O grito saiu antes que May Johnson entendesse o que via. Suas mãos afundaram na terra macia, macia demais, como se alguém tivesse cavado ali minutos atrás. O regador de metal escorregou dos dedos e bateu nas pedras do jardim com um estrondo que rasgou o silêncio da manhã. Ela caiu de joelhos, dedos frenéticos revolvendo o solo sobeteiros de rosas.
E então tocou algo frio, liso, humano, uma mão pequena. O mundo parou, seu coração não. Ele explodiu contra as costelas, cada batida um grito silencioso enquanto ela cavava, unhas quebrando, palmas rasgando contra pedras ocultas até ver o tecido azul do pijama. O pijama de dinossauros que ela mesma tinha dobrado na noite anterior.
Etan. O nome saiu rouco despedaçado. Maia enfiou os braços sob o corpo do menino e puxou com força demais, desesperada demais. Ele convulsionou no ar, o peito comprimido sacudindo violento, e então gritou: “Um som agudo, sufocado, vivo.” “Desculpa, baby. “Desculpa.” Ela soluçou, apertando-o contra o peito, enquanto ele se contorcia fraco, a boca cheia de terra.
Os dedos minúsculos dele agarraram a gola do uniforme dela como se fosse a única coisa real no mundo. Eu não queria te machucar. Por favor, Jesus, por favor, deixa ele respirar. Ela cambaleou para trás com ele nos braços, terra escorrendo pelas pernas. O choro dele era rouco, estrangulado, o som de alguém que tinha esquecido como gritar.
Socorro! Maia aberrou a voz rasgando a quietude da propriedade. Alguém me ajuda! Uma porta bateu. Passos pesados trovejaram pelo pátio. Richard Cwell, um dos homens mais ricos de Nova York, sempre tão polido, tão controlado, vinha correndo na direção delas e o rosto dele estava transformado.
Não era medo, não era choque, era fúria, cega, animal. O que você fez? Ele rugiu. Maia tentou falar, a voz tremendo descontrolada. Senhor, eu eu encontrei ele enterrado. Eu tirei ele de monstro. Richard avançou e arrancou Ethan dos braços dela com tanta força que o menino gritou de dor. Você enterrou meu filho vivo.
Não, não, senhor, por favor. Maia estendeu as mãos, pânico inundando cada nervo. Eu salvei ele. Eu ouvi ele chorando e a mão de Richard cortou o ar e acertou o rosto dela tão forte que a cabeça virou de lado. Dor explodiu pela mandíbula antes que ela tivesse tempo de reagir. Ela cambaleou, mas ele já estava empurrando-a de novo.
Um empurrão no peito que a jogou para trás, direto nas rosezeiras. Os espinhos rasgaram braços, pernas, costas. O uniforme se abriu em tiras, enquanto ela caía entre os galhos retorcidos, a respiração presa na garganta. Sangue escorreu pelo antebraço. Ela tentou se levantar, mãos tremendo contra o chão. “Senor Caldwell, eu jamais faria.” “Cala a boca.
” Ele sebilou, a voz quebrando de dor e raiva. “Eu confiei você com meus filhos, Richard.” A voz de Celeste flutuou do terraço, suave, preocupada, perfeitamente ensaiada. Ela surgiu com o roupão de seda branco imaculado, cabelo loiro caindo em ondas perfeitas, os olhos arregalados em choque calculado. Correu até o lado dele, colocando uma mão trêmula no ombro do marido.
Meu Deus, Maia, como você pôde? Etan é só uma criança. Não fui eu. Maia sussurrou desesperada. Eu ouvi ele chorando. Eu cavei. Eu salvei ele. Celeste levou a mão à boca, os olhos brilhando com lágrimas que pareciam vir de um script. Você espera que a gente acredite nisso? Você estava sozinha com ele. Você tem agido estranha há semanas. É verdade.
Uma das empregadas gritou da porta. Eu ouvi ela falando sozinha de novo hoje de manhã. Sempre achei que tinha algo errado. Outra voz se juntou. Ela é obsecada por essas crianças. Monstro, assassina de criança. Tira ela daqui. Maia sentiu o chão desaparecer sob ela. Não era o sangue nos braços, não era a dor no rosto, era o olhar deles, todos eles, como se ela fosse algo que precisava ser apagado.
E Celeste, parada ali com aquele sorriso invisível nos olhos, sabia exatamente o que estava fazendo. Richard virou as costas e subiu as escadas com Itan nos braços. O menino ainda tocindo terra, o corpo pequeno, tremendo. Maia ficou ali, de joelhos entre os espinhos, sangue pingando dos cortes nos braços, o gosto de ferro na boca, onde o tapa tinha partido o lábio.
Ela queria gritar a verdade até a voz sumir, mas as palavras morriam antes de sair, sufocadas pelo peso de todos aqueles olhares acusadores. Ninguém a ajudou a levantar. As horas seguintes se arrastaram como vidro moído. Maia sentou nos degraus de mármore frio da entrada lateral, enquanto dois policiais faziam as mesmas perguntas de novo e de novo, vozes monótonas, canetas riscando pranchetas.
Onde você estava antes de encontrar o menino? No jardim. Eu ouvi ele chorando debaixo da terra. O policial mais velho trocou um olhar com o parceiro. “A senhora espera que a gente acredite nisso?” Ela repetiu a história como uma oração quebrada, mas eles não estavam ouvindo, estavam anotando, catalogando, decidindo. Lá dentro, a voz de Celeste flutuava pelo corredor como perfume caro, doce, controlada, letal.
Detetive, a Maia sempre foi instável. Ela fala sozinha, fica olhando as fotos das crianças à noite. Eu eu tinha medo de que ela pudesse machucar alguém. Maia cravou as unhas nas palmas das mãos para não gritar. Quando os policiais finalmente foram embora, ela subiu para o quarto de serviço, um cômodo apertado nos fundos da casa, onde a janela dava para o estacionamento e o ar nunca circulava direito.
Lavou o sangue dos braços na pia rachada, observando a água avermelhada descer pelo ralo. As mãos tremiam tanto que ela precisou apoiar-se na borda da pia. Foi então que ouviu um barulho leve, passos pequenos. Maia se virou. Sou estava parada na porta, os olhos castanhos arregalados, assustados. Segurava o ursinho de pelúcia contra o peito, como um escudo. Miss Maia.
Maia forçou um sorriso suave, enxugando as mãos no avental rasgado. Oi, querida. Sou torceu a orelha do urso entre os dedos. Papai disse que você machucou o Itan. O peito de Maia apertou. Amor, isso não é verdade. A menina hesitou, depois sussurrou baixinho, quase envergonhada. A Celeste me disse para não falar com você.
Ela disse que o fantasma da mamãe tá bravo porque você dá azar. Maia congelou. Fantasma da mamãe. Sofia sentiu séria demais para uma criança de 6 anos. Ela disse que o espírito da mamãe vê tudo. Um arrepio percorreu a espinha de Maia. Ela se ajoelhou, ficando na altura da menina. Querida, fantasmas não culpam pessoas e eu não dou azar.
Sofie ficou em silêncio por um momento, os olhos procurando-os de Maia como quem procura verdade em águas turvas. Então, num fio de voz, ela disse: “Eu acredito em você”. Maia puxou a menina para um abraço apertado, engolindo o soluço que subia pela garganta. Mas naquela noite, deitada no colchão estreito, encarando as rachaduras no teto, Maia não conseguiu dormir.
Cada som da casa parecia amplificado, madeira estalando, vento batendo na janela, as vozes abafadas lá embaixo. Ela repassou tudo na mente, como quem monta um quebra-cabeça no escuro. O grito abafado vindo da terra. O solo recém-revirado, o golpe de Richard, a performance impecável de Celeste. Alguém tinha enterrado Etan. Alguém queria que ela levasse a culpa.
E a casa, essa mansão gigante, com seus segredos escondidos atrás de portas trancadas e sorrisos ensaiados, parecia mais escura agora, mais pesada, como se as paredes guardassem verdades que ninguém queria ouvir. Maia virou de lado, enxugou as lágrimas que insistiam em cair e sussurrou para o silêncio. Senhor, se o senhor me colocou aqui por alguma razão, não me deixa correr.
Não, dessa vez. Lá em cima, atrás de uma porta suavemente fechada, Celeste estava parada junto à janela que dava para o jardim das rosas. Segurava uma taça de vinho tinto, os lábios curvados num sorriso quase imperceptível. O jogo tinha apenas começado. Se essa história te pegou até aqui, se inscreva no canal.
O que vem a seguir vai te deixar sem fôlego. Amanhã seguinte trouxe um céu cinzento e pesado, como se até o tempo soubesse que algo estava errado. A mansão parecia diferente agora. As janelas enormes pareciam olhos julgadores. O silêncio dos corredores sufocava mais do que acalmava. Maia atravessou o hall principal com o uniforme limpo, mas as marcas dos espinhos ainda latejavam sob o tecido.
Ninguém olhou para ela. As outras empregadas passavam rápido, cabeças baixas, como se ela fosse contagiosa. Ela não tinha sido oficialmente demitida. Ninguém tinha dito nada, mas o silêncio era pior que qualquer palavra. Maia voltou para o jardim, não porque quisesse, mas porque precisava entender. O canteiro de rosas ainda estava revirado, a terra escura espalhada pelas pedras do caminho.
Ela se ajoelhou no mesmo lugar onde tinha encontrado Ethan, os dedos afundando devagar no solo ainda solto. Foi então que sentiu algo duro, metálico. Ela cavou com cuidado, o coração acelerando, até que seus dedos tocaram um objeto fino e frio. Puxou devagar. Era um grampo de cabelo prata, delicado, com detalhes gravados.
Maia limpou a terra com o polegar e virou o objeto contra a luz. Duas letras estavam gravadas no verso. E ela congelou, Celeste. O sobrenome dela era Taylor, pelo menos era o que todos chamavam. Mas Maia lembrou de um envelope que tinha jogado fora meses atrás com um remetente marcado Cortêz.
Na época não significou nada, agora pulsava como um segredo pedindo para ser revelado. Maia guardou o grampo no bolso do avental e olhou para a casa. Uma luz estava acesa no quarto de hóspedes. O quarto de Celeste. Uma sombra se moveu atrás da cortina. Observando, Maia recuou rápido, o pulso disparado.
“Você não é quem diz que é”, ela sussurrou para si mesma. “E eu vou descobrir o resto”. Naquela tarde, enquanto dobrava roupas na lavanderia, Maia pegou o celular antigo e discou o único número em quem ainda confiava, detetive Ramirez, um homem que tinha investigado um roubo na propriedade meses atrás e sempre fora respeitoso com ela. Ele não atendeu.
Ela deixou uma mensagem à voz baixa e urgente. Detetive, é a Maia Johnson. Eu sei que vocês acham que eu sou louca, mas aquele menino não se enterrou sozinho. E a mulher lá em cima, ela não é quem diz que é. Eu encontrei algo. Me liga, por favor. Mal ela desligou, ouviu passos leves no corredor. Uma voz suave, quase cantada, ecoou do lado de fora.
Tem gente que não sabe quando parar. Era celeste, falando sozinha ou falando alto o suficiente para Maia ouvir. Maia pressionou as costas contra a parede, o coração batendo tão forte que ela tinha certeza de que podia ser ouvido. Esperou até os passos se afastarem antes de se mover. Ela não estava segura, não mais.
Mas a verdade também não estava. E Maia não ia deixar que ela morresse enterrada como Itan quase morreu. Naquela noite, depois que as crianças foram colocadas na cama, Maia subiu até o quarto delas. Sou estava acordada, olhando para o teto, as mãos apertando o ursinho. “Não consigo dormir”, a menina sussurrou quando Maia entrou.
Maia sentou na beira da cama, passando a mão nos cachos da menina. “Por que não, querida?” Soufi hesitou, depois falou tão baixo que Maia precisou se inclinar para ouvir. Eu vi a Celeste dando injeção no Etan ontem à noite. Ela disse que era vitamina, mas ele chorou. O sangue de Maia gelou. Você viu onde ela guarda essas injeções? Sou apontou para o banheiro da suí de Celeste.
No armário embaixo da pia tem um monte. Maia beijou a testa da menina. Você foi muito corajosa me contando isso. Tá bom. Agora tenta dormir. Eu vou cuidar de tudo. Mas quando Sofie finalmente adormeceu, Maia não desceu para o quarto dela. Ela ficou no corredor, observando a porta fechada do quarto de Celeste, onde uma luz suave ainda brilhava por baixo da fresta.
Havia algo naquela mulher que ia muito além de mentiras. Havia método, havia história, havia dor ou a ausência dela. E Maia, mesmo sabendo que estava pisando em terreno perigoso, sabia que não podia mais recuar. Ela apertou o grampo de cabelo no bolso, como se fosse um talismã, e sussurrou para si mesma: “Senhor, se eu sou suas mãos aqui, me mostra onde cavar, porque dessa vez ela não estava cavando terra, estava cavando verdades.
Você faria o que Maia está fazendo ou sairia correndo?” Conta aqui nos comentários. “Quero saber o que você pensa.” Maia esperou até às 2 da manhã. A casa estava mergulhada em silêncio. Aquele tipo de quietude que não acalma, que amplifica cada rangido do piso, cada suspiro preso na garganta. Ela desceu o corredor descalça, o grampo de cabelo no bolso como prova, o coração batendo tão forte que ela jurava que ia acordar alguém.
A porta do quarto de Celeste estava entreaberta. Maia empurrou devagar. O cheiro de perfume floral invadiu suas narinas. caro, sufocante, falso. Ela entrou. A cama estava vazia, mas a luz do banheiro vazava por baixo da porta. Som de água correndo. Celeste estava lá. Maia foi direto para o armário embaixo da pia. Abriu as portas com cuidado.
Lá dentro, exatamente como Soufy tinha dito, havia uma bolsa térmica pequena. Dentro dela seringas, várias pré-preenchidas, sem rótulo. Ela pegou uma, virou contra a luz. líquido transparente, poderia ser qualquer coisa, vitamina, sedativo, veneno. Procurando algo, Maia congelou. Celesteva parada na porta do banheiro, o roupão branco caindo perfeitamente sobre os ombros, o cabelo molhado, escorrendo como ouro líquido, mas o rosto, o rosto estava diferente.
Não havia mais o sorriso doce, só frieza, controle absoluto. Maia se levantou devagar, a seringa ainda na mão. O que você está dando para aquele menino? Celeste inclinou a cabeça, quase divertida. Cuidado, proteção. Mentira. Maia deu um passo à frente. Você está dopando ele, manipulando ele, fazendo ele esquecer.
Celeste suspirou como se estivesse lidando com uma criança teimosa. Você não entende nada, Maia. Etan estava sofrendo, gritando à noite, tendo pesadelos. Eu só estava ajudando. Ajudando? A voz de Maia tremeu de raiva contida. Você enterrou ele. Silêncio. Os olhos de Celeste brilharam, não de lágrimas, mas de algo mais escuro, mais perigoso. Ele não parava de chorar.
Ela disse, a voz baixa, quase um sussurro. Olhava para mim com aqueles olhos, como ela olhava. Eu só queria que ele parasse. Só por um minuto, só para eu conseguir respirar. Maia sentiu o chão sumir debaixo dos pés. Quem é ela? Celeste não respondeu, mas seus lábios se curvaram num sorriso triste, distante, como se estivesse vendo algo que Maia não podia ver.
“Lily”, Maia sussurrou, lembrando do nome que Souf tinha mencionado dias atrás. “Você fez isso antes?”, Celeste deu um passo à frente. Lily me amava. Ela era a única que não me julgava. Mas ela me deixou. Todos me deixam. Porque você machuca eles? Porque eu amo demais. Maia recuou, mas Celeste continuou avançando, a voz ficando mais aguda, mais desesperada.
Você acha que é melhor que eu? Você que limpa banheiros e dorme num quartinho nos fundos. Você acha que Richard vai escolher você em vez de mim? Isso não é sobre mim. Maia disse firme. É sobre duas crianças que merecem viver sem medo. Celeste parou. Por um segundo, apenas um. Algo quebrou naquele rosto perfeito, uma rachadura, uma dor antiga, mas então ela recompôs a máscara.
“Você não vai contar nada”, ela disse, sorrindo de novo. “Porque quem vai acreditar em você?” Foi quando a porta se abriu atrás delas. Richard estava ali parado, pálido, os olhos fixos nas seringas na mão de Maia, depois em Celeste, depois de volta para Maia. “O que está acontecendo aqui?” Maia virou para ele, a voz saindo clara, forte, sem mais medo.
Ela enterrou seu filho, Richard. E se você não parar ela agora, ela vai fazer de novo. Celeste Rio, um som baixo, trêmulo, quase histérico. Ela está mentindo. Ela invadiu meu quarto. Ela está obsecada, Richard. Eu te avisei. Mas então, do corredor, uma voz pequena cortou o ar como vidro. Papai, todos viraram. Sofie estava ali descalça, segurando o ursinho, os olhos arregalados de medo.
Eu vi, a menina sussurrou. Eu vi ela colocando o Itan na terra. O mundo parou. Richard olhou para Sfi, depois para Celeste, depois para Maia. E Celeste, pela primeira vez não tinha mais palavras. Se essa virada te deixou sem ar, curte agora. Essa história merece ser ouvida. A polícia chegou 20 minutos depois, luzes azuis e vermelhas cortando a escuridão da propriedade como lâminas de vidro.
Maia assistiu da janela do quarto de Soufi, enquanto dois oficiais conduziam Celeste até a viatura. Ela não gritou, não chorou, apenas sorriu. Aquele sorriso frio, distante, de quem sabia que ainda havia cartas na mesa, mesmo perdendo a mão. Richard ficou parado no jardim, as mãos nos bolsos, o rosto vazio. Não olhou para Celeste quando ela passou por ele.
Não disse nada, só ficou ali como um homem que tinha acabado de perceber que viveu meses dentro de uma mentira. Quando o som das sirenes finalmente se afastou, o silêncio voltou. Mas não era o mesmo silêncio de antes. Esse tinha peso, tinha cicatrizes. Maia desceu até a cozinha. As mãos ainda tremiam, mesmo depois de lavar o rosto três vezes na água fria.
Ela se sentou à mesa, dedos entrelaçados tentando processar que tinha acabado, que Celeste tinha ido embora, que as crianças estavam seguras, mas o alívio não veio, só cansaço. Um cansaço tão profundo que ela não sabia se algum dia conseguiria se livrar dele. A porta rangeu. Richard entrou devagar, como quem não tem mais certeza de onde pisar.
Ele puxou uma cadeira e sentou do outro lado da mesa. Por um longo tempo, nenhum dos dois falou. Então ele disse, a voz rouca, quebrada. Eu bati em você. Maia não respondeu. Eu acreditei nela. Eu Ele parou, engolindo com dificuldade. Eu quase perdi meu filho por causa disso. Maia finalmente olhou para ele. Não havia raiva nos olhos dela, só uma tristeza profunda, antiga, do tipo que não precisa de palavras.
Você estava sofrendo? Ela disse baixinho. Gente que sofre acredita em quem promete parar a dor. Richard passou a mão pelo rosto, os ombros curvados como se carregasse o peso de tudo que não tinha visto. Como você aguentou ficar aqui, ser acusada, sangrando? E ainda assim você não foi embora.
Maia olhou para as próprias mãos. Mãos marcadas por terra, sangue, anos de trabalho invisível. Porque eu não consigo deixar crianças sozinhas. Nunca consegui. Ele assentiu devagar, os olhos marejados. Eu fiz os papéis. Você é a guardiã legal deles agora. Se alguma coisa acontecer comigo, eles ficam com você. Maia piscou surpresa. Senhor Richard.
Ele corrigou a voz firme pela primeira vez. Me chama de Richard. Ela engoliu o nó na garganta e a sentiu lá em cima. Passos pequenos ecoaram no corredor. Maia se levantou rápido e subiu as escadas. Itan estava parado no meio do hall descalço, o dinossauro de pelúcia arrastando no chão. Ele olhou para ela com aqueles olhos grandes, ainda assustados, mas buscando algo.
Segurança, talvez, ou apenas a certeza de que ela ainda estava ali. Maia se ajoelhou na frente dele. Oi, baby. Ele não falou, só se jogou nos braços dela, o corpinho pequeno tremendo. Ela o segurou com força, a mão passando pelos cabelos dele, sussurrando baixinho. Você tá seguro agora. Ninguém vai te machucar de novo, eu prometo.
Sofia apareceu na porta do quarto dela, esfregando os olhos. Miss Maia. Vem cá, querida. A menina correu e se juntou ao abraço, os três ficando ali no corredor escuro, apenas existindo juntos, um pequeno círculo de calor no meio de uma casa que ainda cheirava a segredos. Mais tarde, quando as crianças finalmente dormiram, Maia voltou para o jardim.
A terra ainda estava revirada onde Itan tinha sido enterrado. Ela se ajoelhou ali de novo, mas dessa vez não cavou. Apenas pressionou a palma da mão contra o solo e fechou os olhos. “Obrigada”, ela sussurrou. “Não sabia exatamente para quem. Deus, a avó, o universo. Talvez para si mesma por não ter desistido. O vento soprou suave. levando o cheiro das rosas.
E pela primeira vez em dias, Maia sentiu que podia respirar de novo. Ainda doía, ainda pesava, mas ela tinha sobrevivido. E agora, finalmente, eles todos podiam começar a viver de verdade. Se essa história te tocou de verdade, você pode apoiar nosso canal com um super thanks ou se inscrever agora. Isso faz toda a diferença pra gente continuar trazendo histórias reais como essa.
Três meses depois, o jardim da mansão Caldwell estava diferente. As rzeiras tinham sido podadas, replantadas. Novos canteiros de zíneas e lavanda ocupavam os espaços onde antes só havia terra revolvida e memórias enterradas. Maia passou a manhã ajoelhada na grama, ensinando Sofia a plantar sementes de girassol. Ethan corria entre as árvores com o dinossauro de pelúcia rindo.
Aquele tipo de riso que só vem quando a criança finalmente esquece o que é ter medo. Richard observava da varanda uma xícara de café na mão. Ele ainda carregava o peso da culpa nos ombros, mas aprendeu a dividir o fardo. E Maia, de alguma forma aprendeu a aceitar que nem todo perdão precisa ser dito em voz alta. Às vezes ele vem em gestos, em confiar de novo, em deixar que alguém fique.
Maia agora dormia no quarto de hóspedes do segundo andar, não porque Richard insistiu, mas porque as crianças pediram, queriam ela perto. Queriam saber que se acordassem no meio da noite, ela estaria ali. E ela estava sempre. Celeste foi condenada. As investigações revelaram uma trilha de identidades falsas, famílias destruídas.
crianças manipuladas. Lily, a menina que ela tanto mencionava, nunca foi encontrada. Talvez estivesse viva em algum lugar, recomeçando sob outro nome, ou talvez tivesse virado apenas mais uma sombra no passado de uma mulher que nunca aprendeu a amar sem sufocar. Maia não pensava mais nela todos os dias, mas às vezes quando passava pelo canteiro onde encontrou Itan, sentia um aperto no peito, não de dor, mas de algo próximo à gratidão.
Porque aquele momento terrível, aquele grito abafado vindo da terra, foi o que a fez entender que ela não estava ali por acaso. Ela estava ali para ver, para ouvir, para não deixar que o invisível permanecesse enterrado. Naquela tarde, depois que as crianças entraram para o banho, Maia ficou sozinha no jardim.
Olhou para a placa pequena que tinham colocado perto das rosas brancas. Não tinha nomes, não tinha datas, só uma frase simples. Para os que foram vistos, para os que nunca mais serão esquecidos. Ela tocou a terra com a ponta dos dedos e sussurrou: “Obrigada por me deixar ficar”. Sabe, essa história não é só sobre Maia.
É sobre todas as vezes que alguém viu algo errado e decidiu não virar as costas. Sobre todas as vezes que alguém acreditou em quem ninguém mais acreditava. Sobre a coragem de cavar, não só a terra, mas a verdade. Mesmo quando o mundo inteiro diz que você está louca. Maia nos ensina que justiça nem sempre vem rápida, nem sempre vem com aplausos.
Às vezes, ela vem em silêncio, em um abraço apertado de uma criança que finalmente pode dormir sem pesadelos, em um homem que aprende a pedir desculpas, em um jardim que floresce de novo, mesmo depois de ter guardado tanta dor. E talvez o mais importante, ela nos lembra que amor de verdade não possui, não controla, não enterra.
Amor de verdade protege, escuta e fica, mesmo quando seria mais fácil ir embora. Então, se você chegou até aqui, eu quero te dizer uma coisa. Você não está sozinho nas suas batalhas invisíveis, naquilo que ninguém vê, mas que você carrega todos os dias, nas vezes que você quis desistir, mas escolheu ficar. Eu vejo você e essa história também é sua.
Obrigado por assistir até o fim. Histórias como essa não são fáceis de contar, mas são importantes, porque elas nos lembram que mesmo nos lugares mais escuros, ainda existe gente disposta a acender a luz. Se essa história tocou seu coração, tem outra te esperando logo aqui. Talvez ela também te encontre exatamente onde você precisa estar encontrado. Até a próxima.
E lembra, você é mais forte do que pensa.