Uma jovem veterinária, um fazendeiro milionário viúvo, um segredo proibido que poderia destruir tudo. Mas quando ele sussurrou: “Eu vou cuidar de você”. Ela descobriu que o amor verdadeiro vale qualquer risco. Esta é a história de Marina e Roberto, uma narrativa de paixão, perdão e redenção que vai arrancar lágrimas dos seus olhos.
E você, de onde está nos assistindo? Deixa nos comentários. Se você ama histórias de romance intenso e transformação, se inscreva no canal e deixe seu like. Vamos começar. A chuva tamborilava contra a janela do quarto vazio. Marina Oliveira, 25 anos, estava sentada no chão frio de um apartamento que já não reconhecia mais como seu. As mãos tremiam enquanto segurava o celular, relendo a mensagem pela décima vez.
Desculpa, Marina. Eu e a Camila estamos juntos agora. O dinheiro da conta é meu por direito. Boa sorte com tudo, Felipe. Ela soltou uma risada amarga que ecoou pelas paredes nuas. Boa sorte. Como se sorte fosse algo que ainda existisse em sua vida. Três dias. Havia apenas três dias.
Ela tinha enterrado sua mãe, dona Teresa, que lutou meses contra um câncer agressivo. Mes em que Marina dividiu seu tempo entre a faculdade de veterinária, o trabalho parttime e os hospitais. Nove meses em que Felipe prometeu estar ao seu lado, segurar sua mão, ser seu porto seguro. Mentiras. Tudo mentiras. Enquanto ela velava o corpo de sua mãe enquanto recebia abraços de pêes de pessoas que mal conhecia, Felipe esvaziava a conta bancária conjunta, os últimos R$ 4.
000 que Marina tinha economizado e se mudava com Camila, sua ex-colega de apartamento. Os móveis, os eletrodomésticos, até as panelas levaram tudo. Marina olhou ao redor. O apartamento alugado estava vazio, exceto por sua mochila de viagem encostada na parede e uma foto emoldurada de sua mãe que ela segurava contra o peito.
“O que eu faço agora, mãe?”, sussurrou para a foto, as lágrimas finalmente transbordando. “Como eu saio dessa?” O celular vibrou. Era Beatriz, sua melhor amiga da faculdade. “Mina, atende. Estou preocupada.” Com os dedos trêmulos, Marina atendeu a chamada. Bia! Sua voz saiu quebrada, quase irreconhecível. Marina, meu Deus, eu soube. A Carol me contou tudo sobre o Felipe.
Onde você está? No apartamento. Mas não tenho como pagar o aluguel. Não tenho nada, Bia. Ele levou tudo. Do outro lado da linha. Beatriz respirou fundo. Marina a conhecia bem o suficiente para reconhecer o tom decidido que veio a seguir. Escuta aqui. Você vai sair desse inferno agora. Estou comprando uma passagem de ônibus para você. Vem paraa fazenda.
Fica aqui comigo e com meu pai pelo tempo que precisar. Bia, eu não posso. Pode sim. E vai. Fim de discussão. Te mando os detalhes por mensagem. Você embarca amanhã de manhã, mas seu pai nem me conhece. Ele não vai querer. Meu pai vai aceitar porque eu estou pedindo. E Marina, você vai se recuperar, eu prometo.
Quando a ligação encerrou, Marina abraçou os joelhos e chorou. Chorou pela mãe que se foi, pelo relacionamento que era uma farsa, pela vida que desmoronou em questão de dias. Mas no fundo do peito, uma pequena fagulha de esperança começou a brilhar. Talvez, apenas talvez ainda houvesse um caminho.
Na manhã seguinte, Marina embarcou no ônibus com apenas uma mochila nas costas e o coração dilacerado. Enquanto São Paulo desaparecia pela janela, ela não tinha ideia de que estava indo ao encontro do homem que mudaria sua vida para sempre. Um fazendeiro milionário, um viúvo atormentado, um amor proibido que desafiaria tudo. A jornada de Marina Oliveira estava apenas começando.
7 horas depois, o ônibus parou em uma pequena cidade do interior de Minas Gerais. Marina desceu com as pernas dormentes e os olhos ardendo de cansaço. O ar era diferente aqui, mas limpo, perfumado com café e terra molhada. Marina! Ela virou-se e viu Beatriz correndo em sua direção, os cabelos castanhos esvoaçando ao vento. O abraço que recebeu foi apertado, desesperado, cheio de uma amizade que tinha resistido aos 4 anos de faculdade, e agora seria testada de formas que nenhuma delas poderia prever. Deixa eu te olhar. Bia afastou-se, segurando os ombros de
Marina. Seus olhos se encheram de lágrimas. Você está tão magra. Não tive muito apetite ultimamente. Marina tentou sorrir, mas falhou. Vem, vamos para casa. O carro de Bia, uma caminhonete Hilux branca impecável, serpenteou por estradas de terra que cortavam morros cobertos de pasto verde.
À medida que subiam, Marina começou a vislumbrar a imensidão da fazenda Vale do Sol. Eram milhares de hectares, gado de raça marchando graciosamente pelos pastos, cavalos manga larga marchador galopando livres em piquetes, cercados por cerca elétrica, plantações de café que se estendiam até onde a vista alcançava.
Tudo meticulosamente cuidado, próspero, imponente. Bia, isso aqui é Marina não encontrou palavras. É muito, eu sei. Às vezes ainda me impressiono. Eles passaram por galpões modernos, estábulos que pareciam mais limpos que muitos hospitais, funcionários que acenavam respeitosamente para Beatriz. Tudo funcionava como uma máquina bem azeitada. Finalmente, a casa principal surgiu no topo de um morro.
Era uma construção imponente, uma mistura de arquitetura colonial mineira com toques modernos, varandas amplas com colunas de madeira, janelas enormes que capturavam a luz do entardecer, jardins cuidados com perfeição. É aqui, Bia estacionou. Vem, meu pai deve estar no escritório. O coração de Marina acelerou.
Ela tinha ouvido histórias sobre Roberto Almeida durante a faculdade, o fazendeiro viúvo que transformou uma propriedade herdada em um império do agronegócio. Bia falava dele com uma mistura de amor e temor reverencial. Elas entraram pela porta principal. O interior era elegante, mas acolhedor. Móveis rústicos de madeira maciça, tapetes persas, paredes decoradas com fotografias antigas da fazenda.
Marina notou imediatamente os retratos de uma mulher linda de cabelos escuros. e sorriso gentil. A falecida esposa de Roberto, Helena. Pai, Bia chamou. Passos firmes ecoaram pelo corredor e então ele apareceu. Roberto Almeida tinha 48 anos, mas parecia mais jovem. Alto, devia ter 1,90 m. Ombros largos que preenchiam completamente a camisa social azul clara, com as mangas dobradas até os cotovelos.
Os braços eram musculosos, marcados por veias salientes e pele bronzeada pelo sol. O rosto era anguloso, mandíbula forte coberta por uma barba por fazer, que lhe dava um ar ainda mais másculo. Os cabelos castanhos estavam levemente grisalhos nas têmporas, cortados curtos e elegantes, mas foram os olhos que paralisaram Marina, castanhos escuros, quase pretos, penetrantes como se pudessem enxergar através das máscaras que as pessoas usavam.
Havia dor ali, uma tristeza antiga que ele carregava como uma segunda pele, mas também força, determinação, autoridade. Este era um homem acostumado a comandar, a ser obedecido. Pai, essa é a Marina, minha melhor amiga da faculdade. Marina, meu pai, Roberto. Roberto estendeu a mão.
Era grande, calejada, com dedos longos e fortes. Quando Marina a apertou, sentiu o calor irradiar pelo braço. Bem-vinda à fazenda Vale do Sol, Marina. Sua voz era grave, aveludada, carregada de uma autoridade natural que fazia pessoas prestarem atenção. “Obrigada por me receber, Senr. Almeida. Eu não quero ser um incômodo. Roberto, pode me chamar de Roberto.
Ele a estudou por um momento que pareceu durar uma eternidade. Beatriz me contou sobre sua situação. Sinto muito pela sua mãe. Marina engoliu em seco, forçando as lágrimas a não caírem. Obrigada. Você vai ficar no quarto de hóspedes do segundo andar. Ele continuou. Qualquer coisa que precisar é só pedir. Beatriz, mostra o quarto para ela.
E com isso ele voltou para o corredor, desaparecendo tão rapidamente quanto havia aparecido. Marina soltou um suspiro que não sabia que estava segurando. E então, Bia perguntou com um sorriso travesso. O que achou? Ele é intimidador. Isso é pouco. Meu pai é uma força da natureza, mas não se preocupa. Ele tem um coração bom, mesmo que não mostre muito.
Enquanto subia às escadas atrás de Beatriz, Marina olhou pela janela que dava para os pastos iluminados pelo pô do sol. Ela não sabia ainda, mas aquele seria o lugar onde sua vida se reconstruiria, e o homem que acabara de conhecer seria a razão de cada batida acelerada do seu coração. Naquela noite, enquanto Marina deitava em uma cama confortável pela primeira vez em dias, uma única pergunta ecoava em sua mente.
O que estava fazendo ali? Mas a resposta ela descobriria era muito mais complicada do que jamais imaginara. Duas semanas se passaram. Marina tentava se fazer útil de todas as formas possíveis. Ajudava na cozinha, organizava a biblioteca, cuidava do jardim, mas era nos estábulos que ela se sentia verdadeiramente viva. Era uma manhã de quinta-feira quando Joaquim, o capataz da fazenda, entrou na casa principal com o rosto preocupado.
Seu Roberto é o imperador. Ele está mancando forte. Chamei o veterinário da cidade, mas ele só consegue vir amanhã. Roberto franziu a testa. Imperador era seu cavalo manga larga, marchador campeão, avaliado em mais de R$ 200.000. Deixa eu ver. Marina se levantou da mesa do café. Sou veterinária. Todos os olhos se voltaram para ela.
Roberto a avaliou com aquele olhar penetrante. Você acabou de se formar. Não era uma pergunta, era uma afirmação carregada de ceticismo. Marina ergueu o queixo. Acabei, mas fiz estágio no hospital veterinário da USP por do anos. Trabalhei com equinos o tempo todo. Joaquim, leva ela até o imperador. Roberto decidiu após um momento de silêncio. Mas qualquer coisa errada você para e espera o Dr.
Silva chegar amanhã. Marina seguiu Joaquim até os estábulos de elite. Eram instalações de tirar o fôlego, boxes espaçosos, piso antiderrapante, iluminação perfeita, sistema de ventilação de última geração. Imperador era um garanhão magnífico, pelagem castanha brilhante, crinas negras, músculos definidos, mas estava claramente desconfortável, o peso corporal todo perna direita. Oi, lindo.
Marina se aproximou devagar. a voz suave. “Vou te ajudar, tá bom?” Ela examinou cada casco com cuidado, depois apalpou os tendões, os ligamentos, observou a resposta do animal a cada toque. Sua mente trabalhava rápido, eliminando possibilidades. “Abcesso”, ela concluiu no casco esquerdo. “Preciso drenar antes que a infecção se espalhe. “Tem certeza?”, Joaquim perguntou hesitante, absoluta.
Ela pediu os instrumentos, esterilizou tudo, aplicou o sedativo leve. Seus movimentos eram precisos, confiantes, anos de estudo e prática se manifestando em cada gesto. Foi quando Roberto entrou no estábulo. Ele parou na entrada, observando Marina trabalhar. Ela nem percebeu sua presença.
Estava completamente focada, conversando baixinho com o imperador enquanto drenava o abesso, limpava a ferida, aplicava o tratamento. 20 minutos depois, o cavalo já estava visivelmente mais confortável. Pronto, meu príncipe. Marina acariciou o pescoço dele. Daqui três dias você vai estar trotando de novo. Foi só quando se virou que viu Roberto encostado na parede, os braços cruzados sobre o peito, os olhos fixos nela. Senor Almeida, eu não não sabia que estava aí, Roberto.
Ele corrigiu, se aproximando. Como ele está? Era um abesso. Drenei, limpei, apliquei antibiótico tópico. Ele vai precisar de curativos diários e antiflamáticos por via oral. Em três dias estará curado. Roberto estudou o curativo impecável. Depois olhou para Marina. Havia algo diferente em seu olhar agora. Respeito.
Você é boa. Eu disse que era. Um canto da boca dele se curvou em algo que quase poderia ser um sorriso. Joaquim, a Marina vai assumir os cuidados veterinários da fazenda. até o imperador estar recuperado. Qualquer problema com os animais, chama ela primeiro. Sim, senhor. Joaquim acenou claramente impressionado.
Quando Roberto saiu, Marina percebeu que suas mãos tremiam, mas não era de nervosismo. Era algo completamente diferente. Os dias seguintes transformaram a rotina de Marina. Ela acordava antes do sol nascer e acompanhava Roberto nas rondas pela fazenda. Ele checava os pastos, o gado, as plantações. Ela monitorava a saúde dos animais.
Era durante essas rondas silenciosas, montados a cavalo pelos morros nebulosos de madrugada, que uma conexão começava a se formar. “Por que veterinária?”, Roberto perguntou um dia enquanto cavalgavam lado a lado. Marina acariciou o pescoço da égua que montava. Minha mãe tinha um gato quando eu era criança, Tiger. Ele ficou doente e não conseguimos salvar. Eu tinha oito anos.
Jurei que quando crescesse ia aprender a salvar animais. E salvou. Salvei, mas não consegui salvar minha mãe. O silêncio que seguiu era pesado. Roberto puxou as rédeas, fazendo seu cavalo parar. Marina o imitou. Eu perdi minha esposa há 10 anos, ele disse, os olhos fixos no horizonte onde o sol começava a nascer. Câncer de mama. 6 meses do diagnóstico até até o fim. Helena tinha 36 anos. Beatriz tinha 15.
Marina sentiu o coração apertar. Sinto muito. Eu me culpei durante anos. Pensei que se tivesse insistido para ela fazer os exames antes, se tivesse percebido os sinais, ele balançou a cabeça. Mas você aprende que existem coisas que não podemos controlar. A morte é uma delas, mas é tão injusto. Roberto finalmente olhou para ela. É, mas sobreviver também é uma escolha. Você está escolhendo sobreviver, Marina.
Poucos têm essa força. Algo passou entre eles naquele momento. Uma compreensão mútua, um reconhecimento de dor compartilhada e o primeiro fio de uma conexão que se tornaria inquebrável. Bem, mas Marina não sabia que essa conexão estava prestes a se tornar perigosa, muito perigosa. Foi na terceira semana que a tempestade chegou. Não era comum naquela época do ano.
Maio, no interior de Minas Gerais, geralmente significava dias secos e noites frias. Mas o vento começou a soprar com força no meio da tarde. As nuvens escureceram o céu como tinta derramada e a temperatura despencou 10 graus em minutos. Jeada! Joaquim murmurou, olhando para o céu com preocupação. É forte, seu Roberto, o gado do pasto alto. Roberto já estava se levantando da cadeira do escritório. Quantas cabeças? 23.
As novilhas prenhas. Merda. Roberto passou a mão pelo cabelo. Joaquim, pega o Toninho e o Manuel. Vamos buscar elas antes que a tempestade pegue forte. Marina. Ela apareceu na porta, os olhos arregalados. Sim, você vai comigo. Se alguma entrar em trabalho de parto por causa do estresse, vou precisar de você. Não havia espaço para a discussão.
15 minutos depois, Marina estava na boleia da caminhonete ao lado de Roberto, com Joaquim e dois peões na caçamba atrás. Enquanto eles subiam à estrada íngreme que levava ao pasto mais alto da fazenda. O vento uivava. As primeiras gotas de chuva começaram a cair, pesadas, geladas, quase granizo. “Vai ser feio”, Roberto murmurou, as mãos firmes no volante. Quando chegaram ao pasto, a cena era caótica.
As novilhas estavam agrupadas em um canto, assustadas com os trovões que ecoavam pelos morros. A chuva agora caía em cortinas pesadas, a visibilidade reduzida a metros. Vamos, toca elas pro caminhão boiadeiro. Roberto gritou acima do barulho da tempestade. Marina nunca tinha trabalhado com gado antes, mas seus instintos de veterinária entraram em ação.
Ela correu sob a chuva gelada, ajudando a guiar as novilhas assustadas para o caminhão que Toninho tinha trazido. Foi quando ela ouviu um mugido baixo, desesperado, vindo de trás de uma moita. Roberto, ela gritou. Tem uma aqui. Ela está. Marina correu até a novilha e seu coração despencou. A vaca estava deitada de lado, as contrações já visíveis.
O trabalho de parto tinha começado, provavelmente induzido pelo estresse da tempestade. Roberto apareceu ao lado dela em segundos, os olhos avaliando a situação. Joaquim, leva as outras. Eu fico aqui com a Marina. Mas seu Roberto, essa tempestade vai. Joaquim obedeceu, levando os outros peões.
O rugido do caminhão desapareceu morro abaixo, deixando Roberto e Marina sozinhos com a novilha em trabalho de parto, no meio de uma tempestade que se intensificava a cada segundo. “Ela vai precisar de ajuda”, Marina gritou acima do vento. “O bezerro está mal posicionado.” Sem pensar duas vezes, Marina se ajoelhou na lama, esquecendo o frio que penetrava seus ossos.
Suas mãos trabalharam com precisão, mesmo tremendo, guiando o bezerro, reposicionando. Roberto se ajoelhou ao lado dela, segurando a cabeça da novilha, murmurando palavras tranquilizantes. 20 minutos. 30. A chuva castigava, o vento ameaçava derrubá-los. Os dedos de Marina estavam dormentes. “Vai!”, ela gritou, “ma pouco!”.
E então, em um momento de pura magia em meio ao caos, o bezerro deslizou para fora. Marina limpou rapidamente as vias aéreas dele. Esperou um segundo, dois, seu coração martelava. E então o bezerro torciu, respirou, mugiu. Está vivo? Ela chorou, não sabendo mais o que eram lágrimas e o que era chuva no seu rosto. Roberto a puxou para cima com força.
Vem, precisamos tirar eles daqui. Ele carregou o bezerro recém-nascido no colo, como se não pesasse nada enquanto guiava a mãe cambaliante até a caminhonete. Marina corria ao lado, assegurando que a novilha não caísse, quando finalmente chegaram ao galpão principal e colocaram mãe e filho em segurança, ambos desabaram contra a parede, encharcados. tremendo exaustos. Roberto olhou para Marina.
Ela estava irreconhecível, cabelo grudado no rosto, roupas cobertas de lama e sangue, lábios azuis de frio, mas seus olhos brilhavam. “Você salvou os dois”, ele disse a voz rouca. “Nós salvamos.” Ela corrigiu, os dentes batendo. Ele tirou o casaco, tão molhado quanto o resto, e jogou sobre os ombros dela de qualquer jeito.
O gesto era inútil, mas fez o coração de Marina acelerar. “Você está com hipotermia”, ele constatou. “Precisa se aquecer agora”. Eles correram até um galpão menor, onde ficava armazenado o equipamento, e, no canto um pequeno escritório improvisado. Roberto acendeu um aquecedor velho, pegou uma garrafa de cachaça de uma gaveta.
Bebe”, ele ordenou, derramando uma dose generosa em um copo. Marina obedeceu. O líquido queimou sua garganta, mas o calor se espalhou pelo peito. Roberto bebeu direto da garrafa, os olhos nunca deixando o rosto dela. O silêncio entre eles era carregado de algo novo, algo perigoso. “Obrigado”, ele disse finalmente, “por não ter desistido lá fora. Eu nunca desisto”, Marina respondeu, encontrando os olhos dele.
que Roberto viu pela primeira vez em 10 anos, ele olhou para uma mulher e sentiu algo além de vazio. Ele sentiu vontade, desejo, medo. “Você não é frágil”, ele murmurou, “maais para si mesmo do que para ela. Nunca disse que era.” A mão dele se ergueu quase como se tivesse vontade própria, e afastou uma mecha de cabelo molhado do rosto dela.
O toque durou um segundo, talvez menos, mas mudou tudo. Aquela noite, enquanto Marina se deitava em sua cama, ainda sentindo o fantasma do toque de Roberto em sua pele, uma verdade aterrorizante começou a se formar. Ela estava se apaixonando pelo pai da sua melhor amiga, e isso só poderia terminar em desastre. Os dias seguintes foram uma tortura silenciosa.
Marina se pegava, procurando Roberto com os olhos durante o café da manhã, notando pequenos detalhes. A forma como ele segurava a xícara de café, a linha forte do maxilar quando estava concentrado, o jeito como seu rosto se suavizava minimamente quando Beatriz contava alguma história engraçada.
E pior, ela sabia que ele também a observava. Olhares que duravam um segundo a mais, as mãos que quase se tocavam quando passavam sal na mesa, a forma como a voz dele se suavizava imperceptivelmente quando falava com ela. Era loucura, era impossível, mas estava acontecendo. Você está diferente. Beatriz comentou uma tarde enquanto descansavam na varanda. Mas não sei.
Animada, Marina forçou um sorriso. Acho que o ar do campo está me fazendo bem. Eu te disse, esse lugar cura tudo. Bia esticou as pernas, suspirando satisfeita. Aliás, tenho novidades. O Thaiago vai vir visitar semana que vem. Marina se virou. Seu namorado? Sim. Faz três meses que a gente está junto. Ele mora no Rio, é empresário.
Está louco para conhecer a fazenda. O sorriso de Bia vacilou um pouco. E conhecer meu pai, seu pai não aprova. Meu pai não aprova ninguém. Bia revirou os olhos. Desde que a mãe morreu, ele se fechou. Nenhum relacionamento é bom o suficiente. Mas o Thago é diferente. Ele é bem-sucedido, ambicioso. Meu pai vai ter que aceitar.
Marina não disse nada, mas algo no tom de Beatriz a incomodou. Havia uma nota de desafio ali, como se ela estivesse tentando provar algo. Aquela noite, Marina não conseguia dormir. Era quase meia-noite quando desceu para pegar água na cozinha. A casa estava silenciosa, iluminada apenas pela luz suave da lua que entrava pelas janelas.
Ela estava voltando para o quarto quando viu luz vazando pela porta entreaberta do escritório de Roberto. Deveria ter seguido em frente. Deveria ter voltado para o quarto, mas sua mão bateu levemente na porta antes que o cérebro pudesse impedir. Entre. Roberto estava sentado atrás da grande mesa de madeira, papéis espalhados à sua frente, um copo de whisky pela metade.
Ele tinha tirado a camisa social e vestia apenas uma camiseta branca que marcava cada linha do torço musculoso. Marina, ele se levantou rapidamente. Aconteceu algo? Não, eu só vi a luz e silêncio. Quero um. Ele ergueu o copo de whisky. Ela deveria ter dito não. Sim. Roberto serviu uma dose em outro copo e o entregou a ela. Seus dedos se tocaram no processo. Nenhum dos dois se afastou imediatamente.
“Não consegue dormir?”, Marina? Perguntou, sentando-se em uma das poltronas. “Raramente consigo.” Ele se acomodou na poltrona ao lado, não atrás da mesa, mais perto. “E? Muita coisa na cabeça. Quer falar sobre?” Marina? Tomou um gole do whisky, sentindo a coragem artificial invadir suas veias. Por que você nunca se casou de novo? A pergunta o pegou desprevenido. Ela viu a mandíbula dele contrair. Desculpa, eu não deveria não.
Ele a interrompeu. É justo. Roberto olhou para o retrato de Helena na parede, uma foto antiga onde ela sorria radiante. Helena era perfeita, gentil, paciente, entendia esse mundo louco do agronegócio. Quando ela morreu, uma parte de mim morreu junto. Achei que nunca mais ia sentir nada por ninguém. E agora os olhos dele encontraram os dela, intensos, perigosos.
Agora estou começando a perceber que estava errado. O ar ficou pesado. Marina deveria ter se levantado. Deveria ter dito boa noite e saído, mas não conseguia se mover. Roberto, sua voz era apenas um sussurro. Não fala, ele pediu a voz rouca. Por favor, não fala nada, porque se você falar, eu vou ter que admitir o que está acontecendo. E eu não posso, não posso fazer isso.
Fazer o quê? Ele se levantou bruscamente, virando de costas para ela. Você é amiga da minha filha. Você está se recuperando de uma tragédia. Tem 25 anos. Pelo amor de Deus, eu sou velho o suficiente para ser. Não termina essa frase. Marina se levantou também, o coração batendo descontroladamente. Você não é velho e eu não sou uma criança. Roberto se virou.
A distância entre eles era de apenas 2 m, mas parecia um abismo. Marina, se você não sair desse escritório agora, eu vou fazer algo que a gente vai se arrepender. Ela deveria ter saído. Toda a parte racional do seu cérebro gritava para sair, mas Marina deu um passo à frente. E se eu não quiser sair? A respiração de Roberto ficou pesada. Ele fechou os olhos, os punhos cerrados ao lado do corpo.
Não faz isso comigo ele implorou. Por favor, Marina deu mais um passo. Estava a menos de 1 metro agora, Roberto. E então a porta do escritório se abriu. Beatriz entrou sonolenta, vestindo um pijama. Pai, você viu onde eu? Ó, ela parou ao ver Marina. Você também está acordada? Marina se afastou de Roberto tão rápido que quase tropeçou.
Eu eu estava pegando água e vi a luz. Vim ver se estava tudo bem. Está tudo Roberto respondeu a voz controlada demais. Só estava revisando uns contratos. Vão dormir vocês duas. Beatriz franziu a testa, sentindo a tensão no ar, mas não entendendo a fonte. Tá bom. Boa noite. Marina praticamente correu do escritório. Naquela noite deitada em sua cama, ela se odiou.
odiou o que estava sentindo, odiou que seu coração acelerasse quando pensava nele, mas, mais que tudo, odiou que não se arrependesse, porque em algum canto da alma marina sabia o que quer que estivesse acontecendo entre ela e Roberto, já tinha ido longe demais para voltar atrás. E quando Thaiago chegasse, tudo iria explodir. Thiago Mendes chegou em uma sexta-feira de tarde, dirigindo um BMW preto reluzente que contrastava com as caminhonetes empoeiradas da fazenda.
Marina ouviu descer do carro e imediatamente sentiu um desconforto no estômago. Ele era bonito, não havia como negar. alto, atlético, cabelo escuro penteado para trás com gel, barba rala bem feita, usava calça social, sapato social e camisa branca com as mangas dobradas, completamente inadequados para uma fazenda. Meu amor, Beatriz correu para abraçá-lo.
Thago a beijou, mas seus olhos já varriam a propriedade, calculando, avaliando. Marina reconheceu o tipo, um empresário da cidade que via tudo como oportunidade de negócio. “Então, essa é a famosa fazenda Vale do Sol”, ele disse, sorrindo. “Iprressionante. Você não tinha me dito que era tão grande? Vem, vou te apresentar pro meu pai.
” Roberto estava no alpendre, os braços cruzados observando. Quando Thago se aproximou, a mão dele estendida, Roberto a apertou com força suficiente para fazer o outro homem piscar. Senr. Almeida, prazer em finalmente conhecê-lo. A Bia fala muito do senhor. Roberto, está bom. A voz era seca, formal. Seja bem-vindo.
E essa deve ser a famosa Marina. Tiago virou-se para ela, os olhos percorrendo seu corpo de uma forma que a fez querer cruzar os braços. A melhor amiga da Bia. Ouvi falar do seu drama. A palavra foi dita com falsa simpatia, mas Marina captou o tom condescendente. Tiago ela respondeu fria. Naquela noite durante o jantar, Thago não parou de falar sobre seus negócios.
Tenho três empresas de consultoria, faturamento de oito dígitos sobre o Rio de Janeiro. São Paulo é legal. Mas o rio tem outro nível, sabe? Sobre suas viagens. Acabei de voltar de Maiaam Mima pensando em comprar um apartamento lá. Marina notou que Roberto mal tocava na comida, os olhos fixos em Thiago com uma expressão indecifrável. “Senhor Roberto.
” Thiago se virou para ele com um sorriso confiante. Bia me contou que o senhor tem quase 5000 haares aqui. Já pensou em diversificar? Tipo, transformar parte disso em um resort? Turismo rural está em alta. Investidores pagariam milhões. O silêncio que se seguiu era cortante. Esta fazenda, Roberto disse lentamente cada palavra medida. Está na minha família há quatro gerações. Meu bisavô construiu isso com as próprias mãos.
Não é um resorte, é um legado. Claro, claro. Thago ergueu as mãos sem ofensa. Só estava pensando no futuro, no potencial financeiro. O futuro desta fazenda não está à venda. Beatriz lançou um olhar suplicante ao pai. Pai, o Thago só estava dando ideias e eu estou agradecendo pelas ideias, mas o assunto está encerrado.
A refeição continuou em silêncio tenso. Mais tarde, Marina encontrou Roberto no estábulo, escovando o imperador com movimentos mais bruscos que o necessário. “Você não gostou dele”, ela disse, encostando-se na porta do box. Não é da minha conta quem minha filha namora, mas você tem opinião.
Roberto parou de escovar, os ombros tensionando. Ele olha para minha fazenda como um empresário olha para um projeto, calcula lucro, não vê história, tradição, suor, só vê cifras. E ele olha para Bia do mesmo jeito. Marina disse baixinho. Os olhos de Roberto se estreitaram. Você notou também a forma como ele toca ela, possessivo, controlador, a mão sempre no cotovelo, guiando para onde quer que ela vá.
O jeito que ele a interrompe quando ela está falando. Roberto soltou a escova, se virando completamente para Marina. Bia está apaixonada. Ela não vai ouvir, eu sei, mas alguém precisa ficar de olho. Eles se olharam por um longo momento.
Havia algo reconfortante em estarem do mesmo lado, em compartilharem a preocupação por Beatriz. Você é uma boa amiga para ela. Roberto disse suavemente. Estou tentando ser. Ele deu um passo à frente, depois outro. A distância entre eles diminuiu para poucos centímetros. Marina, não. Ela sussurrou, fechando os olhos. Não diz, porque se você disser, eu vou responder e a gente não pode. Por quê? Porque ela é sua filha e minha melhor amiga.
E isso isso é errado em todos os sentidos possíveis. E se não parecer errado? A voz dele era um murmúrio rouco. E se parecer a coisa mais certa que eu sentia em uma década? Marina abriu os olhos. O que viu no rosto dele, desejo, medo, conflito, espelhava exatamente o que sentia. Roberto, a gente não pode.
Mas suas palavras morreram quando ele ergueu a mão e acariciou seu rosto. O polegar dela traçou a linha da mandíbula dele com uma suavidade que contradiz a intensidade em seus olhos. “Eu sei”, ele sussurrou. “Eu sei que não posso, mas meu Deus, Marina, você me faz sentir vivo de novo.” E então, antes que qualquer um pudesse pensar, protestar, recuar, ele a beijou.
Foi um beijo de fome, de desespero, de rendição. As mãos dele entrelaçaram em seu cabelo enquanto ele a puxava contra seu corpo. Marina gemeu contra os lábios dele, suas mãos agarrando a camisa, puxando-o mais para perto. Mais perto, nunca perto o suficiente. O mundo desapareceu. Só existia o gosto dele, o calor, a sensação de finalmente, finalmente, Bia.
A voz de Thago do lado de fora do estábulo os fez se separar violentamente. Onde você está, amor? Roberto e Marina estavam ofegantes, olhando um para o outro com horror e realização do que tinham feito. Meu Deus! Roberto passou a mão pelo rosto. Meu Deus, o que eu fiz, Roberto? Não, isso, isso foi um erro. Eu bebi demais o estresse com o Thago.
Ele recuou, a culpa escrita em cada linha do seu rosto. Esquece que isso aconteceu, por favor. Esquece. E ele saiu do estábulo, deixando Marina sozinha, tremendo, com os lábios ainda formigando do beijo. Um beijo que mudara tudo, um beijo que não podia ser desfeito. Mas o que nenhum dos dois sabia é que não estavam tão sozinhos quanto pensavam.
Tiago tinha visto tudo da janela da casa e ele estava sorrindo. Os dias seguintes foram uma tortura. Marina evitava Roberto a todo custo, comendo café da manhã antes dele acordar, fazendo as rondas nos horários em que ele estaria em outro lugar da fazenda, mas era impossível apagar o beijo da memória, o gosto dele, a sensação das mãos grandes e fortes, segurando seu rosto com tanta reverência e desespero ao mesmo tempo. Ela se odiava por querer mais.
Thago, enquanto isso, se comportava como o namorado perfeito. Levava Beatriz para jantares na cidade, elogiava tudo sobre a fazenda, embora Marina notasse o tom falso, e era educado com todos, mas havia algo nos olhos dele, uma observação fria, calculista. Ele estava esperando algo. Foi na quinta-feira à noite que Marina acordou passando mal.
A náusea era tão forte que mal conseguiu chegar ao banheiro a tempo. Quando finalmente se sentou no chão frio, tremendo, suando frio, uma realização aterrorizante começou a se formar. Seu período estava atrasado, há três semanas. Não ela sussurrou para o espelho. Não, não, não. Mas seu corpo sabia a verdade antes que sua mente pudesse aceitar.
Na manhã seguinte, Marina pediu carona a Joaquim até a cidade, alegando precisar comprar remédios. Em uma farmácia longe do centro, onde ninguém a conheceria, comprou três testes de gravidez diferentes. No banheiro de um restaurante, com as mãos tremendo tanto que mal conseguia segurar os testes, ela fez os três, todos positivos. Marina se sentou no chão do banheiro e chorou silenciosamente.
Como isso tinha acontecido? Eles tinham tido cuidado, exceto naquela noite depois que Beatriz viajou para o Rio, à noite depois do beijo no estábulo, quando Roberto bateu na porta do quarto dela às 3 da madrugada, os olhos selvagens de desejo e conflito. “Eu tentei ficar longe”, ele tinha dito. A voz rouca: “Deus sabe que tentei, mas eu não consigo, Marina.
Não consigo parar de pensar em você, de querer você”. E ela o tinha puxado para dentro, fechado a porta e deixado o mundo desaparecer por algumas horas roubadas. Uma noite, uma única noite, onde eles fingiram que não havia consequências, que não havia Beatriz, que não havia culpa. E agora Marina olhou para os testes em suas mãos, o mais positivo impossível, gritando de cada um.
Ela estava grávida do pai da sua melhor amiga. Durante dois dias, Marina não disse nada. vestia roupas largas, forçava sorrisos, fingia que estava tudo bem, mas Roberto sabia. Ela via nos olhos dele durante as refeições a forma como ele a estudava, preocupado, questionador. Foi no sábado à noite que não conseguiu mais segurar.
A casa estava vazia. Beatriz e Thago tinham ido a uma festa em uma fazenda vizinha. Roberto estava no escritório, como sempre, trabalhando até tarde. Marina bateu na porta. Entre. Ele levantou os olhos dos papéis e congelou ao ver a expressão no rosto dela. Marina, o que aconteceu? Ela fechou a porta atrás de si, encostou-se nela, as pernas bambas.
Eu preciso te contar uma coisa. Roberto se levantou imediatamente, rodeando a mesa. Você está pálida. Senta. Não, eu preciso falar de pé, porque se eu sentar eu vou desmoronar. O coração dele começou a bater mais rápido. Me assusta. O que é? Marina respirou fundo, as mãos tremendo. Não havia forma fácil de dizer isso. Eu estou grávida. O silêncio que seguiu era ensurdecedor.
Roberto a encarou como se tivesse falado em outro idioma. Você o quê? Grávida de seis semanas, mais ou menos. Ela forçou uma risada amarga. A matemática funciona, Roberto. Aquela noite depois do beijo, quando a Bia estava no rio, ele recuou, passando as mãos pelo cabelo, os olhos arregalados. Meu Deus, Marina, meu Deus.
Eu sei como nós usamos. Aparentemente não foi suficiente. Roberto se virou de costas para ela, os ombros tensos. Quando falou novamente, sua voz estava embargada. O que você quer fazer? Marina sentiu algo se rasgar no peito. O que eu quero fazer? Não foi isso que eu quis dizer. Ele se virou rapidamente. Eu só, Marina, essa é sua decisão. Seu corpo, sua vida.
Eu vou apoiar qualquer coisa que você escolher. Eu vou ter o bebê, ela disse erguendo o queixo. Não importa o que aconteça, essa criança é minha. E sim, é sua também. Mas eu não vou forçar nada. Você não precisa. Para. Roberto cruzou a distância entre eles em três passos longos.
Para você acha que eu ia abandonar você? Abandonar meu filho? Eu não sei. Eu não sei nada. Roberto. Você disse que o beijo foi um erro que a gente devia esquecer. E agora? Eu estava com medo”, ele gritou, a máscara de controle finalmente rachando, com medo de admitir que você me fez sentir coisas que achei que nunca mais sentiria, “C medo de magoar você, de magoar a Bia, de estragar tudo.
E você não acha que agora está tudo estragado?” Ele segurou o rosto dela entre as mãos, forçando-a a olhar nos olhos dele. Marina, escuta, eu não sei como a gente resolve isso. Não sei como conta pra Bia, como lida com isso tudo. Mas uma coisa eu sei, você não está sozinha, nunca vai estar sozinha. Eu prometo. Como você pode prometer isso? A Bia vai nos odiar. Todo mundo vai. Eu não me importo com todo mundo. Ele a interrompeu.
Eu me importo com você e com esse bebê. Nossa, filho. Meu Deus, Marina, meu filho. E então, pela primeira vez, ela viu lágrimas nos olhos dele. Eu vou ser pai de novo ele sussurrou maravilhado. Você me deu isso. Você me deu um futuro quando eu achei que só existia passado. Marina desabou contra o peito dele, finalmente permitindo-se chorar.
Ele assegurou uma mão na nuca dela, outra nas costas, sussurrando promessas que ambos sabiam seriam difíceis de cumprir. Mas naquele momento, naquele abraço, era possível acreditar que tudo daria certo. O que nenhum dos dois sabia era que, do lado de fora da porta, Thiago Mendes estava escutando cada palavra e o sorriso em seu rosto era de pura satisfação.
Ele tinha o que precisava. Duas semanas depois, Beatriz entrou na cozinha com um sorriso radiante. “Eu tenho um anúncio”, ela praticamente gritou. Marina e Roberto, que estavam tomando café, levantaram os olhos. O Thago me pediu em casamento. O mundo parou. Marina viu o copo na mão de Roberto tremer.
O quê? Ele conseguiu dizer. Ontem à noite foi tão romântico. Ele reservou o restaurante inteiro na cidade, músicos ao vivo, Champanhe. Bia mostrou a mão, onde um anel de diamante brilhava. E eu quero fazer a festa de noivado aqui na fazenda. Um churrasco. Convidei todo mundo da região. Vai ser maravilhoso. Bia. Roberto se levantou. A voz controlada.
Não acha que é cedo? Vocês estão juntos há 4 meses. Quando você sabe, você sabe. Ela retrucou defensiva. Você não se casou com a minha mãe depois de seis meses? A flechada atingiu o alvo. Roberto reculou. É diferente. Como? Porque você era mais velho? Porque era você? Beatriz cruzou os braços. Eu achei que você ficaria feliz por mim. Marina viu o conflito no rosto de Roberto.
Ele queria protestar, queria arrastar a filha para longe de Thago, mas ele não tinha mais autoridade moral para isso. Não quando estava esperando um filho com a melhor amiga dela. “Claro que estou feliz”, ele mentiu. “Parabéns, filha.” Bia o abraçou, mas Marina notou que Roberto manteve os olhos abertos, fixos em algum ponto distante, a mandíbula contraída.
A festa foi marcada para o sábado seguinte. A fazenda inteira entrou em modo de preparação. Churrasqueiras sendo construídas, tendas montadas. A melhor carne reservada. Marina tentou ajudar, mas as náuseas matinais tornavam difícil. Ela tinha começado a usar roupas ainda mais largas, mas sabia que em breve não conseguiria esconder.
“Você está bem?”, Beatriz perguntou uma tarde, notando Marina correndo para o banheiro pela terceira vez. “Só um malestar estomacal deve ser algo que comi. Mentiras sobre mentiras.” Roberto e Marina mal se falavam agora, ambos com medo de que alguém notasse a forma como se olhavam, atenção no ar quando estavam no mesmo cômodo. Mas à noite ele deixava chocolates na porta do quarto dela, seu desejo favorito da gravidez que tinha mencionado uma vez. Pequenos gestos anônimos que diziam: “Eu estou aqui.
Eu me importo”. O dia da festa amanheceu ensolarado e perfeito. Convidados começaram a chegar ao meio-dia. fazendeiros da região, amigos de Beatriz de outras cidades, parentes distantes. Tiago estava em seu elemento, cumprimentando todos, fazendo conexões, distribuindo cartões de visita. Marina se manteve nos cantos, ajudando a servir, evitando os olhares de Roberto que a procuravam constantemente.
Foi quando o sol estava se pondo, que Thago pediu atenção. Pessoal, um brinde aos noivos. Todos ergueram os copos. Beatriz estava radiante ao lado dele. Eu queria agradecer ao Senr. Roberto, Thago continuou, por abrir essa fazenda maravilhosa para nossa celebração e por me aceitar na família.
Roberto a sentiu rigidamente, claramente desconfortável com a atenção. Ria também. Thago prosseguiu seu sorriso se alargando. Queria agradecer a Marina, a melhor amiga da Bia, que tem sido um apoio incrível para todos nós nesses últimos meses. Marina congelou. Havia algo no tom dele, algo que os olhos de Thago encontraram os dela através da multidão e ela viu. Ele sabia. Na verdade, Thago continuou.
Acho que a Marina tem sido mais que uma amiga. Ela tem sido quase família. Não é, senhor Roberto? O silêncio se esticou. Roberto estava rígido, todos os músculos tensos. Thaago. Beatriz puxou o braço dele desconfortável. Chega de discursos. Vamos dançar. Mas o estrago estava feito.
Enquanto a festa continuava, Marina notou Thago observando ela e Roberto, aquele sorriso sinistro nunca deixando o rosto. Ele estava brincando com eles como um gato com ratos. E Marina soube. Era apenas questão de tempo até que explodisse. Mais tarde, quando a maioria dos convidados tinha ido embora e apenas alguns próximos permaneciam conversando, Marina encontrou Roberto atrás da casa, olhando para as estrelas. Ele sabe, ela disse baixinho. Eu sei o que a gente faz.
Roberto se virou para ela, o rosto sombreado à luz do luar. A gente conta antes que ele faça. Roberto, não tem outro jeito, Marina. A gente espera a festa acabar. Conversa com a Bia. Antes que o Thago use isso contra a gente. Ela vai nos odiar. Eu sei. A voz dele quebrou. Eu sei. Mas é o certo a fazer.
Marina assentiu, lágrimas silenciosas escorrendo pelo rosto. Em três dias, quando todos os convidados tivessem ido embora, eles contariam a verdade. Mas o destino tinha outros planos, porque na manhã seguinte, Marina acordou com uma dor insuportável no abdômen e sangue. O hospital mais próximo ficava a 40 minutos de distância.
Roberto dirigiu como um louco, Marina no banco de trás segurando a barriga, o rosto pálido de dor e medo. “Vai ficar tudo bem”, ele repetia, os olhos alternando entre a estrada e o retrovisor. “Vai ficar tudo bem, Marina. Segura para mim o bebê”. Ela chorava. Roberto, o bebê? Eu sei, eu sei, amor. A gente vai salvar ele, eu prometo. Beatriz tinha ficado na fazenda.
Eles disseram que Marina tinha uma intoxicação alimentar. Mais uma mentira em uma pilha crescente de mentiras. Na emergência, médicos e enfermeiras se moviam rapidamente. Uma ultra som foi feita enquanto Roberto segurava a mão de Marina com força suficiente para machucar. “O batimento cardíaco está lá.” A médica anunciou após uma eternidade. O bebê está bem.
Foi um descolamento parcial da placenta. Pode acontecer no primeiro trimestre. Você vai precisar de repouso absoluto por pelo menos duas semanas. Marina desabou em soluços de alívio. Roberto beijou sua mão repetidamente, lágrimas escorrendo sem vergonha pelo rosto. “Ele está bem?” Ele sussurrou. “Nosso filho está bem.
” Foi só então que perceberam que a médica estava olhando entre os dois com uma expressão confusa. “Vocês são o pai?” Roberto respondeu sem hesitação. “Eu sou o pai do bebê”. A médica a sentiu profissionalmente, mas Marina viu o julgamento em seus olhos. Um homem de quase 50. Uma jovem de 25. A matemática não era favorável. Quando voltaram para a fazenda ao anoitecer, Beatriz estava esperando na varanda, os braços cruzados.
“Intoxicação alimentar que requer 7 horas no hospital”, ela disse sem rodeios. “Vocês acham que eu sou idiota?” Marina e Roberto trocaram olhares. Bia, Roberto começou. E o Thiago me contou uma coisa muito interessante antes de ir embora hoje cedo. Disse que vocês dois têm sido muito próximos. O coração de Marina parou.
Ele disse que viu vocês no escritório conversando sobre bebês, sobre gravidezes. Beatriz olhou direto para Marina. É verdade. O silêncio era ensurdecedor. Bia. Marina deu um passo à frente, as mãos tremendo. Por favor, deixa eu explicar. Você está grávida?”, Beatriz disse, a voz perigosamente calma.
“É isso? Você engravidou e veio chorar pro meu pai?” “Não, Bia, não é assim.” “Então, como é?” Beatriz gritou. “Como exatamente é, Marina?” Roberto se colocou entre as duas. “Beatriz, para! Isso não é culpa dela.” “Culpa? Culpa de quê? Alguém me explica o que diabos está acontecendo?” Marina respirou fundo. Não havia mais como adiar. O bebê é do seu pai”, ela disse, a voz quebrada.
“Eu estou grávida do Roberto. O mundo pareceu congelar.” Beatriz olhou entre os dois, esperando que alguém dissesse que era mentira, uma piada de mau gosto, mas ninguém disse nada. “Vocês?” A voz dela saiu estrangulada. “Vocês transaram, Bia”. Roberto estendeu a mão. “Não encosta em mim.” Ela recuou violentamente. “Não, não me toca.
Meu Deus, meu Deus!” Lágrimas começaram a escorrer pelo rosto dela, mas não eram de tristeza, eram de fúria. Ela é minha amiga, minha melhor amiga. E você? Ela apontou para Roberto. Você é meu pai. Como vocês puderam? Foi um erro. Marina começou. Um erro. Um erro é esquecer uma panela no fogo. Um erro é não ligar.
Isso ela apontou para a barriga de Marina. Não é um erro. Isso é uma traição. Uma traição nojenta. Beatriz, por favor. Roberto implorou. Você transou com ela debaixo do mesmo teto, onde os retratos da minha mãe estão pendurados. Beatriz gritou a voz quebrada de dor. Você substituiu a minha mãe por uma menina da minha idade. Não foi assim. Roberto tentou se aproximar, mas Bia deu mais um passo para trás.
Não me toca. Eu não quero que você me toque. Eu não quero olhar para você. Vocês dois, vocês morreram para mim hoje. Vocês morreram. E com isso ela entrou na casa correndo, batendo a porta com tanta força que os vidros tremeram. Marina desabou no chão do alpendre, soluçando.
Roberto se ajoelhou ao lado dela, tentando tocá-la, confortá-la, mas ela se afastou. Não, ela está certa. A gente destruiu tudo. Marina, vai atrás dela. Marina gritou. Vai atrás da sua filha. Ela precisa de você. sempre precisou de você, não de mim. Roberto hesitou, despedaçado entre as duas mulheres.
Finalmente, ele se levantou e entrou na casa, chamando por Beatriz, mas o quarto dela estava vazio. Pela janela, ele viu o carro dela descendo à estrada em alta velocidade, desaparecendo na escuridão. E Roberto Almeida, o homem que comandava um império, que nunca demonstrava fraqueza, caiu de joelhos no meio da sala e soltou um grito de agonia que ecoou pela casa vazia. Ele tinha perdido sua filha.
Sameta e sombras longe da fazenda, Thiago Mendes sorria ao ler a mensagem de Beatriz. Termina tudo. Estou indo para aí. Nunca mais volto. Sua vingança estava completa e o caos apenas começando. Marina não dormiu naquela noite. Ficou sentada na janela do quarto, olhando para a lua, uma mão na barriga. Sinto muito, meu amor, ela sussurrou para o bebê. Sinto muito por você ter nascido em meio a isso tudo.
Quando o sol começou a nascer, ela tomou sua decisão, pegou papel e caneta e começou a escrever: “Roberto, quando você ler isso, eu já vou estar longe.” Eu pensei muito essa noite sobre tudo que aconteceu, sobre todas as escolhas que nos trouxeram até aqui e percebi algo. Eu amo você.
Eu amo você de uma forma que assusta, que dói, que não faz sentido nenhum, mas existe mesmo assim. Mas eu vi seu rosto ontem à noite. Vi o que perder a Bia fez com você. E eu entendi que entre mim e ela não pode haver competição. Ela é sua filha, ela é seu sangue, ela é parte da Helena e eu eu sou só a menina que apareceu na vida de vocês e virou tudo de cabeça para baixo. O bebê não é um erro. Roberto, por favor, nunca pense isso.
Essa criança é a única coisa boa que saiu de toda essa dor, mas ela não pode ser a razão de você perder sua filha para sempre. Então, eu estou indo embora. Não me procura. Eu vou ter esse bebê longe daqui. Vou construir uma vida para nós dois. E quem sabe um dia, quando a Bia tiver perdoado você, quando as feridas não estiverem tão abertas, você pode conhecer seu filho.
Até lá, eu vou cuidar dele. Vou amar ele o suficiente por nós dois. Você me fez sentir vista, Roberto, segura quando eu achava que o mundo tinha desabado. Obrigada por isso. Eu sempre vou te amar, Marina. Ela dobrou a carta, deixou sobre a cama, pegou sua mochila e desceu as escadas em silêncio. A fazenda ainda dormia. Ninguém acordava antes das 5:30.
Marina caminhou pela estrada de terra, cada passo mais pesado que o anterior, até chegar à estrada principal. Flagrou um ônibus que ia para a cidade e de lá pegou outro para Poços de Caldas, uma cidade onde ninguém a conhecia, onde poderia começar de novo. Roberto acordou às 6.
Sua primeira ação, como todas as manhãs desde o acidente, foi ir até o quarto de Marina ver como ela estava. A porta estava entreaberta. Ele entrou e congelou. A cama estava arrumada, a mochila sumida e sobre o travesseiro uma carta dobrada com seu nome. Com as mãos tremendo, ele a abriu e leu. Cada palavra era uma lâmina no peito.
Quando terminou, Roberto deixou a carta cair, correu escada abaixo e para fora da casa. correu até o portão da fazenda, olhando para a estrada vazia que se estendia até o horizonte. “Marina!”, ele gritou, “Marina!”, mas só o vento respondeu. Ele caiu de joelhos na terra seca, a carta ainda segura em uma das mãos. E pela segunda vez, em menos de 24 horas, Roberto Almeida chorou.
Chorou por Marina, pela filha que o odiava, pelo filho que nunca conheceria. Os meses que seguiram foram os mais sombrios de sua vida. Roberto mergulhou no trabalho obsessivamente. Acordava antes do sol e trabalhava até depois da meia-noite. Expandiu a fazenda, abriu novos negócios, virou uma máquina, mas por dentro estava morto. Ele tentou contatar Beatriz dezenas de vezes.
Ligações não atendidas, mensagens deixadas no vácuo. Finalmente, ela respondeu com uma única mensagem. Não me procura mais. Você não tem mais uma filha. E Marina Roberto respeitou o pedido dela. Não a procurou mesmo que cada fibra do seu ser gritasse para encontrá-la, para trazê-la de volta.
Ele não sabia onde ela estava, se estava bem, se o bebê estava crescendo saudável. Tudo que tinha eram as memórias e a carta que lia todas as noites antes de dormir. Seis meses depois, em um dia frio de novembro, Roberto estava em um leilão de gado em Poços de Caldas. Ele estava inspecionando um touro quando ouviu dois fazendeiros conversando atrás dele. Tem uma moça nova ajudando o Dr.
Miller lá na clínica veterinária, Mãos de Ouro. É, não conhecia. Apareceu do nada uns meses atrás, jovem de fora e grávida, coitada, muito grávida, sozinha. O coração de Roberto parou. Grávida, jovem, sozinha, poços de Caldas, Marina. Ele abandonou o leilão no meio, saltou em sua caminhonete e dirigiu direto para o centro da cidade.
Encontrou a clínica veterinária do Dr. Miller facilmente e ali, saindo pela porta lateral, carregando uma caixa de remédios, estava ela, Marina. Ela estava diferente, mais magra no rosto, cansada, mas a barriga era grande e redonda sob o macacão de trabalho. 7 meses. Era real. O filho deles era real. Roberto desceu da caminhonete e as pernas bambas, atravessou a rua.
Marina, ela congelou, virou-se lentamente, os olhos se arregalando. Roberto, por um longo momento, eles apenas se olharam. Todos os meses de separação, dor, saudade, convergiram naquele instante. Então, Marina começou a chorar. Eu te pedi para não me procurar. Ela sussurrou. Eu sei. Roberto deu um passo à frente, a voz embargada. Passei seis meses obedecendo.
Foram os seis piores meses da minha vida. Ele olhou para a barriga dela, depois de volta para os olhos dela. Eu não pude mais, Marina. Não podia deixar meu filho nascer num mundo onde o pai dele não lutou por ele. Onde eu não lutei por você, Roberto. A Bia, a Bia me odeia. Eu sei e talvez nunca me perdoe.
Mas eu não posso viver o resto da minha vida me punindo, se afastando do único futuro que me resta. Ele deu mais um passo, estendendo a mão. Eu te amo, Marina. Eu te amo e eu amo esse bebê. E eu não vou passar mais um dia sem vocês na minha vida. As lágrimas escorriam pelo rosto dela, mas ela não se mexeu.
Como você pode ter certeza? Como sabe que não vai se arrepender? Roberto fechou a distância entre eles, colocando as mãos nos ombros dela com uma gentileza que contrastava com o desespero em seus olhos. Porque acordar sem você é como acordar morto. Porque esse bebê, ele tocou a barriga dela com reverência.
É minha chance de fazer certo, de ser o homem que você merece, o pai que ele merece. Roberto, eu vou cuidar de você, ele murmurou, a voz carregada de promessa e amor. De você e do nosso filho para sempre. Eu prometo. Marina olhou para ele, para o rosto forte marcado pela dor e exaustão, para os olhos que sempre a fizeram sentir vista, para as mãos calejadas que seguravam sua barriga como se fosse a coisa mais preciosa do mundo.
E finalmente, lentamente, ela colocou a mão sobre a dele. “Você promete?” “Eu prometo”, ele repetiu, puxando-a para seus braços. Eu vou cuidar de você sempre ali no meio de uma rua empoeirada de poços de caudas. Eles se abraçaram e choraram, não de dor, mas de alívio, de finalmente, finalmente estarem juntos.
Mas a jornada deles estava longe de terminar, porque em uma casa no Rio de Janeiro, Beatriz estava prestes a descobrir uma verdade sobre Thiago, uma verdade que mudaria tudo. Marina voltou para a Fazenda Vale do Sol no dia seguinte. Quando a caminhonete subiu à estrada familiar, ela sentiu o peito apertar. Tantas memórias, tantas dores, mas também tanto amor.
Roberto a instalou no quarto principal. O dele. Seu lugar é aqui ele disse, sem espaço para argumentos. Do meu lado, nas semanas que seguiram, ele a tratou como porcelana preciosa. Acordava antes dela para preparar o café com as frutas que ela gostava. Massage pés inchados toda a noite. Passava horas com as mãos na barriga dela, sentindo os movimentos do bebê. “Oi, meu filho.” Ele sussurrava.
“Eu sou seu pai e eu vou cuidar de você.” Eu prometo. Marina o observava nesses momentos e sentia o coração transbordar. Este homem, duro, autoritário, temido por tantos, era completamente diferente com ela e o bebê. Ele era gentil, protetor, apaixonado.
“Você está feliz?”, ela perguntou uma noite, deitados juntos na cama, a mão dele descansando sobre sua barriga. “Mais feliz do que mereço”, ele respondeu, beijando sua têmpora. Você me deu algo que achei que nunca mais teria, esperança, mas havia uma sombra sobre toda essa felicidade. Beatriz. Roberto tentava não demonstrar, mas Marina havia a dor em seus olhos sempre que olhava para o quarto vazio da filha, para as fotos dela pela casa. “Ela vai voltar?” Marina disse uma noite. “Não vai”.
Roberto respondeu à voz embargada. “E eu não posso culpá-la.” Mas no Rio de Janeiro, a vida de Beatriz estava desmoronando de formas que ela nunca imaginou. Thago havia mudado completamente desde o noivado. As máscaras tinham caído. Ele era controlador. Questionava onde ela ia, com quem falava, criticava suas roupas.
Muito curto, muito chamativo. Você parece uma Controlava o dinheiro dela. Quando Beatriz tentava protestar, ele usava o escândalo da família como arma. Depois do que seu pai e sua amiguinha fizeram, você acha que tem moral para discutir comigo? Eu sou o único que ficou ao seu lado, Bia.
O único que te aceitou, apesar da vergonha. E ela acreditava, porque a dor da traição ainda estava fresca, porque ela se sentia sozinha, porque Thago era muito habilidoso em manipulação emocional. Até a noite em que tudo mudou, eles tinham discutido. Beatriz queria visitar uma prima em São Paulo. Tiago disse: “Não”. A discussão escalou.
Ele a agarrou pelo braço com força, as unhas cravando na pele. Você não vai a lugar nenhum. Você fica aqui onde eu posso te ver. Foi quando Beatriz olhou nos olhos dele e viu. Não era amor, era possessão, controle, medo. Me solta. Ela disse baixinho. Ou o quê? Você vai fugir chorando pro seu paizinho.
Aquele que traiu sua mãe morta transando com sua amiguinha. Algo dentro de Beatriz quebrou. Não de tristeza, de raiva. Tira sua mão de mim. Tiago riu, mas ela viu o momento em que ele percebeu que tinha ido longe demais. Bia, amor, eu sai do meu apartamento ela gritou. Agora você não está falando sério. Sai. Tiago a olhou com desprezo. Você é patética.
Sem mim você não é nada. Vai voltar rastejando em uma semana. Mas Beatriz não voltou. Três dias depois, mais magra, com olheiras profundas, Beatriz estacionou a caminhonete na frente da casa da fazenda. Suas mãos tremiam no volante. Ela não sabia se conseguia fazer isso. Não sabia se conseguia ver o pai, ver Marina, ver. A porta se abriu.
Roberto saiu pro alpendre, congelando ao vê-la. “Bia”, ele sussurrou. Ela desceu do carro lentamente. Subiram os degraus da varanda como se cada passo doesse. Oi, pai. Roberto deu um passo à frente, depois parou com medo de assustá-la. Você voltou? Eu terminei com o Thago, Bia. E eu sei que não tenho direito de estar aqui.
Não depois de como eu te tratei, de como eu tratei a Marina, mas eu não tinha para onde ir. E Roberto a puxou para um abraço tão apertado que roubou o ar dela. Você sempre tem para onde ir, ele disse contra o cabelo dela, a voz quebrada. Sempre. Essa é sua casa. Você é minha filha. Sempre vai ser. Beatriz desabou. Meses de raiva, dor, solidão e medo finalmente transbordando. Eu sinto muito, pai.
Sinto muito por tudo que eu disse. Não, você tinha razão. O que eu fiz foi errado em tantos níveis. Eu traí sua confiança, manchei a memória da sua mãe. Não. Beatriz se afastou, limpando os olhos. A mãe amava você e ela não ia querer que você ficasse sozinho pro resto da vida. Eu só eu não conseguia aceitar que você seguisse em frente. Parecia que você estava esquecendo ela. Nunca.
Roberto segurou o rosto da filha. Nunca. Sua mãe foi o amor da minha vida. Mas Marina, Marina me fez sentir que eu merecia uma segunda chance, que havia vida depois da morte. Foi quando a porta se abriu novamente. Marina apareceu. A barriga agora enorme, meses, os olhos arregalados ao ver Beatriz. Bia, ela sussurrou. O silêncio se estendeu.
Então Beatriz deu um passo à frente. Eu fui horrível com você. Disse coisas imperdoáveis. Você tinha razão em estar com raiva. Não. Eu te abandonei quando você estava grávida e sozinha. Te deixei sofrendo porque eu estava mais preocupada com minha dor do que com você. Lágrimas escorriam pelo rosto de Bia. Você é minha melhor amiga e eu te deixei.
Marina começou a descer os degraus. Mas uma contração súbita a fez dobrar, agarrando a barriga. Marina. Roberto estava ao lado dela em um segundo. Eu eu acho que está na hora. Ela o fegou. E assim, em uma noite de lua cheia, com os três finalmente reunidos, Miguel Almeida decidiu que era hora de conhecer o mundo.
O hospital era o mesmo onde Marina tinha estado meses antes, mas desta vez era diferente. Desta vez, Roberto segurava sua mão durante cada contração e Beatriz estava na sala de espera, torcendo por ela. O parto durou 7 horas, longas, exaustivas, dolorosas, mas quando finalmente o choro ecuou pela sala, todos os meses de dor, culpa e separação valeram a pena.
“É um menino”, a enfermeira anunciou. “Miguel”, Marina sussurrou, exausta, mas radiante. “Nosso Miguel! Quando colocaram o bebê nos braços de Roberto, o fazendeiro milionário, o homem que comandava um império que nunca demonstrava fraqueza, chorou abertamente. “Oi, Miguel”, ele sussurrou, a voz embargada. “Eu sou seu pai e eu vou cuidar de você.
Vou cuidar de você e da sua mãe para sempre”. O bebê agarrou o dedo grande de Roberto com sua mãozinha minúscula. E naquele momento, Roberto Almeida entendeu o significado de redenção. Quando Marina finalmente dormiu, exausta, Roberto saiu para a sala de espera onde Beatriz o esperava. E então ela se levantou rapidamente. Um menino, Miguel, 3,400.
Perfeito. Beatriz sorriu, lágrimas nos olhos. Posso vê-lo? Vem. Eles entraram no quarto juntos. Marina dormia profundamente, mas ao lado da cama, no berço transparente, estava Miguel. Beatriz se aproximou devagar, olhando para o recém-nascido.
Ele tinha os olhos fechados, o rostinho perfeito, mãozinhas fechadas em punhos minúsculos. “Ele é lindo”, ela sussurrou. “É.” Roberto concordou ficando ao lado dela e é seu irmão. Beatriz olhou para ele depois de volta para o bebê, estendeu a mão e tocou suavemente o rostinho dele. “Oi, Miguel”, ela murmurou. “Eu sou sua irmã mais velha e eu prometo cuidar de você”.
Roberto passou o braço pelos ombros da filha, puxando-a para um abraço lateral. “Obrigado”, ele disse, “por voltar, por estar aqui, por perdoar sempre”. Beatriz respondeu: “Família, perdoa! Sempre. Uma semana depois, Marina teve alta e voltou para a fazenda com Miguel. A casa tinha sido completamente reformada.
O quarto do bebê estava pronto. Paredes pintadas de azul claro, berço de madeira artesanal feito por um carpinteiro da região, móbil de estrelas, tudo perfeito. “Você fez tudo isso?”, Marina perguntou maravilhada. “Com ajuda da Bia, Roberto admitiu, a gente queria que fosse especial.
” E era, mas mais especial ainda, era a nova dinâmica que se formava. Beatriz se mudou de volta para a fazenda, para o quarto de sempre. Ela ajudava com Miguel, trocava fraldas, acalmava quando chorava, cantava canções de ninar que a mãe costumava cantar para ela. Roberto acordava toda a noite para as mamadas, insistindo que Marina descansasse.
Ele embalava Miguel até o bebê voltar a dormir, sussurrando histórias sobre a fazenda, sobre a avó que ele nunca conheceria, sobre todas as aventuras que teriam juntos. E Marina, Marina observava e seu coração se enchia de uma gratidão tão profunda que às vezes parecia irreal. Só em uma tarde de dezembro, dois meses depois do nascimento de Miguel, que Beatriz entrou na varanda onde Marina amamentava o bebê. Posso falar com você? Claro. Marina ajeitou Miguel. Senta.
Beatriz se acomodou na cadeira de balanço, olhando para as montanhas ao longe. Eu te devo um pedido de desculpas de verdade. Não aquele no dia que cheguei, mas um real. Pia, deixa eu falar. Beatriz a interrompeu. Eu disse coisas horríveis sobre você, sobre meu pai. Te culpei por coisas que não eram sua culpa.
E pior, usei minha dor como desculpa para ser cruel. Você tinha todo o direito de estar magoada. Tinha, mas não tinha direito de ser cruel. E agora, vendo vocês juntos, vendo como meu pai olha para você, como ele é com o Miguel, Beatriz sorriu através das lágrimas. Eu nunca vi meu pai tão feliz, nem mesmo antes da minha mãe morrer.
Marina sentiu o próprio choro ameaçar. Ele ama vocês dois demais, sempre vai amar. Eu sei que agora eu também amo o Miguel. E você? Beatriz pegou a mão de Marina. Você não é só a namorada do meu pai. Você é minha amiga, minha irmã. Família, família, Marina repetiu, apertando a mão dela. Aquela noite, depois de colocar Miguel para dormir, Marina encontrou Roberto no alpendre, olhando para as estrelas.
“No que você está pensando?”, Ela perguntou, encostando-se nele. Roberto a puxou para seus braços, beijando o topo da cabeça dela. Em como eu quase perdi tudo isso. Você, ele, a Bia, por medo, por orgulho, mas não perdeu. Não, graças a você. Você não desistiu de mim, mesmo quando eu merecia que desistisse.
Marina se virou nos braços dele, encontrando os olhos castanhos escuros que amava tanto. “Eu te amo, Roberto Almeida, e eu vou passar o resto da minha vida te amando.” Ele sorriu, um sorriso genuíno, sem sombras. “Eu vou cuidar de você”, ele murmurou, repetindo a promessa que mudara tudo. “De você e do nosso filho”. “Para sempre. “Você já cumpriu essa promessa?”, ela sussurrou. todo dia.
E quando ele a beijou sob o céu estrelado de Minas Gerais, Marina soube que tinha encontrado seu lar, mas a história não terminava ali, porque o amor verdadeiro não é sobre finais felizes fáceis, é sobre escolher ficar todo dia, apesar de tudo. E Marina e Roberto estavam apenas começando. Três anos se passaram.
Miguel era uma criança vibrante, de cabelos castanhos encaracolados e olhos escuros que espelhavam os do pai. corria pelos pastos da fazenda, perseguindo borboletas, fazendo amizade com todo o bezerro que nascia. Marina tinha se tornado a veterinária oficial da fazenda Vale do Sol e de mais cinco propriedades vizinhas. Sua reputação crescia. A jovem médica, que tinha mãos mágicas com animais.
Beatriz tinha se formado em administração e ajudava Roberto a gerenciar a fazenda. Ela estava namorando Carlos, um agrônomo da região, um homem gentil que a tratava como rainha. E Roberto, Roberto tinha se tornado uma versão mais suave de si mesmo. Ainda comandava com pulso firme, mas havia risos agora. Havia leveza, mas acima de tudo havia amor.
Foi em uma manhã de domingo durante o café da manhã que Roberto colocou uma pequena caixa de veludo na frente de Marina. Ela congelou, o copo de suco parado no ar. Roberto, abre. Com as mãos tremendo, ela abriu a caixa. Dentro um anel de noivado, simples, elegante, com um diamante solitário. “Eu sei que a gente fez tudo fora de ordem”, Roberto disse, sua voz firme, mas carregada de emoção.
O bebê veio antes do casamento. A gente construiu uma vida antes de fazer promessas oficiais. Mas Marina, ele se ajoelhou ao lado da cadeira dela. Miguel, sentado em seu cadeirão, batia palmas animado, sem entender o que acontecia. Beatriz estava na porta da cozinha, sorrindo com lágrimas nos olhos. Você me salvou.
Roberto continuou. Quando eu achava que não havia mais vida, só responsabilidade e trabalho. Você me mostrou que amor não precisa fazer sentido para ser real, que perdão é possível, que segundas chances existem. Ele pegou a mão dela. Marina Oliveira, você quer se casar comigo? Quer passar o resto da vida nessa fazenda louca, criando nossos filhos, salvando animais e me aturando.
Marina estava chorando tanto que mal conseguia ver, mas o sorriso no rosto dela iluminava o cômodo inteiro. “Sim”, ela sussurrou. “Sim, sim, mil vezes, sim”. Roberto deslizou o anel no dedo dela e a puxou para um beijo. Miguel gritava: “Papai! Mamãe!” Animado, Beatriz entrou correndo para abraçá-los.
E naquele momento, em uma cozinha simples de uma fazenda no interior de Minas Gerais, uma família imperfeita, não convencional, mas real, celebrava. Mas foi na noite daquele mesmo dia que a última sombra finalmente foi enfrentada. Marina encontrou Roberto no escritório, olhando para uma foto antiga de Helena. “Você está bem?”, ela perguntou suavemente.
Ele se virou e ela viu lágrimas em seus olhos. Eu estava conversando com ela, com a Helena. Marina se aproximou, envolvendo-o por trás em um abraço. “E o que você disse? Que sinto falta dela todos os dias? Que às vezes me sinto culpado por ser feliz.
” Ele virou-se nos braços de Marina, mas que eu sei que ela a provaria que ela ia gostar de você. Ia adorar ver a Bia tão forte. Ia se derreter pelo Miguel. Ela parece ter sido uma mulher incrível. Era? E você também é. Roberto segurou o rosto de Marina. Você não a substituiu, Marina. Ninguém poderia. Mas você me deu uma segunda chance de amar, de viver, e eu vou passar o resto da vida sendo grato por isso. Eu também. Marina sussurrou.
Porque você me deu um lar quando eu não tinha nenhum. Você me deu uma família. Você cumpriu sua promessa, Roberto. Você cuidou de mim e vou continuar cuidando para sempre. Aquela noite, deitados juntos, ouvindo os sons da fazenda, o vento nas árvores, o mugido distante do gado, o canto dos grilos, Marina finalmente entendeu.
O amor não era sobre perfeição, era sobre escolher todos os dias. apesar dos erros, das cicatrizes, das dores, e ela escolhia Roberto, assim como ele escolhia ela para sempre. O casamento aconteceu seis meses depois, em uma cerimônia simples, mas linda, na própria fazenda Vale do Sol, cadeiras brancas alinhadas no pasto mais alto, de onde se via toda a imensidão da propriedade, um altar de madeira rústica decorado com flores do campo, o pô do sol de Minas Gerais pintando o céu de laranja, rosa e dourado.
Marina usava um vestido simples de renda branca, o cabelo solto caindo em ondas naturais. nas mãos um buquê de sempre vivas, as flores, símbolo das montanhas mineiras. Quando ela começou a caminhar pelo corredor improvisado entre as cadeiras, conduzida por Joaquim, que insistiu na honra, seus olhos procuraram e encontraram Roberto.
Ele estava no altar, vestindo um terno simples, mas elegante, os olhos brilhando de emoção. Ao lado dele, Miguel segurava as alianças em uma pequena almofada, levando muito a sério seu papel de pagem. Beatriz era a madrinha, linda em um vestido azul claro, sorrindo através das lágrimas. Quando Marina chegou ao altar, Roberto estendeu a mão, sussurrando apenas para ela. Você está linda.
Você também, ela respondeu, rindo nervosamente. O padre local, Padre Antônio, que conhecia a família Almeida há gerações, começou a cerimônia. Estamos aqui reunidos para celebrar a união de Roberto e Marina. Uma união que, devo admitir, surpreendeu muitos. Ele sorriu, mas que é prova de que o amor não segue regras. O amor apenas acontece.
Quando chegou a hora dos votos, Roberto respirou fundo. Marina, quando você chegou na minha vida, eu estava morto por dentro, funcionando, mas não vivendo. Você me mostrou que era possível sentir de novo, amar de novo, sonhar de novo. Sua voz quebrou.
Eu prometo te amar nos dias bons e nos ruins, quando você salvar mais um animal impossível às 3 da madrugada, quando nossas discussões fizerem toda a fazenda ouvir, em cada amanhecer, em cada pô do sol, lágrimas escorriam livremente pelo rosto de Marina. Agora eu prometo cuidar de você sempre, como prometi naquele dia na rua empoeirada de poços de Caldas, você e nossos filhos. Porque sim, eu quero mais.
Quero encher essa fazenda de risadas, de vida, de amor. Roberto. Marina estava soluçando. Foi sua vez. Ela segurou as mãos dele com força. Roberto, você me encontrou quando eu estava destruída, sem mãe, sem dinheiro, sem esperança. E você não apenas me deu abrigo, você me deu propósito, me deu amor, me deu um futuro que eu nem sabia que podia existir.
Ela sorriu através das lágrimas. Eu prometo te amar com toda a intensidade que tenho, desafiar você quando estiver sendo cabeça dura, apoiar seus sonhos, construir esse império ao seu lado e sempre, sempre lembrar você de que merece ser feliz. Eu te amo! Ele sussurrou. Eu te amo mais. Impossível, Padre Antônio Rio.
Pelo poder concedido, eu os declaro marido e mulher. Roberto pode beijar a noiva. E Roberto não hesitou. Ele puxou Marina para um beijo, não apenas um selinho cerimonial, mas um beijo de amor verdadeiro, profundo, eterno. Os convidados explodiram em aplausos. Miguel gritava: “Papai beijou, mamãe!” Animado! Beatriz chorava abertamente. A festa foi simples, mas calorosa. Churrasco mineiro, música ao vivo, dança no pasto sob as estrelas.
Roberto e Marina abriram a pista com uma valsa desajeitada que os fez rir. “Eu não sei dançar”, ele admitiu. “Eu também não. A gente combina perfeitamente.” Depois, Roberto dançou com Beatriz. “Obrigado”, ele disse baixinho, “Por estar aqui, por aceitar, por perdoar. Obrigado por ser feliz”, Beatriz respondeu. A mamãe ia querer isso. Ela ia gostar da Marina.
Você acha? Tenho certeza. Beatriz sorriu e ela ia amar o Miguel, assim como eu amo. Quando a festa terminou e os convidados foram embora, a família se reuniu no alpendre da casa. Marina segurava Miguel, que lutava contra o sono. Beatriz estava encostada no batente da porta. Roberto abraçava Marina por trás, o queixo apoiado no topo da cabeça dela.
“Feliz”, ele murmurou. Mais do que posso expressar, ela respondeu. Eles olharam para a fazenda, as luzes piscando nos galpões distantes, os pastos iluminados pela lua, as montanhas silenciosas ao redor. “Você sabe?”, Marina disse pensativa. “Quando eu cheguei aqui três anos atrás, eu estava fugindo. Achei que esse era meu fim. E era”, Roberto disse suavemente. “Fim da vida antiga.
Começo de uma nova.” Uma nova melhor”, Beatriz adicionou. Miguel murmurou algo no sono, aconchegando-se mais no colo da mãe. Marina o beijou na testa. “Eu vou cuidar de você”, Roberto murmurou, eando a promessa que tinha mudado tudo. “Para sempre, Marina, essa é minha promessa até o meu último dia e eu prometo deixar você.
” Marina respondeu, virando-se nos braços dele: “Porque eu me apaixonei perdidamente por você e vou continuar me apaixonando todo dia pelo resto da vida.” Eles se beijaram novamente, suavemente dessa vez. Um beijo de promessa, de compromisso, de eternidade. Anos depois, quando contassem a história de como se conheceram, as pessoas balançariam a cabeça.
Mas o pai da sua melhor amiga, isso não é estranho? E Marina e Roberto trocavam olhares, sorrisos nos cantos dos lábios e respondiam: “O amor não pede permissão, não segue regras, não espera o momento certo, ele apenas acontece. E quando acontece de verdade, você não luta, você se rende, porque no final não importava como tinha começado, com toda a dor, o escândalo, a culpa.
O que importava é que eles tinham escolhido ficar, tinham escolhido lutar, tinham escolhido amar e construíram uma vida linda sobre os escombros de suas dores passadas. Uma família, um lar, um amor para sempre. Naquela noite, enquanto Marina e Roberto deitavam juntos, os sons da fazenda embalando-os para o sono, uma última promessa foi sussurrada. Eu vou cuidar de você sempre. E dessa vez não era apenas Roberto falando, era Marina também.
Porque o amor verdadeiro é recíproco, é proteção mútua, é cuidado compartilhado, é escolher todos os dias construir algo bonito juntos. E eles tinham escolhido para sempre. O sol nasceu sobre a fazenda Vale do Sol no dia seguinte, como sempre fazia. Mas para Marina e Roberto era um novo amanhecer, o primeiro dia do resto de suas vidas, juntos para sempre. M.
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