudou. Sem a maquiagem elaborada do casamento, ela parecia mais nova, mais vulnerável. Havia algo em sua postura, ereta, digna mesmo na derrota, que o intrigava.
Tem condições? Ele disse finalmente. Claro que tem. Gabriela cruzou os braços. Quais eventos sociais? Aparecemos juntos. Sorrimos. Representamos o papel do casal feliz. Nos negócios você não se mete. E ele hesitou, algo que raramente fazia. Cada um tem seu espaço, sem cobranças, íntimas. As bochechas de Gabriela coraram. Eu eu nunca Ela respirou fundo. Isso não seria um problema.
Cristiano franziu o senho. Nunca o quê? Nunca estive com ninguém. A confissão saiu quase inaudível. O choque nos olhos de Cristiano foi imediato e genuíno. Todas as suas teorias sobre Gabriela, sendo uma mulher experiente e calculista, desmoronaram em um segundo. Você é virgem? Sim, que revelação chocante.
A interesseira manipuladora nunca sequer beijou alguém direito. Sua voz era ácida, mascarava uma vergonha profunda. Cristiano ficou em silêncio por longos momentos, processando essa informação que mudava tudo em suas percepções. “Por que me contou isso?”, ele perguntou baixinho.
“Porque se vamos ser colegas de casa, pelo menos vamos ser honestos um com o outro.” Cristiano assentiu lentamente. “Honestidade.” Ele se levantou. Então, em nome da honestidade, eu vou dormir no quarto de hóspedes. Você pode ficar aqui. Gabriela piscou surpresa. Não era necessário. Eu posso era. Ele foi até a porta, mas parou com a mão na maçaneta. Gabriela. Sim, eu lamento pelas acusações. Você não merecia ouvir aquilo. Ela o encarou.
E pela primeira vez naquela noite, Cristiano viu algo que poderia ser o início de um sorriso. Obrigada. Quando a porta se fechou, Gabriela se sentou na cama, suas mãos tremendo. Do outro lado, Cristiano encostou na parede do corredor, uma sensação estranha se espalhando pelo peito. Talvez, apenas talvez, tivesse julgado tudo errado, mas seria tarde demais para consertar.
Três semanas haviam-se passado desde o casamento e uma rotina estranha havia se estabelecido na mansão Almeida. Cristiano saía cedo para o escritório e voltava tarde, enquanto Gabriela explorava a casa e tentava encontrar seu lugar naquele mundo dourado que nunca havia pedido para habitar.
Era uma manhã de março quando dona Rosa encontrou Gabriela na cozinha tentando fazer café. Ai, minha filha. A governanta entrou apressada, seus cabelos grisalhos presos em um coque imperfeito. Você não precisa fazer isso. Deixa que eu cuido. Dona Rosa, por favor. Gabriela sorriu timidamente. Eu preciso me sentir útil de alguma forma e café eu sei fazer.
A governanta parou, observando a jovem com olhos maternais. Você não está feliz, não é, meu bem? A pergunta direta fez Gabriela hesitar. Eu é complicado. Posso fazer uma pergunta indiscreta? Gabriela assentiu. Você gosta dele? Do Cristiano? Gabriela desviou o olhar. Eu mal o conheço, dona Rosa. Nosso casamento foi arranjado. Eu sei. A governanta suspirou. Mas isso não significa que não possa se tornar real.
Real? Gabriela riu sem humor. Ele mal fala comigo. Quando nos encontramos nos corredores, ele finge que eu sou parte da mobília. Ah, minha querida. Dona Rosa pegou as mãos de Gabriela entre as suas. Você não conhece a história dele. Conhece que história? Dona Rosa olhou ao redor, certificando-se de que estavam sozinhas. Quando Cristiano tinha 8 anos, perdeu a mãe. Câncer.
Ela era a luz da vida dele, sabe? doce, carinhosa, tudo que ele deixou de ser depois que ela partiu. Gabriela sentiu algo apertar em seu peito e o pai Eduardo sempre foi duro, mas depois que ficou viúvo, virou gelo puro. Disse que sentimentos eram fraqueza, que Cristiano precisava ser forte para liderar a empresa. Dona Rosa limpou uma lágrima. Eu fiz o que pude para criá-lo, mas o menino precisa de amor, não só de cuidados.
Por isso ele é tão fechado, desconfiado. Dona Rosa assentiu. Ele constrói muros para não se machucar de novo. Mas por baixo desses muros, por baixo tem o quê? Um homem que precisa aprender a amar novamente. Naquela tarde, Gabriela estava na biblioteca quando ouviu passos no corredor. Cristiano apareceu na porta hesitante. Desculpe, não sabia que você estava aqui. Não precisa ir embora.
Gabriela fechou o livro. A biblioteca não é minha. Cristiano entrou dirigindo-se a uma estante específica. Gabriela o observou discretamente. Fora do ambiente formal do trabalho, usando apenas uma camisa social azul e calças escuras. Ele parecia mais humano.
“O que está lendo?”, ele perguntou, quebrando o silêncio. Machado de Assis. Dom Casmurro. Cristiano virou-se surpreso. Interessante escolha. Por quê? É sobre desconfiança, ciúme, um homem que destrói sua própria felicidade por não conseguir confiar. Cristiano puxou um livro da estante. Pareço conhecer a história. Gabriela o encarou. Você acha que é Bentinho? Às vezes.
Ele se sentou na poltrona em frente a ela. E você acha que é Captu? Captu foi condenada sem provas, julgada por crimes que talvez nunca tenha cometido. Gabriela segurou o livro com força. Então, sim, talvez eu entenda ela. Eles se entreolharam e pela primeira vez Cristiano viu além da superfície.
Viu uma mulher inteligente, complexa, que havia sido ferida tanto quanto ele. Gabriela, eu Ele começou, mas seu celular tocou. Desculpe, preciso atender. Quando ele saiu, Gabriela ficou sozinha com o eco de suas palavras. Pela primeira vez, Cristiano havia parecido vulnerável. Naquela noite, durante o jantar, uma refeição tipicamente silenciosa.
Cristiano surpreendeu a todos. “Como foi seu dia?”, ele perguntou cortando o salmão. Gabriela quase engasgou com o vinho. “Meu dia?” “Sim, o que você fez hoje?” Eu li, conversei com dona Rosa, caminhei pelo jardim. Ela o estudou. Por que está perguntando? Curiosidade. Cristiano deu de ombros, mas evitou seu olhar. Você vai ficar aqui para sempre. Talvez eu devesse saber quem você é.
Quem eu sou? Gabriela pousou o garfo. Você realmente quer saber? Talvez. Gabriela respirou fundo. Eu queria ser professora de literatura. Sonhava em ter uma turma de adolescentes e mostrar a eles como os livros podem mudar vidas. Eu queria uma casa pequena, com jardim, onde pudesse plantar rosas. Sua voz ficou mais baixa.
Eu queria me apaixonar perdidamente por alguém que me amasse do mesmo jeito. Cristiano parou de comer. E agora? Agora eu sou a esposa de um desconhecido em uma mansão que nunca vai ser minha casa. O silêncio que se seguiu foi diferente dos outros. era carregado de possibilidades não exploradas.
“Talvez, Cristiano hesitou, talvez você possa dar aulas particulares a muitas famílias na região que pagariam bem por uma professora qualificada.” Gabriela o encarou chocada. “Você deixaria? Porque eu impediria? Desde que não interfira nos compromissos sociais?” Pela primeira vez em semanas, Gabriela sorriu, um sorriso genuíno que iluminou todo o seu rosto.
Cristiano sentiu algo estranho no peito, como se uma parte congelada dele estivesse começando a derreter. “Obrigada”, ela sussurrou. “Não há de quê”. Mas enquanto Gabriela subia para o quarto, Cristiano ficou na sala de jantar, se perguntando quando havia começado a se importar com a felicidade dela e se isso era perigoso. Maio chegou com um frio atípico para o Rio de Janeiro e com ele uma mudança sutil na dinâmica da mansão Almeida.
Gabriela havia começado a dar aulas particulares para três adolescentes da região e pela primeira vez desde o casamento, havia um brilho genuíno em seus olhos. Cristiano observava essas transformações mais do que gostaria de admitir.
A forma como ela se animava contando sobre seus alunos durante o jantar, como cantarolava enquanto preparava as aulas na biblioteca, como sorria genuinamente quando falava de literatura. Era uma quinta-feira à noite quando tudo mudou. Cristiano chegou em casa mais tarde que o usual, encontrando a mansão em silêncio. Subiu as escadas com cuidado, mas parou ao ouvir um som baixo vindo do quarto principal.
soluços abafados. Hesitou por longos segundos antes de bater na porta. Gabriela, está tudo bem? Silêncio. Depois uma voz embargada. Estou bem. Só só cansada. Cristiano conhecia a diferença entre cansaço e dor. Abriu a porta lentamente. Gabriela estava sentada na cama, ainda usando o vestido florido que havia escolhido para as aulas, mas seus olhos estavam vermelhos e sua postura denunciava derrota. O que aconteceu? Sua voz saiu mais suave do que pretendia.
Não é nada importante. Ela tentou sorrir, falhando miseravelmente. Cristiano entrou no quarto, fechando a porta atrás de si. Não me parece nada. Por um momento, ela resistiu. Depois, como uma represa que se rompe, as palavras começaram a jorrar. Hoje era aniversário da minha mãe.
Eu liguei para desejar feliz aniversário e sua voz quebrou. Ela mal conversou comigo, disse que eu havia feito uma escolha e que agora deveria viver com ela, como se eu não fosse mais filha dela. Cristiano sentiu algo apertar em seu peito, sentou-se cautelosamente na beira da cama. Sua família está te rejeitando? Não rejeitando, mas distanciando.
Acham que eu me vendi por dinheiro? Ela olhou para ele com olhos molhados. O engraçado é que, de certa forma, foi isso mesmo que eu fiz, não foi? Não. A palavra saiu com uma firmeza que surpreendeu ambos. Você sacrificou sua liberdade para salvar empregos, para proteger famílias.
Isso não é se vender, Gabriela, isso é nobreza. Ela o encarou buscando sinais de mentira em seu rosto. Você realmente acredita nisso? Eu. Cristiano hesitou, então decidiu pela honestidade. Eu estava errado sobre você. Completamente errado. Como assim? Cristiano se levantou caminhando até a janela. Lá fora, a chuva começava a cair.
Eu passei as últimas semanas observando você, a forma como trata dona Rosa, os funcionários, como seus olhos brilham quando fala dos seus alunos. Como você fica genuinamente feliz com coisas simples. Ele virou-se para ela. Você não é o que eu pensei que fosse.
E o que você pensou que eu fosse? Uma mulher calculista, interesseira, alguém que havia armado tudo para conseguir uma vida rica. Ele passou a mão pelos cabelos. Mas você é genuína, bondosa e eu fui cruel com você. Gabriela limpou os olhos. Por que está me contando isso? Porque você está chorando por causa da sua família e eu sei como é isso. Cristiano voltou a se sentar, dessa vez mais próximo. Minha mãe morreu quando eu tinha 8 anos.
Meu pai decidiu que luto era fraqueza, que eu precisava crescer e esquecer a dor. Passei anos sendo tratado como uma máquina de fazer dinheiro. Dona Rosa me contou um pouco sobre isso. Então, você sabe como é ter uma família que te vê como um investimento e não como uma pessoa? Eles ficaram em silêncio, o som da chuva preenchendo o espaço entre eles. Cristiano? Sim.
Você sente falta dela, da sua mãe? A pergunta tocou em uma ferida que ele mantinha cuidadosamente fechada todos os dias, como ela era, calorosa, sempre sorrindo. Fazia questão de me dar boa noite todas as noites, mesmo quando voltava cansada do trabalho. Um sorriso melancólico apareceu em seu rosto. Ela cantava para mim, dizia que eu era o amor da vida dela.
Ela parece ter sido uma mulher especial. Era. Cristiano olhou para Gabriela. Você me lembra ela às vezes. Como assim? A bondade, a forma como você se importa com os outros antes de si mesma. Ele hesitou. A forma como você ilumina os ambientes quando sorri. Gabriela sentiu o coração acelerar. Cristiano, eu sei que nosso casamento não foi escolha de nenhum dos dois, mas talvez. Ele respirou fundo.
Talvez possamos tentar ser amigos de verdade. Amigos? Ela repetiu algo que poderia ser decepção, passando por seus olhos. Isso seria suficiente para você? Gabriela o estudou. Havia algo em seus olhos que ela não conseguia decifrar completamente, mas que a fazia querer se aproximar. “Por enquanto”, ela sussurrou. Cristiano estendeu a mão e ela a pegou.
O toque foi simples, mas mandou ondas de calor pelos braços de ambos. “Amigos”, ele confirmou, mas sua voz estava mais rouca do que o normal. Quando ele saiu do quarto naquela noite, Gabriela ficou olhando para a mão que ele havia tocado, uma sensação estranha e quente se espalhando pelo peito.
Do outro lado da porta, Cristiano encostou na parede, o coração batendo de forma irregular. Amizade, era disso que se tratava, não era? Então, porque sentia como se estivesse mentindo para ambos. O convite chegou numa terça-feira de junho, impresso em papel marfim com letras douradas, gala beneficente no Copacabana Palace, em prol da Fundação Esperança.
Era o evento social mais importante do ano na Alta Sociedade carioca e a primeira aparição pública de Cristiano e Gabriela como casal desde o casamento. “Você tem vestido adequado?”, Cristiano perguntou durante o café da manhã, foliando o convite. Gabriela quase engasgou com o café. Adequado para que exatamente? Para impressionar 500 das pessoas mais importantes do Rio de Janeiro.
Ele a encarou por cima do jornal. Esse tipo de evento é político. Cada gesto, cada palavra, cada roupa é analisada. Eu tenho alguns vestidos. Não. Cristiano fechou o jornal. Hoje à tarde você vai ao shopping com dona Rosa. Compre o que precisar. Vestido, sapatos, joias, maquiagem. Sem limite. Gabriela piscou.
Sem limite, Gabriela, você é uma Almeida agora. As pessoas vão estar nos observando, especulando sobre nosso casamento, nossa dinâmica. Sua voz ficou mais séria. Precisamos parecer que unidos. Unidos. Ela repetiu a palavra como se fosse estrangeira. E como exatamente parecemos unidos se mal nos falamos. Cristiano a estudou por um momento. Talvez seja a hora de mudarmos isso.
Naquela tarde, Gabriela se viu no shopping Leblon com dona Rosa, sendo atendida por uma vendedora que tratava cada peça como uma obra de arte. Esse aqui, minha filha. Dona Rosa segurou um vestido azul marinho que parecia líquido. Vai realçar seus olhos. Quando Gabriela se olhou no espelho, quase não se reconheceu.
O vestido abraçava suas curvas perfeitamente, o decote discreto, mas elegante, a saia fluindo como água. “Está linda, querida”, murmurou a vendedora. “Seu marido vai ficar babando.” No sábado à noite, Cristiano aguardava na sala principal, ajustando o smoking pela terceira vez. Quando ouviu passos na escada, virou-se casualmente e simplesmente parou de respirar. Gabriela descia as escadas como uma aparição.
O vestido azul marinho contrastava com sua pele clara. Seus cabelos estavam presos em um coque elegante, com algumas mechas soltas e moldurando o rosto, e um colar de diamante simples completava o visual. “Eu estou adequada?”, ela perguntou, notando sua expressão chocada. “Você está Cristiano lutou para encontrar palavras deslumbrante.
” Gabriela corou e Cristiano se aproximou. oferecendo o braço. Pronta para enfrentar a elite carioca, tão pronta quanto alguém pode estar para entrar na arena dos leões. O Copacabana Palace estava transformado em um palácio dourado. Luzes cintilantes, flores exóticas, música suave e o murmúrio de centenas de conversas sofisticadas criavam uma atmosfera de pura elegância.
“Os almeida”, uma voz estridente cortou o ar. Patrícia Mendonça se aproximava usando um vestido vermelho que gritava: “Olhem para mim! Que surpresa deliciosa! Cristiano sentiu Gabriela tensionar ao seu lado. Instintivamente pousou a mão em suas costas num gesto protetor. Patrícia.” Sua voz era polida, mas fria. “Esa deve ser a famosa esposa.” Patrícia estendeu a mão com um sorriso que não chegava aos olhos.
“Gabriela, não é? Ouvi falar tanto sobre você? Imagino que sim.” Gabriela apertou a mão dela com firmeza, considerando como fofocas circulam rápido em certos círculos. Patrícia piscou, não esperando a resposta afiada. Que vestido interessante, ela continuou claramente buscando uma forma de atacar. Muito simples, quase humilde. Obrigada. Gabriela sorriu serenamente.
Prefiro elegância discreta a desesperadamente chamativa. Cristiano quase sorriu. Gabriela havia acabado de ganhar a primeira rodada. Bem, Patrícia forçou outro sorriso. Espero que vocês se divirtam. O casamento deve ser tão desafiador quando é por conveniência. Dessa vez foi Cristiano quem reagiu.
Nosso casamento, Patrícia, é baseado em respeito mútuo e admiração crescente. Conceitos que talvez sejam difíceis de compreender para quem só entende relacionamentos superficiais. O rosto de Patrícia ficou vermelho como seu vestido. Que romântico. Espero que dure. Quando ela se afastou, Gabriela olhou para Cristiano. Obrigada. Por quê? Por me defender. Você não precisava.
Precisava sim. Cristiano a encarou com intensidade. Você é minha esposa. Ninguém fala assim com você na minha presença. Algo mudou no arre. Uma tensão diferente carregada de possibilidades. Dança? Cristiano estendeu a mão na pista de dança. Quando ele a puxou para seus braços, Gabriela sentiu como se o mundo tivesse parado.
Eles se moviam perfeitamente sincronizados, como se tivessem dançado juntos a vida toda. “Você dança bem?”, ela murmurou. “Você parece surpresa. Você é cheio de surpresas, Cristiano Almeida”. Você também, Gabriela Almeida. O uso do sobrenome dela como uma almeida fez algo estremecer em seu peito.
Pela primeira vez, não soou como uma prisão, mas como pertencimento. Quando a música terminou, eles ficaram parados ainda nos braços um do outro, até que aplausos os trouxeram de volta à realidade. Mais tarde, na limousine de volta para casa, o silêncio entre eles era diferente, carregado de coisas não ditas. Gabriela, sim. Hoje à noite você foi perfeita.
Patrícia tentou te humilhar e você a colocou no lugar dela com classe e inteligência. Aprendi com uma pessoa sábia que às vezes precisamos ser fortes para proteger quem amamos. Cristiano virou-se para ela. Quem você está protegendo? Gabriela o encarou.
E naquele momento, sob as luzes da cidade, ela sussurrou: “Você”, o coração de Cristiano perdeu uma batida. “Eu? Você não merece ser humilhado publicamente por causa das escolhas que foi forçado a fazer. Você não merece que questionem sua honra ou sua inteligência. Ela respirou fundo. Você merece ser defendido, Cristiano. Merece ser amado. A palavra ficou suspensa no ar como uma confissão.
Cristiano pegou a mão dela, entrelaçando seus dedos. Gabriela. Sim, eu acho que estou começando a entender o que significa ter alguém do meu lado. Quando chegaram à mansão, nenhum dos dois queria que a noite terminasse, mas ambos sabiam que algo havia mudado para sempre. Júlio trouxe um frio inusitado para o rio e com ele uma proximidade crescente entre Cristiano e Gabriela, que nenhum dos dois sabia exatamente como nomear.
Desde a gala, suas conversas haviam se tornado mais longas, mais íntimas, carregadas de sorrisos que duravam um pouco mais do que o necessário. Era uma sexta-feira quando Gabriela encontrou Cristiano na biblioteca, debruçado sobre documentos, uma expressão de frustração marcando seu rosto.
“Problemas no trabalho?”, ela perguntou entrando com duas xícaras de café. Cristiano levantou os olhos e o simples fato de vê-la ali, preocupada com ele, fez algo aquecer em seu peito. Problemas familiares. Ele suspirou, aceitando o café. Meu pai está pressionando para que eu assuma um projeto que vai contra tudo em que acredito.
Que tipo de projeto? Demolição de um complexo habitacional popular para construir um shopping. 200 famílias de baixa renda seriam despejadas. Cristiano passou a mão pelos cabelos. É lucrativo, mas mas você tem consciência. Gabriela se sentou na poltrona ao lado da dele. A isso está te corroendo. Como você sabe? Porque nos últimos meses aprendi a ler suas expressões.
Quando algo te incomoda moralmente, você fica com uma ruga bem aqui. Ela apontou para o espaço entre suas sobrancelhas. E você aperta a mandíbula de um jeito específico. Cristiano tocou inconscientemente o local que ela havia indicado. Você me observa tanto assim? Gabriela corou. Eu Nós vivemos na mesma casa. É natural notar. Gabriela, sua voz ficou mais baixa.
O que você faria no meu lugar? Eu piscou surpresa que ele estivesse pedindo sua opinião. Eu lutaria, encontraria uma alternativa. Esses projetos sempre têm alternativas, mas muitas vezes ninguém se dá o trabalho de procurá-las, porque é mais fácil seguir o caminho que dá mais dinheiro. Cristiano a estudou.
E se isso significasse ir contra meu pai? questionar publicamente as decisões da empresa, então você descobriria que tipo de homem realmente é. Gabriela se inclinou para frente. Cristiano, você pode ser muitas coisas, mas covarde não é uma delas. E eu sei que no fundo você quer fazer a coisa certa.
Como você pode ter tanta certeza? Porque ela hesitou, então decidiu pela honestidade. Porque passei meses observando você também. A forma como trata os funcionários com respeito, como insiste em pagar salários acima do mercado, como sempre verifica se todos tem plano de saúde adequado. Ela sorriu. Você se esforça para parecer frio, mas por baixo dessa armadura tem um coração enorme.
Cristiano ficou em silêncio por longos momentos, apenas a encarando. Ninguém nunca disse isso sobre mim. Então, ninguém nunca realmente te conheceu. Algo mudou no arre. Uma tensão diferente, quase elétrica. Gabriela, eu Cristiano começou, mas foi interrompido por dona Rosa. Desculpem interromper, mas tem uma ligação urgente para o senhor Cristiano.
Quando ele saiu para atender, Gabriela ficou sozinha na biblioteca, o coração batendo de forma irregular. Havia algo nos olhos dele, na forma como a olhava, que fazia seu estômago dar voltas. Naquela noite durante o jantar, Cristiano estava diferente, mais relaxado, quase feliz. “Conseguiu resolver o problema do projeto?”, Gabriela perguntou. Melhor que isso, encontrei uma alternativa.
Seus olhos brilhavam, um terreno abandonado na zona norte, do mesmo tamanho, que pode ser comprado por um preço melhor. As famílias podem ficar onde estão e ainda vamos criar um programa de capacitação profissional para a comunidade. Cristiano, isso é incrível. Gabriela sorriu genuinamente. Seu pai aceitou depois de muito argumento, sim, especialmente quando mostrei os números.
A longo prazo, vamos ganhar mais dinheiro e ainda ter uma imagem corporativa melhor. Você deve estar muito orgulhoso. Eu estou. Ele a encarou. E devo isso a você. A mim? Eu não fiz nada. Você me lembrou de quem eu quero ser. Cristiano se inclinou para a frente. Gabriela, posso te fazer uma pergunta pessoal? Pode.
Por que você nunca se casou antes? Quero dizer, antes de tudo isso, Gabriela desviou o olhar porque eu estava esperando. Esperando o quê? Por alguém que me olhasse como se eu fosse a coisa mais importante do mundo. Alguém que quisesse me conhecer de verdade, não apenas a versão que eu mostro para o mundo. Ela respirou fundo. Alguém que me fizesse sentir viva.
E você já se sentiu assim? Viva? Gabriela o encarou e Cristiano viu algo em seus olhos que fez seu coração acelerar. Recentemente, ela sussurrou. O silêncio que se seguiu foi carregado de possibilidades. Cristiano se levantou, contornando a mesa até chegar perto dela. Gabriela, eu preciso te dizer algo. O quê? Eu Ele lutou com as palavras. Quando te vejo sorrir, eu esqueço porque construí muros ao redor do meu coração.
Quando você fala sobre seus sonhos, eu quero fazer parte deles. Quando você me defende como Nagala, eu sinto como se pudesse conquistar o mundo. Gabriela se levantou também, ficando perigosamente próxima dele. Cristiano, eu sei que nosso casamento começou como um acordo comercial, mas o que sinto por você agora, isso não tem nada a ver com negócios.
O que você sente por mim? Cristiano pegou o rosto dela entre as mãos, seus polegares traçando suas bochechas. Eu acho que estou me apaixonando por você. O mundo parou. Gabriela fechou os olhos, permitindo-se sentir o toque dele, as palavras que havia sonhado ouvir. “Eu tenho medo”, ela confessou. “Medo de quê?” “De que isso seja um sonho, de que amanhã você acorde e volte a ser o homem frio que me desprezava. Olha para mim.
” Sua voz era suave, mas firme. Quando ela abriu os olhos, Cristiano estava sorrindo. Eu não sou o mesmo homem que se casou com você. Você me mudou, Gabriela. Me mostrou como amar novamente. Cristiano, fica comigo de verdade, não como colegas de casa, não como um acordo comercial. Fica comigo porque você quer. Gabriela sentiu lágrimas quentes escorrendo por seu rosto. Eu quero mais do que tudo.
Quando ele a beijou, foi como se todas as estrelas do céu tivessem se alinhado. Suave no início, depois mais urgente, carregado de meses de tensão reprimida e sentimentos negados. Quando se separaram, ambos estavam sem fôlego. Então somos um casal de verdade agora? Gabriela perguntou ainda nos braços dele.
Se você quiser, eu gostaria muito que fôssemos. Naquela noite, pela primeira vez desde o casamento, Cristiano não dormiu no quarto de hóspedes e, pela primeira vez em anos, ambos dormiram verdadeiramente em paz. Agosto chegou com a promessa de primavera e com ela uma transformação completa na dinâmica da mansão Almeida. Cristiano e Gabriela haviam encontrado um ritmo próprio.
Café da manhã juntos, almoços ocasionais quando a agenda dele permitia, jantares que se estendiam por horas enquanto conversavam sobre tudo e nada. Era como se estivessem finalmente vivendo a lua de mel que nunca tiveram. Bom dia, senora Almeida.
Cristiano apareceu na cozinha numa manhã de sábado, cabelos despenteados e usando apenas uma camiseta e calças de pijama. Gabriela, que estava preparando panquecas, se virou e sorriu. Ainda estava se acostumando com a versão relaxada do marido, mais jovem, mais livre, incrivelmente mais atraente. “Bom dia, senor Almeida.
” Ela se aproximou dele na ponta dos pés para um beijo de bom dia que tinha se tornado rotina, mas que ainda fazia borboletas dançarem em seu estômago. “Cheira bem”, ele murmurou contra seus lábios. “As panquecas ou ambas.” Cristiano sorriu, puxando-a mais para perto. Mas principalmente você. Dona Rosa entrou na cozinha e parou na porta, um sorriso maternal iluminando seu rosto. Ah, que bom ver vocês assim. Eles se separaram ainda sorrindo.
Dona Rosa, você estava certa. Gabriela disse, servindo as panquecas. Alguns muros realmente podem ser derrubados e alguns corações podem aprender a amar novamente. Cristiano acrescentou puxando uma cadeira para Gabriela se sentar ao lado dele em vez de do outro lado da mesa. Depois do café da manhã, eles caminharam pelo jardim da mansão.
Cristiano havia contratado um jardineiro para criar um canteiro de rosas especialmente para Gabriela, uma surpresa que a havia feito chorar de felicidade. Cristiano, posso te perguntar uma coisa? Gabriela parou próxima às rosezeiras, o sol da manhã criando reflexos dourados em seus cabelos. Qualquer coisa. O que mudou? Quero dizer, quando exatamente você soube que que estava me apaixonando por você. Ele se aproximou pegando suas mãos.
Acho que foi na biblioteca quando você me disse que eu merecia ser amado. Ninguém nunca havia dito isso para mim. E quando você soube que me amava de verdade? Cristiano sorriu lembrando na gala, quando aquela víbora da Patrícia tentou te humilhar e você se manteve forte, elegante, digna, sentiu uma fúria protetiva que nunca havia experimentado.
E então, quando dançamos, ele a girou como naquela noite. Senti como se tivesse encontrado minha casa. Sua casa? Você é minha casa, Gabriela. Não, esta mansão. Não a empresa, não o dinheiro. Você. Gabriela sentiu os olhos se encherem de lágrimas. Eu te amo tanto que às vezes dói. Dói como como se meu coração fosse muito pequeno para conter tudo que sinto por você.
Cristiano a beijou então ali entre as rosas, com a mesma paixão da primeira vez, mas agora temperada com a segurança do amor correspondido. Naquela tarde eles decidiram sair. Cristiano levou Gabriela a lugares do rio que ela nunca havia visitado. Não os pontos turísticos óbvios. mas seus lugares especiais. O mirante da Tijuca, onde ele ia quando criança, para fugir da frieza da mansão, a livraria de Sebo, em Santa Teresa, onde descobriu sua paixão por filosofia, o restaurante simples em Copacabana, onde sua mãe o levava para comer pastel antes de morrer. “Por que está me mostrando isso?”, Gabriela perguntou enquanto caminhavam pela lapa mãos
entrelaçadas. Porque quero que você me conheça de verdade, não apenas o CEO, não apenas o herdeiro. Quero que conheça o Cristiano que ama música brasileira, que chora em filmes românticos, que sonha em viajar pelo mundo com a mulher que ama. Você chora em filmes românticos? Gabriela riu. Titanic me destrói toda vez. Eu sabia que você era um romântico disfarçado.
Naquela noite jantaram em um pequeno restaurante no Leblon, longe dos holofotes da sociedade carioca. Conversaram sobre sonhos, medos, planos para o futuro. Gabriela, eu quero te dar algo. Cristiano tirou uma pequena caixa de veludo do bolso. Cristiano, você não precisa. Quero. Ele abriu a caixa, revelando um anel delicado com um diamante solitário.
Eu sei que você já tem uma aliança de casamento, mas aquela foi para o contrato. Esta é para o amor. Gabriela cobriu a boca com as mãos, lágrimas escorrendo. É linda. Não tão linda quanto você. Ele tirou o anel da caixa. Gabriela Costa Almeida, quero me casar com você de novo. De verdade, dessa vez quero uma cerimônia onde eu possa dizer para o mundo inteiro que te amo perdidamente. Sim.
Ela estendeu a mão tremendo. Sim. Sim. Mil vezes sim. Quando ele colocou o anel em seu dedo, Gabriela sentiu como se finalmente estivesse completa. De volta à mansão, subiram as escadas juntos, mãos entrelaçadas, corações sincronizados. Gabriela. Cristiano parou na porta do quarto principal. Sim. Eu tenho medo.
De quê? De que isso seja bom demais para ser verdade. De que eu acorde e descubra que tudo foi um sonho. Gabriela pegou o rosto dele entre as mãos. Então, deixa eu te mostrar que isso é real. Ela o beijou com uma paixão que não conhecia possuir e Cristiano correspondeu com toda a intensidade de meses de desejo reprimido. Quando finalmente se separaram, ambos estavam sem fôlego.
Real o suficiente para você? Ela sussurrou. Mais do que suficiente. Naquela noite, pela primeira vez, eles se tornaram marido e mulher em todos os sentidos da palavra. E quando Gabriela adormeceu nos braços de Cristiano, ele sussurrou no escuro: “Obrigado por me ensinar a amar novamente.
” Mas nem os dois sabiam que alguém estava observando a mansão das sombras, planejando destruir essa felicidade recém encontrada. A tempestade estava chegando. Setembro trouxe não apenas flores à mansão Almeida, mas também uma notícia que mudaria tudo. Gabriela estava grávida.
O teste positivo tremeu em suas mãos naquela manhã de segunda-feira, enquanto Cristiano estava no escritório. Por um momento, ela simplesmente ficou parada no banheiro, absorvendo a magnitude da descoberta. Um bebê. Eles teriam um bebê. Quando Cristiano chegou para o almoço, uma surpresa que havia se tornado frequente desde que se apaixonaram encontrou Gabriela na sala, visivelmente nervosa. Aconteceu alguma coisa? Ele se aproximou preocupado. Cristiano, senta.
Preciso te contar uma coisa. O tom dela o fez temer o pior. Ele se sentou, pegando suas mãos. Está tudo bem? Você está bem? Gabriela respirou fundo. Eu estou. Nós estamos. Ela lutou com as palavras. Cristiano, eu estou grávida. O silêncio que se seguiu pareceu eterno. Cristiano a encarava como se não tivesse entendido. Grávida? Ele repetiu. A voz quase inaudível. Sim.
De aproximadamente seis semanas, Cristiano se levantou abruptamente, caminhando até a janela. Gabriela sentiu o coração apertar. Será que ele não queria o bebê, Cristiano? Sua voz saiu pequena. Você está bravo? Ele se virou e Gabriela viu lágrimas em seus olhos. Bravo? Ele riu uma mistura de incredulidade e pura alegria. Gabriela, eu estou estou em êxtase.
Ele correu até ela, a levantando e girando. Nós vamos ter um bebê. Um bebê? Gabriela riu através das lágrimas. Então você está feliz? Feliz? Eu estou radiante. Você me deu tudo. Amor, propósito, e agora uma família. Ele a beijou com paixão. Eu te amo tanto. Os meses seguintes foram os mais felizes da vida de ambos.
Cristiano se tornou ainda mais protetor e carinhoso, acompanhando Gabriela a todas as consultas médicas, lendo livros sobre paternidade, transformando um dos quartos em um bersário deslumbrante. “Você acha que será menino ou menina?”, Gabriela perguntou uma noite, acariciando a barriga que começava a crescer. “Não importa.
” Cristiano pousou a mão sobre a dela. “Só quero que seja saudável e tenha seus olhos. Meus olhos são os olhos mais bondosos que já vi. Quero que nosso filho erde essa bondade. Era dezembro. Gabriela estava com s meses de gravidez quando a primeira rachadura apareceu em sua felicidade perfeita. Cristiano chegou em casa mais tarde que o usual, encontrando-a na biblioteca, lendo contos de fada para o bebê.
Desculpe o atraso. Ele a beijou, mas Gabriela percebeu tensão em seus movimentos. Aconteceu alguma coisa? Não é nada importante, só uns problemas com um concorrente. Mas Gabriela conhecia seu marido bem o suficiente para saber quando ele estava mentindo. Durante o jantar, Cristiano estava distante, perdido em pensamentos.
Cristiano, o que está acontecendo? E não me diga que não é nada, porque eu te conheço. Ele suspirou, pousando o garfo. Ricardo Monteiro está tentando uma aquisição hostil da empresa. Está espalhando rumores sobre nossa situação financeira, questionando minha liderança.
Quem é Ricardo Monteiro? Um empresário sem escrúpulos que sempre quis destruir o grupo Almeida. Cristiano passou a mão pelos cabelos e ele tem uma aliada perigosa. Quem? Patrícia. O nome foi como um tapa. Gabriela sentiu um frio na espinha. A Patrícia, sua ex, ela nunca me perdoou por ter-te escolhido. Aparentemente decidiu se vingar. Naquela noite, Gabriela teve dificuldade para dormir. Havia algo na tensão de Cristiano que a deixava inquieta.
Na manhã seguinte, ela estava arrumando o bersário quando dona Rosa apareceu visivelmente agitada. Gabriela, querida, você precisa vir ver isso. Na sala, a televisão mostrava uma reportagem sobre o grupo Almeida. O repórter falava sobre irregularidades financeiras e casamentos de conveniência para encobrir problemas.
Gabriela sentiu o mundo girar. Como eles conseguiram essas informações? Alguém está vazando dados internos dona Rosa disse preocupada. O telefone de Gabriela tocou. Era Cristiano. Amor, você viu as notícias? Vi. Cristiano. Isso é grave. Estou resolvendo. Não se preocupe. OK. Cuide do nosso bebê. Eu cuido do resto.
Mas quando desligou, Gabriela não conseguiu se livrar da sensação de que uma tempestade estava se aproximando. Naquela tarde, enquanto Cristiano estava em uma reunião de emergência com os advogados da empresa, uma entrega chegou à mansão. “Para a senora Almeida,” o entregador disse, entregando um envelope grosso.
Gabriela abriu com curiosidade, mas o que encontrou fez seu sangue gelar. fotos, dezenas de fotos suas com seu pai em encontros que ela não se lembrava de ter tido. E-mails impressos com sua assinatura falando sobre planos e sedução, gravações de áudio de conversas que ela tinha certeza de nunca ter tido. E uma carta, querida Gabriela, achei que você gostaria de ver como seu marido vai reagir quando descobrir quem você realmente é, ou melhor, quem ele vai achar que você é. Com carinho, uma amiga preocupada.
PS: parabéns pelo bebê. Será interessante ver se Cristiano ainda vai querer tanto esse filho quando descobrir a verdade sobre a mãe. As fotos escorregaram de suas mãos trêmulas. Tudo parecia real, assustadoramente real, mas ela sabia que era mentira. Tinha que ser, não era? Quando Cristiano chegou em casa naquela noite, encontrou Gabriela chorando na sala, as evidências falsas espalhadas ao seu redor.
Gabriela, o que é isso? Ele pegou uma das fotos, o rosto empalidecendo. Cristiano, eu posso explicar? Explicar o quê? Sua voz estava mudando, ficando fria. Explicar como você e seu pai planejaram tudo isso? Eu não planejei nada, isso é mentira. Mas enquanto Cristiano examinava as evidências, a desconfiança crescia em seus olhos como uma erva daninha.
Até mesmo o bebê? A pergunta foi como uma punhalada. Gabriela se levantou, a mão protetivamente sobre a barriga. Como você pode perguntar isso? Como eu posso confiar em alguma coisa agora? E pela primeira vez em meses, Gabriela viu o homem frio e desconfiado, que havia se casado com ela. O muro ao redor do coração dele estava se reconstruindo tijolo por tijolo. O silêncio na mansão Almeida era ensurdecedor.
Três dias haviam-se passado desde que Cristiano encontrara as evidências falsas. E desde então, uma muralha de gelo havia se erguido entre ele e Gabriela. Ela tentara explicar, implorar para que ele acreditasse nela, mas cada palavra parecia empurrá-lo ainda mais para longe.
As provas eram meticulosamente construídas, fotos manipuladas com precisão cirúrgica, e-mails com metadados convincentes, gravações de áudio que soavam assustadoramente reais. Cristiano, por favor, apenas me escute.” Gabriela tentou mais uma vez durante o café da manhã, mas ele nem levantou os olhos do jornal. “Já escutei o suficiente. Sua voz era cortante como lâminas e vi o suficiente.
Você realmente acredita que eu armei tudo isso? Que fingi me apaixonar por você? Que este bebê?” Sua voz quebrou, “que bebê foi planejado para te manipular?” Cristiano finalmente a encarou e Gabriela viu nos olhos dele uma frieza que não via desde os primeiros dias do casamento.
Eu não sei mais no que acreditar, Gabriela, mas os fatos falam por si só. Os fatos são mentiras. Alguém está tentando nos destruir ou alguém está finalmente mostrando a verdade. Ele se levantou, ajustando a gravata. Tem uma reunião importante hoje com investidores que estão questionando se devem continuar fazendo negócios com alguém que foi enganado tão facilmente.
A palavra enganado foi como um tapa. Quando Cristiano saiu, Gabriela desabou em uma cadeira, as mãos tremendo sobre a barriga. O bebê se mexeu como se sentisse sua angústia. “Não se preocupe, pequeno”, ela sussurrou através das lágrimas. Mamãe vai encontrar uma forma de consertar isso. Dona Rosa apareceu na cozinha, o rosto carregado de preocupação.
Minha filha, o que está acontecendo? Faz dias que vocês mal se falam. Gabriela contou tudo para a governanta, mostrando as evidências falsas. Dona Rosa as examinou com olhos críticos. Isso aqui está errado ela disse, apontando para uma das fotos. Olha a sombra no rosto do seu pai. E esta data aqui você não estava nem na cidade nesse dia.
Lembro que tinha viajado para São Paulo para visitar uma amiga da faculdade. Dona Rosa, você acredita em mim, querida? Eu te conheço há meses. Vi como você se apaixonou por ele, como seus olhos brilhavam quando falava dele, como você chorou de felicidade quando soube do bebê. A governanta pegou suas mãos. Isso tudo é fabricação. Alguém quer destruir a felicidade de vocês. Mas quem faria uma coisa dessas? alguém que tem muito a ganhar com a destruição do cristiano.
Naquela tarde, enquanto Gabriela tentava descansar, o estresse estava afetando sua pressão arterial, recebeu uma ligação inesperada. Gabriela, é a Patrícia Mendonça. O sangue de Gabriela gelou. O que você quer? Encontrar com você para conversar. Não temos nada para conversar.
Ah, mas temos sim, especialmente sobre as evidências que seu marido recebeu. Nos encontramos no café do Leblon Shopping em uma hora ou a próxima entrega será ainda mais convincente. A linha ficou muda. Gabriela olhou para o telefone, o coração disparado. Contra todos os instintos, decidiu ir. Precisava descobrir o que Patrícia sabia. O café estava movimentado quando Gabriela chegou.
Patrícia aguardava em uma mesa no canto um sorriso triunfante nos lábios. Que bom que veio. Patrícia gesticulou para a cadeira à sua frente. Você está grande. A gravidez te deixou inchada. Vá direto ao ponto, Patrícia. Foi você que armou tudo isso? Eu, querida? Por que eu faria uma coisa dessas? Patrícia fingiu inocência.
Apenas compartilhei algumas informações que chegaram até mim. Informações falsas. Prove. Patrícia se inclinou para a frente. Prove que são falsas, Gabriela. Ah, espera. Você não pode. Pode porque são tão bem feitas que nem mesmo seu marido consegue distinguir a verdade da mentira. Por que está fazendo isso? Porque Cristiano era meu. A máscara de civilidade caiu.
Nós tínhamos algo especial até você aparecer com sua carinha de santa e suas manipulações. Eu nunca manipulei ninguém. Claro que não. Uma garotinha inocente que por acaso se casou com um dos homens mais ricos do Rio. Patrícia Rio com escárnio. Mas sabe o que é engraçado? Mesmo se você conseguir provar que as evidências são falsas, a desconfiança já foi plantada.
E desconfiança, querida, é como câncer se espalha até destruir tudo. Gabriela sentiu uma contração e levou a mão à barriga. O estresse estava afetando o bebê. Há problemas. Que pena. Seria terrível se algo acontecesse com o bebê, especialmente agora que Cristiano está questionando se é realmente filho dele.
Você é um monstro. Eu sou uma mulher que luta pelo que é meu. Patrícia se levantou. E Cristiano sempre foi meu, Gabriela. Você foi apenas um obstáculo temporário. Quando Patrícia saiu, Gabriela ficou sozinha, lutando contra as contrações que estavam ficando mais frequentes.
Conseguiu chegar em casa, mas mal entrou pela porta quando desmaiou. Dona Rosa a encontrou caída no hall principal. Gabriela, meu Deus. Ela ligou imediatamente para a emergência no hospital. Enquanto os médicos estabilizavam Gabriela, dona Rosa tentava contatar Cristiano. Ele estava em uma reunião crucial, mas quando soube que a esposa havia desmaiado, largou tudo e correu para o hospital.
Encontrou Gabriela, consciente, mas pálida, conectada a monitores. “Como ela está?”, Ele perguntou ao médico, a preocupação evidente em sua voz. Estável, mas ela teve um episódio de estresse extremo. A pressão arterial disparou. Se não tivesse chegado aqui quando chegou, Cristiano olhou para Gabriela e, por um momento, toda a frieza desapareceu. Só havia preocupação e amor.
O bebê? Ele perguntou baixinho. Está bem, mas precisamos monitorar. Qualquer estresse adicional pode ser perigoso. Quando ficaram sozinhos, Cristiano se aproximou da cama. Gabriela, eu não. Ela virou o rosto. Não precisa fingir que se importa. Já deixou bem claro o que pensa de mim. Eu me importo mais do que deveria, mas não confia em mim. O silêncio dele foi resposta suficiente.
Cristiano, eu nunca menti para você, nem uma vez. E se você não consegue ver isso, lágrimas escorreram por seu rosto. Então, talvez seja melhor eu ir embora. Ir embora? Pela primeira vez, pânico apareceu em seus olhos. Quando eu sair do hospital, vou encontrar um lugar para ficar, pelo menos até o bebê nascer. Gabriela, não. Não posso viver com alguém que acredita que sou capaz de manipulação e mentira.
Não posso criar um filho em um ambiente onde sou vista como uma estranha perigosa. Ela fechou os olhos, exausta. Por favor, vai embora. Preciso descansar. Cristiano ficou parado por longos momentos, lutando consigo mesmo. Depois saiu silenciosamente do lado de fora do quarto, encostou na parede, se perguntando se havia acabado de cometer o maior erro de sua vida. Mas a desconfiança, plantada com tanta precisão, havia criado raízes profundas.
E às vezes a verdade chega tarde demais. Uma semana depois do episódio no hospital, Gabriela fez exatamente o que havia prometido. Com a ajuda de dona Rosa, empacotou suas coisas e deixou a mansão Almeida, movendo-se para um pequeno apartamento em Copacabana, que conseguiu alugar com suas economias.
Cristiano chegou em casa naquela noite para encontrar apenas um bilhete sobre a mesa do quarto principal. Cristiano, levei apenas o que é meu. O anel de noivado está na caixa sobre sua cômoda. Ele representava uma promessa que não pudemos cumprir. Aliança fica com você para que se lembre de que houve um tempo em que fomos felizes. Quando o bebê nascer, eu te aviso.
Você pode visitá-lo sempre que quiser. Ele merece conhecer o Pai. Talvez um dia você descubra a verdade. Quando isso acontecer, espero que possa me perdoar, não pelas mentiras que você acha que eu disse, mas por ter desistido de lutar por nós com o amor eterno. Gabriela Cristiano sentou na cama vazia, a casa parecendo um mausoléu.
Pela primeira vez desde o episódio das evidências falsas, permitiu-se questionar se havia cometido um erro terrível. Os dias que se seguiram foram os mais escuros de sua vida. A empresa estava em crise, os investidores cada vez mais nervosos e Ricardo Monteiro apertava o cerco para uma aquisição hostil, mas nada disso importava comparado ao vazio que Gabriela havia deixado.
Senhor Cristiano, dona Rosa apareceu em seu escritório uma manhã, carregando uma bandeja de café que ele provavelmente não tocaria. Posso falar com o senhor? Claro, dona Rosa. Eu conheci sua mãe, criei você e agora vi você se apaixonar. Ela pousou a bandeja e o encarou com firmeza. E posso dizer uma coisa? Você está cometendo o mesmo erro que seu pai cometeu. Cristiano levantou os olhos dos documentos.
Que erro? Ele deixou a dor transformá-lo em pedra. Quando sua mãe morreu, ele decidiu que amar era perigoso demais, que era melhor ser frio do que se arriscar a sofrer de novo. Dona Rosa se sentou. E agora você está fazendo a mesma coisa com Gabriela. A situação é diferente, dona Rosa. Gabriela me mentiu. Mentiu coisa nenhuma.
A explosão da governanta o chocou. Aquela menina te ama mais que a própria vida. Eu vi ela chorando por você. Vi como ela se iluminava quando você chegava em casa. Vi como ela colocava a mão na barriga e sussurrava para o bebê sobre o pai maravilhoso que ele teria. Cristiano fechou os olhos. As evidências são falsas.
Qualquer um com dois olhos na cara pode ver isso. Dona Rosa se levantou. Mas você está tão assustado de sofrer de novo que prefere acreditar na mentira do que se arriscar na verdade. E se eu estiver certo? E se ela realmente? E se você estiver errado? Dona Rosa o interrompeu.
E se você estiver destruindo a única coisa boa que aconteceu na sua vida por orgulho e medo. Quando dona Rosa saiu, Cristiano ficou sozinho com seus pensamentos pela primeira vez em dias. Algo, em suas palavras, havia tocado uma ferida profunda. Naquela noite, ele dirigiu até Copacabana, parando em frente ao prédio onde Gabriela estava morando.
Ficou no carro por horas, observando a janela iluminada no terceiro andar, se perguntando se deveria subir. Não subiu. Enquanto isso, no apartamento, Gabriela estava tendo dificuldade para dormir. Com 8 meses de gravidez, cada posição era desconfortável, mas a dor física era nada comparada à emocional.
Ela havia tentado manter a rotina, continuava dando aulas particulares, lia livros sobre maternidade, preparava-se para criar o filho sozinha. Mas à noite, quando o mundo ficava silencioso, a saudade de Cristiano a consumia. “Seu papai é um homem bom.” Ela sussurrava para o bebê, a mão sobre a barriga. Ele está apenas perdido, mas ele te amará. Eu sei que amará. Era uma sexta-feira quando tudo mudou.
Lucas Ferreira, melhor amigo de Cristiano desde a época da PUC Rio, apareceu no escritório com uma expressão que Cristiano nunca havia visto. Precisamos conversar agora, Lucas, não é uma boa hora. É sobre Gabriela que você vai querer ouvir isso. Lucas fechou a porta e jogou uma pasta sobre a mesa.
Contratei investigadores particulares, os melhores que consegui encontrar. Seus olhos brilhavam com uma mistura de raiva e excitação. Cristiano, as evidências contra Gabriela são falsas. Todas elas. O mundo de Cristiano parou. O que você disse? Falsas. Fabricadas. Eu tenho aqui relatórios técnicos sobre a manipulação das fotos, análise dos metadados dos e-mails, espectrograma das gravações de áudio.
Lucas abriu a pasta. Tudo foi criado por uma empresa especializada em Deep Fakes, contratada por por quem? Patrícia Mendonça e Ricardo Monteiro. Eles orquestraram tudo juntos. Cristiano sentiu como se tivesse levado um soco no estômago, como vocês descobriram, um dos técnicos que trabalharam no projeto teve uma crise de consciência, especialmente quando soube que uma mulher grávida estava sendo prejudicada. Lucas se inclinou para a frente.
Cristiano, Gabriela é inocente, completamente inocente. O escritório começou a girar. Cristiano se agarrou à mesa tentando processar a informação. Eu destruí tudo. Sua voz saiu como um sussurro. Eu destruí a mulher que amo por causa de mentiras. Você pode consertar isso? Pode.
Como eu explico que acreditei em evidências forjadas em vez de confiar na mulher que me deu os melhores meses da minha vida? Cristiano enterrou o rosto nas mãos. Como eu peço perdão por ter questionado até mesmo a paternidade do nosso filho. Começando, Lucas pousou a mão em seu ombro. Você começa pedindo perdão e provando que mudou. Cristiano olhou pela janela, onde o sol estava se pondo sobre a cidade. E se for tarde demais, então pelo menos você tentou.
Mas, Cristiano, Lucas sorriu. Aquela mulher te ama. Eu vi nos olhos dela na gala. Esse tipo de amor não morre facilmente. Naquela noite, Cristiano dirigiu novamente até o prédio de Gabriela. Dessa vez não hesitou. Subiu às escadas como um homem possuído, o coração batendo tão forte que parecia que ia explodir. Quando bateu na porta, ouviu passos lentos se aproximando.
“Quem é? Sou eu, Cristiano. Silêncio.” Depois, a porta se abriu lentamente. Gabriela estava parada na soleira, uma mão apoiando as costas. visivelmente cansada. Ela estava linda, mesmo com olheiras e o rosto inchado da gravidez avançada. “O que você quer?”, sua voz era cautelosa. “Te pedir perdão e te contar a verdade. Ela o estudou por longos momentos, então se afastou, deixando-o entrar.
O apartamento era pequeno, mas acolhedor. Gabriela havia colocado flores em jarros improvisados e suas coisas estavam organizadas com o carinho típico dela. “Senta”, ela disse, se acomodando cuidadosamente na poltrona. “E fala: Cristiano contou tudo sobre os investigadores, sobre as evidências falsas, sobre Patrícia e Ricardo.
Com cada palavra via a confirmação nos olhos de Gabriela. Ela sempre soubera que era uma armação. Quando terminou, o silêncio se estendeu entre eles como um abismo. Você acreditou neles? Ela disse finalmente. Você acreditou em estranhos em vez de acreditar em mim? Gabriela, você questionou se nosso filho era seu. A dor na voz dela foi como uma lâmina. Cristiano se ajoelhou diante dela. Eu sei.
Eu sei que fui um idiota, um covarde. Eu sei que te machuquei de uma forma que talvez seja imperdoável. Lágrimas corriam por seu rosto. Mas eu te amo. Amo você e nosso bebê mais que a minha própria vida. Gabriela fechou os olhos. Amor sem confiança não é amor, Cristiano, é possessão. Então me dá uma chance de aprender a confiar de novo. Me deixa provar que posso ser o homem que você merece.
Quando ela abriu os olhos, ele viu lágrimas. Eu não sei se posso, Cristiano. Você me quebrou. Então me deixa te ajudar a colar os pedaços. Ela o estudou por longos momentos. Uma guerra interna refletida em seu rosto. Eu começou, mas parou abruptamente, uma expressão de dor cruzando seu rosto. Gabriela, o que foi? Acho que Ela se dobrou as mãos na barriga.
Acho que é hora. O bebê estava chegando agora. Cristiano se levantou em pânico, vendo Gabriela se dobrar de dor. O bebê está vindo agora. As contrações começaram há algumas horas. Ela conseguiu dizer entre respirações forçadas. Pensei que fossem falsas, mas ah, Deus.
Cristiano entrou em modo de emergência, pegou o telefone, ligou para o hospital, depois para o motorista. Em questão de minutos, eles estavam no carro correndo pelas ruas do rio em direção à maternidade perinatal da Barra. Respira, amor, respira comigo. Cristiano segurava a mão dela, esquecendo temporariamente de tudo, além do fato de que sua esposa estava em trabalho de parto. Cristiano, ela ofre contrações.
Se algo acontecer comigo, nada vai acontecer. Se acontecer”, ela insistiu, “promete que vai amar nosso filho. Mesmo se mesmo se você ainda tem dúvidas sobre para”. Ele parou o carro bruscamente no sinal vermelho e se virou para ela. Gabriela, escuta bem. Este bebê é nosso, seu e meu. Eu nunca mais vou questionar isso.
Eu fui um idiota, mas isso acabou. Ela o encarou através das lágrimas de dor e emoção. Promete? Prometo. No hospital, tudo aconteceu rapidamente. Gabriela foi levada para o centro obstétrico e Cristiano, depois de hesitar sobre se tinha o direito de estar lá, foi autorizado por ela a entrar. “Você quer que eu fique?”, ele perguntou inseguro.
“Por favor”, ela sussurrou. Não importa o que aconteça entre nós, você é o pai dele. Deveria estar aqui. As próximas seis horas foram as mais intensas da vida de Cristiano. Ele segurou a mão de Gabriela, enxugou seu suor, sussurrou palavras de encorajamento e, pela primeira vez em semanas, sentiu-se verdadeiramente conectado a ela novamente. Eu posso ver a cabeça? O médico anunciou.
Mais uma contração, Gabriela. Você consegue. Eu não consigo. Ela chorou. Exausta? Consegue sim. Cristiano segurou seu rosto. Você é a mulher mais forte que conheço. Você consegue tudo. Com um último esforço, Gabriela empurrou e então o choro de um bebê encheu a sala. É um menino o médico anunciou, levantando a criança pequena e perfeita.
Cristiano olhou para o filho e simplesmente desabou. Lágrimas corriam por seu rosto como uma cachoeira. Ele é Ele é perfeito. Quer cortar o cordão, papai? Com mãos trêmulas, Cristiano cortou o cordão umbilical, oficialmente separando seu filho do corpo da mulher que o havia carregado com tanto amor.
Quando colocaram o bebê nos braços de Gabriela, ela o olhou com uma expressão de puro amor maternal. “Oi, meu amor”, ela sussurrou. “Finalmente posso te ver”. O bebê parou de chorar ao ouvir sua voz, abrindo olhos escuros que eram exatamente iguais aos do pai. “Ele tem seus olhos”, Gabriela disse para Cristiano, “e seu nariz.
Ele respondeu tocando delicadamente o rostinho do filho. Como vamos chamá-lo? Miguel, ela disse sem hesitar. Miguel Almeida. Miguel. Cristiano repetiu o nome como uma oração. É perfeito. Quando Miguel foi levado para os primeiros cuidados, Cristiano e Gabriela ficaram sozinhos no quarto. Gabriela, ele começou. O que acabou de acontecer? Ver nosso filho nascer, ver você lutar para trazê-lo ao mundo. Sua voz embargou.
Eu nunca vou conseguir expressar como me sinto arrependido por ter duvidado de você, de nós. Ela estava exausta, mas seus olhos estavam claros. Cristiano, eu entendo porque você acreditou naquelas evidências. Elas foram muito bem feitas para destruir exatamente isso. Nossa confiança. Isso não me desculpa. Não, ela concordou. Mas explica.
Eles ficaram em silêncio, processando tudo que havia acontecido. O que fazemos agora? Ela perguntou finalmente, agora Cristiano pegou sua mão. Agora nós criamos nosso filho, juntos, se você me deixar, separados, se for isso que você quer. Mas independente do que aconteça entre nós, eu prometo que vou ser o pai que ele merece. E Patrícia, Ricardo, as mentiras que espalharam, os olhos de Cristiano escureceram.
Eles vão pagar legalmente, completamente. Mas isso não é o mais importante. Agora o que é mais importante? você me perdoar? Não para voltarmos a ser como éramos. Eu sei que quebrei algo que pode nunca se consertar completamente, mas para que possamos construir algo novo, algo mais forte. Gabriela olhou para ele por longos momentos. Cristiano, você me machucou profundamente.
Você fez eu questionar meu próprio valor, minha própria honestidade. Eu sei. Mas ela respirou fundo. Quando te vi segurando Miguel, quando vi as lágrimas no seu rosto, lembrei do homem que se apaixonou por mim. O homem que me defendeu na gala, que me deu rosas, que sussurrava, que me amava toda a noite. “Eu ainda sou esse homem.
Só me perdi por um tempo e eu ainda te amo”, ela confessou, “Mesmo estando com raiva, mesmo estando magoada. Eu te amo, Cristiano. Então você você me daria outra chance? Sob uma condição, qualquer uma.” “Nunca mais.” Sua voz ficou firme. Nunca mais você vai duvidar de mim sem ao menos me dar a chance de me explicar.
Nunca mais você vai escolher desconfiança em vez de diálogo, prometo. E se isso acontecer de novo, eu vou embora para sempre com Miguel. A seriedade em sua voz deixou claro que não era uma ameaça vazia, mas uma promessa. Não vai acontecer de novo ele prometeu. Eu prefiro morrer a te perder outra vez.
Naquela noite, quando Miguel estava dormindo no bersário e Gabriela descansava, Cristiano ficou na janela do quarto, olhando para a cidade que se estendia lá embaixo. Dona Rosa apareceu na porta. Como eles estão? Perfeitos os dois. Ele se virou para ela. Dona Rosa, obrigado pelo quê? por não desistir de mim, por me fazer enxergar a verdade.
Às vezes, meu filho, amor é ter coragem de ouvir verdades que não queremos ouvir. Cristiano olhou para Gabriela dormindo. Ela parecia tão jovem, tão vulnerável, e ele quase havia perdido tudo por orgulho e medo. “Eu não vou decepcionar ela de novo”, ele sussurrou. Eu sei. Dona Rosa sorriu, porque agora você tem duas pessoas para proteger.
Cristiano tocou o vidro da janela, fazendo uma promessa silenciosa para a cidade, para si mesmo e para a família que havia quase destruído. Ele seria digno do amor deles. Não importava o que custasse. Duas semanas depois do nascimento de Miguel, a família Almeida voltou para a mansão na Barra da Tijuca. Mas desta vez tudo era diferente.
Cristiano havia transformado o quarto principal, adicionando um bersário adjacente e todos os confortos que Gabriela pudesse precisar durante a amamentação. “Você não precisava fazer tudo isso”, Gabriela disse, observando o quarto renovado com olhos marejados. Precisava sim. Cristiano ajustou Miguel em seus braços com a delicadeza de quem segura Cristal. Vocês merecem o melhor de tudo.
O bebê havia se tornado o centro gravitacional da casa. Dona Rosa estava completamente apaixonada pelo neto postiço e até Eduardo Almeida, tipicamente distante, havia amolecido ao conhecer o primeiro neto. “Ele tem os olhos da família Almeida.” O avô observou durante uma visita, segurando Miguel com uma ternura que Cristiano não via desde a infância, mas nem tudo estava resolvido.
A empresa ainda enfrentava os ataques de Ricardo Monteiro e as reportagens sobre o casamento arranjado continuavam circulando. “Precisamos fazer algo sobre isso,”, Cristiano disse para Lucas durante uma reunião no escritório. “Não posso deixar que essas mentiras continuem afetando Gabriela e Miguel. Já estou cuidando disso.
Lucas sorriu com satisfação. O técnico que revelou a farça aceitou testemunhar: “Temos evidências suficientes para processar tanto Patrícia quanto Ricardo por difamação, falsificação de documentos e danos morais. E a empresa com a verdade vindo à tona, os investidores estão voltando. Na verdade, muitos estão impressionados com você lidou com a crise, mantendo a ética.
Naquela noite em casa, Cristiano encontrou Gabriela no bersário, amamentando Miguel. A cena era tão íntima, tão perfeita, que ele hesitou na porta. “Pode entrar.” Ela sorriu. Ele quase terminou. Cristiano se sentou na poltrona ao lado da dela. “Como você está se sentindo? Fisicamente, ainda cansada, emocionalmente?”, ela o encarou. “Melhor a cada dia, Gabriela.
Eu sei que ainda estamos nos reaproximando, mas posso te perguntar uma coisa? Claro, você me perdoou realmente ou está apenas tentando manter a família unida por causa do Miguel? A pergunta havia estado rondando sua mente há dias. Gabriela pausou, considerando cuidadosamente sua resposta. Cristiano, perdão, não é um interruptor que você liga ou desliga.
É um processo. Ela acomodou Miguel, que havia adormecido. Estou escolhendo te perdoar todos os dias. Algumas manhãs acordo e ainda sinto raiva. Outras acordo grata por termos uma segunda chance. E hoje? Como você acordou hoje? Ela sorriu. O primeiro sorriso genuíno e completo que ele via desde antes da crise. Hoje acordei grata. Cristiano sentiu algo aquecer em seu peito.
Posso, posso te beijar? Pode. O beijo foi suave, quase hesitante, como se fossem adolescentes se beijando pela primeira vez, mas estava carregado de promessas de recomeço. Cristiano! Gabriela sussurrou quando se separaram. Eu quero que funcione entre nós. Quero que sejamos uma família de verdade. Eu também, mais do que tudo. Então, vamos devagar, um dia de cada vez.
Nos dias que se seguiram, eles estabeleceram uma nova rotina. Cristiano chegava em casa mais cedo, ajudava com Miguel e eles juntos conversando sobre o dia, sobre planos futuros, sobre coisas simples e importantes. Era diferente da paixão avaçaladora que haviam sentido antes da crise.
Era mais calmo, mais maduro, construído sobre bases mais sólidas. “Sabe o que percebi?”, Gabriela disse uma noite, enquanto assistiam Miguel dormir no bersário. “O quê? que talvez precisássemos passar por isso, pela crise, pelo quase fim, pela dor. Ela pegou a mão dele: “Porque agora eu sei que você me escolhe todos os dias, não apenas porque somos casados, mas porque realmente quer estar comigo.
E eu sei que você é mais forte do que imaginava, que mesmo quando eu te decepcionei completamente, você não desistiu de nós.” Miguel se mexeu no berço, fazendo aqueles ruídos fofos de bebê. Ambos sorriram. Ele é tão perfeito, Gabriela murmurou como a mãe dele. Cristiano Almeida, você está ficando piegas na velice.
Estou ficando honesto na paternidade. Foi quando o telefone de Cristiano tocou. Lucas, desculpa ligar tão tarde, mas tenho notícias. Que tipo de notícias? Patrícia e Ricardo foram indiciados. O processo está andando e, pelo que parece, eles vão enfrentar tempo de prisão considerável. Além disso, a voz de Lucas ficou satisfeita. A empresa de Ricardo está falindo.
Parece que os próprios investidores dele descobriram os métodos que ele usa e estão fugindo. Cristiano olhou para Gabriela, que havia ouvido a conversa, e Patrícia perdeu o trabalho, a reputação e está sendo processada por várias outras pessoas que ela prejudicou ao longo dos anos.
Aparentemente vocês não foram os únicos alvos dela. Quando desligou, Gabriela pegou a mão de Cristiano. Como se sente? aliviado, ele admitiu, mas principalmente em paz. A justiça está sendo feita, mas o mais importante é que eles não podem mais nos machucar. E não vamos deixar que ninguém mais machuque nossa família. Nossa família. Cristiano repetiu as palavras como uma bênção. Eu gosto de como isso soa.
Naquela noite, pela primeira vez desde a reconciliação, eles dormiram verdadeiramente em paz. Miguel no bersário ao lado, respirando suavemente, e eles juntos na cama que havia se tornado um lar de novo. Cristiano acordou antes do amanhecer e ficou observando Gabriela dormir. Ela estava diferente, mais madura, mais sábia, mas ainda a mulher bondosa que havia mudado sua vida. “Obrigado”, ele sussurrou para o universo.
“Por me dar uma segunda chance, por não deixar que meu orgulho destruísse a coisa mais preciosa da minha vida”. Quando o sol nasceu sobre a lagoa da Barra, pintando o quarto com tons dourados, Cristiano soube que estava pronto para o próximo capítulo de suas vidas, mas o destino ainda tinha uma última surpresa guardada para eles.
Três meses haviam-se passado desde o nascimento de Miguel, e a vida na mansão Almeida havia encontrado um ritmo feliz e harmonioso. O bebê crescia saudável e risonho. Gabriela havia voltado a dar algumas aulas particulares e Cristiano descobria diariamente as alegrias da paternidade. Era uma manhã de dezembro quando tudo mudou mais uma vez.
Cristiano estava no escritório revisando os números da empresa que haviam se recuperado completamente após a exposição das mentiras de Patrícia e Ricardo, quando sua secretária anunciou uma visita inesperada. Senhor Almeida, há uma mulher aqui que insiste em falar com o senhor, diz que é sobre sua esposa e que é urgente.
Que mulher! Ela não quis se identificar, mas disse que tem informações importantes sobre o passado da senhora Gabriela. O coração de Cristiano gelou depois de tudo que haviam passado. Será que mais alguém estava tentando plantar sementes de discórdia? Pode mandá-la entrar. A mulher que entrou era elegante, de aproximadamente 50 anos, com cabelos grisalhos presos em um coque e olhos que pareciam ter carregado muita dor. Senr Almeida, obrigada por me receber.
Meu nome é Helena Carvalho. Sente-se, senora Carvalho. Em que posso ajudá-la? Helena hesitou claramente nervosa. Eu eu preciso contar a verdade sobre Gabriela, sobre quem ela realmente é. Cristiano sentiu cada músculo do corpo tensionar. Se a senhora veio aqui para espalhar mais mentiras sobre minha esposa, não são mentiras.
Helena o interrompeu, lágrimas aparecendo em seus olhos. Senr Almeida, Gabriela é minha filha. O mundo parou. Cristiano a encarou, tentando processar o que havia acabado de ouvir. Isso é impossível. Os pais de Gabriela são Luís e Carmen Costa. Luís e Carmen me criaram quando eu tinha 15 anos. Quando engravidei de Gabriela aos 17, eles eles me fizeram prometer que nunca revelaria a verdade, que a criaria como se fosse irmã deles, não filha minha.
Cristiano se levantou, caminhando até a janela para processar a informação. Por que está me contando isso agora? Porque quando vi nas notícias sobre o casamento arranjado, sobre como ela foi forçada a se casar para salvar a empresa, Helena soluçou: “Eu não consegui mais viver com a mentira.
Minha filha sacrificou sua liberdade por pessoas que nem mesmo eram seus verdadeiros pais. E seus verdadeiros pais são eu e Helena respirou fundo. Eduardo Almeida. O chão se abriu sob os pés de Cristiano. O quê? Seu pai e eu tivemos um caso quando eu tinha 17 anos. Ele era casado, eu era jovem e ingênua. Quando descobri que estava grávida, ele me deu dinheiro e me mandou embora.
disse que nunca poderia reconhecer a criança. Cristiano se agarrou à mesa, o mundo girando ao seu redor. Você está dizendo que Gabriela é sua meia irmã e Eduardo. Eduardo sempre soube. A porta do escritório se abriu violentamente. Eduardo Almeida entrou, o rosto pálido como papel. Helena, sua voz era um sussurro carregado de culpa e reconhecimento. Eduardo.
Ela se levantou, encarando o homem que havia negado sua filha por mais de 20 anos. Cristiano olhou entre os dois, a realidade se estabelecendo como chumbo em seu estômago. Pai, sua voz saiu rouca. Você sabia? Você sabia que Gabriela era sua filha e mesmo assim, mesmo assim arranjou nosso casamento? Eduardo fechou os olhos. a culpa escrita em cada linha de seu rosto envelhecido.
Eu pensei que ela nunca descobriria. Pensei que vocês poderiam ser felizes sem saber a verdade. Você arranjou um casamento entre seus próprios filhos. Cristiano explodiu, uma fúria como nunca havia sentido tomando conta dele. Vocês não são irmãos de sangue. Eduardo tentou se defender. Gabriela é minha filha, mas você não sua mãe. Isso não importa.
Cristiano socou à mesa. Você sabia da conexão familiar e permitiu que isso acontecesse. Helena se aproximou de Cristiano, lágrimas escorrendo por seu rosto. Senhor Almeida, Cristiano, eu não vim aqui para destruir sua felicidade. Vim porque minha filha merece saber a verdade sobre quem ela é.
Merece ter uma mãe que a ame abertamente. Gabriela não sabe de nada disso. Nada. Ela sempre acreditou que Luiz e Carmen eram seus pais biológicos. Cristiano olhou para o pai com desprezo. Como você pode como você pode esconder isso dela, de mim? Porque eu era covarde. Eduardo finalmente confessou.
Porque quando Helena apareceu grávida, eu escolhi minha reputação e meu casamento, em vez de fazer o que era certo. E quando vocês se casaram, eu pensei, eu pensei que pelo menos poderia dar a ela uma vida boa, dando-a para seu inentado. A ironia amarga na voz de Cristiano era cortante. Helena se aproximou de Cristiano. Eu assisti vocês de longe. Vi como vocês se apaixonaram, como são felizes juntos.
Não vim aqui para separá-los. Então, por que veio? Porque Gabriela tem o direito de saber quem ela é e porque Helena hesitou. Porque há algo mais? O que mais poderia haver? Sua mãe, a mãe biológica de Cristiano, ela não morreu de câncer. O silêncio no escritório era ensurdecedor.
Ela morreu em um acidente de carro, um acidente que aconteceu quando ela descobriu sobre o caso de Eduardo comigo e com Gabriela. Helena olhou diretamente para Eduardo. Ela estava indo me confrontar quando perdeu o controle do carro. Eduardo desabou em uma cadeira. Décadas de culpa finalmente vindo à tona.
“Meu Deus!”, Cristiano sussurrou. Você matou minha mãe indiretamente, mas você a matou, Cristiano. Eu não. Cristiano se virou para ele. Não há desculpas para isso. Para nada disso. Helena tocou suavemente o braço de Cristiano. Há mais uma coisa que você precisa saber. Não sei se posso aguentar mais. Miguel, seu filho. Ele não é apenas seu filho e de Gabriela. Ele é o primeiro neto reconhecido de Eduardo, mas também é meu primeiro neto.
A complexidade das relações familiares atingiu Cristiano como uma avalanche. Miguel era filho dele e de Gabriela, neto de Eduardo, pai dele e dela, e também neto de Helena. Eu preciso contar para Gabriela. Cristiano disse finalmente. Sim. Helena concordou. Ela merece saber. E eu, eu gostaria muito de conhecer meu neto, se vocês permitirem.
Cristiano olhou para Eduardo, que parecia ter envelhecido 10 anos em uma hora. Você, ele apontou para o pai. vai contar toda a verdade para Gabriela, vai pedir perdão de joelho, se necessário, e vai reconhecer Helena e Gabriela publicamente. Cristiano, não é uma sugestão. Eduardo a sentiu derrotado. Quando Cristiano chegou em casa naquela tarde, encontrou Gabriela no jardim, brincando com Miguel, que já começava a sentar sozinho. A cena era tão perfeita, tão inocente, que ele hesitou em destruí-la com a verdade. “Oi, amor.”
Ela sorriu ao vê-lo, mas o sorriso desapareceu quando notou sua expressão. Aconteceu alguma coisa, Gabriela? Precisamos conversar. É sobre sua família, sua verdadeira família. Ela pegou Miguel no colo, instintivamente protetora. O que você quer dizer? Senta, por favor.
Com Miguel brincando no tapete entre eles, Cristiano contou tudo sobre Helena, sobre Eduardo, sobre a verdade que havia sido escondida por mais de duas décadas. Gabriela oviu em silêncio, seu rosto passando por uma gama de emoções, choque, dor, raiva, confusão. Quando ele terminou, o silêncio se estendeu por longos minutos. Então ela disse finalmente: “Minha vida inteira foi uma mentira. Não toda sua vida. Não nós, não, Miguel, Cristiano.
” Ela o encarou com olhos cheios de lágrimas. Seu pai é meu pai. Ah, isso significa que nós somos meio irmãos, tecnicamente. E Miguel, Miguel é nosso filho. Isso nunca vai mudar. Gabriela pegou o bebê, segurando-o contra o peito, como se quisesse protegê-lo de toda a confusão do mundo adulto. O que fazemos agora? Ela perguntou a voz pequena.
Agora? Cristiano se ajoelhou diante dela. Nós decidimos se o que sentimos um pelo outro é forte o suficiente para superar isso. Como podemos? Como podemos continuar sabendo que Gabriela olha para mim? Ele pegou seu rosto entre as mãos. Eu me apaixonei por você, não pela filha de Eduardo, não pela irmã de alguém.
Eu me apaixonei por você, pela mulher que me ensinou a amar, que me deu o filho mais lindo do mundo, que me fez querer ser um homem melhor. Mas as pessoas vão dizer, as pessoas sempre vão ter algo para dizer. A questão é: você ainda me ama. Lágrimas escorriam pelo rosto de Gabriela, mais do que a minha própria vida. Então, nós enfrentamos isso juntos, como sempre fizemos.
Miguel escolheu aquele momento para dar sua primeira gargalhada genuína, como se estivesse aprovando a decisão dos pais. Ambos riram através das lágrimas. “Ele está certo.” Gabriela sussurrou. “Nada mais importa além do amor que sentimos uns pelos outros. Nada mais.” Cristiano concordou, beijando-a suavemente, mas ambos sabiam que a maior prova de seu amor ainda estava por vir.
Dois meses depois da revelação devastadora, a família Almeida enfrentava o maior teste de suas vidas. A notícia sobre a verdadeira paternidade de Gabriela havia vazado para a imprensa, criando um escândalo que dominava as manchetes cariocas. Escândalo na elite, empresário casaho com própria filha. O casamento impossível, a verdade por trás da União Almeida, incesto na alta sociedade.
Como uma família escondeu segredos por décadas. Cristiano e Gabriela haviam se tornado alvos de paparatzi, curiosos e julgamentos morais de toda a sociedade. Muitos amigos se afastaram, convites sociais desapareceram e até mesmo alguns funcionários da empresa pediram demissão. “Talvez devêsemos nos separar”, Gabriela disse uma manhã, olhando pelas cortinas fechadas da mansão.
Há dias eles não saíam, cercados por fotógrafos e repórteres. “Separar?” Cristiano a encarou chocado. Gabriela, depois de tudo que passamos, olha lá fora, Cristiano. Ela apontou para a janela. Somos um circo. E Miguel, quando Miguel crescer, ele vai ter que carregar esse peso. As crianças na escola vão zombar dele.
Miguel vai crescer, sabendo que é filho de pais, que se amam tanto que enfrentaram o mundo inteiro para ficarem juntos. Isso é loucura. Somos meio irmãos. Somos adultos que se conheceram, se apaixonaram e construíram uma família sem saber de nossa conexão biológica. Cristiano se aproximou dela. Gabriela, você sente alguma coisa diferente por mim agora que sabe a verdade? Eu hesitou. Não.
Quando olho para você, ainda vejo o homem por quem me apaixonei. E eu ainda vejo a mulher que mudou minha vida. Os genes não mudam isso, mas a sociedade, a sociedade pode ir para o inferno. A firmeza em sua voz a surpreendeu. Gabriela, eu já perdi você uma vez por acreditar no que outros disseram. Não vou perder de novo.
Naquela tarde, eles receberam uma visita inesperada. Helena Carvalho chegou acompanhada de um homem mais velho, distinguido, que Gabriela reconheceu imediatamente. Dr. Mendes, ela se levantou confusa. O que o senhor está fazendo aqui? Dr. Mendes havia sido o psicólogo da família Costa quando Gabriela era adolescente, ajudando-a a lidar com a frieza emocional dos pais.
“Gabriela, minha querida.” Ele sorriu calorosamente. Vim aqui a pedido de Helena, mas também porque preciso te contar algo importante. Outra revelação? Cristiano perguntou cansado de surpresas. Na verdade sim, mas desta vez é algo positivo. Dr. Mendes se sentou. Gabriela, você se lembra das nossas sessões quando você era mais nova, quando falávamos sobre porque você se sentia deslocada na família Costa.
Lembro. O senhor disse que era normal, fase da adolescência. Eu menti. Bem, não exatamente menti, mas omiti. Ele olhou para Helena. Eu sempre soube que Helena era sua mãe verdadeira. Luís e Carmen me contaram quando te trouxeram para a terapia. Por quê? Gabriela perguntou magoada.
Por que esconderam isso de mim? Porque Helena me pediu. Ela queria proteger você da verdade até que estivesse pronta. Dr. Mendy se inclinou para a frente. Mas há algo que ninguém de vocês sabe ainda. Helena o encarou. Surpresa.
O que você quer dizer, Helena, lembra quando você me procurou grávida, desesperada, e eu ajudei a organizar sua adoção pela família Costa? Claro. Lembra que pedi para fazer alguns exames médicos? Sim, você disse que era rotina. Não era rotina. Eu desconfiava de algo. Dr. Mendes respirou fundo. Helena, Eduardo Almeida não é o pai biológico de Gabriela. O silêncio na sala foi absoluto. Mesmo Miguel, que estava brincando no chão, pareceu parar. Isso é impossível, Helena sussurrou.
Eduardo foi o único. Você se lembra do rapaz da sua idade que trabalhava no escritório de Eduardo, Júlio Santos? Helena empalideceu. Júlio, nós Foi apenas uma vez. Uma vez foi suficiente. Os exames de DNA que fiz na época confirmaram. Júlio era o pai. Cristiano se levantou abruptamente. Você está dizendo que Estou dizendo que Cristiano e Gabriela não são irmãos, nem meio irmãos.
Não tem nenhuma relação sanguínea. Gabriela cobriu a boca com as mãos lágrimas jorrando. Isso. Isso é verdade. Dr. Mendes tirou um envelope amarelado do bolso. Aqui estão os exames originais. Guardei por todos esses anos, esperando o momento certo para revelar. Helena pegou os papéis com mãos trêmulas.
Por que você nunca me contou? Porque você estava tão certa de que era Eduardo o pai? E quando ele te rejeitou, você construiu toda uma narrativa ao redor disso. Achei que seria menos doloroso deixar você acreditar em uma mentira que te permitia seguir em frente. E Júlio? Gabriela perguntou onde ele está. Morreu em um acidente de trabalho 5 anos depois. Nunca soube que tinha uma filha.
Cristiano se aproximou de Gabriela pegando suas mãos. Você sabe o que isso significa? Significa que não somos parentes, que nosso amor, nosso casamento, é real e legítimo em todos os sentidos. Significa que Miguel pode crescer com orgulho de seus pais. Helena se aproximou da filha, lágrimas nos olhos.
Gabriela, você pode me perdoar por ter escondido a verdade, por ter deixado você acreditar que seus pais não te amavam? Gabriela olhou para a mulher que a havia criado como irmã, mas que sempre havia sido sua mãe. “Mãe”, ela disse pela primeira vez, “vo fez o que achou melhor para me proteger.” “Eu entendo. O abraço entre mãe e filha foi carregado de 23 anos de amor reprimido. “Edu?” Cristiano perguntou.
Eduardo pode viver com sua culpa. Helena disse firmemente. Ele teve sua chance de fazer o que era certo e escolheu o egoísmo. Dr. Mendes sorriu. Há mais uma coisa. Com esses documentos, vocês podem processar todos os veículos de comunicação por difamação.
Provam categoricamente que não há nenhuma irregularidade moral ou legal no casamento de vocês. Na semana seguinte, a verdade completa foi revelada à imprensa. A reação do público foi imediata e dramática. de vilões, Cristiano e Gabriela se tornaram heróis de uma história de amor que havia sobrevivido a mentiras, manipulações e até mesmo a aparente impossibilidade biológica. Amor verdadeiro.
Casal prova que nem DNA pode destruir sentimento genuíno. A verdade liberta como uma família enfrentou mentiras e encontrou a felicidade. Final feliz, os almeida e a prova de que o amor conquista tudo. Seis meses depois, eles renovaram os votos em uma cerimônia íntima na capela da mansão.
Desta vez, não havia pressão externa, não havia acordos comerciais, apenas amor puro e verdadeiro. Miguel agora com um ano foi o porta alianças balbuciando alegremente enquanto caminhava entre os pais. Helena estava na primeira fileira, finalmente podendo ser avó publicamente. Dona Rosa chorava de alegria. Lucas serviu como padrinho e até mesmo alguns dos funcionários da empresa estavam presentes. Eduardo não foi convidado.
Havia se mudado para São Paulo, vivendo na solidão que suas escolhas egoístas haviam criado. Gabriela Costa Almeida, o padre falou, aceita renovar seus votos com Cristiano, prometendo amá-lo na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença? Aceito, ela respondeu. Sua voz firme e cheia de certeza para sempre.
Cristiano Almeida aceita renovar seus votos com Gabriela, prometendo protegê-la, respeitá-la e amá-la incondicionalmente. Aceito hoje, amanhã e por toda a eternidade. Quando se beijaram, Miguel bateu palminhas como se aprovasse a decisão dos pais. Naquela noite, na festa que se seguiu, Cristiano fez um brindê.
Há quase dois anos, eu me casei com uma desconhecida por obrigação comercial. Hoje renovo meus votos com minha melhor amiga, a mãe do meu filho e o amor da minha vida. Ele ergueu a taça. Aprendi que o amor verdadeiro não é a ausência de problemas, mas a presença de alguém que quer enfrentá-los ao seu lado. E eu aprendi, Gabriela acrescentou, que às vezes o destino nos dá exatamente o que precisamos, disfarçado como o que não queremos.
Enquanto a festa continuava, eles se retiraram para o terraço onde haviam se beijado pela primeira vez, como um casal apaixonado. “Tem algum arrependimento?”, Cristiano perguntou, abraçando-a por trás, enquanto observavam Miguel brincar no jardim com Helena. “Nenhum! E você? Apenas um.
Qual? Que demorei tanto para perceber que estava apaixonado por você?” Gabriela se virou em seus braços. Cristiano Almeida, você me fez a mulher mais feliz do mundo e você me ensinou que algumas histórias de amor são fortes o suficiente para superar qualquer obstáculo.
Miguel correu até eles, os bracinhos estendidos e Cristiano o pegou no colo. Os três ficaram ali, uma família perfeita contra o pô do sol carioca. Papai e mamãe. Miguel balbuciou suas primeiras palavras. Isso mesmo, meu amor. Gabriela beijou a bochecha do filho. Somos uma família para sempre. Cristiano olhou para sua esposa e filho e finalmente entendeu o que sua mãe havia tentado lhe ensinar tantos anos atrás.
O amor é a única força no universo capaz de transformar qualquer tragédia em triunfo, qualquer fim em um novo começo. E enquanto as estrelas apareciam no céu do Rio de Janeiro, a família Almeida sabia que, independentemente dos desafios que o futuro trouxesse, eles os enfrentariam juntos, porque haviam descoberto que quando o amor é verdadeiro, realmente não há nada no mundo que possa destruí-lo. Oh.