Você já imaginou acordar ao lado de um estranho e descobrir que ele será seu marido para sempre? E se todos dissessem que esse homem é incapaz de te amar, mas seus olhos contassem uma história completamente diferente? Esta é a história de Evangeline, uma jovem que aceitou um casamento arranjado por um motivo que você não vai acreditar.
Ela buscava segurança, mas encontrou algo que jamais esperava. Antes de começarmos, me conta de onde você está assistindo. Comenta aí embaixo. E se você ama histórias de amor intensas e cheias de reviravoltas, se inscreve no canal e deixa aquele like para não perder nenhum capítulo dessa jornada emocionante.
Agora, prepare-se para mergulhar numa história que vai mexer com seu coração. Manhã de sábado, em São Paulo, amanhecia com um céu cinzento que espelhava perfeitamente o turbilhão de emoções no peito de Evangeline Santos. Aos 25 anos, ela nunca imaginou que estaria ali sentada diante do espelho de um quarto de hotel cinco estrelas vestindo um elaborado vestido de noiva, enquanto maquiadores transformavam seu rosto pálido em algo que se assemelhava a uma noiva radiante, mas não havia radiância em seus olhos castanhos. Apenas resignação. Mais blush, por favor, murmurou a maquiadora,
aproximando o pincel de suas bochechas. A noiva precisa ter aquele brilho especial. Evangeline, Eva como preferia ser chamada, quase riu da ironia. Que brilho especial poderia existir em um casamento arranjado? Em um acordo comercial disfarçado de união sagrada, seus dedos tremeram ligeiramente sobre o colo, amassando o tecido delicado do vestido. A verdade era simples e brutal.
Sua família estava falindo. Três gerações construindo a Santos Incorporações e em apenas do anos de má gestão de seu pai, tudo desmoronava como castelo de cartas. As dívidas se acumulavam, os credores batiam a porta e a falência era questão de semanas. Até que Jeremias Mendes apareceu com sua proposta indecente.
Um casamento, ele havia dito, sentado na sala de estar da casa dos Santos, como se estivesse negociando a compra de um imóvel. Eu quito todas as dívidas, injeto capital na empresa e garanto a estabilidade financeira da família. Em troca, sua filha casa comigo. Eva se lembrava perfeitamente da expressão no rosto do pai, alívio mesclado com culpa, da mãe lágrimas silenciosas e dela mesma entorpecimento.
Mas havia um detalhe que tornava tudo tolerável. Os rumores sobre Jeremias Mendes eram consistentes e sussurrados em todos os círculos sociais de São Paulo. Ele era impotente. Um acidente anos atrás, diziam, uma condição médica irreversível, especulavam outros. Para Eva isso era perfeito.
Significava que poderia ter a segurança de um casamento, o status social, a estabilidade financeira, mas sem a intimidade física que a aterrorizava. Desde jovem, a ideia de se entregar a alguém dessa forma lhe causava um aperto no peito, uma sensação de vulnerabilidade que jamais conseguira superar. Um casamento sem consumação era exatamente o que ela precisava. Um acordo limpo, civilizado, seguro, pronta, anunciou a maquiadora com um sorriso satisfeito, afastando-se para revelar o resultado final.
Eva se olhou no espelho e mal reconheceu a mulher que a encarava de volta. O vestido era uma obra prima de renda francesa e pedraria Swarovski, abraçando suas curvas delicadas com elegância. O vé de 3 m de cauda era mantido por uma tiara discreta de diamantes. Ela parecia uma princesa de contos de fadas.
Mas contos de fadas não existiam. Existiam apenas acordos e sobrevivência. A porta se abriu e sua mãe, Helena, entrou com os olhos já úmidos. Minha filha, sua voz tremia. Você está linda. Eva se levantou, sentindo o peso do vestido. Mãe, não chore. Vai estragar a maquiagem. Eu só queria que as coisas fossem diferentes. Helena segurou suas mãos com força.
Você merecia se casar por amor, não por por necessidade. Eva completou sem amargor. Era a realidade. Está tudo bem, mãe. Eu escolhi isso. Mas será que realmente havia escolha quando a alternativa era ver toda a família na ruína? O carro que a levaria à igreja estava esperando. Uma Mercedes preta, imaculada com motorista de libré, tudo arranjado por Jeremias Mendes, o noivo que ela havia conhecido apenas três vezes antes daquele dia.
Três encontros formais em restaurantes caros, com conversas superficiais sobre expectativas e termos do acordo. Ele era educado, distante, profissional, tratava aquilo como uma transação comercial, porque era exatamente isso. Eva nunca o tinha visto sorrir de verdade.
A Igreja Nossa Senhora do Brasil, nos jardins, estava repleta quando ela chegou. Flores brancas em cada superfície, convidados em trajes impecáveis. Murmúrios curiosos sobre a união repentina entre as famílias Santos e Mendes. Seu pai a esperava no saguão, ajeitando nervosamente a gravata. “Eva”, ele disse, a voz rouca. “Ainda há tempo para o quê, pai?” Ela segurou seu braço.
“Para deixar tudo desmoronar?” “Não, estou pronta.” A marcha nupscial começou a tocar. As portas duplas se abriram. lentamente, revelando o interior magnífico da igreja e lá no altar a figura imponente de Jeremias Mendes. O coração de Eva deu um salto involuntário. Ele estava diferente. O terno azul marinho Armani moldava perfeitamente seu corpo.
E que corpo? Alto, ombros largos. Uma presença que dominava o espaço mesmo estando parado. O cabelo escuro estava impecavelmente penteado para trás, realçando os traços marcantes do rosto, mandíbula quadrada, nariz reto e aqueles olhos, olhos cinza azulados que a fixavam com uma intensidade que fizava tropeçar ligeiramente no primeiro passo.
Esse não era o homem distante dos jantares formais. Havia algo diferente na forma como ele a olhava agora. como se ela fosse a única pessoa na igreja lotada, como se o resto do mundo tivesse desaparecido. Cada passo pelo corredor central parecia uma eternidade.
Os olhares curiosos dos convidados, o perfume forte das flores, o órgão tocando, mas Eva só conseguia focar nele. Jeremias não desviava os olhos e, pela primeira vez, ela percebeu algo que a fez questionar tudo. Havia desejo naquele olhar. desejo real, intenso, innegável, impossível. Os rumores, a impotência, tudo que a havia feito aceitar esse acordo, tudo aquilo estava estampado na forma como ele a devorava com os olhos.
Quando finalmente chegou ao altar e seu pai colocou sua mão na de Jeremias, Eva sentiu um choque elétrico percorrer seu corpo. A mão dele era quente, firme e enorme em comparação à sua. Os dedos se fecharam ao redor dos seus, com uma posse que não tinha nada de fragilidade. “Você está linda”, ele murmurou tão baixo que apenas ela poôde ouvir. A voz era rouca, carregada de algo que a fez tremer.
O padre começou a cerimônia, mas Eva mal conseguia se concentrar nas palavras. Estava hipercente da presença de Jeremias ao seu lado, do calor que emanava dele, da forma como seu polegar traçava círculos inconscientes nas costas de sua mão. Isso não era comportamento de um homem incapaz, isso era Jeremias Mendes. Aceita Evangeline Santos como sua legítima esposa? Aceito.
A resposta foi firme, sem hesitação, e seus olhos não deixaram os dela, nem por um segundo. Evangeline Santos aceita Jeremias Mendes como seu legítimo esposo? Ela abriu a boca, a garganta subitamente seca. Era sua última chance de recuar, de fugir, de aceito sussurrou. E assim, com duas palavras, seu destino estava selado.
A festa de recepção aconteceu no Clube Ípico de Santo Amaro, um lugar deslumbrante, com jardins impecáveis e salões que exalavam luxo discreto. Mesas decoradas com arranjos florais extravagantes, champanhe francês fluindo livremente, uma orquestra tocando valsas suaves.
Eva circulava entre os convidados como um autômo, sorrindo e agradecendo felicitações que soavam vazias. Mas o tempo todo ela sentia a presença de Jeremias. Ele não a deixava sozinha. Sua mão estava constantemente nas costas dela, na curva inferior de sua coluna. Uma reivindicação silenciosa, mas clara. Quando alguém a cumprimentava, ele se aproximava, seu corpo criando uma barreira possessiva. “Você precisa comer algo.
” Ele disse em seu ouvido durante um momento raro de privacidade, guiando-a até uma mesa afastada. “Não estou com fome, Eva.” O modo como ele disse seu nome fez sua espinha formigar. “Vai ser uma noite longa. Você precisa de energia. Noite longa? O que exatamente ele queria dizer com isso?” Ele puxou uma cadeira para ela eva se sentou mais por reflexo do que por vontade. Jeremias ocupou a cadeira ao lado, virando-a para que seus joelhos quase tocassem os dela.
Próximo demais, íntimo demais. Sobre esta noite, ele começou e Eva sentiu o pânico subir por sua garganta. Eu Ela engoliu em seco. Eu pensei que nós que nós o quê? Ele inclinou a cabeça, aqueles olhos penetrantes estudando cada microexpressão em seu rosto. Eva não conseguia dizer em voz alta.
Pensei que você não poderia, que os rumores, como se lesse seus pensamentos. Um sorriso lento e perigoso curvou os lábios de Jeremias. Você acreditou nas fofocas, não foi? O sangue dela gelou. Antes que pudesse responder, a mãe dele apareceu, interrompendo o momento tenso.
Márcia Mendes era uma mulher elegante na casa dos 60 anos, toda adornada, com joias discretas, mas caríssimas. Jeremias, querido, a família quer uma foto com os noivos. Seus olhos avaliaram Eva rapidamente, um sorriso educado, mas frio no rosto. Venham. A sessão de fotos pareceu interminável. sorrir, pousar, fingir felicidade.
Mas o tempo todo, Eva sentia o peso da revelação não dita de Jeremias. Ele sabia, sabia que ela havia aceitado o casamento baseada em uma mentira. E pior, parecia divertido com isso. Quando finalmente a festa chegou ao fim e os convidados começaram a se despedir, Eva sentiu o pavor se instalar em seu estômago, o hotel, a suí nupcial, a noite que ela tanto temia, mas acreditava que nunca aconteceria.
Pronta, Jeremias apareceu ao seu lado, já tendo trocado o terno formal por algo mais casual, mas ainda elegante. Calça social e camisa branca com as mangas dobradas, revelando antebraços fortes. “Feu preciso trocar de roupa”, ela murmurou. “Já está tudo no hotel. Mandei sua mãe levar suas coisas mais cedo.
Claro, ele pensava em tudo, controlava tudo. O carro que os levou ao hotel era outro Mercedes, mas desta vez eles estavam sozinhos no banco de trás. A cidade passava pelas janelas em borrões de luz eva se mantinha o mais longe possível dele, colada à porta. Com medo? A voz de Jeremias cortou o silêncio. Não, ela mentiu. Mentirosa, mas não havia crueldade no tom, quase ternura.
Ele se inclinou para a frente e, antes que Eva pudesse reagir, pegou sua mão. Ela tentou puxar de volta, mas os dedos dele a mantinham firme, não com força, mas com determinação. “Eu não vou machucá-la, Eva.” Jeremias trouxe a mão dela aos lábios, depositando um beijo suave em seus nós dos dedos.
O gesto fez seu coração disparar. Nunca. Mas você, ela respirou fundo. Os rumores são apenas rumores. Seus olhos encontraram os dela na penumbra do carro. Mentiras convenientes que nunca me dei ao trabalho de desmentir. Mas você está prestes a descobrir a verdade. O hotel era o Fasano.
A suí presidencial ocupava todo o último andar com vista panorâmica para a Avenida Paulista Iluminada. Eva mal registrou a decoração luxuosa, a cama kings e coberta com pétalas de rosas, o champanhe resfriando em um balde de prata. Só conseguia pensar. Ele não é impotente. Ele quer, ele vai. Respire. Jeremias disse atrás dela. E Eva percebeu que estava hiperventilando. Ela se virou para encará-lo, vendo-o fechar a porta da suí e trancar.
O som da tranca se encaixando, ecoou como uma sentença final. Eu não posso ela sussurrou. Eu pensei que que não seria necessário. Algo passou pelo rosto de Jeremias. Compreensão mesclada com frustração. Ele caminhou até ela com passos medidos, como se estivesse se aproximando de um animal assustado. Me diga uma coisa, Eva.
Por que você aceitou se casar comigo? Você sabe por minha família? Não. Ele balançou a cabeça. A verdade? Por que especificamente comigo? Ela não respondeu, mas não precisou. Ele viu a resposta em seus olhos. Um riso baixo e sem humor escapou dele. Você pensou que estaria segura que poderia ter um casamento de conveniência sem as inconveniências de um casamento real? Sim, ela admitiu, a voz quebrando.
Jeremias ficou parado, estudando-a por um longo momento. Então, para sua surpresa, ele recuou um passo. Tudo bem. O quê? Eu não vou forçar você a nada. Ele afrouchou a gravata, tirando-a pelo pescoço. Mas preciso que você entenda algo, Evangeline. Eu a desejo muito. Desde o momento em que a vira vez naquele restaurante, com seu vestido azul e seus olhos desafiadores, tentando esconder o medo atrás de uma máscara de indiferença. Cada palavra era como um golpe físico.
Eva sentiu suas pernas fraquejarem, mas ele continuou começando a desabotoar a camisa. Eu posso esperar. Não para sempre, mas posso esperar até que você esteja pronta, até que me queira tanto quanto eu te quero. E se esse dia nunca chegar? Um sorriso perigoso curvou seus lábios. Ah, Eva, vai chegar. Eu vou garantir isso. Ele se afastou, então, caminhando até o banheiro.
Na porta, virou-se mais uma vez. Você é minha esposa agora, oficialmente, legalmente e em breve. Seus olhos percorreram seu corpo de forma tão tangível que ela se sentiu nua em todos os sentidos. Boa noite, minha querida. Durma bem. A porta do banheiro se fechou, deixando Eva sozinha com o tum tum acelerado de seu coração e uma pergunta terrível ecoando em sua mente.
O que ela havia feito? Eva ficou congelada no meio da suí por tempo indeterminado, ouvindo o som do chuveiro ligado no banheiro. Suas mãos tremiam enquanto tentava processar tudo que havia acontecido nos últimos minutos. Jeremias Mendes não era impotente, nunca foi, e mais do que isso, ele a desejava. Ela olhou ao redor da suí, seu cérebro finalmente registrando os detalhes.
As pétalas de rosas vermelhas espalhadas pela cama enorme, as velas aromáticas estrategicamente posicionadas, a langerry delicada dobrada sobre uma poltrona de veludo, um presente que ela definitivamente não havia empacotado, um conjunto de renda preta, quase transparente, com detalhes em cetim, o tipo de roupa que deixava muito pouco para a imaginação. O calor subiu por seu pescoço.
Ele havia planejado tudo aquilo. Tinha certeza de que esta noite seria Claro que tinha. Ele era Jeremias Mendes, homem acostumado a conseguir tudo que queria. Ela era apenas mais uma aquisição, mais um negócio fechado com sucesso, exceto que ele havia dito que esperaria. O som do chuveiro cessou e o pânico voltou.
Eva correu até sua mala que alguém já havia trazido e deixado aos pés da cama. Suas mãos procuraram freneticamente por algo, qualquer coisa que pudesse vestir para dormir. Encontrou um pijama de seda rosa claro, conservador em comparação com a langerry provocante na poltrona. correu para o closet anexo e trocou de roupa com dedos desajeitados, aliviada por ter alguma barreira, ainda que fina, entre sua pele e o mundo. Quando voltou, Jeremias já estava no quarto.
Eva soltou um pequeno suspiro. Ele usava apenas uma calça de pijama de linho cinza, o peito completamente nu. E que peito! músculos definidos, alguns pelos escuros no centro, uma trilha descendo até onde desaparecia na cintura da calça. Ela desviou os olhos rapidamente, mas não antes de notar o sorriso satisfeito no rosto dele. Gostou do que viu.
Não seja presunçoso. Ela passou por ele rapidamente, dirigindo-se para o lado esquerdo da cama. Qual lado você quer? Não me importo. Ele se aproximou do outro lado, puxando as cobertas. Mas bom saber que vamos compartilhar a cama. Você disse que esperaria”, ela replicou defensivamente. “Evou?” Jeremias deitou-se por cima das cobertas, as mãos atrás da cabeça numa posição relaxada que fez seus bíceps se destacarem, mas não disse nada sobre dormir em quartos separados.
“Somos casados, Eva! É natural que compartilhemos uma cama. Natural? Nada naquilo parecia natural para ela. Eva deitou-se o mais longe possível dele, voltando-se de costas e puxando o cobertor até o queixo. O silêncio se instalou na suí, quebrado apenas pelo som distante do trânsito paulistano lá embaixo e pela respiração pesada de ambos.
Ela não conseguiria dormir. Impossível. Não com ele tão perto, emanando o calor e essa presença esmagadora que parecia preencher cada centímetro do espaço. Eva! A voz dele rompeu o silêncio, grave e rouca na escuridão. O quê? Por que você tem tanto medo de intimidade? A pergunta a pegou desprevenida. Era tão direta, tão invasiva. Não é da sua conta. Você é minha esposa.
Tudo sobre você é da minha conta agora. Ela se virou apenas o suficiente para encará-lo. Mesmo no escuro, podia ver seus olhos brilhando, fixos nela. “Eu simplesmente não gosto”, ela sussurrou. “Nunca gostei da ideia. Nunca esteve com ninguém?” O rubor tomou conta de suas bochechas. “Não, nem sequer beijou.” Beijei. Ela admitiu relutantemente. Uma vez aos 16 anos. Foi horrível.
Para sua surpresa, Jeremias riu, um som baixo e genuinamente divertido. Querida, beijos aos 16 anos com garotos inexperientes não contam. Ele se moveu e Eva percebeu com alarme que ele estava se aproximando, deslizando pelo colchão, até que estava perigosamente perto. “Deixa eu te mostrar como é um beijo de verdade.
” “Não, mas a palavra morreu em seus lábios quando ele alcançou seu rosto, os dedos traçando sua mandíbula com uma delicadeza surpreendente. “Apenas um beijo”, ele murmurou, seu hálito quente contra sua pele. para selar nosso casamento adequadamente e então eu paro, prometo. Ela deveria recusar. Deveria empurrá-lo para longe.
Mas havia algo na voz dele, na forma como seus dedos acariciavam seu rosto, como se ela fosse algo precioso que a paralisou. Um beijo”, ela concordou, sua voz mal passando de um suspiro. Jeremias sorriu e então sua boca estava na dela. Eva esperava algo agressivo, invasivo, mas o beijo foi surpreendentemente suave, lábios quentes pressionando-os dela com firmeza, mas sem pressa, explorando, saboreando. Ela sentiu a língua dele traçar o contorno de sua boca, pedindo entrada, e, sem pensar, ela abriu.
Foi como uma explosão de sensações, a língua dele encontrando a sua, dançando, provocando o sabor levemente mentolado de sua pasta de dente, o som baixo de prazer que ele fez quando ela instintivamente correspondeu ao beijo. As mãos dele deslizaram para seus cabelos, segurando sua nuca, aprofundando o beijo.
O corpo dele se pressionou contra o seu e Eva podia sentir o calor através das finas camadas de roupa. Podia sentir cada músculo definido. Podia sentir. Ela se afastou bruscamente. Ofegante, os olhos arregalados. Jeremias estava igualmente ofegante, seus olhos escuros de desejo. Isso foi, ela não conseguiu terminar a frase. Incrível. Ele completou a voz rouca. E isso foi apenas um beijo, Eva.
Imagine o resto. Ela não queria imaginar, ou melhor, não deveria querer, mas seu corpo traiçoeiro já estava imaginando, reagindo de formas que a assustavam. Jeremias percebeu. Claro que percebeu. Um sorriso satisfeito curvou seus lábios antes dele se afastar, voltando para seu lado da cama. Boa noite, esposa. Mas Eva sabia que não seria uma boa noite.
Não quando seu corpo ainda zumbia com sensações desconhecidas. Não quando seus lábios ainda formigavam com a lembrança daquele beijo, não quando uma parte dela, pequena, mais presente, desejava que ele não tivesse parado. O que a assustava mais era a pergunta que não queria enfrentar. Será que ela realmente queria que ele esperasse? Amanhã seguinte chegou com luz dourada, invadindo a suí.
Eva despertou desorientada, levando alguns segundos para lembrar onde estava. O hotel, o casamento. Jeremias. Ela se virou e encontrou o lado dele da cama vazio, as cobertas jogadas de lado. Vozes vinham da sala eva reconheceu o tom autoritário de Jeremias ao telefone. Não me interessa o que o diretor falou, Marcelo. Eu disse que quero os contratos revisados até segunda-feira.
Resolva isso. Uma pausa. Não, não estarei disponível na próxima semana. Estarei em Lua de Mel. Sim, você ouviu direito. Lua de mel. e não quero ser perturbado a menos que o edifício esteja literalmente pegando fogo. Entendeu? Lua de mel. Eva tinha esquecido completamente dessa parte.
Jeremias havia mencionado brevemente durante um dos jantares pré-casamento que fariam uma viagem de uma semana, mas ela não havia prestado muita atenção. Ela se levantou, passando pelos dedos trêmulos pelos cabelos desalinhados e caminhou até a sala. Jeremias estava de costas para ela, olhando pela janela panorâmica, já vestido casualmente em jeans e uma camiseta branca que moldava perfeitamente seu tronco.
Ele percebeu sua presença e se virou, desligando o telefone imediatamente. Seus olhos percorreram o corpo dela ainda em seu pijama de seda com apreciação óbvia. “Bom dia”, ele disse. A voz mais suave do que quando falava ao telefone. “Café da manhã está a caminho. Para onde vamos? Ela perguntou, cruzando os braços sobre o peito, subitamente consciente de que não estava usando sutiã.
Um sorriso lento se formou no rosto dele. É surpresa. Eu não gosto de surpresas. Vai gostar desta. Ele se aproximou e Eva resistiu ao impulso de recuar. Trancoso, Bahia. Uma semana em um resorte privado na praia. Trancoso. Eva havia visto fotos. Praas de areia branca, águas azul turquesa, coqueiros e falésias coloridas. Um paraíso tropical. Um paraíso tropical onde estariam completamente sozinhos.
Não é necessário. Ela começou. Podemos apenas Eva. Jeremias alcançou uma mecha de seu cabelo, enrolando-a entre os dedos. O gesto era íntimo, familiar, possessivo. Acabamos de nos casar. As pessoas esperam uma lua de mel. Além disso, seus olhos encontraram os dela. Quero tempo com você.
Longe de São Paulo, longe das expectativas, longe de tudo, apenas nós dois. Esse é justamente o problema ela murmurou. Ele riu uma risada genuína que iluminou seu rosto inteiro. Ah, querida, eu prometo me comportar principalmente. A palavra principalmente fez um arrepio percorrer sua espinha. O voo para o aeroporto de Porto Seguro foi em um jato particular.
Eva nunca havia voado em um e ficou impressionada com o luxo. Assentos de couro creme, comissários atentos, champanhe servido em taças de cristal. Jeremias trabalhou parte do voo em seu laptop, mas constantemente olhava para ela, certificando-se de que estava confortável. Era atencioso, uma faceta dele que ela não esperava.
“Você vai trabalhar a semana toda?”, ela perguntou. observando-o digitar furiosamente um e-mail, apenas resolvendo algumas coisas pendentes. Ele respondeu sem tirar os olhos da tela. Depois disso, eu sou todo seu. A frase fez seu estômago dar um nó. Trancoso. Era ainda mais lindo do que as fotos. O resorte que Jeremias havia reservado era exclusivo, com apenas cinco bangaloses passados ao longo da praia privativa.
O deles era o maior, praticamente uma casa completa com sala, cozinha, dois quartos e um deck de madeira que levava direto à areia. Dois quartos? Eva notou com alívio visível. Jeremias deu aquele sorriso torto. Sim, dois quartos. Por enquanto eles se instalaram e Eva teve que admitir que o lugar era perfeito.
Decoração rústica chique, cores claras, ventiladores de teto e aquela brisa marinha constante carregando o cheiro de sal e coqueiro. “Vou dar um mergulho”, Jeremias anunciou, já tirando a camiseta. “Agora, acabamos de chegar. Exatamente. 3 horas de voo. Preciso me movimentar. Ele se virou já sem camisa. Vem comigo. Não trouxe biquíni. Os olhos dele brilharam mesmo. Que pena.
Antes que ela pudesse responder, ele estava saindo, deixando uma trilha de roupa pelo caminho. Eva correu até a varanda a tempo de vê-lo correndo para o mar, apenas de bermuda. Observou mesmerizada enquanto ele mergulhava nas ondas. Seu corpo se movia pela água com força e graça, músculos trabalhando sob a pele bronzeada.
Ele emergiu passando as mãos pelos cabelos molhados e, por um momento, pareceu uma figura saída de um comercial. Ela não deveria estar olhando, não deveria achar atraente, mas era impossível negar a verdade. Jeremias Mendes era lindo de tirar o fôlego. Ele acenou para ela, gritando algo que o vento levou. Eva fingiu não ver e voltou para dentro, seu coração batendo mais rápido do que deveria.
Naquela noite jantaram no próprio Bangalô frutos do mar frescos preparados pelo chefe particular do resort. Jeremias tinha trocado a roupa por algo confortável, mas ainda elegante, e acendeu velas na varanda, criando uma atmosfera perigosamente romântica. “Você não precisa fazer isso”, Eva disse enquanto ele servia vinho em sua taça.
“Fazer o quê? Fingir que isto é?” Ela gesticulou vagamente, “Real. Jeremias colocou a garrafa de lado e se inclinou para a frente, seus olhos penetrantes fixos nela. Quem disse que estou fingindo? Nós mal nos conhecemos. Este casamento foi um acordo comercial. Você não precisa fazer todo esse teatro romântico. Teatro? Ele riu, mas havia uma ponta de irritação na voz.
Eva, eu posso ter concordado com este casamento por razões práticas, mas nunca fingi nada. E se você prestar atenção, vai perceber que eu não fingjo. Quando eu a beijo, é porque quero. Quando eu a toco, é porque preciso. Quando olho para você desta forma, ele fez uma pausa, seu olhar se tornando ainda mais intenso. É porque não consigo me conter. O ar entre eles parecia eletricamente carregado.
Eva sentiu sua boca secar. Eu não sei como responder a isso ela admitiu em voz baixa. Não precisa responder ainda não. Ele se recostou. O momento tenso se dissolvendo. Apenas me me dê uma chance, Eva, uma semana para me conhecer de verdade e então você decide se isto, ele gesticulou entre eles, pode ser real ou não. Era um pedido justo, assustador, mas justo. Tudo bem. Ela concordou.
Uma semana, o sorriso que ele lhe deu foi devastador. Os dias seguintes seguiram um padrão inesperadamente agradável. Jeremias manteve sua palavra sobre trabalhar. Ele não tocou no laptop depois do primeiro dia. Em vez disso, focava toda a sua atenção nela. Eles caminhavam pela praia ao amanhecer, os pés descalços na areia ainda fria.
Jeremias contava histórias de sua infância, de como construiu seu império do zero, depois que o pai perdeu tudo em investimentos ruins. “Eu tinha 18 anos”, ele disse enquanto recolhia uma concha perfeita e a entregava a ela quando decidi que nunca seria pobre. Novamente trabalhei em três empregos simultaneamente economizei cada centavo e investi em meu primeiro terreno aos 23. Sozinho? Eva perguntou impressionada. Completamente sozinho.
Minha família achou que eu era louco, mas 5 anos depois eu já tinha construído meu primeiro edifício residencial e não parei mais. Havia orgulho em sua voz, mas também algo mais. Solidão. Você nunca teve ninguém. Ela arriscou. Quero dizer, romanticamente. Jeremias hesitou, olhando para o horizonte onde o sol começava a nascer. Tive uma namorada séria há alguns anos, Vanessa.
O nome saiu com peso. Moramos juntos por dois anos. Eu pensei Pensei que talvez ela fosse a pessoa certa, mas eu estava errado. O que aconteceu? Ela queria o empresário rico, não o homem. Quando percebi isso, terminei e desde então foquei apenas nos negócios. Ele se virou para ela até que seu pai me procurou com uma proposta.
E você aceitou porquê? Certamente não precisava de um casamento arranjado para conseguir uma esposa. Um sorriso melancólico tocou seus lábios. Você tem razão, mas talvez eu estivesse cansado de procurar, cansado de relacionamentos baseados em interesses.
E então te conheci com seus olhos desafiadores e sua honestidade brutal sobre não me querer. E pensei, pelo menos com ela, eu sei onde estou pisando. Era a confissão mais honesta que ele havia feito. E Eva sentiu algo em seu peito se apertar. Eu não disse que não te queria, ela corrigiu baixinho. Não. Seus olhos brilharam. E o que você disse? Eu disse que tinha medo. Jeremias parou de caminhar, virando-se completamente para ela.
Alcançou seu rosto com ambas as mãos, obrigando-a a olhar nos olhos. Não tenha medo de mim, Eva, nunca. Eu posso ser muitas coisas, controlador, possessivo, intenso, mas eu jamais machucaria você, nem física, nem emocionalmente. E então ele a beijou ali na praia vazia ao amanhecer, com o som das ondas ao fundo e a brisa marinha envolvendo-os.
O beijo foi diferente do primeiro, mais profundo, mais necessário, carregado de todas as emoções não ditas entre eles. Quando se separaram, ambos estavam sem ar. Precisamos voltar”, Eva sussurrou, embora não quisesse se mover. “Por quê? Porque se ficarmos aqui mais um minuto, eu posso fazer algo que não estou pronta para fazer.
” O sorriso que Jeremias lhe deu foi triunfante e terno ao mesmo tempo. “Então vamos voltar?” “Mas lembre-se dessa sensação, Eva, porque ela não vai desaparecer”. Ele estava certo. A sensação não desapareceu, apenas cresceu. Naquela tarde, Jeremias sugeriu um passeio de lancha. O capitão os levou por águas calmas, mostrando piscinas naturais e recifes de corais. Mas o momento mais marcante foi quando Jeremias ofereceu ensinar Eva a pilotar.
Eu não sei nada sobre barcos”, ela protestou enquanto ele a guiava até o comando. “Eu ensino.” Ele se posicionou atrás dela, seus braços envolvendo-a para alcançar os controles. Seu peito estava pressionado contra as costas dela e Eva podia sentir cada respiração, cada movimento. “Segure aqui”, ele instruiu, colocando as mãos dela no volante.
As mãos dele cobriram as suas, quentes e firmes. Agora acelere suavemente. A lancha ganhou velocidade cortando a água. Eva sentiu uma onda de adrenalina e liberdade, mas maior do que isso era a consciência do corpo de Jeremias ao seu redor, protegendo-a, guiando-a. “Está vendo?”, ele murmurou em seu ouvido à voz rouca. “Você pode fazer qualquer coisa quando eu estou aqui para te segurar”.
Era uma metáfora óbvia, mas eficaz. Eva se permitiu relaxar contra ele, confiando em sua força. Quando voltaram ao bangalô, o sol já se punha, pintando o céu de laranjas e rosas. Jeremias preparou drinks, caipirinhas com frutas frescas e eles se sentaram no deck, observando as estrelas começarem a aparecer.
“Obrigada”, Eva disse de repente. “Por quê? Por esta semana, por ter paciência, por não forçar nada. Jeremias se virou para encará-la, algo intenso brilhando em seus olhos. Eva, eu preciso que você entenda algo. Sim, estou sendo paciente, mas isso não significa que não estou sofrendo. Cada vez que você sorri, cada vez que ri, cada vez que morde o lábio inferior quando está pensativa, ele fez uma pausa passando a mão pelos cabelos. É uma tortura.
Porque tudo que eu quero é te pegar nos braços e te provar que não há nada a temer, que o prazer pode ser avaçalador. O coração de Eva disparou. Jeremias, mas vou esperar. Ele continuou, levantando-se e indo até ela, estendendo a mão até que você venha até mim. E aí, Eva? Um sorriso perigoso. Você vai descobrir que a espera valeu a pena. Ela colocou a mão na dele, deixando-o puxá-la para ficar de pé.
Estavam tão perto agora que ela precisava inclinar a cabeça para trás para encará-lo. “E se eu nunca estiver pronta?”, ela sussurrou. “Vai estar.” Ele escovou os lábios contra a testa dela. “Um beijo suave e protetor. Porque você já está, Eva? Você só ainda não percebeu.
Naquela noite, deitada sozinha no quarto que escolhera, Eva percebeu com crescente alarme que ele tinha razão. Ela queria. Queria suas mãos, sua boca, seu corpo. Queria descobrir o que estava além dos beijos que a deixavam sem fôlego. Queria se entregar à intensidade que via em seus olhos toda vez que ele a olhava. Mas admitir isso significaria deixar suas defesas caírem.
significaria se tornar vulnerável de uma forma que nunca havia sido. Será que estava pronta para isso? O quinto dia em trancoso amanheceu diferente. Eva percebeu a mudança no momento em que acordou, uma inquietação no peito, uma antecipação nervosa que a fez levantar mais cedo do que o normal.
Jeremias já estava acordado fazendo café na pequena cozinha. Ele usava apenas bermuda e Eva não pôde evitar observar como os músculos de suas costas se moviam enquanto ele trabalhava. “Bom dia”, ele disse sem se virar, como se soubesse que ela estava ali. “Café, por favor.” Ele preparou exatamente como ela gostava, pouco açúcar, muito leite.
Nos últimos dias, ele havia memorizado todas as suas preferências: café da manhã, tapioca com queijo coalho, música, bossa nova, atividade favorita: caminhar na praia ao entardecer. Era perturbador, como se ele a estudasse constantemente, absorvendo cada detalhe. Hoje é nosso penúltimo dia”, Jeremias disse, entregando-lhe a xícara e se apoiando no balcão.
Seus olhos a estudavam com aquela intensidade familiar. “Amanhã voltamos para São Paulo. A ideia de voltar para a realidade, os negócios, as famílias, as expectativas sociais, fez o estômago de Eva revirar. “Não quero voltar”, ela admitiu antes de pensar. Um sorriso lento se formou no rosto dele. Não, aqui é mais fácil, menos complicado. Ou talvez ele se aproximou.
Você tenha finalmente baixado a guarda. Tinha. Eva sabia que tinha. Durante os últimos dias, observando Jeremias, sua risada genuína quando ela contava histórias embaraçosas, sua proteção silenciosa quando outros turistas a olhavam, sua paciência infinita, ela havia começado a vê-lo não como o empresário frio do acordo, mas como um homem, um homem fascinante, intenso e surpreendentemente vulnerável quando pensava que ela não estava olhando.
“Talvez, ela admitiu, os olhos dele escureceram. Eva, eu preciso perguntar algo e preciso que seja honesta. O quê? Você ainda me tem medo? Ela pensou cuidadosamente antes de responder: “Não de você, do que você me faz sentir e o que eu faço você sentir.” O coração dela martelava contra o peito. Coisas que não deveria.
Coisas como ele estava mais perto agora, invadindo seu espaço pessoal de uma forma que deveria incomodá-la, mas não incomodava. “Desejo?”, Ela sussurrou, finalmente, admitindo em voz alta: “Vontade de de me entregar”. O efeito de suas palavras foi imediato. Os olhos de Jeremias ficaram tão escuros que pareciam pretos, as pupilas dilatadas.
Sua respiração acelerou visivelmente. “Diga de novo”, ele ordenou a voz rouca. Eu te desejo, Eva repetiu mais firme desta vez. Não sei quando aconteceu, não sei como, mas eu te desejo. Jeremias ficou imóvel por um longo momento, como se estivesse travando uma batalha interna. Então, com um movimento rápido, ele puxou a xícara de suas mãos e a colocou na bancada.
Se você me disser sim agora ele disse, cada palavra carregada de promessa e aviso. Não vou parar. Não vou ser gentil. Vou te mostrar exatamente o que significa ser minha em todos os sentidos. Ainda é um sim. Eva deveria estar assustada. Deveria recuar. Mas em vez disso, sentiu uma onda de coragem e desejo varrer qualquer hesitação. Sim. Ela respirou. E então o mundo explodiu.
Jeremias a pegou nos braços com uma força que a surpreendeu, pressionando-a contra a parede da cozinha. Sua boca encontrou a dela em um beijo faminto, desesperado, nada parecido com os beijos suaves que haviam compartilhado antes. Este era pura necessidade, anos de controle desmoronando em segundos.
As mãos dele estavam em todos os lugares, em seus cabelos, no pescoço, percorrendo suas curvas. Eva sentiu suas pernas fraquejarem e ele assegurou, pressionando seu corpo contra o dela, até que ela podia sentir cada centímetro dele, especialmente a evidência de seu desejo. “Quarto”, ele murmurou contra seus lábios. “Agora ele a carregou, literalmente carregou até o quarto dele, chutando a porta para fechá-la.
A cama era enorme, coberta por lençóis brancos e leves, e quando ele a deitou nela, Eva sentiu um momento de pânico retornar. Jeremias percebeu imediatamente, parou suas mãos enquadrando o rosto dela. “Olhe para mim”, ele ordenou suavemente. Quando ela obedeceu, ele continuou. “Eu disse que não seria gentil, mas nunca vou machucá-la.
Se em algum momento você quiser parar”, me diz. Entendido? Ela assentiu, a tensão diminuindo um pouco. Quero ouvir você dizer, se eu quiser parar, eu te aviso. Ela repetiu: “Boa garota”. O elogio dito daquela forma rouca fez algo esquentar baixo em seu ventre e então não houve mais palavras. Jeremias se moveu sobre ela.
Seu peso uma presença esmagadora, mas de alguma forma reconfortante. Suas mãos começaram a explorar, descobrindo cada reação, cada ponto sensível. Quando ele deslizou as mãos sob sua camisola e encontrou pele nua, Eva gemeu baixinho. Isso ele encorajou sua voz como veludo escuro. Não segure nada. Eu quero ouvir cada som.
Roupas desapareceram, a camisola dela jogada de lado, a bermuda dele caindo no chão. Eva sentiu uma onda de timidez ao estar completamente nua diante dele, mas a forma como Jeremias a olhava, como se ela fosse a coisa mais bela que já havia visto, fez a insegurança desaparecer. Perfeita, ele murmurou, suas mãos traçando o contorno de seu corpo. Você é absolutamente perfeita.
Quando ele finalmente se uniu a ela, Eva entendeu duas coisas com clareza cristalina. Primeira, todos os rumores eram mentiras absolutas. Jeremias era mais do que capaz, era devastadoramente, esmagadoramente capaz. Segunda, ela estava irremediavelmente perdida, porque o que estava acontecendo entre eles não era apenas físico, era conexão em seu nível mais puro, vulnerabilidade absoluta, entrega completa.
E quando ele a levou ao ápice pela primeira vez, sussurrando seu nome como uma prece, Eva percebeu a verdade mais assustadora de todas. Ela estava se apaixonando por ele. Horas depois, eles estavam entrelaçados na cama, cobertos apenas por um lençol fino. A brisa marinha entrava pela janela aberta, refrescando seus corpos ainda aquecidos. Jeremias traçava padrões preguiçosos em suas costas e nunca se sentira tão saciada, tão completa.
“Você está bem?”, ele perguntou, seu tom surpreendentemente suave. “Melhor que bem.” Ela inclinou a cabeça para olhá-lo. Você estava certo. Sobre a espera valeu a pena. O sorriso que ele lhe deu era diferente de qualquer outro que ela já havia visto. Genuíno, vulnerável, quase tímido. Para mim também. Ele a puxou mais perto, beijando o seu topo da cabeça. Eva, eu preciso que você saiba.
Isso não foi apenas sexo para mim. O coração dela pulou. Não, não. Foi mais, muito mais. Ele hesitou como se lutasse com as palavras. Eu não planejei sentir isso. Não planejei me importar tanto, mas aqui estamos. Era a confissão mais próxima de eu te amo que ela já havia recebido e significava tudo. Eu também, ela admitiu, me importo muito.
Eles passaram o resto do dia na cama explorando, conversando, rindo. Era como se uma barreira tivesse finalmente caído, permitindo-o serem completamente eles mesmos, um com o outro. Mas no fundo da mente de Eva, uma pequena voz sussurrava: “O que aconteceria quando voltassem para São Paulo? Quando a bolha de Trancoso estourasse e eles precisassem enfrentar a realidade, ela afastou o pensamento, focando no momento presente, no homem que assegurava como se ela fosse algo precioso no futuro, que pela primeira vez não parecia tão assustador, mas ela não tinha ideia de que a tempestade estava apenas
começando. O voo de volta para São Paulo foi marcado por um silêncio confortável. Jeremias mantinha os dedos entrelaçados aos dela, o polegar traçando círculos preguiçosos em sua palma, um gesto que se tornara familiar nos últimos dias.
Eva olhava pela janela do jato, observando as nuvens lá embaixo, e tentava ignorar a ansiedade que crescia em seu peito. Trancoso havia sido perfeito, uma bolha onde só eles dois existiam. Mas agora, voltando para a cidade, para as famílias, para a realidade do que seu casamento representava, ela não podia evitar se preocupar. “No que está pensando?” Jeremias perguntou, apertando suavemente sua mão.
“Em como tudo vai mudar agora?”, ela admitiu. Ele franziu o senho. “Por que mudaria?” “Porque lá era diferente. Era só nós. Aqui tem seus negócios, minha família, as expectativas sociais.” Ela gesticulou vagamente tudo. Jeremias soltou sua mão apenas para enquadrar seu rosto, obrigando-a a encará-lo. Eva, me escute bem. Nada mudou além de como eu já me sentia. Você é minha esposa, minha prioridade.
Não importa quantas reuniões eu tenha, quantos contratos precisem ser assinados, você vem primeiro. Sempre. Você diz isso agora. E vou continuar dizendo amanhã, semana que vem, mês que vem. Seus olhos cinza azulados eram sérios, intensos. Acredite em mim. Ela queria acreditar desesperadamente. O apartamento que Jeremias possuía na Avenida Paulista era um triplex que ocupava os três últimos andares de um edifício de luxo. Eva já havia estado lá uma vez antes, rapidamente, para deixar algumas roupas, mas agora, entrando com
suas malas da lua de mel, sentiu o peso da realidade. Aquele era seu lar. Agora deixa eu te mostrar tudo direito. Jeremias disse, guiando-a pela entrada de mármore. Primeiro andar, salas de estar, jantar, cozinha gourmet, lavabo. Segundo andar, escritório, biblioteca, mais um banheiro. Terceiro andar, suítes. Tudo era decorado com bom gosto.
Móveis modernos mais confortáveis, obras de arte contemporânea nas paredes, janelas enormes oferecendo vistas deslumbrantes da cidade. Era um espaço masculino, mas acolhedor. “Você pode mudar o que quiser”, ele disse. “É sua casa também, decore como preferir.” Eva caminhou até a janela do andar principal, observando o movimento da Avenida Paulista lá embaixo.
Era tão diferente da tranquilidade de Trancoso. Sentiu os braços de Jeremias a envolvendo por trás, seu queixo apoiando no topo de sua cabeça. “Vai ficar tudo bem”, ele murmurou. Eu prometo. E naquele momento, envolto por seu calor e força, Eva acreditou nele. Os primeiros dias foram uma mistura de ajustes e descobertas. Eva aprendeu os ritmos de Jeremias.
Acordava às 6, ia para a academia no prédio, voltava para um café da manhã que sempre incluía frutas frescas que ele cortava meticulosamente para ela. Depois partia para o escritório, mas não sem antes beijá-la demoradamente. As noites eram deles, não importava quão tarde ele chegasse, sempre a procurava.
Primeiro jantavam juntos, conversavam sobre seus dias e, inevitavelmente terminavam na cama, explorando a conexão que parecia crescer mais forte a cada dia. Três semanas após voltarem, durante um jantar tranquilo no apartamento, Eva percebeu que havia chegado a um ponto sem retorno. “Jeremias”, ela disse, colocando o garfo de lado.
Ele olhou para ela, sempre atento. “Eu preciso te dizer uma coisa.” O rosto dele se tornou cauteloso. O quê? Eu respirou fundo, reunindo coragem. Eu acho que estou me apaixonando por você. O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Jeremias ficou completamente imóvel, seus olhos fixos nela com uma intensidade que a fez questionar se havia cometido um erro terrível.
Então, lentamente, um sorriso se formou em seu rosto. Não o sorriso confiante usual, mas algo mais vulnerável, mais real. “Você acha?”, ele perguntou a voz rouca. “Não, eu tenho certeza. Eva estava comprometida agora. Eu te amo, Jeremias. Não sei exatamente quando aconteceu, se foi em trancoso ou se estava crescendo desde o início, mas eu te amo. Ele estava de pé em um segundo, contornando a mesa.
Pegou-a nos braços e a girou, rindo, uma risada genuína e alegre que ela raramente ouvia. “Graças a Deus”, ele disse, baixando-a, mas mantendo-a presa contra seu peito. “Porque eu te amo há semanas.” e estava morrendo por dentro, esperando você dizer primeiro: “Você me ama?” Eva precisava ouvir de novo, confirmar que não estava sonhando.
“Eu te amo”, ele repetiu cada palavra clara e definitiva. “Te amo tanto que dói. Te amo tanto que não consigo imaginar um dia sem você. Te amo tanto que” Ela o silenciou com um beijo. Não havia necessidade de mais palavras. Tudo que precisava ser dito estava na forma como se agarraram um ao outro. na urgência de suas mãos, na promessa de seus lábios.
Naquela noite, quando fizeram amor, foi diferente de todas as outras vezes, porque agora não havia segredos, não havia barreiras, apenas amor puro, avaçalador e negável. Deitados, entrelaçados depois, Eva traçava padrões preguiçosos no peito dele. “Eu nunca pensei que diria isso”, ela murmurou. Mas estou feliz que meu pai fez aquele acordo.
Jeremias riu baixinho, beijando seu topo da cabeça. Eu também. Melhor decisão de negócios que já fiz. Romântico. Ela revirou os olhos, mas estava sorrindo. Espere. Ele se moveu, alcançando a gaveta da mesinha de cabeceira. Quando voltou, tinha uma pequena caixa de veludo nas mãos. Eva se sentou, o coração acelerando. O que é isso? Quando nos casamos, eu não te dei um anel de noivado de verdade.
Foi tudo tão transacional. Mas agora ele abriu a caixa, revelando o anel mais lindo que Eva já havia visto. Um diamante solitário, enorme, rodeado por pedras menores em um aro de platina delicado. Agora eu quero fazer direito, Eva. Você já é minha esposa, mas você aceita este anel como símbolo do meu amor, como promessa de que vou te amar para sempre. Lágrimas embaçaram sua visão.
Sim, sim, aceito. Ele deslizou o anel em seu dedo, se encaixava perfeitamente claro, e então a puxou para outro beijo. “Minha esposa”, ele murmurou contra seus lábios. “Meu amor, minha vida! Eva nunca havia sido tão feliz e naquele momento acreditou que nada poderia arruinar aquilo, mas ela estava errada, porque no dia seguinte Vanessa Carvalho reapareceria em suas vidas.
trazendo com ela segredos, mentiras e a ameaça de destruir tudo que eles haviam construído. O jantar de negócios no Fazano era um evento que Jeremias não podia recusar. Tratava-se de fechar um contrato milionário com investidores internacionais. E como esposa, Eva era esperada ao seu lado.
Ela se arrumou cuidadosamente, escolhendo um vestido de cóquil azul marinho que Jeremias havia comprado para ela na semana anterior. Ele praticamente babeou quando a viu e precisaram de 15 minutos extras para chegar ao restaurante porque ele não conseguia parar de beijá-la no elevador. “Você está tentando me matar”, ele murmurou contra seu pescoço enquanto o elevador subia.
Como vou me concentrar em negócios quando tudo o que quero é arrancar esse vestido?” Eva riu, empurrando-o gentilmente. “Comporte-se? Risso é importante. Você é mais importante. O fazano estava impecável como sempre, cheio de São Paulos elite. Jeremias aguiou até uma mesa onde dois homens de meia idade já esperavam, os investidores. A conversa fluiu facilmente. Discussões sobre mercado imobiliário, projeções financeiras, oportunidades em bairros emergentes.
Eva participava quando necessário, mas principalmente observava. Estava impressionada com Jeremias operava. Comandava a conversa sem ser arrogante. Era firme, mas justo. Inspirava confiança. Estava tão focada nele que quase não notou quando uma mulher se aproximou da mesa. Jeremias, uma voz feminina e melodiosa, chamou. Que surpresa encontrá-lo aqui. Eva olhou para cima e sentiu seu estômago revirar.
A mulher era linda, absurdamente linda, cabelos loiros perfeitamente escovados. Corpo esculpido em um vestido vermelho que deixava pouco para a imaginação. Maquiagem impecável realçando olhos verdes felinos. E a forma como ela olhava para Jeremias, possessiva, íntima, como se tivessem um segredo compartilhado.
O rosto de Jeremias se fechou completamente. Vanessa. Vanessa. O nome que ele havia mencionado apenas uma vez em Trancoso, a ex-namorada. Não vai me apresentar? Vanessa perguntou seus olhos finalmente pousando em Eva. O sorriso era doce, mas os olhos eram frios como gelo. Vanessa Carvalho, esta é minha esposa. Evangeline Mendes.
Jeremias enfatizou deliberadamente a palavra esposa e seu sobrenome. Sua mão encontrou de Eva sob a mesa, apertando com força: “Esposa!” Vanessa repetiu como se a palavra fosse estranha em sua língua. Que rápido! Não faz nem dois meses que você me dizia que casamento não era para você, Jeremias. Eva sentiu algo gelado descer por sua espinha.
Dois meses. Mas eles se casaram há quase dois meses. Vanessa? A voz de Jeremias era fria. Um aviso claro. Não faça isso. Fazer o quê? Cumprimentar velhos amigos. Ela riu. O som alto e falso. Enfim, não quero interromper. Apenas queria dar meus parabéns. Vocês fazem um casal interessante.
Ela se afastou então, juntando-se a um grupo em uma mesa próxima, mas o dano estava feito. Eva sentiu atenção percorrer seu corpo, perguntas explodindo em sua mente. Jeremias se virou para ela imediatamente. Eva, dois meses. Ela interrompeu, mantendo a voz baixa para não chamar a atenção dos investidores.
Ela disse que há dois meses você ainda estava com ela. Não estava. Nós terminamos há mais de um ano. Ela está mentindo, tentando causar problemas. Eva queria acreditar, mas a semente da dúvida já havia sido plantada. O resto do jantar passou em um borrão. Eva sorriu nos momentos certos. respondeu quando perguntada, mas sua mente estava longe.
Ela observava Vanessa na mesa ao lado, a forma como a mulher ocasionalmente olhava para Jeremias com aquele sorriso conhecedor. Quando finalmente deixaram o restaurante, Eva estava rígida. No carro, manteve distância, olhando pela janela em vez de para ele. Eva, por favor. Jeremias disse a frustração clara em sua voz. Ela está mentindo. Você tem que acreditar em mim.
Como posso saber? As palavras saíram mais agudas do que pretendia. Eu mal te conheço, Jeremias. Nós nos casamos por um acordo. E se E se tudo isso foi uma mentira? E se você ainda a ama? Não ele disse com veemência, virando-se para encará-la no banco traseiro. O motorista mantinha olhos discretamente na estrada. Eva, olhe para mim. Relutantemente, ela obedeceu.
Eu não amo Vanessa, nunca amei de verdade. E terminamos completamente há mais de um ano. Ela é passado morto e enterrado. Você Ele alcançou seu rosto, mas ela se afastou. A dor que lampejou em seus olhos a fez se sentir culpada, mas a dúvida era mais forte. Você é meu presente e meu futuro. Por favor, acredite em mim. Eva queria.
Mas naquela noite, quando se deitaram na cama, ela se virou de costas para ele pela primeira vez desde Trancoso. Jeremias não tentou forçar proximidade, apenas sussurrou um Eu te amo na escuridão e respeitou seu espaço. Mas Eva mal conseguiu dormir, a voz de Vanessa ecoando em sua mente. Não faz nem dois meses. Os dias seguintes foram tensos.
Eva tentava agir normalmente, mas havia uma distância entre eles que não existia antes. Jeremias percebia e ela podia ver a frustração e dor em seus olhos toda vez que ela recusava um beijo ou se afastava de seu toque. Então, uma semana após o jantar no Fazano, a bomba final explodiu. Era domingo e eles haviam sido convocados para um almoço na mansão dos Mendes, no Morumbi.
A casa era enorme, com jardins impecáveis e uma piscina olímpica onde alguns membros da família já se reuniam. A mãe de Jeremias, Márcia, as recepcionou com educação fria. Eva percebia que a mulher não a aprovava completamente. Provavelmente via o casamento pelo que realmente era um acordo. Evangeline, querida Márcia disse, seus olhos avaliando o vestido simples, mas elegante que Eva usava.
Jeremias está no escritório resolvendo algo. Por que não vai até a piscina? As primas dele estão lá. Eva não conhecia bem as primas de Jeremias, Carolina e Beatriz, filhas do irmão mais novo de Márcia. Eram jovens na casa dos 20 anos e, pelo pouco que havia interagido com elas no casamento, pareciam superficiais e fofoqueiras, mas não queria ser rude.
Então, caminhou até a área da piscina, onde as duas tomavam sol em cadeiras de praia. Drinks coloridos nas mãos. Ó, olá, Carolina, disse ao vê-la, não se dando ao trabalho de se sentar. A noiva, ou deveria dizer a esposa arranjada. Eva sentiu as bochechas corarem. Olá. Beatriz riu. Um som agudo e desagradável. Não ligue para ela. Carolina está apenas com ciúmes.
Ela sempre teve uma quedinha pelo Jeremias. Não tenho não. Carolina retrucou, mas estava corando. Apenas acho interessante como tudo aconteceu tão rápido. Amor à primeira vista, Eva disse automaticamente a resposta ensaiada que haviam combinado para momentos assim. Ambas as primas riram e havia crueldade no som.
Claro, Beatriz disse, tomando um gole de seu drink. Amor à primeira vista. Nada a ver com as dívidas da sua família. O sangue de Eva gelou. Então todo mundo sabia era o assunto das fofocas da família. Mas ei continuou se sentando agora e tirando os óculos escuros para olhar diretamente para Eva.
Pelo menos você não precisa se preocupar com certas expectativas conjugais. Deve ser um alívio, considerando a situação dele. Eva franziu o senho. Situação? As duas primas trocaram olhares significativos. Você sabe, Beatriz disse, baixando a voz como se compartilhando um segredo. O problema do Jeremias, a impotência, todos sabem. É por isso que Vanessa terminou com ele, apesar de ainda amá-lo. Ela queria filhos e, bem, ele não podia dar a ela.
O mundo de Eva parou, girou, caiu aos pedaços. Elas ainda acreditavam na mentira, mas pior, achavam que ela também acreditava, que ela havia se casado sabendo, aceitando. E de repente tudo fez sentido terrível. Por que Jeremias a havia escolhido? Por que havia aceitado tão facilmente o acordo com seu pai? Não era por causa dela.
Era porque precisava de uma esposa que não o pressionaria por algo que não podia dar, exceto que ele podia. Ele havia provado isso a menos que, a menos que tudo tivesse sido mentira, uma atuação, drogas, talvez algo para fingir normalidade, apenas tempo suficiente para selar o acordo. Eva, uma voz atirou de seus pensamentos. Jeremias estava parado na porta dos fundos, olhando para ela com preocupação.
Você está bem? Está pálida? Não, ela não estava bem. Estava longe de estar bem, mas forçou um sorriso. Estou ótima, apenas um pouco de calor. Ele não pareceu convencido, mas não insistiu. O almoço está pronto. Vamos. Durante o almoço, Eva estava em modo automático. Respondia quando, perguntada, sorria nos momentos certos, mas sua mente estava distante.
Observava Jeremias, procurando sinais de decepção, de mentira. Ele percebeu algo errado. Continuava lançando olhares preocupados em sua direção e, em um momento, inclinou-se para sussurrar. O que aconteceu? Nada. Ela mentiu. Só estou cansada. Mas quando voltaram para o apartamento naquela tarde, Eva sabia que não conseguiria continuar fingindo.
“Jeremias”, ela disse assim que a porta se fechou. “Precisamos conversar.” Ele se virou, lendo a seriedade em seu rosto. Sobre o quê? sobre os rumores, sobre sua suposta impotência. Ela viu o momento exato em que ele entendeu. O rosto dele se fechou, uma máscara descendo.
O que elas disseram? Que Vanessa terminou com você por causa disso? que toda a família sabe que eu, sua voz quebrou que eu aceitei me casar sabendo. Jeremias passou uma mão pelo rosto, a frustração evidente. Eva, você sabe que isso não é verdade. Você sabe. Sei. Como posso saber? As palavras saíam em torrente agora.
Como sei que tudo não foi uma mentira? Que você não usou drogas ou sei lá o que para fingir durante a lua de melar que era real? A dor cruzou o rosto dele foi visceral. Você realmente acredita nisso? Eu não sei no que acreditar. Ela estava chorando agora, lágrimas de frustração e confusão escorrendo por seu rosto. Tudo aconteceu tão rápido. Eu te amo, Jeremias.
Mas e se eu fui apenas conveniente? A esposa perfeita que não faria perguntas, que não exigiria coisas que você não pode dar? Pare. A voz dele era firme, autoritária. Pare com isso agora. Ele se aproximou. Mas Eva recuou. Não me toque não. Agora eu Eu preciso de espaço. Preciso pensar. Eva, por favor. Ela olhou para ele através das lágrimas.
Apenas me dê tempo para processar tudo isso. Ela viu a batalha interna em seus olhos, o desejo de forçar a conversa versus o respeito por seu pedido. Finalmente ele a sentiu rígido. Tudo bem. Quanto tempo você precisa? Não sei. Alguns dias. Dias? Ele pareceu genuinamente chocado. Eva, somos casados. Nós nos amamos.
Não podemos simplesmente eu preciso disso? Ela insistiu. Por favor. Ele ficou em silêncio por um longo momento. Então assentiu novamente, mais lento desta vez. Tudo bem. Eu vou ficar no quarto de hóspedes. Mas Eva, ele a olhou nos olhos, sua voz carregada de emoção crua. Eu te amo. Que nada do que qualquer pessoa diga vai mudar isso.
Quando você estiver pronta para ouvir a verdade, a verdade real, não as mentiras venenosas que estão colocando na sua cabeça, eu estarei aqui. Ele se afastou então, subindo as escadas para o terceiro andar. Eva ouviu a porta do quarto de hóspede se fechar, e o som ecoou como uma sentença final. Ela se deixou cair no sofá, abraçando os joelhos contra o peito, e chorou. Chorou pela confusão, pela dúvida, pelo medo de que tudo que acreditava ser real fosse apenas uma ilusão cuidadosamente construída.
E enquanto chorava, não sabia que no andar de cima Jeremias fazia o mesmo, não de confusão, mas de dor pura por ter a mulher que amava, duvidando dele, duvidando deles. A tempestade havia chegado e só o tempo diria se eles conseguiriam sobreviver a ela. Os três dias seguintes foram os mais longos da vida de Eva. Eles ainda moravam no mesmo apartamento, mas era como se estivessem em mundos diferentes.
Jeremias saía cedo para trabalhar e voltava tarde. Quando estavam em casa ao mesmo tempo, mal se falavam, apenas cumprimentos educados, perguntas sobre logística doméstica, nada mais. Não havia beijos de bom dia, não havia abraços à noite, não havia o calor que se tornara tão essencial quanto respirar. Eva dormia sozinha pela primeira vez em semanas.
E a cama parecia grande demais, fria demais, vazia demais. Mais de uma vez ela quase foi até o quarto de hóspedes, quase bateu na porta, quase implorou para voltarem ao normal, mas o orgulho e a dúvida a mantinham no lugar. No segundo dia, Vanessa apareceu. Eva estava no apartamento tentando se distrair. Lendo, quando a campainha tocou, franziu o senho. Não esperava ninguém.
Através do vídeo do interfone, viu uma figura loira perfeitamente arrumada. Vanessa, cada fibra de seu ser gritava para não abrir, mas outra parte, a parte que precisava de respostas, a fez pressionar o botão de liberação. Quando abriu a porta do apartamento, Vanessa estava parada ali com um sorriso que não chegava aos olhos. “Evangeline”, ela disse, como se fossem velhas amigas.
“Espero que não se importe que eu apareça assim sem avisar”. Na verdade, não vai me convidar para entrar? Vanessa já estava passando por ela, entrando na sala de estar como se fosse dona do lugar. Que vista linda! Sempre amei este apartamento. O comentário foi deliberado, uma flecha certeira no coração. Ela conhecia o apartamento. Havia estado ali antes com Jeremias.
O que você quer?”, Eva perguntou, fechando a porta, mas mantendo distância. Vanessa se virou, seu rosto arrumado em uma expressão de falsa preocupação. “Quero ajudar você, na verdade.” Ajudar? Sim. Ela abriu a bolsa de grife e tirou o celular. Veja, eu sei que Jeremias pode ser muito convincente. Ele é charmoso, atencioso quando quer algo, mas você merece saber a verdade.
Que verdade? Vanessa mexeu no celular e então o virou, mostrando para Eva. Até ela exibia fotos de Vanessa e Jeremias em restaurantes, sorrindo, próximos. As datas no canto das fotos mostravam três semanas atrás. três semanas, quando eles já estavam casados, quando ele já havia dito que a amava.
“Nós nos encontramos regularmente”, Vanessa disse, sua voz suave, mas venenosa, ele diz que precisa terminar as coisas direito comigo, que você é apenas temporária, até que os contratos com sua família sejam assinados. Depois disso, ela deu de ombros. Bem, digamos que planos já estão sendo feitos. Eva sentiu seu mundo desmoronar pela segunda vez em três dias. Você está mentindo.
Estou. Vanessa deslizou por mais fotos, as duas conversando intensamente em um café. Jeremias tocando a mão dela sobre a mesa. Um que mostrava ele saindo do que parecia ser o escritório dele à noite. Ele ainda me ama, Evangeline. Sempre amou. O que você tem com ele é conveniente para ambos.
Ele consegue uma esposa que não o pressionará sobre filhos. Você consegue salvar sua família da falência. É um arranjo perfeito. Mas, amor, ela riu, o som frio. Isso ele reserva para mim. Saia, Eva disse. Sua voz trêmula, mas firme. Saia agora. Só estou tentando ser honesta com você. Mulher para mulher. Vanessa aguardou o celular. Você parece legal. Não merece viver em uma mentira.
Pense sobre o que mostrei. E quando estiver pronta para encarar a verdade, ela pegou um cartão de visita e colocou na mesa de centro. Me ligue. Podemos conversar mais. Então ela saiu, deixando Eva sozinha, com as fotos queimando em sua mente e o veneno de suas palavras envenenando cada pensamento. Eva se deixou cair no sofá tremendo. As fotos eram reais.
Ela conhecia o restaurante da primeira, o Figueira Rubaiat, um dos mais caros de São Paulo. E a data três semanas atrás, quando Jeremias supostamente estava trabalhando até tarde, ele havia mentido. A porta do apartamento se abriu e Jeremias entrou. Parou ao vê-la, seu rosto imediatamente se enchendo de preocupação ao notar as lágrimas em seu rosto.
“Eva, o que aconteceu? Vanessa esteve aqui, ela disse, sua voz morta, o rosto dele ficou branco. O que ela disse? Mostrou fotos de vocês dois há três semanas. Jeremias fechou os olhos, a mandíbula apertada. Merda. O fato de ele não negar imediatamente foi como um soco no estômago. Então é verdade, sussurrou.
Você esteve com ela? Sim, estive. Ele abriu os olhos e havia algo cansado neles, mas não da forma que ela fez parecer. Então explique. A voz dela subiu, a emoção finalmente transbordando. Me explique porque você se encontrou secretamente com sua ex-namorada. Por que não me contou? Por quê? Porque eu estava tentando te proteger. Ele explodiu sua própria frustração vindo à tona. Ela me procurou logo depois que voltamos de Trancoso.
Disse que precisava ter uma conversa, encerrar as coisas adequadamente. Eu concordei em me encontrar com ela apenas para deixar absolutamente claro que estava casado e feliz, que não havia chance de voltarmos. E você não achou necessário me contar? Eu não queria preocupá-la com algo que não significava nada, mas significou.
Eva se levantou, enfrentando-o. Significou o suficiente para você esconder. Significou o suficiente para ela achar que tem uma chance? Jeremias passou as mãos pelo cabelo, claramente lutando para manter a calma. Eva, você está deixando ela entrar na sua cabeça. É exatamente isso que ela quer, nos separar, plantar dúvidas.
E ela está conseguindo, porque você deu a ela munição, encontros secretos, mentiras por omissão. Eva abraçou a si mesma, sentindo-se fria, mesmo na temperatura amena do apartamento. Como posso confiar em você quando não sei o que mais está escondendo? O silêncio que se seguiu foi denso e doloroso. Jeremias a olhava com uma mistura de frustração, dor e algo que parecia desespero.
“Você realmente não confia em mim?” Ele disse finalmente, e não era uma pergunta. Depois de tudo, você realmente acredita que eu seria capaz de trair você, de mentir sobre meus sentimentos? Eu não sei. As lágrimas voltaram rolando livremente agora. Eu não sei em que acreditar, Jeremias. Tudo isso aconteceu tão rápido. Nós mal nos conhecemos e de repente estamos casados, apaixonados.
E então toda essa merda explode na minha cara. Então, o que você quer? Sua voz era baixa, perigosa. Quer que eu prove meu amor? Quer que eu rasteje e implore? Me diz, Eva, o que vai fazer você acreditar em mim? Ela não tinha resposta, porque não sabia como se provava algo tão intangível quanto os sentimentos. “Eu não sei”, ela repetiu derrotada.
Jeremias a sentiu lentamente, algo se fechando em seu rosto. Tudo bem. Então, talvez você precise de mais tempo, mais espaço. O quê? Eu vou ficar no hotel por alguns dias. Você fica aqui, pensa sobre o que quer e quando decidir. Se decidir que há algo aqui que vale a pena lutar, me avise. Jeremias, não, não, Eva, eu te disse que esperaria.
Eu te disse que te daria tempo, mas eu não posso viver assim nesta casa, te vendo todos os dias e sentindo essa distância entre nós. Está me matando. Sua voz quebrou na última palavra. Ele se virou para sair, mas parou na porta. Eu te amo! Ele disse, sem olhar para trás. Amo você mais do que achei possível amar alguém, mas não posso fazer você me amar de volta ou me fazer confiar em mim. Isso tem que vir de você.
A porta se fechou atrás dele e Eva ficou sozinha no apartamento vazio. O silêncio ensurdecedor naquela noite, deitada na cama kings vazia, Eva finalmente permitiu que todas as emoções a dominassem. Chorou até não ter mais lágrimas, até sua garganta doer e seus olhos arderem. E em meio à dor, uma pequena voz em sua cabeça começou a sussurrar perguntas diferentes.
Por que ela tão rapidamente acreditou nas palavras de Vanessa, mas questionava cada palavra de Jeremias? Porque era mais fácil acreditar em mentiras venenosas de uma estranha do que nas declarações de amor do homem que havia passado semanas provando seus sentimentos através de ações, não apenas palavras.
Quando foi a última vez que Jeremias a havia decepcionado? Antes de tudo isso, quando ele havia falhado em ser exatamente quem disse que seria, nunca, a verdade começou a se infiltrar através da névoa de dúvida e dor. Jeremias havia sido nada além de consistente, presente, atencioso, amoroso.
E ela, ela havia deixado uma ex-namorada amarga e primas fofoqueiras destruírem sua confiança em questão de dias. Eva se sentou na cama, o coração batendo forte. Ela havia cometido um erro terrível, mas seria tarde demais para consertar. Eva não dormiu naquela noite, não conseguiu. Ficou deitada, olhando para o teto, a mente girando incessantemente, revivendo cada momento desde o jantar no fazano.
E quanto mais pensava, mais claro ficava. Vanessa havia plantado a semente de dúvida com seu comentário sobre dois meses. As primas haviam regado essa semente com suas fofocas cruéis e então Vanessa havia voltado adicionando fotos cuidadosamente cronometradas e palavras venenosas escolhidas especificamente para destruir.
Era uma campanha deliberada, calculada e Eva havia caído direitinho na armadilha. Pensou em Jeremias. Não o homem que Vanessa e as primas pintavam, mas o homem real que ela havia chegado a conhecer. O homem que acordava cedo para cortar frutas frescas para ela. O homem que memorizava suas preferências de café.
O homem que assegurava a noite como se ela fosse algo precioso. O homem que a fazia rir, que desafiava e protegia em igual medida. O homem que a amava de verdade, profundamente. Como ela havia duvidado disso? Por volta das 4 da manhã, Eva finalmente tomou uma decisão, pegou o celular e olhou para ele por um longo momento antes de discar. O telefone tocou. Uma vez, duas, três.
Alô? A voz de Jeremias estava rouca, espessa de sono. Sou eu, Eva disse, sua própria voz quebrando. Silêncio. Então, Eva. São 4 da manhã. Algo errado? Sim, tudo está errado. Lágrimas começaram a cair novamente. Eu errei, Jeremias. Errei tanto. Ela ouviu o movimento do outro lado. Ele se sentando, ficando mais alerta. Do que está falando? Eu não deveria ter duvidado de você.
Não deveria ter deixado as palavras dela, de Vanessa, das primas, destruírem o que construímos. Você me mostrou quem é todos os dias e eu eu escolhi acreditar em estranhos em vez de acreditar em você. Mais silêncio. Eva segurou o telefone com força, esperando o coração batendo tão forte que doía. “Você realmente acredita nisso?”, Jeremias perguntou finalmente, sua voz cuidadosa.
“Ou é só porque está se sentindo sozinha à noite?” “Não”, ela disse com veemência. “Não é isso. Eu passei a noite inteira pensando, realmente pensando, e percebi, percebi que você nunca me deu razão para duvidar. Nunca. Eu que estava tão acostumada a não confiar, tão preparada para a decepção, que encontrei problemas onde não existiam.
“Eva, me deixa terminar, por favor.” Ela respirou fundo. “As fotos que Vanessa mostrou, você pode ter se encontrado com ela, mas eu conheço você agora. Sei que não foi da forma que ela sugeriu. E os rumores sobre a impotência? Por Deus, eu mais do que ninguém sei que são mentiras.
Como pude ser tão idiota de deixar isso me afetar? Você não é idiota”, Jeremias disse suavemente. Sou sim, fui, mas não quero mais ser. Eva limpou as lágrimas. Jeremias, você pode voltar para casa para que possamos conversar direito? Estou a caminho ele disse imediatamente. Fique aí. 20 minutos. Foram os 20 minutos mais longos da vida de Eva.
Ela se levantou, escovou os dentes, passou água fria no rosto inchado de tanto chorar. Vestiu um dos moletons dele que havia deixado no quarto, grande demais, cheirando a ele reconfortante. Quando ouviu a chave na porta, o coração dela disparou, correu escada abaixo e parou ao vê-lo parado na entrada. Jeremias parecia terrível, olheiras profundas sobalinhado.
Estava usando a mesma roupa do dia anterior, toda amarrotada. Ele claramente não havia dormido bem também. Oi”, ele disse, e sua voz soava tão vulnerável que partiu o coração de Eva. “Oi!”, eles ficaram ali, a distância de alguns metros, parecendo um abismo. “Eu sinto muito”, Eva disse, as palavras saindo em torrente.
“Sinto muito por duvidar. Sinto muito por afastá-lo. Sinto muito por Vem aqui.” Jeremias interrompeu, abrindo os braços. Eva não precisou ouvir duas vezes. Correu até ele, jogando-se em seus braços. Ele a pegou. segurando-a com tanta força que ela mal conseguia respirar, mas não se importava.
Isso era o que precisava, seu calor, sua solidez, seu amor. Eu sinto muito. Ela repetiu contra seu peito. Tão, tão muito. Eu sei. Eu também. Ele beijou o topo de sua cabeça, depois suas têmporas, suas bochechas, catando suas lágrimas. Eu também errei. Deveria ter contado sobre os encontros com Vanessa. Deveria ter sido mais transparente.
Não, você estava tentando me proteger, mas te magoei no processo. Ele assegurou mais apertado. E isso é inaceitável. Eles ficaram assim por longo tempo, apenas se segurando, respirando um ao outro, deixando a tempestade finalmente passar. Eventualmente, Jeremias aguiou até o sofá. Sentaram-se de frente um para o outro, mãos entrelaçadas.
“Me deixe explicar tudo”, ele disse sobre Vanessa, sobre os encontros, sobre tudo. “E você vai me ouvir?” Realmente ouvir antes de decidir qualquer coisa. Eva assentiu, apertando as mãos dele. Estou ouvindo. Jeremias respirou fundo. Vanessa me procurou duas semanas depois que voltamos de trancoso.
Ligou para meu escritório, disse que precisava de um encerramento adequado. Eu hesitei, mas achei que seria melhor encontrá-la uma vez, deixar tudo claro e acabar com qualquer esperança que ela tivesse. E o que aconteceu? Nos encontramos no Figueira Rubaiat, um lugar público durante o horário de almoço.
Eu disse explicitamente que estava casado, que era feliz e que não havia futuro para nós. Ela não aceitou bem. Ele fez uma pausa, os olhos distantes com a lembrança. Ela implorou Eva, disse que me amava, que poderíamos fazer funcionar, que você era apenas um obstáculo temporário. Eva sentiu uma pontada de algo, não exatamente ciúmes, mas desconforto. E você? Eu disse não. Repetidamente. E então saí.
Seus olhos voltaram para ela, intensos. O segundo encontro foi porque ela apareceu no meu escritório sem avisar. Não foi planejado. Eu a mandei embora, mas antes que conseguisse, ela insistiu em tirar uma selfie para recordação. Agora entendo. Ela estava construindo evidências. E o terceiro? Que terceiro? Ele franziu o senho. Ela mostrou três fotos diferentes.
Compreensão e raiva passaram pelo rosto de Jeremias. Manipulação digital, provavelmente, ou fotos antigas com datas alteradas. Eva, eu juro por tudo que é sagrado. Depois daquele primeiro almoço e do incidente no escritório, eu não tive contato nenhum com ela. Nenhum. Eva o estudou, procurando sinais de decepção. Encontrou apenas verdade crua e frustração genuína.
“Eu acredito em você”, ela disse. E o alívio que passou pelo rosto dele foi palpável. “Você acredita?” Sim, porque quando eu realmente paro para pensar, quando ignoro todo o veneno que foi colocado na minha cabeça, tudo que vejo é um homem que me mostrou amor em cada ação, cada palavra, cada momento. Ela levou as mãos dele aos lábios, beijando seus nós dos dedos. Eu sinto muito por não ter visto isso antes.
Jeremias puxou-a para seu colo, embalando-a contra seu peito. Não, não se desculpe mais. Vanessa é manipuladora. As primas são cruéis. Elas sabiam exatamente onde atacar, quais inseguranças explorar. Ainda assim, eu deveria ter confiado em você. E agora? Confia.
Eva se afastou apenas o suficiente para olhar em seus olhos completamente. O sorriso que ele lhe deu era radiante, vulnerável, cheio de alívio. E então ele a beijou. foi diferente dos beijos anteriores. Havia desespero nele, uma necessidade de se reconectar, de apagar os dias dolorosos de separação. As mãos dele estavam em seus cabelos, no rosto, nas costas, tocando-a como se precisasse confirmar que ela era real, que estava ali, que eram eles novamente. Quando finalmente se separaram, ambos estavam sem fôlego.
“Nunca mais!”, Jeremias murmurou contra sua testa. Nunca mais vamos deixar alguém entrar entre nós assim. Nunca mais. Eva concordou. Eles passaram o resto daquela manhã entrelaçados no sofá, falando, realmente falando. Jeremias contou sobre todas as interações com Vanessa, cada detalhe.
Eva confessou sobre suas inseguranças, seu medo de não ser suficiente, de que o amor deles fosse frágil demais para sobreviver ao mundo real. “Você é mais do que suficiente”, ele disse com veemência. Eva, você é tudo e nosso amor não é frágil. Acabamos de provar isso. Fomos testados e aqui estamos mais fortes. Mais fortes? Ela repetiu, gostando de como soava. À tarde, Jeremias teve que fazer algumas ligações de trabalho.
Eva o observou no escritório, admirando a forma como comandava negócios com confiança absoluta. Quando ele terminou, ela estava apoiada no batente da porta, sorrindo. O que foi? ele perguntou, um sorriso próprio curvando seus lábios. Só estava pensando em como tenho sorte. Sorte? Ele se levantou, aproximando-se dela com aquele andar predatório que fazia seu coração acelerar.
De ter você, de que aquele acordo absurdo tenha me trazido o amor da minha vida. Os olhos dele se suavizaram. O amor da sua vida? Sim. Não havia hesitação em sua voz. Você é o amor da minha vida, Jeremias Mendes. Ele a pegou nos braços de repente, fazendo-a rir enquanto a carregava a escada acima. “Então, deixa eu mostrar como o amor da sua vida sente o mesmo”, ele murmurou.
E havia promessa em seus olhos que fez o calor se espalhar por todo o corpo dela. Aquela noite, quando fizeram amor, foi uma renovação, uma promessa, um recomeço. Cada toque era uma declaração, cada beijo um juramento. Cada suspiro uma prece de gratidão por terem encontrado o caminho de volta um para o outro.
Depois, deitados, entrelaçados, Eva traçava padrões preguiçosos no peito dele. Jeremias. Hum. O que vamos fazer sobre Vanessa? Ela sentiu os músculos dele ficarem intensos sobas mãos. Eu já iniciei uma medida protetiva ele admitiu. Meu advogado está cuidando disso. Ela não vai mais poder se aproximar de nós sem consequências legais.
Isso é necessário? É porque ela não vai parar. Pessoas como ela nunca param até conseguirem o que querem ou até serem forçadas a parar. Seus braços se apertaram ao redor dela, protetores. E eu vou proteger você, Eva, de ela, de qualquer um que tente nos separar. Eva beijou seu peito logo acima do coração.
E eu vou te proteger também, protegendo nós. Nunca mais vou deixar veneno entrar tão facilmente. Juntos, então, juntos. Naquela noite, Eva dormiu pacificamente pela primeira vez em dias, segura nos braços de Jeremias, com a certeza absoluta de que, não importava o que viesse, eles conseguiriam superar, porque o que eles tinham era real, era forte, era para sempre.
As semanas seguintes foram de reconstrução. Jeremias e Eva se dedicaram a fortalecer relacionamento, a criar raízes mais profundas que nenhuma tempestade poderia arrancar. Eles estabeleceram rituais, café da manhã juntos todas as manhãs. Não importava quão cedo Jeremias precisasse trabalhar, jantares sem telefones, onde conversavam sobre seus dias, seus sonhos, suas preocupações.
Fins de semana eram sagrados, tempo apenas deles. Ela também começou a colocar sua marca no apartamento, mudou alguns móveis, adicionou plantas, pendurou fotos deles em Trancoso, transformou aquele espaço masculino em um lar verdadeiro. “Gostei deste quadro aqui.” Jeremias comentou uma tarde de sábado, observando uma pintura abstrata que ela havia comprado. “Combina com você, vibrante, imprevisível, linda.
” Eva sorriu, abraçando-o por trás enquanto ele admirava a parede. Está feliz que eu esteja redecorando? Estou feliz que você esteja fazendo daqui o nosso lugar. Não apenas o meu. Ela também começou a conhecer melhor a família dele. Márcia, a sogra, ainda era fria, mas Eva percebeu que era apenas seu jeito.
A mulher era reservada por natureza, não necessariamente desaprovadora. As primas Carolina e Beatriz eram mais complicadas. Depois do incidente da piscina, Eva mantinha distância educada, mas firme. Jeremias, no entanto, teve uma conversa particular com elas. O que você disse? Eva perguntou curiosa. Que se alguma vez voltassem a desrespeitar minha esposa, estariam cortadas da família.
Simples assim. Jeremias, você não pode, posso e fiz. Ninguém mexe com você, Eva. Ninguém. A ferocidade em sua voz fez algo esquentar em seu peito. Ele era protetor até o âmago. Um dia, durante um jantar casual no apartamento, Eva reuniu coragem para fazer uma pergunta que a incomodava.
Por que você espalhou os rumores sobre a impotência? Jeremias parou com o garfo no ar, surpreso pela pergunta direta, então colocou o talhero, dando-lhe total atenção. Não espalhei ativamente, mas também nunca desmenti. Por quê? Ele suspirou, passando a mão pelos cabelos. Depois que terminei com Vanessa, percebi algo.
Toda mulher que se aproximava de mim estava interessada em meu dinheiro, minha posição social, meu poder. Nenhuma se importava com quem eu realmente era. Então, quando o rumor começou, não sei nem como, decidi deixar. Funcionava como um filtro perfeito. Um filtro? Sim. Afastava as caçadoras de fortuna, as interesseiras. Se alguém quisesse estar comigo, apesar do rumor, saberia que era por razões genuínas.
Eva processou isso e eu passei no teste sem saber. Você mais do que passou. Você se casou comigo acreditando no rumor e mesmo assim, quando descobriu a verdade, não fugiu, enfrentou. Questionou sim, mas no final ele alcançou sua mão através da mesa. Você escolheu acreditar em nós depois de quase estragar tudo, mas não estragou.
Estamos aqui. Ele trouxe a mão dela aos lábios. Mais fortes do que nunca. Era verdade. Eles estavam mais fortes. A crise com Vanessa, por mais dolorosa que tivesse sido, os forçou a enfrentar suas inseguranças, a comunicar melhor, a confiar mais profundamente. Uma tarde, enquanto Eva organizava o closet, encontrou uma caixa no fundo da prateleira de Jeremias. curiosa, abriu.
Dentro estavam cartas, dezenas delas endereçadas a ele com caligrafia feminina elaborada. Vanessa, Eva deveria ter fechado a caixa e a colocado de volta. Deveria ter respeitado a privacidade, mas a tentação era grande demais. Abriu a primeira carta datada de dois anos atrás. Meu amor, sinto sua falta hoje.
A carta continuava em tom romântico, quase obsessivo. Eva abriu outra e outra, todas de Vanessa, todas escritas durante o relacionamento deles, todas demonstrando um apego intenso que beirava o doentio. Encontrou o meu passado? Eva pulou, derrubando as cartas. Jeremias estava na porta do closet, observando-a. Eu, desculpa, não deveria ter. Está tudo bem.
Ele entrou, agachando-se para ajudá-la a recolher as cartas. Eu ia jogar isso fora, mas nunca encontrei o momento certo. Ela era a intensa, ela era sufocante. Jeremias colocou as cartas de volta na caixa. No começo, achei romântico. Depois percebi que era obsessão. Ela não me amava. Ela era obsecada pela ideia de mim, do que eu representava, e por isso terminou. Entre outras coisas. Ele fechou a caixa.
Vou jogar isso fora agora. deveria ter feito há muito tempo. Eva o observou levar a caixa e algo nela se acalmou. Ele estava deixando o passado para trás, literalmente. Naquela noite decidiram fazer algo diferente. Jeremias sugeriu um passeio noturno pela cidade. Pegaram o carro dele, um porche preto que ele raramente dirigia, e circularam por São Paulo. A cidade à noite era diferente.
As luzes da Avenida Paulista criavam um rio luminoso. Os prédios se erguiam como gigantes de vidro refletindo o céu escuro. Eles pararam no Parque Ibi Birapuera. Caminharam de mãos dadas sob as árvores, observaram casais e famílias, aproveitando a noite amena. Quando eu era criança, Jeremias disse enquanto caminhavam, costumava vir aqui com meu avô. Ele vendia pipoca em um carrinho ali perto. Eva se surpreendeu.
Jeremias raramente falava sobre sua infância. Mesmo? Você nunca mencionou? Não gosto de lembrar. Foram tempos difíceis. Meu pai perdeu tudo quando eu tinha 8 anos. Do dia para a noite, fomos de classe média para a pobreza. Minha mãe teve que trabalhar em três empregos. Meu avô, já aposentado, voltou a trabalhar vendendo pipoca para ajudar. Ele parou, olhando para a extensão do parque.
Eu prometi a mim mesmo naquele tempo, que nunca mais seria pobre, que construiria um império tão sólido que nada poderia derrubá-lo. E fiz isso. Ele se virou para ela, mas no processo esqueci de construir algo mais importante. Uma família, um lar, amor verdadeiro. Até agora Eva disse suavemente. Até você. Ele a puxou para um abraço. Você me lembrou que dinheiro e poder não significam nada sem alguém para compartilhar. Obrigado por isso.
Eva sentiu lágrimas picar em seus olhos. Eu também aprendi com você. Aprendi que vulnerabilidade não é fraqueza, que confiar é necessário, que amar profundamente vale todos os riscos. Eles ficaram assim por longo tempo, abraçados sob as estrelas invisíveis no céu poluído de São Paulo, dois sobreviventes que haviam encontrado refúgio um no outro.
Quando voltaram para casa, fizeram amor lentamente, saboreando cada momento, cada toque. E depois, enquanto Eva adormecia nos braços de Jeremias, ela pensou: “Isso é felicidade, real, profunda, duradoura, mas a vida, como sempre, tinha outros planos. Porque no dia seguinte uma notícia abriria uma porta para o futuro que nenhum deles havia realmente considerado.
Uma porta que traria alegria, mas também um novo teste para seu relacionamento. Iva estava atrasada, cinco dias atrasada para ser precisa. Normalmente seu ciclo era como um relógio, 28 dias pontual, mas agora nada. Ela tentou não entrar em pânico. Estress podia atrasar. A crise com Vanessa semanas atrás, as emoções intensas, poderia ser isso, mas no fundo ela sabia.
Seu corpo estava diferente, os seios sensíveis, uma leve náusea matinal que ela atribuía ao café forte, um cansaço persistente. Ela estava grávida. A percepção a atingiu enquanto estava no supermercado, passando pelo corredor de produtos de bebê. parou, olhando para as pequenas roupinhas, as mamadeiras minúsculas, os brinquedos coloridos, um bebê. Ela poderia estar carregando um bebê, o bebê de Jeremias. O coração disparou.
Não de medo, percebeu com surpresa, mas de alegria, esperança, mas e Jeremias? Eles nunca haviam falado sobre filhos. O casamento havia começado como um acordo e, embora tivesse se transformado em amor verdadeiro, filhos eram um tópico que simplesmente não tinham abordado ainda. E os rumores, os malditos rumores sobre impotência, parte da razão pela qual circulavam era porque supostamente ele não poderia ter filhos.
Se ela estivesse grávida, seria a prova final de que tudo havia sido mentira, mas também seria uma exposição. Todos saberiam a verdade. Eva comprou três testes de gravidez diferentes, porque um não seria suficiente, e os escondeu no fundo de sua bolsa. Esperaria até Jeremias sair para o escritório no dia seguinte para fazer.
Aquela noite, durante o jantar, Jeremias percebeu sua distração. “Onde você está?”, Ele perguntou, tocando suavemente sua mão. Desculpa, só pensando, hein? No futuro. Não era mentira, tecnicamente. Jeremias sorriu. E o que você vê nesse futuro? Um bebê. Ela queria dizer. Vejo um bebê com seus olhos e meu sorriso. Vejo nossa família crescendo. Vejo o amor multiplicado.
Mas em vez disso disse: “Felicidade! Vejo muita felicidade eu também”. Ele levantou a taça de vinho que ela havia recusado, agora fazia sentido em um brinde por nosso futuro, por mais aventuras juntos. Por mais aventuras, ela ecuou, tomando um gole de água. Naquela noite, deitada ao lado de Jeremias, enquanto ele dormia, Eva colocou a mão em seu ventre, ainda plano. Será que havia uma vida ali minúscula, nova, a parte dela e parte dele? A ideia não a assustava mais.
Na verdade, enchia-a com uma emoção quente e expansiva que só podia ser descrita como amor maternal, já despertando. Na manhã seguinte, assim que Jeremias saiu, Eva correu para o banheiro com os testes. Mãos Tremendo seguiu as instruções do primeiro. 3 minutos. Ela tinha que esperar 3 minutos. Foram os 3 minutos mais longos de sua vida.
Eva andava de um lado para outro no banheiro, o coração batendo tão forte que podia ouvi-lo. O timer do celular tocou. Eva respirou fundo e olhou para o teste. Duas linhas, rosa, claro, mas definitivas. Grávida. Ela fez os outros dois testes para ter certeza. Ambos confirmaram.
Eva se sentou no chão frio do banheiro, segurando os três testes positivos, e chorou, não de tristeza, mas de uma emoção avaçaladora, que era alegria misturada com medo, misturado com amor absoluto. Ela estava grávida, ia ter um bebê, ia ser mãe e Jeremias ia ser pai. Mas como contar a ele quando? Como ele reagiria? Decidiu esperar até ter confirmação médica. marcou uma consulta para o dia seguinte com um obstetra recomendado por uma amiga.
Seria rápido entrar, confirmar, sair. Jeremias nem precisaria saber até ela ter certeza absoluta. A consulta médica foi surreal. A médica, Dra. Helena Campos, era uma mulher nos seus 50 anos, com um sorriso gentil e mãos competentes. “Vamos fazer um exame de sangue e um ultrassom?”, Ela explicou para confirmar e ver quanto tempo. O exame de sangue confirmou. Grávida.
Aproximadamente seis semanas. Seis semanas? Eva murmurou fazendo contas mentais. Então foi em trancoso, provavelmente. A médica disse com um sorriso. Lua de mel. Eva a sentiu atordoada. O bebê foi concebido em Trancoso. Naquela primeira vez ou uma das muitas vezes que seguiram. No paraíso, eles haviam criado vida. O ultrassom foi mágico. Dra.
Helena aplicou gel frio em sua barriga e deslizou o transdutor. A tela piscou com formas pretas e brancas. E então ali a médica apontou para um pequeno ponto pulsante. Esse é o coração do seu bebê. Lágrimas instantâneas. Eva as sentiu rolar por seu rosto enquanto olhava para aquele pequeno milagre na tela. Tão pequeno, mas tão real, tão vivo. Tudo parece saudável. Dra.
Helena disse tirando várias fotos. Parabéns, mamãe. Mamãe? Eva ia ser mamãe. Ela saiu da clínica com uma pasta cheia de informações, fotos do ultrassom e um coração tão cheio que parecia que ia explodir. Agora precisava contar a Jeremias. Mas como fazer de forma especial, memorável? Esse era um momento que lembrariam para sempre.
Passou o dia planejando, comprou uma caixinha de presente pequena e delicada, colocou dentro a foto do ultrassom e um bilhete simples. Mal posso esperar para conhecer você, papai. Quando Jeremias chegou em casa naquela noite, encontrou a mesa de jantar decorada com velas, uma refeição especial preparada, com ajuda do chefe que Eva secretamente contratou, e usando o vestido que ele mais gostava. “O que é tudo isso?”, ele perguntou, mas estava sorrindo.
Qual é a ocasião? Apenas queria fazer algo especial para você. Eva disse. Nervosismo e excitação batalhando em seu estômago. Eles jantaram, conversaram, riram. Eva mal conseguia comer. Tão ansiosa estava. Finalmente, quando terminaram a sobremesa, ela pegou a caixinha que havia escondido na cadeira ao lado. Tenho um presente para você, ela disse, estendendo a caixa com mãos trêmulas.
Jeremias franziu o senho, confuso, mas divertido. Não é meu aniversário, só abre. Ele abriu cuidadosamente, revelando o conteúdo. Eva observou seu rosto enquanto ele pegava a foto do ultrassom, estudando-a. Viu o momento exato em que ele entendeu. Seus olhos se arregalaram. A boca se abriu, o rosto ficando pálido. Isso é sua voz falhou.
Um bebê. Eva terminou. Lágrimas já escorrendo. Nosso bebê. Estou grávida, Jeremias. O silêncio que seguiu foi ensurdecedor. Jeremias apenas olhava para a foto, imóvel, sem expressão. O medo começou a rastejar pelo peito de Eva. Ele não estava feliz. Não queria isso. Jeremias? Sua voz tremeu. Por favor, diz alguma coisa.
Lentamente ele levantou os olhos para ela eva viu lágrimas, lágrimas reais escorrendo pelo rosto daquele homem forte e controlado. Nós vamos ter um bebê. Ele sussurrou como se não pudesse acreditar. Sim, você está feliz? Em resposta, Jeremias se levantou tão bruscamente que derrubou a cadeira. Ele a pegou nos braços, girando-a, rindo e chorando ao mesmo tempo. Feliz, Eva.
Eu estou Eu nem tenho palavras. Ele a colocou no chão gentilmente, suas mãos indo imediatamente para sua barriga. Há uma vida aqui. Nossa vida. Nós fizemos isso. Nós fizemos. Ela confirmou, rindo através das lágrimas. Jeremias caiu de joelhos na frente dela, suas mãos grandes e quentes cobrindo seu ventre. Ele beijou sua barriga através do vestido, um gesto tão terno e reverente que fez o coração de Eva transbordar.
“Oi, bebê”, ele murmurou contra ela. “Sou seu papai e eu já te amo tanto.” Eva passou as mãos pelos cabelos dele, sua própria voz quebrando. “Vamos ser pais”. Ele olhou para cima e o amor em seus olhos era avaçalador. Vamos ser os melhores pais, eu prometo. Vou amar esse bebê. Vou proteger. Vou. Eu sei. Ela o interrompeu suavemente.
Eu sei que vai, porque você já é incrível e vai ser um pai maravilhoso. Eles ficaram assim por longo tempo. Ele de joelhos, ela de pé, suas mãos entrelaçadas sobre o ventre que logo cresceria. Sabe o que isso significa? Jeremias disse eventualmente uma nota de humor entrando em sua voz.
O quê? Todo mundo vai finalmente saber a verdade sobre os rumores, sobre tudo. Eva hesitou. Você está preocupado com isso? Nem um pouco. Ele se levantou, puxando-a para um abraço. Que falem, que especulem. A única verdade que importa é esta: Eu te amo. Estou louco de felicidade com nosso bebê. E qualquer um que tenha problema com isso, pode ir.
Jeremias. Eva riu escandilizada. Ele sorriu contra seus cabelos. Estou apenas dizendo: “Nada, nem ninguém vai estragar isso. Este é o nosso milagre”. Naquela noite, deitados juntos, Jeremias não conseguia parar de tocar sua barriga, de falar com o bebê, de fazer planos. Vamos precisar de um quarto de bebê e roupinhas e brinquedos e um berço.
Tem que ser o melhor berço e segurança. Vamos precisar de grades nas escadas, proteções nas tomadas. Eva ria de seu entusiasmo. Jeremias, temos 7 meses. Tempo de sobra para tudo isso. 7 meses? Ele repetiu maravilhado. Em sete meses vamos segurar nosso filho nos braços. Ou filha, ou filha. Seus olhos se iluminaram.
Uma menina com seus olhos e sua risada. Deus me ajude. Eu vou estragar ela tanto. E se for menino, vou ensiná-lo a respeitar mulheres, a ser forte, mas gentil, a amar profundamente. Ele beijou sua testa. Vou ensiná-lo tudo que aprendi com você. Eva sentiu mais lágrimas. Aparentemente, gravidez a tornava emotiva.
“Eu te amo tanto”, ela sussurrou. “Eu te amo mais vocês dois”. Sua mão se curvou protetoramente sobre sua barriga, minha família. E assim, naquela noite, com a notícia de uma nova vida crescendo entre eles, Jeremias e Eva se permitiram sonhar, sonhar com o futuro, com seu filho, com a família que estavam criando.
Não sabiam ainda que essa felicidade seria testada mais uma vez, que Vanessa, ao descobrir a gravidez, faria uma última tentativa desesperada de destruir o que eles haviam construído. Mas naquele momento envoltos em amor e esperança, eles eram apenas dois pais de primeira viagem, maravilhados com o milagre da vida.
A notícia da gravidez de Eva espalhou-se rapidamente pelos círculos sociais de São Paulo. Era impossível manter segredo, especialmente quando Jeremias não conseguia parar de contar a todos que encontrava. Minha esposa está grávida”, ele anunciava com orgulho radiante, sem se importar com os olhares chocados ou as fofocas que inevitavelmente seguiriam, porque a gravidez não era apenas uma alegria, era uma declaração, uma prova irrefutável de que todos os rumores sobre impotência eram falsos.
Eva observa as reações com interesse. A mãe de Jeremias, Márcia, ficou surpreendentemente emocionada, abraçando Eva pela primeira vez com afeto genuíno. “Um neto”, ela disse, olhos brilhando. “Finalmente, um neto!” Os pais de Eva estavam exultantes. Sua mãe chorou de alegria. Seu pai abraçou Jeremias como se fosse um filho de verdade. Vocês nos deram tudo? Ele disse voz embargada.
A empresa salva e agora um bebê, uma família de verdade. As primas Carolina e Beatriz eram um caso diferente. Ficaram mudas ao ouvir a notícia, trocando olhares constrangidos. Eva quase sentiu pena. Elas haviam espalhado os rumores com tanta convicção e agora a verdade as fazia parecer tolas.
Parabéns Carolina conseguiu dizer, mas havia algo estranho em sua voz. Ressentimento, vergonha. Mas enquanto a maioria reagia com alegria ou surpresa, havia uma pessoa cuja reação era pura fúria, Vanessa Carvalho. Eva não a viu pessoalmente. Jeremias mantinha sua palavra sobre a medida protetiva, mas as mensagens começaram. Primeiro, mensagens de texto de números desconhecidos.
Você acha que ganhou? Que um bebê vai mudar alguma coisa? Ele nunca vai amá-la como me amou. Essa gravidez é apenas uma armadilha, uma prisão. Eva as deletava sem responder, mas elas a incomodavam. Jeremias ficou furioso quando ela mostrou as mensagens. Isso é assédio ele disse, mandando as capturas de tela para o advogado. Ela vai pagar por isso. Mas as mensagens continuaram e então escalaram.
Eva estava em casa sozinha uma tarde. Jeremias tinha uma reunião importante que não podia adiar. Quando a campainha tocou, verificou o vídeo do interfone e viu uma entregadora com um grande buquê de flores. “Entrega para a senora Mendes”, a mulher disse.
“Flores?” Jeremias não havia mencionado, mas ele às vezes surpreendia ela com gestos românticos. Eva desceu e aceitou a entrega. O buquê era lindo, rosas brancas e lírios, enorme e perfumado. Havia um cartão anexo. Sorrindo, ela abriu e o sorriso morreu. O cartão tinha apenas uma frase, em caligrafia elaborada que ela reconheceu das cartas antigas: “Perca o bebê e talvez eu o deixe ficar com ele.” O buquê caiu das mãos de Eva, espalhando flores pelo chão de mármore.
Ela ficou congelada, relendo aquelas palavras horríveis. Não era apenas assédio, era uma ameaça, uma ameaça ao seu bebê. Eva sentiu a náusea subir, não a náusea matinal, mas puro horror. Suas mãos voaram instintivamente para seu ventre, como se pudesse proteger fisicamente a vida ali dentro. Vanessa estava escalando, estava se tornando perigosa.
Com mãos tremendo, Eva pegou o telefone e ligou para Jeremias. Eva, ele atendeu imediatamente. Algo errado? Preciso que você venha para casa agora. O tom em sua voz deve ter comunicado à urgência. Estou saindo. 5 minutos. Foram os 5 minutos mais longos. Eva se sentou no sofá, abraçando a si mesma, olhando para as flores espalhadas como se fossem venenosas.
Quando Jeremias e rompeu pela porta, o rosto dele era máscara de preocupação. Ele a alcançou em três passos longos. O que aconteceu? Você está bem? O bebê? Estou bem. O bebê está bem. Eva entregou-lhe o cartão. Ela observou a cor drenar de seu rosto enquanto ele lia. Depois viu algo que nunca tinha visto antes. Fúria pura. Seus olhos se tornaram como gelo.
A mandíbula tão apertada que os músculos saltavam. “Ela ameaçou nosso filho”, ele disse, “cada palavra cortando como vidro. Ela ousou ameaçar nosso filho. Jeremias.” Ele já estava no telefone discando. Marcelo, Jeremias, quero que processe Vanessa Carvalho por assédio, ameaça e qualquer outra coisa que puder pensar.
Sim, agora e quero uma ordem de restrição completa. Ela não chega nem perto de minha esposa. Uma pausa. Sen não me importo com custos. Eu quero ela longe de minha família permanentemente. Quando desligou, ele se virou para Eva e sua expressão suavizou ao vê-la tão pálida. Vem aqui”, ele disse, abrindo os braços.
Eva foi, deixando-se ser envolvida, deixando seu calor e força a acalmarem. “Ela não vai machucar você”, Jeremias murmurou em seus cabelos. “Não vai chegar nem perto de você. Eu prometo. Tenho medo.” Eva admitiu. “Não por mim, mas pelo bebê. Eu sei, mas vou proteger vocês, ambos sempre. Nos dias seguintes, a situação explodiu. O advogado de Jeremias moveu ações formais.
A polícia foi envolvida e Vanessa, acuada, fez o que pessoas desesperadas fazem. Ela foi a imprensa. A manchete apareceu em um dos tabloides mais sensacionalistas de São Paulo. Empresário abandona amor verdadeiro por casamento arranjado. Ex-noiva revela tudo. A matéria era venenosa. Vanessa pintava-se como vítima.
A mulher que amou Jeremias fielmente, que ficou ao lado dele durante seus momentos mais difíceis, apenas para ser descartada por um casamento por interesse. Ela distorcia tudo. Dizia que Jeremias a havia usado, que prometeu casar-se com ela, que o casamento com Eva era pura conveniência financeira e, mais danosamente, insinuava que a gravidez era proposital, uma armadilha para prender Jeremias permanentemente.
Ela sabia que um bebê tornaria o divórcio complicado. Vanessa era citada dizendo: “É a mais antiga armadilha feminina e meu pobre Jeremias caiu direitinho. A matéria viralizou. De repente, Eva estava no centro de uma tempestade de mídia. Paparats acampavam fora do prédio. Seu telefone não parava de tocar. Repórteres pedindo entrevistas, conhecidos curiosos, alguns até mesmo hostis.
As redes sociais eram piores. Pessoas que nunca a conheceram tinham opiniões sobre ela, sobre seu casamento, sobre sua gravidez, caçadora de fortuna, destruidora de lares, fez de propósito para prender ele. Eva tentou ignorar, mas era difícil. Cada comentário cruel era como uma ferida pequena, mas cumulativa.
Jeremias estava furioso. Ele queria processar o jornal, a revista, cada pessoa que havia compartilhado ou comentado. Mas seu advogado aconselhou cautela. Processos chamarão mais atenção. Marcelo explicou. Melhor deixar morrer naturalmente. Não posso apenas deixar. Jeremias retrucou.
Eles estão difamando minha esposa, eu sei. Mas respondendo, você alimenta o ciclo de notícias. Eva, sentada silenciosamente no escritório do advogado, finalmente falou: “E se dermos nossa versão?” Ambos os homens se viraram para ela. “Como assim?”, Jeremias perguntou. “Uma entrevista. Uma entrevista exclusiva com um jornalista respeitável. Não um tabloide, mas algo sério. Contamos nossa história.
A verdadeira história, como nos conhecemos, como nos apaixonamos. A verdade sobre os rumores. Jeremias franziu o senho. Eva, você não precisa se expor assim, mas quero, porque a alternativa é deixar as mentiras de Vanessa serem a única narrativa. Ela se levantou, determinação enchendo sua voz. Ela quer uma guerra de relações públicas.
Vamos dar a ela, mas vamos vencer sendo verdadeiros enquanto ela continua mentindo. Marcelo considerou: “Pode funcionar se feito direito com o jornalista certo. Conheço alguém”, Eva disse. Fernanda Alvares da revista Época. Ela é íntegra, faz jornalismo de qualidade e me deve um favor. Jeremias olhou para ela com algo próximo à admiração.
Quando você ficou tão estratégica? Quando alguém ameaçou minha família? Eva colocou a mão em seu ventre, agora com uma leve curva. Eu vou proteger o que é nosso, não importa o que custe. E assim a decisão foi tomada. Eles dariam uma entrevista exclusiva, contariam sua verdade e deixariam o público decidir.
Mas enquanto faziam esses planos, nenhum deles sabia que Vanessa estava preparando sua última cartada. Uma jogada tão desesperada, tão dramática, que forçaria tudo a um ponto de ruptura. A tempestade final estava chegando e quando ela passasse nada seria o mesmo. A entrevista foi agendada para uma semana depois. Tempo suficiente para Eva e Jeremias prepararem o que queriam dizer, mas não tanto que perdesse relevância.
Fernanda Alvares chegou ao apartamento com uma pequena equipe, fotógrafo, assistente e um ar de profissionalismo tranquilizador. Ela era uma mulher na casa dos 40 anos, cabelos grisalhos que usava com orgulho, olhos inteligentes que pareciam ver além das superfícies. “Obrigada por confiarem em mim”, ela disse enquanto se instalavam na sala de estar, câmeras sendo posicionadas.
Prometo ser justa, fazer as perguntas difíceis, sim, mas também ouvir suas respostas verdadeiramente. É tudo que pedimos Jeremias disse, segurando a mão de Eva. A entrevista começou com perguntas básicas, como se conheceram, o acordo inicial, as primeiras impressões. Vou ser honesta, Eva disse, olhando diretamente para a câmera.
Nosso casamento começou como uma transação comercial. Minha família estava em dificuldades financeiras. Jeremias precisava de uma esposa. Foi um acordo. Mas Jeremias continuou: “Acordos não incluem apaixonar-se, não incluem descobrir que a pessoa que você casou por conveniência é, na verdade, sua alma gêmea.
” Fernanda se inclinou para a frente. Fale sobre isso. Quando vocês perceberam que era mais do que um acordo, Eva e Jeremias trocaram olhares, um sorriso compartilhado passando entre eles. Para mim foi intrancoso, Eva começou durante a lua de mel. Eu tinha ido para aquele casamento com tantas barreiras, tantos medos, mas ele foi paciente, gentil, engraçado.
Ele me mostrou que vulnerabilidade não era fraqueza. E em algum momento, entre amanheceres na praia e conversas na varanda, eu percebi que havia me apaixonado. Para mim, Jeremias disse, sua voz suave. Foi no primeiro dia quando a vi caminhando pelo corredor da igreja, fingindo ser corajosa quando estava aterrorizada. Vi uma mulher forte, linda, fazendo um sacrifício enorme por sua família.
Como não me apaixonar? Fernanda sorriu, mas então sua expressão ficou séria. Vamos falar sobre os rumores, sobre sua suposta impotência a Jeremias. Eva sentiu Jeremias ficar tenso ao lado dela, mas ele manteve a compostura. Os rumores eram falsos. sempre foram, mas você nunca os desmentiu. Por quê? Jeremias suspirou. Porque serviram a um propósito.
Depois de um relacionamento difícil, percebi que muitas mulheres se aproximavam de mim por dinheiro ou status. O rumor funcionou como um filtro. Um filtro cruel. Fernanda apontou. Sim. E em retrospecto foi covarde, mas também me protegeu. Até Eva. Até Eva. Ele apertou a mão dela. Ela casou comigo acreditando no rumor, o que deveria ter sido uma bandeira vermelha para mim, mas na verdade foi o contrário. Mostrou que ela não estava interessada em aspectos físicos do casamento, que era genuína.
E quando descobriu a verdade, Eva respondeu: “Fiquei chocada, sim, confusa, mas também aliviada de certa forma, porque eu tinha me apaixonado por ele e a ideia de que poderíamos ter um casamento completo em todos os sentidos, ela correu. Era o que eu queria.” Fernanda mudou de ângulo.
“E agora? Você está grávida? Algumas pessoas sugerem que foi proposital, uma forma de prender Jeremias. A raiva lampejou nos olhos de Eva. Essas pessoas estão erradas. A gravidez foi uma surpresa. Uma surpresa maravilhosa, mas surpresa. E qualquer um que sugere que usei um bebê como armadilha claramente não entende o que é realmente amor. Fale sobre isso. Amor não prende. Amor liberta.
Eu não preciso prender Jeremias, porque ele escolhe estar comigo todos os dias, assim como eu escolho estar com ele. E nosso bebê, sua mão foi para o ventre. Não é uma armadilha. É um presente, a manifestação física do amor que compartilhamos. Jeremias olhava para ela como se ela tivesse pintado as estrelas no céu. Fernanda se virou para ele e Vanessa Carvalho. Sua ex-namorada fez acusações sérias. O rosto de Jeremias se fechou.
Vanessa está magoada e entendo isso. Nosso relacionamento terminou de forma difícil, mas ela está distorcendo a verdade. Não a abandonei. Terminamos mutuamente há mais de um ano e eu nunca nunca prometi casar com ela. Ela afirma que vocês ainda se encontravam até semanas atrás. Nos encontramos duas vezes, uma por iniciativa dela, pedindo encerramento, e uma quando ela apareceu no meu escritório sem convite.
Em ambas as ocasiões, deixei claro que estava casado e feliz, que não havia futuro para nós. E as ameaças, o ar na sala ficou pesado. Jeremias inspirou profundamente. Vanessa tem assediado minha esposa. mensagens de texto, ligações e culminando em uma entrega de flores com um cartão, contendo uma ameaça explícita ao nosso bebê ainda não nascido. Fernanda ficou visivelmente chocada. Você está dizendo que ela ameaçou sua gravidez? Estou.
E temos tudo documentado. Processos estão em andamento. A entrevista continuou por mais uma hora, cobrindo tudo. Os desafios iniciais do casamento, a crise de confiança com as fofocas, a decisão de construir uma vida real juntos. No final, Fernanda desligou as câmeras e sorriu. Isso foi poderoso, genuíno. As pessoas vão responder bem. Você acha? Eva perguntou esperançosa.
Tenho certeza, porque vocês não estavam performando, estavam sendo reais. E no mundo de hoje, onde tudo parece roteirizado, autenticidade ressoa. A matéria foi publicada três dias depois. A capa da revista Época mostrava Eva e Jeremias sentados juntos, mãos entrelaçadas. Olhando não para a câmera, mas um para o outro.
A manchete, o acordo que virou amor, a verdadeira história de Jeremias e Evangeline Mendes. A resposta foi imediata e esmagadora. Nas redes sociais, a narrativa mudou. De repente, as pessoas viam Eva e Jeremias como seres humanos, não personagens em uma fofoca. Histórias de apoio inundaram. Muitas de outras mulheres compartilhando suas próprias experiências com gravidez, casamento, amor encontrado em lugares inesperados.
Os comentários cruéis não desapareceram completamente. Ainda havia céticos trolls, defensores de Vanessa, mas eram drowned out pela onda de positividade. E então, dois dias após a publicação, aconteceu algo que ninguém esperava. Vanessa deu uma entrevista coletiva.
Eva e Jeremias assistiram juntos, sentados no sofá, mãos entrelaçadas. A transmissão ao vivo mostrava Vanessa em um hotel de luxo, rodeada por repórteres e câmeras. Ela estava linda como sempre, vestido branco que evocava inocência, maquiagem perfeita, cabelos escovados, mas havia algo em seus olhos, algo selvagem. “Obrigada por virem”, ela começou. “Vozêmula.
Eu eu preciso corrigir alguns malentendidos. Eva segurou a respiração. A entrevista que Jeremias e Evangeline deram pintou-me como vilã, como ex-namorada amarga, assediadora, até ameaçadora. Ela pausou, limpando uma lágrima, real ou performática, impossível dizer. E eu não posso deixar essas mentiras ficarem sem resposta. Aqui vamos nós. Jeremias murmurou mandíbula apertada.
Jeremias e eu tivemos um amor real. verdadeiro. Moramos juntos por dois anos, fizemos planos de futuro. Mas então, repentinamente ele terminou sem explicação real, sem encerramento adequado. Fiquei devastada. Ela pausou para efeito dramático, câmeras focando em seu rosto angustiado.
Quando soube de seu casamento repentino, fiquei chocada, confusa. Tentei contratá-lo para entender, mas ele me evitou. E então sua voz quebrou. Soube da gravidez e percebi a verdade. Que verdade? Um repórter perguntou claramente fisgado. Vanessa olhou diretamente para a câmera. Que eu nunca tive chance porque Jeremias sempre amou ela. Evangeline. Eva piscou confusa.
Isso era não era o que ela esperava. Eu estava errada ao assediá-la. Vanessa continuou agora olhando diretamente para onde imaginava Eva estaria assistindo. Estava errada ao enviar mensagens, ao fazer ameaças. Estava agindo com dor, com raiva, com ciúmes. E por isso, eu peço desculpas. Silêncio na conferência de imprensa, silêncio no apartamento dos Mendes.
Mas também quero que entendam, Vanessa continuou, que amor não desaparece só porque é inconveniente. Eu amei Jeremias, ainda amo de certa forma. E ver ele feliz com outra pessoa, construindo a família que sonhamos ter, é doloroso além de palavras. Lágrimas genuínas agora. Eva podia ver. A mulher estava realmente sofrendo. Então eu os libero. Vanessa disse, voz firme, apesar das lágrimas.
Vocês não vão mais ouvir de mim. Não vou mais ligar, enviar mensagens ou tentar intervir. Vocês merecem sua felicidade, mesmo que isso signifique minha dor. Ela se levantou, então, ignorando as perguntas gritadas pelos repórteres e saiu da sala. As câmeras a seguiram até ela desaparecer em um elevador. A transmissão terminou, deixando Eva e Jeremias olhando para uma tela preta. “Uau”, Eva disse.
“Finalmente”. “Você acredita nela?”, Jeremias perguntou cético. Eva pensou: “Acredito que ela está sofrendo. Se ela realmente vai nos deixar em paz, só o tempo dirá.” Mas nos dias e semanas que seguiram, Vanessa manteve sua palavra. Não houve mais mensagens, sem ligações, sem tentativas de contato.
Era como se ela tivesse simplesmente desaparecido da vida deles. “Acho que ela finalmente aceitou”, Eva disse uma noite, deitada na cama ao lado de Jeremias. sua mão na barriga dela, onde o bebê agora chutava regularmente. Espero que sim. Por todos nós ele beijou seu ombro.
Mas mesmo que não, não importa, porque nada vai nos separar, nunca mais. E Eva acreditou nele, porque haviam sobrevivido a tudo, dúvidas, mentiras, ameaças, escrutínio público e emergiram mais fortes. Seu amor havia sido testado pelo fogo e provado ser inquebrantável. Faltavam duas semanas para a data prevista do parto, quando Eva acordou no meio da noite com uma dor aguda na lombar.
A princípio, pensou ser apenas desconforto normal. Os últimos meses de gravidez haviam sido repletos deles. Sua barriga estava enorme, carregando um bebê que o médico estimava pesar quase 4 kg. Ela mal conseguia amarrar os próprios sapatos.
Dependia de Jeremias para tudo, mas essa dor era diferente, mais intensa, radiando do abdômen para as costas em ondas. Jeremias, ela chamou cutucando-o. Ele estava dormindo profundamente, roncando suavemente, algo que ela achava adorável, embora ele negasse fazer. Hum. Ele se mexeu, ainda meio dormindo. Acho que estou em trabalho de parto. Isso o acordou completamente. Ele sentou-se tão rápido que quase caiu da cama.
O quê? Agora? Mas ainda faltam duas semanas. O bebê não sabe disso, aparentemente. Outra contração a atingiu mais forte. Eva gemeu, agarrando o lençol. Jeremias entrou em modo de ação. Em segundos estava vestido, pegando a bolsa do hospital que tinham preparado semanas atrás, ligando para a médica.
Doutora Helena, Jeremias Mendes, Eva está tendo contrações. Sim, 5 minutos de intervalo. Entendido. Estamos indo para o hospital agora. Ele desligou e se virou para Eva, que estava tentando se levantar da cama. a pegou nos braços, literalmente pegou-a, barrigão e tudo. Jeremias, eu posso andar. Não estou arriscando. Você e o bebê são preciosos demais.
Apesar da dor, Eva sorriu. Mesmo em momentos de crise, ele conseguia fazê-la sentir amada. O hospital era privado e luxuoso. Obviamente, Jeremias não aceitaria nada menos. tinham reservado uma suí inteira com sala de parto equipada com tecnologia de ponta e decoração que mais parecia de hotel cinco estrelas do que de hospital. Dra. Helena já estava esperando quando chegaram. Ela examinou Eva rapidamente.
“Você está com 4 cm de dilatação”, ela anunciou. “Ainda vai demorar?” Mas sim, este bebê está vindo hoje. Hoje Eva ia conhecer seu filho hoje. O pensamento era simultaneamente emocionante e aterrorizante. As horas seguintes foram as mais longas da vida de Eva. O trabalho de parto era exatamente tão doloroso quanto todos haviam avisado. Talvez mais.
ondas de dor que tiravam o fôlego, que faziam tudo mais desaparecer, exceto a necessidade de respirar, de sobreviver, a próxima contração. Jeremias não saiu do lado dela nem por um segundo. Segurava sua mão, enxugava seu rosto com panos frios, murmurava encorajamentos que ela mal conseguia processar através da dor. “Você está indo tão bem”, ele dizia repetidamente. “Tão bem, meu amor.
Você é a mulher mais forte que conheço. Eu te odeio por fazer isso comigo. Eva conseguiu dizer durante uma contração particularmente brutal. Ele riu beijando sua testa suada. Eu sei. Você pode me odiar, mas depois vai me amar novamente. Presunçoso. Ela ofegou, mas estava meio sorrindo. Horas se arrastaram. 6 cm. 8.
Eva pediu a Epidural, mas havia complicações. Uma queda súbita na pressão arterial que preocupou os médicos. Vamos monitorar de perto, doutora. Helena, disse, suando calma, mas Eva podia ver a preocupação em seus olhos. Jeremias percebeu também. Ele ficou ainda mais tenso, se isso era possível, seus olhos não saindo nem por um segundo de Eva e dos monitores ao redor. “Ela vai ficar bem?”, ele perguntou baixo à médica quando Eva estava entre contrações.
“Vou fazer tudo ao meu alcance.” Dra. Adelena respondeu. Mas partos são imprevisíveis. Precisamos estar preparados para qualquer eventualidade. Foi quando Eva viu algo que nunca pensou ver. Medo real nos olhos de Jeremias. Não o medo controlado de negócios ruins ou problemas financeiros, mas medo visceral, primitivo. Medo de perder ela, de perder o bebê.
Hei! Ela chamou, estendendo a mão. Ele a pegou imediatamente. Eu vou ficar bem. Nós vamos ficar bem. Prometa ele disse, voz rouca. Prometa que vai ficar bem. Prometo. E Eva quis dizer isso. Precisava acreditar nisso. Finalmente, após 14 horas de trabalho de parto, Dra. Helena anunciou 10 cm. Está na hora. O que se seguiu foi um borrão. Eva empurrando com todas as forças que restavam.
Jeremias contando as respirações, encorajando. Sua mão sendo esmagada, mas ele nem piscava. A cabeça está coroando. Dra. Helena anunciou. Mais um empurrão, Eva. Você consegue. Com um último esforço monumental, um último grito que arrancou algo primordial de dentro dela, Eva sentiu o bebê deslizar para fora e então o som mais lindo do mundo, o choro forte e indignado de um recém-nascido. É um menino Dra.
Helena anunciou colocando o bebê, seu bebê, o filho deles, no peito de Eva. Eva olhou para baixo através das lágrimas que caíam livremente e viu perfeição. Um bebezinho rosado coberto de vernicos escuros molhados, olhos apertados, boca aberta em protesto pela ousadia de ser tirado de seu lar quentinho. “Oi”, ela sussurrou, tocando-o com dedos trêmulos. Oi, meu amor. Eu sou sua mamãe.
Ao lado dela, Jeremias estava chorando abertamente. Lágrimas corriam por seu rosto enquanto ele olhava para seu filho, uma mão tocando gentilmente a cabeça minúscula. “Ele é perfeito,” Jeremias disse, “Vozbrando, Eva, nós fizemos isso. Fizemos um ser humano perfeito. Nós fizemos”, ela concordou maravilhada.
A enfermeira eventualmente precisou levar o bebê para limpeza e medições. 3,800 g, ela anunciou, 52 cm. Um menino grande e saudável. Enquanto cuidavam do bebê, Dra. Helena cuidava de Eva. Havia algumas suturas necessárias, mas nada grave. “Você foi incrível”, a médica disse. Algumas mulheres levam dias em trabalho de parto. Você fez em 14 horas com um bebê grande.
Você é uma guerreira. Eva não se sentia como guerreira. Sentia-se exausta, dolorida e delirante de felicidade. Quando finalmente trouxeram o bebê de volta, agora limpo, vestido em um macacãozinho azul minúsculo, Eva sentiu seu coração explodir novamente. “Vocês pensaram em nome?”, a enfermeira perguntou. Eva e Jeremias trocaram olhares.
haviam debatido nomes por meses, mas nunca chegaram a um consenso definitivo. Daniel, Jeremias disse de repente, Daniel significa Deus é meu juiz. Parece certo, porque contra todas as probabilidades, contra tudo que poderia ter dado errado, Deus nos abençoou com ele. Daniel. Eva testou o nome, olhando para o rostinho adormecido de seu filho. Daniel Mendes. Eu o amo. Daniel Mendes.
Santos. Jeremias corrigiu com seu sobrenome também. Ele vem de ambos nós. Lágrimas de novo. Eva estava começando a achar que nunca mais pararia de chorar. As horas seguintes foram uma névoa de visitas. Os avós de ambos os lados deslumbrados com o neto, amigos chegando com flores e presentes. Parabéns de todos os lados.
Mas eventualmente todos foram embora. E era apenas Eva, Jeremias e Daniel. Não consigo parar de olhar para ele”, Jeremias confessou, sentado ao lado da cama do hospital, Daniel adormecido em seus braços. “É como se meu coração estivesse andando fora do meu corpo.” “Eu sei”, Eva disse suavemente. “É assustador, não é? Amar alguém tanto assim? Apavorante, mas ele estava sorrindo. Mas também, incrível.
Eu passei tanto tempo focado em negócios, em construir império, em sucesso e nada, nada se compara a isto. Assegurar meu filho, a ver você, a mulher que amo, sendo mãe do meu filho. Ele olhou para ela e havia algo vulnerável em sua expressão. Obrigado, Eva, por Daniel, por me dar a família que nem sabia que queria, por me ensinar que existe mais na vida do que dinheiro e poder.
Você me ensinou também, Eva disse. me ensinou a confiar, a me abrir, a acreditar que amor verdadeiro existe. Daniel escolheu aquele momento para acordar, seus olhinhos abrindo, cinza azulados como os do pai. Ele olhou ao redor confuso, processando este mundo novo e estranho. E então seu olhar pousou em Eva, e algo nele pareceu saber, reconhecer.
Mamãe! Seus olhos pareciam dizer: “Oi, bebê”, Eva sussurrou, estendendo os braços. Jeremias o trouxe até ela e ela o segurou contra o peito, sentindo seu calor, seu peso, sua realidade absoluta. Esta era sua família, seu lar, seu mundo inteiro contido neste quarto de hospital. Um marido que havia começado como estranho e se tornado seu tudo, e um filho que transformava amor abstrato em algo tangível, pequeno, perfeito.
“Eu amo vocês”, ela disse, olhando para ambos. Tanto, ambos. Nós te amamos também. Jeremias respondeu beijando sua cabeça. E então mais baixo para Daniel. E vamos passar o resto de nossas vidas provando isso para vocês todos os dias, para sempre. Era uma promessa, um voto, um começo.
E enquanto os três ficavam ali juntos, família finalmente completa, Eva percebeu que havia chegado ao fim de uma jornada e ao início de outra. O acordo frio havia se tornado amor ardente. O casamento de conveniência havia se tornado o maior compromisso de suas vidas. E agora com Daniel tinham algo eterno.
Mas a jornada ainda não havia terminado completamente, porque no dia seguinte algo aconteceria que testaria mais uma vez a força de seu vínculo, algo que provaria final e irrevogavelmente que o que eles tinham era inquebrantável. Eva acordou na manhã seguinte com Daniel chorando ao lado de sua cama. Instintivamente ela o pegou, colocando-o para mamar, algo que estava aprendendo, desajeitado, ainda mais cheio de amor.
Jeremias ainda dormia na poltrona reclinável ao lado da cama, onde havia insistido em passar a noite. Seu terno de ontem estava todo amarrotado, a barba por fazer, cabelos desalinhados. Ele parecia exausto e completamente feliz. Eva sorriu, olhando entre seu marido e seu filho, sua família, como a vida havia mudado em menos de um ano.
Houve uma batida suave na porta e uma enfermeira entrou com um carrinho de café da manhã. Bom dia, mamãe. Como estamos nos sentindo? Dolorida, mas feliz. Eva respondeu honestamente. Normal. Os analgésicos estão na mesinha, se precisar. E a enfermeira hesitou. Há alguém na recepção pedindo para visitá-la. uma mulher chamada Vanessa Carvalho. Ela diz que é importante, mas posso mandá-la embora se preferir. O coração de Eva deu um salto.
Vanessa, aqui, depois de tudo, Jeremias acordou com a menção do nome instantaneamente alerta. Ela não entra aqui. Ele disse, voz dura. Não depois de tudo que fez. Espera Eva disse, surpreendendo a si mesma. Deixa ela entrar. Eva, você está louca? Depois das ameaças, do assédio. Eu sei, mas ela olhou para Daniel, adormecido novamente em seus braços.
Se ela veio até aqui, deve ser por uma razão. E eu quero ouvir com você ao meu lado. Jeremias não gostou, mas assentiu. 5 minutos. E ao primeiro sinal de problema, segurança a remove. A enfermeira saiu e momentos depois Vanessa entrou. Eva quase não a reconheceu. A mulher, sempre impecável, estava comum, sem maquiagem, olheiras profundas, cabelos presos em um rabo de cavalo simples.
Ela usava jeans e uma blusa básica, nada dos vestidos de grife que sempre ostentava. Mas o mais marcante era sua expressão. Não havia raiva ali ou amargura, apenas cansaço e algo que parecia arrependimento genuíno. “Obrigada por me receber”, Vanessa disse, parando longe da cama, respeitando o espaço. “Eu não tinha certeza se vocês”. “Cutos” Jeremias cortou. “Você tem 5 minutos e então vai embora para sempre”.
Vanessa assentiu engolindo em seco. Seus olhos pousaram em Daniel e algo passou por seu rosto. Dor, perda, mas também paz. Ele é lindo ela disse suavemente. Parabéns, de verdade. Obrigada, Eva disse cautelosamente. Por que você está aqui, Vanessa? Vanessa respirou fundo. Porque preciso fazer isso corretamente, dizer o que deveria ter dito há muito tempo.
Ela finalmente olhou para Jeremias e lágrimas encheram seus olhos. Você estava certo. Sobretudo. Eu não te amava. Não, realmente. Eu era obsecada pela ideia de você, pelo que você representava. Segurança, status, a vida que eu achava que merecia. Ela limpou uma lágrima. Mas eu nunca te conheci de verdade. Nunca tentei entender o que você precisava. O que te fazia feliz.
Era sempre sobre o que eu queria. Jeremias ficou em silêncio, apenas observando. E quando você terminou comigo, eu eu desmoronei, não porque perdi você, mas porque perdi a vida que tinha planejado. E então você se casou e eu vi todas as minhas fantasias desaparecendo. Então ataquei. Eva, você em particular. Ela se virou para Eva agora. Você não merecia nada do que fiz.
Nada. As mensagens, as ameaças, a campanha de difamação. Deus, eu fui monstruosa. Sua voz quebrou. E a pior parte é que eu sabia. No fundo, eu sabia que estava errada, mas não conseguia parar. Por que parou agora? Eva perguntou suavemente. Vanessa riu sem humor, porque finalmente toquei o fundo. Três dias atrás acordei sozinha em meu apartamento caro, rodeada de todas as coisas que achava que importavam e percebi, eu tenho nada, nenhum amor real, nenhuma conexão verdadeira, apenas raiva e amargura me consumindo por dentro. Ela limpou mais lágrimas. Então, fui à terapia. De verdade, desta vez não
apenas meia hora semanal com alguém que me diz o que quero ouvir, e a terapeuta me fez ver que eu estava destruindo a mim mesma tanto quanto tentava destruir vocês. Vanessa pegou algo de sua bolsa, um envelope, colocou-o na mesinha ao lado da cama, longe o suficiente, que não invadia espaço de Eva.
Isso é uma carta, pedidos formais de desculpa por escrito. E também uma promessa. Estou me mudando para Londres. Aceitei uma posição lá. Vou começar de novo, longe de São Paulo, longe de vocês, longe de todas as lembranças tóxicas. Você não precisa fazer isso. Eva começou, mas Vanessa balançou a cabeça.
Preciso por mim, principalmente, mas também por vocês. Vocês merecem paz, seu filho. Ela olhou novamente para Daniel. Merece crescer sem o veneno que eu trouxe para suas vidas. Silêncio encheu o quarto. Xavá olhou para Jeremias, vendo a surpresa e algo mais. Talvez compreensão em seus olhos. Eu desejo felicidades a vocês, Vanessa disse finalmente. Real, genuíno felicidade.
E Eva, ela encontrou seu olhar. Obrigada. Por quê? por me mostrar o que é amor verdadeiro. Vendo como você e Jeremias são juntos, a forma como lutaram por esse relacionamento me fez perceber que o que eu sentia nunca foi amor, foi posse. E vocês me deram um presente involuntário, a chance de reconhecer isso e mudar. Ela se virou para sair, mas Jeremias a chamou. Vanessa. Ela parou, olhando para trás.
Boa sorte. Em Londres, na terapia, em encontrar o que você realmente precisa. Sem rancor. Os olhos dela se encheram novamente. Sem rancor, ela repetiu. E então saiu, fechando a porta gentilmente atrás de si. Eva soltou uma respiração que não percebeu estar segurando. Você acredita nela? Jeremias considerou.
Acredito que ela acredita no que disse. Se vai realmente mudar, só o tempo dirá. Mas ele se sentou na cama ao lado de Eva e Daniel. Não é mais nosso problema. Nossa história com ela acabou. Finalmente, finalmente. Eva ecoou, sentindo um peso se levantar. O resto do dia passou em névoa feliz.
Daniel foi examinado pelos pediatras e declarado perfeitamente saudável. Eva foi autorizada a ir para casa no dia seguinte, quando finalmente chegaram ao apartamento, agora tecnicamente uma casa, já que Jeremias havia comprado o penthouse inteiro e reformado para acomodar o quarto de bebê elaborado que havia criado, Eva sentiu emoção real.
“Bem-vindo ao lar, Daniel”, ela murmurou, carregando-o através da porta. O quarto de bebê excessivo, obviamente. Jeremias havia contratado os melhores designers e o resultado era algo saído de revista. Paredes pintadas com murais suaves de animais da floresta, berço de mogno com lençóis de algodão egípcio, móbil musical artesanal, poltrona de amamentação que provavelmente custou mais que o primeiro carro de Eva. Você exagerou”, ela disse, “mas sorrindo.
Nada é excessivo para nosso filho.” Jeremias respondeu sem arrependimento. Os primeiros dias em casa foram desafiadores. Daniel era um bebê exigente, acordando a cada duas horas para mamar, chorando quando não estava sendo segurado, testando cada grama de paciência e amor que eles tinham, e eles amavam cada segundo. Eva viu Jeremias se transformar diante de seus olhos.
O empresário frio e calculista desapareceu, substituído por um pai babão que cancelava reuniões para trocar fraldas, que cantava canções de ninar terrivelmente desafinadas às 3 da manhã, que tirava milhares de fotos de cada pequeno movimento de Daniel. Ele sorriu para mim. Jeremias anunciou uma manhã exultante. Amor, ele tem duas semanas. Provavelmente é apenas gás.
Não, foi um sorriso real. Ele me reconheceu. Olhe, ele mostrou uma foto borrada onde Daniel tinha algo que remotamente parecia um sorriso. Eva riu, abraçando seu marido. Você está completamente perdido por ele. Completamente. Jeremias admitiu sem vergonha. Assim como estou perdido por você.
Uma tarde, três semanas após trazer Daniel para casa, Eva estava na varanda observando a cidade enquanto Daniel dormia no carrinho ao lado dela. Jeremias se juntou a ela, dois copos de vinho na mão, o primeiro álcool que Eva tinha desde descobrir a gravidez. “Por nós!”, ele brindou.
“Por nós!”, ela ecoou, tomando um gole do vinho tinto suave. Eles ficaram em silêncio confortável por um momento, apenas observando o pô do sol pintar São Paulo em laranjas e rosas. “Você se arrepende?”, Jeremias perguntou de repente. Eva olhou para ele confusa. Me arrependo de quê? De tudo isso? do casamento arranjado da forma como começamos, de ter sua vida virada de cabeça para baixo.
Eva pensou cuidadosamente antes de responder: “Há um ano, se você tivesse me perguntado o que eu queria da vida, eu teria dito: Segurança, estabilidade, proteção de qualquer coisa que pudesse me machucar.” Ela pausou, olhando para Daniel adormecido. “Mas esse tipo de segurança é vazio. É uma prisão disfarçada de proteção. O que você me deu? O que nós construímos é algo muito maior. É vulnerabilidade, sim. É risco.
É acordar todos os dias e escolher amar, escolher confiar, escolher acreditar que vale a pena. Ela se virou para ele, pegando sua mão livre. Então, não, eu não me arrependo nem por um segundo, porque aquele acordo frio, aquele casamento transacional me levou até aqui, até você, até Daniel, até uma felicidade que nem sabia que era possível.
Jeremias puxou-a para um abraço, beijando seu topo da cabeça. Você sempre foi poética e você sempre foi impossível. Ela retrucou, mas estava sorrindo. Eles ficaram assim enquanto o sol se punha completamente, transformando o céu em violetas profundos, salpicados de estrelas que raramente eram visíveis no céu poluído da cidade. “Obrigado”, Jeremias disse suavemente.
“Por quê? Por acreditar em nós, mesmo quando foi difícil. Mesmo quando todos estavam dizendo que éramos apenas um acordo, apenas conveniência, você acreditou que poderíamos ser mais e estava certa. Eva se afastou apenas o suficiente para olhar em seus olhos. Não fui só eu. Você também lutou.
Você também escolheu todos os dias ser o homem que eu precisava, o homem que Daniel precisa. Vamos sempre escolher isso, Jeremias prometeu. Não importa o que venha, desafios, dificuldades, as inevitáveis surpresas da vida, vamos enfrentar juntos. Juntos? Eva concordou. Daniel escolheu aquele momento para acordar, seu choro suave quebrando o momento sério.
Eva e Jeremias riram, a tensão se dissolvendo. “Alguém quer atenção?”, Eva disse, pegando-o do carrinho. Filho esperto, Jeremias comentou, fazendo caretas para Daniel, que parou de chorar imediatamente e olhou fascinado para o pai. Sabe quando interromper momentos melosos? Definitivamente seu filho. Eva brincou. Eles voltaram para dentro. Jeremias preparando a mamadeira enquanto Eva trocava Daniel.
Eram movimentos coordenados, dança familiar que já haviam aperfeiçoado em semanas. Mais tarde, naquela noite, com Daniel finalmente dormindo em seu berço, um milagre raro. Eva e Jeremias se deitaram em sua própria cama, exaustos, mas contentes. Vamos fazer mais, Jeremias disse de repente. Mais o quê, bebês? Eva riu.
Me dê pelo menos um ano para recuperar. Não quero dizer sim, definitivamente mais bebês, mas também tudo, mais aventuras, mais viagens, mais momentos como hoje, onde é só nós contra o mundo. Nós contra o mundo. Eva repetiu, gostando de como soava. Eu gosto disso. Ela se virou para ele, traçando as linhas de seu rosto na penumbra.
Você sabe o que percebi? O quê? que rumores nunca definiram quem você realmente era. As pessoas diziam que você era frio, incapaz, impossível de amar, mas cada uma dessas coisas era mentira. Você é a pessoa mais quente que conheço. Você é mais do que capaz em todos os sentidos. Ela corou um pouco nessa parte, fazendo-o rir. E você não é impossível de amar.
Você é impossível de não amar. Jeremias segurou seu rosto com ambas as mãos, seus polegares acariciando suas bochechas. Você me salvou, Eva, de uma vida vazia, focada apenas em negócios e sucesso superficial. Me salvou de mim mesmo. Nós nos salvamos um ao outro. Ela corrigiu. Esse é o segredo, acho. Amor verdadeiro não é uma pessoa salvando a outra, é duas pessoas decidindo salvar uma a outra todos os dias. Ele a beijou.
Então, longo e profundo, um beijo que falava de promessas mantidas e futuros compartilhados. Quando se separaram, Eva aninhando-se contra seu peito, ela murmurou: “Eu te amo, Jeremias Mendes. Hoje, amanhã, para sempre, para sempre.” Ele euou seus braços se apertando ao redor dela.
Eu te amo, Evangeline Mendes Santos, minha esposa, minha parceira, meu lar. E assim, envoltos um nos braços do outro, com seu filho dormindo no quarto ao lado e toda uma vida de amor pela frente, Eva e Jeremias finalmente descansaram. A jornada, que havia começado com um acordo frio e calculista, havia se transformado na história de amor mais verdadeira que qualquer um deles poderia imaginar.
Haviam provado que amor não precisa começar com paixão instantânea ou encontros de conto de fadas. Às vezes, amor cresce devagar, construído sobre escolhas diárias, confiança testada e compromisso inabalável. E às vezes os melhores amores são aqueles que ninguém esperava, nem mesmo os próprios amantes. Epílogo, 5 anos depois. Daniel, volta aqui agora.
Eva gritou rindo enquanto perseguia seu filho de 5 anos pelo jardim da casa nova que haviam comprado em um condomínio fechado. Daniel corria com toda a velocidade que suas perninhas permitiam, gargalhando seu cabelo escuro, tão parecido com o de Jeremias, voando atrás dele. Nos braços dele, perigosamente desajeitado, estava sua irmã mais nova, Sofia, de 2 anos.
Não pego, não pego. Daniel cantava, deleitando-se na brincadeira. Se você derrubar sua irmã, Eva avisou, mas estava sorrindo. Impossível ficar brava quando tudo era tão perfeito. Jeremias apareceu do nada, pegando Daniel e erguendo-o no ar. Peguei você, monstro. Daniel Guinechou de alegria. Papai, não é justo. Vida não é justa, filho. Aprenda isso cedo.
Mas Jeremias estava rindo, girando Daniel no ar antes de pegá-lo de uma forma que conseguiu também resgatar Sofia, segurando ambas as crianças com facilidade. Eva observou seu coração transbordando. Seu marido, agora com algumas mechas prateadas nas têmporas, que apenas o faziam mais atraente.
tudo que sempre sonhou em um pai. Paciente, brincalhão, protetivo, mas não sufocante. Foto! Ela anunciou pegando o celular. Os três pousaram. Jeremias com uma criança em cada braço. Daniel fazendo careta engraçada. Sofia chupando o dedinho. O jardim em pleno verão brasileiro ao fundo. Clique! Um momento capturado para sempre.
Agora todos juntos”, Jeremias insistiu chamando Eva. Ela configurou o timer e correu até eles, Jeremias a puxando para dentro do abraço com sua mão livre. Clique, família completa. Mais tarde, naquela noite, crianças dormindo em seus respectivos quartos, Eva e Jeremias se sentaram na varanda da casa, observando o jardim iluminado por lucizinhas de fada que ele havia instalado.
“Não consigo acreditar que já faz 6 anos”, Eva disse suavemente. “Desde o casamento?” Jeremias perguntou, embora soubesse a resposta. Desde tudo o acordo trancoso Daniel Sofia parece uma vida inteira e um piscar de olhos ao mesmo tempo. Arrependida. Era uma piada antiga entre eles. Agora ele perguntava regularmente. Ela sempre respondia da mesma forma. Nem por um segundo.
Jeremias sorriu. Aquele sorriso que ainda fazia seu coração pular. Bom, porque já preparei papéis para o bebê número três. Eva quase cuspiu seu vinho. O quê? Estou brincando. Ele riu da expressão em seu rosto. Talvez a menos que você queira. Jeremias Mendes. Dois é mais do que suficiente. Obrigada. Por enquanto, ele acenou.
Mas em alguns anos impossível, ela murmurou, mas estava sorrindo. Eles ficaram em silêncio confortável, dedos entrelaçados, observando o mundo que haviam construído juntos. Eva, Jeremias disse eventualmente, hum, obrigado por tudo, por me escolher, por lutar por nós, por me dar esta vida. Eva se virou para ele, vendo sinceridade absoluta em seus olhos. Você me deu tanto quanto eu te dei.
Isso é o que parceria significa, certo? Dar e receber em medidas iguais. Então, somos parceiros. Ainda havia algo brincalhão em seu tom, mas também algo mais profundo. Para sempre, Eva prometeu através de tudo, rumores, desafios, dois filhos terríveis, três filhos terríveis, ele corrigiu esperançosamente. Ela o empurrou gentilmente, rindo.
Você é impossível e você me ama de qualquer forma. Eu te amo de qualquer forma. Ela concordou. E assim, sob o céu estrelado, com suas crianças dormindo seguras dentro, com anos de amor comprovado atrás deles e uma vida inteira pela frente, Eva e Jeremias renovaram silenciosamente seus votos. Não precisavam de igreja ou testemunhas, não precisavam de papéis ou cerimônias, apenas precisavam um do outro, assim como sempre precisaram desde aquele primeiro dia, quando um acordo absurdo os trouxe juntos.
O acordo havia terminado há muito tempo, mas o amor, o amor era para sempre. O amor verdadeiro não é encontrado, é construído com paciência, confiança e a coragem de acreditar que algumas histórias só começam quando todos dizem que deveriam terminar. M.